O Pão daIdade Média
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O Pão da
Idade Média
urante a Idade Média, período que se estende do século 5
d.C. ao 13 d.C., o pão foi um alimento essencial para todas
as classes sociais. No final da Idade Média, calcula-se que
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seu consumo per capita diário, independentemente de classe social,
era de cerca de um quilo e meio.
Padeiros do Final da Idade Média
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Havia basicamente dois tipos de pães na Idade Média. Um
deles era o chamado pão prato. O uso de fermento não era
difundido na Europa durante a Idade Média. A massa não
fermentada produz um pão pesado, duro. Por esse motivo, os pães
eram muito finos. Esses pães ázimos (sem fermento) eram usados,
depois de ficarem velhos, como pratos.
Um pão "prato", semelhante ao usado na Idade Media
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No final da refeição, o “prato” podia ser consumido com
molho, mas normalmente era dado como esmola aos carentes. Os
pães eram aquecidos no forno até ficarem com os dois lados
exteriores duros. Uma das “tampas” era removida e o miolo,
retirado, formando uma espécie de tigela. O pão usado era seco,
“passado”, e recomendava-se pedir ao padeiro pães com quaro dias
para se fazer os “pratos”. Foi só nos anos 1400 que os europeus
começaram a comer em pratos de madeira.
Padeiros fazendo pão num forno móvel
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O tipo de pão para consumo era o chamado pain de mayne,
um pão redondo semelhante ao pão italiano, que acompanhava o
prato principal. Apesar de a receita ser basicamente a mesma, a
qualidade do pão variava dependendo da classe social,
principalmente por causa dos ingredientes e do modo como eram
produzidos (tipo de forno, etc.). Nos países mediterrâneos, o trigo
era o principal cereal usado para a fabricação do pão. No norte da
Europa, era o centeio. A aveia e a cevada também eram culturas
comuns na Idade Média, mas eram usadas como forragem para
animais e, por isso, não se fazia pão com esses grãos. O melhor era
o chamado “pão branco”, feito com farinha de trigo refinada. Em
alguns lugares nem era chamado de pão, mas de bolo, pois era
comum que fossem adicionadas passas e frutas secas à massa.
Apenas as classes mais elevadas consumiam pão branco. Os
médicos medievais afirmavam que o pão branco tinha propriedades
curativas. Estavam, porém, enganados. Na verdade, esse tipo de
pão é menos nutritivo do que o feito com farinha integral. As classes
sociais menos abastadas misturavam diferentes tipos e proporções
de farinha.
Além desses dois tipos principais de pães (“pratos” e pain du
mayne) havia pelo menos vinte outros tipos que variavam em forma
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e qualidade e que tinham nomes como “pão do papa”, “pão do
cavaleiro, “pão do escudeiro”. A partir do século 12, os cruzados
que iam fazer a guerra santa no Oriente Médio desenvolveram o
biscoito, um pão assado duas vezes. Apesar de extremamente duro,
era durável. Assim, o novo alimento podia ser usado nas travessias
de navio ou durante o cerco a cidades.
Padeiro numa iluminura medieval
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As pessoas reciclavam qualquer sobra de pão. Dessa forma
eram feitos pudins, ou os restos eram embebidos em vinagre ou
caldo de carne e usados para engrossar molhos. Um famoso quadro
do pintor holandês Jan Vermeer, A Leiteira, retrata uma criada no
processo de reciclar pão, embebendo-o no leite. Embora pintado no
século 17 (início da Idade Moderna), a pintura mostra um hábito
comum na Europa desde a Idade Média.
A Leiteira, de Jan Vermeer (1660-61)
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No início da Idade Média, o pão era assado sob brasas. O uso
de fornos foi introduzido na Europa pelos gregos e romanos que,
por sua vez, aprenderam a usá-los com os egípcios. Mas, nas casas
dos camponeses, até o século 11 (anos 1000), colocava-se a massa
debaixo de brasas para assar. O senhor feudal tinha de fornecer
meios para que os camponeses assassem seu pão. Assim, nos
castelos medievais havia fornos públicos onde os servos levavam
sua massa previamente preparada para ser assada. Os fornos eram
operados por padeiros. Contudo, muitos desses padeiros roubavam
parte da massa dos camponeses para fazer pães e confeitos, os
quais vendiam como sendo de sua produção. Além disso, o senhor
feudal cobrava impostos pelo uso dos fornos. Por isso, muitos
servos preferiam assar seu pão em casa, sob as brasas do fogão.
O uso de fornos foi introduzido na Europa
pelos gregos e romanos, mas, nas casas dos
camponeses, até o século 11 colocava-se a
massa debaixo de brasas para assar
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Mulheres assando pães num forno comunitário
No final da Idade Média, os pães já eram produzidos e
vendidos por padeiros, cuja profissão era regulamentada. Uma das
formas de regulamentação vinha dos próprios padeiros, por meio
das cooperativas comerciais que organizavam, as chamadas guildas,
precursoras dos atuais sindicatos. As guildas exigiam que os
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padeiros se filiassem a elas, pois nenhum empreendimento era
permitido no território administrado por determinada guilda. Em
compensação, o padeiro que se associava à guilda - e pagava suas
taxas -, bem como sua família, gozava de proteção e privilégios
especiais. O mestre padeiro podia contratar e treinar aprendizes
sem medo de ter suas receitas roubadas e, caso alguma coisa
acontecesse à padaria, a guilda pagava uma espécie de seguro ao
padeiro ou à sua família. Como todos os padeiros pertenciam a uma
guilda, essa associação fixava os preços nos produtos de panificação
na região onde atuava e também supervisionava a qualidade dos
produtos e controlava os preços das matérias-primas. As guildas dos
padeiros ocupavam um espaço importante na vida medieval,
especialmente porque tinham o controle do principal alimento da
época.
A massa do pão era frequentemente
adulterada pelos padeiros, que acrescentavam
serragem, giz, gesso ou outros produtos para
baratear o custo e aumentar o lucro
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Para controlar as guildas, os reis estabeleceram legislações
para os principais alimentos do período: o pão e a cerveja. Essas leis
controlavam características dos produtos como peso, qualidade e
preço. Assim, a regulamentação da qualidade dos pães e confeitos
foi uma das grandes aquisições da Idade Média.
Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
Direito reservados: Sindicato dos Padeiros de São Paulo, 2013 Este artigo pode ser reproduzido para fins educativos;
a fonte deve ser citada