O Paisagismo no Renascimento
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INSTITUTO DE ARTE E PROJETOS – INAP
Curso Técnico em Paisagismo
Mariana Márcia Rezende da Costa
O MOVIMENTO RENASCENTISTA:
A Arquitetura e o Paisagismo
Belo Horizonte
2016
Mariana Márcia Rezende da Costa
O MOVIMENTO RENASCENTISTA:
A Arquitetura e o Paisagismo
Trabalho apresentado à disciplina História
da Arte aplicada ao Paisagismo, do curso
técnico de Paisagismo, do Instituto de
Arte e Projetos - INAP.
Professora: Andréa Silveira
Belo Horizonte
2016
SUMÁRIO
1 DEFINIÇÃO DO MOVIMENTO RENASCENTISTA ................................................. 4
1.1 A ARTE DO RENASCIMENTO: Literatura ............................................................ 6
1. 2 A ARTE DO RENASCIMENTO: Escultura ........................................................... 7
1.2.1 Principais expoentes .......................................................................................... 7
1.3 A ARTE DO RENASCIMENTO: Pintura ................................................................ 9
1.3.1 Principais expoentes .......................................................................................... 9
2 INÍCIO E FASES DO RENASCIMENTO ............................................................... 15
3 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO DA ARQUITETURA E DO
PAISAGISMO NESTE PERÍODO ............................................................................. 17
4 PRINCIPAIS ARTISTAS, ARQUITETOS E PAISAGISTAS QUE
INFLUENCIARAM A ELABORAÇÃO DESTES ELEMENTOS. ............................... 27
4.1 Arquitetos ............................................................................................................ 27
4.2 Paisagistas do Renascimento ............................................................................. 31
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
4
1 DEFINIÇÃO DO MOVIMENTO RENASCENTISTA
O Renascentismo, também conhecido como Renascimento ou Renascença
é um movimento intelectual e artístico que ocorreu no período de transição entre a
Idade Média e a Idade Moderna. Foi um processo que se iniciou por volta do final do
século XIII e se estendeu até os fins do século XVI, na Europa, mais intensamente
na Itália. O período é marcado por importantes acontecimentos artísticos e culturais,
bem como importantes avanços na política, economia e ciência. (MORAES, 2009)
No período que antecede essa época, a Idade Média, os homens acreditavam
que Deus estava no centro do universo (visão Teocêntrica), ou seja, a religiosidade
e o misticismo dominavam a mentalidade da sociedade vigente. Além disso, o poder
político estava nas mãos dos senhores da terra e da Igreja Católica, existia uma
rígida ordenação social, dividida de forma hierarquizada e a única verdade que o
homem poderia acreditar era na da igreja.
Os valores da época afirmavam que toda a vida material deveria ser ignorada,
o corpo era constantemente vigiado e deveria ser disciplinado para manter suas
virtudes. Desfrutar de algum prazer era considerado uma heresia. (BLAINEY, 2007)
A sociedade seguia uma doutrina que não poderia ser questionada, o homem
deveria aceitar e se conformar com seu status quo, homens e mulheres viviam em
constante preocupação com o julgamento de Deus, e sendo assim, comportavam-se
de acordo com os mandamentos da igreja.
Com as grandes navegações, o desenvolvimento comercial e a emergência
de novas atividades culturais, nasceu uma nova perspectiva sobre o status do
homem no mundo, a “Antropocêntrica” (homem no centro) ou Humanista, que
caracteriza e marca o período do Renascimento. Nessa perspectiva, são valorizadas
as potencialidades humanas, sua faculdade racional, a capacidade de criação
artística e o registro e cálculo dos fenômenos naturais, inaugurando assim, as raízes
do pensamento científico. A verdade agora só poderia ser encontrada através da
experimentação e da observação.
5
Fonte: Site Slide Player
Mudanças decisivas no âmbito intelectual, religioso, moral e político
aconteceram nesse período, fundamentadas nos seguintes valores (BRAICK;
MOTA, 2012):
Individualismo: interesse nos potenciais e sucessos do indivíduo;
Racionalismo: a razão como base do conhecimento, entender as leis que
governam o mundo através da observação e da experimentação;
Religião pessoal: defesa do poder de se praticar uma religião (cristã)
pessoal, em lugar da imposta pela igreja;
Hedonismo: valorização dos prazeres, sensoriais, carnais e materiais;
Interesse pelo passado: redescoberta de autores gregos e romanos (ex.
Platão);
Humanismo: o homem como a mais bela e perfeita obra da natureza.
DIFERENÇAS ENTRE O PENSAMENTO MEDIEVAL E O RENASCENTISTA
PENSAMENTO MEDIEVAL
PENSAMENTO RENASCENTISTA
Teocentrismo
Antropocentrismo
Verdade = Bíblia
Verdade = experimentação, observação
Vida material sem importância
Vida terrena e material também é importante
Conformismo
Crença no progresso
Natureza = fonte do pecado
Natureza = beleza, onde o homem se insere
Ascetismo = doutrina de pensamento ou de fé
que considera a ascese, isto é, a disciplina e
autocontrole estritos do corpo e do espírito,
um caminho imprescindível em direção a
Deus, à verdade ou à virtude
Hedonismo = cireraísmo, dedicação ao prazer
dos sentidos, fundamento de todos os prazeres
espirituais
Dogmatismo
Fé diferente da razão
Quadro 1 – Diferenças entre o pensamento medieval e renascentista
6
No âmbito da ciência, a principal mudança aconteceu em relação à teoria
“Geocêntrica”, fortemente defendida pela igreja de que a terra era o centro do
universo. Nicolau Copérnico, matemático e astrônomo, propôs a tese do
“Heliocêntrismo”, na qual o sol é que girava em torno da terra. O impacto dessa
descoberta foi de encontro à grande vaidade não só da Igreja, mas também da
sociedade da época, pois o homem nesse momento
encontra-se deserdado, não é mais rei de um universo que girava em torno dele para honrá-lo, mas reduzido a um grão de areia que gira sem saber por quê; esta é a consequência da descoberta de Copérnico: temos que nos adaptar à nova concepção de nossa infinita pequenez e considerarmo-nos menores que qualquer coisa do/no universo. (SILVA, 2013, p 7)
A teoria não foi aceita na época devido à dificuldade de comprovação, bem
como a grande oposição da Igreja, mas a tese de Copérnico influenciou outros
grandes estudiosos, como Galileu Galilei e Isaac Newton.
Os renascentistas se preocupavam em analisar a natureza, valorizando
sempre a razão. Eles estudavam e desenvolveram pesquisas na área da física,
mecânica, medicina, dentre outros, sempre refletindo filosoficamente sobre elas. As
mudanças no pensamento provocaram também transformações no contexto cultural
e artístico da época, influenciando a literatura, escultura, pintura, a arquitetura e o
paisagismo. Nesse momento, “os artistas não são mais considerados artesãos,
como na Idade Média, mas reconhece-se neles a sua exata individualidade criativa”.
(PRETTE, 2008, p 228).
1.1 A ARTE DO RENASCIMENTO: Literatura
A literatura no Renascimento foi marcada pelas críticas sociais, pelo
sentimento anticlerical e o foco na personalidade individual. Foi nessa época que a
impressa foi inventada por Johann Gutenberg, em 1450, o que favoreceu a
propagação das obras, bem como as ideias do Humanismo.
Grandes obras foram criadas nesse período, como:
7
A divina comédia de Dante Alighieri: exalta a ideia do livre-arbítrio;
Decameron de Giovanni Boccaccio: crítica aos membros da igreja;
O Príncipe de Nicolau Maquiavel: defende e justifica os governos absolutos;
Hamlet, Romeu e Julieta, dentre outros de Skakespeare;
O elogio da loucura de Erasmo de Rotterdam
1. 2 A ARTE DO RENASCIMENTO: Escultura
Na escultura os valores greco-romanos ganham grande importância, dando
ênfase ao homem e suas atividades. Há um estudo das proporções e a inclusão da
perspectiva geométrica. As figuras deixam de ser meros elementos decorativos,
valendo-se por si mesmas. As esculturas são apoiadas numa base para serem
observadas de todos os ângulos, e com o estudo das posturas corporais se
sustentam sobre as próprias pernas, equilibrando-se. Elas revelam uma figura
humana de músculos torneados, expressões mínimas, com pregas apenas para
acentuar o dinamismo e ganham tamanhos reais.
1.2.1 Principais expoentes
Miguel Ângelo di Lodovico Buonarroti Simoni – Michelângelo (1475-1564)
Figura 2 - David Figura 1 - Pietá
Fonte: Site Epoch Times Fonte: Site Epoch Times
8
Donatto di Niccoló di Betto Bardi – Donatello (c. 1386-1466)
Andrea del Verrocchio (1435-1488)
Fonte: Wikipedia Fonte: Site Epoch Times
Figura 3 – São Pedro Figura 4 – Maria Madalena Penitente
Fonte: Site Epoch Times
Figura 5 – Cristo e Tomé Figura 6 – Cristo crucificado
Fonte: Site Pintura sem tela
Fonte: Site Epoch Times
Fonte: Site Pintura sem tela
Fonte: Site Epoch Times
9
1.3 A ARTE DO RENASCIMENTO: Pintura
A pintura também busca na Antiguidade Clássica a sua inspiração. Os
pintores tentavam reproduzir a realidade do que observavam, sob a influência do
ideal de beleza grego. O espírito clássico, a ordem e as formas simétricas são traços
marcantes, a pintura reflete o individualismo da época e é bastante ligada a
natureza. As descobertas da perspectiva e da pintura a óleo foram às grandes
inovações do período. (CORK; FARTHING, 2011)
1.3.1 Principais expoentes
Sandro Botticceli (1445-1510)
Figura 7 – O nascimento da Vênus
Fonte: Site Obvius
10
Leonardo da Vinci (1452-1519)
Fonte: Site Obvius
Figura 8 – Primavera
Figura 9 – Monalisa
Fonte: Site Obvius
11
Figura 10 – A última ceia
Fonte: Site Wikipédia
Figura 11 – O homem Vitruviano
Fonte: Site R7
12
Leonardo da Vinci foi também um grande inventor em várias áreas do
conhecimento. Alguns projetos de destaque são:
Fonte: Site Universia
Figura 12 – Paraquedas Figura 13 – Equipamento de Mergulho
Fonte: Site História Digital Fonte: Site História Digital
Figura 14 – Ponte Giratória Figura 15 – Asa Delta
Fonte: Site Terra Fonte: Site Terra
13
Rafael Sanzio (1483-1520)
Fonte: Site História Digital
Fonte: Site Terra
Fonte: Site Slide Share
Figura 16 – As três graças
Fonte: Site Slide Share
Figura 17 – A escola de Atenas
14
Miguel Ângelo di Lodovico Buonarroti Simoni – Michelângelo (1475-1564)
Figura 18 – A capela Sistina
Fonte: Site História.com
Figura 19 – A criação de Adão
Fonte: Site Universia
15
2 INÍCIO E FASES DO RENASCIMENTO
Podem-se identificar três fases distintas no desenvolvimento do
Renascimento. São elas:
Trecentismo (século XIV)
É uma fase que abrange o período de transição entre a cultura medieval para
a Renascentista, considerada como a sua preparação. Sua concentração é na Itália
e começam a se difundir as ideias de buscar explicações racionais para os
fenômenos, bem como a de valorização do indivíduo. (MORAES, 2009)
Há um resgate dos aspectos da cultura greco-romana, principalmente na
literatura e seus principais artistas são o pintor Giotto e os escritores Boccaccio e
Petrarca.
Quatrocentismo (século XV)
O Renascimento se estende pela península itálica e atinge seu auge. Houve
maior incentivo para as obras artísticas por parte dos mecenas, principalmente para
as artes plásticas, como a pintura a óleo. Há a busca pela perfeição estética
(realismo) nas esculturas e pinturas e o uso na estética dos elementos greco-
romanos e também a mistura do moderno com o clássico.
Foi nesse período que nasceu a imprensa com a prensa de Gutenberg,
barateando a distribuição em larga escala de obras escritas. É nesse período que
grandes artistas publicaram seu trabalho, com destaque para Leonardo da Vinci,
Botticelli, Rafael e Michelângelo.
Fonte: Site História.com
16
Quinhentismo (século XVI)
O movimento já está espalhado por toda a Europa e esse corresponde ao
último período do Renascimento. As obras de arte atingiram os mais altos níveis de
elaboração, com a fusão de temas profanos com sagrados e uma forte presença do
humanismo na literatura. É lançado “O príncipe” de Maquiavel.
Roma se torna um polo industrial, artístico e econômico no lugar de Florença,
e se dá início ao movimento Protestante. É nesse período que há o enfraquecimento
do movimento devido às descobertas marítimas (América), que fez com que o
mercado econômico se voltasse para o novo mundo, ao movimento de contra-
reforma de reação da Igreja, o qual contrapunha os preceitos renascentistas e
também a atuação da inquisição. Destacam-se os artistas Rafael Sanzio e Erasmo
de Rotterdam (BRAICK; MOTA, 2012)
17
3 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO DA ARQUITETURA E DO
PAISAGISMO NESTE PERÍODO
A Arquitetura nesse período se caracteriza por uma ruptura na história da arte
arquitetônica, principalmente com o período medieval. Essa mudança se deve a um
novo posicionamento dos arquitetos em relação a sua arte, expressando um estilo
próprio e mais independente. Os arquitetos se basearam em critérios humanistas e
resgatam o poder e o esplendor da antiga Roma.
Como principais características, temos (VIEIRA, 2013):
Simplificação e racionalização (matemática rigorosa do espaço arquitetônico)
Busca de proporções ideais, formas equilibradas e simétricas
18
Utilização de linhas e
ângulos retos
Utilização sistemática da
perspectiva
Utilização de abóbodas de
berços e de arestas
Utilização de cúpulas
19
Utilização de arcos de volta-
perfeita
Utilização de colunas greco-
romanas
Utilização de frontões
triangulares, a coroar
fachadas e janelas
Utilização de grotescos
20
As principais edificações do período são as igrejas, as residências
construídas fora da cidade (villas) e as fortalezas bélicas.
Foi a partir do século XVI que as praças e os jardins passaram a ter maior
importância no espaço urbano, adquirindo valor estético e utilitário. Os jardins de
Planos
Eram idealizados levando em consideração a simetria, conseguida
graças às semelhanças das partes que ficavam de cada lado das linhas
centrais axiais.
Interiores
Com recessos quadrangulares e abobados cruzados com uma cúpula.
Naves
Divididas em pequenos recessos, que dão a impressão de maior espaço.
Torres
Raras, às vezes única e quando existentes são simétricas. A cúpula é o
aspecto externo predominante.
Telhados
Com pequeno caimento, devido à influência clássica, ou arredondados.
Aberturas
Arcada de arcos semicirculares, especialmente nas construções civis.
Arcos e
Abóbadas
Semicirculares, de caráter romano.
Janelas
Em geral tem as linhas clássicas e eram pequenas devido ao clima da
Itália.
Portas e Janelas
Colocadas em simetria uma acima das outras.
Paredes
externas
O tratamento varia em cada país. Na Itália são lisas com tratamento
especial, às vezes, há balaustrados. Na Inglaterra, Alemanha e França
são altas. Sua construção era de alvenaria de pedra ou então de tijolo,
em cursos regulares.
Fonte: Blog Moleques Lisos
Quadro 2 – Estilos da Arquitetura Renascentista
21
estilo Renascentista são mais prevalecentes na Itália, França e Inglaterra e tem
como características (PAIVA, 2004):
Passeios retos, coincidindo com a avenida principal e com o eixo central da
residência;
Configura a ideia de uma natureza “domesticada”;
As irregularidades do terreno eram aproveitadas para se fazer terraços e
escadarias acompanhados de corredeiras de água;
A vegetação recebia cortes adquirindo formas determinadas (topiarias);
Os jardins deixam de ser canteiros, cuja finalidade era cultivar e colecionar
plantas e passaram a se tornar uma área de lazer;
Havia fontes, pórticos, belvederes, estátuas, balaustradas, pérgolas, arcadas
com colunatas, aleias sombreadas;
Caráter geométrico e traçado linear;
Jardins da opulência, da exuberância;
Casas construídas em locais com vista panorâmica, geralmente no alto do
terreno e circundadas com os terraços bastante formais;
À medida que o jardim se distanciava das casas se tornava mais fresco e
sombreado. As principais plantas utlizadas eram: ciprestes, tuias, buxinho,
louros, azinhedos, oliveiras;
No jardim inglês, já frutos do final do Renascimento, o traçado do jardim já
assume uma configuração mais livre e espontânea.
Jardins Italianos
Os jardins italianos foram os primeiros jardins renascentistas e foram
inspirados nos jardins da Roma Antiga. São populares pela simetria, uso de fontes,
instalação de caminhos e rampas, além de pátios e labirintos. Eram unidos as casas
por meio de galerias externas e outras prolongações arquitetônicas, a vegetação era
considerada secundária e recebiam podas e cortes em formas determinadas. Os
jardins eram tidos como centros de retiro intelectual, onde sábios e artistas podiam
trabalhar e discutir no campo, longe do calor e das moléstias do verão da cidade.
22
Figura 20 – Jardim do Belvedere
Fonte: Blog Paisagismo Brasil
Fonte: Site Dreamstime
Figura 21 – Terraço das Cem Fontes Figura 22 – Villa Medici
Fonte: Blog Paisagismo Brasil
23
Jardins Franceses
Os jardins franceses possuem desníveis pouco acentuados, o que favorece a
adoção dos parterres (tapetes florais) que, juntamente com grandes espelhos d’água
e fontes formam grandes perspectivas cenográficas. A residência se integra a
paisagem, há ordenação de bosques laterais, canais com bordas regulares, poucas
cascatas, escala monumental, perspectiva unidirecional levada ao infinito,
composição mais equilibrada e serena. Suas grandes características são a toparia, a
rígida distribuição axial, a monumentalidade e o absoluto controle da natureza.
Figura 23 – O Château de Marly pintado por Pierre-Denis Martin em 1724
Fonte: Wikipédia
Fonte: Site Itália.it
Fonte: Blog Italia.it
24
Jardins Ingleses
Os jardins na Inglaterra passaram a ter uma aproximação maior com a
natureza, essa foi uma reação à busca exagerada pela perfeição e simetria dos
jardins franceses. Sendo assim, valorizou-se o traçado livre e sinuoso, bem como
dispor a água em lagos e riachos. A inspiração veio dos jardins chineses.
A irregularidade e a falta de simetria passaram a compor os caminhos, a
topiaria não foi mais tanto utilizada e nem mesmo os grandes acessórios e
monumentos arquitetônicos. Os jardins eram pra ser visto em consonância com toda
a natureza que estava ao seu redor. Como principais características, temos: linhas
sinuosas, amplos gramados e ruas, terreno acidentado, grupos de árvores não muito
Fonte: Site Próxima Trip Fonte: Site Paronâmico
Figura 24 – Château de Chantilly Figura 25– Château de Cheverny
25
numerosas, plantas isoladas, construção de ruínas, dentre outras. (MACHADO,
2013)
Nota-se que o Paisagismo nesta época se caracteriza por um estilo clássico,
com plantas perfeitamente delimitadas, seguindo formas e utilizando-se de
acessórios para enriquecer ainda mais a paisagem. Deu-se muita importância ao
contraste entre as formas naturais e as arquitetônicas e o jardim alcançou um status
diferenciado, de lazer e de reflexão.
A visão de mundo do homem naquela época passou a ser expressa também
em seus jardins, que na época passaram a ser uma extensão de sua mania de
grandeza. Em razão disso, a composição paisagística se tornou muito requintada e
monumental, numa busca constante pelo belo e pela perfeição.
Fonte: Site Slide Share Fonte: Site Slide Share
Figura 26 – Jardim Inglês Figura 27 – Jardim Inglês
26
Esse movimento começou a mudar com os jardins ingleses, pois receberam
mais tardiamente, a influência do estilo Renascentista.
Figura 28 – Diferenças entre os jardins italianos, franceses e ingleses
Fonte: Site Slide Share
Figura 29 – Diferenças de traçado entre os jardins franceses e ingleses
Fonte: Site Slide Share
27
4 PRINCIPAIS ARTISTAS, ARQUITETOS E PAISAGISTAS QUE
INFLUENCIARAM A ELABORAÇÃO DESTES ELEMENTOS
4.1 Arquitetos
Fillipo Brunelleschi (1377-1446)
Arquiteto genial reagiu às formas medievais góticas e criou uma nova
linguagem arquitetônica, um novo estilo. Ele buscou medir monumentos
rigorosamente e procurou métodos para transpor as relações métricas para o papel.
Combinou os elementos clássicos, mantendo o ritmo e criou uma nova abóbada,
cuja superfície curva era formada pela parte superior de uma cúpula de raio igual à
metade da diagonal do compartimento quadrado na qual seria sobreposta.
Ele criou, segundo Prette (2008), uma sucessão de espaços bem definidos
pelas arcadas clássicas de arcos plenos e em pedra escura cria um efeito
perspectivo ordenado e claro nas igrejas. Seus arcos assentavam sobre colunas nas
paredes externas evidenciando os contornos ou juntas das unidades. Com o
ressurgimento das formas e proporções clássicas, Brunelleschi transformou a
linguagem arquitetônica da época num sistema estável, preciso e baseado no rigor
científico. (CORK; FARTHING, 2011).
Figura 30 – Catedral de Santa Maria das Flores (Florença)
Fonte: Site Museums in Florence
28
Leon Battista Alberti (1404-1472)
Arquiteto que conseguiu, de forma primorosa, aplicar sua concepção
humanista do mundo e da História em seus projetos arquitetônicos. Valorizou a
aplicação de conhecimentos de várias áreas da ciência na produção artística, pois
se dedicava também a pesquisas arqueológicas, além da restauração e o
urbanismo. Buscou unir aspectos da cultura antiga com a moderna.
Fonte: Site Museums in Florence
Figura 31 – Igreja do Santo Espírito (Florença)
29
Donatto Bramante – (1444-1514)
Seu trabalho se caracteriza pela geometria de desenho e de perspectiva,
além do grande interesse pelo edifício de planta central. A extrema simplicidade
estrutural, o rigor e a perfeição que obteve na utilização das ordens arquitetônicas e
o harmonioso sistema de proporções do conjunto, levaram os homens do seu tempo
a considerar sua obra, o Tempietto a mais perfeita recriação da arquitetura clássica.
Figura 32 – Igreja do Sant’Andrea (Florença) Figura 33 – Igreja de Santa Maria Novella
(Florença)
Fonte: Site Hominis Aevum Fonte: Site Biografyas y vida
30
Além destes nomes apresentados, ainda temos: Rafael Sanzio, Michelângelo,
Michelozzo Michelozzi, Michelozzo di Bartolomeo, Antônio da Sangallo, Andrea di
Pietro della Gondola, Andrea Palladio, Ludovico il Moro, Bernardo Rosselino, Inigo
Jones, Sir Christopher Wren, Torrigiano, dentre outros.
Figura 34 – Tempietto di San Pedro (Roma) Figura 35 – Piazza Ducale (Roma)
Fonte: Site Demetra Hotel Blog
Fonte: Site Demetra Hotel Blog
Fonte: Site Demetra Hotel Blog
31
4.2 Paisagistas do Renascimento
Andre Le Nôtre (1613-1700)
Francês, era filho de jardineiros e todo o seu ciclo social e profissional foi
ligado a este meio. Sua família vivia no entorno do jardim Tuileries, o qual
acompanhou suas transformações. Paralelamente à jardinagem, Le Nôtre
frequentou durante seis anos o ateliê de Simon Vouet convivendo com importantes
artistas contemporâneos a ele.
Em 1635, aos 22 anos de idade, André Le Nôtre foi nomeado primeiro
jardineiro de Gaston d’Orleans, irmão do rei Luis XIII e trabalha acompanhando seu
pai no Jardin des Tuileries, onde permaneceu durante mais de 20 anos. Seus
contatos, a tradição oral, o estudo de pintura e escritos ligados às técnicas de
jardinagem, vão ampliando sua visão e sua capacidade de expressão plástica.
Essa bagagem de conhecimentos e vivências o permitirá realizar, a partir dos
seus quarenta anos, um conjunto de obras marcantes como os jardins de Vaux-le-
Vicompte e Versailles. André Le Nôtre trabalhava com simplicidade, elegância e
requinte. Criou vistas com aparência de infinito, escalas imponentes, planos que
inspiravam a admiração e respeito dos admiradores.
Fonte: Site Revista Paisagismo em Foco
Figura 36 – Retrato de André Le Nôtre
32
História do jardim de Versailles
Luís XIV era um apaixonado por belos jardins à moda francesa. Decorados
com fontes e bacias, o rei estimava que na época era o que de melhor se podia
fazer para exprimir a beleza e o poder da França aos seus convidados, sejam eles,
cortesãos ou embaixadores vindos dos países estrangeiros.
Os novos jardins do Palácio de Versalhes tinham como função impressionar
quem os visitasse, deviam exprimir através das suas fontes e estátuas a
grandiosidade da França e do seu rei. André Le Nôtre trabalha no jardim do palácio
desde o ano de 1662 até a sua morte em 1700.
Área: 732 hectares, com 3 quilômetros de comprimento
Fontes: 1400
Curiosidade: surgiu do meio de um pântano
Fonte: Site Bene Vale
Figura 37 – Jardim de Versailles - topiarias
33
Nesses jardins prevaleciam à lógica, a clareza e o equilíbrio, sintetizados pelo
seu traçado simétrico, valorizando a perspectiva e criando a sensação de
grandiosidade (SILVA, 2004, p 77). O jardim fica em torno de um eixo central que se
estende por cerca de 2 km, havia estátuas de mármore branco, gramados, fontes,
canteiros floridos.
Os jardins foram estruturados em uma série de terraços planos e abertos, nos
quais foram construídos parterres bordados com buxinhos podados. Os espaços
eram completados com pedras trituradas ou pó de tijolos, o que realçava a cor do
jardim. As árvores e arbustos eram rigidamente podados, os espelhos d’água
realçados por fontes ou jato de água únicos, pois para Luis XIV, passear pelo jardim,
significava ver as fontes.
Fonte: Site Bene Vale
Figura 38 – Jardim de Versailles - parterres
34
As flores do jardim não eram plantadas, mas apresentadas dentro dos seus
vasos, o que permitia mudar rapidamente a decoração segundo as vontades do rei,
e também dar lugar a permanência de flores frescas, evitando que murchassem.
Figura 39 – Jardim de Versailles - fontes
Fonte: Site Bene Vale
Fonte: Site Bene Vale
Figura 40 – Jardim de Versailles – árvores talhadas ao milímetro. Tudo
ordenado geometricamente
35
Giacomo da Vignola (Itália / 1507-1573)
Precursor das concepções barrocas, Giacomo da Vignola destacou-se na
arquitetura e paisagismo italianos pelo equilíbrio entre o classicismo e a liberdade de
composição.
Willian Kent (Inglaterra / 1685 – 1748)
Como paisagista, Kent foi um dos criadores do Jardim Inglês, um estilo de
jardinagem natural que revolucionou a construção de jardins. Seus projetos incluem
Stowe, Buckinghamshire, designs para Alexandre Pope em Twickenham, para a
Rainha Caroline em Richmond e em Rousham House, em Oxfordshire.
Figura 41 – Villa Lante (Bagnai) Figura 42 – Villa Giulia (Roma)
Fonte: Site Alarmy Fonte: Site Slide Share
36
Além desses, ainda temos os seguintes paisagistas:
Italianos: Pacello da Mercogliano, Pirro Ligorio, Bartolomeo Ammanati;
Franceses: Jacques I Androuet Du Cerceau, Jacques d’Albon de Saint-André,
Dominique Girard;
Ingleses: Willian Chambers, Henry Hoare, Humphry Repton.
Figura 43 - Stowe Figura 44 - Rousham
Fonte: Site Aldeia Fonte: Site Mel.a.deam
37
5 CONCLUSÃO
O Renascimento foi um período da história de transformações em todos os
âmbitos: sociais, religiosos, econômicas e principalmente, culturais. Nesse período,
inaugura-se a concepção de “Eu” do homem, ou seja, uma nova consciência acerca
de seu corpo, trabalho e relação com o outro. Houve uma grande renovação do
pensamento do sujeito em relação ao seu papel e passagem no mundo, o que
provocou profundas mudanças que impactaram a era moderna.
Essas nova percepção de si, do outro e do mundo aumentou a confiança do
homem em si, inclusive na sua capacidade de agir sob a natureza, ultrapassar
limites impostos pela religião e sonhar com feitos antes impensáveis. Ele passa a se
perceber como grande diante do Cosmo e não mais como uma marionete nas mãos
de um deus.
Nesse momento, os homens querem marcar sua presença na história e o
fazem através da arte, perenizando-se através de suas obras ou de retratos dos
pintores da época, no caso daqueles que não possuíam habilidades para ela. OS
homens reconhecem suas potencialidades e suas fraquezas e tentações, ou seja, o
prazer deixa de ser um pecado. O ser humano se realizaria na Terra e não no céu,
após a sua morte.
Houve ampla evolução da ciência, pois o olhar se volta para baixo, para a
Terra, a qual deveria ser observada, experimentada e estudada para ser conhecida.
Isso se deu também em relação à sociedade, com o advento do estudo das
circunstâncias sociais e materiais. O objetivo agora não é se tornar um santo, mas
um sábio.
Essa visão antropocêntrica e humanista provocou a redescoberta da natureza
e estendeu a ela, a sua arte, o que levou a criação dos primeiros jardins botânicos
de plantas exóticas e uma modalidade de jardim que se difundiu por toda a Europa.
O jardim se torna a celebrização do Homem sobre a Natureza.
O jardim do Renascimento era criado para projetar o grande ego dos homens
nesse período, sua mania de grandeza e o seu poder sobre a natureza. As plantas
38
eram utilizadas de forma a demonstrar a superioridade desse homem e o seu
controle sobre o ambiente (ex. topiarias). A cultura do Renascimento deixou grandes
legados para as gerações futuras, com mudanças importantes para uma nova
concepção do “Eu” no mundo. Quanto aos jardins renascentistas, a
monumentalidade e riqueza desse estilo, até hoje inspiram criações modernas,
como o jardim do Museu do Ipiranga, em São Paulo, o jardim botânico de Curitiba e
a Praça da Liberdade em Belo Horizonte (inspiração Palácio de Versailles).
Figura 45 – Museu do Ipiranga (São Paulo) Figura 46 – Jardim Botânico de Curitiba
Fonte: Site Achei Viagem Fonte: Site Mob
Figura 47 – Jardim da Praça da Liberdade (Belo Horizonte)
Fonte: Site IEPHA
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