O Papel da Motivação na Construção da...

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE ESTUDOS GERMANÍSTICOS O Papel da Motivação na Construção da Aprendizagem Liliana Figueiredo MESTRADO EM ENSINO ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO-ESTUDOS ALEMÃES

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  • UNIVERSIDADE DE LISBOA

    FACULDADE DE LETRAS

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS GERMANSTICOS

    O Papel da Motivao na Construo da

    Aprendizagem

    Liliana Figueiredo

    MESTRADO EM ENSINO

    REA DE ESPECIALIZAO-ESTUDOS ALEMES

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    UNIVERSIDADE DE LISBOA

    FACULDADE DE LETRAS

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS GERMANSTICOS

    O Papel da Motivao na Construo da

    Aprendizagem

    Liliana Figueiredo

    Relatrio de Unidade Curricular- Mestrado em Ensino- Variante de Ingls e Alemo

    Sob orientao de: Professor Doutor Bernd Sieberg

    Julho de 2011

  • iv

    Agradecimentos

    Comeo por agradecer ao Professor Bernd Sieberg pelo apoio, persistncia e

    rigor sempre constantes que me orientaram na escrita deste relatrio. Quero tambm

    agradecer Professora Vera Lemos pela orientao e transmisso de conhecimentos do

    mbito da Didctica que me ajudaram ao longo deste percurso no Mestrado em Ensino.

    Gostaria de expressar os meus agradecimentos Professora Martina Merklin e

    Professora Cooperante, Serafina Costa, pela progresso na prtica profissional de ensino

    e pela complementaridade entre a teoria veiculada nas cadeiras de Introduo Prtica

    Profissional e a sua aplicao em contexto de aula.

    Quero, por fim, agradecer ao meu marido pelo apoio e pacincia contnuos ao

    longo destes dois anos de Mestrado em Ensino e, sobretudo, durante a escrita deste

    relatrio.

  • v

    Resumo

    O presente relatrio cientfico assenta na importncia da motivao como

    factor essencial para a aprendizagem de uma lngua estrangeira. Quando motivados

    intrnseca e/ou extrinsecamente, esta aprendizagem revela-se enriquecedora e com

    sentido. Os motivos para aprender uma lngua estrangeira podem residir no gosto

    genuno que se sente pela mesma e pela possibilidade em comunicar nessa lngua:

    motivao intrnseca e integrativa. As razes para a sua aprendizagem podem

    igualmente prender-se com a utilidade que a mesma demonstra ter, como oportunidade

    para a obteno de melhores resultados acadmicos e profissionais: motivao

    extrnseca e instrumental.

    O professor tem como funo principal guiar e orientar os alunos na

    concretizao de tarefas que os colocam como os sujeitos centrais no processo de ensino

    e aprendizagem, contribuindo para elevar a sua motivao. A planificao deve incluir

    uma diversidade de materiais que contemplem os diferentes tipos de aprendentes, de

    modo a que desenvolvam as suas capacidades e competncias. Os mtodos de ensino

    devem integrar actividades que fomentem a participao activa dos aprendentes, tendo

    em conta as suas vivncias e expectativas, bem como interesses e motivao.

  • vi

    Abstract

    This scientific report is based primarily on the importance of motivation as an

    essential factor in second language learning. Motivation, both intrinsic and extrinsic, is

    an enriching learning facilitator. The motives which belie second language learning may

    be due to a genuine liking of the language in focus and the desire to be able to

    communicate in the same: integrative and intrinsic motivation. The reasons for learning

    this language may be of a functional nature. It may be a useful language for obtaining

    better academic and professional results: extrinsic and instrumental motivation.

    The teachers primary role is that of guide inasmuch as he/she places the student

    in the central learning position thereby contributing to their motivation. Lesson plans

    should include a diversity of materials which take into consideration different types of

    learners so that they may develop their capacities and competences. Teaching methods

    should integrate activities which stimulate learners active participation bearing in mind

    their lives and expectations as well as their interests and motivation.

  • vii

    ndice

    A- Abordagem terica

    1. Introduo1

    2. Contextualizao terica do conceito motivao3

    2.1 Definies e teorias3

    2.1.1 Motivao intrnseca/integrativa versus extrnseca/instrumental5

    3. Mtodos e Teorias de Aprendizagem8

    3.1 Mtodo de Gramtica e Traduo8

    3.2 Mtodo Directo9

    3.3 Mtodo Audiolingual/Audiovisual10

    3.4 Mtodo Comunicativo10

    4. Tipos de Aprendentes11

    4.1 Aprendentes visuais11

    4.2 Aprendentes auditivos12

    4.3 Aprendentes hpticos13

    5. Enquadramento formal das aulas de alemo de acordo com documentos oficiais13

    5.1 Enquadramento segundo o Programa de Alemo do Ensino Bsico14

    5.2 Enquadramento segundo o Quadro Europeu Comum de Referncia16

    B- Abordagem prtica

    1. Descrio do estabelecimento de ensino19

    2. Descrio da turma23

    3. Justificao do Plano de Unidade27

    3.1 rea temtica28

    3.2 Pressupostos29

    3.3 Objectivos de aprendizagem30

    3.4 Funes da Linguagem33

    3.5 Expresses (Redemittel)35

    3.6 Vocabulrio36

    3.7 Actividades37

    3.8 Formas sociais (Sozialformen)39

    3.9 Capacidades/ reas (Fertigkeiten/Bereiche)42

    3.10 Materiais (Medien)43

  • viii

    3.11 Avaliao45

    4. Descrio das aulas ministradas51

    4.1 Primeira aula51

    4.1.1 Material didctico utilizado54

    4.2 Segunda aula71

    4.2.1 Material didctico utilizado73

    4.3 Terceira aula78

    4.3.1 Material didctico utilizado81

    4.4 Quarta aula90

    4.4.1 Material didctico utilizado92

    4.5 Quinta aula100

    4.5.1 Material didctico utilizado102

    4.6 Sexta aula115

    4.6.1 Material didctico utilizado117

    5. Avaliaes131

    5.1 Avaliao da turma131

    5.2 Auto-avaliao136

    C. Concluso149

    Referncias Bibliogrficas151

  • 1

    A Abordagem Terica

    1. Introduo

    O presente relatrio constitui-se como o produto final do Mestrado em Ensino

    que teve a durao de quatro semestres, tendo sido o ltimo destes para a sua realizao.

    Este trabalho consiste no resultado de dois anos de aprendizagem e experincia que

    adquiri no mbito dos seminrios da faculdade e do trabalho desenvolvido com a

    Professora Cooperante em duas escolas: Escola Secundria Pedro Nunes e Instituto de

    Odivelas. O relatrio incide na experincia advinda do trabalho que realizei de

    Novembro de 2010 a Maio de 2011, no ltimo estabelecimento de ensino mencionado,

    juntamente com a Professora Cooperante Serafina Costa no Instituto de Odivelas, com

    quem j tinha trabalhado no ano passado na Escola Secundria de Pedro Nunes.

    O relatrio visa descrever o contributo fulcral da motivao para a aprendizagem

    de uma lngua estrangeira, neste caso, da lngua alem no Instituto de Odivelas. A

    escolha do tema justifica-se pelas caractersticas da turma, dado que a disciplina de

    alemo consiste numa actividade extracurricular oferecida pela escola. As alunas

    escolheram esta actividade livremente, optando por esta em detrimento de outras

    disponibilizadas pela escola. A motivao de um grupo de alunas para aprender esta

    lngua constituiu-se como um factor importante para a formao desta turma.

    As aulas ministradas tiveram como ponto de partida a preparao de uma pea

    de teatro, inserida no projecto Alemo em Cena promovido pelo Instituto Goethe.1

    O relatrio encontra-se dividido em trs partes (A, B e C). A parte A tem

    como objectivos: 1. elaborar uma abordagem terica do conceito motivao segundo

    literatura secundria consultada sobre o tema; 2. relacionar as teorias sobre a motivao

    com os mtodos e princpios subjacentes ao ensino de uma lngua estrangeira, fazendo-

    se uma distino dos mesmos e destacando-se o contributo da planificao por tarefas;

    3. diferenciar tipos de aprendentes, relacionando-os com a motivao; 4. enquadrar o

    processo de ensino e aprendizagem da lngua alem de acordo com dois documentos

    oficiais e ministeriais: a) Programa de Ensino do Alemo do 3 ciclo do Ensino Bsico e

    1 O projecto Alemo em Cena, desenvolvido pelo Instituto Goethe, pioneiro em Portugal e deu a

    possibilidade, s turmas de alemo inscritas, de apresentarem uma pea de teatro em lngua alem,

    sendo esta uma produo prpria elaborada pelos alunos e professores. Um dos objectivos deste

    projecto de proporcionar um complemento motivador para as aulas de alemo. (Como se pode ler

    no folheto disponibilizado pelo Instituto Goethe relativamente a este projecto).

  • 2

    b) Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas Estrangeiras.

    A parte B composta por: a descrio do estabelecimento de ensino e da

    turma de alemo; a avaliao da turma e a minha auto-avaliao. Constam igualmente

    desta parte o plano de unidade e respectiva justificao, bem como seis planos de aula e

    a sua descrio de acordo com a perspectiva da abordagem terica inerente parte A.

    A parte C corresponde concluso do relatrio, procurando fazer uma sntese

    crtica dos resultados relacionando-os com a motivao.

  • 3

    2. Contextualizao terica do conceito motivao

    2.1 Definies e teorias

    Quando perguntaram a George Mallory sobre os motivos para a realizao da

    escalada ao monte Evereste, a sua resposta foi Because its there2. Esta afirmao

    perdurou ao longo dos tempos e, embora se revele simples primeira leitura, poder

    constituir-se como razo para reflectir sobre o acto de coragem e desafio paradigmtico da

    motivao humana. A superao de obstculos e a concretizao de objectivos que a

    histria de Mallory ilustra pode servir como metfora para a aprendizagem da lngua

    alem. Esta lngua considerada como sendo uma lngua difcil devido s suas

    caractersticas morfossintcticas, lexicais, gramaticais e fonticas, constituindo-se como

    um entrave de aquisio lingustica para muitos aprendentes. No entanto, com o exemplo

    de Mallory possvel retirar o seguinte: a inspirao e a motivao revelam-se como

    factores essenciais para ultrapassar obstculos difceis e concretizar objectivos.

    O tema central deste relatrio reside no contributo (papel) da motivao para a

    aprendizagem de uma lngua estrangeira, neste caso particular, de uma lngua conotada

    como difcil, que a alem.

    A Alemanha caracterizada como um pas com uma histria poltica complexa,

    mas que se tem assumido na conjectura actual da Europa como um pas privilegiado

    devido sua posio geoestratgica, poltica, econmica e social. Constitui-se, por isso,

    um pas de eleio para muitos portugueses e, consequentemente, a aprendizagem da sua

    lngua uma necessidade. A residncia de familiares e amigos em pases de lngua alem

    reveste-se como um motivo para aprender esta lngua, a par de outras razes, enunciadas

    pelas alunas no Instituto de Odivelas: o gosto por msica de bandas actuais, como por

    exemplo, Tokio Hotel; a mais-valia em aprender uma lngua para comunicar com a famlia

    e amigos; oportunidade de investir no futuro, proporcionando mais conhecimentos de

    lnguas estrangeiras; interesse e novidade por ser uma lngua diferente das existentes na

    escola (Ingls e Francs).

    Segundo a enciclopdia Duden online (2011), o conceito motivao definido

    da seguinte forma: Gesamtheit der Beweggrnde, Einflsse, die eine Entscheidung,

    2 Resposta de George Mallory publicada no jornal New York Times de 1923.

  • 4

    Handlung o.. beeinflussen, zu einer Handlungsweise anregen. Se a motivao

    concebida como o conjunto de razes que leva realizao de uma determinada aco,

    o seu contributo revela-se fulcral para aprender uma lngua estrangeira. Para ilustrar a

    importncia em aprender uma lngua nova, comum fazer-se referncia a algum que

    adquiriu um aparelho novo, cujas instrues esto numa lngua estrangeira. A

    necessidade de trabalhar com esse material e na ausncia de conhecimentos lingusticos

    que permitam o seu manuseamento, a motivao para aprender a lngua estrangeira

    prende-se com um fim claro: perceber as instrues de modo a conseguir pr o aparelho

    a funcionar.

    Sobre o nvel e orientao da motivao, desenvolverei a seguir algumas

    abordagens tericas que colocam os propsitos do aprendente, relativamente

    aprendizagem de uma lngua estrangeira, no centro do seu acto.

    De acordo com o terico Hans Schiefele: Motivation bezeichnet den Proze der

    Motiaktivierung und den daraus resultierenden Zustand. (Schiefele 1974, 28). De

    forma semelhante, Gert Solmecke refere: [motivieren im Fremdsprachenunterricht] als

    die optimale Gestaltung der Lernsituation im Fremdsprachenunterricht zur Erzielung

    einer grmglichen Lernbereitschaft der Schler. (Solmecke 1983, 17).

    A motivao dos alunos para aprender uma lngua estrangeira constitui-se como

    um factor interno, inerente a cada aprendente, responsvel, em certa medida, pelo

    sucesso obtido na sua aprendizagem. Pode acontecer que, numa fase inicial, os

    aprendentes se sintam mais motivados e que a intensidade, ou nvel de motivao, v

    diminuindo ao longo do processo de ensino-aprendizagem. O inverso pode igualmente

    ocorrer: o aprendente no se sente motivado para as aprendizagens, mas o nvel de

    interesse vai aumentando, contribuindo para que se sinta cada vez mais motivado. A

    escolha em aprender uma lngua estrangeira livremente e no de forma imposta,

    contribui para a motivao dos aprendentes, uma vez que a possibilidade de optar

    revestiu-se como factor-chave que levou aprendizagem dessa lngua. No entanto,

    importante que o processo de ensino-aprendizagem decorra de modo a que os momentos

    de aula proporcionem motivo de interesse e empenho contnuos, para que o nvel de

    motivao dos aprendentes seja constante na aprendizagem da lngua estrangeira.

    Die Motivation ist zu Beginn des fremdsprachlichen Lernprozesses

    meist recht hoch, kann dann aber nicht ber eine sehr lange Zeit

    aufrecht erhalten bleiben, um das Ziel (z.B. eine angestrebte

  • 5

    umfassende kommunikative Kompetenz) zu erreichen. Daher ist es

    fr den Lerner notwendig, sich Nahziele zu setzen, die fr ihn von

    persnlicher Bedeutung sind, deren Erfolg sichtbar ist und die

    sukzessive erreicht werden knnen. Solche klaren kurzfristigen und

    vom Lerner akzeptierten Zielvorstellungen untersttzen den Aufbau

    realistischer Erwartungen ber die Ergebnisse der eigenen Ttigkeit.

    (Kleppin 2004, 5-6)

    Ao tomar conscincia do que consegue realizar com a lngua aprendida, as

    dificuldades sentidas pelos aprendentes podem encarar-se como desafios e obstculos

    ultrapassveis para que se consiga alcanar os objectivos propostos. importante que se

    estabeleam metas de aprendizagem baseadas com a realidade vivencial dos

    aprendentes e que os mesmos se apercebam da dimenso pragmtica, em termos

    comunicativos, da lngua aprendida. usual formular-se a interrogao em torno da

    finalidade em aprender uma lngua estrangeira. As razes para a sua aprendizagem

    podem ser de natureza diversa, mas constituem-se como os motivos norteadores para

    aprender essa lngua.

    2.1.1 Motivao intrnseca/integrativa versus extrnseca/instrumental

    A motivao para a aprendizagem pode ter como origem o interesse, gosto e

    curiosidade naturais do aprendente pela lngua estrangeira: a possibilidade de comunicar

    com os falantes devido empatia pela lngua e cultura; a vontade em aprender pelo

    desafio em si mesmo, descurando factores ou recompensas exteriores. A propsito deste

    tipo de motivao, intrnseca, Deci e Ryan referem:

    Intrinsic motivation is in evidence whenever students natural

    curiosity and interest energize their learning. When the educational

    environment provides optimal challenges, rich sources of stimulation,

    and a context of autonomy, this motivational wellspring of learning is

    likely to flourish. (Deci and Ryan 1985, 245)

  • 6

    A motivao intrnseca considerada como o gnero de motivao mais natural,

    uma vez que vai de encontro aos interesses genunos dos aprendentes.

    So erlebt man bei der Ausfhrung einer intrinsisch motivierten

    Handlung Freude (Beteiligung von Emotionen), fhlt sich

    selbstbestimmt, kompetent und entwickelt Kreativitt. Die Ttigkeit

    wird um ihrer selbst willen, nicht wegen der mit ihr antizipierten

    Folgen ausgefhrt. (Mller 2003, 10)

    Contrariamente motivao intrnseca, a motivao extrnseca caracterizada

    como um tipo de motivao que se rege por razes de foro exterior. A aco guiada

    no pelo interesse genuno do aprendente, mas por motivos que se prendem com a

    obteno de resultados que a aprendizagem da lngua estrangeira permite. Esta

    considerada como um meio para se atingir um fim. O aprendente pode ter como razes

    para a sua aprendizagem a possibilidade de alcanar melhores notas, querer agradar os

    pais e professores ou a inteno de investir no seu futuro, numa carreira profissional.

    Extrinsisch motivierte Handlungen haben einen instrumentellen

    Charakter, sind also Mittel zum Zweck. Die Handlung selbst bereitet

    keine Freude bzw. besitzt keinen oder nur wenig Anreiz, die Folgen

    der Handlung werden aber als sehr erstrebenswert erachtet. (Mller

    2003, 9)

    Estes dois tipos de motivao, embora considerados frequentemente como

    antagnicos, contribuem para a aprendizagem da lngua estrangeira, na medida em que

    se constituem como um par complementar. No entanto, a motivao intrnseca a mais

    valorizada e igualmente a mais difcil de alcanar, por se revestir como uma forma pura

    de motivao. As razes que condicionam a aco do aprendente podem ter

    simultaneamente caractersticas da motivao intrnseca e extrnseca, sendo que a

    aprendizagem, desta forma, movida quer por factores de ordem integrativa quer de

    ordem instrumental. Os primeiros constituem a motivao integrativa (intrnseca) e os

    segundos a motivao instrumental (extrnseca).

  • 7

    Auch wurde eine Unterscheidung in instrumentelle und

    integrative Motivation unternommen, wobei die instrumentelle

    von rein ueren Faktoren wie dem Nutzen einer Sprache und die

    integrative von persnlichem Interesse sowie einer Identifizierung mit

    der Sprache ausgehen. Dabei untersttzen beide Motivationsarten

    erfolgreiches Sprachlernen und knnen auch gleichzeitig bei einer

    Person vorhanden sein. (Pulver 2011, 22)

    Se o aprendente sente uma forte identificao com o pas cuja lngua est a

    aprender e se o mesmo quer comunicar com os seus falantes, o tipo de motivao

    intrnseco e a orientao integrativa. Por outro lado, se as razes que guiam o

    aprendente se prendem com recompensas, aprovao dos pais e professores, sucesso

    escolar e profissional, a motivao extrnseca e de ordem instrumental.

    Segundo Gardner e Lambert (1972), pioneiros nos estudos sobre a motivao

    para a aprendizagem de uma lngua estrangeira, a motivao de ordem integrativa a

    orientao privilegiada que deve encaminhar os aprendentes aquando da sua

    aprendizagem. Quando a motivao tem uma orientao instrumental, a aprendizagem

    concebida como um meio para chegar a um fim.

    Ambas as orientaes, integrativa e instrumental, e tipos de motivao,

    intrnseco e extrnseco, podem estar presentes no aprendente, conferindo sucesso nas

    suas aprendizagens. Contudo, quando a motivao extrnseca e instrumental se sobrepe

    intrnseca e integrativa, o aprendente encontra razes para aprender a lngua

    estrangeira que no emanam do seu interesse, gosto e afinidade pela lngua que est a

    aprender, mas que se regem pela utilidade que a mesma confere para a concretizao de

    objectivos exteriores. O professor de lngua estrangeira tem um contributo importante

    na leccionao de aulas que fomentem nos aprendentes o gosto por aprender a lngua e

    que os motive intrinsecamente para as aprendizagens, devendo ele igualmente estar

    motivado. No possvel prever o quo interessado se encontra o aluno, uma vez que os

    nveis de motivao diferem de aprendente para aprendente. No entanto, a preparao

    de aulas deve incluir actividades que contemplem a realidade dos aprendentes, os seus

    conhecimentos e dificuldades, e que visem a concretizao de objectivos centrados nas

    capacidades reais dos aprendentes para que sejam estes os sujeitos activos das suas

    aprendizagens.

  • 8

    Die moderne Didaktik betont den Stellenwert der Motivation im

    Fremdsprachenunterricht, ganz gleich, ob es sich um die sog.

    Motivationsphase zu Beginn einer Unterrichtsstunde, um Aspekte der

    intrinsischen/extrinsischen oder um die sog. Selbst- oder

    Fremdmotivation handelt.

    Was ist eigentlich allgemein unter dem Begriff der Motivation

    zu verstehen? Grundstzlich handelt es sich hier um ein engagiertes

    und ausdauerndes Verfolgen eines bestimmten Zieles, das im

    schulischen Unterricht erreicht werden soll. Aus vielen Curricula und

    Verffentlichungen wird deutlich: Der schulische Unterricht kann nur

    zum Erfolg fhren, wenn die Schler, aber auch die Lehrer

    entsprechend motiviert sind. (Wicke 2004, 15)

    3. Mtodos e Teorias de Aprendizagem

    Ao longo dos tempos, os mtodos utilizados pelo professor no ensino de lnguas

    estrangeiras mudaram e foram-se adaptando aos contextos sociais e educativos vigentes.

    Estudos desenvolvidos em torno dos mtodos de ensino remontam aos anos 70 na

    Alemanha. A sua histria contempla abordagens, tcnicas e procedimentos pedaggicos

    implementados que visaram o ensino de lnguas estrangeiras. possvel fazer uma

    reflexo sobre a dimenso prtica de cada mtodo tendo em conta a motivao dos

    aprendentes.

    3.1 Mtodo de Gramtica e Traduo

    Este mtodo tem como princpios fulcrais os seguintes:

    Conhecimento das regras gramaticais da lngua-alvo de forma dedutiva:

    primeiro aprende-se a regra para depois a aplicar;

    Importncia dos textos literrios e das lnguas clssicas;

    Recurso a exerccios de Lckentext e de escrita de frases de acordo com as

    regras dadas (seguindo as estruturas gramaticais);

  • 9

    Traduo da lngua alvo para a lngua me e vice-versa.

    Os princpios didcticos subjacentes a este mtodo concebem o aluno como

    mero sujeito passivo que adquire conhecimento da lngua alvo de uma forma

    tradicional, em que a literatura veiculadora de conhecimentos. O aluno apreende

    passivamente e no sujeito interveniente nas aprendizagens. A lngua no aprendida

    para comunicar, mas para ter conhecimento das suas regras e funcionamento. O

    professor faz uso da lngua materna para ensinar a lngua estrangeira e da forma frontal

    de ensino, o que no constitui factor de motivao. O aprendente desenvolve sobretudo

    as suas competncias cognitivas e no as comunicativas.

    3.2 Mtodo Directo

    Oposio ao mtodo de gramtica e traduo, demarcando-se e retirando as

    lnguas clssicas do ensino, indo de encontro ao uso das lnguas ditas vivas

    em sala de aula: () lebende, d.h. gesprochene Sprachen und ihre Funktion als

    transnationale Kommunikationsmittel beriefen. (Neuner 2003, 228);

    Aquisio da lngua estrangeira de forma natural;

    Vorrang des Sprachknnens vor dem Sprachwissen. (Neuner 2003, 228).

    O aluno aprende a lngua estrangeira de forma natural sem recurso lngua

    materna na sala de aula (aprendendo por imitao). A nfase dada ao uso do dia-a-dia

    da lngua estrangeira. O aluno aprende a gramtica e vocabulrio de forma indutiva. J

    no tem uma posio to passiva como no mtodo gramatical e assume-se como sujeito

    mais participativo nas suas aprendizagens. Este mtodo contribui para a motivao dos

    alunos, mas o uso constante e permanente da lngua estrangeira em aula pode suscitar

    dvidas e dificultar a sua aprendizagem.

  • 10

    3.3 Mtodo Audiolingual/Audiovisual

    Predomnio das capacidades auditiva e oral;

    Aquisio sequencial das capacidades: auditiva, oral, leitura e escrita;

    Progresso no domnio gramatical: uso de patterndrills;

    Aprendizagem da lngua estrangeira por etapas e de uma forma gradual: o

    recurso lngua me e a aprendizagem da gramtica de forma indutiva no so

    postos de lado;

    Recurso a exerccios didcticos que predominam no ensino actualmente:

    Ergnzungsbungen; Reproduktion und Nachspielen von Dialogszenen

    (Neuner, Krger, Grewer 1981, 12); uso de imagens na sala de aula.

    O aluno desenvolve as suas competncias comunicativas, uma vez que aprende a

    comunicar na lngua estrangeira, havendo um predomnio do registo oral. Aprende por

    imitao e repetio de estruturas. A referncia ao quotidiano e as formas sociais de

    trabalho em grupo e par colocam os aprendentes no centro das suas aprendizagens,

    constituindo-se como elementos de motivao intrnseca e extrnseca.

    3.4 Mtodo Comunicativo

    Relao de dependncia entre o ensino da lngua estrangeira e o contexto social;

    Concepo da lngua como meio de comunicao inserida numa determinada

    esfera social e numa situao concreta;

    Aprendizagem da gramtica de forma indutiva e inserida num contexto temtico;

    Planificao da aula por tarefas que o aprendente realiza: Aufgabenorientierter

    Fremdsprachenunterricht (Neuner 1994, 6);

    O aprendente faz uso de funes comunicativas com o fim de realizar tarefas

    (desenvolvendo as suas competncias) num contexto vivencial.

    Ao ser o sujeito das suas aprendizagens, o aprendente, na concretizao da tarefa

    final, ou mesmo na concluso da unidade temtica, elabora uma avaliao do seu

    trabalho e das suas capacidades. usual aparecer no fim de uma unidade, num manual,

  • 11

    uma auto-avaliao para os alunos realizarem, de modo a terem uma concepo das suas

    aprendizagens, do que conseguem ou no aplicar (de acordo com o tema), colocando-os

    no centro do processo de ensino-aprendizagem. Esta abordagem est direccionada para

    a motivao dos alunos para a aprendizagem de uma lngua estrangeira que se

    desenvolve por razes de gosto intrnseco por essa lngua, bem como pela utilidade que

    a mesma oferece em situaes comunicativas.

    O contributo deste mtodo para o ensino actual coloca o aprendente numa

    posio autnoma de utilizao de estratgias necessrias para a realizao das tarefas

    propostas. O professor orienta e guia o aluno, proporcionando-lhe actividades em aula

    que fomentem a participao activa dos aprendentes na resoluo das mesmas. A

    tomada de conscincia, por parte dos alunos, das aprendizagens adquiridas, bem como

    da sua aplicao em situaes comunicativas, simuladas em aula, so corolrio deste

    mtodo e revestem-se como uma mais-valia para elevar os nveis de motivao

    intrnseca dos alunos.

    4. Tipos de Aprendentes

    O professor deve ter em conta que existem diferentes tipos de aprendentes e no

    um tipo de aprendente e que, como tal, deve fazer uma adequao das actividades e

    materiais de acordo com os mesmos. importante que a planificao do professor

    contemple uma diversidade de materiais, de modo a proporcionar o desenvolvimento de

    todas as capacidades e competncias, indo de encontro aos vrios perfis de aprendentes.

    4.1 Aprendentes visuais

    H aprendentes que realizam as suas aprendizagens com maior eficcia a partir

    do recurso a elementos visuais, tais como cartes, imagens, livros, entre outros, que so

    apreendidos visualmente. So aprendentes que, dadas as suas caractersticas, necessitam

    igualmente de analisar a linguagem corporal e a expresso facial do professor para

    compreender significados. Estes so designados de aprendentes visuais. O professor

    deve recorrer a materiais que apelem viso, tais como filmes, imagens, textos,

    apresentaes de computador, etc, com o fim de levar aprendizagem e assimilao de

  • 12

    conhecimentos atravs da captao pelo olhar. As capacidades mais desenvolvidas so a

    leitura e a escrita, sendo que a auditiva e oral no so to valorizadas pelo aprendente

    visual. O visionamento de materiais diversos, assim como a leitura de textos, permite a

    obteno de aprendizagens que o aprendente articula, preferencialmente, atravs da

    escrita.

    Com o objectivo de motivar estes tipos de aprendentes, o professor deve fazer

    uso de materiais visuais e textuais, procurando diversific-los, de modo a apelar ao

    interesse dos alunos e a transmitir conhecimentos, contribuindo para a sua motivao

    intrnseca.

    4.2 Aprendentes auditivos

    Os aprendentes auditivos realizam as suas aprendizagens preferencialmente

    atravs da audio. A informao captada pelo ouvido, com recurso a meios udios e a

    outros, que permitam o contacto com a linguagem verbal e a sua recepo acustica,

    apangio deste tipo de aprendente. A assimilao e articulao da informao so

    melhor conseguidas quando no h recurso a imagens ou outro suporte visual. O

    aprendente auditivo dirige a sua ateno para o som das palavras e a forma como so

    pronunciadas. O material visual, quando acompanhado do auditivo, pode servir como

    entrave informao recebida. A repetio e memorizao dos contedos apreendidos

    so tcnicas desenvolvidas por este tipo de aprendente. O professor deve fazer uso de

    materiais udio que desenvolvam a sua capacidade auditiva. O recurso a gravaes de

    situaes quotidianas na lngua estrangeira, de msica e rimas temticas e de outro

    gnero de suporte acstico apelam ao sentido da audio, contribuindo para o

    desenvolvimento desta capacidade. A motivao intrnseca/integrativa, bem como

    extrnseca/instrumental, deste tipo de aprendente, passa pela criao de actividades que

    envolvam a captao de informao acusticamente, quer atravs de jogos de

    memorizao, quer pela percepo sonora desenvolvida em aula: tom e ritmo da voz do

    professor e colegas, uso de materiais udio diversos, entre outros. A realizao de

    trabalho em grupo permite a interaco entre aprendentes e, desta forma, o

    desenvolvimento das competncias comunicativas dos mesmos. As capacidades

    auditiva e oral so as mais utilizadas, permitindo a troca de argumentos e a elaborao

  • 13

    de tarefas orais, estando os aprendentes no centro da interaco como os sujeitos das

    suas aprendizagens.

    4.3 Aprendentes hpticos

    Estes tipos de aprendentes so caracterizados por realizarem as suas

    aprendizagens de forma activa e prtica, recorrendo ao movimento corporal e tctil. A

    designao de Learning by doing3 pode-lhes ser associada, uma vez que estes

    aprendentes apreendem melhor com a realizao de tarefas em que eles so os sujeitos

    das suas experincias, aprendendo com as mesmas. O professor deve elaborar

    actividades que tomem o aprendente como o principal interveniente na realizao das

    tarefas propostas. Estas pressupem movimento corporal e a participao activa dos

    aprendentes. O recurso a jogos, simulaes e roleplay so exemplos de actividades que

    devem constar da planificao do professor, na medida em que vo de encontro ao perfil

    destes aprendentes.

    O trabalho em pares e em grupo uma forma social privilegiada, na medida em

    que permite a interaco entre aprendentes e a realizao de tarefas autonomamente. O

    professor supervisiona, procurando o envolvimento dos alunos na execuo das tarefas

    propostas para que sejam eles os sujeitos das suas aprendizagens.

    5. Enquadramento formal das aulas de alemo de acordo com documentos oficiais

    As aulas de alemo ministradas, como a abordagem prtica deste relatrio

    cientfico poder constatar, encontram-se enquadradas nos preceitos tericos de dois

    documentos que consultei aquando da planificao de aulas: a) o Programa de Alemo

    do Ensino Bsico e b) o Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas. A sua

    leitura foi uma constante durante este Mestrado em Ensino, servindo como referncias

    no presente e futuro da minha prtica profissional.

    3 John Dewey (1859-1952), filsofo americano com estudos desenvolvidos na rea da Educao,

    desenvolveu o conceito didctico de Learning by doing e fez meno ao mesmo em algumas obras

    literrias que escreveu. O seu contributo para estudos sobre a Educao, partindo do princpio que o

    aprendente deve ter um papel activo nas suas aprendizagens, foi notvel.

  • 14

    5.1 Enquadramento formal segundo o Programa de Alemo do Ensino Bsico

    A unidade temtica escolhida enquadra-se num domnio de referncia/rea

    temtica, procurando desenvolver intenes comunicativas e funes da linguagem que

    o aprendente assimila e aplica de acordo com o contexto temtico. Os contedos

    gramaticais, lexicais e fonticos aprendidos encontram-se de forma contextualizada e a

    planificao de unidade curricular est, por sua vez, inserida numa rea temtica.

    Os objectivos referidos no Programa, constantes da planificao temtica e dos

    planos de aula, vo ao encontro do desenvolvimento das competncias dos alunos. Dos

    objectivos gerais so formulados objectivos mais especficos que visam fomentar as

    capacidades de compreenso e produo escrita e oral.

    Os contedos seleccionados no mbito da rea temtica tomam em considerao

    a realidade vivencial dos alunos, os seus interesses e expectativas, de modo a

    proporcionar-lhes as estratgias fundamentais para expressarem, em lngua estrangeira,

    as intenes comunicativas adequadas. A seleco das reas temticas e dos contedos a

    privilegiar tm como princpio motivar os alunos, contribuindo para um alargamento

    gradual do horizonte do jovem e uma abertura progressiva do eu para o mundo

    exterior.4 A presena do eu, do outro e da realidade social o princpio que

    orienta a seleco das reas temticas, bem como das intenes comunicativas. Os

    aprendentes, de acordo com os contextos temticos, aprendem a utilizar estratgias

    comunicativas com o intuito de realizar enunciados. medida que adquire novos

    conhecimentos lingusticos (a nvel de gramtica e lxico), o aluno assimila outras

    estratgias que lhe permitem comunicar mais eficazmente.

    objectivo do Programa de Alemo contribuir para o desenvolvimento das

    competncias comunicativas e socioculturais dos alunos, de modo a sensibiliz-los para

    a lngua e cultura estrangeiras e a consciencializ-los para as diferenas e semelhanas

    culturais. Os textos, alm de fornecerem as componentes lexicais e gramaticais, so

    igualmente veiculadores de Landekunde. Estes devem ir ao encontro do ano e nvel dos

    alunos para que se constituam como elementos motivadores, possibilitando o

    desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita dos aprendentes.

    Os contedos gramaticais so aprendidos de forma contextualizada e devem

    servir as intenes comunicativas dos aprendentes. Nos trs primeiros anos de

    4 c.f.: pgina 13 do Programa de Alemo do Ensino Bsico.

  • 15

    aprendizagem, os elementos gramaticais seleccionados fazem parte de uma gramtica

    bsica, em que a capacidade receptiva mais desenvolvida que a produtiva. Mesmo

    perante estruturas gramaticais que o aprendente desconhece, este desenvolve a

    capacidade de inferir sentidos pelo contexto, de forma a compreender enunciados

    textuais de uma forma global, de acordo com o nvel de dificuldade.

    A escolha do lxico no arbitrria e deve ter em conta a rea temtica e as

    intenes comunicativas adequadas. A riqueza vocabular permite aos alunos fazer uso

    de estratgias que sirvam os propsitos estabelecidos. A aquisio de vocabulrio activo

    por parte do aprendente vai ao encontro das suas necessidades especficas e dos actos

    comunicativos que quer elaborar. O lxico pode variar de aprendente para aprendente,

    na medida em que, na realizao de tarefas individualizadas, de descrio ou

    correspondncia, a escolha lexical tem em conta as caractersticas pessoais de cada

    aprendente.

    A pronncia e a ortografia de enunciados textuais so mbitos contemplados

    pelo Programa, uma vez que a comunicao numa lngua estrangeira pressupe a

    entoao e ritmo correctos e, como tal, o aprendente deve realizar actividades de prtica

    de lngua falada, de modo a desenvolver as suas capacidades de compreenso e

    produo oral. O aprendente deve igualmente realizar exerccios de escrita, de modo a

    fomentar a capacidade de escrita e a adquirir estratgias que lhe possibilitem comunicar

    de forma clara e correcta.

    O uso da lngua estrangeira em sala de aula deve ser frequente e, como tal, o

    aluno deve habituar-se sua presena para que consiga desenvolver as suas

    competncias. O professor deve utilizar materiais diversificados de modo a elaborar

    actividades que permitam o desenvolvimento de todas as capacidades dos aprendentes.

    Conseguir comunicar na lngua estrangeira um processo que envolve professor e

    aluno, em que aquele tem o papel de orientar e fornecer os meios didcticos que

    possibilitam a realizao de tarefas e o desenvolvimento do sentido de autonomia do

    aprendente.

  • 16

    5.2 Enquadramento formal segundo o Quadro Europeu Comum de Referncia

    Este documento ministerial apresenta-se como um conjunto de preceitos tericos

    que descreve o que os aprendentes devem aprender de uma lngua estrangeira para

    serem capazes de comunicar, bem como os conhecimentos e capacidades que devem

    fomentar para conseguirem uma comunicao eficiente.

    Os objectivos do Quadro Europeu inserem-se nos propsitos de aprendizagem

    de lnguas estrangeiras como condio indispensvel para uma maior mobilidade nos

    pases-membros, possibilitando a troca de experincias, de culturas e o enriquecimento

    lingustico, cultural e intelectual dos aprendentes.

    Tratanto-se de um documento vasto e exaustivo, farei meno a alguns

    momentos que considero importantes para este relatrio cientfico e que serviram de

    base para as aulas de alemo ministradas. De acordo com os nveis comuns de

    referncia, o nvel de alemo ministrado A1. Este nvel descrito como o nvel de

    iniciao, que coloca o aprendente numa posio de uso da lngua de uma forma

    simples e bsica. Aquele capaz de interagir com recurso a enunciados elementares, dar

    respostas sobre si e sobre os outros, apresentar-se a si e aos seus colegas, fazendo uso de

    estruturas lexicais e gramaticais de reduzida complexidade, que se apresentam como

    fixas e especficas para os actos comunicativos que quer transmitir.

    O uso da lngua pelo aprendente vai ao encontro da abordagem orientada para a

    aco. O aprendente considerado como um actor social5 que realiza as tarefas

    propostas de acordo com as situaes comunicativas definidas em contextos especficos.

    As tarefas so concebidas como as aces que os aprendentes concretizam e para as

    quais so usadas competncias que os mesmos utilizam estrategicamente com o fim de

    alcanar objectivos.

    A abordagem orientada para a aco referida no Quadro Europeu toma em

    considerao os aspectos cognitivos e afectivos. Nestes ltimos insere-se o factor da

    motivao, bem como as capacidades que o aprendente pe em prtica como actor

    social.6 Este faz uso de estratgias com o intuito de realizar actos comunicativos: As

    estratgias so consideradas como uma charneira entre os recursos do aprendente

    (competncias) e o que ele capaz de fazer com eles (actividades comunicativas).

    5 Expresso referida no Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas. (QECR 2001, 29).

    6 Como se pode ler no QECR. (QECR 2001, 29).

  • 17

    (QECR 2001, 51). Com o intuito de o aprendente elaborar uma avaliao das suas

    aprendizagens, comum fazer-se uso de descritores capaz de, sugeridos em

    algumas estratgias utilizadas pelos aprendentes na prtica de actividades

    comunicativas.

    Na aprendizagem e aquisio de uma nova lngua, o aprendente desenvolve a

    interculturalidade, contribuindo para o desenvolvimento das suas competncias

    lingusticas e culturais, assim como de capacidades que lhe permitem uma realizao e

    consciencializao interculturais. Ao aprendente -lhe dada a possibilidade de abrir os

    seus horizontes e de contactar com uma realidade e experincias diferentes, o que se

    constitui como razo de motivao e de enriquecimento pessoal.

    Os contextos de uso de lngua estrangeira apresentam-se como especficos e em

    conformidade com as situaes comunicativas propostas. Dependendo dos domnios

    ou reas de interesse7, o aprendente realiza as actividades propostas que lhe permitem

    desenvolver as suas competncias e capacidades. O factor motivao, assim como

    outros elementos volitivos, so tidos em conta, uma vez que funcionam como

    despoletadores de aco de acordo com as reas de interesse dos aprendentes. A

    participao nas actividades propostas constitui-se como uma oportunidade de

    desenvolvimento constante das capacidades e competncias dos aprendentes, sendo que

    o papel do professor de orientar os mesmos na resoluo das tarefas propostas, para

    que sejam estes os sujeitos das suas aprendizagens.

    A relao estabelecida entre professor e aprendente no processo ensino-

    aprendizagem estabelece duas posies distintas: por um lado, a posio do professor

    como aquele que se rege pelas linhas de orientao oficiais, que elabora elementos de

    avaliao e supervisiona as aces dos aprendentes e o seu progresso na aquisio de

    capacidades de aprendizagem; por outro lado, os aprendentes, concebidos como os

    intervenientes na realizao das tarefas, constituem-se como os sujeitos das suas

    aprendizagens, na medida em que fazem uso de competncias e estratgias, de modo a

    participarem eficazmente nas actividades propostas. A atitude pr-activa considerada

    como aquela que coloca o aprendente no centro dos acontecimentos comunicativos,

    levando-o a agir e a aplicar as suas estratgias.

    O desenvolvimento do princpio de autonomia um pilar no qual assentam as

    aprendizagens dos aprendentes. Ao tomar conscincia das estratgias e competncias

    7 Domnios ou reas de interesse so conceitos referidos no QECR. (QECR 2001, 75).

  • 18

    necessrias para a realizao de uma determinada actividade, os aprendentes

    apercebem-se do grau de dificuldade e do que precisam aplicar para conseguirem

    concretizar as tarefas propostas. A aprendizagem autnoma confere ao aprendente a

    posio de se auto-avaliar, de reflectir sobre o que capaz ou no de fazer, colocando-o

    na posio de decidir sobre o seu percurso futuro, com o intuito de melhorar as suas

    capacidades, o que lhe permitir comunicar de forma eficiente. A aprendizagem de uma

    lngua estrangeira um processo contnuo, para o qual o aprendente se deve sentir

    motivado, tendo o professor funes determinantes, que contribuem para elevar as

    caractersticas volitivas do aprendente.

  • 19

    B Abordagem Prtica

    1. Descrio do estabelecimento de ensino

    O Instituto de Odivelas foi fundado pelo infante D. Afonso, Duque do Porto, a

    14 de Janeiro de 1900, tendo ento o nome de Instituto D. Afonso, em homenagem ao

    infante. Aquando da inaugurao do Instituto, ingressaram as primeiras dezassete

    alunas, filhas de oficiais. Esta escola foi uma iniciativa das Foras Armadas que

    queriam proporcionar s filhas de oficiais, cujos pais tivessem morrido em combate ou

    por doena, uma educao condigna e completa. Este estabelecimento de ensino teve

    como inspirao as Escolas da Legio de Honra, em Frana, fundadas em 1806, que

    tinham objectivos semelhantes. O Instituto de Odivelas teve a designao de Instituto

    Torre e Espada, em 1910, antes de ter o nome pelo qual agora conhecido, que veio a

    acontecer em 1942. Tratando-se de um antigo mosteiro, o Mosteiro de S. Dinis, fundado

    pelo rei D. Dinis no sculo XIII, esta escola foi submetida a obras de modo a

    contemplar o espao escolar, mantendo o seu patrimnio arquitectnico. As obras a que

    foi submetido nos anos 40 criaram um conjunto de edificaes, articuladas entre si, que

    permitiram uma integrao harmoniosa entre o passado e o presente, tendo em conta a

    funcionalidade do espao. O Instituto de Odivelas um estabelecimento de ensino

    dependente do Estado-Maior do Exrcito que tem por fim a educao de filhas de

    militares, de elementos da Guarda Nacional Republicana, da Polcia de Segurana

    Pblica, de pessoal militarizado e de civis.

    O Instituto funciona em regime de internato e externato e tem por fim a

    formao moral, intelectual e fsica das alunas, bem como o desenvolvimento do

    esprito de disciplina e a noo de responsabilidade. sua misso, e passo a citar:

    Fomentar a educao moral e cvica que visa desenvolver nas alunas o sentido do

    dever e da honra e os atributos de carcter, em especial a integridade moral, o esprito

    de disciplina e a noo de responsabilidade e ministrar slida formao humanstica e

    cientfica por forma a desenvolver nas alunas as competncias indispensveis para o

    ingresso no ensino superior e nos cursos de formao dos quadros permanentes das

  • 20

    Foras Armadas8.

    Este estabelecimento de ensino tem como preceitos observar se os cursos

    ministrados seguem as competncias essenciais e as orientaes programticas e

    metodolgicas prescritas pelo Ministrio da Educao; prestar formao humanstica e

    tcnica de modo a fornecer s alunas instruo, conhecimentos e cultura, sine qua non

    ao ingresso no ensino superior e nos cursos de formao dos quadros permanentes das

    foras armadas; integralizar alunas oriundas de pases africanos de lngua oficial

    portuguesa nos cursos disponibilizados ao abrigo de acordos de cooperao

    internacionais.

    O Instituto de Odivelas ministra o 2 ciclo do Ensino Bsico (5 e 6 anos de

    escolaridade), 3 ciclo de Ensino Bsico (7, 8 e 9 anos de escolaridade) e o Ensino

    Secundrio (10, 11 e 12 anos dos Cursos Cientfico-Humansticos de Cincias e

    Tecnologias, de Cincias Socioeconmicas, de Lnguas e Humanidades, de Cincias

    Sociais e Humanas e de Artes Visuais). Os cursos ministrados seguem as competncias

    e os contedos programticos estabelecidos pelo Ministrio da Educao. So

    igualmente disciplinas curriculares as seguintes: Sade, Higiene, Puericultura,

    Informtica, Drama Educativo e Atelier. Nesta escola, obrigatria a frequncia da

    disciplina de Educao Moral e Religiosa Catlica, bem como a assistncia a todos os

    actos litrgicos que envolvam a comunidade escolar. Tem igualmente disponveis

    actividades extracurriculares, nas quais se destacam: Instruo Militar, Ginstica

    Rtmica, Esgrima, Equitao, Teatro, Natao, Msica e Instrumentos, Francs Prtico,

    Ingls Prtico, Alemo, Espanhol e Clubes.

    O Instituto composto por trinta e nove salas de aula, sendo que vinte e duas so

    salas especficas destinadas, prioritariamente, s respectivas disciplinas. Estas salas

    mantm as suas carteiras do passado que remontam aos anos 40/50. Existem duas salas

    de Informtica; duas salas de Lnguas; trs salas de Educao Visual; duas salas de

    Tecnologias; uma sala de Educao Tecnolgica; duas salas de Teatro; uma sala de

    Educao Musical; um laboratrio de Qumica; um laboratrio de Fsica; um laboratrio

    de Cincias Naturais; uma sala de Matemtica; uma sala de Geografia; uma sala de

    Histria; uma sala de Catequese e uma sala de Esgrima. As salas de informtica esto

    equipadas com material informtico instalado e acesso internet. A escola dispe de

    salo nobre, onde so recebidos dignitrios e onde se realiza o baile de finalistas; sala de

    8 Texto disponvel na pgina da internet do Instituto de Odivelas: http://institutodivelas.com/io-

    overview.html

  • 21

    recepo aos encarregados de educao; sala de conselhos; gabinetes da direco; sala

    de coordenadoras de ciclo; sala de professores; salas de recreio das alunas; gabinete de

    apoio psicolgico; gabinete de assistncia religiosa; secretaria escolar; secretaria de

    pessoal; seco logstica; tesouraria; gabinete de internato; posto mdico; museu;

    biblioteca; reprografia; bar; cozinha; copa; dois refeitrios; seco de lavandaria; seco

    de rouparia e guarda-roupa. Os alojamentos das alunas so constitudos por oito

    camaratas; vinte quartos para as alunas finalistas e dezanove quartos para as alunas do

    lar e monitoras.

    A parte histrica do Instituto constituda pela igreja, claustros, a cozinha do

    mosteiro e o antigo refeitrio das monjas considerada um monumento nacional e est

    aberta ao pblico, podendo ser visitada em horrio definido. tambm um espao

    aproveitado pelas alunas nos seus tempos de lazer.

    O Instituto de Odivelas dispe de espaos exteriores, que funcionam como

    recreio, e de uma quinta equipada com uma piscina coberta onde decorrem as aulas de

    natao (no mbito da disciplina de Educao Fsica) e as actividades extracurriculares

    de natao de aprendizagem e natao avanada; dois campos de tnis exteriores; um

    campo de jogos que utilizado como espao de aula e como zona recreativa durante os

    intervalos e de uma creche onde decorrem as aulas de puericultura.

    Relativamente sua estrutura e organizao directiva e pedaggica, o Instituto

    constitudo por rgos de gesto, sendo as suas partes integrantes o Conselho Escolar e

    o Conselho Pedaggico. O primeiro formado pela Directora (Presidente),

    Subdirectora, Adjunta da Direco, professores em exerccio no Instituto

    (Coordenadores de Departamentos, os Representantes de Disciplina e os Directores de

    Turma), Mdica, Psicloga, Coordenadora do Internato, Comandante do Corpo de

    Alunas e Capelo. O Conselho Escolar tem como competncias fazer um balano do

    ano lectivo anterior, preparar o incio de cada ano escolar e delinear projectos futuros

    para o Instituto (entre outras). Este Conselho rene em incio e final de ano lectivo e

    sempre que a Directora considerar pertinente.

    O Conselho Pedaggico composto pela Directora, Subdirectora, Adjunta da

    Direco, Assessores do Servio Escolar, Coordenador do Ensino Secundrio,

    Coordenador do 3 Ciclo do Ensino Bsico, Coordenador do 2 Ciclo do Ensino Bsico,

    Coordenadores de Departamento, Psicloga, Coordenadora de Internato e Comandante

    do Corpo de Alunas. O Conselho Pedaggico o rgo de coordenao, superviso

    pedaggica e orientao educativa do Instituto, que gere as componentes pedaggicas e

  • 22

    didcticas, na orientao e acompanhamento das alunas e na formao contnua do

    pessoal docente e no docente. Este Conselho tem como competncias: coadjuvar a

    Directora na orientao pedaggica no Instituto; aprovar o Projecto Educativo, o

    Regulamento Interno e o Plano Anual de Actividades e definir critrios de informao e

    orientao escolar, bem como de acompanhamento pedaggico e de avaliao das

    alunas. O Conselho Pedaggico rene uma vez por perodo lectivo e sempre que seja

    convocado pela Directora.

    O Instituto dispe de sessenta e nove professores, dos quais trinta e cinco

    pertencem ao Quadro de Pessoal de Civis do Exrcito e os restantes so requisitados do

    Ministrio da Educao. Frequentam na escola entre duzentas e cinquenta a trezentas

    alunas distribudas pelos 2 e 3 ciclos do Ensino Bsico e Ensino Secundrio.

    Os intercmbios que a escola mantm com as Escolas da Legio de Honra em

    Frana so de realar, na medida em que esta troca de experincias e conhecimentos

    entre o Instituto e as suas congneres francesas existe desde 1977.

    Por fim, h a referir o desenvolvimento do Projecto Educativo do Instituto de

    Odivelas que tem a durao de trs anos, de 2009 a 2012, e que visa atingir objectivos

    propostos que passam pela optimizao dos espaos escolares e dos

    materiais/equipamentos disponveis; melhorar a biblioteca, bem como as salas de

    informtica; manter a boa relao entre pessoal docente, no docente e alunas;

    promover o desenvolvimento harmonioso da personalidade das alunas, assim como uma

    conscincia crtica, autnoma e responsvel que as prepare para as exigncias da

    vivncia comunitria. O Instituto pauta-se por valores ticos e morais, colocando a

    educao e a formao das suas alunas como prioridade. igualmente de salientar a

    ligao estreita entre esta escola e os encarregados de educao em prol da formao

    plena das alunas, contribuindo para que continue a ser merecedor de posies

    privilegiadas obtidas nos rankings nacionais, no que concerne aos exames nacionais do

    Ensino Secundrio.

  • 23

    2. Descrio da turma

    A turma de alemo extracurricular do Instituto de Odivelas constituda por dez

    alunas dos 2 e 3 ciclos do Ensino Bsico: uma aluna do 6 ano, duas do 7ano, duas do

    8ano e cinco do 9ano. uma turma mista, no sentido em que h alunas de nveis

    diferentes e que se juntam quarta-feira, das 15.30 s 17.00, para ter aula de alemo.

    No incio do ano lectivo, havia muitas alunas inscritas para frequentar esta aula,

    chegando mesmo a terem participado na mesma, mas dado que se encontravam inscritas

    numa outra actividade, e como no podem frequentar duas actividades de noventa

    minutos, deixaram de poder frequentar a aula de alemo. Como esta aula consiste numa

    actividade extracurricular, as alunas s podem frequentar um bloco (90 minutos) e meio

    (45 minutos) de actividades extracurriculares por semana. No podiam estar inscritas

    em duas actividades ao mesmo tempo. O grupo de dez alunas fixo que frequenta as

    aulas de alemo, como no estava inscrito em qualquer actividade, pde continuar a

    frequentar as mesmas. No Regulamento Interno do Instituto de Odivelas, possvel de ser

    consultado na sua pgina da internet9, h uma seco destinada s actividades

    extracurriculares, na qual se pode ler: Cada aluna poder usufruir no mximo de um

    bloco e meio semanal de actividades. (Regulamento Interno do Instituto de Odivelas

    2010-2011, 36). A inscrio na actividade extracurricular facultativa e aps a sua

    inscrio, a sua frequncia obrigatria, no se podendo trocar uma actividade por

    outra no decurso do ano lectivo (condio tambm referida no Regulamento Interno

    citado).

    As alunas que frequentam a aula de alemo, quando interrogadas sobre as razes

    que as levaram a inscrever-se, referiram o seguinte: a residncia de amigos e familiares

    na Alemanha; a importncia em aprender lnguas estrangeiras e a aprendizagem da

    lngua alem se revelar uma mais-valia para o futuro; a curiosidade em aprender uma

    lngua nova e o gosto por bandas actuais alems, como os Tokio Hotel. Houve inclusive

    uma aluna que me entregou por escrito um pequeno texto, que tentou escrever em

    alemo, no qual apontou razes que passam pelo seu interesse por esta lngua e cultura e

    a possibilidade em poder comunicar com familiares e amigos residentes na Alemanha.

    As alunas tiveram o consentimento dos pais, ou do encarregado de educao, para a

    9 http://institutodivelas.com/io-overview.html

    http://institutodivelas.com/io-overview.html
  • 24

    inscrio nestas aulas, sendo que os mesmos consideram a lngua alem importante e

    uma vantagem para os seus educandos que deviam aproveitar, dada a oportunidade em

    frequentar esta actividade extracurricular10

    . Sendo uma turma reduzida, mas motivada

    para a aprendizagem da lngua alem, a sua participao e interesse nas diversas

    actividades foi uma constante. Quando comecei por observar a turma no dia 10 de

    Novembro de 2010, em que a Professora Cooperante tinha preparado uma actividade de

    Landeskunde, a elaborao de Laternen alusivas a Sankt Martin, foi notrio o empenho

    da turma na sua realizao. Assisti posteriormente aula de 24 de Novembro, no tendo

    sido possvel observar a aula de 17 de Novembro, devido participao das alunas no

    corta-mato escolar. Por ser uma turma extracurricular, e por o nmero de alunas no ter

    estado definido, aquando das minhas observaes, a Professora Cooperante procedeu

    verificao do nmero definitivo de alunas que queriam efectivamente frequentar as

    aulas, de modo a evitar problemas com a assiduidade11

    . Estes problemas poderiam

    prejudicar as alunas e o ritmo das suas aprendizagens. Para que o nmero de alunas

    ficasse fixo e que a turma se constitusse de vez, foi necessrio falar com as mesmas

    nesse sentido para que no houvesse, quer a ausncia de alunas que j estavam inscritas,

    quer a comparncia de alunas que no se tinham inscrito, mas que queriam frequentar as

    aulas. Estas questes foram resolvidas e, depois de algumas incertezas quanto ao

    nmero de alunas inscritas, o nmero real e definitivo perfez dez. Estas, de um modo

    geral, apresentam resultados negativos ou pouco satisfatrios nas disciplinas

    curriculares. Em conversa com a Directora de Turma das cinco alunas do 9 ano, que

    correspondem a metade da turma, foi-me informado que os resultados, sobretudo de

    trs, so muito fracos. So alunas desmotivadas para as suas disciplinas curriculares,

    mas que consideram a frequncia nas aulas de alemo factor de motivao e empenho.

    Uma destas alunas, neste ano lectivo, teve de ser penalizada, uma vez que teve atitudes

    incorrectas no refeitrio da escola. A sua penalizao passou por deixar de frequentar as

    aulas de alemo, durante uma semana, alm da implementao de outras medidas

    correctivas. Em situaes de m conduta, por parte das alunas, o Regulamento Interno

    deste estabelecimento, explicita, como medida correctiva, o condicionamento da

    frequncia das actividades extracurriculares, nas quais se incluem as aulas de alemo.

    10

    A professora cooperante refere o seguinte: Die Deutsch AG wurde sehr spt erffnet, weil

    einige Eltern dannach verlangten und darauf bestanden, weil es ihnen versprochen wurde bei der

    Anmeldung. Die AG habe ich eigentlich den Eltern zu verdanken, die sich durchgesetzt haben. 11

    A assiduidade nas actividades extracurriculares referida no Regulamento Interno do Instituto de

    Odivelas, implicando que a no comparncia nas mesmas, levar excluso das alunas das actividades

    assim que atinjam o total de trs faltas injustificadas.

  • 25

    A aluna do 6 ano e as duas do 7 ano, so boas alunas nas disciplinas

    curriculares e consideram a frequncia nas aulas de alemo um prolongamento de

    sucesso e de oportunidades de enriquecimento extra-disciplinar.

    Dado tratar-se de uma turma heterognea, em que frequentam alunas de anos de

    escolaridade diferentes, o seu elo de ligao reside no interesse pela aprendizagem desta

    lngua e a motivao acrescida pela participao na pea de teatro12

    . uma turma

    interessada pelas aprendizagens, que sempre participou nas actividades propostas e,

    muitas vezes, a entrega no era maior devido a contingncias a nvel interno da escola.

    A carga horria das disciplinas curriculares, o horrio de estudo que tinham de cumprir

    e a frequente participao em cerimnias representativas do Instituto, no lhes permitia

    dedicar mais tempo ao estudo do alemo. Por vezes, algumas alunas pediam autorizao

    Professora Cooperante para no frequentarem a aula, devido ao pouco tempo que

    tinham para a realizao dos trabalhos de casa e de outros trabalhos para as disciplinas

    curriculares.

    A pontualidade e assiduidade da turma so duas componentes a serem

    mencionadas: quanto primeira, algumas alunas chegavam mais tarde ou tinham de sair

    mais cedo, devido imposio de outras disciplinas ou mesmo dos professores; quanto

    segunda, as razes apontadas passam pelas mesmas da pontualidade, mas levavam a

    que as alunas no pudessem frequentar a aula. A no comparncia no significava que

    as alunas no quisessem estar presentes; ao invs, as alunas queriam ir s aulas de

    alemo, mas por imposies internas, de participao em cerimnias representativas do

    Instituto, como referi anteriormente ou de dever para com as disciplinas curriculares,

    tinham, por vezes, de faltar s aulas de alemo. De forma a colmatar esta situao e a

    conferir seriedade a estas aulas, as alunas foram alertadas quanto aos procedimentos da

    disciplina, que passavam, a curto prazo, pela preparao de uma pea de teatro, dado

    que a turma tinha concordado na inscrio no projecto Alemo em Cena desenvolvido

    pelo Instituto Goethe13

    . Aquando da preparao e elaborao da pea de teatro, a

    12

    A pea de teatro, a que fao referncia, insere-se no projecto pioneiro Alemo em Cena desenvolvido

    pelo Instituto Goethe. Em conversa com Marc Weber Paulino, assistente da direco do servio

    pedaggico deste instituto, foi-me transmitido que a participao numa pea de teatro em lngua alem

    vale mais que um ano de aprendizagem de uma escola. Achei interessante o que me disse e o quo

    importante o desenvolvimento de projectos como estes, proporcionando uma melhor aprendizagem da

    lngua alem em contextos comunicativos autnticos. A condio para a inscrio das turmas neste

    projecto era a produo prpria de uma pea de teatro. 13

    No folheto que me foi fornecido no Instituto Goethe, relativamente ao projecto Alemo em Cena

    (Deutsch auf der Bhne), possvel ler-se: Neste projecto, as peas de teatro so usadas como

    complemento motivador para a aula de lngua alem: os alunos desenvolvem as suas prprias peas de

    teatro desde a concepo at apresentao, aprendendo a lngua alem de forma criativa e ldica. O

  • 26

    assiduidade das alunas foi notvel. A sua entrega e empenho foram uma constante.

    Algumas alunas, que tinham comunicado com familiares ou amigos na Alemanha,

    referiram, em aula, a aprendizagem de uma palavra ou frase novas ou comentavam o

    que estavam a aprender para a pea de teatro.

    A descrio desta turma no segue o modelo de uma turma que aprende o

    alemo como disciplina curricular. Ambas no devem ser comparadas. A turma

    extracurricular foi possvel constituir-se devido ao interesse e motivao que a levou a

    frequentar esta aula livremente e no por imposio, sendo que o contributo dos pais das

    alunas foi decisivo para que a turma de alemo se formasse no Instituto de Odivelas.

    encontro com outros grupos de teatro de todo o pas tambm uma experincia inesquecvel para todos os

    alunos. (Folheto Alemo em Cena disponibilizado pelo Instituto Goethe).

  • 27

    3. Justificao do Plano de Unidade

    A escolha do plano de unidade apresentado reside no conhecimento que tive do

    mesmo, no primeiro semestre do Mestrado em Ensino, pela Professora Cooperante

    numa outra escola. A sua adopo, neste ano, possibilitou a elaborao da planificao

    temtica de acordo com noes do mbito da didctica com as quais j tinha trabalhado.

    Existem vrios tipos de planos de unidade, sendo que fica ao critrio do docente

    optar pelo que melhor rena os aspectos apresentados. Neste plano de unidade, so

    mencionadas componentes que permitem uma leitura completa das fases subjacentes s

    aulas. Tratando-se de um plano que segue uma estrutura diferente de outros planos de

    unidade que tive acesso atravs de partilha de informao com outras colegas durante

    este Mestrado em Ensino, no h uma regra restrita relativamente sua realizao. No

    entanto, h determinados critrios que devem ser contemplados:

    Fr all diese Planungshilfen gilt, dass die Gegebenheiten und

    Voraussetzungen der jeweiligen Unterrichtsgruppe bercksichtigen, das

    Lernziel klar zeigen und adquate Portionierung des Stoffes und

    adquates methodisches Vorgehen enthalten. Dabei sollten sie so

    einfach und bersichtlich wie mglich gestaltet sein, dass sie optisch

    rasche Information fr die einzelnen Schritte liefern. (Jung 2001, 254)

    Os critrios apresentados neste plano de unidade so: pressupostos

    (Vorraussetzungen); objectivos de aprendizagem (Lernziele); estratgias (Strategien),

    fazendo parte das mesmas as seguintes componentes: funes da linguagem

    (Sprachfunktionen); expresses (Redemittel); vocabulrio (Wortschatz- WS); actividades

    (Aktivitten); formas sociais (Sozialformen- SF); reas/ Capacidades

    (Bereiche/Fertigkeiten-B/F); materiais (Medien) e avaliao (Evaluation).

    Num ponto de vista formal, quando um professor faz uma plano de unidade

    detalhado, no necessita de elaborar planos de aula, uma vez que estes poderiam repetir

    as informaes constantes daquele. Nesta situao, no se justifica o uso de dois tipos

    de plano. O plano de unidade, composto por quatro pginas, apresenta os aspectos

    subjacentes ao decorrer das aulas de uma forma global. Refere as fases previstas e,

    como construdo anteriormente aos planos de aula, ter dados que podero no

  • 28

    aparecer nestes. Os mesmos podem ser alterados consoante o decurso das aulas. O plano

    de unidade oferece-se como uma orientao para o professor, uma forma de se organizar

    na estruturao de estratgias e objectivos a atingir tendo em conta a unidade temtica

    planificada.

    3.1 rea temtica

    O tema da unidade curricular a abordar neste relatrio cientfico assenta na rea

    temtica do aspecto fsico/maneira de ser. A escolha deste tema adveio da sequncia

    temtica de aulas, que observei, leccionadas pela Professora Cooperante. A sugesto foi

    feita por si, a qual aceitei de bom grado. Como ainda no tinha ministrado este tema, foi

    um desafio prepar-lo tendo em conta o objectivo final: preparar as alunas para a

    realizao da pea de teatro em lngua alem, proporcionando-lhes desenvolver

    simultaneamente o gosto e motivao por aprender esta lngua.

    Trata-se de uma rea temtica que agrada aos jovens e que vai ao encontro da

    realidade e experincia dos alunos, permitindo uma abertura de horizontes do eu, do

    eu e dos outros com o mundo exterior, como se pode ler na pgina 14 do Programa

    do Alemo do 3 ciclo do Ensino Bsico. Assim, de modo a que as alunas se

    conseguissem descrever, a si e colegas, proporcionando-lhes a aquisio de novas

    estruturas lingusticas relacionadas com as suas caractersticas fsicas e psicolgicas,

    considerei o tema interessante e enriquecedor, tendo em conta as intenes

    comunicativas a alcanar no final da unidade. As alunas j sabiam apresentar-se,

    dizendo o seu nome, a idade, a origem, a localidade, bem como apresentar uma colega;

    j sabiam como conjugar o verbo sein e alguns determinantes possessivos mein, dein,

    ihr e sein. Dados estes pressupostos, queria ensinar o vocabulrio referente descrio

    fsica para que conseguissem se descrever e as suas colegas. Ao tema aspecto

    fsico/maneira de ser, juntaram-se os subtemas das cores e do vesturio sugeridos pela

    Professora Cooperante, os quais aceitei com bastante interesse. De acordo com a rea

    temtica escolhida, fui orientada no sentido de ensinar o caso acusativo (Akkusativ)

    com os artigos indefinidos, o qual constituiu um grande desafio, uma vez que at ento

  • 29

    no o tinha ensinado. As estratgias utilizadas tentaram ir ao encontro da motivao das

    alunas, das suas expectativas relativamente lngua alem, do propsito de ensino, em

    termos morfossintcticos e textuais, de enunciados que pudessem utilizar no seu dia-a-

    dia com alguma fluncia e correco e que constitussem as deixas para a elaborao da

    pea de teatro.

    3.2 Pressupostos

    Para iniciar um novo tema, so elaborados pressupostos que os alunos devem ter

    previamente para que o professor consiga, de forma mais clara e compreensvel,

    introduzir a temtica que quer leccionar. Assim, quando o professor inicia um tema

    diferente importante que perceba se os alunos esto preparados para iniciar uma etapa

    que pressupe conhecimentos adquiridos anteriormente e que os facilite na aquisio de

    outros. H uma interdependncia e progresso nas aprendizagens, revelando-se, deste

    modo, bastante significativo planificar tendo em conta o que os alunos j sabem para

    que possam mais facilmente fazer novas assimilaes. igualmente importante reflectir

    sobre os aspectos cognitivos da turma com a qual se est a trabalhar, que a mesma tenha

    sido observada antes de ministrar as aulas para que se possa elaborar com mais acuidade

    os seus saberes prvios. No plano de unidade apresentado so os pressupostos que se

    estabelecem como primeira componente. Nesta parte so elaborados, em forma de

    tpicos, os conhecimentos prvios dos alunos que tm relevncia na aprendizagem do

    novo tema. de referir igualmente que a planificao da rea temtica deve contribuir

    para a sua motivao.

    Na unidade curricular Aussehen, foram formulados como pressupostos, saber

    apresentar-se; o uso do verbo sein no presente e dos determinantes possessivos mein,

    dein, ihr e sein. Para que as alunas conseguissem iniciar o novo tema era importante que

    tivessem estes conhecimentos prvios, de modo a que conseguissem mais facilmente

    fazer pequenos enunciados com o verbo sein, bem como elaborar uma pequena

    descrio fsica sua e de uma colega, usando os determinantes possessivos referidos.

    Em cada plano de aula, foram delineados os pressupostos para a aula seguinte. Estes so

  • 30

    mais especficos e detalhados, considerando-se o que as alunas aprenderam na aula

    anterior para que, na aula seguinte, conseguissem alcanar outros objectivos propostos.

    Pode acontecer que o professor tenha de repetir algum contedo j ensinado, de

    modo a que a turma consiga estar num nvel de conhecimentos semelhante que lhe

    permita reunir os pressupostos necessrios progresso das aprendizagens. O professor

    pode achar conveniente reservar para a primeira fase de aula uma reviso de matria j

    leccionada, devido a j ter passado algum tempo desde a ltima aula ou porque

    considera importante relembrar os alunos de aspectos j ensinados, centrando o ensino

    mais nos alunos, nos seus conhecimentos e dificuldades. A superao de dvidas

    constitui-se como um factor de motivao, na medida em que os alunos no perdem o

    interesse pelos contedos a leccionar, encarando-os como uma sequncia com sentido,

    contribuindo, deste modo, para uma evoluo linear de aprendizagens.

    3.3 Objectivos de aprendizagem

    Ein Lernziel ist die sprachlich artikulierte Vorstellung ber die durch

    Unterricht (oder andere Lehrveranstaltungen) zu bewirkende

    gewnschte Verhaltensdisposition eines Lernenden. (Meyer 1980,

    137)

    A denominao de Lernziele no plano de unidade coloca o aluno, neste caso, as

    alunas, numa situao central como sujeitos de aprendizagem, na medida em que os

    objectivos so formulados segundo a perspectiva do que esperado que as alunas

    consigam alcanar no final de cada aula (Unterrichtsziele). Os objectivos de aula foram

    formulados em cada plano de sesso como metas que o professor estabelece para as suas

    lies. Os objectivos de aprendizagem so referidos neste plano como os propsitos que

    as alunas devem alcanar no final da unidade. atravs dos objectivos das aulas e da

    sua concretizao que as alunas passam a dominar contedos que at ento lhes eram

    desconhecidos. luz desta definio, os objectivos de aprendizagem e de aula acabam

    por estar ligados, j que, quando os ltimos so cumpridos num determinado espao de

    tempo, vo interiorizando nas alunas novas capacidades e vo enriquecendo os seus

  • 31

    conhecimentos e as suas aprendizagens, coincidindo com os objectivos de

    aprendizagem.

    Deshalb hat sich bei allen terminologischen Bedenken, die auch ihren

    Ausdruck fanden in solchen Begriffsvarianten wie Unterrichtsziele

    oder Stundenziele, die Bezeichnung Lernziele fr das, was im

    Unterricht erreicht werden soll, durchgesetzt. (Gies 2004, 88)

    Na formulao dos objectivos de aprendizagem, coloca-se o aprendente no

    centro das aprendizagens, sendo que o professor orienta-o de modo a que consiga

    alcanar os objectivos propostos. condio para a realizao da tarefa final ter-se

    alcanado todos os objectivos formulados que passam pela aprendizagem de

    vocabulrio e gramtica e a sua aplicao; a compreenso, a produo escrita e oral de

    enunciados frsicos e textuais, relacionando-os com o contexto do quotidiano. O elo de

    ligao estabelecido entre os contedos aprendidos e a realidade envolvente um dos

    preceitos importantes no ensino de uma lngua estrangeira, tal como vem referido no a)

    Programa do Alemo do 3 ciclo do Ensino Bsico (2001) e b) no Quadro Europeu

    Comum de Referncia para as Lnguas Estrangeiras (2001). A realizao da tarefa final

    evidencia as competncias fundamentais das alunas desenvolvidas durante a

    leccionao da unidade temtica. Para que o aprendente consiga chegar tarefa final,

    tem de passar por outras tarefas que lhe permita obter sucesso aquando da resoluo da

    tarefa final (Endaufgabe).

    No plano de unidade constitui-se como tarefa final a elaborao de dilogos

    improvisados, e de outras formas de roleplay, que vo ao encontro das competncias

    comunicativas das alunas, e, por consequente, da sua motivao, na medida em que

    aprendem a utilizar a lngua alem para dialogar e interagir entre si, podendo fazer-se

    uma transposio para a sua realidade vivencial. Com vista a alcanar a meta final, as

    alunas resolveram os exerccios e tarefas propostos14

    , cumprindo os objectivos

    estabelecidos.

    14

    Eine Aufgabe ist die individuelle oder partnerschaftliche Arbeit an einem vorgegebenen Thema,

    Problem usw., das eigenstndig und mit eigenen Lsungsverfahren und wegen zu bewltigen ist.

    Grundlagen fr die Lsung von Aufgaben schaffen im Unterricht die bungen. (...) Aufgaben im

    Anschluss an bungen im Unterricht knnen als Individual-, Partner- oder Gruppen- oder Hausarbeit

    gestellt werden zur Nachbereitung, Festigung und Anregung zur selbstndigen Ergnzung und

    Erweiterung oder auch zur Vorbereitung auf nachfolgende Unterrichtseinheiten. (Jung 2001, 15). Os

    exerccios fornecem, portanto, as bases necessrias para a realizao das tarefas.

  • 32

    Sendo uma turma extracurricular, em que no h imposio em aprender uma

    lngua estrangeira, faz sentido falar em objectivos de aprendizagem na perspectiva dos

    alunos: as metas a serem alcanadas por eles, com o professor, em pano de fundo, a

    gui-los no processo de ensino-aprendizagem: () im auerschulischen

    Fremdsprachenunterricht, wo Lernende teilweise aus eigenen Interessen Kurse

    auswhlen und besuchen, eher Lernziele ins Spiel kommen. (Krumm 2003, 116).

    Segundo Bausch (2003, 312), existem trs tipos de objectivos de aprendizagem:

    os objectivos afectivos (affetktiver Lernziele), objectivos cognitivos (kognitive

    Lernziele) e objectivos pragmticos (handlungsorientierte Lernziele). Os primeiros

    referem-se s emoes e atitudes dos aprendentes no que diz respeito tomada de

    conscincia da interculturalidade presente numa aula de alemo. As diferenas

    lingusticas e culturais podem levar empatia e interesse pelo que novo, podendo

    constituir-se como um elemento de motivao. Os aprendentes encontram-se ao nvel do

    saber ser, uma vez que se vo apercebendo da outra cultura, atravs de tarefas e

    formas de exerccios que lhes permitam obter essa percepo, mediante, por exemplo, a

    elaborao de associogramas livres ou a descrio de imagens que remetam para a

    interculturalidade.

    Os objectivos cognitivos encontram-se ao nvel do que esperado que o

    aprendente, no final da aula, ou no fim da unidade temtica, saiba, indo ao encontro do

    nvel saber saber. Os objectivos alcanados permitem desenvolver as competncias

    culturais e lingusticas que possibilitam aos aprendentes tomar conscincia dos seus

    conhecimentos e fazer uso das suas competncias comunicativas, constituindo-se como

    um factor de motivao. A elaborao de um associograma referente a um tema ou a

    elaborao de uma pesquisa com tpicos orientadores so formas de exerccios que

    pertencem ao domnio dos conhecimentos dos aprendentes. O cumprimento dos

    objectivos propostos permite a aplicao do saber numa determinada rea.

    Os objectivos pragmticos colocam o aprendente no domnio do que capaz de

    fazer no trmino da aula ou no final da unidade. Para que os objectivos sejam

    cumpridos, os alunos tm de conseguir resolver tarefas que passam por simulaes de

    situaes em que os aprendentes fazem uso de estruturas lingusticas que aprenderam. A

    possibilidade em simular permite obter um contacto intercultural e desenvolver as

    competncias comunicativas. As formas de exerccios privilegiadas so, entre outras, os

    dilogos, roleplay e correspondncia na turma via e-mail ou carta. O cumprimento de

  • 33

    objectivos pragmticos constitui-se como uma razo de motivao, na medida em que

    coloca o aprendente numa situao fictcia de uso da lngua, ajudando-o no futuro a

    conseguir comunicar num contexto real. Os objectivos de aprendizagem constantes do

    plano de unidade vo ao encontro das intenes comunicativas a serem desenvolvidas.

    As dimenses afectiva, cognitiva e pragmtica esto, de forma nivelada, presentes nos

    objectivos delineados. Ao tomar conscincia de uma nova lngua e cultura, ao adquirir

    conhecimentos que possibilitam ao aprendente fazer uso da lngua em situaes

    comunicativas, esto reunidos os trs tipos de objectivos para a aprendizagem da lngua

    alem e que contribuem para a sua motivao.

    3.4 Funes da Linguagem

    As funes da linguagem remetem para o que necessrio que o aprendente

    consiga fazer em termos lingusticos no final da unidade. Foram referidas as funes da

    linguagem durante a planificao da unidade para que se compreendesse o que era

    pretendido que as alunas conseguissem alcanar com a elaborao das tarefas propostas.

    No plano de unidade esto mencionadas as funes da linguagem referentes ao tema

    Aussehen: Eigenschaften zum Aussehen benennen; Eine Personenbeschreibung

    machen; Einen Dialog verstehen; aos subtemas das cores e vesturio: Die Farben

    nennen; Kleider u. Schmuck nennen; Die Adjektive lernen u. benutzen; Den Akkusativ

    benutzen; kleine Abschnitten schreiben und Rollenspiele improvisieren. Estas funes

    ajudam a orientar o professor, no momento da planificao, a antever o que pretendido

    que os alunos consigam fazer, em termos lingusticos, durante o processo de ensino-

    aprendizagem da unidade temtica. Funcionam como objectivos que os aprendentes tm

    de conseguir alcanar em termos lexicais e gramaticais, contribuindo para o

    desenvolvimento das suas capacidades e esto ligadas abordagem comunicativa e

    pragmtica do mtodo comunicativo: o aprendente o sujeito das suas aprendizagens,

    uma vez que aprende a fazer uso das funes da linguagem de acordo com os contextos

    envolventes.

    Gerhard Neuner faz referncia a duas orientaes presentes no mtodo

    comunicativo: a orientao pedaggica (Pdagogische Orientierung) e a orientao

  • 34

    pragmtica (Pragmatische Orientierung). (Neuner, Krger, Grewer 1981, 13). Ao nvel

    da primeira, referido o papel central do aprendente nas suas aprendizagens, fazendo

    uso das mesmas em situaes comunicativas (Fremdsprachengebrauchs)- orientao

    pragmtica. As duas orientaes mencionadas podem ser associadas com os princpios

    didcticos e metdicos (Diadaktische und methodische Prinzipien) referidos por

    Neuner, explicitando mais duas orientaes: Themenorientierung e

    Handlungsorientierung. (Neuner, Krger, Grewer 1981, 15). A primeira orientao

    remete para o aluno a posio de sujeito activo nas suas aprendizagens, aplicando as

    estruturas e funes da linguagem aprendidas nos diversos actos comunicativos. Na

    segunda orientao, so enumerados princpios e actividades que proporcionam ao

    aluno desenvolver as suas competncias comunicativas. Com o intuito de o aprendente

    conseguir fazer uso das funes da linguagem estabelecidas para a unidade temtica

    escolhida, tem de realizar exerccios e actividades que lhe possibilita a obteno das

    mesmas. Para que as alunas conseguissem usar o caso acusativo em situaes

    comunicativas, como por exemplo, dizer o que tem vestido ou mesmo referindo-se a

    uma colega, as alunas tiveram de aprender o vocabulrio referente ao vesturio para

    articular as estruturas bsicas, fazendo uso do verbo haben. Aqui a funo, a atitude

    perante a lngua, de aplicao verbal, tanto de vocabulrio como de aspectos

    gramaticais, que possibilitam a comunicao, num primeiro nvel, mais elementar. A

    descoberta da novidade, por parte das alunas, na utilizao do caso acusativo e a

    produo, quer oral quer escrita, de frases como, a ttulo de exemplo, Ich habe eine

    Rock, constituram-se motivos de interesse, j que as alunas conseguiram juntar sua

    descrio fsica, a referncia ao vesturio e acessrios, bem como puderam dirigir-se s

    colegas com o intuito de as descrever, fazendo uso do novo vocabulrio e gramtica

    aprendidos.

    Motivation wird auch von den Aufgaben und Impulsen ausgelst und

    nicht von den Themen und/oder Texten allein. () Das Verstehen und

    Anweden von Sprache sowie das handelnde Lernen im Deutschunterricht

    greifen auf das vorhandene Wissen und die Kentnisse der Schler zurck.

    Bei der Bearbeitung eines fremdsprachigen Textes oder Themas gehen

    die Schler von bekannten und vertrauten Aspekten der eigenen Kultur

    aus und erkunden anschlieend eigenverantwortlich das Unbekannte und Fremde in mglichst realen Kommunikationssituationen. (Wicke

    2004, 11-12)

  • 35

    3.5 Expresses (Redemittel)

    As expresses que os alunos devem conseguir enunciar relativamente ao tema da

    unidade curricular constituem-se como uma componente dentro das estratgias que o

    professor deve considerar ao planificar a unidade temtica. A lista de expresses que o

    professor coloca na planificao pode ou no ser realmente praticada em contexto de

    sala de aula. Ao fazer uso da lngua alem com frequncia, o professor d azo a que os

    alunos tentem comunicar na lngua estrangeira, conseguindo, desta forma, pr em

    prtica as expresses que tinha planeado, ou mesmo, em situao de aula, podem surgir

    outras que no tinha pensado antes. Quanto mais se falar em alemo, mais hipteses h

    de os aprendentes se familiarizarem com as expresses, contribuindo para a sua

    interiorizao. A linguagem de sala de aula, dita de rotina, um exemplo de expresses

    que devem fazer parte do dia-a-dia, pois o hbito de as usar promove a sua

    memorizao e utilizao imediata, quase de forma natural. O uso de expresses de

    cumprimento (Hallo, wie gehts dir? Guten Morgen; Tschs), bem como a utilizao do

    imperativo (Macht die Tr auf; Schlag das Buch auf) funcionam como uma forma de

    fomentar o uso da lngua alem, possibilitando a criao de hbitos no recurso da lngua

    estrangeira para situaes do quotidiano da sala de aula, o que contribui para elevar a

    motivao dos aprendentes. A planificao da unidade temtica Aussehen teve de ter em

    conta as expresses que as alunas deveriam aprender para conseguirem, no final,

    improvisar uma situao de interaco oral (comunicativa). No exemplo dado

    anteriormente, aquando da explicitao das funes da linguagem, referi que a

    utilizao do caso acusativo constitua o propsito comunicativo de as alunas

    conseguirem enunciar o que tinham vestido. Desta forma, ao planificar o subtema do

    vesturio, tive de ter em conta a gramtica a ser ensinada e as expresses que tinha em

    vista as alunas conseguirem utilizar. Ajuda, no acto de planificar, pensar no que as

    alunas devem ser capazes de dizer, ou seja, os actos comunicativos que devem proferir.

    Uma vez que estava a planificar uma unidade que tinha como tarefa final a elaborao

    de uma pea de teatro, considerei importante fazer um maior uso de expresses na

    oralidade, tendo tambm a preocupao de as alunas desenvolverem as outras

    capacidades. Tratando-se de um nvel inicial de aprendizagem e sendo a frequncia da

    aula de uma vez por semana, o uso da lngua materna pode acontecer com alguma

    regularidade, nomeadamente para explicao de aspectos gramaticais. Quando a

    inteno a de desenvolver uma pequena interaco oral, de pergunta-resposta, ou

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    mesmo de dilogo, as alunas devem usar a lngua alem para esse fim, o que poder

    contribuir para a sua motivao.

    3.6 Vocabulrio

    Neuer Wortschatz wird im Sprachunterricht im Kontext (Texte, Situationenen,

    Handlungen, thematische Zusammenhnge) eingefhrt und erschlossen. (Storch 1999,

    57).

    O professor deve fazer um levantamento do vocabulrio que quer ensinar e

    referi-lo no plano de unidade. importante ter em conta o nmero de vocbulos que

    quer introduzir numa aula. Ao planificar uma unidade temtica, o professor rene o

    lxico que considera ser importante de acordo com o tema escolhido. O nmero de

    vocbulos que se deve ensinar no deve exced