O ouriço e a lebre

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Page 1: O ouriço e a lebre

A LEBRE

E O

OURIÇO

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Um domingo de manhã, em plena época da colheita, o sol brilhava com força, a brisa acariciava as árvores, as abelhas zumbiam pelo ar e as pessoas da povoação iam passear. Toda a gente estava muito contente, até o ouriço.

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Nessa manhã o ouriço, que resolveu ir à sua horta apanhar uns nabos para o pequeno almoço, encontrou a vizinha lebre que tratava da sua horta de couves.

O ouriço cumprimentou-a e a lebre perguntou-lhe:

- Aonde vais tão cedo numa manhã de domingo?

- Vim dar um passeio - respondeu o ouriço.

- Um passeio? - disse a lebre desatando a rir. - Podias utilizar as tuas patas para coisas mais úteis!

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O ouriço, que não gostava que falassem das suas patas pequenas e tortas disse:

- Por acaso pensas que as tuas são melhores?

- Claro que sim! - exclamou a lebre. - E se quiseres posso provar-te agora mesmo!

- Não passas de uma lebre gabarolas! Vamos fazer uma corrida e verás que quem ganha sou eu! - propôs-lhe o ouriço.

-Tu? Com essas patas tão curtas? Mas se é isso que queres, aceito! - disse a lebre.

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O ouriço apostou então a sua horta de nabos em como ganharia, e a lebre a sua horta de couves.- Antes de começar a correr - disse o ouriço -, deixa-me ir num instante a casa, porque estou em jejum.- Está bem - respondeu a lebre. - Eu fico aqui à tua espera!

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Quando o ouriço chegou a casa, disse à sua mulher: 

- Veste-te depressa e vem comigo. Apostei a nossa horta de nabos com a lebre; vou fazer uma corrida com ela para ver qual de nós é que ganha e preciso que venhas comigo.

- Mas como é que pudeste desafiar a lebre! Não vês que é muito mais rápida do que tu? - lamentou-se a mulher. - Perdeste a cabeça?

Mas o ouriço insistiu tanto que a mulher não teve outro remédio senão acompanhá-lo.

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O ouriço explicou tudo muito bem à sua mulher:

- Estás a ver o campo semeado lá fora? A lebre correrá por um carreirinho e eu por outro. Tu esperarás no final do meu, e quando a lebre chegar ao final do seu, levantarás a cabeça e gritarás: «Já estou aqui!»

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Dito isto, o ouriço foi ter com a lebre, e cada um foi para o seu carreirinho.Então, a lebre gritou: «Partida, Largada, Fugida!» e saiu disparada como uma bala, enquanto o ouriço permaneceu sentado no chão.

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Quando a lebre chegou à outra extremidade do terreno, a mulher do ouriço exclamou:

- Já estou aqui! A lebre, pensando que a

mulher do ouriço era o próprio ouriço, pois eram muito parecidos, não acreditava no que os seus olhos viam.

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Não satisfeita com o resultado, a lebre pediu a desforra.

- Comecemos de novo! - disse. - De certeza que agora ganho eu!

E saiu novamente disparada como um raio, enquanto a mulher do ouriço permaneceu quieta.

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Quando a lebre chegou à outra ponta, o ouriço recebeu--a, dizendo: «Já estou aqui!»

Mas a lebre, que não se conformava com o que via, pediu para fazer outra corrida.

- Vá lá! Vá lá! Vamos fazer outra corrida! - gritou, irritadíssima, a lebre.

- Claro que sim! - respondeu o ouriço. - Por mim podemos fazer todas as corridas que quiseres!

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Desta vez, a lebre correu tão depressa que as orelhas se colaram à cabeça e o ar zumbiu dentro dos seus ouvidos. Mas, ao chegar ao outro extremo, a mulher do ouriço gritou: «Já estou aqui!»

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E foi assim que a lebre correu mais setenta e três vezes. O ouriço não se importava de fazer mais corridas, e quando a lebre chegava a um extremo ou ao outro, tanto o ouriço como a mulher repetiam: «Já estou aqui!»

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Na corrida número setenta e quatro, a lebre já não conseguiu chegar ao fim. Caiu no meio do campo, completamente exausta..

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Então o ouriço e a sua mulher puseram-se a saltar e a dançar de alegria. A lebre não tinha conseguido ganhar uma única corrida.- Conseguimos! Conseguimos! - gritava a mulher.- Essa lebre nunca mais vai voltar a rir-se das minhas patas curtas e tortas! -  disse o ouriço, muito satisfeito. A família ouriço agora também era proprietária da horta de couves, e nunca mais lhes ia faltar comida.

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História adaptada – Cláudia Fernandes