O Neue National Gallery

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Neue National Gallerie, Berlin de Mies Van der Rohe Índice 1. Introdução pag.1 2. O arquitecto, Mies Van der Rohe, breve apresentação… pag.2 3. Análise da obra… pag.3 ao nível arquitectónico, estrutural e dos materiais Introdução O presente trabalho, lançado no âmbito da disciplina de Estruturas, tem por objectivo a análise de uma obra, ao nível estrutural e dos materiais utilizados. De entre as obras identificadas na lista de obras referidas pelo docente – Eng. Rui Furtado, escolheu o autor a – Neue National Gallerie em Berlin, obra esta da autoria do arq. Mies Van der Rohe. Como veremos mais á frente, trata-se de uma das últimas obras deste arquitecto, contudo, a mesma continua a reger-se pela trabalho realizado por patríciazevedo no âmbito da disciplina de estruturas 1

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Neue National Gallerie, Berlin de Mies Van der Rohe

Índice

1. Introdução pag.1

2. O arquitecto, Mies Van der Rohe, breve apresentação… pag.2

3. Análise da obra… pag.3

ao nível arquitectónico, estrutural e dos materiais

Introdução

O presente trabalho, lançado no âmbito da disciplina de Estruturas, tem por objectivo a análise de uma

obra, ao nível estrutural e dos materiais utilizados.

De entre as obras identificadas na lista de obras referidas pelo docente – Eng. Rui Furtado, escolheu o

autor a – Neue National Gallerie em Berlin, obra esta da autoria do arq. Mies Van der Rohe.

Como veremos mais á frente, trata-se de uma das últimas obras deste arquitecto, contudo, a mesma

continua a reger-se pela simplicidade e genuinidade sempre patentes na grande maioria da sua obra.

Tem por objectivo principal o presente trabalho, ir um pouco mais além da análise arquitectónica da obra

escolhida. Pretende-se fazer também, a análise ao nível do sistema estrutural e dos materiais utilizados.

Inicialmente, o autor alinhavou o esboço do presente trabalho dividindo-o em três capítulos que

analisariam a presente obra ao nível arquitectónico, estrutural e de materiais, Porém aquando do

elaboração, percebeu imediatamente o autor, de que é praticamente impossível desassociar estas três

vertentes sempre patentes em todo e qualquer projecto. Entende assim o autor que a analise de uma

obra construída deve ser feita da mesma forma que é projectada – pensada como um todo.

trabalho realizado por patríciazevedo no âmbito da disciplina de estruturas 1

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O arquitecto, Mies Van der Rohe, breve apresentação…

Nome: Maria Ludwig Michael Mies;

Data Nasc./ Falec.: 27 de Março de 1886 (Aachen, Alemanha) – 17

de Agosto de 1969 (Chicago, EUA);

O mais novo de cinco filhos de Michael Mies, pedreiro e Amalie Mies;

1899-1901: frequenta a escola comercial em Aix-La-Chapelle

estudando como desenhador;

1905: vai para Berlim trabalhar para o Dep. Mun. de Inspecção de Construção Civil de Rixdorf como

desenhador de arquitectura ornamental;

Apesar de ter começado por trabalhar com seu pai, apenas com 21 anos, fez o seu primeiro projecto no

estilo neoclassico – Casa Riehl em 1907, para um filósofo de nome – Aloi Riehl;

Trabalha no escritório do arq. Bruno Paul, mas de seguida torna-se discípulo de Peter Behrens entre

1908 e 1912 ;

1913: Abre o seu próprio negócio em Berlim e casa com Ada Bruhn;

Ludwig Mies van der Rohe, juntamente com Walter Gropius e Le Corbusier, é amplamente considerado

como um dos mestres pioneiros da arquitetura moderna. Seus desenhos, como exemplificado no

Pavilhão alemão em Barcelona ou o Seagram Building, em Nova York, foram apresentadas com a maior

clareza e simplicidade.

Análise da obra…

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ao nível arquitectónico, estrutural e dos materiais

O Neue National Gallerie, considerada por alguns o "templo de luz e vidro" projectada por Mies Van der

Rohe, abriga a colecção de pintura do século 20 europeu e escultura.

A colecção inclui obras de Munch, Kirchner, Picasso, Klee, Feininger, Dix, Kokoschka, e muitos outros. A

cada ano são enumeras as exposições temporárias que passam por esta galeria.

Imagem 1 – perspectiva do Neue National Galleria, museu de Berlim

O museu foi fundado na década de 1960, e traduz-se no resultado de uma busca de um lugar

permanente para a casa de arte moderna na parte ocidental da cidade, então dividida.

Após a segunda Guerra Mundial, a colecção original foi alargada com uma série de aquisições principais

e provisoriamente colocadas na "Galeria do Século XX 'em Charlottenburg e Tiergarten.

Foi neste contexto que o arquitecto Mies Van der Rohe, foi contratado para construir um “lar” permanente

para esta colecção de arte moderna no Kulturforum em frente à Philharmonie. Em 1968, o Neue National

Gallerie abriu suas portas e logo se tornou um símbolo brilhante da arquitectura moderna.

Com a construção deste pavilhão repleto de luz, Mies Van der Rohe projectou espaço aberto, universal,

que é único, e que permite que cada exposição realizada dentro se torne um evento emocionante.

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O Neue National Gallerie em Berlim, não se trata apenas de um museu, é um verdadeiro marco

arquitectónico.

Imagem 2 – Implantação do Neue National Gallerie

Construído em 1968, surge no

culminando do trabalho do

arquitecto alemão renomado

Mies van der Rohe. Um

edifício no qual as patentes

são claramente legíveis

postulados e forma de

trabalho do arquitecto, e onde

o conceito de "menos é mais"

tem sentido absoluto. Imagem 3 –perspectiva do Neue National

Galleria, museu de Berlim

Com suas colunas de aço monumentais e telhado em balanço com cobertura de vidro, o Neue National

Gallerie é especialmente famoso pelo seu amplo e versátil pavilhão de 50 x 50 metros.

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Este edifício transmite uma nova forma de pensar e entender um museu. Pode integrar uma única sala de

exposição como ver-se constituído por várias salas temáticas ou de exposição. Tal facto deve-se á sua

elevada versatilidade ao nível da organização do espaço. Falamos portanto de uma obra em plena

sintonia com a arte moderna que tanto fascinou Mies.

Imagem 4 – Sistema estrutural do pavilhão de exposições principal (3D)

A Neue National Gallerie é muitas vezes associada a templos antigos, uma associação que parece

fundamentar-se na maneira em que as colunas "cruciformes", assinatura de Mies, são cuidadosamente

proporcionadas e espaçadas para recordar colunas clássicas. Mies tornou-se profundamente preocupado

com a relação a três aspectos da arquitectura - espaço, função e estrutura. O seu grande desafio, era

como unir estes, de maneiras a expressarem a essência do século XX.

O telhado de aço, que avança da galeria, transmite-se num vazio contínuo no interior, o qual quando

combinado com a cortina de vidro dá-nos um verdadeiro ensinamento ao nível da transparência, da

arquitectura, do volume e da luz.

Deduz-se assim, que princípios estéticos à parte, o facto deste projecto de Mies para este pavilhão,

contemplar essencialmente vidro e aço derivava de um propósito prático também.

Devido ao espaço interior estar quase completamente desobstruído, foi possível para permitir que um

dispositivo de libertação de obras de arte, painéis de exibição, e divisores de parede de acordo com

qualquer formato de exibição particular.

O princípio subjacente era que os edifícios em uma era de rápidas mudanças e contínua não deve ser

projectado para se encaixar rigidamente em torno de um determinado conjunto de funções, mas deve ser

tão flexível quanto possível, com um mínimo de elementos fixos. De 1920 em diante, os projectos de

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Mies, eram dedicados a esta busca por um determinado modelo de espaço – modelo esse que

privilegiasse a fluidez e conectividade entre os espaço e não o contrário.

A compreensão desta construção é relativamente simples, talvez por causa de sua clareza conceptual e,

no entanto, um olhar mais atento pode constatar a sua grande complexidade.

A estrutura é um claro exemplo desta complexidade, uma complexidade que não é dada por formas raras

ou peças sofisticadas, mas, paradoxalmente, reside na sua simplicidade.

O edifício destaca-se como uma estrutura de grandes dimensões ou cobrir 64,8 quadrado m de

comprimento, mantido em 8 de suporte no seu perímetro, dois de cada lado, mas em que os cantos são

deixados livres, de modo a que a construção se torna muito leve.

Constituído por dois pisos, o primeiro onde se dá o acesso, compreende o salão principal e local de

exposições, já o segundo piso abriga a colecção permanente.

Imagem 5 e 6 – Corte e alçado respectivamente do Neue National Gallerie

A grande cobertura consiste numa estrutura plana

de 64,80 m X 64,80 m, composta de vigas metálicas

de 1,80 m de altura, espaçadas entre si a cada 3,60

m, e formando uma grelha.

Esta estrutura é apoiada apenas externamente, e

por oito pilares, dois de cada lado do quadrado,

compostos em chapas de aço. As paredes de vidro

que fecham o conjunto são recuadas da linha de

pilares 7,20 m.

Não existe nenhum outro Mies Van der Rohe, cuja

estrutura em que o limite entre o interior e o exterior

do edifício seja tão cavado como neste famoso

“corredor”.

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Esse edifício confirma a linguagem que Mies desenvolvera recentemente em seus edifícios horizontais,

de um racionalismo estrutural rígido, e uma espacialidade monumental. Imagem 7 – Um dos dois corredores proporcionados pelo sistema

estrutural adoptado

O desenho do pilar, entretanto, revela um desprendimento da

ordenação industrial, afastando-o definitivamente daquele determinismo

construtivo que tanto defendera. Estes pilares são uma redução cubista

de uma ordem grega. Se não chega a desenhar o entasis grego,

manteve, entretanto, uma marcante característica, que é a diminuição

da seção na parte superior.

A viga metálica, na borda, funciona como o conjunto clássico

arquitrave-friso.

Imagem 8 – Pilar e viga

A forma desses pilares não é, de maneira alguma, arquitéctónica, como nos pilares do Crown Hall. Não

há nenhuma explicação técnica para a modificação da seção, com a altura. Com relação às cargas

verticais, o pilar deveria ser dimensionado para que a seção resistente fosse compatível com o esforço

compressivo, que é constante. Neste caso, a seção resistente é aquela do colarinho do pilar, não se

justificando qualquer modificação.

A forma dos pilares somente se explica com base no historicismo clássico, que vai aos poucos, de forma

discreta e elegante, tomando conta da obra de Mies, primeiro na organização geral dos espaços, mas que

nesse momento começa a invadir os elementos em si.

Mies cede à grande tradição oitocentista de Karl Friedrich Schinkel, por quem nunca disfarçou a

admiração, compondo uma verdadeira ‘ordem clássica’, uma adaptação das ordens gregas aos novos

tempos industriais, que aspira ser colocada ao lado das ordens tradicionais: dórica, jónica e coríntia.

Tal característica chegou mesmo a ser designada por “ordem dórico-miesiana”.

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Imagem 9 – comparação entre uma das ordens clássicas e as colunas usadas por mies

Temos aqui portanto, três atitudes muito distintas, expressas num mesmo elemento construtivo. De frisar,

que Mies jamais tentou esta forma de pilar nos Estados Unidos, mas apenas fora dali, para o Edifício

Bacardi em Cuba (1957) e no Museu Georg Schäfer, em Schweinfurt, na Alemanha (1960).

Os materiais adoptados pelo arquitecto,

aço, vidro e mármore, trabalhados com

nobreza absoluta, são a chave deste

sistema construtivo, aparentemente

rígido, mas notavelmente flexível.

São claramente legíveis neste edifício as

crenças de Mies, de que a boa arquitetura

está na qualidade dos detalhes.

Imagem 10 – Imagem do interior do pavilhão principal do Neue National Gallerie

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