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O PAPEL DA MULHER NA HISTÓRIA DE ARAPOTI:
CONSTRUINDO MEMÓRIAS
Autora: Laura Aparecida Corrêa1
Orientadora: Drª Rosângela W. Zulian2
RESUMO
O principal objetivo deste estudo foi identificar o papel da mulher na História de Arapoti por meio da construção de memórias. Para tanto, fez-se uso de metodologias diversificadas, incluindo-se a pesquisa junto a mulheres da sociedade arapotiense, na qual os alunos participantes do projeto buscaram resgatar a memória feminina na construção da sociedade local. Constatou-se que o ensino de História por meio do resgate da memória feminina exige, primeiramente, que o profissional aceite um novo e grande desafio, que é aproximar-se de áreas que se expressem por intermédio de instrumento semântico próprio. Conclui-se assim que o papel da mulher em uma dada sociedade é assunto amplo, dotado de uma gama imensa de contextos a serem abordados, e são múltiplos os tipos de abordagens possíveis.
Palavras-chave: Mulher; Educação; História.
ABSTRACT
The main objective of this study was to identify the role of women in the history of Arapoti City through the construction of memories. To do so, it was used several methodologies, including the survey with women of the Arapoti City, in which students participating in the project sought to rescue the memory of women in the construction of local society. It was found that the teaching of history through restoring the feminine memory requires, first, that the professional accepts the new and big challenge, which is to get closer to the areas which express through own semantic instrument. It is concluded that the role of women in a society is a wide subject, endowed with a vast array of contexts to be addressed, and there are multiple types of approaches.
Keywords: Women, Education, History.1 Professora PDE - UEPG 2010; [email protected] Professora Adjunta do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa
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INTRODUÇÃO
Este artigo descreve os resultados da implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica, do Programa de Desenvolvimento Educacional, turma de
História de 2010 - O Papel da Mulher na História de Arapoti: Construindo Memórias
- desenvolvido pela SEED, em parceria com a Universidade de Ponta Grossa,
implementado junto aos alunos do 1º Ano do ensino Médio Diurno Colégio Estadual
João Paulo II - EFM- localizado na cidade de Arapoti, no Estado do Paraná.
De acordo com as Diretrizes Curriculares de História do Estado do Paraná,
(2008, p. 47), uma das finalidades da História é a busca da superação das carências
humanas, fundamentada por meio de um conhecimento constituído por
interpretações históricas, interpretações essas “que diagnosticam as necessidades
dos sujeitos históricos e propõem ações no presente e projetos de futuro”.
A escola é o local mais apropriado para dar continuidade ao processo
educacional do sujeito, no que se refere à formação integral dos educandos. Tem
como ponto primordial proporcionar informações possibilitando aos alunos a
construção do conhecimento científico, que será útil para o seu cotidiano, na sua
formação pessoal e profissional. É ela o lócus privilegiado para o exercício e
formação da cidadania, que se traduz, também no conhecimento e na valorização e
preservação da memória coletiva no que diz respeito às experiências vividas pelas
gerações passadas, incluindo nesse contexto a postura como indivíduo que é
detentor de valores culturais, morais, sociais e éticos e também atuantes da
sociedade contemporânea.
Diante do exposto, o presente projeto de intervenção justifica-se por trazer
uma proposta de discussão interdisciplinar sobre a integração, conhecimento e a
contextualização dos diferentes aspectos da mulher comum trabalhadora
arapotiense ao longo dos cinquenta e seis anos de criação do município.
Ao se trabalhar com a historiografia da mulher brasileira, surgem as
primeiras questões problematizadoras: Por que diante de tantas informações sobre a
mulher na atualidade através dos meios de comunicação, não há resultado positivo
e efetivo de nossos alunos, no que diz respeito ao conhecimento histórico? Na
formação da consciência histórica do ser no tempo, que fatos podem contribuir para
despertar nos alunos o interesse sobre o papel da representação da mulher dentro
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da sociedade? Qual perspectiva de dar condições para que o aluno possa participar
do processo do fazer, do construir a História, a captar e a valorizar a diversidades
dos pontos de vista? Levá-lo a ter intimidade com certo passado ou, com um
determinado presente. É inegável que se torna inseparável o significado da relação
teoria, ensino e pesquisa. São os embates da relação pedagógica com o saber
histórico. Nesse entendimento a entrevista surge como estratégia de ensino-
aprendizagem como recurso humano para a ação didática.
Ao pesquisar a história da mulher em Arapoti sob uma nova perspectiva,
com o uso de fonte orais e outros documentos, procuraremos mostrar a importância
da memória de uma comunidade para a construção de uma história coletiva. Com
isso espera-se que nosso aluno possa participar do processo de fazer, do construir a
história em que ele se insere.
O objetivo deste estudo é fazer com que os alunos reconheçam e valorizem
a mulher como sujeito que contribui na construção da história de sua comunidade,
de sua região e do país. E que a memória é um elemento constituinte do sentimento
de identidade tanto individual como coletiva.
O PAPEL DA MULHER NA HISTÓRIA DE ARAPOTI: CONSTRUINDO MEMÓRIAS
As Diretrizes Curriculares para o ensino de História (2008), propõem uma
prática pedagógica centrada nas relações humanas a partir das memórias,
experiências e história dos sujeitos não como uma verdade pronta e definitiva, mas
como uma constante análise e reconstrução no tempo e no espaço. Deve-se
também ensinar uma História que forme cidadãos, sujeitos ativos na sociedade, com
plena consciência histórica e social.
Para Thompson (in DCEs, 2008), a consciência histórica é uma condição da
existência do pensamento humano, pois sob esse aspecto os sujeitos se constituem,
a partir de suas relações sociais, em qualquer período e local do processo histórico,
ou seja, a consciência histórica é intrínseca à condição humana em sua diversidade.
Em outras palavras, as experiências históricas dos sujeitos se expressam em suas
consciências e permitem entender que a história estuda a vida de todos os homens
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e mulheres, com a preocupação de recuperar o sentido de experiências individuais e
coletivas.
Contudo, para formar cidadãos com plena consciência histórica, que
entendam e percebam a si próprios como sujeitos históricos, é necessário que se
incluam todas as pessoas como sujeitos históricos, que se faça também uma
reflexão sobre como historicamente essas subjetividades se constituíram.
Para Rüsen (2006, p.16), a aprendizagem histórica é uma das dimensões e
manifestações da consciência histórica. Está articulada ao modo como a experiência
do passado é vivenciada e interpretada de maneira a fornecer uma compreensão do
presente e a construir projetos de futuro. Para que aconteça a aprendizagem
histórica, torna-se imperativo que professores e alunos busquem a renovação dos
conteúdos, a construção de problematizações históricas, a apreensão de várias
histórias lidas a partir de diferentes sujeitos históricos, das histórias silenciadas,
histórias que não tiveram acesso à História. Busca-se, assim recuperar a vivência
pessoal e coletiva de alunos e professores e vê-los como integrantes da realidade
histórica, a qual deve ser analisada e retrabalhada, com a finalidade de transformá-
la em conhecimento histórico, em autoconhecimento, uma vez que, desta forma, os
sujeitos possam inserir-se a partir de um pertencimento, numa ordem de múltiplas
vivências e contrapostas na unidade e diversidade da realidade.
Assim, quando o assunto em evidência é central para a formação da
consciência histórica e da cidadania dos estudantes, então a busca e a abordagem
de um tema são justificadas. Entre esse tipo de tema está a história da mulher.
Percebemos assim a importância de intervir pedagogicamente junto aos alunos,
possibilitando a participação de maneira significativa na construção e reconstrução
do conhecimento do conteúdo ensinado de maneira contextualizada. O processo de
ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a
curiosidade e fortalecer a confiança do aluno (RAMOS, in DCEs, 2008). É
necessário ter claro que esse processo de ensino fundamenta-se nas idéias prévias
dos alunos e do professor, advindas de suas experiências e de seus valores
culturais.
A Escola dos Annales desde a sua criação ao seu apogeu causou grandes
mudanças no campo histórico, onde segundo Dosse ( 2003,p.83):
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os Annales propõe um alargamento no campo da história [...] acaba por orientar o interesse dos historiadores para outros horizontes: a natureza, a paisagem, a população e a demografia, as trocas, os costumes...
Portanto, diante do exposto acima pode-se concluir que o processo histórico
em que os Annales se encontrou foi de grande relevância para a nova dinâmica da
história, ao direcionar as pesquisas do campo político para o social, ocasionando
grandes transformações na maneira em que as narrativas eram realizadas, como
também observando os fatos, a discussão e questionamento sobre o ocorrido, além
de ter dado grande contribuição para a inserção da mulher na história, ao possibilitar
estudos sobre a vida privada, as práticas cotidianas, a família, o casamento etc.
Também no estudo do feminino, a Nova História Cultural como suporte
teórico metodológico tem proporcionado novas perspectivas ao trabalho do
professor de História e do historiador, pois analisa e valoriza as pessoas anônimas,
seu modo de viver, de pensar, agir, sentir, enfim, seu cotidiano, através da
valorização de diversos documentos: imagens, canções, cartas, depoimentos orais e
tantos outros na construção do conhecimento histórico.
Outro fator que torna a Nova História Cultural uma excelente ferramenta de
trabalho no ensino de História é o fato de usar outras ciências como a Antropologia,
a Geografia, a Arqueologia, a Sociologia e outras, permitindo relações
interdisciplinares, com o objetivo de desvendar as diversas dimensões desse objeto
(mulher).
É de lutas intimas, portanto, que as mulheres iniciam seu questionamento
quanto à realidade social, criando os primeiros movimentos feministas, marcados
por grande diversidade de reivindicações. Antes das historiadoras foram as
feministas que fizeram a história das mulheres. Para Del Priore, o feminismo
evidenciou a ausência da figura feminina no território historiográfico, criando as
bases para uma história das mulheres feita por historiadoras (2001, pp. 217-235).
A origem do feminismo está ligada aos movimentos políticos dos anos 1960
e vinculado à agitação cultural e política que agitava o mundo ocidental. Esses
movimentos da vanguarda intelectual colocaram em dúvida os padrões morais
aceitos pela sociedade, contradizendo os enraizados valores de família e recusando
a submissão da mulher dentro do espaço privado e também questionando os
pressupostos epistemológicos que envolviam o mundo do saber.
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Mas, para Buarque de Hollanda (1994), é a partir dos anos 1970 que o
feminismo surge no campo acadêmico, e se impõe como tendência teórica
inovadora de forte potencial crítico e político num quadro epistemológico marcado
por crises, que não mais acredita nos modelos explicativos de sociedade, como por
exemplo, o marxismo. Para Buarque de Hollanda, foi a emergência da pós-
modernidade que abriu espaço para as discussões marginais, revelando às
mulheres aquilo que os homens sempre ocultaram com tanto sucesso, ou seja, não
existe um poder, o poder é criado. A partir de então, as mulheres se conscientizaram
que se os homens tinham sempre estado no poder, era porque eles assim se
colocavam.
Na década de 1970 a escrita da história será influenciada pelo marxismo,
que vê a opressão feminina em função do capitalismo e o objeto de análise será o
mundo do trabalho. Na década de 1980 ocorre uma inovação nos estudos sobre o
feminino, com a utilização do gênero como categoria de análise, procurando
incorporar o estudo relacional entre homens e mulheres (CUNHA, 2000)
A palavra gênero explica os diferentes valores culturais passados de pais
para filhos e de mães para filhas, definindo comportamentos que devem ser
seguidos por eles e por elas; refere-se a masculino e feminino. Já nas análises das
ciências sociais, o grande impacto que vem produzindo é chamar atenção para o
fato de que uma parte da humanidade estava na invisibilidade- as mulheres-, e seu
uso assinala que tanto elas quanto os homens são produto do meio social, e,
portanto, sua condição é variável.
Entretanto, incluir o sujeito feminino na história significou avançar por
caminhos sinuosos, desconhecidos, como a esfera do privado e das relações
cotidianas, território em que os historiadores pouco estiveram atentos. Assim,
singelezas sem importância para a história tradicional tiveram de ser buscadas com
um novo olhar, se evidenciou que eram nestes pequenos detalhes que se tornava
possível detectar as fontes mais preciosas (SILVA, 2007). No trato com a história
das mulheres, as “coisas” terminam por surgir como fontes históricas. Neste
particular, a valorização dos registros de memória, o uso das correspondências
familiares, dos diários, das fotografias, contribuiu de maneira expressiva para
enriquecer a história das mulheres, uma vez que as mulheres inscrevem as
circunstâncias de sua vida nos objetos que usam.
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No Brasil, as primeiras narrativas históricas sobre as mulheres surgiram no
início da década de 1980 e ficaram focadas no discurso da dominação versus
repressão, dando pouco ou nenhum destaque às várias maneiras de resistência que
as mulheres ocasionaram para escapar do domínio masculino ao longo do tempo. A
produção histórica ficou fixada no Brasil Colonial, servindo-se dos relatos dos
viajantes, dos processos civis e criminais e da iconografia. Discutiu-se de maneira
cansativa o discurso moralizador do uso dos corpos das mulheres coloniais, como
relata Araújo (2009, p.45):
Das leis do Estado e da Igreja [...] à vigilância de pais, irmãos, tios, tutores e à coerção [...] de velhos costumes misóginos, tudo confluía para [...]: abafar a sexualidade feminina, que, ao rebentar as amarras, ameaçava o equilíbrio doméstico, a segurança do grupo social e a própria ordem das instituições civis e eclesiásticas.
Mas os altos índices de crianças abandonadas nas rodas dos expostos
indicavam que a sexualidade não era tão contida como se queria fazer acreditar.
Os padrões rígidos de moral tão destacados nos discursos insistiram em
mostrar o sujeito feminino sempre tranquilo e ordeiro, mas as documentações
policiais mostram outra realidade e as mulheres surgem lutando, xingando, odiando,
matando maridos... mostrando-nos uma imagem real muito distante da idealizada
(SOHIET, 2009).
Historiadores e historiadoras, analisando detalhadamente as fontes,
mostram uma nova face da mulher brasileira, bem menos recolhida ao lar do que se
julgava bem menos submissa ao homem do que se acreditava.
Na medida em que novas abordagens, métodos e técnicas foram
incorporados aos estudos históricos, como a valorização das fontes orais, da história
do tempo presente, e o uso de arquivos particulares, foi possível abarcar períodos
mais próximos, surgindo estudos importantes sobre a participação da mulher no
mundo do trabalho. Segundo Rago (2009), muitas mulheres, trabalhadoras e
especialmente, as feministas, têm lutado pela construção de uma esfera pública
democrática. Elas querem afirmar a questão feminina e assegurar as conquistas dos
direitos que se referem à condição da mulher. Ainda a autora nos fala que: é
importante estabelecer as pontes que ligam as experiências da história recente com
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as do passado para enfrentar os inúmeros problemas do presente. Na esfera da
educação feminina e sua expansão é importante destacar Louro (2009, p.478):
As mulheres, nas salas de aulas brasileiras e nos outros espaços sociais viveram, com homens, crianças e outras mulheres, diferentes e intrincadas relações, nas quais sofreram e exerceram poder.
Assim, tais estudos gradativamente, foram esquentando e fortalecendo a
historiografia feminina. Mas, como nos alerta Scott (1994), muito mais do que
reconhecer que existe uma história das mulheres e que esta tem suas próprias
especificidades, é imprescindível avançar de encontro a uma atitude que, mais do
que mera denunciadora, possibilite a real transformação no estatuto das mulheres.
MULHERES DE ARAPOTI: A TEORIA NA PRÁTICA
Após breve fundamentação a respeito da temática, passamos á metodologia
do estudo, que adotou a pesquisa ação para a aplicação das atividades
correspondentes a Unidade Didática, elaborada para a implementação do projeto de
intervenção, que foi o caminho para o ingresso no PDE, em agosto de 2010.
Logo depois do início do curso, deu-se consistência ao projeto, que foi
inserido no SACIR e serviu como fundamento para o Grupo de Trabalho em Rede,
realizado junto a professores da rede estadual de ensino do Paraná. Neste projeto
foram estabelecidas as estratégias de trabalho assim como o cronograma a ser
cumprido.
Concomitante ao trabalho com o GTR, foi uma Unidade Didática sobre o
tema em estudo, a ser implementada junto aos alunos do 1º Ano do Ensino Médio.
O projeto de intervenção pedagógica na escola foi implementado por meio
da pesquisa-ação, onde os alunos estiveram envolvidos tornando-se sujeitos do
processo de ensino e de aprendizagem.
O mesmo atingiu aproximadamente 30 alunos da 1ª série do Ensino Médio
do Colégio Estadual João Paulo II – EFM do Município de Arapoti no Estado do
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Paraná, na expectativa de esboçar melhor compreensão e facilitação do estudo da
história, visto que nesta faixa etária, eles estão cheios de expectativas e abertos
para novas descobertas.
Assim sendo, o projeto de intervenção foi iniciado com a observação e
análise crítica dos alunos em relação ao papel desempenhado pela mulher na
história do município.
Para tanto, fez-se uso de uma metodologia participativa, valorizando os
conhecimentos e experiências dos mesmos, envolvendo-os na discussão e busca de
soluções-problemas para as quais foram utilizadas pesquisas, filmes, músicas e
outros.
As ações da proposta de implementação foram divididas em etapas. A
primeira a ser desenvolvida foi a apresentação do projeto junto à direção do
estabelecimento de ensino a fim de legitimar as ações contidas no mesmo, e sua
consequente aprovação. Isso aconteceu no dia vinte e dois de julho junto a todos os
professores e funcionários do Colégio Estadual João Paulo II-EFM.
Logo em agosto, o projeto foi apresentado para os alunos da série escolhida
para implementação, isto é, o 1º ano do Ensino Médio, que foram conscientizados
quanto ao significado da temática em estudo.
A seleção e formação das turmas iniciaram-se no dia seis de agosto l de
2011 quando os alunos foram convidados a participarem da implementação do
projeto, que foi realizado no período da tarde, no horário das 13h30min às
15h30min, de segunda-feira a sexta-feira, no referido Colégio. Os locais do Colégio
utilizados para o desenvolvimento do projeto foram: a biblioteca, o laboratório de
informática.
O papel do educador, segundo Paulo Freire, é construir junto com o aluno,
que não é objeto, a problematização, a fim de gerar um diálogo entre educador e
educando. Assim, para Freire (2000, p. 41), a tarefa do educador:
[...] não é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como paciente de seu pensar, a inteligibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico.
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Assim sendo, é preciso que os alunos entrem em contato com exemplos do
cotidiano e estabeleçam relações entre a problemática mais ampla e o lugar, ou
seja, o global e o local.
No decorrer das atividades, foram convidadas algumas mulheres de outras
gerações para que participassem de uma entrevista com questões previamente
elaboradas, para enriquecer o trabalho através de seus depoimentos, salientando a
sua participação para a construção da história de Arapoti.
No que se refere ao uso da entrevista em estudos que envolvem pesquisas
sobre um tema em estudo, a mesma se constitui em uma metodologia que desperta
o interesse e estimula os alunos a participarem. A entrevista, geralmente é relegada
a segundo plano pelos professores em geral que tendem a utilizar apenas o texto
escrito pronto, isto é, elaborado, pelo sistema educacional, esquecendo-se que a
memória coletiva expressa por meio das entrevistas, são auxiliares na compreensão
e apreensão do conteúdo conhecimento que se quer transmitir aos alunos.
No correr da realização do trabalho, constatou-se que os alunos raras vezes
ou mesmo nunca haviam realizado alguma experiência com entrevistas junto a
pessoas da comunidade.
Por isso, distribuíram-se os questionários previamente elaborados pela
professora PDE, para os alunos do primeiro ano do ensino médio, explicando-se
aos mesmos a importância da entrevista na coleta de dados primários para a
construção do conhecimento histórico.
Nas entrevistas foram envolvidos 20 alunos com idade entre 14 e 17 anos,
residentes na zona urbana e rural de Arapoti.
Antes de os alunos saírem para realizar as entrevistas, a professora
juntamente com a direção e pedagogos da escola, fizeram uma preleção sobre
como os mesmos deveriam se comportar durante as mesmas, assim como, no
caminho até as residências das entrevistadas.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A primeira ação proposta que foi trabalhar a figura do historiador, quem é e
qual é o seu papel na construção do conhecimento histórico foi implementada
através da atividade de pesquisa junto a revistas e jornais, notícias sobre a situação
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da mulher na sociedade brasileira. Após a pesquisa os alunos elaboraram um painel
com os dados coletados, realizada em grupo de dois alunos, que prontamente se
organizaram e com dia e hora marcados, assim como dotados de um roteiro
elaborado em conjunto com a professora PDE, passaram a pesquisar na biblioteca
da escola.
A próxima atividade levou os alunos a lerem um texto sobre a condição da
mulher na sociedade brasileira, e depois escreveram um verso sobre a mulher.
Na próxima aula, os alunos foram levados até a Casa da Cultura, onde
pesquisaram sobre as mudanças e permanências ocorridas na comunidade
arapotiense, fazendo comparações com documentos atuais, para verificar como
agiam as mulheres de ontem e de hoje.
Em outro momento, os alunos foram para a biblioteca da escola, para
pesquisar em revistas e jornais, notícias sobre a situação da mulher na sociedade
brasileira. Após selecionar o material pesquisado, os alunos envolvidos passaram
por um processo de ensino/aprendizagem em que o trabalho coletivo é colocado
como um caminho para se interferir na realidade, promovendo o encontro de
pessoas onde o saber é construído junto. Na montagem do painel, que ficou exposto
na escola, pode-se verificar o empenho, a colaboração e o entusiasmo de todo o
grupo.
Outra atividade desenvolvida foi a leitura do texto – Vamos conhecer um
pouco sobre a história da mulher? – muitos deles desconheciam que a mulher
possui uma história. Observou-se que as informações contidas no texto foram bem
aceitas por eles. Os alunos puderam perceber que a mulher, embora tão valorosa
quanto o homem, esteve por muito tempo à margem da história. Pode-se detectar
essa percepção através de comentários dos mesmos, como “a mulher era
desvalorizada”, “nossa sociedade é ainda muito machista”; “a mulher só servia para
lavar, passar e cozinhar”... Esta atividade despertou bastante o senso critico dos
alunos que, após a leitura e questionamentos, produziram versos sobre o valor da
mulher na sociedade, especialmente a arapotiense e, que elas fazem o diferencial
em todos os segmentos da sociedade, que elas fazem realmente parte da história de
Arapoti. Mais uma vez, pode-se verificar a colaboração, o empenho de todos.
Posteriormente, os alunos foram até o laboratório de informática, onde pesquisaram
a situação da mulher na Constituição de 19883. Também pesquisaram sobre a a Lei
3 Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03 /_ato2004-2006/.../lei/l11340.htm
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Maria da Penha4 e, em seguida, foi realizado um debate, durante o qual os alunos
expuseram que conheciam esta lei apenas de nome, mas nunca tinham lido seu
contexto. Esta atividade despertou bastante o interesse dos mesmos, que passaram
a conhecer e valorizar a história da mulher na sociedade, pois, tanto os homens
como as mulheres são iguais em direitos e obrigações.
Em outra aula, os alunos ouviram atentamente duas musicas que retratam
aspectos diferentes da mulher brasileira: Essa mulher5 e Mulher6. Logo em seguida
foi feita a analise das letras para ver qual delas representa a mulher na atualidade e
em especial em Arapoti. Eles, de forma unânime, chegaram à conclusão que a
segunda musica representa melhor, pois, segundo os alunos, após pesquisarem no
sitio da prefeitura municipal de Arapoti sobre a participação da mulher no mercado
de trabalho e na política, elaboraram gráficos, informando que as mulheres ocupam
em maior numero o mercado de trabalho, são também as que possuem maior
escolaridade. No campo político, é a minoria. Nesta atividade, os alunos chegaram à
conclusão que a mulher em Arapoti é muito restrita, por ainda existir muito
machismo na política local, visto que ao longo da historia da política local, tem-se
apenas seis mulheres vereadoras.
Em outro momento, trabalhou-se com história em quadrinhos da Mafalda7.
Logo em seguida, os alunos elaboraram um desenho sobre um caso interessante
sobre a mulher de seu convívio. Usou-se aqui a historia em quadrinhos, pois elas,
como fontes históricas apresentam representação objetiva relevante do cenário
ligado ao âmbito da cultura juvenil, pois possuem uma linguagem que permite
compreender a relação passado/presente.
A próxima atividade desenvolvida junto aos alunos foi o vídeo “Quebrando o
silencio”8 e depoimentos. Logo em seguida, a partir da Lei Maria da Penha, reunidos
4 Lei nº 11.340 Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/.../lei/l11340.htm Acessado em 26 der agosto de 2011.5 Interpretada por Elis Regina, uma Composição de Joyce / Ana Terra, MPB Bossa Nova . Site oficial:pt.wikipedia.org/wiki/Elis_Regina http://www.vagalume.com.br/elis-regina/essa-mulher.html#ixzz1zbnYqBrz . Acessado em 5 de agosto de 2011.
6 Interpretada Por Erasmo Carlos. Composição: Erasmo Carlos e Narinha. 1981. Disponível em : letras.mus.br/erasmo-carlos/67612/ Acessado em 15 de agosto de 2011.7 Disponível em tirasdemafalda. tumblr.com/. Acessado em 12 de agosto de 2011.8 Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – “Convenção de Belém do Pará” e a Lei Maria da Penha.Disponível em Http:
www.portaladventista.org/ministeriosdamulher/in dex.php ? Acessado em 25 de julho de 2011.
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em grupo, os alunos discutiram alguns casos referentes a mulheres da sociedade
local, envolvendo violência, dor e sofrimento. Após o debate, chegou-se ao
consenso que o silencio deve ser quebrado. Esta atividade despertou nos alunos
indignação diante das imagens que viram; infelizmente é a realidade de muitas
mulheres brasileiras que começaram a dizer palavras de ordem como “chega de
silencio!”
Na próxima aula, o vídeo Verdade de mulher9. Foi realizado um júri simulado
para julgar um caso concreto envolvendo vitimas e agressores. Essa atividade foi
muito proveitosa. Os alunos chegaram à conclusão que na resolução de conflitos, a
melhor solução é aquela que se resolve sem violência e cultivar a cultura da paz é a
melhor solução.
Posteriormente, os alunos dramatizaram um atendimento policial correto,
após os alunos terem assistido um vídeo desenvolvido pela ONG Viva Rio. Esta
atividade também provocou muito interesse dos alunos. A dramatização foi
apresentada aos alunos e demais funcionários do colégio.
A última aula de implementação desenvolvida em classe, complementando o
vídeo Mulher 500 anos atrás dos panos que foi disponibilizado aos alunos para que
assistissem em casa, voltamos para a Casa da Cultura, para pesquisar fatos sociais
e políticos que tiveram a participação de mulheres em Arapoti. Logo que chegaram
ao local, pararam diante de um busto de uma mulher e, curiosos, quiseram saber
quem era. Descobriram que é de dona Romana Duarte de Camargo, a fundadora da
cidade. Chegaram à conclusão que são homens e mulheres, grandes brasileiros
anônimos que trabalham para fazer o Brasil mais justo e feliz. Depois foram para a
Câmara Municipal para saber mais um pouco da história da mulher arapotiense e
viram que as mulheres são a minoria, predominando vereadores homens.
No início de setembro do mesmo ano, iniciamos a pesquisa com as
mulheres convidadas que aceitaram participar do estudo foram entrevistadas vinte
mulheres, das quais foram selecionadas dez, e cujos dados coletados foram
9 Descrição do vídeo: aborda as causas e consequências da violência contra a mulher, sua amplitude e complexidade; a trajetória histórica do movimento feminista no Brasil, seus momentos de tensão e avanços, e a influência do mesmo na compreensão e visibilidade da questão; depoimentos de vítimas e autores de violência; depoimentos de profissionais que lidam diretamente no atendimento às vítimas e autores, seus dilemas, dificuldade e, sobretudo, a realidade deste tipo de atendimento no dia a dia; formas de reduzir a violência contra a mulher e seu impacto na sociedade.Disponível em Http: www.quebreociclo.com.br/publicacoes site para divulgação da Lei Maria da Penha. Acessado em 19 de agosto de 2011.
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tabulados e os resultados são apresentados a seguir por meio de amostragem
probabilística10.
Com relação aos dados pessoais das participantes:
- Quatro filhos, 65 anos, primário completo [sic].
- Um filho, 60 anos; superior completo [sic].
- Um filho, 46 anos, segundo grau completo [sic].
- Dois filhos, 56 anos, superior completo [sic].
- Três filhos, 57 anos, segundo grau completo [sic].
- Seis filhos, 70 anos, superior completo [sic].
- Dois filhos, 65 anos, superior completo [sic].
- Dois filhos, 80 anos, superior completo [sic].
- Dez filhos, 52 anos, ensino fundamental completo [sic].
- Seis filhos, 48 anos, ensino fundamental completo [sic].
Entende-se assim, que o discurso histórico, caracterizado por silêncios e
ocultações, ignora as semelhanças existentes entre os diferentes atores de uma
dada sociedade, valorizando-se apenas a memória oficial, cujas reconstituições
históricas são definidas a partir da estrutura de poder e o que se encontra da
mesma, não é reconhecido, dificultando que sejam conhecidos e registrados como
componente da História. Aqui vale ressaltar, que o desenvolvimento ou recuperação
da memória no contexto amplo é também um processo político, já que é utilizada
como instrumento de poder de esferas dominantes, arquitetando um discurso oficial
sobre a história e o passado.
"Tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes
preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam
as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são
reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva." (LE GOFF,
1984, p. 13).
Porém, o que se constata é que a memória feminina de um fato muito
raramente aparece, pois geralmente o que se sobressai são os relatos masculinos,
que não leva em conta o aspecto feminino que, assim, não é memorizado. Nesse
contexto, se insere a inquietação no sentido de reintroduzir as mulheres na história,
10 Onde qualquer entrevistado tem oportunidade de opinar.
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não com o intuito de instituir a história das mulheres, mas sim, identificando-as nos
inúmeros contextos que estiveram presentes, sua importância, e o papel que as
mesmas exerceram em dada sociedade. Isso significa dar vozes ás mulheres, a
exemplo dos homens que já as têm, sendo ouvidos no campo de trabalho, no
sindicato, no partido político, na rua, na esfera pessoal, dando elementos que
revelam outros aspectos dos acontecimentos.
Segundo Brito (s/d, p.26):
A existência de uma memória especificamente feminina é discutível, especialmente se considerada a partir da visão do mundo "próprio" à mulher: íntimo, o privado, o pessoal. As mulheres têm uma memória familiar, afetiva, maternal, mas tem também outras que aparecem se indagadas ou estimuladas. Dai a importância de se perguntar sobre outros lados da vida das mulheres, bem como dos homens.
Nesse contexto, a história oral registra a experiência de uma só pessoa ou
de diversas pessoas de uma mesma coletividade que presenciaram,
testemunharam, participaram de acontecimentos, conjecturas, visões do mundo que
se pretende investigar. Para Thompson (1998, p. 18-19),
A história oral possibilita novas versões da história ao dar voz a múltiplos e diferentes narradores. […] permite construir a história a partir das próprias palavras daqueles que a vivenciaram e que participaram de um determinado período, mediante suas referências e também seu imaginário.
Deste modo, um dos aspectos mais destacados na História Oral, conforme
apontado por Thompson é que ela estimula professores e alunos a se tornarem
companheiros de trabalho, oferecendo meios para uma transformação radical do
sentido social de história.
Silva (et ali, 2009) dizem ainda que, a utilização de fontes orais na pesquisa
histórica possibilita abrir o diálogo entre entrevistador e entrevistado, tanto no
momento da entrevista, tanto no processo de análise, interpretação e redação do
trabalho. Além disso, os relatos orais dão vida e sentido a outros tipos de
documentação, ampliando assim as possibilidades de interpretação do texto.
É uma proposta que admite heróis e/ou agentes históricos oriundos não só
dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo, que passam a ser
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reconhecidos como sujeitos da história. Isto é, a historicidade de determinado
momento histórico passa a ser estudada por meio da ótica das pessoas comuns.
É importante lembrar que Thompson (1998) ressalta que as comunicações
mais importantes entre as pessoas não se fazem mais por meio de documentos,
mas sim oralmente, em contato direto ou por telefone.
Sobre o papel que as mulheres desempenharam na sociedade arapotiense,
ele pode ser resumido da seguinte forma:
1. Papel de cidadã, como servidora pública, dona de casa [sic].
- O mesmo que outras mulheres, heroínas que na linha de frente ou mesmo no
anonimato fizeram a construção da sociedade arapotiense. No meu caso em
particular pela dedicação e competência desempenhada na minha trajetória de 25
anos no magistério [sic].
- Faço parte da História de Arapoti, porque nasci aqui trabalhando em uma escola na
função de cozinheira, dando minha contribuição para ajudar a educar nossos alunos
[sic].
- Desempenhando a função de professora, acredito que estou atuando na
reconstrução de uma nova sociedade arapotiense, onde haja dignidade para todos e
em todas as fases de suas vidas [sic].
- Além de cumprir minha função como professora por 25 anos, continuo até hoje
como voluntária em projetos educacionais voltados para formação da cidadania de
nossas crianças e jovens [sic].
- Na construção da sociedade Arapotiense tenho um papel importante, pois sou
professora, há 50 anos leciono, instruindo crianças, jovens e adultos para uma
sociedade esclarecida, com pensamentos inteligentes e que saibam lutar pelos seus
ideais [sic].
- Educadora e cidadã com ideal de uma sociedade forte e independente [sic].
- Papel importante como educadora atuando na educação de jovens e adultos,
participando de grupos religiosos, com o objetivo de ajudar na construção de uma
sociedade local mais solidária e justa [sic].
- Tenho um papel importante, pois trabalho com crianças de periferia e ali
desenvolvo atividades de inclusão social como membro integrante da pastoral da
criança [sic].
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- Foi participar da construção de uma sociedade mais justa atuando na pastoral da
Igreja, visitando famílias carentes desenvolvendo trabalho de filantropia [sic].
A História oral para Thompson (1978:18), é construída por meio de pessoas
comuns, - a exemplo das entrevistadas que fazem parte das camadas mais simples
da população em estudo - entrevista-se assim, não só os líderes, mas os integrantes
da população, que se transformam de "objetos" de estudo em "sujeitos" da história.
Os grupos de participantes ignorados tradicionalmente, como índios, negros e
mulheres, passam a ser reconhecidos, incorporando-se sua experiência na história,
assim menos limitada.
2. Sobre as perspectivas para o futuro da mulher na sociedade atual.
- Ver Arapoti sendo uma cidade mais justa e solidária com todos os seus filhos [sic].
- Minhas perspectivas são as melhores possíveis. Tenho certeza que somando
forças municipais, empresariais e dos trabalhadores, haverá um fruto bastante
promissor para nossa sociedade Arapotiense, principalmente dos jovens e das
crianças e ver diminuir a violência contra todas as mulheres [sic].
- Nós conseguimos muitas conquistas e esperamos conseguir mais no futuro. E que
toda a sociedade arapotiense desfrute dos bons frutos, resultado do trabalho de
todos [sic].
- No presente que a justiça prevaleça através das ações dos órgãos competentes,
combatendo e coibindo todas as formas de violência contra qualquer cidadã e
cidadão. Futuramente que haja mais trabalho para nossos jovens, melhor caminho
para a sobrevivência e autoestima [sic].
- Que as mulheres possam atuar de maneira mais presente na sociedade local [sic].
- A perspectiva do presente é de que essa sociedade cresça cada vez mais, que a
mulher possa ser considerada a estrutura da família e que no futuro todos que
participam dessa sociedade possam usufruir dos bons frutos que ela proporcionará
sem descriminação ou agressão [sic].
- Penso eu, que futuramente, todas as mulheres serão consideradas de forma
melhor que nos dias atuais, e que assim, poderão participar mais da sociedade em
que vivem, com projetos sociais [sic].
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- Que a sociedade arapotiense, representada por todas as pessoas que nasceram
aqui ou que vieram de fora sejam responsáveis no sentido de proporcionar vida
digna para todos através de ações mobilizadoras [sic].
- Em um futuro bem próximo, nós mulheres estaremos no governo de todos os
setores sociais e poderemos construir uma sociedade melhor [sic].
- Que todas as mulheres consigam os objetivos almejados em sua vida profissional
[sic].
3. Em relação ao fato de que as mulheres ocupam um espaço na sociedade
atual e como elas veem este espaço.
- Me vejo uma pessoa ativa, sou valorizada [sic].
- É claro que ocupo um lugar nessa sociedade e me sinto muito valorizada. Fico
muito feliz quando recebo um agradecimento pelo trabalho realizado na educação
dessa cidade. Quando vejo cidadãos me agradecendo pela dedicação dada a eles
quando pequeninos e precisando do meu apoio, receberam estimulo para a
caminhada futura e hoje são cidadãos e cidadãs honrados dessa cidade [sic].
- Uma cidadã, que com seu trabalho ajuda Arapoti a se desenvolver, sim sou
valorizada [sic].
- Sim. Sou uma cidadã trabalhadora. Não tanto como deveria [sic].
- Com certeza ocupo espaço na sociedade arapotiense, pois sou cidadã cumpridora
dos meus deveres, mas também reivindico meus direitos. Sim sou valorizada [sic].
- Considero que todas as mulheres ocupam um papel na sociedade e que sem as
mesmas seria impossível realizar muitas obras como as realizadas por nós. Sim
sinto me valorizada e respeitada tanto que sou cidadã honorária arapotiense,
destaque na educação [sic].
- Sim. As mulheres ocupam todos os espaços da sociedade, apenas são pouco
valorizadas pelo trabalho que desempenham [sic].
- As mulheres ocupam sim todos os espaços da sociedade, mas não são valorizadas
como os homens, pois ainda vivemos em uma sociedade machista. Sinto me
valorizada como uma pessoa a mais que possa fazer a diferença [sic].
- Me sinto muito valorizada principalmente porque as crianças onde desenvolvo meu
trabalho me tratam com respeito embora eu seja uma mulher comum [sic].
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- Sim, pois me sinto muito útil ao desenvolver meu trabalho na pastoral da igreja
sendo valorizada e respeitada em todas as casas em que passo fazendo visitas [sic].
4. Sobre quais fatos as mesmas consideram importantes em suas vidas até a
presente data e por que os mesmos foram importantes.
- Ter conseguido estudar embora sei que o meu estudo não seja grande, mas me
tirou da escuridão e o nascimento dos meus filhos minha continuidade [sic].
- Meu primeiro dia de aula, minha primeira professora uma pessoa meiga e
carinhosa. Guardo o seu nome na lembrança Dona Alice. A minha infância cheia de
brincadeiras e de dias felizes com meus irmãos [sic].
- Ter tido meus filhos, e conseguido educar eles com princípios. Ter arrumado
emprego, razão do sustento da minha família [sic].
- A primeira vez que fui para a escola, uma aluninha igual a um diamante bruto que
precisava ser lapidado com o trabalho amoroso e paciencioso da minha professora
Dona Francisca Mainardes, já falecida. A dedicação dos meus pais que sempre me
incentivaram com palavras que agiam como injeção de ânimo em mim em meu
primeiro dia de aula como professora, sabendo o quanto era grande a minha
responsabilidade frente a tantos alunos que esperavam muito de mim [sic].
- Minha primeira aula como professora na escola Telêmaco Carneiro em uma turma
de primeiro ano, sabendo da minha importância como alfabetizadora com tantas
crianças ávidas pelo saber [sic].
- São os valores que meus pais me transmitiram, de grande importância para a
minha aprendizagem que me acompanhará para o resto da vida que é a humildade,
responsabilidade, dignidade e a solidariedade [sic].
- Considero como fato importante ter estudado e ainda estar participado de uma
comunidade escolar, formando novos cidadãos, também os valores repassados pela
minha família [sic].
- Minha atuação na educação, acredito que contribui de maneira satisfatória para
melhorar a sociedade arapotiense, uma prova disso foi ser homenageada em um
desfile de sete de setembro [sic].
- Ter construído uma família e estar participando de projetos sociais, que
favoreceram a sociedade local [sic].
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- O meu trabalho com a comunidade local, o meu estudo e o nascimento dos meus
filhos, pois me fazem me sentir útil [sic].
5. Sobre as mulheres terem conseguido ou não, o que almejaram e como foi.
- O estudo e meu trabalho do qual tenho muito orgulho[sic].
- A minha independência financeira. Que consegui com a graça de Deus, com muito
estudo, com muito esforço e com total apoio de meus pais [sic].
- Uma casa própria. Trabalhando e batalhando muito [sic].
- Meu emprego que me possibilita ter e dar vida digna para minha família e ao
mesmo tempo ajudar a vida de outros na função de professora. Consegui com a
ajuda de Deus que me proporciona todos os dias energia e perseverança e também
dos meus pais que tudo fizeram para eu chegar onde estou [sic].
- Meu emprego estável, pois sem ele sobreviver e dar vidas dignas para meus filhos
seria impossível, que consegui com muito esforço [sic].
- Ser professora consciente formando cidadãos conscientes formadores de opiniões.
Foi através de muito esforço pois a escola que fui lecionar ficava a seis quilômetros
da cidade de Arapoti, tinha que ir a pé, porque não tinha outro meio de locomoção
mas superei as dificuldades e estou na luta até hoje. Sinto-me realizada [sic].
- Mudar coisas simples reconhecendo o passado, analisando o presente e nos
preparando para um futuro melhor [sic].
- Ter me formado em pedagogia foi muito gratificante, pois me deu oportunidade de
trabalhar no magistério ajudando na formação de novos professores [sic].
- Consegui às duras penas, mas consegui dar estudo para meus filhos e hoje eles
são pessoas que participam efetivamente da sociedade local [sic].
- Estudar e trabalhar, foi difícil porque tinha que conciliar a criação dos filhos com o
estudo e o trabalho [sic].
6. Sobre algo que muito quiseram, mas não conseguiram, e qual o motivo da
não conquista.
- Ter dado estudo melhor para meus filhos. O salário que eu ganhava e também o do
meu marido era pouco para pagar faculdade para todos [sic].
- Tudo o que eu quis muito até hoje eu consegui [sic].
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- Ter um grau de estudo mais elevado que não consegui por falta de poder aquisitivo
[sic].
- Estou satisfeita com o que tenho [sic].
- Acabar com as Injustiças sociais tão presentes em nossa sociedade [sic].
- Acabar com a falta de comprometimento de algumas pessoas com quem trabalho
[sic].
- Mudar coisas simples, para tornar a vida mais simples, difícil de conseguir por falta
de vontade das pessoas [sic].
- Me considero uma pessoa privilegiada, pois concretizei todos os meus projetos de
vida [sic].
- Eu sempre quis participar de projetos sociais, participo ativamente de alguns [sic].
- Concluir meus estudos, que não consegui por falta de tempo e de situação
econômica precária [sic].
7. Sobre quais pessoas as mesmas consideram importantes em suas vidas e
por que.
- Minha família, como um todo [sic].
- Com certeza meus pais, meus irmãos, minha família. Porque em cada uma dessas
pessoas tão queridas ficou um pedacinho da minha vida, do meu coração e do meu
amor [sic].
- A pessoa mais importante da minha vida foi minha mãe que lutou muito para que
eu fosse o que sou [sic].
-Sem dúvida nenhuma minha família. Hoje não tenho mais o convívio de meu pai e
nem de três irmãos maravilhosos, mas sei que um pedaço de cada um deles vive
em mim me dando a certeza que são imortais e meus outros irmãos, meus filhos, tão
fundamentais em minha vida por serem o meu espelho [sic].
- Minha mãe. Pois ela não desistiu um minuto de fazer de mim uma mulher que
participa de projetos sociais [sic].
- Foi primeiramente Deus, depois meus pais que sempre me incentivaram a ser
persistente e lutar pelo que eu mais queria [sic].
- Meu pai, pela honestidade, humildade e inteligência que criou 11 filhos dignos [sic].
- Minhas filhas, minha neta e meu bisneto, que me dão tantas alegrias e renovam
minhas forças todos os dias [sic].
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- As pessoas importantes da minha vida que ajudaram no meu crescimento como
pessoa digna de respeito foram meus pais, minha primeira professora, e meus filhos
[sic].
- Meus familiares, por serem pessoas de bem, em especial as mulheres da minha
família, muito ativas, exemplo da força da mulher arapotiense [sic].
Os depoimentos seguiram com as mulheres dando suas opiniões sobre o
papel da mulher na história de Arapoti, desde sua fundação até os dias atuais.
Os resultados obtidos foram listados e analisados para depois serem
elencados por meio de uma linha do tempo, que buscou mostrar as mudanças e
permanências ocorridas na sociedade arapotiense com a participação feminina. Na
elaboração da linha do tempo, foram destacados desde a participação da mulher na
construção da sociedade arapotiense, até a atualidade, onde as mesmas atuam em
diferentes contextos sociais.
O objetivo da análise das entrevistas que consistiu em demonstrar as
transformações ocorridas na cidade de Arapoti no transcorrer do tempo, foi atingido,
conforme se pode constatar a partir das respostas obtidas dos alunos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao se propor desenvolver um estudo que abordasse a mulher, tinha-se
como pretensão somar conhecimentos necessários ao trabalho com este.
Todavia, ao iniciar o curso em questão, pude perceber que havia voltado aos
bancos escolares para aprender muito mais que isso.
O caminhar de novo no curso superior trouxe muitas inovações para a
melhoria do trabalho em sala de aula além de proporcionar um crescimento cultural
e pessoal.
O projeto desenvolvido foi de extrema valia não apenas para o docente, mas
também para os alunos e demais membros da comunidade escolar que vivenciaram
e continuam a vivenciar experiências renovadas na produção do conhecimento.
Em relação ao papel da mulher na construção da sociedade arapotiense, é
um tema que necessita ser mais explorado nas aulas de História.
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Pois, é fato notório que a participação da mulher na construção desta ou de
qualquer outra sociedade é determinante.
Com esse estudo, pude entender com mais perspicácia a importância da
valorização da memória feminina no cotidiano da escola, e a importância desta
metodologia de ensino para o processo de ensino-aprendizagem de História.
A questão da mulher foi, é e sempre será um tabu para a educação e a
sociedade como um todo.
Todavia, após as aulas teóricas e a implantação do projeto, talvez antes, no
momento de elaboração da Unidade Didática, constatei que o universo feminino é
um universo amplo, dotado de especificidades que precisam ser resgatadas nas
aulas de História.
Constatou-se que o ensino de História por meio da pesquisa sobre a Mulher,
exige primeiramente, que o profissional se posicione em relação ao tema e à
sociedade que vai contextualizar o mesmo.
Conclui-se assim que a Mulher é assunto amplo dotado de uma gama
imensa de contextos a serem abordados.
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www.institutoavon.org.br/projetos-fale-sem-medo/
www.pr.anpuh.org/.../Didaticas%20da%20historia%20do%
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ANEXO
QUESTIONÁRIO APLICADO NAS ENTREVISTAS
1- Quantos filhos têm? Qual é sua idade? Qual é seu nível escolar?
2- Qual o seu papel na construção da sociedade arapotiense?
3- Quais perspectivas de presente e futuro nessa sociedade?
4- Você ocupa um espaço nessa sociedade – como você se vê nesse espaço? É Valorizada?
5- Quais são os fatos mais importantes de sua vida até hoje? Por que eles tiveram essa importância?
6- O que a senhora quis muito e conseguiu? Como foi?
7- O que a senhora quis muito e não conseguiu? Por que isso aconteceu?
8- Quem são ou foram as pessoas que a senhora considera importante na sua vida? Por que?