O papel da mídia na prevenção da violência
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O papel da mídia na prevenção da violência
I – Início pesquisas no campo da saúde
Década 50 – advento da TV - profissionais de saúde dos EUA apontam a violência na mídia como uma das causas da violência na sociedade norte-americana. Estudos apontaram:
• facilitar o comportamento anti-social;
• deixar o espectador indiferente em relação à violência na vida real;
• aumentar o medo de sofrer violência na vida real.
Kathie Njaine
• Exposição repetida à violência na tv (na programação em geral) pode
afetar a saúde de crianças e jovens. Violência pode ser vista como uma
solução para resolver os conflitos.
• Ausência de punição do agressor, violência sem contexto ou gratuita
podem criar noções de impunidade;
• Violência sem conseqüências dos danos físicos e emocionais às vítimas e
agressão a minorias podem banalizar e reforçar preconceitos;
• Glorificação das armas de fogo podem incitar comportamento agressivo ou
de imitação.
II- Mídia como função socializadora: repercute no desenvolvimento social de crianças e adolescentes, molda valores e comportamentos de consumo etc.
1989 - Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança - estabelece o direito da
criança à informação e acesso às fontes. Destaca a necessidade de “encorajar o
desenvolvimento de orientações apropriadas para proteger a criança de
informações e materiais prejudiciais ao seu bem-estar”.
1997 – Câmara para Crianças e a Violência na Tela - estruturada pelo Centro de
Informação Nórdica para a Pesquisa sobre Mídia e Comunicação (Nordicom) e
financiada em conjunto pelo governo sueco e pela UNESCO, tendo como base a
Convenção da ONU para os Direitos da Criança.
III – Normas internacionais em relação à violência na mídia
Imprensa escrita e adolescente em conflito com a lei
Padrão de notícias conservador em relação aos jovens em conflito com lei;
Gênero policialesco ainda persiste;
Pouca divulgação do contexto social e familiar dos jovens;
Mudanças na percepção social do problema - questão da infração dentro de um contexto aprofundado.
Televisão e juventude
Televisão comercial – 52% dos jovens brasileiros têm na tv sua maior diversão e os programas de entretenimento são os mais assistidos (UNICEF, 2002)
Conteúdo explícito de violência na ficção e no jornalismo;
Formas implícitas de violência simbólica (discriminação social, racial e sexual);
Imagens estereotipadas sobre o comportamento dos jovens;
TV – importante fonte de informação e de debate público (agendamento de temas).
1.222 jovens - 56% dos estratos A e B e 43% dos C, D e E - programas de TV privilegiam a imagem de uma juventude hegemônica e em relação à juventude pobre e negra mostra uma imagem associada à criminalidade.
Jovens dos diversos estratos sociais não concordam totalmente com a imagem hegemônica da juventude representada pela televisão.
Grau de confiança nas instituições – mídia 3º lugar, abaixo da família e da igreja.
(Fonte: Fala Galera – juventude, violência e cidadania no Rio de Janeiro, 1999)
Jovens x violência - múltiplas combinações que não se
limitam a processos diretamente relacionados à mídia.
Violência - forma de comunicação. Deve ser investigada
nos contextos individuais, familiares e comunitários.
Inter-relação com o ambiente violento na escola, principalmente quando não há debate sobre as formas de violência na sociedade;
Inter-relação com o ambiente familiar - conflitos intergeracionais ou mediação sobre temas como a violência e drogas;
Importante fonte de informação para a prevenção às situações de risco. Necessário pesquisar os modos de apropriação das mensagens e os contextos de recepção.
Família, escola e profissionais que lidam com crianças, adolescentes e jovens – importantes mediadores.
Conversar com crianças e jovens sobre atitudes morais, emocionais e intelectuais capazes de solucionar conflitos.
Identificar potenciais positivos da mídia para a prevenção da violência e promoção da vida.
Ampliar a difusão das causas da violência, suas conseqüências, soluções e serviços de atenção a pessoas em situação de violência.
Papel da saúde -propostas da OPAS/OMS
Necessidade de pesquisar, intervir e difundir ações e programas bem sucedidos de prevenção à violência apoiados na mídia.
Realizar estudos com ênfase nas diferenças culturais (circunstâncias e necessidades dos jovens da América Latina e Caribe) e experiências individuais para compreensão dos modos de recepção da violência (real e simbólica).
Reconhecer a violência na mídia como um fator de risco, dentre outros, para a violência que envolve crianças e jovens em situação de violência.
Analisar diferentes perspectivas teóricas e metodológicas dos estudos existentes.
Televisão brasileira - veículo de comunicação com maior penetração em
todos os segmentos sociais. Grande poder de circulação de sentidos.
Avanços - meios de comunicação têm dado amplo destaque à situação da
infância e adolescência.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - colocou o Brasil em
posição avançada no reconhecimento da proteção integral desse
grupo,mas esse avanço não vem garantindo o amplo cumprimento da lei.
Meios de comunicação e prevenção da violência
Fatos violentos em foco
A violência da criminalidade ainda é um destaque, embora a informação esteja cada vez mais qualificada. Comunidades pobres – foco das lentes.
Representação da violência
Imagens e discursos podem banalizar, dramatizar, espetacularizar ou aprofundar o entendimento sobre o fenômeno da violência, dependendo dos contextos de produção, circulação e consumo da informação.
IMPRENSA ESCRITA, POLÍCIA e VIOLÊNCIA
Estudo quantitativo – questionário/2.849 matérias
jornalísticas
Estudo qualitativo - 234 matérias sobre aspectos
positivos ou negativos da ação da polícia.
Meses de análise – outubro e novembro de 2004
Jornais Outubro Novembro Total
O Povo – RJ 321 299 620
A Tribuna – ES 318 216 534
O Globo – RJ 222 227 449
Diário de São Paulo - Sp
212 228 440
A Gazeta – ES 144 119 263
Folha de Pernambuco - PE
111 146 257
Folha de São Paulo - SP
84 82 166
Diário de Pernambuco - PE
67 53 120
Total 1479 1370 2849*
Fonte: CLAVES/SENASP. A imagem do policial na mídia escrita. 2005
43,1% das matérias na seção Polícia
Jornais populares – 66,3% de matérias sobre polícia publicadas nesta seção.
Jornais dos estratos mais elevados - “Cidade” (21,4%), “Cotidiano” (16,3%), “Vida Urbana” (6,1%).
93% das matérias - descritivas
Teor da matéria em relação ao policial e às corporações
Aprofundamento (N=1900) N %
Factual 1600 84,2
Negativo 269 14,2
Positivo 31 1,6
Aprofundar a compreensão sobre os danos físicos, emocionais e morais da violência, sobretudo contra grupos vulneráveis (crianças, adolescentes,jovens, idosos, negros, mulheres, homossexuais, travestis etc.).
Criar um senso de URGÊNCIA para o debate sobre a violência que envolva toda a sociedade.
Divulgar orientações sobre serviços de atenção à pessoas em situação de violência, grupos de apoio etc.
Ampliar o debate sobre as resoluções morais, emocionais e intelectuais dos conflitos apoiadas no diálogo e em uma cultura de não violência e promoção da vida.
Como a mídia pode ajudar a prevenir a violência?
Ainda existe uma sub-representação das diversas formas de violência que acometem crianças e jovens do Brasil, em contraste com a magnitude do problema, em especial a crianças e adolescentes das camadas mais desfavorecidas da sociedade.
Os delitos mais praticados pelos jovens em 2002 (menos de 10 mil internos) na maior parte das regiões do país foram os crimes contra o patrimônio(3.167 roubos e 836 furtos),tráfico de drogas (571), e homicídios (1.131). O número de jovens privados de liberdade é considerado pequeno em relação ao espaço dado pela mídia à questão da infração juveni. É importante mostrar a real condição da juventude brasileira nessa dinâmica da violência. Fonte: Ipea/MJ-DCA. Mapeamento Nacional da Situação das Unidades de Execução de Medida de Privação de Liberdade, 2003.
Ações e programas exitosos
Envolvimento de jovens na produção da informação em todos os tipos de mídia.
Envolvimento da escola na educação para a mídia, através de atividades curriculares ou não.
ANDI