O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

20
Mainake, XXXIII / 2011-2012 / pp. 11-30 / ISSN: 0212-078-X O PALEOLíTICO MéDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS Telmo Pereira i , Jonathan Haws ii  e Nuno Bicho iii RESUMO: No presente artigo apresenta-se um breve resumo sobre o estado da arte do Paleolítico Médio em Portugal abordando-se a indústria lítica, o registo faunístico e os padrões de assentamento. Embora o número de jazidas ainda não seja muito grande, parece ser claro que o território português terá sido aquele onde sobreviveram os últimos Neanderthais. Ao mesmo tempo, parece também ser claro que, pelo menos desde há pelo menos ~240 mil anos, estas comunidades apresentavam um leque de características comportamentais singulares, que as distin- guiam dos grupos situados além Pirenéus. De facto, enquanto estes eram especializados na caça e exploração da rena com utensílios de sílex, os localizados no território português eram especializados na exploração eclética dos recursos disponíveis. Tal diferença poderá estar relacionada com as substanciais diferenças climáticas e paisagísticas, dado que o território em causa não apresenta indícios de forte impacto das fases mais rigorosas das glaciações. Esta exploração variada dos recursos parece estar na base da tardia sobrevivência dos grupos neanderthais no extremo ocidental da Ibéria. PALAVRAS-CHAVE: Paleolítico Médio; Moustierense, Exploração de recursos; Portugal. EL PALEOLíTICO MEDIO EN EL TERRITORIO PORTUGUéS RESUMEN: En este artículo se presenta un breve resumen sobre el estado del arte del Paleolítico Medio en Por- tugal enfocandose la industria lítica, el registro faunístico y los patrones de asentamiento. Aunque el número de depósitos no sea muy grande, parece claro que el territorio portugués ha sido donde los últimos neanderthales so- brevivieron. Al mismo tiempo, también parece claro que, al menos por lo menos ~ 240 mil años, estas comunidades tenían una serie de características únicas en su comportamiento que las distingue a los grupos situados más allá de los Pirineos. De hecho, mientras que estos eran expertos en la caza de renos con herramientas de sílex, los situados en el territorio portugués se especializan en la exploración ecléctica de los recursos disponibles. Esta diferencia puede estar relacionada con las diferencias sustanciales en el clima y el paisaje, ya que la zona en cuestión no muestra evidencia de fuerte impacto del endurecimiento de las fases de la glaciación. Esta explotación variada de recursos parece ser la base de la supervivencia tardía de los grupos neanderthales en el extremo occidental de Iberia. PALABRAS-CLAVE: Paleolítico Médio; Moustierense; Explotacion de recursos; Portugal. i Bolseiro de pós-doutoramento, Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia, Universidade do Algarve, Campus Gambelas, 8005-139 Faro PORTUGAL. E-mail: [email protected]. ii Professor Associado, Department of Anthropology, College of Arts & Sciences, University of Louisville, Lutz Hall Room 228, 2301 S. 3rd St., Louisville, KY 40208, USA. E-mail: [email protected]. iii Professor Associado, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, University of Algarve, Campus Gambelas, 8005- 139 Faro PORTUGAL. E-mail: [email protected]

Transcript of O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

Page 1: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

O PaleOlíticO MédiO nO territóriO POrtuguês

Telmo Pereirai, Jonathan Hawsii e Nuno Bichoiii

resuMO: No presente artigo apresenta-se um breve resumo sobre o estado da arte do Paleolítico Médio em Portugal abordando-se a indústria lítica, o registo faunístico e os padrões de assentamento. Embora o número de jazidas ainda não seja muito grande, parece ser claro que o território português terá sido aquele onde sobreviveram os últimos Neanderthais. Ao mesmo tempo, parece também ser claro que, pelo menos desde há pelo menos ~240 mil anos, estas comunidades apresentavam um leque de características comportamentais singulares, que as distin-guiam dos grupos situados além Pirenéus. De facto, enquanto estes eram especializados na caça e exploração da rena com utensílios de sílex, os localizados no território português eram especializados na exploração eclética dos recursos disponíveis. Tal diferença poderá estar relacionada com as substanciais diferenças climáticas e paisagísticas, dado que o território em causa não apresenta indícios de forte impacto das fases mais rigorosas das glaciações. Esta exploração variada dos recursos parece estar na base da tardia sobrevivência dos grupos neanderthais no extremo ocidental da Ibéria.

Palavras-chave: Paleolítico Médio; Moustierense, Exploração de recursos; Portugal.

el PaleOlíticO MediO en el territOriO POrtugués

resuMen: En este artículo se presenta un breve resumen sobre el estado del arte del Paleolítico Medio en Por-tugal enfocandose la industria lítica, el registro faunístico y los patrones de asentamiento. Aunque el número de depósitos no sea muy grande, parece claro que el territorio portugués ha sido donde los últimos neanderthales so-brevivieron. Al mismo tiempo, también parece claro que, al menos por lo menos ~ 240 mil años, estas comunidades tenían una serie de características únicas en su comportamiento que las distingue a los grupos situados más allá de los Pirineos. De hecho, mientras que estos eran expertos en la caza de renos con herramientas de sílex, los situados en el territorio portugués se especializan en la exploración ecléctica de los recursos disponibles. Esta diferencia puede estar relacionada con las diferencias sustanciales en el clima y el paisaje, ya que la zona en cuestión no muestra evidencia de fuerte impacto del endurecimiento de las fases de la glaciación. Esta explotación variada de recursos parece ser la base de la supervivencia tardía de los grupos neanderthales en el extremo occidental de Iberia.

Palabras-clave: Paleolítico Médio; Moustierense; Explotacion de recursos; Portugal.

i Bolseiro de pós-doutoramento, Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia, Universidade do Algarve, Campus Gambelas, 8005-139 Faro PORTUGAL. E-mail: [email protected].

ii Professor Associado, Department of Anthropology, College of Arts & Sciences, University of Louisville, Lutz Hall Room 228, 2301 S. 3rd St., Louisville, KY 40208, USA. E-mail: [email protected].

iii Professor Associado, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, University of Algarve, Campus Gambelas, 8005-139 Faro PORTUGAL. E-mail: [email protected]

Page 2: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

12 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

the Middle PaleOlithic in the POrtuguese territOry

abstract: In this paper we present a brief synthesis of the Middle Paleolithic in Portugal, focusing both the lithic and faunal assemblages, along with the settlement patterns. Despite the number of sites being small, it seems clear that the Portuguese territory might have been that where the last Neanderthals have lived. At the same time, it also seems that since ~240ka these communities presented a spectrum of particular behavioral features that allow us to distinct them from those located at East of the Pyrenees. In fact, while these were specialized in hunting and exploitation of reindeer with flint tools, those located in Portugal were specialized in the exploitation of a wider diversity of available resources. Such difference might be related with strong differences on environment and lands-cape, once this territory did not present evidence of strong impact in the most rigorous phases of the glacial periods. This diverse exploitation might have been the base of the survival of Neanderthal populations in the southwestern-most part of Iberia.

Key-wOrds: Middle Paleolithic; Mousterian; Resource Exploitation; Portugal.

1 DELGADO, J. (1884).2 BREUIL, H. E ZBYSZEWSKI, G. (1942); BREUIL E ZBYSZEWSKI, G. (1945); ZBYSZEWSKI, G. (1958);

ZBYSZEWSKI, G. (1943A).3 PENCK, A. E BRÜCKNER, E. (1909).4 BREUIL, H. E ZBYSZEWSKI, G. (1942).5 BORDES, F. (1961b); SONNEVILLE-BORDES, D. E PERROT, J. (1954); SONNEVILLE-BORDES, D. E

PERROT, J. (1955); SONNEVILLE-BORDES, D. E PERROT, J. (1956).6 BORDES, F. (1961b).7 ZBYSZEWSKI, G. (1974).8 ZBYSZEWSKI, G. et al. (1977).9 ZBYSZEWSKI, G. E CARDOSO, J. (1989); ZBYSZEWSKI, G. E FERREIRA, O. (1989).

intrOduçãO

Durante a centúria que vai da década de 1870 e a de 1970, a Comissão Geológica de Portugal, posteriormente designada de Serviços Geológicos de Portugal, teve o quase monopó-lio da investigação do Paleolítico Inferior e Mé-dio em Portugal. O primeiro contexto de Paleo-lítico Médio escavado em Portugal foi a Gruta da Furninha1, cuja escavação teve um rigoroso registo vertical e horizontal da proveniência dos artefactos, bem como uma rápida publicação e divulgação internacional dos resultados. Apesar deste promissor início e da existência de vastas regiões cársicas, a investigação neste período de-rivou ainda durante o século XIX para métodos incipientes, onde a escavação de jazidas deu lu-gar a simples prospecções recolha de artefactos descontextualizados existentes nos terraços mé-

dios das bacias dos grandes rios e das praias ele-vadas do litoral2. A idade dos sítios era inferida pela combinação dos princípios altimétricos e eustáticos do ciclo alpino3 em associação com o “Método das Séries”4. Esta metodologia foi uti-lizada sempre da mesma forma e nunca foi subs-tituída, calibrada ou corrigida pelos progressos introduzidos pela arqueologia científica5. Não é pois surpreendente que de tal abordagem sim-plista tivessem resultado, por um lado, a incapa-cidade de caracterizar este período tecno-tipo-logicamente, reconhecer-lhe variações internas como em França6 e, por outro, tivesse permitido obtenção de inferições como a evolução direc-ta do Acheulense para o Languedocense7 ou do Moustierense para o Solutrense8.

Apesar deste status quo se tivesse mantido até à primeira década do Século XXI9 , o corte epistemológico deu-se na década de 1970 pela

Page 3: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 13

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

10 RAPOSO, L. (2001); RAPOSO, L. (1996).11 G.E.E.P. (1979); G.E.E.P. (1983).12 RAPOSO, L., et al. (1985).13 BREUIL, H. (1913); BREUIL, H. E ZBYSZEWSKI, G. (1942).

mão do Grupo para o Estudo do Paleolítico Português (G.E.P.P.) com que introdução dos princípios da escola antropológica francesa e da arqueologia científica. As intensivas pros-pecções na bacia do Tejo permitiram localizar dezenas de jazidas inéditas (Figura 1) e esca-var as mais significativas como Milharós10, Vi-las Ruivas11, Foz do Enxarrique12. A partir daí, a continuação dos trabalhos tem permitido enriquecer o conhecimento sobre a ocupação neanderthal no extremo ocidental da Península, principalmente graças à vinda de investigadores estrangeiros, ao crescente número de projectos interdisciplinares financiados e à multiplicação de datações absolutas. Apesar deste incremento, salienta-se a ainda pouca quantidade de trabal-hos académicos, existindo menos de uma deze-na de mestrados e nenhum doutoramento.

crOnOlOgia dO PaleOlíticO MédiO eM POrtugal

Durante décadas a cronologia das estações de Paleolítico Médio era inferida pela classi-ficação dos artefactos segundo o seu aspecto moustieroide em combinação com o “Método das Séries”13, o qual partia do princípio do uni-formitarismo. Considerava-se que aqueles tin-ham estado sujeitos a índices de erosão estáveis e constantes ao longo do tempo pelo que, quanto maior fosse a sua alteração maior seria a sua an-tiguidade. Dado que se tratavam de jazidas de superfície ou provenientes de cascalheiras, a pre-sença de artefactos com patinas distintas denun-ciava a existência de palimpsestos e das várias épocas que tinham contribuído na formação do conjunto arqueológico. Essas séries de patinas eram ordenadas e subdivididas da mais para a

menos intensa (Ia, Ib, etc.), sendo a primeira a mais antiga e sempre correspondente à Série I. Um dos problemas deste método era o de, por um lado, o número das séries só fazer sentido dentro de cada conjunto, não representando

Figura 1. Mapa dos sítios do Paleolítico Médio, Centro e Sul de Portugal. 1. Buraca Escura; 2. Pedrõgão; 3. Casal do Azemel;

4. Casal Santa Maria; 5. Mira Nascente; 6. Praia Rei Cortiço; 7. Lapa dos Furos; 8. Estrada do Prado; 9. Gruta do Caldeirão; 10. Santa Cita; 11. Galeria Pesada; 12. Gruta da Oliveira; 13. Lapa dos Coelhos; 14. Ribeira da Atalaia; 15. Vilas Ruivas; 16. Foz do Enxarrique; 17. Furninha; 18. Gruta Nova da Columbeira;

19. Vale do Forno; 20. Quinta da Boavista; 21. Arneiro Cortiço; 22. Salemas; 23. Santo Antão do Tojal; 24. Correio-Mor; 25.

Conceição; 26. Gruta da Figueira Brava; 27. Gruta do Escoural; 28. Sapateiros 2; 29. Vinhas; 30. Porto Meirinho; 31. Lagoa

Funda 1; 32. Lagoa Funda 2; 33. Lagoa Funda 3; 34. Lagoa do Bordoal; 35. Vale Boi; 36. Ibn-Amar; 37. Praia da Galé.

Page 4: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

14 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

uma cronologia concreta, pelo que é, ainda hoje, impossível qualquer comparação inter-sítio fazendo-se uso apenas da bibliografia. Paralela-mente, o depósito geológico onde a jazida se en-contrava era datado por princípios altimétricos e eustáticos do ciclo alpino14. Com este protoco-lo de análise, a equipa dos Serviços Geológicos conseguiu relacionar esta “cultura” aos terraços médios e baixos das bacias dos grandes rios, cuja formação era atribuída à glaciação de Würm15.Nas últimas décadas, contudo, este problema foi ultrapassado pela obtenção de um conjunto alargado de datações absolutas, que ultrapassam já as oitenta datações utilizando diferentes mé-todos, nomeadamente, 14C, AMS, U-Th, OSL e TL (Tabela 1). Infelizmente, algumas delas têm desvios padrões demasiado grandes, o que faz com que sejam virtualmente inúteis na tare-fa de enquadrar cronológica e com pormenor as diferentes particularidades de cada ocupação, de forma a gerar-se uma sequência-chave regional detalhada. Paralelamente, existem outras obti-das para contextos subjacentes a camadas com artefactos característicos do Paleolítico Supe-rior, mas em contextos com intensa biopertur-bação, o que faz com que não seja possível per-ceber se o resultado corresponde a uma ou outra fase, levando a que fique aberta a possibilidade de discussão dos processos de substituição das comunidades neanderthais com tecno-comple-

xo moustierense pelas de humanos anatomica-mente modernos com tecno-complexo típico de Paleolítico Superior16. São, entre outros, os casos da Gruta do Caldeirão17 e Gruta Nova da Columbeira18.

Finalmente, registam-se ainda alguns sítios, muitas vezes escavados em áreas significativas e como medida preventiva da sua destruição pela construção de habitações e infra-estruturas, que nunca foram e nunca poderão ser datados. Nalguns destes casos, tal informação teria sido da maior importância, uma vez que são dota-dos de grandiosas colecções artefactuais, es-pecificamente indústria lítica, e a obtenção de um valor absoluto cronométrico permitiria en-quadrar numa sequência temporal, os padrões tecnológicos e tipológicos das comunidades neanderthais. Entre estes casos encontram-se, por exemplo, Sapateiros 219, Porto Meirinho20, Santa Cita21, Estrada do Prado22, Quinta da Boa Vista23 ou Arneiro Cortiço24.

Os resultados existentes, e particularmente aquele obtido para a camada inferior das Gale-rias Pesadas (Grutas do Almonda), parecem in-dicar que, no território em causa, o Paleolítico Médio já estaria presente há ~240ka25. Porém, esta datação é, também ela problemática, e po-derá corresponder apenas a cerca de metade deste valor, isto é, ~120ka. Este valor mais re-cente está em concordância com outros contex-

14 PENCK, A. E BRÜCKNER, E. (1909).15 BREUIL, H. E ZBYSZEWSKI, G. (1942); BREUIL, H. E ZBYSZEWSKI, G. (1945); ZBYSZEWSKI, G.(1958);

ZBYSZEWSKI, G. (1943a); RAPOSO, L., SALVADOR, M. E SILVA, A. (1985); RAPOSO. L. (2001); RAPOSO, L. (1996); G.E.E.P. (1979); G.E.E.P. (1983).

16 ZILHÃO, J. et al. (2010); BICHO, N. (2005A); ZILHÃO, J. et al. (2011). 17 ZILHÃO, J. (1997).18 ZBYSZEWSKI, G. (1963); CARDOSO, J. et al. (2002); FERREIRA, O. (1984); ZILHÃO, J. et al. (2011).19 CURA, S. (2003).20 CARRONDO, J. (2006).21 BICHO, N. E FERRING, R. (2001); BICHO, N. (1997); LUSSO, T. et al. (2001).22 GEMA CHACÓN, M. E RAPOSO, L. (2001); MATEUS, J. (1984).23 MORAL DEL HOYO, S. et al. (2003).24 GASPAR, R. E ALDEIAS, V. (2005).25 MARKS, A. (2005); MARKS, A. et al. (2002); MARKS, A., MONIGAL, K. E CHABAI, V. (1999); MARKS, A.

et al. (2000).

Page 5: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 15

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

tos datados também neste complexo cársico26. Contudo, esta cronologia, anterior ao MIS 5, indica portanto que a atribuição de vários sítios arqueológicos, nomeadamente no Vale do For-no, tidos como Paleolítico Inferior, são de facto Paleolítico Médio, independentemente do facto de terem no sei das suas colecções alguns bifaces.

Relativamente ao seu terminus, a bateria de datações disponível parece ser bastante mais clara, não impedindo contudo que seja um tópi-co pacífico. De facto, enquanto há autores que marcam o final do Paleolítico Médio há cerca de 38,000 anos27 outros afirmam a sua conti-nuação, na Estremadura e no Algarve, até ao iní-cio do Heinrich 3, há cerca de 33,5 mil anos28.

PaleOaMbiente

A informação ambiental disponível para o Paleolítico Médio em território português é composta por dados provenientes dos cores oceânicos MD99-2331, MD95-2039, MD95-2042, 3KL SO75-, SO75-6KL, SO75-12KL, SO75-26KL e SU18-8129 e em dados faunís-ticos provenientes de jazidas paleontológicas e arqueológicas30. Destas duas fontes de infor-mação, a primeira é aquela que tem oferecido uma sequência de maior resolução capaz de per-mitir a construção de um quadro diacrónico ri-goroso. A data de ~240ka parece corresponder ao Estádio Isotópico Marinho (MIS) 7, uma fase aparentemente quente, apesar de uma quebra e posterior acentuada recuperação por volta dos ~225ka. Com o MIS6 entra-se abruptamente

26 ZILHÃO, J. E MCKINNEY, C. (1995).27 AUBRY, T. et al. (2011); ZILHÃO, J. et al. (2010).28 BICHO, N. et al. (NO PRELO).29 FLETCHER, W. et al. (2010); SANCHÉS-GOÑI, N. et al. (2000); SCHONFELD, J. (2003); THOMSON, J. et

al. (1999); MORENO, S. et al. (2002).30 CARDOSO, J. (1993); MARKS, A. et al. (2002); DAVIS, S. (2002); ANGELUCCI, D. E ZILHÃO, J. (2009);

HAWS, J. et al. (2011); BENEDETTI, M. et al. (2009); HAWS, J. et al. (2010).

numa fase de progressivo arrefecimento até ao início do MIS5. A primeira metade deste ciclo é particularmente quente e a segunda tempera-da. O MIS4 é curto e retoma uma fase fria. Por fim, o MIS3 representa, mais que um novo ciclo quente, uma ligeira recuperação térmica com a paragem do arrefecimento e marcado por uma constante oscilação entre quente e frio.

Observando-se o registo polínico, parece que tais variações terão tido um forte impacto na composição da vegetação, levando a uma constante variação da frequência das espécies características da floresta temperada quente, temperada, boreal, conífera euritermica, pra-daria de arbustos e estepe xerófita. O pólen das espécies de pradaria de arbustos e estepe xerófita é sempre o mais frequente, sendo que estas duas paisagens parecem ter uma relação directa inver-samente proporcional entre si. As florestas coní-fera euritermica e Quercus decidual estão sempre presentes, sendo a frequência da primeira maior nas fases mais frias e da segunda nas mais quen-tes. De salientar que tanto a florestas temperada quente como a temperada, se manterem sempre presentes mesmo nos momentos mais frios.

O registo faunístico é coerente com o botâ-nico, apresentando recorrentes combinações de espécies hoje apenas presentes em climas quen-tes/tropicais (elefante, hipopótamo, rinoceron-te, macaco, leão, pantera, hiena) com outras de clima temperado (auroque, cavalo, veado, gamo, cervo, coelho), pontualmente com alguns exemplares associados a zonas de topografia aci-dentada (Capra ibex) mas nunca com espécies

Page 6: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

16 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

árcticas (lebre do árctico, raposa do árctico, rena, mamute, rinoceronte lanudo)31. Neste as-pecto salienta-se o facto de tanto o hipopótamo como a tartaruga estarem sempre presentes. No primeiro caso, tal indica que existiriam grandes e diversas massas de água não congelada mesmo nos momentos mais frios32. No segundo que, durante esses momentos, existiriam períodos onde a temperatura estaria acima dos 20ºC. No entanto, os dados obtidos para a Gruta da Oli-veira apontam para que, pelo menos durante o estadial Heinrich 4 (~40 ka), o ambiente fosse mais hostil, dado que a quantidade de tartaruga diminui consideravelmente33.

Em conjunto, os registos faunísticos e bo-tânicos deixam perceber a existência de uma rica biodiversidade, com associação de diversas espécies de clima tropical, temperado/quente, temperado e temperado/frio, mas nunca árcti-co, o que parece negar profundas afectações na ecologia, mesmo durante os picos máximos das fases glaciares. Estes dados confirmam o carác-ter de refúgio desta região, muito provavelmen-te, graças ao efeito termo-regulador do Oceano Atlântico34, bem como uma resiliência clara da tendência ecológica mediterrânica35.

subsistência

A informação disponível parece indicar que as populações neanderthais desta região des-envolveram actividades cinegéticas sobre uma grande variedade espécies de diversos portes,

desde o coelho e tartaruga, passando pela cabra, veado, gamo ou cervo, até ao cavalo e auroque. A esta dinâmica mais incisiva na paisagem, há que acrescentar a exploração de espécies pertencen-tes ao grupo das megafaunas, de que são exem-plo o elefante, o hipopótamo ou o rinoceronte.

Dentro da dieta destes grupos humanos es-teve desde muito cedo o consumo de recursos marinhos, que através da exploração de mamí-feros marinhos36, podendo estes resultar apenas de encontros fortuitos das respectivas carcaças latentes na linha de costa, mas também de mo-luscos e crustáceos37, por vezes de grandes di-mensões38. Dados indirectos, provenientes de análise traceológica em utensílios líticos, apon-tam para que a preparação de peixe marinho se desse há pelo menos ~40ka39.

Finalmente, são ainda recorrentes os ves-tígios de diversas espécies de carnívoros de pe-queno, médio e grande porte, indicador de um frequente abate de espécimen desta ordem que, tendo em conta as partes anatómicas e padrões de fragmentação, não parece estar associado ao consumo da sua carne.

indústria lítica

Ao longo de todo o Paleolítico Médio, as populações do ocidente peninsular utilizaram quartzito, quartzo e sílex para fabricar os seus utensílios em pedra. As fontes preferenciais da obtenção destes três recursos foram os terraços fluviais e as praias elevadas da costa, como é in-

31 BRUGAL, P. E RAPOSO, L. (1999); BRUGAL, P. E VALENTE, M. (2007); MARK, A. et al. (2002); MARKS, A. et al. (2000); CARDOSO, J. (1993); ANTUNES E CARDOSO (2000); CARDOSO J., RAPOSO, L. E FERREIRA, O. (2002); VALENTE, M. (2000).

32 CARDOSO, J. (1993): p.520.33 NABAIS, M. (2010); NABAIS, M. (2012).34 HAWS, J. (2003).35 HAWS, J. (2011).36 ANTUNES, M. (2000); HAWS, J. et al. (2011).37 HAWS, J. et al. (2011); BICHO, N. (2004); HOCKETT, B. (2007).38 ZILHÃO, J. 2011 - Comunicação pessoal no eshe meeting.39 HAWS, J. et al. (2011); BENEDETTI, M. et al. (2009); HAWS, J. et al. (2010).

Page 7: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 17

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

dicado pela presença de córtex de seixo em qua-se todos os casos. Porém, era também frequente a exploração directa das jazidas primárias ou dos clastos presentes nas suas imediações, quan-do o assentamento se localizava perto destas. A maior ou menor frequência de cada uma destas matérias-primas parece ter uma relação directa com a sua disponibilidade num raio inferior a 3km. Do ponto de vista tecno-tipologico, o iní-cio do Paleolítico Médio parece ter já ocorrido aquando da ocupação da base da sequência das Galerias Pesadas (241 +30 -22 ka B.P.)40, onde a indústria se caracteriza por uma baixa frequên-cia de debitagem discoide e levallois associada a típicos bifaces simétricos (Figura 2), pequenos bifaces assimétricos, peças foliáceas, facas de dorso bifacial e raspadores bifaciais, mas sempre sem machados-de-mão. Estas características são relativamente congruentes com as do nível mé-dio de Vale do Forno 8 ou Milharós41, datadas de até 100ma, e por sua vez semelhantes às do

Casal do Azemel e Casal de Santa Maria, na ba-cia do Rio Lis42. No entanto, são claramente dis-tintas das registadas nas camadas inferiores do Vale do Forno43, em Monte Famaco44, ou Quin-ta do Cónego/Pousias45, claramente Acheulen-ses, marcados pela elevada presença de bifaces, machados-de-mão e triedros. A produção de utensílios configurados fez-se sobretudo através da redução de lascas de grandes dimensões en-quanto a debitagem se fez essencialmente sobre seixos com menos de 15cm de comprimento e 500gr de peso. As indústrias micoquenses pa-recem, assim, representar uma fase de transição do Paleolítico Inferior para o Paleolítico Médio. Os resultados provenientes de um programa de-dicado à datação por métodos absolutos dos de-pósitos do Tejo parecem indicar que as camadas de alguma forma associadas a vestígios arqueo-lógicos são sempre mais recentes que 225ka46.

A partir de <100 ka, os utensílios nucleifor-mes desaparecem, sendo os conjuntos caracte-rísticos do Moustierense, com uma forte com-ponente de debitagem de lascas, algumas pontas e raras lâminas ou lamelas. Esta produção tin-ha por base o conceito Remontante mas prin-cipalmente os conceitos Discoide (Figura 3) e Levallois preferencial ou recorrente (Figura 4), resultando daí uma elevada frequência de pa-drões dorsais convergentes, cruzados e radiais, plataformas de percussão diedras e facetadas, ângulos de talhe de 90º. O leque de utensílios compreende essencialmente suportes levallois e pseudo-levallois, raspadores, denticulados mas sobretudo entalhes. São esses os casos da

40 MARKS, A. et al. (2000); MARKS, A., MONIGAL, K. E CHABAI, V. (1999); MARKS, A. et al. (2002); MARKS, A. (2005).

41 RAPOSO, L. et al. (1993); RAPOSO, L. (1996).42 CUNHA-RIBEIRO, J. (1999).43 RAPOSO, L. et al. (1993); RAPOSO, L. (2001); RAPOSO, L. (1996).44 RAPOSO, L. et al. (1993).45 CUNHA-RIBEIRO, J. (1999).46 MARTINS, A. et al. (2010); MARTINS, A. et al. (2009); MARTINS, A. E CUNHA, P. (2006); CUNHA, P. et al.

(2006); CUNHA, P. et al. (2008); MOZZI, P. et al. (2000).

Figura 2. Biface micoquense em quartzito, Galerias Pesadas, Almonda (Marks, 2005:205).

Page 8: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

18 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

maioria das jazidas conhecidas, nomeadamente Ribeira da Atalaia47. Infelizmente, esta região caracteriza-se por uma baixa frequência de ut-ensílios retocados, o que não tem permitido o reconhecimento das tradicionais “culturas” identifi cadas além Pirinéus48.

PadrÕes de assentaMentO

A inferição dos padrões de assentamento está directamente relacionada aos territórios abordados pela investigação. Os dados dispo-níveis permitem perceber uma intensa ocu-pação dos territórios mais planos, associados às bacias dos grandes rios, onde os diversos re-cursos (fauna, fl ora, água e matérias-primas) se encontrariam sempre presentes (Tabela 2). Não é claro se a falta de informação para as regiões montanhosas do interior está relacionada com a reduzida investigação, com a não ocupação des-tes territórios ou com a erosão dos depósitos. A

47 CURA, S. E GRIMALDI, S. (2009), ROSINA, P. et al. (2004), ROSINA, P. et al. (2010), ROSINA, P. E CURA, S. (2010).

48 BORDES, F. (1961b).

Figura 3. Núcleo discoide em quartzito, Santa Cita, Tomar (Desenho: Telmo Pereira).

Figura 4. Núcleo Levallois preferencial para lascas em sílex, Mira Nascente, Alcobaça (Foto: Telmo Pereira).

Page 9: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 19

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

ocupação dos ambientes cársicos deu-se sempre em paredes imediatas aos cursos fluviais, cujo sopé apresenta normalmente uma cascalheira com balastros coerentes com as características dos seixos debitados e onde é frequente existir uma nascente. Parece, porém, existirem dois ti-pos de ocupações de gruta: um, em cavidades maiores, representativo de recorrente ocupação residencial, como Gruta Nova da Columbeira49, Gruta da Oliveira50, Galerias Pesadas51 e outro representativo de ocupações pontuais de curta duração, como é o caso de Correio-Mor52, Lapa dos Furos53, Salemas54, Pêgo do Diabo (Zilhão 1997) e Lapa dos Coelhos (Almeida, comuni-cação pessoal). A pouca área escavada na Gruta do Escoural55 não permite inferir que tipo de utilização que lhe foi dada.

Por seu turno, a localização dos sítios de ar livre parecem ter três padrões. Um relacionado com o abate de herbívoros junto à margem de rios (muitas vezes na foz de uma linha secundá-ria) como são os casos de Foz do Enxarrique56, Santo Antão do Tojal57, Conceição58, Porto Meirinho59, Sapateiros60, Quinta da Boavista61 ou de lagoas como acontece na Lagoa Funda 1, 2, 3 e Lagoa do Bordoal62. Tal situação poderá

estar relacionada com a utilização da massa de água como obstáculo à fuga das presas, fazendo destes locais pontos preferenciais para a sua em-boscada.

Outro padrão parece estar presente nos sítios de contexto costeiro como Figueira-Bra-va63, Ibn-Amar64, Mira Nascente65, Praia de Rei Cortiço66 e Pedrógão67, os quais parecem estar relacionados com a exploração dos recursos marinhos. Comparando os registos faunísticos e apesar da sua localização, a Gruta da Furnin-ha parece representar um contexto de interior, o que indiciará que a jazida poderia estar numa situação mais interior do que na actualidade.

O final dO PaleOlíticO MédiO

Nesta região, o Paleolítico Médio deu-se com o aparecimento das comunidades de huma-nos anatomicamente modernos com tecnologia gravetense há cerca de 28 mil anos68. Até ao mo-mento, não foi identificado em todo o SW pe-ninsular, qualquer artefacto que represente um fóssil-director exclusivo do Aurignacense, nem um qualquer complexo de transição69. Parale-lamente, a possibilidade de miscigenação entre

49 CARDOSO, J. et al. (2002).50 ZILHÃO, J. E MCKINNEY, C. (1995); ZILHÃO, J. (2006); MARKS, A. et al. (1998); ZILHÃO, J. (2001).51 MARKS, A. (2005).52 ZBYSZEWSKI, G. et al. (1987); ZBYSZEWSKI, G. et al. (1981).53 ZILHÃO, J. (1997).54 ZBYSZEWSKI, G. (1963); FERREIRA, O. (1964); ROCHE, J. E FERREIRA, O. (1970); ZBYSZEWSKI, G. et

al. (1981).55 SILVA, A. et al. (1991); OTTE, M. E SILVA, A. (1996).56 RAPOSO, L., et al. (1985).57 ZBYSZEWSKI, G. (1977); ZBYSZEWSKI, G. (1943b).58 RAPOSO, L. E CARDOSO, J. (1998).59 CARRONDO, J. (2006).60 CURA, S. (2003).61 MORAL DEL HOYO, S. et al. (2003).62 BICHO, N. (2004).63 ANTUNES, M. (1991); ANTUNES, M., E CARDOSO, J. (2000).64 BICHO, N. (2004).65 HAWS, J. et al. (2011).66 HAWS, J. et al. (2011).67 AUBRY, T. et al. (2005).68 BICHO, N. et al. (NO PRELO).69 BICHO, N. (2005); BICHO, N. et al. (NO PRELO).

Page 10: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

20 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

populações neanderthais com anatomicamente modernas70 está longe de se encontrar validada71 uma vez que as três datações directas sobre o es-queleto do Abrigo do Lagar Velho são coerentes entre si e indicam uma cronologia solutrense. Paralelamente, as datações obtidas para os mate-riais aparentemente associados à sepultura e que determinaram a sua atribuição ao Gravetense são coerentes com a variedade e padrões de frag-mentação dos milhares de fragmentos faunís-ticos existentes nos dois densíssimos níveis de ocupação existentes adjacentes e que são tipica-mente gravetenses72. Modelos recentes sugerem que a extinção tardia dos Neanderthais poderá estar, muito provavelmente, relacionada com a riqueza, diversidade e estabilidade ecológica do território em causa. A exploração eclética dos recursos bióticos e abióticos, permitiram que estes grupos tivessem maiores taxas de sobre-vivência e reprodução, resultando numa maior resistência à ocupação no território e equilíbrio demográfico com os grupos anatomicamente modernos73, situação claramente distinta com o que se passa no SW francês74. A sua derradei-ra extinção poderá, assim, ter uma relação com uma paulatina consanguinidade por contraste com uma maior riqueza por parte das novas po-pulações de anatomia africana.

aPOntaMentO final

O conjunto de dados disponíveis para o Paleolítico Médio em Portugal parece permitir inferir alguns padrões relativos à selecção de re-cursos, cultura material e ocupação do território mas não um substancial refinamento das va-

riações comportamentais ao longo do tempo. O limite inferior deste período parece ser anterior a ~240ka e caracterizado pelo tecno-complexo micoquense, o qual se mantém até ~100ka. A existência de uma variação entre Micoquense e Acheulense Superior poderá estar relacionada não com uma variação cultural ou cronológica mas antes com a gestão das matérias-primas, apresentado os contextos de gruta um maior Efeito Frison75 que os de terraço. Após ~100ka, os utensílios configurados parecem desaparecer definitivamente dando lugar ao Moustieren-se, rico em levallois e entalhes que se mantém até à extinção das populações neanderthais por grupos de humanos anatomicamente modernos com tecno-complexo Gravetense, há ~28ka76.

As populações aqui residentes parecem ter-se especializado na utilização de toda a riqueza disponível, quer se tratassem de recursos faunís-ticos ou de matérias-primas líticas, os quais transportaram dentro de um espaço que não ultrapassaria os 3km. Esta estratégia parece estar já presente há ~240ka, pelo que se presume que o seu surgimento seja ainda anterior a essa data, prolongou-se até à passagem para o Paleolítico Superior. Este comportamento é claramente distinto daquele registado nos territórios além Pirinéus, onde os grupos neanderthais eram es-pecializados na caça de rena com utensílios de sílex. Esta característica eclética estará, provavel-mente, relacionada com a riqueza de um territó-rio que, mesmo nos momentos mais frios, nunca perdeu a sua biodiversidade nem terá tido vastas regiões de gelo permanente, pelo menos nas zo-nas mais baixas e costeiras. A dicotomia “inte-rior montanhoso frio” vs “litoral plano quente”

70 ZILHÃO, J. (1998); ZILHÃO, J. (2000); ZILHÃO, J. (2002); ZILHÃO, J. E D’ERRICO, F. (1999); D’ERRICO, F. et al. (1998); DUARTE, C. et al. (1999); ZILHÃO, J. E TRINKAUS, E. (2002).

71 RAPOSO, L. (2000); RAPOSO, L., E CARDOSO, J. (1998); BICHO, N. (2000); BICHO, N. (2005).72 ZILHÃO, J. E ALMEIDA, F. (2002); BICHO, N. (2005).73 BICHO, N. E HAWS, J. (2008); HOCKETT, B. (2007); PEREIRA, T. (2010).74 MELLARS, G. E FRENCH, F. (2011).75 FRISON, G. (1968); JELINEK, A. (1976).76 BICHO, N. et al. (2010)

Page 11: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 21

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

poderá ter ditado os padrões de assentamento das populações, levando a que estas se localizas-sem mais no primeiro, levando a que o segundo acabasse por funcionar como zona de menor impacto na fauna, permitindo a sua reprodução. Paralelamente, poderá ter funcionado como barreira entre as populações peninsulares o que

terá contribuído para o acentuar de particulari-dades relacionadas com padrões tecnológicos, ocupação de território e transporte de recursos que estudos actualmente em cursos permitirão ajudar a compreender.

[Ver tablas después de la bibliografía]

bibliOgrafia

ANGELUCCI, D. e ZILHÃO, J. (2009): “Stratigraphy and formation processes of the Upper Pleistocene deposit at Gruta da Oliveira, Almonda karstic system, Torres Novas, Portugal”, Geoarchaeology, 24(3): 277-310.

ANTUNES, M. (1991): “O Homem da Gruta da Figueira Brava (ca. 30000 BP) Contexto ecológico, alimentação, cani-balismo”, Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, XXXI: 487-536.

ANTUNES, M. (2000): “Gruta da Figueira Brava: Pleistocene marine mammals”, en M. Antunes, (ed.), Last Neander-thals in Portugal, odontologic and other evidence. Memórias da Academia das Ciências de Lisboa. Classe de Ciências, XXXVIII, Academia de Ciências de Lisboa, Lisbon, pp. 245-258.

ANTUNES, M., CABRAL, M. e SOARES, A. (1989): “Paleolítico médio e superior em Portugal: datas estado actual dos conhecimentos , síntese e discussão”, Ciências da erra, 10: 127-138.

ANTUNES, M. e CARDOSO, J. (2000): “Gruta Nova da Columbeira, Gruta das Salemas and Gruta da Figueira Brava. Stratigraphy, and Chronology of the Pleistocene deposits”, Memórias da Academia das Ciencias de Lisboa, Classe de Ciencias: 23–67.

AUBRY, T., CUNHA-RIBEIRO, J. e ANGELUCCI, D. (2005): “Testemunhos da ocupação pelo Homen de Neander-thal: o sítio da Praia do Pedrógão”, en S. Carvalho, (ed.), Habitantes e Habitats: Pré e Proto-História na Bacia do Lis, SIMLIS, Leiria, pp. 56–66.

AUBRY, T., DIMUCCIO, L., ALMEIDA, M., NEVES, M., ANGELUCCI, D. e CUNHA, L. (2011): “Palaeoenviron-mental forcing during the Middle–Upper Palaeolithic transition in central-western Portugal”, Quaternary Research, 75: 66–79.

BENEDETTI, M., HAWS, J., FUNK, C., DANIELS, J., HESP, P., BICHO, N., MINCKLEY, T., ELLWOOD, B. e FORMAN, S. (2009): “Late Pleistocene raised beaches of coastal Estremadura, central Portugal”, Quaternary Science Reviews, 28(27-28): 3428-3447.

BICHO, N. (1997): “A escavação de emergência do sítio paleolítico de Santa Cita/Tomar”, en Em busca do Passado 1994/1997, JAE, Lisboa, pp.10-29.

BICHO, N. (2000): “Paleolithic Occupation and Environment of Central and Southern Portugal during Isotopic Stages 2 and 3”, en P. Vermeersch and J. Renault, (eds.), European Late Pleistocene Isotopic Stages 2 & 3: Humans, their Ecol-ogy and Cultural Adaptations. Miskovsky, ERAUL, pp. 43-56.

BICHO, N. (2004): “The Middle Paleolithic occupation of Southern Portugal”, en N. Conard, (ed.), Settlement Dynam-ics of the Middle Paleolithic and Middle Stone Age II, Kerns Verlag, Tübinger, pp. 513-531.

BICHO, N. (2005): “The extinction of Neanderthals and the emergence of the Upper Paleolithic in Portugal”, Promon-toria, 3: 173-228.

BICHO, N., MANNE, T., MARREIROS, J., CASCALHEIRA, J., TATÁ, F., GIBAJA, J., ÉVORA, M. e GONÇAL-VES, C. (2010): “On the Edge: The Upper Paleolithic from Vale Boi, Algarve, Portugal, and the Arrival of the First Modern Humans to Southwestern Iberia”, Poster presented in the Paleoanthropological Society Meetings, St. Louis.

BICHO, N. e FERRING, C. (2001): “O sítio arqueologico de Santa Cita, Tomar: as intervenções arqueológicas de 1990 a 1997”, en A. R. Cruz and L. Oosterbeek, (eds.), Territórios, mobilidade e povoamento no Alto-Ribatejo. II: Santa Cita e o quaternário da região, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré-História do Alto Ribatejo, Tomar, pp.71-88.

BICHO, N. e HAWS, J. (2008): “At the land’s end: Marine resources and the importance of fluctuations in the coastline in the prehistoric hunter–gatherer economy of Portugal”, Quaternary Science Reviews, 27 (23-24): 2166-2175.

BICHO, N., HAWS, J. e MARREIROS, J. (en prensa): “Do Mondego ao Guadiana: a ocupação Gravetense da fachada atlântica portuguesa”, en Actas del Coloquio Internacional del Gravetiense Cantábrico. Museo de Altamira: Santilla del Mar.

Page 12: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

22 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

22 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

BORDES, F. (1961a): La typologie du paleolithique ancien et moyen, CNRS, Paris.BORDES, F. (1961b): «Mousterian Cultures in France: Artifacts from recent excavation dispel some popular miscon-

ceptions about Neanderthal man», Science (New York, N.Y.), 134 (3482): 803-10. BREUIL, H. (1913): «Les subdivisions du paléolithique supérieur et leur signification», en International Congress of

Anthropology and Prehistoric Archaeology (1912), Volume 1, 1, Kundig, Fourteenth, Geneva, pp.165–238. BREUIL, H. e ZBYSZEWSKI, G. (1942): «Contribuitin a l’étude des industries paléolithiques du Portugal et de leurs

rapports avec la géologie du Quaternaire. Les principaux gisements des deux rives de láncien estuaire du Tage», Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 23: 1-369.

BREUIL, H. e ZBYSZEWSKI, G. (1945): «Contribuitin a l’étude des industries paléolithiques du Portugal et de leurs rapports avec la géologie du Quaternaire. Les principaux gisements des plages quaternaires du littoral d’Estremadura et des terraces fluviales de la basse vallé du Tage», Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 26: 1-678.

BRUGAL, J. e RAPOSO, L. (1999): “Foz do Enxarrique (Ródão, Portugal): Preliminary results of the analysis of a bone assemblage from a Middle Palaeolithic open site”, en Romisch-Germanischen Zentralmuseums, (ed.), The role of early humans in the accumulation of European Lower and Middle Palaeolithic bone assemblages, Verlag des Romisch-Germanischen Zentralmuseums in kommission Ssei Dr. Rudolf Haberlt GMBH, Bonh, pp. 367-378.

BRUGAL, J. e VALENTE, M. (2007): “Dynamic of large mammalian associations in the Pleistocene of Portugal”, en N. Bicho, (ed.), From the Mediterranean basin to the Portuguese Atlantic shore: Papers in Honor of Anthony Marks – Actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular, Universidade do Algarve, Faro, pp. 15-28.

CARDOSO, J. (1993): Contribuição para o conhecimento dos grandes mamíferos do Plistocénico Superior de Portugal, Câ-mara Municipal de Oeiras, Oeiras.

CARDOSO, J., RAPOSO, L. e FERREIRA, O. (2002): A Gruta Nova da Columbeira – Bombarral. Cadaval, Câmara Municipal do Bombarral, Bombarral.

CARRONDO, J. (2006): Análise tecnológica da indústria lítica do sítio do Porto Meirinho 1: um sítio do Paleolítico Médio no Baixo Alentejo, Tese de Mestrado. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

CUNHA, L., ALMEIDA, M., NEVES, M., DIMUCCIO, L. e AUBRY, T. (2006): “Contributo da sequência cultural pleistocénico-holocénica para a compreensão da génese e evolução do canhão flúvio-cársico do Vale das Buracas”, Publicações da Associação Portuguesa de Geomorfólogos, 3: 1-7.

CUNHA, P., MARTINS, A., HUOT, S., MURRAY, A. e RAPOSO, L. (2008): “Dating the Tejo river lower terraces in the Ródão area (Portugal) to assess the role of tectonics and uplift”, Geomorphology, 102(1): 43-54.

CUNHA-RIBEIRO, J. (1999): O Acheulense no Centro de Portugal. O vale do Lis: contribuição para uma abordagem tecno-tipológica das suas indústrias líticas e problemática do seu contexto cronoestratigráfico, Tese de Doutoramento, Universidade de Lisboa.

CURA, S. (2003): Matière Prémière et variabilité technologique au Paléolithique Moyen Portugais: L’exemple du site Sapa-teiros 2 (Baixo Alentejo, Portugal), Tese de DEA, Université Paris I Panthéon-Sorbonne.

CURA, S. e GRIMALDI, S. (2009): “The quartzite exploitation in a Middle Pleistocene open air site: Ribeira da Ponte da Pedra (central Portugal)”, en S. Grimaldi and S. Cura, (eds.) Technological Analysis on Quartzite Exploitation, BAR International Series 1998, Oxford, pp. 49-56.

CURA, S. e GRIMALDI, S. (2002): “The mammals and birds from the Gruta do Caldeirão, Portugal”, Revista Portugue-sa de Arqueologia, 5(2): 29–98.

D’ERRICO, F. ZILHÃO, J., JULIEN, M., BAFFIER D. e PELLEGRIN, J. (1998): “Neanderthal acculturation in West-ern Europe? A critical review of the evidence and its interpretation”, Current Anthropology, 39: S1-S44.

DELGADO, J. (1884): “La Grotte de Furninha a Peniche”, en Congrès International d’Anthropologie et d’Archéologie préhistoriques. Compte-rendu de la neuvième session à Lisbonne (1880), Académie Royale des Sciences, Lisbonne, pp. 207–279.

DINIZ, F. (1986): «Paleoambiente vegetal do depósito quaternário de S. Torpes», Maleo, 2(13): 19.DINIZ, F. (1988): Análise polínica da jazida carbonosa a SW do Vale da Janela (Ferrel), unpublished.DUARTE, C., MAURÍCIO, J., PETTITT, P., SOUTO, P., TRINKAUS, E., PLICHT, H. e ZILHÃO, J. (1999): “The

early Upper Palaeolithic human skeleton from the Abrigo do Lagar Velho (Portugal) and modern human emergence in Iberia”, PNAS 96, 7604–9609.

FERREIRA, O. (1964): “Jazidas quaternárias com fauna de vertebrados encontradas em Portugal”, Arqueologia e Histó-ria, 8th Series: 39-57.

FERREIRA, O. (1984): “O mais importante nível de ocupação do caçador Neandertal da Gruta Nova da Columbeira (Bombarral)”, en Volume d’Hommage au géologues G. Zbyszewski, Éditions R. Paris, pp. 365-370.

FLETCHER W., SÁNCHES GOÑI, M., ALLEN J., CHEDDADI, R., COMBOURIEU-NEBOUT, N., HUNT-LEY, B., LAWSON, I., LONDEIX, L., MAGRI, D., MARGARI, V., LLER, M., NAUGHTON, F., NOVENKO, E., ROUCOUX, K. e TZEDAKIS, P. (2010): “Millennial-scale variability during the last glacial in vegetation re-cords from Europe”, Quaternary Science Reviews, 29(21-22): 2839-2864.

FRISON, G. C. (1968): “A functional analysis of certain chipped stone tools”, American Antiquity, 33(2): 149-155.

Page 13: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 23

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

O Paleolítico Médio no território português 23

G.E.E.P. (1979): “A estação paleolítica de Vilas Ruivas (Ródão). Campanha de 1979”, O Arqueólogo Português, I (IV): 15-38.G.E.E.P. (1983): “A estação paleolítica de Vilas Ruivas”, O Arqueólogo Português, Série IV(1): 15-38.GASPAR, R. E ALDEIAS, V. (2005): “O sítio paleolítico de Arneiro Cortiço (Benavente): intervenções de emergência

nos contextos dos terraços do Tejo”, en N. Bicho, (ed.), O Paleolítico Actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular, Universidade do Algarve, Faro, pp. 385-396.

GEMA CHACÓN, M. E RAPOSO, L. (2001): “Análisis comparativo de la industria lítica en sílex del yacimiento de Estrada do prado (Portugal) y del nível K del Abric Romaní (España)”, ARKEOS, 11: 141-162.

HAWS, J. (2003): An Investigation of Late Upper Paleolithic and Epipaleolithic Hunter- Gatherer Subsistence and Settle-ment Patterns in Central Portugal, Tese de Doutoramento, University of Wisconsin-Madison.

HAWS, J. (2011): “Paleolithic socionatural relationships during MIS 3 and 2 in central Portugal”, Quaternary Interna-tional, doi:10.1016/j.quaint.2011.10.003.

HAWS, J.,  BENEDETTI, M., FUNK, C., BICHO, N., DANIELS, J., HESP, P., MINCKLEY, T., FORMAN, S., JERAJ, M., GIBAJA, J. e HOCKETT, B. (2010): “Coastal wetlands and the Neanderthal settlement of Portuguese Estremadura”, Geoarchaeology An International Journal, 25(6): 709-744.

HAWS, J., FUNK, C., BICHO, N., BENEDETTI, M., DANIELS, J., MINCKLEY, T., DENNISTON, R., JERAJ, M., GIBAJA, J. e HOCKETT, B. (2011): Paleolithic seascapes along the west coast of Portugal, en N. Bicho, J. Haws, e L. Davis, (eds.), en Trekking the Shore: Changing Coastlines and the Antiquity of Coastal Settlement, Springer, New York, pp. 203-246.

HOCKETT, B. (2007): “Small faunal use during the Middle and Late Pleistocene of Portugal: a Nutritional Ecology Perspective”, en N. Bicho, (ed.), From the Mediterranean basin to the Portuguese Atlantic shore: Papers in Honor of Anthony Marks – Actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular, Universidade do Algarve, Faro, pp. 29-36.

JELINEK, A. (1976): “Form, Function and Style in Lithic Analysis”, en C. Cleland, (ed.), Cultural Change and Continu-ity: Essays in Honor of James Bennett Griffin, Academic Press, New York, pp. 19-33.

LUSSO, T., ROSINA, P., OOSTERBEEK, L. e COSTA, F. (2001): “O Musteriense de Santa Cita (Tomar, Alto Ri-batejo, Portugal): investigação e conservação”, en A. R. Cruz e L. Oosterbeek, (eds.), Territórios, mobilidade e po-voamento no Alto-Ribatejo. II: Santa Cita e o quaternário da região, CEIPHAR - Centro Europeu de Investigação da Pré- História do Alto Ribatejo, Tomar, pp. 13-70.

MARKS, A. (2005): “Micoquian elements in the Portuguese middle pleistocene: assemblages from the galeria pesada”, en O Paleolítico: actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular (Faro, 14 a 19 de Setembro de 2004), Centro de Es-tudos de Patrimonio, Departamento de Historia, Arqueologia e Patrimonio, Universidade do Algarve, pp. 195–206.

MARKS, A., MONIGAL, K., CHABAI, V., BRUGAL, J., GOLDBERG, P., HOCKETT, B., PEMAN, E., ELORZA, M. e MALLOL, C. (2000): “Excavations at the Middle Pleistocene cave site of Galeria Pesada, Portuguese Estrema-dura: 1997–1999”, O Arqueólogo Português, IV(18): 29-40.

MARKS, A., BRUGAL, J., CHABAI, V., MONIGAL, K., GOLDBERG, P., HOCKETT, B., PEMÁN E., ELORZA, M.  e MALLOL, C. (2002): “Le gisement Pléistocène moyen de Galeria Pesada, (Estrémadure, Portugal): premiers résultats”, Paléo, 14: 77–100.

MARKS, A., MONIGAL, K. e CHABAI, V.P. (1999): «Report on the Initial Excavations of Brecha das Lascas and Galerias Pesadas (Almonda, Portuguese Estremadura)», Jornal of Iberian Archaeology, 1: 237-250.

MARKS, A., MONIGAL, K. e ZILHÃO, J. (1998): “The lithic assemblages of the Late Mousterian at Gruta da Olivei-ra, Almonda, Portugal”, en J. Zilhão, T. Aubry and A. Carvalho, (eds.), Les premiers hommes modernes de la Péninsule Iberique, Instituto Português De Arqueologia, Lisboa, pp. 145-154.

MARTINS, A., CUNHA, P., HUOT, S., MURRAY, A. e BUYLAERT, J. (2009): “Geomorphological correlation of the tectonically displaced Tejo River terraces (Gavião–Chamusca area, central Portugal) supported by luminescence dating”, Quaternary International, 199(1-2): 75-91.

MARTINS, A., CUNHA, P., ROSINA, P., OSTERBEEK, L., CURA, S., GRIMALDI, S., GOMES, J., BUYLAERT, J., MURRAY, A. e MATOS, J. (2010): “Geoarchaeology of Pleistocene open-air sites in the Vila Nova da Barquin-ha-Santa Cita area (Lower Tejo River basin, central Portugal)”, Proceedings of the Geologists’ Association, 121(2): 128-140.

MARTINS, A., CUNHA, P. (2009): “Terraços do rio Tejo em Portugal, sua importância na interpretação da evolução da paisagem e da ocupação humana”, en Arqueologia do Vale do Tejo, Lisboa, pp. 163-176.

MATEUS, J. (1984): “Intervençao arqueológica de emergência na estação paleolítica da Estarada do Prado (Tomar)”, Informação arqueológica, 4: 158-164.

MELLARS, P. e FRENCH J.C. (2011): “Tenfold Population Increase in Western Europe at the Neandertal–to–Modern Human Transition”, Science, 333(6042): 623.

MORAL DEL HOYO, S., ESPINOSA SOTO, J. A., CUNHA-RIBEIRO, J. P. e TERRADILLOS BERNAL, M. (2003): “Contribuição para o estudo das ocupações do Plistocénico médio, na margem esquerda do Baixo Tejo. Estudo tecnológico da indústria”, en M. Lago, (ed.), Colóquio Era Arqueologia 5 - Objectivos e Cadernos de Encargos em Arqueologia, Era, Lisboa, pp. 91-109.

Page 14: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

24 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

24 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

MORENO, E., THOUVENY, N., DELANGHE, D., MCCAVE, I. e SHACKLETON, N. (2002): “Climatic and oceanographic changes in the Northeast Atlantic reflected by magnetic properties of sediments deposited on the Portuguese Margin during the last 340 ka”, Earth and Planetary Science Letters, 202(2): 465-480.

MOZZI, P., AZEVEDO, M., NUNES, E. e RAPOSO L. (2000): “Middle Terrace Deposits of the Tagus River in Alpi-arça, Portugal, in Relation to Early Human Occupation”, Quaternary Research, 54(3): 359-371.

NABAIS, M. (2010): Middle Palaeolithic Tortoise use at Gruta da Oliveira (Torres Novas, Portugal), Tese de Mestrado, University College of London.

NABAIS, M. (no prelo): “Middle Palaeolithic Tortoise Use at Gruta da Oliveira (Torres Novas, Portugal)”, en Actas do JIA 2011. University of Algarve, Faro.

OTTE, M. e SILVA, A. C. (1996): Recherches prehistoriques a la Grotte d’Escoural, Portugal, Études et recherches archéologiques de l’Université de Liège, 65.

PENCK, A. e BRÜCKNER, E. (1909): Die Alpen im Eiszeitalter. Structure, Tauchnitz, Leipzig.PEREIRA, T. (2010): “A new explanatory model for the first Upper Paleolithic occupations in SW Iberia”, en Proceedings

of the Jóvenes Investigadores en Arqueologia Congress, Barcelona, pp.156-164.RAPOSO, L. (1995): “Ambientes, territorios y subsistencia en el Paleolítico Medio de Portugal”, Complutum, 6: 57-77.RAPOSO, L. (1996): “Quartzite bifaces and cleavers in the final Acheulean assemblage of Milharós (Alpiarça, Portu-

gal)”, en N. Moloney, L. Raposo and M. Santonja, (eds.), Non-Flint Stone Tools and the Palaeolithic Occupation of the Iberian Peninsula, BAR Intern. Archaeopress, Oxford, pp. 151-165.

RAPOSO, L. (2001): “Bifaces e machados em quartzito na indústria acheulense final de Milharós (Alpiarça)”, Arqueolo-gia, História da Arte e Património, 1: 9-29.

RAPOSO, L. (2000): “The Middle-Upper Paleolithic Transition in Portugal”, en C. Stringer, R. Barton and J. Finlayson (eds.) Neanderthals on the Edge, Oxford: Oxbow Books, pp. 95-109.

RAPOSO, L., SALVADOR, M. e PEREIRA J. (1993): “O Acheulense no vale do Tejo, em território português”, Arqueo-logia e História, 10-3: 3-29.

RAPOSO, L., SALVADOR, M. e SILVA, A. C. (1985): “Notícia da descoberta da estação moustierense da Foz do Enxa-rrique”, en Actas da I Reunião do Quaternário Ibérico, Volume: 1, APEQ, Lisboa, pp. 79-89.

RAPOSO, L. e CARDOSO, J. (1998): O Paleolítico Médio da Conceição (Alcochete), Lusoponte/CEMA., Lisboa.RAPOSO, L. e CARDOSO, J. (1998): “Las industrias líticas de la Gruta Nova da Columbeira (Bombarral, Portugal) en

el contexto del Musteriense Final de la Península Ibérica”, Trabajos de Prehistoria, 55 (1): 39-62.ROCHE, J., e FERREIRA, O. (1970): “Stratigraphie et faunes des niveaux paléolithiques de la grotte de Salemas (Ponte

de Lousa)”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 54: 263-269.ROSINA, P., CURA, S., OOSTERBEEK, L., GRIMALDI, S., CRUZ, A. e GOMES, J. (2010): “Crono-estratigrafia

das ocupações humanas quaternárias do Alto Ribatejo e a problemática dos complexos macrolíticos”, en Para o estudo das antiguidades portuguesas publicado sob a direcção do museu de Francisco Tavares Proença Júnior. Congresso interna-cional de arqueologia: Cem anos de investigação arqueológica no interior centro Castelo Branco, 107-148.

ROSINA, P., OOSTERBEEK, L. JAIME, A. e CURA, S. (2004): “Archaeological sites associated with Tagus middle valley deposits (Alto Ribatejo - Portugal)”, en M. Santonja, A. Pérez-González and M.J. Machado (eds.) Geoarqueo-logía y conservación del patrimonio, Madrid, pp. 20-26.

ROSINA, P. e CURA S. (2010): “Interpretation of lithic remains in fluvial terrace contexts: an example from Central Portugal”, Annales d’Université “Valahia” Târgovişte Section d’Archéologie et d’Histoire, XII(1): 7-24.

SÁNCHEZ GOÑI, M., TURON, J.-L., EYNAUD, F. e GENDREAU, S. (2000): “European Climatic Response to Millenni-al-Scale Changes in the Atmosphere-Ocean System during the Last Glacial Period”, Quaternary Research, 54(3): 394-403.

SCHONFELD, J. (2003): “Surface and deep water response to rapid climate changes at the Western Iberian Margin”, Global and Planetary Change, 36(4): 237-264.

SILVA, A., OTTE, M., ARAÚJO, A., CAUWE, N., LÉOTARD, J., LEJEUNE, M., LACROIX, P. e COLLIN, F. (1991): “A Gruta do Escoural, novas perspectivas para o seu estudo e valorização”, en 4.a Jornadas Arqueológicas da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa, pp. 173-181.

SONNEVILLE-BORDES, D. DE e PERROT, J. (1954): “Lexique typologique du Paléolithique supérieur”, Bulletin de la Société Préhistorique Française, 51: 327-335.

SONNEVILLE-BORDES, D. DE e PERROT, J. (1955): «Lexique typologique du Paléolithique supérieur», Bulletin de la Société Préhistorique Française, 52: 76-79.

SONNEVILLE-BORDES, D. DE e PERROT, J. (1956): «Lexique typologique du Paléolithique supérieur», Bulletin de la Société Préhistorique Française, 53: 408-412, 547-559.

STRAUS, L., BISCHOFF, J. e CARBONELL, E. (1993): «A review of the Middle to Upper Paleolithic transition in Iberia», Préhistoire Européenne, 3: 11-27.

THOMSON, J., NIXON, S., SUMMERHAYES, C. P., SCHÖNFELD, J., ZAHN, R. GROOTES, P. (1999): “Im-plications for sedimentation changes on the Iberian margin over the last two glacial/interglacial transitions from (230Thexcess)0 systematics”, Earth and Planetary Science Letters, 165(3-4): 255-270.

Page 15: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 25

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

O Paleolítico Médio no território português 25

VALENTE, M. (2000): Arqueozoologia e Tafonomia em Contexto Paleolítico. A gruta do Pego do Diabo (Loures). Faculda-de de Letras da Universidade de Lisboa.

ZBYSZEWSKI, G. (1943a): “La classification du Paeolithique ancien et la chronologie du Quaternaire du Portugal en 1942”, Boletim da Sociedade de Geologia de Portugal, II 2/3: 1-113.

ZBYSZEWSKI, G. (1943b): “Les elephants quaternaires du Portugal”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 24: 71-89.

ZBYSZEWSKI, G. (1958): “Le Quaternaire du Portugal”, Boletim da Sociedade de Geologia de Portugal, XIII, 1/2: 1-227.ZBYSZEWSKI, G. (1963): “Jazidas Quaternárias de Salemas (Loures) e de Columbeira (Bombarral)”, Boletim da Socie-

dade Geológica de Portugal, 13, 1-2: 137-147.ZBYSZEWSKI, G. (1974): “L’âge de la Pierre Taillée au Portugal”, Les dossiers de l’Archéologie, 1974(4): 19-30.ZBYSZEWSKI, G. (1977): “Tres ossos de vertebrados quaternarios”, Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal,

61: 191-194.ZBYSZEWSKI, G., FERREIRA, O., LEITÃO, M. e NORTH, C. (1977): “Estação Paleolítica do Olival do Arneiro

(Arruda dos Pisões, Rio Maior)”, Separata do Tomo LXI das Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 61: 263-333.

ZBYSZEWSKI, G., LEITÃO, M., PENALVA C. e FERREIRA, O. (1981): “Paleoanthropologie du Würm au Portugal”, Setúbal Arqueológica, 6/7: 7-23.

ZBYSZEWSKI, G., FERREIRA, O., LEITÃO, M. e NORTH, C. T. (1987): “O Paleolítico da Gruta de Correio Môr (Loures)”, Setúbal Arqueológica, 8: 7-27.

ZBYSZEWSKI, G. e CARDOSO, J. (1989): “O Paleolitico do antigo Campo de Aviaçao de Amadora”, en V. Oliveira Jorge, (ed.), Arqueologia, 12, Livro de Homenagem a Jean Roche, Grupo de Estudos Arqueológicos do Porto, Porto, pp. 127-141.

ZBYSZEWSKI, G. e FERREIRA, O. (1989): “O Paleolitico do Casal do Conde, Quinta da Cardiga”, en V. Oliveira Jorge, (ed.), Arqueologia, 12, Livro de homenagem a Jean Roche, Grupo de Estudos Arqueológicos do Porto, Porto, pp. 65-73.

ZILHÃO, J. (1993): “Le passage du Paléolitique moyen au Paléolithique supérieur dans le Portugal”, en V. Cabrera, (ed.) El orígen del hombre moderno en el Suroeste de Europa, Universidad Nacional de Educación a Distancia, Madrid, pp. 127-145.

ZILHÃO, J. (1997): O Paleolítico superior da Estremadura portuguesa (2 vols), Colibri, Lisboa.ZILHÃO, J. (1998): “The extinction of Iberian Neandetals and its implications for the origins of modern humans in

Europe”, en Proceddings of the XIII International Congress of the UISPP, Vol. 2, Forli: ABACO, pp. 299-312. ZILHÃO, J. (2000): “The Ebro Frontier: a Model for the late extinction of Iberian Neanderthals”, en C. Stringer, R.

Barton and J. Finlayson, (eds.), Neanderthals on the Edge, Oxbow Books, Oxford, pp. 111-121.ZILHÃO, J. (2001): “Middle Paleolithic settlement patterns in Portugal”, en N. Conard, (ed.), Settlement dynamics of

the Middle Paleolithic and Middle Stone Age, Kerns Verlag, Tubingen, pp. 597-608. ZILHÃO, J. (2002): “Middle Paleolithic Settlement Patterns in Portugal”, en N. Conard, (ed.), Settlement Dynamics of

the Middle Paleolithic and Middle Stone Age, Tübingen: Kerns Verlag, pp. 597-606. ZILHÃO, J. (2006): “Chronostratigraphy of the Middle-to-Upper Paleolithic Transition in the Iberian Peninsula”, Pyre-

nae, 37(1): 7-84.ZILHÃO, J., MAURÍCIO, J. e SOUTO, P. (1993): “Jazidas arqueológicas do sistema cársico da nascente do Almonda”,

Nova Augusta, 7: 35–54. ZILHÃO, J., e MCKINNEY, C. (1995): “Uranium-thorium dating of Lower and Middle Paleolithic sites in the al-

monda kasctic system (torres novas, portugal)”, en 3a Reunião do Quaternário Ibérico, Universidade de Coimbra, Coimbra, pp. 513-516.

ZILHÃO, J. e D’ERRICO, F. (1999): “The chronology and taphonomy of the earliest Aurignacian and its implications for the understanding of Neandertal extinction”, Journal of World Prehistory, 13: 1-68.

ZILHÃO, J. e D’ERRICO, F. (2000): “La nouvelle “bataille aurignacienne”. Une révision critique de la chronologie du Châtelperronien et l’Aurignacien ancien”, L’Anthropologie, 104: 17-50.

ZILHÃO, J. TRINKAUS E. (2002): Portrait of the artist as a child. The Gravettian human skeleton from the Abrigo do Lagar Velho and its archaeological context , Trabalhos de Arqueologia, 22, Instituto Português de Arqueologia, Lisboa.

ZILHÃO, J., e ALMEIDA, F. (2002): “The archaeological framework”, en J. Zilhão and E. Trinkaus, (eds.), Portrait of the artist as a child. The Gravettian human skeleton from the Abrigo do Lagar Velho and its archaeological context, Trabal-hos de Arqueologia, 22, Instituto Português de Arqueologia, Lisboa, pp. 29-57.

ZILHÃO, J., DAVIS, S., DUARTE, C., SOARES, M., STEIER, P. e WILD, E. (2010): “Pego do Diabo (Loures, Portu-gal): dating the emergence of anatomical modernity in westernmost Eurasia”, PloS one, 5(1): e8880.

ZILHÃO, J., CARDOSO, J., PIKE, A. e WENNINGER, B. (2011): “Gruta Nova da Columbeira (Bombarral, Portu-gal): Site stratigraphy, age of the Mousterian sequence, and implications for the timing of Neanderthal extinction in Iberia”, Quartär, 58: 93-112.

Page 16: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

26 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

26 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bichosí

tioc

amad

aM

ater

ial

Mét

odo

am

ostr

aid

ade b

PO

bser

vaçõ

esr

efer

ênci

as

Gru

ta d

o C

alde

irão

K to

po (

J6)

Cer

vus

AM

SO

xA-5

541

21,2

55±1

59Ba

ixo

colo

géni

o (

0,32

%N

;3,6

6C;

0,53

%H

)(Z

ilhão

199

3)

K b

ase (

K5)

Cap

raA

MS

OxA

-552

126

,069

±293

(0,3

2%N

;2,3

9C)

(Zilh

ão 2

000)

K to

poC

ervu

sA

MS

OxA

-194

131

,358

±633

(Zilh

ão 1

993)

Con

ceiç

ãoC

Sedi

men

toO

SLQ

TLS

-CN

C11

27,2

00±2

,500

Cam

ada C

sobr

e o n

ível

arqu

eoló

gico

. (R

apos

o e C

ardo

so 1

998)

ESe

dim

ento

OSL

QT

LS-C

C12

74,5

00+1

1,60

0-10

,400

Cam

ada E

sob

o ní

vel a

rque

ológ

ico.

(R

apos

o e C

ardo

so 1

998)

Gru

ta d

o Es

cour

alSo

ndag

em 3

a (90

-100

cm)

Bos (

dent

e)U

-ThSM

U-2

4826

,400

+11,

000-

10,0

00Ba

ixo

cont

eúdo

de u

râni

o(Z

ilhão

200

0)

Sond

agem

3a (

80-9

0cm

)C

ervu

s (de

nte)

U-Th

SMU

-249

39,8

00+1

0,00

0-9,

000

Baix

o co

nteú

do d

e urâ

nio

(3,4

%)

(Zilh

ão 2

000)

Sond

agem

3a (

60-7

0cm

)Eq

uus (

dent

e)U

-ThSM

U-2

5048

,900

+5,8

00-5

,500

(Zilh

ão 2

000)

Gru

ta F

igue

ira B

rava

2Pa

tella

sp.

C14

ICEN

-387

34,8

78±7

87(A

ntun

es, e

t al.

1989

)

2C

ervu

s (de

nte)

U-Th

SMU

-232

E130

561+

1175

9-10

,725

(Ant

unes

199

1)

Nív

el in

ferio

rC

onch

a mar

inha

C14

ICEN

-386

3337

4 85

4(A

ntun

es 1

991)

2C

ervu

s (de

nte)

U-Th

SMU

-233

E244

,806

+15,

889-

13,9

58(A

ntun

es 1

991)

Foz d

o En

xarr

ique

CEq

uus (

dent

e)U

-ThSM

U-2

2532

,938

±1,0

55(R

apos

o 19

95)

CEq

uus (

dent

e)U

-ThSM

U-2

2634

,088

±800

(Rap

oso

1995

)

CEq

uus (

dent

e)U

-ThSM

U-2

2434

,093

±920

(Rap

oso

1995

)

Gru

ta N

ova

da C

olum

beira

7 (=

16)

Lare

ira ca

rbon

atad

aC

14G

if-27

0326

,400

±700

(Zilh

ão 2

000)

7La

mel

a de d

ente

U-Th

SMU

-235

E135

,876

+27,

299-

35,5

83(Z

ilhão

200

0)

7La

mel

a de d

ente

U-Th

SMU

-238

E154

,365

+22,

240-

27,5

25(Z

ilhão

200

0)

8 (=

20)

Lare

ira ca

rbon

atad

aC

14G

if-27

0428

,900

+950

(Zilh

ão 2

000)

8La

mel

a de d

ente

U-Th

SMU

-236

E160

,927

+27,

405-

35,5

22(Z

ilhão

200

0)

8La

mel

a de d

ente

U-Th

SMU

-236

E110

1,48

7+38

,406

-55,

919

(Zilh

ão 2

000)

Lapa

dos

Fur

os4

Heli

x nem

oral

isC

14IC

EN-4

7338

,697

±1,5

18So

b o

níve

l arq

ueol

ógic

o.

Res

ulta

do m

áxim

o(S

trau

s, et

al. 1

993)

4Br

echa

[Heli

x sp.

]C

14IC

EN-4

7234

030±

1267

ster

ile [p

re-M

oust

eria

n](S

trau

s, et

al. 1

993)

Pedr

eira

de S

alem

as1

Col

ogén

io d

e oss

oC

14IC

EN-3

6629

,890

+1,1

30-9

80N

ível

com

mist

ura d

e P

al. M

édio

e Su

perio

r(S

trau

s, et

al. 1

993)

Sant

o A

ntão

do

Toj

al2

Elep

has (

osso

)U

-ThSM

U-3

0581

,900

+4.0

00-3

,800

(Rap

oso

1995

)

Vila

s Rui

vas

BSe

dim

ento

sT

LBM

-VRU

151

,000

+13,

000-

12,0

00M

édia

de d

ois r

esul

tado

s(R

apos

o 19

95)

54,0

00/+

12,0

00/-

11,0

00(R

apos

o 19

95)

BSe

dim

ento

sT

LBM

-VRU

268

,000

+35,

000-

26,0

00(R

apos

o 19

95)

Gal

eria

s Pes

adas

241,

000+

30,0

00-2

2,00

0(M

arks

200

5)

Furn

inha

base

80,8

80+4

2,42

0-31

,260

(Rap

oso

1995

)

Tabela 1: Datações absolutas dos contextos de Paleolítico Médio em Portugal

Page 17: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 27

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

O Paleolítico Médio no território português 27sí

tioc

amad

aM

ater

ial

Mét

odo

am

ostr

aid

ade b

PO

bser

vaçõ

esr

efer

ênci

as

Salem

as [a

lgar

]T.

V.b

Col

ogén

io d

e oss

oC

14IC

EN-3

7928

118±

924

(Zilh

ão 2

000)

T.V.

bO

sso

C14

ICEN

-384

2409

0±53

3(Z

ilhão

200

0)

T.V.

bO

sso

C14

ICEN

-383

2745

7±11

27(Z

ilhão

200

0)

T.V.

bO

sso

C14

ICEN

-384

[!]

2811

8±92

4(Z

ilhão

200

0)

Salem

as [g

ruta

]N

ível

infe

rior

Oss

oC

14IC

EN-3

6130

696±

1142

(Rap

oso

1995

)

Nív

el in

ferio

rO

sso

C14

ICEN

-371

>29,

200

(N/A

)N

ão ca

libra

do(R

apos

o 19

95)

Nív

el in

ferio

r [1]

Col

ogén

io d

e oss

oC

14IC

EN-3

6633

,632

±118

0(R

apos

o 19

95)

Vale

do

Forn

o 8

VF0

1Se

dim

ento

TL

127,

000

+ in

finite

/26,

000

(Moz

zi et

al. 2

000)

VF0

2Se

dim

ento

TL

119,

000

+ in

finite

/32,

000

(Moz

zi et

al. 2

000)

VF0

5Se

dim

ento

TL

117,

000

+ in

finite

/-26

,000

(Moz

zi et

al. 2

000)

VF0

6Se

dim

ento

TL

>124

,000

(Moz

zi et

al. 2

000)

Mira

Nas

cent

eM

N2

Sedi

men

toO

SLU

IC-1

875

36,0

35±2

750

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

MN

2Se

dim

ento

OSL

UIC

-186

333

,905

±269

0(B

ened

etti

et al

. 200

9)

MN

3bSe

dim

ento

OSL

UIC

-186

440

,450

±298

0(B

ened

etti

et al

. 200

9)

MN

3cSe

dim

ento

OSL

UIC

-192

334

,300

±263

0(B

ened

etti

et al

. 200

9)

MN

4Se

dim

ento

OSL

UIC

-186

8>1

10,0

50±8

460

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

MN

5Se

dim

ento

OSL

UIC

-206

515

0,92

0±12

,575

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

MN

3aC

arvã

oA

MS

Beta

-234

375

42,1

75±4

61(B

ened

etti

et al

. 200

9)

MN

3aso

il or

gani

c mat

ter

AM

SBe

ta-2

0822

320

,628

±292

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

MN

3bch

arre

d st

ump

Beta

-208

224

26,1

10±4

99(B

ened

etti

et al

. 200

9)

MN

3cch

arco

alBe

ta-2

3437

641

,717

±311

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

MN

3cch

arco

alBe

ta-2

0822

540

,744

±1,0

25(B

ened

etti

et al

. 200

9)

Prai

a Rei

Cor

tiço

PC2b

Sedi

men

toO

SLU

IC-2

399

15,0

60±9

80(B

ened

etti

et al

. 200

9)

PC4

Sedi

men

toO

SLU

IC-2

398

101,

010±

7870

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

PC2a

Beta

-234

368

4,44

8±56

(Ben

edet

ti et

al. 2

009)

PC5b

char

coal

UG

AM

S-32

5450

,356

±1,8

54(B

ened

etti

et al

. 200

9)

PC5c

char

coal

UG

AM

S-32

55>4

9,60

0(B

ened

etti

et al

. 200

9)

PC5c

char

coal

UG

AM

S-39

1253

,781

±2,0

55(B

ened

etti

et al

. 200

9)

PC5c

char

coal

UG

AM

S-39

13>4

9,60

0(B

ened

etti

et al

. 200

9)

Gru

ta d

a Oliv

eira

8O

lea sp

.A

MS

GrA

-293

846,

055±

45In

trus

ivo

(rec

olhi

do n

uma t

oca)

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

8O

sso

quei

mad

oA

MS

GrA

-102

0035

,760

±280

Dat

ação

sobr

e fra

cção

alca

lina

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

8O

sso

quei

mad

oA

MS

OxA

-867

137

,100

±830

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

9O

sso

quei

mad

oA

MS

GrA

-976

042

,610

±390

Dat

ação

sobr

e fra

cção

alca

lina

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

9O

sso

quei

mad

oA

MS

Beta

-111

967

44,0

80±9

90(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

11O

sso

quei

mad

oA

MS

OxA

-867

246

,070

±133

0(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

11O

sso

quei

mad

oA

MS

OxA

-937

9>2

5,85

0±55

0 (N

/A)

Baix

o va

lor d

e col

ogén

io(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

Page 18: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

28 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

28 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bichosí

tioc

amad

aM

ater

ial

Mét

odo

am

ostr

aid

ade b

PO

bser

vaçõ

esr

efer

ênci

as

12Pi

nus s

p.A

MS

GrA

-244

0826

,940

/+27

0/+2

50 (N

/A)

Anó

mal

o. Id

ade m

ínim

a(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

13Er

ica sp

.A

MS

GrA

-244

1043

,310

±490

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

14Pi

nus s

ylvest

risA

MS

GrA

-220

2446

,350

±205

0(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

14Pi

nus s

ylvest

risA

MS

OxA

-131

3727

,850

±550

(N/A

)A

nóm

alo.

Idad

e mín

ima

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

14Pi

nus s

ylvest

risA

MS

Beta

-183

537

44,3

80±9

60(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

15Pi

nus s

ylvest

risA

MS

GrA

-244

0742

,160

±340

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

18O

sso

quei

mad

oA

MS

GrA

-293

8541

,960

±330

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

Con

e Mou

stier

ense

Equu

s sp.

(den

te)

U-Th

SMU

-247

E170

,250

±900

0(A

ngel

ucci

e Zi

lhão

200

9)

Con

e Mou

stier

ense

Equu

s sp.

( den

te)

U-Th

SMU

-308

-247

E253

,000

/+5,

600/

-5,3

00Se

cond

mea

sure

men

t of S

MU

-247

(Ang

eluc

ci e

Zilh

ão 2

009)

Alm

onda

EVS

Con

eEq

uus (

dent

e)U

-ThSM

U-2

31E1

35,0

00±2

,000

Baix

o ra

cio

230

Th/2

32Th

(Z

ilhão

, et a

l. 19

93)

ES2

Nív

el 4

Equu

s (de

nte)

U-Th

307-

260E

113

1,00

0-25

,000

+32,

000

(Zilh

ão e

McK

inne

y 199

5)

EVS,

Con

eEq

uus (

dent

e)23

1E1

35,0

00±2

,000

(Zilh

ão e

McK

inne

y 199

5)

EVS,

Cao

s de B

loco

sEq

uus (

dent

e)22

8E1

136,

000±

8,00

0(Z

ilhão

e M

cKin

ney 1

995)

EVS,

Pra

ia d

os B

iface

sEq

uus (

dent

e)23

0E1

170,

000±

13,0

00(Z

ilhão

e M

cKin

ney 1

995)

Pêgo

do

Dia

bo3

Col

ogén

io d

e oss

oC

14IC

EN-4

9121

,973

±689

Col

ogén

io im

puro

(Zilh

ão 2

000)

2/3

Oss

oA

MS

OxA

-154

9934

,900

± 10

00(Z

ilhão

et al

. 201

0)

2/3

(Equ

us sp

.) de

nte

AM

SO

xA-1

5004

38,7

50±

650

(Zilh

ão et

al. 2

010)

Page 19: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

O Paleolítico Médio no território português 29

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

O Paleolítico Médio no território português 29sí

tiot

ipo

de sí

tiolo

caliz

ação

geo

logi

ag

eogr

afia

Águ

a doc

efa

una

flor

ain

dúst

ria

estr

utur

asd

epos

íção

Alm

onda

(EV

S)G

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Serr

aN

asce

nte

Sim

Não

Ach

eulen

seN

ãoPo

sição

secu

ndár

ia

Lapa

dos

Coe

lhos

Gru

taIn

terio

rC

alcá

rioSe

rra

Nas

cent

eSi

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Arn

eiro

Cor

tiço

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Posiç

ão se

cund

ária

Con

ceiç

ãoA

r liv

reLi

tora

lFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioN

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Estr

ada d

o Pr

ado

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Font

e San

taA

r liv

reIn

terio

rFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioN

ãoN

ãoFo

ntes

ante

nse

Não

Um

a cam

ada

Foz d

o En

xarr

ique

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Sim

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Furn

inha

Gru

taLi

tora

lC

alcá

rioA

rrib

a cos

teira

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Gal

eria

s Pes

adas

Gru

taIn

terio

rC

alcá

rioSe

rra

Nas

cent

eSi

mN

ãoM

icoq

uens

eN

ãoVá

rias c

amad

as

Gru

ta d

a Oliv

eira

Gru

taIn

terio

rC

alcá

rioSe

rra

Nas

cent

eSi

mSi

mM

ousti

eren

seLa

reira

Vária

s cam

adas

Gru

ta d

o C

alde

irão

Gru

taIn

terio

rC

alcá

rioSe

rra

Rio

Sim

Não

Mou

stier

ense

Não

Vária

s cam

adas

Gru

ta d

o Es

cour

alG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Plan

alto

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoVá

rias c

amad

as

Gru

ta F

igue

ira B

rava

Gru

taLi

tora

lC

alcá

rioA

rrib

a cos

teira

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoVá

rias c

amad

as

Gru

ta N

ova d

a Col

umbe

iraG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Serr

aN

asce

nte

Sim

Sim

Mou

stier

ense

Lare

iraVá

rias c

amad

as

Ibn-

Am

arG

ruta

Lito

ral

Cal

cário

Arr

iba c

oste

iraR

ioSi

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Lago

a do

Bord

oal

Ar l

ivre

Inte

rior

Cal

cário

Lago

aLa

goa

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Lapa

do

Pica

reiro

Gru

taIn

terio

rC

alcá

rioSe

rra

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoVá

rias c

amad

as

Lapa

dos

Fur

osG

ruta

Lito

ral

Cal

cário

Serr

a?

Sim

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Mira

Nas

cent

eA

r liv

reLi

tora

lM

arin

hoA

rrib

a cos

teira

?N

ãoSi

mM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Pedr

eira

de S

alem

asG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Plan

alto

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Pedr

ógão

Ar l

ivre

Lito

ral

Mar

inho

Prai

a?

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Pêgo

do

Dia

boG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Plan

alto

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Polv

oeira

Ar l

ivre

Lito

ral

Mar

inho

Arr

iba c

oste

ira?

Não

Sim

Não

Não

Um

a cam

ada

Port

o M

eirin

hoA

r liv

reIn

terio

rFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioN

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Prai

a Rei

Cor

tiço

Ar l

ivre

Lito

ral

Mar

inho

Arr

iba c

oste

ira?

Não

Sim

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Rib

eira

da A

tala

iaA

r liv

reIn

terio

rFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioN

ãoN

ãoM

ousti

eren

seLa

reira

Um

a cam

ada

Salem

as [a

lgar

]G

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Plan

alto

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Salem

as [g

ruta

]G

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Plan

alto

?Si

mN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Sant

o A

ntão

do

Toja

lA

r liv

reIn

terio

rFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioSi

mSi

mM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

São

Pedr

o de

Mue

lA

r liv

reLi

tora

lM

arin

hoA

rrib

a cos

teira

?N

ãoN

ãoN

ãoN

ãoU

ma c

amad

a

São

Torp

esA

r liv

reLi

tora

lM

arin

hoA

rrib

a cos

teira

?N

ãoSi

mN

ãoN

ãoU

ma c

amad

a

Sapa

teiro

s 2A

r liv

reIn

terio

rFl

uvia

lTe

rraç

oR

ioN

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Vale

da J

anel

aA

r liv

reLi

tora

lM

arin

hoA

rrib

a cos

teira

?N

ãoSi

mN

ãoN

ãoU

ma c

amad

a

Vale

do

Forn

o 8

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Ach

eulen

seN

ãoU

ma c

amad

a

Vila

s Rui

vas

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Lare

ira;

cort

a-ve

nto

Um

a cam

ada

Vin

has

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Tabela 2. Lista dos principais sítios do Paleolítico Médio e respectivo enquadramento físico

Page 20: O PALEOLíTICO MÉDIO NO TERRITóRIO PORTUGUêS

30 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bicho

Mai

nake

, XX

XII

I / 2

011-

2012

/ pp

. 11-

30 /

ISSN

: 021

2-07

8-X

30 Telmo Pereira, Jonathan Haws e Nuno Bichosí

tiot

ipo

de sí

tiolo

caliz

ação

geo

logi

ag

eogr

afia

Águ

a doc

efa

una

flor

ain

dúst

ria

estr

utur

asd

epos

íção

Abr

igo

1 de

Val

e dos

Cov

ões

Abr

igo

Inte

rior

Cal

cário

Serr

aR

ioSi

mSi

mM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Bura

ca E

scur

aG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Serr

aR

ioSi

mSi

mM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Bura

ca G

rand

eG

ruta

Inte

rior

Cal

cário

Serr

aR

ioSi

mSi

mM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Cur

va d

o Be

lixe

Ar l

ivre

Lito

ral

Mar

inho

Plan

alto

?N

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Prai

a da G

alé

Ar l

ivre

Lito

ral

Mar

inho

Plan

alto

?N

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Vale

Boi

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Vale

da F

onte

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Vale

San

toA

r liv

reLi

tora

lM

arin

hoA

rrib

a cos

teira

?N

ãoN

ãoM

ousti

eren

seN

ãoU

ma c

amad

a

Lago

a Fun

da 1

Ar l

ivre

Inte

rior

Cal

cário

Lago

aLa

goa

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Lago

a Fun

da 2

Ar l

ivre

Inte

rior

Cal

cário

Lago

aLa

goa

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Lago

a Fun

da 3

Ar l

ivre

Inte

rior

Cal

cário

Lago

aLa

goa

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Um

a cam

ada

Sant

a Cita

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Bura

cos d

e pos

teVá

rias c

amad

as

Vale

da P

orta

Ar l

ivre

Inte

rior

Fluv

ial

Terr

aço

Rio

Não

Não

Mou

stier

ense

Não

Vária

s cam

adas