O “MONTE SIÃO” COMEMORA SEU 60º ANIVERSÁRIO · esposa Sônia e da filha Fabiana, recebeu...

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Janeiro de 2018 — N.º 547 FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958 Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012). A Capital Nacional da Moda Tricô Monte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pela estimativa do IBGE em 2017, conta com 23 247 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m. Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião. Alessandra, Lourdes, Mariane, Carlão, Ivone, Zé Ayrton, Celso, Bernardo, Eraldo, Jaime, Zamuner, Luiz Antonio e Waldemar A Fundação Cultural “Pascoal Andreta”, mantenedora deste jornal, reuniu seus colaboradores que o ativam regularmente com as respectivas matérias mensais, para comemorar a passagem do 60º aniversário, ocorrido no dia 15 deste. A celebração, antecipada para o dia 13, por ser sábado, contou com quase todos os colaboradores, com pouquíssimas ausências, embora significativas. Do presidente da Fundação, José Ayrton Labegalini, o doutor Antonio Marcello da Silva, fundador do jornal, ao lado da esposa Sônia e da filha Fabiana, recebeu réplica da capa da primeira edição deste jornal (15 de janeiro de 1958), gravada em placa de metal e oferecida pelos colaboradores do “Monte Sião”. Dona Sônia recebeu ramalhete de flores, oferta de Meire Labegalini, proprietária da floricultura “Flora Nativa”. Em sua fala, o presidente da Fundação ainda prestou homenagem de agradecimento a Carlos Alberto Martins, devido a sua intensa atividade no Concurso de poesias “Fritz Teixeira de Salles, sem deixar de citar os nomes de José Guireli, Pascoal Andreta, Ugo Labegalini, Sérgio Guinesi, nos quais o jornal sempre teve apoio decisivo, além do atual diagramador Luis Augusto Tucci. Depois da celebração foram distribuídas cópias fiéis do primeiro número do jornal, e a festa continuou. Para que tudo acontecesse como a direção do jornal desejava, o objetivo foi alcançado graças aos nomes que se seguem. Esta edição sai à rua pelas mãos de dona Lazinha e seu filho Cristiano, proprietários do Depósito de Bebidas J.COMUNE; o ornamento das mesas foi elaborado com extremo capricho por Eliana (do Egídio) Glória; as toalhas vieram da Loja do Plácido, tão baratas que o Bernardo ficou no prejuízo; Verônica Daldosso Labegalini, que confeccionou a bela embalagem para a placa destinada ao doutor Marcello; Carlos Alberto Martins e Bruno Mariano Silva responsáveis pela alimentação dos comensais; a prefeitura, através do Maurinho Aparecido de Souza Bueno e seus trabalhadores braçais, que permitiu a instalação de duas enormes tendas para abrigar os convivas. E, finalmente, José Claudio Faraco que, por haver fotografado todos os instantes do evento, não aparece em foto alguma. A todos, o nosso respeito, consideração, reconhe- cimento e agradecimento. Agradecimentos Agradeço aos que muito me honraram com sua presença, dia 13 último, no almoço comemorativo dos 36 anos da Fundação Cultural Pascoal Andreta, dos 60 do Monte Sião e dos meus 87, e, em especial, ao Dr. Ivan Mariano Silva e aos colaboradores que se cotizaram para me oferecer a bela reprodução da primeira página da edição de estreia de nosso jornal, gravada em metal. Agradeço ainda ao Dr. José Ayrton Labegalini, porta voz da saudação elaborada pelo Dr. Ivan, mas, quanto à enumeração de “meus” feitos em prol do Município e de seu povo, é preciso ressalvar que não teria sido capaz de realiza-los por mim mesmo. Tudo o que agitou a tranquila Monte Sião daqueles tempos, a fundação do jornal e da biblioteca, os eventos teatrais, as campanhas educativas e beneficentes etc., foi realizado por grupos de “amigos”, como eram chamados os membros da Sociedade dos Amigos de Monte Sião — SAMS, dentre eles, Pascoal Andreta, um dos mais entu- siastas, Jairo Pimentel, Arlindo Zaroni Filho, Tenente Alair Monteiro, Lourenço Guireli Júnior, José Guireli, José Comparim, Mário Monteiro e os sobreviventes Waldemar Gotardelo, Celso Grossi e Dr. Ivan, que, como de costu- me, nos acolheu fidalgamente no seu “mini latifúndio”. Antonio Marcello da Silva Cidadão monte-sionense O “MONTE SIÃO” COMEMORA SEU 60º ANIVERSÁRIO Lourdes, Sônia, Fabiana, Betina, Pedro, Alessandra, Ivan, Mariane, Verônica, Fanny, Ivone e Edna Dr. Marcello admirando a placa Zamuner, Luiz Antonio, Zechin, Hermes, Ivan e Waldemar Dr. Marcello, Sônia e Fabiana Jaime, Marcello, Hermes, Celso, Alessandra, Luiz Antonio, Toninho, Zé Ayrton, Carlão e Zamuner Celso, Bernardo, Eraldo, Jaime, Zamuner e L. Antonio Bruno, Carlos e Luciano Ilson, Zé Antonio e Armandinho Jaime, Zé Carlos e Hermes

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Page 1: O “MONTE SIÃO” COMEMORA SEU 60º ANIVERSÁRIO · esposa Sônia e da filha Fabiana, recebeu réplica da capa da primeira edição deste jornal (15 de janeiro de 1958), gravada

Janeiro de 2018 — N.º 547FUNDADOR: Dr. Antonio Marcello da Silva - 15/01/1958Diretores – Antonio Marcello da Silva (*1931). Pascoal Andreta (*1916 – +1982). Ugo Labegalini (*1931 – + 2012).

A Capital Nacional da Moda TricôMonte Sião é um município que fica no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo. Pela estimativa do IBGE em 2017, conta com 23 247 habitantes. Sua área é de 292 km² e a altitude é de 850m.

Monte-sionense é o gentílico para quem nasce em Monte Sião.

Alessandra, Lourdes, Mariane, Carlão, Ivone, Zé Ayrton, Celso, Bernardo, Eraldo, Jaime, Zamuner, Luiz Antonio e Waldemar

A Fundação Cultural “Pascoal Andreta”, mantenedora deste jornal, reuniu seus colaboradores que o ativam regularmente com as respectivas matérias mensais, para comemorar a passagem do 60º aniversário, ocorrido no dia 15 deste. A celebração, antecipada para o dia 13, por ser sábado, contou com quase todos os colaboradores, com pouquíssimas ausências, embora significativas. Do presidente da Fundação, José Ayrton Labegalini, o doutor Antonio Marcello da Silva, fundador do jornal, ao lado da esposa Sônia e da filha Fabiana, recebeu réplica da capa da primeira edição deste jornal (15 de janeiro de 1958), gravada em placa de metal e oferecida pelos colaboradores do “Monte Sião”. Dona Sônia recebeu ramalhete de flores, oferta de Meire Labegalini, proprietária da floricultura “Flora Nativa”. Em sua fala, o presidente da Fundação ainda prestou homenagem de agradecimento a Carlos Alberto Martins, devido a sua intensa atividade no Concurso de poesias “Fritz Teixeira de Salles, sem deixar de citar os nomes de José Guireli, Pascoal Andreta, Ugo Labegalini, Sérgio Guinesi, nos quais o jornal sempre teve apoio decisivo, além do atual diagramador Luis Augusto Tucci. Depois da celebração foram distribuídas cópias fiéis do primeiro número do jornal, e a festa continuou. Para que tudo acontecesse como a direção do jornal desejava, o objetivo foi alcançado graças aos nomes que se seguem.

Esta edição sai à rua pelas mãos de dona Lazinha e seu filho Cristiano, proprietários do Depósito de Bebidas J.COMUNE; o ornamento das mesas foi elaborado com extremo capricho por Eliana (do Egídio) Glória; as toalhas vieram da Loja do Plácido, tão baratas que o Bernardo ficou no prejuízo; Verônica Daldosso Labegalini, que confeccionou a bela embalagem para a placa destinada ao doutor Marcello; Carlos Alberto Martins e Bruno Mariano Silva responsáveis pela alimentação dos comensais; a prefeitura, através do Maurinho Aparecido de Souza Bueno e seus trabalhadores braçais, que permitiu a instalação de duas enormes tendas para abrigar os convivas. E, finalmente, José Claudio Faraco que, por haver fotografado todos os instantes do evento, não aparece em foto alguma. A todos, o nosso respeito, consideração, reconhe-cimento e agradecimento.

AgradecimentosAgradeço aos que muito me honraram com sua presença, dia 13 último, no almoço comemorativo dos 36 anos da

Fundação Cultural Pascoal Andreta, dos 60 do Monte Sião e dos meus 87, e, em especial, ao Dr. Ivan Mariano Silva e aos colaboradores que se cotizaram para me oferecer a bela reprodução da primeira página da edição de estreia de nosso jornal, gravada em metal.

Agradeço ainda ao Dr. José Ayrton Labegalini, porta voz da saudação elaborada pelo Dr. Ivan, mas, quanto à enumeração de “meus” feitos em prol do Município e de seu povo, é preciso ressalvar que não teria sido capaz de realiza-los por mim mesmo.

Tudo o que agitou a tranquila Monte Sião daqueles tempos, a fundação do jornal e da biblioteca, os eventos teatrais, as campanhas educativas e beneficentes etc., foi realizado por grupos de “amigos”, como eram chamados os membros da Sociedade dos Amigos de Monte Sião — SAMS, dentre eles, Pascoal Andreta, um dos mais entu-siastas, Jairo Pimentel, Arlindo Zaroni Filho, Tenente Alair Monteiro, Lourenço Guireli Júnior, José Guireli, José Comparim, Mário Monteiro e os sobreviventes Waldemar Gotardelo, Celso Grossi e Dr. Ivan, que, como de costu-me, nos acolheu fidalgamente no seu “mini latifúndio”.

Antonio Marcello da SilvaCidadão monte-sionense

O “MONTE SIÃO” COMEMORA SEU 60º ANIVERSÁRIO

Lourdes, Sônia, Fabiana, Betina, Pedro, Alessandra, Ivan, Mariane, Verônica, Fanny, Ivone e Edna

Dr. Marcello admirando a placa

Zamuner, Luiz Antonio, Zechin, Hermes, Ivan e Waldemar Dr. Marcello, Sônia e Fabiana Jaime, Marcello, Hermes, Celso, Alessandra, Luiz Antonio, Toninho, Zé Ayrton, Carlão e Zamuner

Celso, Bernardo, Eraldo, Jaime, Zamuner e L. Antonio Bruno, Carlos e Luciano Ilson, Zé Antonio e Armandinho

Jaime, Zé Carlos e Hermes

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PÁGINA 2 JANEIRO | 2018

ENTIDADE MANTENEDORA: Fundação Cultural Pascoal Andreta

Conselho Administrativo – Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Ivan Mariano Silva e José Cláudio Faraco.

Diagramação – Luis Tucci - MTb 18938/MGFotografia – José Cláudio Faraco Direção financeira – Anderson Labegalini e Diogo Labegalini de CastroSecretário de Redação – Carlos Caetano MonteiroJornalista responsável – Simone Travagin Labegalini (MTb 3304 – PR)

Colaboradores – Ariovaldo Guireli, Antonio Edmar Guireli, Antonio Marcello da Silva, Bernardo de Oliveira Bernardi, Carlos Caetano Monteiro, Celso Grossi, Eraldo Monteiro, Fábio Magioli Cadan, Hermes Bernardi, Hudson Guireli (Uxo), Ilson João Mariano Silva, Ivan Mariano Silva, Jaime Gotardelo, José Alaércio Zamuner, José Antonio Andreta, José Antonio Zechin, José Ayrton Labegalini, José Carlos Grossi, José Cláudio Faraco, Luis Tucci, Luiz Antonio Genghini, Romildo Labegalini, Tais Godoi Faraco, Waldemar Gotardelo, Zeza Amaral.

Colaborações ocasionais serão apreciadas pelo Conselho Administrativo do jornal que julgará a conveniência da sua publicação. O texto deverá vir assinado e acompanhado do RG, endereço e telefone do autor, para eventual contato. Cartas enviadas à redação, para que sejam publicadas, deverão seguir as mesmas normas.

Toda matéria deverá ser enviada até o dia 20 do mês (se possível através de e-mail) data em que o jornal é fechado.

Redação: Rua Juscelino Kubitschek de Oliveira, 738 – Fone (35) 3465-1196

[email protected]

COMO EU COMECEI NO MONTE SIÃO JOSÉ ANTONIO ZECHIN

Foi bem assim... Numa incerta noite lá de 1998, toca o telefone em casa. Meu fi-lho Samuel, ainda criança, me chama dizendo ter um homem querendo falar comi-go. Atendo, alô. Escuta, aqui é o Dr. Marcello, promotor de Justiça de Campinas ete-cetera e tal estava lendo sua crônica no Diário do Povo etecetera e tal e... Pronto, pensei com meus amedron-tados botões, escrevi alguma bobagem e vou ganhar um baita dum processo! Foram segundos aterradores de si-lêncio e apreensão até ele – o Dr. Antonio Marcello da Silva, sim, ele mesmo! – continuar dizendo, olha eu gostei muito do que você escreveu e gostaria de sua autorização para publicar lá num jornal do sul de Minas, numa cidadezinha chamada Monte Sião... Eu conheço, Dr. Marcello, interrompi ale-gremente e aliviado, já estive lá muitas vezes comprando blusas e gorros de lã, além de gostar muito daquele jar-dim com bichinhos feitos de arbustos. Até já entrei na bucólica igrejinha para rezar,

disse, querendo agradar (só tempos depois fui descobrir que ele é ateu convicto).

Então, lá se vão uns vin-te anos que publicam mi-nhas bobagens neste mara-vilhoso jornal e onde agora tenho amigos inestimáveis (ou estimáveis?). Das pri-meiras vezes, como em todo relacionamento inicial, o Dr. Marcello, meticuloso ao ex-tremo, como vocês sabem, fazia questão de registrar no rodapé da crônica “com a de-

vida autorização do autor”, pois vai que aquele desgra-çado cronista (ele não me conhecia ainda) processe o rico jornal montesionense e peça uma indenização mi-lionária etecetera e tal... Hoje não fazem mais isso, já sou de casa.

Naqueles tempos, eu era fã ardoroso do Lourenço Diaféria e me diziam que ele frequentava aquele local num sitiozinho nas proximi-dades da cidade (só tempos

depois fui descobrir que era o latifúndio do Ivan), onde falavam de literatura, canta-vam e bebiam muita cacha-ça. Pronto, e para este lugar que vou correndo. Não tive a chance de conhecer pes-soalmente este grande escri-tor, que teve praticamente a carreira encerrada depois de escrever uma maravilhosa crônica chamada “Herói. Morto. Nós.” (publicada em setembro de 1977, procure na internet), narrando o fato

do sargento Silva que pulou no fosso do zoológico para salvar uma criança atacada por uma ariranha e ele mes-mo morreu depois pelos fe-rimentos do animal. Na épo-ca áurea do regime militar, acabou comparando o herói morto com a estátua do du-que de Caxias e deu no que deu...

Mas conheci o Ramos Calhelha, de quem igual-mente era grande admirador. Casado com a colombiana e

artista plástica Fanny, pelo que sei a única estrangeira na cidade que ao telefone ainda diz aos amigos: “adibi-nha quién estás hablando”... Não dá nem para desconfiar quem, né! Pois bem, procure na internet quem foi Moacyr Ramos Calhelha, resumida-mente narrador, radialista, dublador, tradutor, profes-sor de línguas, escritor, com uma das vozes mais perfei-tas e eloquentes que conheci. Tive a oportunidade de con-versar muito com ele e até de ouvi-lo narrando um poema num daqueles encontros da turma.

Dos demais não falo, por-que estão vivos e poderão ficar com inveja dos meus adjetivos. Mas me bate uma tremenda saudade do Hugo Labegalini, com suas delicio-sas histórias de camioneiro. O jornal Monte Sião completou 60 anos em janeiro de 2018, devidamente comemorado com muitas lembranças e emoção, misturando risos e lágrimas. E estava lá aque-la plêiade (eita!, como diz o Ivan), os que restam ainda, de excelentes poetas, contis-tas, romancistas, enfim, ar-tistas da palavra. Eu no meio, graças a Deus, viu Marcello!

Crônica das Terras de CantareJOSÉ ALAERCIO ZAMUNER

Você está indo pra Canta-re? (fantasias, vales e serras); de amores.

... Pois, diga a mais bela menina de cabelos lisinhos e loiros que lá vive, diga que estou morrendo de sauda-des... lugares, serras, verdes vales; de amores... Foi tudo que vivi em dias de Cantare. Grite, lá das serras mais al-tas, aos Magiolis, Ferraris... Diga que está em Cantare e traz, hoje, notícias e sau-dades, saudades aos cachos de quem viveu nas terras de Cantare beijos de puro amor. Que foi no dobrar de tempos difíceis, me arrasta-ram das terras de Cantare: (fantasias, vales e serras); de amores. Diga a ela que trago na lembrança aquelas terras ondulantes nas dimensões de seu rosto barroco com olhos de maravilhas pestanas e cí-lios negros entre o verde das gramíneas brotando semen-tinhas cheinhas de pássaros cantantes: as coleirinhas, os

canarinhos, os sabiás... fa-ziam o sol brilhar com mui-ta força jaguatirica, lebre e cutia, todos dançando as ale-gorias nas terras de Cantare e correndo seguiam rumo à imagem de uma montanha reinol lá no fundo..., fun-do, fundo das fantasias dos vales e serras de amores... agora meu verdadeiro amor passeia na base da monta-nha... foi que desapareceu, desapareceu a imagem: EU desapareci... Gritei!... Grite, grite aos Magiolis e Ferraris do topo mais alto: lá da mon-tanha reinol!...

Você está indo pra Can-tare? (fantasias, vales e ser-ras); de amores... foi que vivi entre aquelas serras mágicas (de Paraíso Terreal!) que ro-deiam Cantare em mar sem fim de cristas e vales verdes, verdes que resplandecem até Antares!: Ah Cantare de meu único amor. Pergunte por lá onde ela está, por fa-vor, pois, vieram soldados, guerras, tempos e doenças, me levaram; me arrastaram para lutas sem fim, sem ini-

migos visíveis, rondei luga-res, procurei dentro de mi-nha mente, de meus sonhos, procurei por meu verdadeiro amor de Cantare: (fantasias, vales e serras), procurei por uma vida inteira, mas nun-ca mais a vi, nem ouvi mais nada deste amor: por favor, você está indo pra Cantare?: (fantasias, vales e serras); de amores. Nunca mais amei, mas sempre acreditei; fanta-siei imagem holográfica com abraços apertados em meus sonhos de vida sem igual, vaguei busca deste meu ver-dadeiro amor por terras in-finitas: castelos medievais,

Alpes de Vaduz, Himalaia de Nepal, anéis de Saturno... Você está indo pra Canta-re!!?, por favor, diga a todos que lá vive o meu verdadeiro amor. Evoque os nomes de todas as famílias na praça central, decerto se lembra-rão de meu único amor que lá ficou em guirlanda, buquê e fragrâncias ondulando os ares nos moldes das verdes montanhas Cantare...

Foi assim... diga a eles!... Naqueles dias Cantare bri-lhava na força de seus gran-des olhos, fiquei atônito; quando vieram, estes olhos, correndo abrindo em rede

sobre mim... ah!... me envol-veram com braços e abraços, me puxaram corpo todo; mi-nha alma-minha alma intei-rinha; corpo e alma, aqueles olhos grandes e redondos me envolvendo... Senti sua alma, sentiu minha alma: leves flutuamos acimas dos verdes vales, verdes serras: montanha reinol de Cantare. Íamos todas as tardes correr por entre nosso paraíso ter-real Cantare. Você está indo pra Cantare?, lembre-se de falar de mim para a mais linda moça que por lá certa-mente vive, vive... diga que ela é o meu verdadeiro amor.

Trago comigo todas as fanta-sias vividas naquelas terras distantes.

Foi assim...; diga outra vez!... Um dia veio toda em estrela, um clarão do tama-nho das luzes de Cantare desceu sobre mim, era a bela que nunca mais saiu de mim: vem, vem... vozes que ouvia, vem, vem... vozes com as forças daquelas serras... Ah! Cantare de um dia.

Você está indo pra Canta-re?... terras de fantasias, va-les e serras; de amores. Diga, diga, que lá vive meu único e eterno amor!

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JANEIRO | 2018 PÁGINA 3

Dois toques de buzinaPASCOAL ANDRETA

As ruas do distrito ti-nham luz elétrica, eram amplas, livres de canteiros e de veículos atravessado-res. Apesar desse privilé-gio raro, usufruído por ra-ros distritos, ninguém, ou quase ninguém, trocava o prosaísmo do lar pela quie-tude e poesia das ruas nas noites dos dias úteis. Os giros e regiros ao longo da Rua Direita, as visitas às comadres, os bate-papos entre prováveis genros e futuros sogros, os peditó-rios na igreja, eram coisas das noites dos domingos apenas.

A Rua Direita, então, apinhava-se de gente. Moças e moços entrecru-zavam-se em gostosos vaivens. A molecada ir-requieta ziguezagueava célere entre pessoas e per-nas. Risos entrelaçavam-se festivos em legendárias filigranas e olhares apaixo-nados entrechocavam-se mansamente! A felicida-de era simples, não tinha camisa e andava de pé no chão! A vida corria na ma-ciota!

Um acontecimen-to incogitado, porém, veio sustar, por semanas, aque-le costume de anos. Era manhã de domingo e a população igrejeira, alma perfumada de incenso e consciência vestida de anjo, acabava de descer os últimos degraus da Matriz. O sol iluminava sem rega-tear luminosidade e a Rua Direita fervilhava de ani-mação.

De repente, uma bu-zina de caçador dispara a buzinar extravagâncias no pavilhão daquele tradicio-nalismo pertinaz. Imedia-tamente, de todas as ruas, surgem soldados belige-rantes, de capacete de aço e

fuzis embalados. Era a Re-volução Constitucionalista de 1932 que, engendrada, fabricada e deflagrada em São Paulo, vinha explodir na fronteiriça Monte Sião.

A carga dos invaso-res foi como incursão de gambás famintos em ga-linheiro farto: foi só pena que voou! Num instan-te as ruas se esvaziaram de pacatos cidadãos e se aboletaram de improvisa-dos defensores do regime constitucional.

O corneteiro... – bem, vamos chamá-lo de cor-neteiro, embora o que as-soprasse fosse uma buzina de caça e não uma corne-ta – o corneteiro paulista, depois dos últimos toques, dependura a buzina na cin-ta, olha orgulhoso os com-panheiros que se agrupam e os civis que se disper-sam. Ante a aproximação do superior, avança man-quitolando na esfoladura produzida pelo sapatão – primeiro inimigo invo-luntário deparado nos seus poucos dias de soldado vo-luntário. Perfila-se. Leva a mão à fronte, numa con-tinência borrada. Levanta alta a perna canhota e bate fortemente um pé no ou-tro. Gorgoleja por fim em floreio revolucionário:

– Pronto, seu cabo Ge-raldino: cheguêmo, vimo, vencêmo!

– Ótimo! Ótimo!Na Monte Sião deserta,

o cabo Geraldino passeia empazinado de brasilida-de, a bem da democracia esbarrondada. Mas lem-bra-se que cuidado é caldo de galinha. Seus homens, inclusive ele próprio, po-dem ser apanhados de sur-presa pelos inimigos. Des-tempera a dureza da voz e grita para seus comanda-dos:

– Cuidado que guerra

não é biscoito! Que nin-guém arrede pé de seus bu-racos!

Sua valentia vai sendo solapada pela lembrança de que São Paulo e Mato Grosso estão sozinhos contra o resto do Brasil e teme encontrar, sem aviso, mineiros machos, baianos bambas, pernambucanos peitudos ou pernambuca-nas pontudas. Principal-mente as pernambucanas pontudas. Pois uma per-nambucana de cabo não é o mesmo que uma pernam-bucana de saias...

– Acho bom o cornetei-ro ficar de atalaia na torre da igreja. Um toque de bu-zina... perigo à vista... e, nesse caso, o melhor é sair correndo pro mato...

O corneteiro murcha o peito, estufa a barriga e bate nova continência. Levanta a perna direita e sai numa marcha cambaia em direção ao novo posto. Percebe luz medrosa no boteco do Estevinho:

– Luz... boteco... cacha-ça!

Bate de mansinho na porta:

– Uma pinguinha pelo amor à democracia!

O Estevinho passa-lhe, medroso, uma garrafa de uma vez:

– Pode levar tudo... Viva o Brasil!

À noite, o cabo Geral-dino ronda, pela última vez, o largo acolchoado de soldados enrolados em co-bertores baratos. Sobe os degraus de cimento do co-reto onde um companheiro cozinha a carne magra em quarenta graus gordos de febre. Apóia nos joelhos a cabeça do doente. Anima-o:

– Descanse sossega-do que nós velaremos por você. Nosso lema é: um por todos e todos por um!

Inesperadamente, do alto da torre, o toque áspe-ro da buzina de caça abre caminho largo por entre o silêncio duro da noite. O cabo tira ágil os joelhos que apóiam a cabeça do enfermo, salta como um acrobata de circo as grades do coreto e cai de corpo e alma no mato. A cabeça de-sapoiada arranca um som surdo da laje. O soldado abre os olhos, vê vagalu-mes, fagulhas, fogos de artifício. Sente frio, calor, incandescência. Mas aque-le toque de buzina lembra-lhe algo de tenebroso:

– Baianos? Sê é besta!Desce num pulo os de-

graus do coreto e acompa-nha de um fôlego a corrida do cabo. O largo amplia-se com a debandada das tro-pas e as ruas estreitam-se com o formigamento dos soldados em fuga. Na pro-teção da capoeira, o cabo Geraldino respira aliviado:

– Arre! Dessa eu me sa-fei!

Nesse instante, depois de meia hora de estridula-ções ininterruptas, a buzi-na silencia bruscamente. Novamente a lembrança de traiçoeiros inimigos assal-ta traiçoeiramente o cabo, que imagina, horrorizado, o corneteiro picado por afiadas pernambucanas. Faz um sinal-da-cruz e murmura, comovido:

– É mais um patriota que cai!

Na torre da Matriz, o corneteiro, transfigurado, cambaleante, dá meia dú-zia de passos, em avanços e recuos, e cai de fato, bê-bado, sobre a buzina de caça, no maior porre de sua vida...

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Em 1930, Getúlio Var-gas comandou um golpe de

TAÍS GODOI FARACO

Exercite plenamente a sua mente, sabendo ser apenas um exercício. Construa artefatos, resolva

problemas, explore os segredos do universo. Usu-frua de todos os seus sentidos. Sinta alegria, pesar, riso, empatia. Leve a memória em sua bagagem. Eu

me lembro de onde vim e como me tornei humano. Porquê estive por aqui. Agora, minha partida está marcada. (...) Não só a eternidade, mas o infinito.

(do filme Waking Life, 2001, Richard Linklater)

Penso na infinidade. E em mandalas. E em pa-drões que se repetem. Lembro dos textos lidos sobre o universo e a expansão, a infinitude da vida, fractais, reencarnação, livro tibetano dos mortos, frequências e realidades paralelas. Depois penso na linha do tem-po evolutiva que se desenrola por trás de nós como um oceano do tamanho de mil oceanos de tempo, mil anos, quatrocentos mil anos, duzentos milhões de anos; na biblioteca queimada de Alexandria, nas está-tuas gigantescas soterradas no mar, nas enciclopédias de capa dura enfileiradas em centenas e centenas de estantes, nos livros queimados da Inquisição (e tam-bém na fumaça que foi levada pelos ventos sussurran-do palavras), nas páginas impressas do jornal tic tac a cada manivela rodada, e cada par de mãos que fo-lheiam os papeis. É muita coisa produzida no mundo,

SÓ EXISTE UM INSTANTE: O AGORAsegundo a segundo.

Depois entro dentro de mim e observo o interior enigmático que é a minha (e sua) cabeça. As associa-ções diárias, os momentos de profundo insight poéti-co e espiritual, tudo interligando-se com as memórias imaginadas, pensadas, criadas; as frases que aparecem como névoa, flutuam pela testa e viram éter. Tudo o que pensei e não foi dito. A ânsia em mexer os dedos e transformar em palavras as abstrações internas, as opi-niões. E depois só penso: por quê escrever? Como po-deria fazê-lo? Tudo já não foi dito e feito nessa vida?

Como há tanta e tanta coisa, palavra, ar, som, voz, sendo dita, escrita, impressa, engolida, projetada, compartilhada, gerada, transformada em bits, em co-res, em versos, em filmes, em códigos, genéticos? Se a vida é imensidão, qual o destino? Qual o propósito? Não é preciso um propósito? É preciso um propósito?

Penso algo e escrevo um livro. Alguém o lê. Co-menta-se num círculo. Alguém se propõe a estudar. Alguém imprimiu o livro, cópias e cópias dos mesmos versos. Uma livraria pôs à venda. Depois alguém en-controu aquele mesmo livro em um sebo, já cheio de orelhas e digitais. Um congresso é feito sobre o estu-do do estudo dos textos feitos sobre o livro. Alguém liga uma câmera e dá sua opinião. Acontece às vezes de também virar música. Compõe-se um dos versos. Torna-se referência – alusão vaga. As palavras fazem alguém sentir alguma coisa. Uma pessoa ri. O escritor também.

Visualizo esse caminho das coisas acontecendo ao mesmo tempo em qualquer canto do mundo, e então, às vezes, isso pesa. Pois é como se eu não soubesse o que fazer diante de tamanha grandeza. Talvez na pe-quenina cabeça humana não caiba espaço para a com-preensão exata do que é o infinito das coisas. Mas ao mesmo tempo que os caminhos da vida evolutiva parecem infinitos e atemporais, há alguma coisa de efêmero em cada instante vivido, como se fizéssemos e não fizéssemos parte da existência. Por que escrever o que penso? Como poderia fazê-lo? Nesses milhares de anos de existência de milhares de centenas de pes-soas, tudo já não foi dito? Quem sou eu, esse minúscu-lo ponto num universo enciclopédico?

Um pensamento me surge: não, não podemos enten-der a imensidão universal com o nosso cérebro, cami-nhando unicamente pela via racional. Nós temos um terceiro olho. Nós temos intuição. Temos uma alma, como uma inteligência superior que se comunica por outras frequências de energia. Temos um peito que se abre para o mistério. Só assim podemos compreender que estamos envolvidos com o mundo.

Vamos, pois, escrever. Pintemos a arte. Deixem que as mãos procurem as habilidades, fundam os olhos e os ouvidos, riam das palavras soltas pelo ar, vejam, comprem, leiam, rabisquem, rasguem, bebam, se afo-guem um pouco, limpem as sujeiras, movam. Vamos viver. Só temos o agora, e só podemos aceitar.

estado e instalou uma dita-dura no Brasil. Em 1932, os paulistas, insatisfeitos com Getúlio Vargas, promove-ram na cidade de São Paulo manifestações públicas con-tra o ditador. Essas manifes-tações foram reprimidas à bala pela polícia e cinco ma-nifestantes foram mortos. Os paulistas pegaram em armas para derrubar Ge-túlio Vargas, certos de que os mineiros e os gaúchos se juntariam a eles, mas só conseguiram o apoio dos mato-grossenses. As tropas paulistas eram formadas

principalmente por voluntá-rios sem experiência militar e parte delas invadiu o Sul de Minas para chegar à ci-dade do Rio de Janeiro – en-tão a capital do Brasil – e de-por o ditador. Para impedir seu avanço, foram desloca-dos dos estados nordestinos para Minas Gerais soldados profissionais com fama de ferozes. Os mato-grossenses foram barrados pelas tropas federais e não chegaram a se juntar aos paulistas. Isolados, os paulistas ren-deram-se em setembro de 1932. (Nota do Editor).

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PÁGINA 4 JANEIRO | 2018

Faleceu em Campinas (SP), no dia 24 de dezembro, o doutor Luiz Augusto Ma-galhães, médico, professor universitário, escritor e por di-versos anos colaborador deste jornal. Amigo de juventude do doutor Antonio Marcello da Silva, fundador do “Monte Sião”, através deste o doutor Luiz passou a enviar crônicas para nosso jornal e, os poucos contatos pessoais que tivemos com ele, nos foi proporcio-nado pela sua presença nos almoços de confraternização anuais, que reúnem todos os colaboradores deste órgão li-terário. Mesmo sendo esporá-dico o convívio com o ilustre professor, pudemos atestar a sua extrema erudição, a sua educação no trato com todas as pessoas, sua simpatia, seu modo peculiar de ouvir seu interlocutor, sem se importar com o assunto tratado, numa demonstração de respeito ao diálogo, pois sempre teve muito o que dizer em qualquer tema, fatos que fizeram dele

pessoa profundamente sim-pática e que, apesar de seus títulos de relevância, sempre nos deixou à vontade em sua presença, como se fosse ve-lho conhecido. Nosso jornal perde, assim, um colaborador sempre bem-vindo, enquan-to o país vê partir um homem útil à nação, principalmente ao ensino superior, e que, por sua honradez, sua morte cau-sa pesar mais intenso nesses tempos de degradação motal dos homens públicos.

Consternado, o “Monte Sião” e todos seus colabo-radores enviam aos familia-res do doutor Luiz Augusto, particularmente à sua esposa doutora Eliana Maria Zanot-ti Magalhães, que sempre o acompanhou a Monte Sião, o nosso pesar por tão grande perda.

A seguir, transcrevemos resumo biográfico do doutor Luiz Augusto, que nos foi enviado pelo doutor Marcel-lo e, logo depois, uma crôni-ca sua publicada em nossas

O “MONTE SIÃO” pERDE IlUSTRE COlAbORADORpáginas da edição 327 de se-tembro de 1999.

Dados sobre Luiz Au-gusto Magalhães

Professor Doutor Luiz Augusto Magalhães, docente aposentado do Departamento de Biologia Animal, do Insti-tuto de Biologia, e Professor Emérito da Universidade Es-tadual de Campinas – Uni-camp.

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1931 e faleceu em Campi-nas, SP, em 24/12/2017.

Filiação: Adelino Maga-lhães, bacharel em Direito, professor e escritor, e Nair Fernandes Magalhães.

Casado em segundas núp-cias com a Dra. Eliana Maria Zanotti Magalhães, deixou um filho e quatro filhas, oriun-dos do primeiro casamento.

Fez o curso científico no Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, após o qual ingres-sou na Faculdade de Medici-

na da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFERJ.

Trabalhou na refinaria da Petrobrás em Duque de Caxias, RJ, como médico sanitarista, e no Instituto Os-waldo Cruz, sediado no bair-ro carioca de Manguinhos, como pesquisador da Seção de Esquistossomose, tendo escrito e publicado vários ar-tigos sobre o assunto, muitos deles traduzidos em outros idiomas.

Sentindo que sua verda-deira vocação era o magisté-rio, ingressou na Universida-de de Brasília, de cujo reitor, Professor Zeferino Vaz, se tornou grande amigo, a pon-to de assinar um manifesto em defesa dele, destituído do cargo por discordar da polí-tica de ensino adotada pelo governo federal após o golpe militar de 1964. Por causa disso o Professor Magalhães, como é conhecido no meio universitário, e os demais sig-natários do documento foram demitidos.

Meses depois, Zeferino Vaz, que havia fundado a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universi-dade de São Paulo — USP, foi convidado pelo governa-dor Adhemar de Barros para implantar a Unicamp, criada por lei em dezembro de 1962. Por sua vez, Zeferino Vaz convocou Luiz Augusto para integrar sua equipe, como chefe do Departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina, instalada provi-soriamente no prédio da Ma-ternidade de Campinas, para o qual exigiu que ele fizesse o doutorado, que concluiu em 1967, tendo sido o autor da primeira tese defendida na Unicamp.

No seu gabinete da Facul-dade de Medicina, o Professor Zeferino projetou construir o campus da universidade num terreno de 3,5km2, no Distri-to de Barão Geraldo, doado pela família Almeida Prado. Sua decisão foi muito critica-da por professores e alunos,

pois o acesso ao local, situado a 12km de Campinas, era por uma péssima estrada de terra, que as chuvas transformavam num lamaçal difícil de trans-por. Mas o Professor Maga-lhães não vacilou: reunindo sua equipe de oito pessoas e seus pertences mudou o De-partamento de Parasitologia para um barracão no local onde hoje funciona a Direto-ria Geral de Administração, fronteira à Reitoria da Uni-camp. Esse fato ocorreu em 1968, quase dois anos após o lançamento da pedra funda-mental da universidade pelo próprio Marechal Castello Branco, então Presidente da República (5 de outubro de 1966).

Colaborou com o Monte Sião por cerca de cinco anos principalmente com crônicas sobre sua cidade natal e cida-des estrangeiras que conhe-ceu, dentre as quais a capital de Portugal.

LUIZ AUGUSTO MAGALHãES

Há mais de vinte anos não visitava a capital portugue-sa. Naquela época Lisboa, apesar de atraente, quando comparada com outras capi-tais europeias deixava mui-to a desejar: limpeza urbana deficiente, prédios mal con-servados, condução pública precária e povo aparentando pobreza.

Em junho deste ano revi-sitei-a. Minha primeira agra-dável surpresa foi o aeropor-to internacional, agora num prédio moderno, organizado e confortável. Ao dirigir-me num táxi (um Mercedes novo) para o hotel, deslum-brei-me com as avenidas es-paçosas, asseadas, ostentan-do construções harmoniosas e bem preservadas. A cidade, bastante arborizada, contém recantos agradabilíssimos onde se pode desfrutar de

momentos encantadores. Quiosques e jardins tornam as vias pública acolhedoras. Seus monumentos, antigos ou recentes, são primorosos.

Os museus, muito bem montados, expõem cole-ções interessantes e valio-sas. Ainda podem ser vistos alguns elétricos (bondes) antigos, porém na maioria são modernos, espaçosos, providos de ar condicionado e indicadores eletrônicos. Quanto aos ônibus, também são modernos, climatizados e contam com o mesmo tipo de indicadores. Os trens que saem da estação central são luxuosos, de alta velocidade e subterrâneos, só voltando à superfície fora do centro da capital. O hodierno metro (metrô, para nós) é eficiente, com várias linhas que ser-vem os principais pontos da urbe.

Sintra é linda. Nessa pe-quena cidade perto de Lis-

lISbOA 2000boa, podem-se visitar caste-los muito bem preservados e maravilhosos palacetes. Em Queluz, visita-se o palácio onde morava Dom João VI antes de vir para o Brasil, fugido das hostes napoleô-nicas. Nesse palácio morreu o nosso Dom Pedro I (Dom Pedro IV deles), no mesmo quarto em que nascera.

Quanto ao portugueses, são amáveis, educados e demonstram grande afeição pelo Brasil. Para os que gos-tam de ouvir e narrar suas particularidades, que nos parecem curiosas, aqui vão algumas que pude observar.

Os lusitanos dão nomes bastante pertinentes às coi-sas, com exceção do princi-pal cemitério da cidade, que se chama “Cemitério dos Prazeres”. A marca da des-carga de vaso sanitário mais usada é “Dilúvio”, que tem agora uma séria concorren-te, a “Cataclisma”. Um dos

mais tradicionais restauran-tes lisboetas chama-se “Ao Farta Brutos”, e, em frente ao nosso hotel, um grande cartaz, reclame do condi-mento Heinz, proclamava: “Precisa de um pontapé no rabo para começar”. Curioso mesmo é o aviso no interior do Elevador Santa Justa: “Lotação: subida 20; descida 15”. Indaguei do motivo des-ta distinção e recebi a expli-cação: “É por que lá em cima há um excelente restaurante e as pessoas descem de bar-riga repleta”.

Os portugueses falam muito bem o nosso idioma e são precisos, o que por vezes pode causar alguns embara-ços a nós brasileiros. Dese-jando saber se uma pequena loja abria aos sábados, inda-guei ao proprietário:

— O senhor fecha aos sá-bados?

— Por certo não.No dia seguinte, sábado,

ao tentar fazer uma compra, encontrei a loja fechada. Na segunda-feira retornei ao es-tabelecimento e questionei o dono:

— Estive aqui na sexta-feira, perguntei se o senhor fechava aos sábados e o senhor respondeu que não. Pois bem, voltei no sábado e a casa estava fechada.

— Ora, ora, como pode-ria fechar a loja no sábado se não a abri?

Noutra oportunidade, querendo saber onde ficava determinada rua, inquiri um transeunte:

— Sabe onde fica a Rua Primavera?

— Sei — respondeu sucintamente o sorridente português, retomando a sua caminhada sem mais acres-centar.

Por falar em rua, pelo menos em nomeá-las os lu-sos não são tão precisos as-sim, como atestam os guias

turísticos e ocorreu comigo. Ao buscar um ângulo para melhor apreciar o Elevador Santa Justa, desviei-me da Rua do Ouro e, ao tentar re-tornar por outra transversal, não a consegui localizar. Informei-me então com um senhor que me respondeu, apontando a placa na esqui-na:

— É aqui.— Mas esta é a Rua Áu-

rea!— E não é a mesma coi-

sa?Só então percebi que a

rua em questão chama-se Rua do Ouro numa das ex-tremidades e Rua Áurea na outra, o que para os lisboetas significa a mesma coisa...

Curiosidades à parte, os portugueses podem orgu-lhar-se de sua capital. Viva a Lisboa do ano 2000!

CELSO GROSSI

No tempo, marcando oitenta e quatro anos de vida, cansado, deficiente de audição e visão, com o passado esquecido, aconcheguei-me ao Um-bral do Portal do Tempo, divisando minha existên-cia e o futuro, inexistente para muitos , sem conse-guir imaginar o que ele me reserva. Abatido pela realidade impiedosa que sofria, delirava. Uma voz miúda e angustiada, tra-zida no assopro do vento, perpassando ramagens e galhadas ressequidas, em volta de mim, me interpe-lava:

- Escuta, escuta-me, por favor, não me despre-

ze e nem me abandone, você está me perdendo no vazio de sua exis-tência! Porque você faz isso comigo? Sou e serei sempre a razão de sua vida! Sem mim você não será nada! Será relegado pelos de sua convivência e pelos que virão depois! Sou a coisa mais impor-tante que você tem! Sou a sua História, sou aque-la que tem marcado sua passagem neste mundo, desde o ano de 1933, quando seus pais anun-ciaram sua criação. Você precisa me registrar para ser lembrado sempre que me perguntarem de você, dos seus feitos, valores e exemplos. Não me deixe, eu preciso existir ple-

portal do temponamente e para sempre! Não seja egoísta comigo, cuida de mim! Cuida!

- Reconsiderando a lamúria da minha recla-mante íntima, concordei com sua reclamação e lhe disse:

- Você está certa! Des-culpa minha indiferen-ça. Na verdade você está com toda razão e, por

isso, você irá existir por quanto tempo lhe permiti-rem. Talvez, para sempre, como deseja, se gostarem de você. A partir de ago-ra, vou começar a dar-lhe conteúdo e registrá-la, aos poucos, em forma de crônica, escrita e pu-blicada, e, em seguida, agrupada num dos muitos volumes a serem editados

para amigos e familiares. A partir de agora, estarei contando com sua ajuda, que é muito importante e imprescindível!

Assim, assumindo compromisso com ela, abri meu notebook e co-mecei a digitar tudo que ela me lembrava e, aos poucos, obedecendo à ordem da ocorrência dos

fatos. E, como ela queria, passou a ser registrada, tem nome e pode ser co-nhecida por quem inte-ressar, sem nenhum pro-blema para nós.

Quanto a mim, sem ela, não sei e nem saberão o que acontecerá além do Portal do Tempo, uma grande e triste verdade.

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JANEIRO | 2018 PÁGINA 5

TRÊS EDUCADORESZÉ ANTONIO

O restaurante Mansão, na região central de Mon-te Sião, foi destruído por um incêndio na tarde do dia 6 de dezembro passa-do. Informações e fotos postadas na internet pela Defesa Civil de nossa ci-dade deram conta de que o fogo originou-se numa fritadeira e atingiu o forro de madeira do estabeleci-mento. Então se espalhou pelo madeiramento do teto e consumiu o imóvel e tudo que estava dentro dele. Os funcionários do restaurante e clientes fo-ram evacuados a tempo e ninguém se feriu. As

construções vizinhas não sofreram dano graças à pronta atuação do Corpo de Bombeiros da vizinha cidade de Águas de Lin-dóia, que foi chamado e atendeu à solicitação das autoridades monte-sio-nenses.

O imóvel onde funcio-nava o restaurante, antes de se tornar um ponto comercial, foi uma resi-dência. E nela moraram três pessoas que educa-ram diversas gerações de monte-sionenses: o pro-fessor José Pennacchi, sua filha Ina Pennacchi e sua cunhada Zita Ros-si (conhecida como dona Íside).

Ao professor José Pen-nacchi devemos não só a alfabetização de muitas pessoas numa época em que não existiam escolas públicas na cidade, mas também as informações históricas básicas sobre a fundação de Monte Sião. Em 1900, quando o governo federal reali-zava um recenseamento em todo o território bra-sileiro, o professor José Pennacchi soube, atra-vés da leitura dos jornais da capital paulista, que os responsáveis pelo re-censeamento estavam à procura de informações sobre a história de cada cidade do país e solici-

tavam a quem dispusesse de tais informações que as enviasse por escrito, via correio, para um de-terminado endereço. O professor José Pennac-chi se dispôs a atender a solicitação transmitida pela imprensa e escreveu o primeiro relato sobre a fundação de Monte Sião, baseado numa entrevista realizada com um mora-dor do arraial que dizia ter presenciado, quando criança, a implantação dos primeiros arruamen-tos do povoado sob o comando do Major Antô-nio Bernardes de Souza. Neste relato ele destacou também a importância da

ZEZA AMARAL

E os olhos do novo ano estão a me olhar e assim me escondo por entre meus tra-vesseiros de perna e cabeça. E torço para que o novo ano passe sem se aperceber da mi-nha existência, eu que nada sou além da minha insignificância, das coisas que nada sei e ando a estar sem tempo para aprender.

Minhas resoluções são as mesmas de muitos anos: de não querer magoar ninguém; deixar de fumar e perder uns dez centímetros abdominais.

E também pedir descul-pas a um amigo por palavras trôpegas que proferi em uma assembleia de comunistas de botequim. Mas ele sumiu de-pois de pegar seu diploma de agrônomo para tomar conta das fazendas do pai.

E desejo nunca mais es-quecer de regar as plantas dos vasos do apartamento e arran-jar uma vontade natural (sem exigência médica) para passear pela lagoa do Taquaral com um jeito de quem nada faz na vida, a não ser andar e espiar velhas e conhecidas árvores de infância.

Dormir e acordar mais cedo e realimentar meu coração com

as orações em versos de Drum-mond também estão na minha humilde listinha de resoluções.

E sempre lembrar de ligar para os meus irmãos quando de seus aniversários (e o mesmo vale para os meus sobrinhos, filhos e parentes distantes). E devo tomar mais cuidado ao atravessar as ruas da minha vida, da minha cidade, do meu bairro e, principalmente, as encruzilhadas e tocaias que os políticos e empresários corrup-tos armam para roubar o nosso suado imposto.

E também devo tomar co-ragem para descobrir por onde andam, entre as minhas tralhas, velhas canções escritas e perdi-das em meu desleixo de papéis.

E, maior das resoluções, a única, aliás, até hoje cumprida, amar cada vez mais uma certa sereia caipira do Rio Verde.

O novo ano não me mete medo. E isso aprendi com o saudoso cartunista Henfil com quem tive bons dedos de prosa quando ele aparecia em Cam-pinas para eventos subversi-vos. Quando confessou que era portador do vírus da Aids (ele era hemofílico e foi conta-minado em uma das inúmeras transfusões a que se submete-

ra), um repórter perguntou se ele tinha medo da morte. Curto e grosso, como era do seu es-tilo, respondeu: Medo? Nem pensar. Eu tenho é raiva!

E foi numa dessas aparições que ele desenhou o seu famo-so e herege Fradinho numa das paredes do também saudoso Bar Ilustrada, no início dos anos oitenta, na época capita-neado pelo meu compadre Zin-cão e o saudoso agitador cultu-ral Camilo Chagas. E foi com o Henfil que aprendi, também, que o sofrimento não melhora e nem piora ninguém. Se sofre apenas; calado, de preferência para não perturbar a felicidade alheia.

Henfil era um cartunista que amava a liberdade sobre tudo e se tinha críticas a fazer da so-ciedade de consumo era porque não tinha tempo a perder com desejos supérfluos; tinha que viver o aqui e o agora o quanto antes. E como viveu!

E assim aprendi que o so-frimento não ensina nada. E muito menos o medo da morte. A saúde e a vida é que ensinam o caminho da felicidade que, segundo nos ofendem os infe-lizes, só é possível aos ignoran-tes e pobres de espírito. Quem

pensa assim não sabe nada das pequenas porções de felicidade que a vida nos oferece a cada momento e que dura o tem-po necessário para se fixar na memória e assim se perpetuar. E são esses pequenos nacos de prazer que nos deixam emocio-nalmente mais saudáveis para suportar a carga de sofrimentos que a vida nos coloca nos om-bros, quer pelas doenças que nos acometem, quer pelas in-justiças e violências sociais que diariamente grassam pelas cos-telas magras do planeta e que se nos arrebentam na tela da tevê e nas manchetes de jornais.

De resto, a felicidade é o estado natural da maioria dos homens, embora uma peque-na minoria ache exatamente o contrário, quer filosofando, poetando, romanceando ou politicando. Já fui leitor dessas coisas. Hoje, prefiro ler o que os jardineiros escrevem nos jardins da cidade. Portanto, es-queça o ano que passou. Já era. Não serve para absolutamente mais nada, a não ser que você seja um desses colecionadores de calendários de borracharia. É isso.

Bom dia

Rua Maurício Zucato - Centro

primeira capela erguida no centro da atual Praça Mário Zucato para a for-mação do povoado e a in-fluência do Morro Pelado na definição do nome da cidade. E completou o trabalho com uma minu-ciosa descrição dos aci-dentes geográficos ao re-dor de Monte Sião.

Como, em 1900, as máquinas de escrever eram desconhecidas por estas paragens e prova-velmente também não havia suprimento de pa-pel carbono, o professor transcreveu por duas ve-zes seu relato em papel almaço, a tinta e a bico de pena, com sua caligrafia caprichada. Enviou pelo correio uma das cópias para os recenseadores e guardou a outra. Esta cópia foi doada por seus descendentes para o Mu-seu local e lá se encontra hoje.

As crianças de Monte Sião foram informadas da história da fundação de Monte Sião no cur-so primário com base no relato do professor José Pennacchi. Seu relato, desenvolvido a partir do testemunho de um anti-go morador do povoado, foi a base para que outras pessoas pesquisassem certidões nos cartórios e registros no Livro de Tombo da igreja matriz de Monte Sião e forne-cessem a comprovação através de documentos à história narrada pelo pro-fessor. Este trabalho de pesquisa permitiu que o relato histórico seminal

do professor José Pen-nacchi fosse documen-tado, complementado e expandido, propician-do uma sólida visão dos eventos que marcaram a fundação de Monte Sião.

A filha do professor José Pennacchi, conhe-cida como Dona Ina, foi por muitos anos a única professora da Escola In-fantil Nossa Senhora da Medalha, um curso pré-primário frequentado por muitas crianças de nossa cidade. Além de ensinar noções básicas de higiene e comporta-mento, dona Ina iniciava a alfabetização dos pe-quenos, usando a Carti-lha Sodré (quem foi alu-no dela deve se lembrar a primeira lição da car-tilha: a pata nada. Pata – pa; nada – na). Em justa homenagem, o nome dela foi dado à escola munici-pal situada no início do loteamento Colinas de Monte Sião, a menos de duas centenas de metros da casa onde ela morou e que agora não mais exis-te.

Dona Íside, cunhada do professor José Pen-nacchi, também foi pro-fessora por muitos anos. Tocava violino, pintava e era hábil em trabalhos manuais. Era dela a voz que transmitia pelo alto-falante da igreja matriz os comunicados sobre os falecimentos de pes-soas da cidade, sempre precedidos pela palavra “Aviso” com a entonação característica de sua voz.

Minhas resoluções

AZ*

A fé é tida como algo inspirado por Deus. A crença é o resultado da experiência de vida com convicções fundadas na racionalidade. Comprovadamente e até testemunhadas, a cura das doenças e em especial o te-mível câncer pelos caminhos da fé, são fatos que tan-to a medicina como outras ciências, céticos e mesmos ateus não registram respostas para esse tipo de resul-tado chamado por muitos de milagre. Revoltante e até preocupante as falsas profecias dos representantes de seitas e religiões que usam o nome de Deus na venda de curas e milagres às custas de dízimos. Há que se falar também, na euforia de pesquisadores e cientistas, não a maioria, que não põem limites na exaltação do êxito da cura por meio de pílulas milagrosas, sem o respaldo das comunidades acadêmicas que cumprem um rigoroso protocolo dentro da ética, normas e efi-cácia comprovadamente legalizada. O milagre vem de Deus. A fé e o espiritualismo, independente da religião, têm como finalidade a cura do mal pelos caminhos das preces, orações e até sacrifícios como o jejum, pere-grinações acompanhadas de jornadas monásticas como forma de se tornar digno das bênçãos divinas. A medi-cina multidisciplinar hoje com a intercessão divina e agindo com capacidade, eficiência e responsabilidade, atua no doente não como simples número de prontuá-rio. A jornada do combate à doença é sofrida. O êxito da cura com a remissão total da doença é batalha nem sempre vencida, mas podemos dizer que no mínimo temos que oferecer esperança sem sofrimento, fé em Deus visível ou invisível e ausência da dor com cuida-dos paliativos medicamentosos, devolvendo a dignida-de ao ser humano.

• Dr. Antonio Armando Zucato, odontólogo vol-tado à radiologia e oncologia bucal, colaborador vete-rano que, com esta crônica, retorna às nossas páginas. Seja bem-vindo.

A fé e a espiritualidade na cura das doenças

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PÁGINA 6 DEZEMBRO | 2017

CURIOSIDADES GEOGRÁFICAS J. CLAUDIO FARACO

Sabemos que a nossa língua portuguesa, infeliz-mente, não é a mais falada no mundo, porém, também não é a menos utilizada. Em 2017, o total de pessoas fa-lando o português está pró-ximo dos 300 milhões. Não chega a ser algo admirável, mas também não é nada desprezível. Abaixo, uma relação atualizada dos nove países de língua portuguesa e suas populações:

1 – Brasil – População: 205.749.746

2 – Moçambique (Áfri-ca): 28.892.312

3 – Angola (África): 28.818.342

3 – Portugal (Europa): 10.813.834

4 – Guiné-Bissau (Áfri-ca): 1.816.593

5 – Timor Leste (Ásia): 1.275.341

6 – Guiné-Equatorial (África): 730.296

7 – Macau (Um enclave na China-Ásia): 640.400

8 – Cabo Verde (litoral da África): 586.700

9 – São Tomé e Príncipe (África): 199.462

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A palavra hemisfério

significa “metade de uma esfera”. Pois bem. As duas linhas imaginárias que di-videm a Terra em quatro porções diferentes são: o paralelo do Equador que divide nosso planeta em hemisfério sul e norte, e o meridiano de Greenwich que resulta em hemisfério ocidental e oriental. O Bra-sil tem a maior parte locali-

zada no hemisfério sul e a totalidade de seu território no hemisfério ocidental. O único continente do mundo que se localiza ao mesmo tempo em todos os hemis-férios é a África.

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A Finlândia, país euro-peu situado na Península

Escandinava, é conheci-da pelo seu próprio povo como “Suomi”, que signi-fica “terra dos mil lagos” em finlandês. Porém, na verdade, a Finlândia não possui apenas mil ou pou-co mais de mil lagos. Com um espaço territorial equi-valente ao estado do Mara-nhão, ela tem pouco mais de 187 mil lagos e 179 mil

ilhas! O país é uma vasta planície cujo ponto culmi-nante (o mais alto), situa-se ao norte – Monte Haltia _, localizado acima do Círcu-lo Polar Ártico e que mede míseros 1.328 metros de al-titude, sendo, portanto ape-nas nove metros mais alto do que o nosso Morro Pela-do! A diferença é que ficar no topo do nosso “gigante”

é muito cômodo e gostoso, mas no monte da Finlândia, por estar bem próximo do Ártico, é de gelar os ossos em qualquer época do ano. Brrrrrrrr!

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Desde 2011, Sudão do Sul passou a ser o mais novo país do mundo. Até então, o Sudão era o maior país da África, mas com o desmembramento de 644 mil km² de sua área ao sul para a nova nação, a Argélia passou a ocupar o topo do “ranking”. Diferentemente da área desértica do norte, do qual se desmembrou, o Sudão do Sul é recoberto por savanas, florestas tro-picais e áreas perfeitas para a agropecuária, além de muito petróleo no subsolo. Ainda assim, após meio sé-culo de guerra civil, nasceu como um indigente e entre os mais pobres do mundo. Ele se torna, portanto, o 195º país do mundo, muito embora haja divergências sobre esse total, pois várias entidades desconhecem Taiwan, Vaticano e Sudão do Sul como países. Uma bobagem, diga-se.

DETERMINISMO OU ESCOlHA?JAIME GOTTARDELLO

Num pedaço de papel de pão, largado sobre a mesa, escreveu brevemente: “te amo... Para onde vou não há volta. Desculpa”.

O corpo foi encontrado na manhã seguinte, num dia frio de final de outo-no em uma colina nos ar-redores da cidade, onde o cheiro das folhas caídas e da grama molhada de or-valho, como que protes-tando a morte, celebravam a vida.

O professor José estava tenso, aguardando a chega-

da de Lázaro. Sozinho em sua sala, na escola em que lecionava Filosofia, espe-rava o momento para ter uma conversa ímpar, úni-ca, até então nunca havida em sua vida.

Lázaro lhe estendeu o bilhete escrito no papel de pão e esperou. O profes-sor passou rapidamente os olhos e o devolveu com uma expressão que nada dizia.

“O que o senhor quer de mim, senhor Lázaro? ” – perguntou.

“Busco explicação para o que aconteceu, acho que você me deve isso, profes-

sor. ”“Não tenho nenhuma

para lhe dar. ” – respondeu.“Obviamente que sim!

Qual a sua responsabilida-de nisso? ” – insistiu Láza-ro. E continuou: “o senhor, professor José, é o respon-sável por tentar colocar na cabeça desses jovens alu-nos suas crenças ateístas e o pouco valor que dá à vida. ”

O professor José se ajeita em sua cadeira e olha fixamente para o rosto de Lázaro.

“Compartilho da sua dor, mas a dor não faz ninguém superior. O que

houve foi o que estava de-terminado desde o início dos tempos.... Tudo já nas-ce com um determinismo absoluto e ninguém, nem nada, pode mudar isso. ”

“Deus pode” – argu-mentou Lázaro.

“Nada sei sobre Deus, senhor Lázaro. ”

Lázaro tenta esconder a emoção na voz e a raiva que a cada instante tenta sufocar.

“Ele tinha apenas 12 anos, professor... era ape-nas um menino! ”

“Eu também gostava de seu filho, mas não sei nada sobre sentimento cristão.

Senhor Lázaro, eu não vou me arrepender ou me fur-tar de apresentar meu pen-samento para os alunos e para todas as pessoas. Eu ajo normalmente, faço o que tenho de fazer. É disso que se trata. Aceite minhas condolências, meus pêsa-mes! É tudo o que posso fazer. Fiquei triste com a notícia, mas é a vida. ”

Lázaro se cala e vai em-bora.

Seu corpo foi encontra-do ao entardecer de um dia quente de final de prima-vera, na mesma colina nos arredores da cidade. As fo-lhas das árvores e a grama

verde pareciam não mais querer celebrar a vida.

José, o professor, per-manece em sua sala. De um modo inesperado e duro, ele soube que a vida é uma corrida louca e de-senfreada. Ele aprendeu que a vida não é como a chuva que, solitária e feliz, vai e volta.

Em sua sala, absorto e olhando para o nada, pen-sava no niilismo de Niet-zsche.

Sansão

IVAN

Sansão, um guarda-roupa de ébano com dois pés e um cavanhaque, chegava ao boteco, cruza-va os braços no peito e, sem cumprimentar nin-guém, bebia o copo lavrado em apenas um sorvo. Aquele era para reidratar. Depois, pedia a dose de direito, que mandava pros peitos em longos goles. Ninguém puxava conversa; poderia ser perigoso. Em seguida, tomava a quarta e últi-ma dose, a saideira, e se mandava. Ninguém se despedia: Sansão poderia reagir mal. Sansão era imprevisível. Acontece que aquela tarde o Zico Cricri reservara para tomar seu porre mensal e espatifar com todos os fregueses. Um inconve-niente, semelhante à gangorra: ele se senta de um lado, os outros se levantam do outro. Foi o Sansão entrar, Zico pegou-lhe pelo cavanhaque e puxando-lhe a cara para lá e para cá, enquanto ia

perguntando “então você é o tal do Sansão que todo mundo morre de medo, menos eu? Fala! É ou não é?” A freguesia dispersou-se. Uns se esca-federam rua afora, outros se esconderam sob as mesas, alguns se refugiaram no banheiro. O dono do boteco entrincheirou-se atrás do balcão. Todos os olhos, aumentados para bugalhos, convergiam para Sansão. É a morte certa. Calmamente San-são descruzou os braços, dobrou-os para cima. Imediatamente, os músculos retesados esculpi-ram uma colina que empurrou a manga da cami-sa pro sovaco. Do ombro ao pescoço apareceu uma cordilheira de carne rija, que corcoveava antecipando a retaliação iminente e fatal. Injetou sangue fervente nas veiazinhas, avermelhando o branco dos olhos. Cerrou os dentes para moer fú-ria. Puxando Cricri pelos pulsos, e forçando sua testa sobre o cocuruto do candidato a defunto, o olhar incandescente lançando chispas, Sansão, escandindo as sílabas, trovejou:

— TRA-VES-TILLLLL !!! — e sumiu na rua. Sem olhar para trás. Sem se despedir.

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JANEIRO | 2018 PÁGINA 7

TONINHO GUIRELI

Sempre que posso visitar minha querida Monte Sião, passeio pela cidade e procuro encontrar meus amigos dos tempos de adolescência e de sempre. E foi dessa vez que, ao dar uma voltinha pela nos-sa encantadora Praça Prefeito Mário Zucato, em compa-nhia dos amigos Paulinho do Ico e Chico do Ico, e depois seguir até a Rua Dr. Jusceli-no Kubitschek de Oliveira, acabamos encontrando meu primo – e também amigo – Bastião do Gumé.

Sebastião Teodoro de Araujo é o nome dele, mas todos o conhecem por Bas-tião do Gumé. A mãe dele (Tia Cidinha) era irmã de meu pai (José Guireli) e am-bos eram filhos de meu avô Lourenço Guireli. Por isso, o

Bastião me chama até hoje de Toninho do Avô! E quanto ao Bastião, ele praticamente ga-nhou o apelido de Bastião do Gumé, em razão de morar em companhia de seu tio Gumer-cindo de Oliveira (que foi ze-lador de nossa igreja matriz, durante muito tempo), mais as tias Dulce, Alda e Elvira. O Gumercindo era carinho-samente chamado por Gumé, e o Bastião logo ganhou esse apelido, agregado que foi ao seu nome, e assim ele pas-sou a ser chamado por todos, também carinhosamente, por Bastião do Gumé.

O Bastião sempre traba-lhou como motorista, e tam-bém como o chamado “faz tudo” dos Pennacchi (Carlos, Humberto, e Arthur, ou Artu-ro), e só bem mais à frente é que veio montar sua loja com a então esposa Maria Inês

bASTIÃO DO GUMÉ (... E SEUS REFRATÁRIOS)

(filha do Martinho Andreta e da Seda). E o casal possui os filhos Érica, Fabrícia e Felipe (analista de sistema, arquiteta e advogado) e que são seu or-gulho.

E foi ao passar em frente à Loja do amigo Bastião (ele tem uma loja de roupinhas de cachorros; a chamada Loja Pet) que o encontrei, e após os abraços habituais e algu-ma conversa, que ele foi me dizendo o seguinte: Primo, você tá vendo esse revesti-mento aqui nesta parede? É o motivo de muita gente passar por aqui prá ver, e em segui-da entrar na loja e fazer algu-mas compras. Passou a ser o chamariz da loja! Depois lhe digo onde o comprei, mas primeiramente vou dizer que um dia desses eu surpreendi duas pessoas observando de perto o revestimento e fazen-

do conjeturas sobre o mesmo.Parece tijolo, disse um!

Não é, disse o outro! É refra-tário! E foi aí que eu entrei na conversa, educadamente, e já fui dizendo: Esse material eu importei da Indonésia, mais precisamente da capital Bo-ko-Boko (nome inventado por ele, no momento). Mas depois corrigiu, ao perceber que os dois turistas eram da área de engenharia e de ar-quitetura – pessoas instruí-das, portanto – que a capital era Jacarta. Mas já havia “ensinado” que a Indonésia é formada por 17.500 ilhas, das quais “apenas” 6.000 são habitadas. E que a Indonésia é o 4º país mais populoso do Planeta, pois possui aproxi-madamente 230 milhões de habitantes. E que o povo de lá tem que conviver com os mais de 7.000 tremores de terra, que ocorrem anualmen-te no território indonésio, de maneira eventual. E falou sobre as placas tectônicas e sobre alguns vulcões como Karangerang e Sinabung, que estão mostrando sua força. E disse que existem ainda 129 vulcões ativos na Indonésia. E que os referidos refratários são feitos nas erupções mag-máticas, quando a lava expe-lida acaba se transformando em materiais solidificados. E falou, falou, falou... E os dois profissionais, de Santo André, gostaram sim da conversa e da erudição do amigo Bastião do Gumé, que mostrou um conhecimento incrível, mas ficaram mesmo encantados é com o revestimento/refratá-rio, na parede externa da loja, e que foi o motivo principal da parada deles no local. E tanto que em seguida entra-ram na loja com as esposas e gastaram bastante, deixando o Bastião e a Maria Inês, sa-tisfeitíssimos. E a partir daí, o danado do Bastião do Gumé passa os dias em frente à Loja, convocando os turistas a conhecerem os refratários (que são bonitos, mesmo!) e em seguida a mostrar toda a sua loja. E o “espertinho” está

quase rico, já!E o meu primo, e amigo

Bastião do Gumé, me confi-denciou que é em Valinhos, SP, cidade onde eu moro já há bastante tempo, que ele foi buscar esse bonito re-vestimento. E ele disse que o endereço fica na Avenida Invernada, e a proprietária (Márcia) é uma engenhei-ra que certamente eu devo conhecer. Pode ser! O que ele não me disse, é se os re-fratários são fabricados por aqui mesmo, ou se realmen-te foram importados da In-donésia. E ficou para mim uma dúvida, quanto a esses bonitos refratários. Talvez o primo Bastião acredite que se trate de produtos importa-dos. É que ele me fez tanta pergunta sobre a Indonésia e o povo de lá, e tantas outras comparações, que é bem possível que ele vá para lá, ao menos para dar uma es-piadinha. E eu lhe disse que não adianta ter tanto vulcões lá, visto que o magma, a lava, os piroclastas, as cinzas e ga-ses que emanam dos vulcões, não servem para confeccio-nar blocos, refratários. Claro que os indonésios podem fazer esses refratários, com outros componentes adequa-dos, mas daí dizer que esses do Bastião são mesmo im-portados de lá, fica a dúvida.

E eu fico aqui a pensar, como seria o Bastião do Gumé andando nas ruas de Jacarta: Com as nossas ves-timentas normais, ociden-tais, tentando chamar menos atenção? Ou com os trajes indonésios (camisa com cal-ça, típicos), ou o chamado sa-rong, que é uma longa tira de pano que se envolve no corpo todo, mais chapéu (ou boné)? O povo repararia de qual-quer jeito, naquele magrelão alto, com cara de estrangeiro mesmo! Se bem que o ami-go Bastião, até que já ganhou uma “barriguinha”!

Percebi também, que o esperto Bastião do Gumé está querendo montar uma loja desse revestimento/re-

fratário em Monte Sião. E talvez algumas lojas de rou-pas, iguais às de Monte Sião, nesse país muçulmano que é a Indonésia. É que ao sa-ber dessa enorme população, pretende levar as confecções diretamente aos indonésios. E até fazer um grande intercâm-bio com os representantes de lá, enviando grandes lotes de roupas e recebendo – talvez– sacas e mais sacas de arroz, uma vez que a Indonésia está entre os 5 maiores produto-res de arroz do mundo. Taí o Bastião se transformando em um importador e também comerciante de arroz, e assim concorrente dos mercados da cidade. E ainda quer tra-balhar com produtos têxteis, artesanatos, refratários, etc., do citado país asiático. E se alguém estiver interessado em trabalhar na loja do Bas-tião na Indonésia – e conviver com os vulcões – pode passar em sua loja de Monte Sião, que ele dará as informações necessárias e já recolherá os currículos. Eu acreditei que o negócio é sério, mas como o Bastião do Gumé gosta de brincar um pouco, vai que seja brincadeira, né?

Gostei de ter ido até a loja do Bastião, pois aproveitei para conversar com ele e com sua irmã caçula Francisca, que eu não via há anos. Pena que eu não vi a Maria Inês, e nem conheci os filhos Érica, Fabrícia e Felipe. No entanto, vi e gostei dos refratários, que deram mesmo um belo toque na fachada da loja.

E após isso segui em frente, na mesma rua, e fui me deparar com o Véio do Atílio (nosso Donald Trump) e seu irmão Eudes, sentados confortavelmente em frente à casa deles, e iniciamos uma boa conversa, quando chegou a Edméia, irmã deles, e isso foi muito bom, pois há mui-to tempo eu não a via. E que pena que eu não vi a Denise, esposa do Eudes, e amiga de longa data. Que bom conver-sar com os amigos da terrinha querida!

Um ponto brilhante sur-ge no céu, sobrevoa Monte Sião e rapidamente desapa-rece deixando uma esteira de fumaça. Ao lado do co-mandante da aeronave a jato está um copiloto, ainda muito jovem, compenetrado pela importância da missão, os lábios fechados, os mús-culos dos maxilares tensos, mantendo as arcadas den-tárias apertadas para evitar que um mínimo de respon-sabilidade escape. O moço empertigado e orgulhoso da posição é nosso conterrâneo: Henrique Comune Daldos-so. E, a austeridade junto à galhardia que demonstra não foi conquistada apenas no Instituto Tecnológico da Aeronáutica, onde se for-mou, mas, e principalmen-te, em casa, com seus pais Carlos Adalberto Daldosso e dona Maria Neusa Comune Daldosso, recebendo, do pri-meiro, a disciplina dos Dal-dosso e, da mãe, a docilidade e integridade dos Comune.

Henrique fez os primei-ros estudos em Monte Sião, para ingressar mais tarde no ITA – Instituto Tecnológico

de Aeronáutica - São José dos Campos (SP) – onde concluiu o curso de Enge-nharia Civil-Aeronáutica, dirigido para a construção de aeroportos e pistas de pouso. Depois de formado, em de-corrência de sua dedicação aos estudos e capacidade para exercer seu trabalho, foi contratado pela Embraer

brava gente nossa

(Empresa Brasileira de Ae-ronáutica), também em São José dos Campos, na área de Engenharia de Operações de Voo, isto é, desenvolven-do manuais operacionais e dados de desempenho para as aeronaves ali fabricadas, oferecendo também orienta-ção técnica a pilotos e enge-nheiros dos clientes da Em-

braer.Atualmente Henrique é

piloto de jatos comerciais e aplica seus conhecimentos para a formação de pilotos de outras empresas. Para isso fez cursos para apare-lhos monomotor, bimotor e, posteriormente, nos Estados Unidos, para aeronaves a jato. Antes de comandar um

jato, e ter a seu lado o copilo-to que é agora, deverá alcan-çar 1500 (mil e quinhentas) hora de voo, busca que já deu início ao voar para Burkina Faso (África), na comple-mentação do tempo exigido.

Henrique também esteve no Canadá, Japão, Taiwan, Jordânia, Índia, Austrália, Argentina, Venezuela, Mé-

xico e outros mais, usando de seus conhecimentos para instrução manual de voo aos colegas destes locais, visan-do o uso eficiente e seguro de aeronaves. No Japão, re-cebeu Medalha em agrade-cimento aos serviços presta-dos àquele país, tanto como instrutor como orientador de voos e aeronaves. Toda essa grandiosidade, única em Monte Sião, aos 37 anos de idade, feito conseguido raramente e, desculpando-se pelo trocadilho, realizado a jato. Por esses motivos to-dos, que justificam o orgulho de sua família, amigos e toda sua terra, Henrique é mais um componente da galeria “BRAVA GENTE NOSSA”.

Casado com Ana Cristina Moura Daldosso, são seus filhos: Sofia e Letícia, gê-meas, com 6 anos, e Enrico, com um ano. Parabéns, e que o próximo jato a nos sobre-voar traga o Henrique no co-mando, deixando a esteira de fumaça a saudar a coragem, a valentia, a seriedade, a ho-nestidade e a capacidade do dono do “manche”.

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PÁGINA 8 DEZEMBRO | 2017

N.º 547Janeiro de 2018

Prosperidade

A cidade vai tão bem economi-camente que nossos abastados mendigos pedem esmola com aquela maquininha de cartão crédito/débito.

Falecimento

Faleceu, no dia 04 deste mês, em Santo Antonio da Platina (Pa-raná), Elizabeth Guarini, filha de Afonso Guarini (falecido) e dona Cacilda Mariano Silva Guarini, nossos conterrâneos. Elizabeth não deixa descendentes. Envia-mos nossos pêsames à família enlutada.

Pescaria do Godinho

A última isca que o Godinho le-vava foi engolida por uma pira-nha. Ainda era cedo para voltar ao rancho. Sozinho no barco aportado na praia, mas com sua viva imaginação, o Godinho abriu a mala de pesca, tirou caneta e papel onde escreveu: “isca de filé de traíra”, protegeu com plástico para não molhar, enroscou o “re-cado” no anzol e fez o lançamen-to no local apropriado. Passados alguns minutos a ponta da vara arcou levemente, estremeceu, vergou de novo. Não deu outra: mesmo sem que o anzol tivesse corrido, levado pelo peixe, o Go-dinho chasqueou, recolhendo a linha no molinete. No anzol, sur-presa: fisgado nele, outro papel maior, com a resposta em letras grandes – PEIXE.

Homenagem

O Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais, através do doutor Gustavo Henrique Moreira do Valle, MM. Juiz de Direito desta comarca, distinguiu a senhora Isabel Regina Bassi de Castro com a Medalha “Desembargador Hélio Costa”, honraria destinada às pessoas que se destacam na sociedade local, principalmente na área da Justiça. As solenida-des aconteceram no dia 23 de janeiro, na sede da Associação Atlética Montessionense.Dona Isabel é esposa do vice-prefeito José Rafael de Castro Ribeiro, também ex-prefeito e

ex-vereador, filha da professora dona Teresa Moterani Bassi e José Bassi (falecido). Sua princi-pal atividade é dirigida à assistên-cia social, fato que a credencia a receber não apenas a láurea aqui referida, mas também a de outros setores de benemerência em favor do desenvolvimento humano da cidade. Parabéns.

Doação

O Museu local recebeu de Ilson João Mariano Silva (nosso cola-borador que se assina João Gi-bão) uma winchester 44 (também conhecida como Papo Amarelo, por ter uma peça de bronze abai-xo do gatilho), fabricada nos Es-tados Unidos em 1873. Segundo os conhecedores de armamen-tos, a arma doada é rara e das primeiras a serem fabricadas na-quele país. A Fundação Cultural “Pascoal Andreta”, mantenedora do Museu, agradece.

Tirinha

FEVEREIRO DE 2018Dia 01

Irma Rieli GuariniNoel Elias Alves

Dia 02Juliana Celi Araújo

João Henrique C. BuenoEdson Eliseu ComuneLuiz Fernando Odinino

Maria Cláudia O. GomesDia 03

Renan Barbosa FerrazBruna Fernandes Freire

Ernani Borges de QueirosTamara Monteiro

Nilsa Taveira LabegaliniDia 04

B. Ione Guireli Zanella,Valinhos/SP

Dia 05Denise Maria Francisco Corsi

Nilza SilvérioDia 06

Ivanir de Cássia ZucatoMaria Aparecida de Jesus

Dia 08Juliana Cristina SimõesGabriel Silva MonteiroEdson Luiz Valentim,

Marumbi/PRTatiana Silvério Souza

Andréa L. de O. AzevedoDia 09

Alexandre FelixLiliana Caetano MonteiroAndressa Campos Freire

Dia 10Adhemar Francisco Rejani,

Marumbi/PRKaren Cristina Francisco

Maria TakahashiMaria Aparecida Vieira

Brasil Suzumi IzumiDia 11

Ademir Rodrigues ZucatoLourdes Pereira

Sueli de Lourdes CanelaDia 12

Alana Augusto FaracoLuana Silvério Souza

Edméia ComuneDia 13

Júlia de Fátima ArtuzoAdriana Delgado G. Pepe

Dia 14Marcos Vinícius do Amaral

Dia 15Melissa Labegalini de Oliveira,

São Paulo/SPDayane Beatriz Araújo

Gatinha do Jornal - Jan/2009Dia 16

Eliana Maciel, Gatinha do Jornal em novembro de 2011

Odair Gloria, S.J.Rio Preto

Dia 17Alexandre Labegalini

Dia 18Marília Roberta S. Antônio

Gatinha do Jornal - Mai/2011 Lucas Zucato LopesElen Tessiana Alves

Dia 19Bárbara Monteiro da CostaAndréia Monteiro Reginato

Maria Elisa de LimaRicardo Castro Ribeiro

Momokishi IzumiDia 20

Franciele InácioGatinha do Jornal - Out/2009 José de Paula Domingues,

São Paulo/SPMaria A. Beghini Domingues,

São Paulo/SPVanessa Momesso Monteiro

Gabriela FonsecaVerônica Daldosso Labegalini

Henrique LabegaliniDia 21

Nilza Sueli G. ZucatoEdson Shibuta

Dia 23Deni da Costa

Mário de Paula BorgesMogi Guaçu/SP

Luciana Maria VenturaLucas Artur M. da Silva

Priscila Regina de OliveiraMagali Genghini

Benedito Hermínio R. ZucatoDia 24

Lara PieroniGatinha do Jornal - Mar/2010

Tiago Bernardi RuizAdilson Luiz dos Santos

Maria Borges GomesPoliana Castro M. Cardoso

Dia 25Mônica Guireli,

Valinhos/SPMicheli Cássia Vitoriano

Edson Luiz VolpiniIvone S. Fonseca Righete

Bruno Mariano SilvaCláudia Trindade Diniz

Dia 26Amanda Comune de Barros

Artur Ribeiro NetoJosé Luiz Bueno

Adriano Godoi FariaDia 27

Suellen Teles da CunhaMariluci P. C. Labegalini,

Maringá/PRDia 28

José Augusto DominguesDia 29

Fátima Aparecida Silva

Popo de Sião

Km 6 da Rod. M.Sião - O.Fino -(35)3465 1355 – 9 9114 9447

RESTAURANTE DA LICINHA

Programe sua festa - nós temos o local!

Espaço para 250 pessoas

na paredeuma fotode Natal

Que posesemoldurandosaudades!

Vê-lasde frentefoi fatal

Muitosali...dalise foram

Pra quêa molduraafinal?

De soslaio

Piada postal

Nosso conterrâneo José Antonio Andreta, um dos mais veteranos colaboradores deste jornal, e que há muito tempo mantém uma co-luna em suas páginas, recebeu o seu exemplar de novembro na segunda semana deste mês de janeiro. Quando o absurdo é inimaginável, torna-se uma pia-da, assim como o nosso Correio também se tornou.

Manutenção

Verdade seja dita: mais que funcional, a pintura das ruas da cidade está bonita e atraente, auxiliando muito na disciplina do trânsito. Agora, a buraqueira no bairro Colinas, pelo tempo que ali está, tem sua permanência mantida e garantida. Se demorar muito para tapá-la, voltaremos aos tempos de nossas ruas de terra. Matam a saudade, pelo menos.

1Nasceu em Ouro Fino/MG em 1936. Morou em Belo Hori-zonte a partir de 1957 quando, após 10 anos de estudos, saiu do Seminário Maior de Mariana. Formou-se em jornalismo pela

UFMG. Fez cursos de cinema, existencialismo e fenomenologia. Jor-nalista profissional. Durante sua trajetória escreveu mais de vinte livros entre contos e romances. Seu primeiro livro, de contos, foi o espetacular “Aprendiz de Feiticeiro”.

Não se atenta a nenhum gênero em particular, experimenta indistin-tamente desde romances, contos, textos filosóficos, religiosos e ensaios literários.

A condição da vida humana no tempo é sua referência mais con-tundente e principalmente o entrelaçamento com a música, a qual tem forte influência em sua vida, basta observar alguns títulos de seus livros: “Você ainda chora quando ouve música?”; “Estudos para Piano e Or-questra” e “Concerto para a Mão Esquerda”.

Segundo o crítico literário Libério Neves, o autor apresenta um do-mínio formal rigoroso e densidade em seus temas intimistas desenvol-vidos.

Nosso homenageado, o qual tive a felicidade de conhecê-lo, em Belo Horizonte, na década de 1970, rumina o profundo das coisas de dentro de si mesmo e extroverte-a em forma de arte perante a condição do homem sensível.

Além dos livros já mencionados, acima, destacamos: “Quadros de uma Exposição”; “Um poeta chamado Bastião” e o fortíssimo romance “Marchemos Resolutos para a Guerra”.

Estamos escrevendo sobre: LUIZ GONZAGA VIEIRA.

2- Fragmentos - Segundo Movimento – (Do livro: “Aprendiz de Feiticeiro”).

As duas pessoas tinham nomes, como quem carrega um peso nas costas. O quarto representava as coisas, tudo no lugar desa-propriado. Marta é feminina mas não sabe exatamente quando come-çar. Porque, se ela tivesse a iniciativa, eles falariam mal. Porque mulher não toma iniciativa, o homem era o caçador dos pequenos mundos, e cada voo fazia a palavra tristeza. Fernando também, como todos os ou-tros, era o nome completo. Conheceram-se mundanos, antes mesmo de proferir a palavra. As coisas provocavam desequilíbrio na sombra, com o modo de andar pela avenida larga, e todas as pessoas colori-das de vestido. Era bonito aquilo, ver as pessoas coloridas, simples-mente alguém erguendo os olhos para o céu e vendo estrelas, vendo azul-escuro e o escuro protegendo os olhos. Depois Marta de dedos longos e bem torneados, os cabelos pretos e compridos, uma falha pequena no dente, e a falha dando uma entonação especial ao sorriso dela, um sorriso só dela. Não porque Fernando estivesse apaixonado e visse as coisas apaixonadas, pois Fernando nem conhecia direito. Se-ria mais exato dizer que não havia nada certo, nem a palavra tristeza. Perguntava como seria possível a semelhança com a música, porque quando a música chegava ao clímax, ele sabia. Mas a palavra não ti-nha clímax, e ele não sabia Marta com sotaque de namorada. (...).

3- A frase do mês: “Durante minha trajetória escrevi muitos livros. Aliás, não sei viver sem escrever ! ” – Luiz Gonzaga Vieira.

LiterÁrio LXIII

Kuaia

6Meu destinonão tem caminho é desatalhopor onde sempreme desacho7 Brisa na pele da manhã...Sonolento de almadebruço-me em seu corpo que é vastidão de naufrágio54Lesmas me pastame musgos me cobremDia destes me pensei hera

Meu melhor é inventado