O PAPEL TRANSFORMADOR DOS ALUNOS DA ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES - A CONCRETIZAÇÃO
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ALLAN AIACH
ANDRÉ ROSSI MACHADO
ANDRESSA DOS SANTOS
BRUNO MARTINELLI
KAYO FELYPE NACHTAJLER AMADO
LETÍCIA FERREIRA
RODRIGO HOMEM DA COSTA
O PAPEL TRANSFORMADOR DOS ALUNOS DA ESCOLA DE
ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES: A CONCRETIZAÇÃO
São Paulo
2009
2
ALLAN AIACH
ANDRÉ ROSSI MACHADO
ANDRESSA DOS SANTOS
BRUNO MARTINELLI
KAYO FELYPE NACHTAJLER AMADO
LETÍCIA FERREIRA
RODRIGO HOMEM DA COSTA
O PAPEL TRANSFORMADOR DOS ALUNOS DA ESCOLA DE
ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES: A CONCRETIZAÇÃO
Dissertação apresentado à turma 42 na
disciplina Resolução de Problemas I, na
Escola de Artes Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo.
Orientadora: Professora Doutora Gisela da
Silva Craveiro
São Paulo
2009
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4
1.1 Justificativa ......................................................................................... 5
1.2 Objetivos ............................................................................................ 6
1.3 Hipóteses ........................................................................................... 7
1.4 Organização do Texto ........................................................................ 7
2 A ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES .......................... 8
2.1 O Início a Escola de Artes, Ciências e Humanidades ...................... 10
2.1.1 Proposta de Inovação ................................................................... 10
2.1.2 A EACH e a Zona Leste ................................................................ 11
3 EXTENSÃO E PESQUISA UNIVERSITÁRIA ........................................ 14
3.1 Extensão .......................................................................................... 14
3.2 Extensão na EACH .......................................................................... 15
3.2.1 Comissão de Cultura e Extensão (CCEx) ..................................... 16
3.2.2 Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional (NASCE) ............ 17
3.2.3 Laboratório de Extensão (LabEx) .................................................. 19
3.3 Pesquisa Científica ........................................................................... 20
3.3.1 Pesquisa científica na EACH .................................................... 22
4 RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................ 24
4.1 Metodologia ...................................................................................... 24
4.2 Resultados Obtidos .......................................................................... 26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 31
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 33
ANEXO I ................................................................................................... 36
4
1 INTRODUÇÃO
A disciplina Resolução de Problemas tem como objetivo “[instigar] não só o
protagonismo do estudante e de seu grupo de colegas na compreensão da
complexidade dos fenômenos, mas também promove a troca e a cooperação
entre docentes, estudantes e comunidade por meio da interação e do
compartilhamento de idéias, opiniões e explicações”1.
Para o primeiro semestre de 2009, a diretriz Universidade, Sociedade e
Interdisciplinaridade: Relações da Universidade com as Transformações
Sociais Contemporâneas foi escolhida, segundo a coordenação do Ciclo
Básico, porque a disciplina Resolução de Problemas deve estar focada
socialmente, por meio da aplicação do conhecimento gerado na Universidade
às questões sociais emergentes.
Seguindo a diretriz, a turma 42 definiu o seguinte tema: O papel da
Universidade na transformação da sociedade, e a discussão do grupo tutorado
pela Prof.ª Dra. Gisele da Silva Craveiro, atentando a esta proposta, buscou
enfatizar os próprios alunos da Escola de Artes Ciências e Humanidades
(EACH). Portanto, foi definido como problema O Papel Transformador dos
alunos da EACH: o imaginário e a concretização, e, para tal, o grupo foi
dividido em duas frentes, ambas tomando como objeto de estudo os discentes
de 2009. A primeira, O Imaginário, trabalhou com os alunos ingressantes,
pesquisando como estes imaginam participar socialmente durante os anos que
estarão na EACH e depois de se formarem. A segunda, realizadora deste
trabalho, A Concretização, investigou se houve ou não participação social dos
concluintes de 2009 ao longo de sua trajetória universitária, além das formas
1 ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta o
Ciclo Básico. Disponível em: <http://www.each.usp.br/ciclo-basico.php>. Acesso em: 01 abr. 2009.
5
pelas quais tais ações concretizaram-se, bem como os motivos pelos quais não
ocorreram2.
É importante ressaltar que, na realização desse trabalho, entende-se por
participação social dos estudantes da EACH o envolvimento em projetos de
pesquisa científica e de extensão e, em especial, nos que visam encontrar
soluções para os problemas da Zona Leste de São Paulo e, assim, beneficiar
as comunidades carentes locais.
Outra questão a ser abordada no presente trabalho são as pretensões dos
concluintes depois de formados: se continuarão agindo ativamente em prol da
sociedade ou somente estarão interessados em benefícios econômicos
individuas que o mercado de trabalho poderá lhes proporcionar.
1.1 JUSTIFICATIVA
A Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo,
inserida na Zona Leste do município de São Paulo, apresenta um objetivo
relevante entre os tantos que possui: levar o desenvolvimento cultural, social e
econômico às comunidades carentes do entorno da Universidade.
Focando tal questão, o grupo que apresenta este trabalho buscou definir seus
objetivos de maneira que seja possível verificar a participação dos estudantes
concluintes nesse ano de 2009 no cumprimento do papel transformador da
EACH em relação aos contextos socioeconômico e cultural da Zona Leste.
Para tanto, trabalharemos direcionados aos projetos de extensão e de
pesquisa científica, afinal estes estão muito presentes no dia-a-dia da
Universidade, sendo importantes meios de acesso do aluno à participação ativa
2 Os cursos de Licenciatura em Ciências da Natureza (período noturno) e Ciência da Atividade
Física não foram avaliados por não haver número de questionários suficiente para a análise
dos dados .
6
na sociedade. Ao trabalharmos com tais projetos, não avaliaremos a
participação de funcionários e docentes nos mesmos, devido à falta de
recursos técnicos e de tempo, além de fugirmos do nosso tema se o fizermos.
Por fim, além de verificar a participação social dos concluintes de 2009 ao
longo de suas trajetórias na EACH, decidimos também identificar, nesses
mesmos alunos, as suas pretensões com relação ao futuro no mercado de
trabalho e com a interação na comunidade. Isso porque se acredita que as
ambições econômicas individuais superam as ações que visam o benefício das
parcelas mais necessitadas da sociedade. Como pode ser verificado em Viera
e Barros (2008), o trabalho do ponto de vista remunerado exerce grande
influência em nossa sociedade e os esforços individuais estão mais votados
para se consolidar a “própria carreira” no mercado de trabalho.
Sendo assim, destaca-se que a realização desse estudo possui grande
relevância porque seus resultados permitirão entender e conhecer melhor o
perfil do estudante da EACH, e o que ela, em parte, está gerando de benefícios
para a sociedade, além ser pioneiro no tema dentro desta escola.
1.2 OBJETIVOS
Após introduzirmos este trabalho, apresentamos os principais objetivos a
serem alcançados com a possível resolução do problema em questão.
Devido à existência de algumas hipóteses a serem vistas posteriormente,
decidimos como objetivo deste trabalho investigar o perfil dos alunos
concluintes de 2009 da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo.
Procuraremos caracterizá-los de acordo com suas participações ou ausências
destas em projetos de extensão e de pesquisa científica da Universidade, em
contrapartida com seus perfis sócio-econômicos, antecedência escolar do
7
ensino médio, curso desenvolvido na EACH e o período deste (matutino,
vespertino ou noturno); para assim compreendermos se há alguma
interferência ou influência desse porte nas ações dos alunos.
Buscaremos pesquisar se esses alunos possuem uma postura de participação
social, para avaliarmos se a EACH está cumprindo seu papel transformador.
Além de verificar também as suas ambições após concluírem a graduação e
identificar se existe a pretensão de agir em prol da sociedade ou apenas visar
seus interesses individuais.
1.3 HIPÓTESES
Para a realização do trabalho, após debates e reflexões sobre o tema, partimos
de algumas hipóteses, tais como as de que o curso exercido pelo discente, o
período deste, a classe social e o tipo de escola (pública ou particular) cursada
pelo aluno durante a maior parte do tempo de seu ensino médio são fatores
influenciadores em seu nível de participação em projetos de extensão e de
pesquisa científica na Universidade.
Além destas, há, também, a hipótese de que os alunos do último ano não têm o
propósito de continuar participando ativamente na sociedade a fim de melhorá-
la e desejam somente atingir seus próprios interesses econômicos individuais
após se formarem.
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Após a exposição, no primeiro capítulo, das considerações gerais do trabalho,
que têm como intuito introduzir o problema e sua relevância, assim como os
8
objetivos e as hipóteses, será abordado, no próximo capítulo, o contexto do
surgimento da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, bem como as
propostas de sua criação e sua relação com a Zona Leste da cidade de São
Paulo, na qual está inserida.
No capítulo seguinte, serão desenvolvidos os conceitos de extensão e
pesquisa universitária, visando uma melhor compreensão do tema tratado pelo
presente trabalho. Ainda nesse capítulo, haverá a apresentação de alguns
órgãos da EACH, como o Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional
(NASCE), a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx), o Laboratório de
Extensão (LabEx) e a Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação (CPqPg), uma
vez que estes se relacionam com temas de nossa pesquisa.
Já no quarto capítulo, após a explicação detalhada da metodologia do trabalho
serão descritos os principais e mais importantes resultados obtidos a partir da
tabulação e análise das respostas dos questionários e das entrevistas.
Por fim, o último capítulo consistirá na dissertação das conclusões do trabalho,
assim como das reflexões possibilitadas durante todo o processo de realização
do mesmo.
9
2 A ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
Para compreender o papel transformador da Universidade e, especificamente,
da Escola de Artes Ciências e Humanidades, é necessário entender alguns
conceitos básicos.
Tendo em vista que a universidade é, segundo Rollemberg (2005), formadora
de pensadores dos problemas sociais, sua missão é incitar o questionamento,
desenvolver a pesquisa e procurar soluções para os problemas inseridos no
âmbito nacional. O sociólogo Simon Schwartzman3 (1979) acrescenta que a
universidade, como centro de cultura e ciência, deveria oferecer, na área de
humanas, recursos necessários para a formação do pensamento crítico, capaz
de dar direção e sentido ao desenvolvimento da sociedade; e, na área das
ciências naturais, deveria oferecer conhecimentos técnicos que permitissem a
participação plena no mundo tecnológico atual e futuro. Além disso, o sociólogo
afirma que a universidade, a partir da utilização absoluta do potencial de cada
um, deveria proporcionar a todos uma profissão bem remunerada e
socialmente prestigiada. Assim, a universidade seria a instituição que,
gradativamente, acabaria com as desigualdades e aumentaria o
desenvolvimento do país, já que dotaria a cada um de um capital humano que
renderia cada vez mais riquezas.
No entanto, no Brasil, ainda segundo Schwartzman (1979), o ensino superior
“[...] é extremamente seletivo, disponível quase exclusivamente para os filhos de
famílias ricas que possam pagar uma boa educação secundária e tenham o ócio
suficiente para o estudo e a aprendizagem de qualidade.”
Nesse contexto, insere-se a Universidade de São Paulo com a criação de um
campus, localizado em umas das regiões mais carentes da cidade de São
Paulo, com uma proposta inovadora, a Escola de Artes, Ciências e
Humanidades. 3 Trabalho apresentado no III Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Ciências Sociais, 1979, Belo Horizonte.
10
2.1 O INÍCIO DA ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
No dia 27 de fevereiro de 2005, o então governador do estado de São Paulo,
Geraldo Alckmin, e o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Adolpho José
Melfi, realizaram a inauguração da nova unidade da USP, a Escola de Artes,
Ciências e Humanidades ou, como também é conhecida, a USP Leste.
2.1.1 Proposta de Inovação
A EACH surge com um aspecto inovador, o que pode ser observado a partir
dos cursos oferecidos: Gestão Ambiental, Gestão de Políticas Públicas, Lazer e
Turismo, Ciências da Natureza, Ciências da Atividade Física, Gerontologia,
Marketing, Sistemas de Informação, Obstetrícia e Tecnologia Têxtil e da
Indumentária. Tais cursos, como afirmou Geraldo Alckmin, em 2005, não são
oferecidos nas demais universidades públicas de São Paulo e estão voltados
para as exigências do mercado na realidade contemporânea.
Aos currículos escolares dos universitários da USP Leste, durante o primeiro
ano de graduação, além das disciplinas especializadas, somam-se as
atividades do chamado Ciclo Básico, que foca a questão da
multidisciplinaridade. No artigo “Articulação Interdisciplinar entre
Conhecimentos Científicos Gerais: O Ciclo Básico da USP Leste”, Valéria
Amorim Arantes, em Gomes (2005), determina a importância dessa abordagem
multidisciplinar. Para ela existem demandas sociais cobrando os profissionais
formados pela Universidade maior preocupação com a cidadania e interação
com a população. A proposta do Ciclo Básico é de atender tanto a sociedade,
como as do mercado, além de seguir as novas tendências científicas e estar
voltada para a realidade social e regional em que a EACH está localizada.
11
A importância da visão interdisciplinar se dá porque, como afirma Goldman
(1979), esse olhar sobre a realidade possibilita que entendamos melhor a
relação entre seu todo e as partes que a constituem. Desta forma, um
entendimento interdisciplinar se estabelece como um diferencial dos discentes
da EACH.
2.1.2 A EACH e a Zona Leste
O novo campus da USP está localizado na Zona Leste da cidade de São
Paulo, considerada uma das regiões mais pobres da cidade. É o que
confirmam Rolnik e Frúgoli (2000) ao apontarem que os indicadores mostram
a baixa escolaridade, a precariedade das condições habitacionais, a alta
mortalidade infantil e os altos índices de homicídios na região, revelando os
fatores de exclusão nas extremas periferias Leste da cidade. Por isso, antes
mesmo do início do projeto para a construção da EACH, fortes movimentos
formaram-se nas comunidades locais que se organizaram para debater e
discutir as questões da educação pública em geral4.
Entre os objetivos da criação do campus da USP Leste, o de maior relevância
para a realização desse estudo configura-se pelo desenvolvimento da região
onde a Universidade está instalada.
“A criação de um novo campus da USP na Zona Leste do município
de São Paulo foi visualizada em um contexto que pretendia atingir
vários objetivos simultaneamente, como, por exemplo, expandir vagas
no ensino superior, atender melhor e com qualidade comunidades de
baixa renda e levar desenvolvimento social, econômico e cultural a
áreas carentes e menos favorecidas de nossa sociedade.” (GOMES,
2005, p. 13)
4 Gomes, C. EACH: A caminho da consolidação. Jornal da USP. 9 de março de 2009.
Disponível em: <http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=2533>. Acesso em 3 de jun. de 2009.
12
Em muitas regiões nas quais ocorreu a chegada de um campus da
Universidade de São Paulo, como no interior do estado – Bauru, Piracicaba,
Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos – é possível realizar a constatação
de que se inicia um processo de beneficiamento da região, tanto em áreas
esperadas, como educação e cultura, quanto em outras áreas, tais como infra-
estrutura e desenvolvimento socioeconômico. É o que constata Marcello
Rollemberg, no seu artigo “A Bússola que Marca o Leste”, por Gomes (2005).
Apesar do início do funcionamento da EACH ser recente, já é possível observar
melhorias no entorno da universidade. O destaque é a reconstrução de antigas
estações, como a estação Comendador Ermelino, e a construção da nova
estação USP Leste, além da revitalização da frota de trens em operação na
Linha F, que abrange a Zona Leste. Conforme a notícia “Estações USP Leste e
Comendador Ermelino, na linha F, são entregues hoje”, essa ação é de grande
importância para a população, sendo decorrente da crescente demanda de
passageiros transportados na linha F5. Pode-se inferir que essa elevação no
número de passageiros ocorre devido ao grande fluxo de alunos que se
deslocam todos os dias para o campus da EACH. Ela conquistou, portanto,
mesmo que de maneira indireta, um benefício para toda a população da região.
Outro aspecto bastante marcante entre as proposta da EACH é a inserção
social. Os primeiros resultados obtidos, apesar de serem preliminares,
correspondem a essas expectativas de inclusão.
“Em seu primeiro vestibular, a USP Leste teve um total de 67%
inscritos oriundos da escola pública, enquanto que a USP Oeste
apresentou 45% de inscritos dessa mesma origem. Os
afrodescendentes inscritos representaram 35% desse número, sendo
que 21% deles foram aprovados no vestibular para a Zona Leste. Na
USP Oeste, os aprovados entre os afrodescendentes não passaram
de 12% do total. No quesito renda, os números foram ainda mais
expressivos. Enquanto a USP Oeste contou 42% de inscritos com
5 Notícia publicada no site da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do dia 24 de
janeiro de 2008. “Estações USP Leste e Comendador Ermelino, na linha F, são entregues hoje”.
Disponível em: http://www.cptm.sp.gov.br/e_noticias/webnoticias/one_news.asp?IDNews=4084.
Acesso dia 22 abr. 2009
13
renda de até R$1500, a USP Leste teve 64%. A USP Leste viu 39%
desses candidatos de baixa renda serem aprovados, enquanto no
restante da Universidade de São Paulo esse número foi de 22% [...]”
(GOMES, 2005, p. 20)
Como é possível observar, a presença da Universidade de São Paulo na Zona
Leste provocou algumas mudanças satisfatórias nas comunidades locais,
demonstrando uma confirmação, pelo menos inicial, do cumprimento da
proposta de levar o desenvolvimento para a região.
A EACH e as demais universidades, como detentoras de conhecimento
acadêmico e científico, podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade
em diversos aspectos. Para isso se tornar possível é relevante considerar a
estrutura dessas instituições brasileiras de ensino, as quais têm como base de
atuação um tripé, formado por: ensino, pesquisa e extensão, conforme a Lei Nº
10.172/016:
“O sistema de educação superior deve contar com um conjunto
diversificado de instituições que atendam a diferentes demandas e
funções. Seu núcleo estratégico há de ser composto pelas
universidades, que exercem as funções que lhe foram atribuídas pela
Constituição: ensino, pesquisa e extensão. Esse núcleo estratégico
tem como missão contribuir para o desenvolvimento do País e a
redução dos desequilíbrios regionais, nos marcos de um projeto
nacional.”
Para esse trabalho, os projetos de extensão e pesquisa como atuantes na
transformação da sociedade apresentam maior relevância.
6 Lei de Ensino, índice B – Educação Superior, capítulo 4 – Educação Superior, item 4.2
Diretrizes
14
3 EXTENSÃO E PESQUISA UNIVERSITÁRIA
Para compreender os objetivos deste trabalho é importante esclarecer os
conceitos de extensão e pesquisa. Desta forma, as próximas seções
apresentam a definição e a relevância de ambas, assim como destacam a sua
realização na Escola de Artes Ciências e Humanidades.
Na seção 3.2 Extensão na EACH, são apresentados os objetivos da Comissão
de Cultura e Extensão (CCEx), as realizações e as dificuldades do Núcleo de
Apoio Social, Cultural e Educacional (NASCE) e também os propósitos do
Laboratório de Extensão (Labex). Já na seção 3.3.1 Pesquisa científica na
EACH, uma entrevista com o presidente da Comissão de Pesquisa e Pós
Graduação, Prof. Dr. Ulisses Ferreira de Araújo, explana como estão sendo
cumpridos os projetos de pesquisa na EACH.
3.1 EXTENSÃO
A extensão universitária é uma interação mútua entre a sociedade e a
universidade, esta atua com a disseminação do conhecimento produzido
através de pesquisa e/ou assistência, aquela passa suas demandas, valores e
cultura para a universidade.
No entanto, erroneamente, tende-se a acreditar que a extensão é realizada
sempre que se trabalha com a comunidade. Em entrevista para Beira do Rio7,
Terezinha Valim (2002) esclarece o conceito de extensão com um exemplo na
área de saúde, na qual, quando se trata de ensino, podem ser estudadas, por
7 EXTENSÃO em busca de inclusão social e formação cidadã. Beira do Rio : jornal da
Universidade Federal do Pará. Edição 4. Disponível em:
<http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira04/noticia/noticia4.htm>. Acesso em: 20 abr.,
2009.
15
exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis. O estudante de Medicina
que aprende com a doença do paciente e apenas lhe prescreve o medicamente
adequado não está realizando uma ação transformadora. Isso aconteceria se
fosse feita a prevenção dessas doenças por meio de um trabalho educativo
junto aos grupos sociais de mais risco. Desta forma, é evidente que somente
no último caso, no qual se cumpre com o papel transformador dos discentes e
da Universidade como um todo em relação à comunidade, é que se estaria
realizando um projeto de extensão.
As atividades de extensão, segundo Paiva e Novaes (1993), tornam possível
que docentes e discentes tenham contato direto com os problemas e situações
do contexto sócio cultural no qual se insere a Universidade. É importante
destacar que a extensão deve ser desenvolvida de modo que exista um
processo de articulação com o ensino e a pesquisa, admitindo-se que essas
são atividades complementares e diferenciadas, mas nunca hierarquicamente
desiguais.
3.2 EXTENSÃO NA EACH
A EACH, em sua proposta, dá atenção especial às atividades de extensão que
levem em conta o local em que ela está localizada geograficamente, a região
leste da cidade de São Paulo, que tem como marca fundamental
“sua enorme concentração populacional, diversidade sócio-cultural,
desigualdades sócio-econômicas e processos atuais de reestruturação
econômica e urbana que atingem seus diversos bairros e suas comunidades.”8
8 ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta a
Comissão de Cultura e Extensão (CCEx). Disponível em: <http://www.each.usp.br/ccex.php>. Acesso em 06 abr. 2009.
16
3.2.1 Comissão de Cultura e Extensão (CCEx)
Neste contexto existe a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx) da EACH
vinculada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP que
“objetiva através de programas, projetos e, principalmente, das atividades de difusão científica e cultural, constituir-se num veículo para a democratização do conhecimento e da cultura na medida em que oferece atividades científicas e culturais para a comunidade interna e externa em suas diferentes faixas etárias e graus de escolaridade, procurando conciliar as expectativas da sociedade com o ensino e a pesquisa.”
9
O professor Dr. Jorge José Boueri Filho, presidente da Comissão de Cultura e
Extensão, órgão vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária,
ambos da Universidade de São Paulo, concedeu uma entrevista a este grupo
de Resolução de Problemas.
Ao avaliar os projetos de extensão realizados na EACH, o professor destaca
como fator positivo que esta é uma forma do docente chegar até a sociedade
por meio de seus projetos de pesquisa e ensino, e ressalta, negativamente, a
pouca importância dada pelo docente ao trabalho de extensão.
Seguindo a entrevista, diz que quando é dada a oportunidade ao aluno de
participar de projetos de extensão, esta participação é muito boa, dependendo
também da relação construída entre aluno e professor. Quanto aos projetos, se
colaboram suficientemente para atender as necessidades das comunidades do
entorno da EACH, segundo o professor, considerando a forma pura da
extensão10, apresentada pela da Pró-Reitoria, atende, mas poderia atender
mais.
9 ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta a
Concepção Geral dos Cursos de Graduação da EACH. Disponível em: <http://www.each.usp.br/concepcao-geral.php>. Acesso em 06 abr. 2009.
10 Vide o site da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, disponível em:
<http://www.usp.br/prc/quem.php>
17
Traçando um perfil dos alunos da EACH que são participantes, para o
professor, são alunos empreendedores, que tomam decisões sem medo de
enfrentar problemas. Têm aptidão a enfrentar desafios. Estes alunos se
sentirão atraídos a participar, dependendo da prática profissional de cada
curso. A convivência com a sociedade atrai mais. Segundo o entrevistado, o
aluno gosta do contato com o “povão”.
Finalizando, questionado quanto a falta de divulgação dos projetos de extensão
que atuam no entorno da EACH, o professor Boueri afirma que a universidade
carece de um setor de comunicação e informação, tanto interna quanto
externa.
3.2.2 Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional (NASCE)
Localizado no centro comercial do bairro de Ermelino Matarazzo e promovedor
de atividades de extensão universitária junto às comunidades locais, o Núcleo
de Apoio Social, Cultural e Educacional (NASCE) é um núcleo vinculado à Pró-
Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e à EACH.
Os projetos que são desenvolvidos têm como parceiras entidades e
organizações da zona leste, como o comércio da região e o SEBRAE, por
exemplo.
Segundo Gislaine Pereira11, gerente do NASCE, a comunidade criou uma
expectativa muito grande com a vinda da Universidade de São Paulo na região
e acredita que muito mais poderia ser feito, em termos de quantidade, embora
elogie os alunos que estão atuando em projetos como informática e inglês, por
exemplo. Para ela, “[…] a Universidade não correspondeu [a esta expectativa],
então as pessoas agora desanimaram. […] Essa escola, eu acho que ela veio
com essa fisionomia [...] de interagir com a comunidade”. Ainda segundo
11 Em entrevista realizada em 3 de junho de 2009.
18
Gislaine, a Universidade tem um trabalho muito bom e poderia ser trazido para
a comunidade, devolvendo à sociedade o que é investido nela.
Em parte, este descontentamento não é só dela e pode ser justificado com a
entrevista que tivemos com o professor Ulisses Araújo, coordenador executivo
do NASCE e presidente da Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação da EACH.
Ele nos disse12 que “existem outros NASCEs na USP, na verdade [o NASCE
tem como objetivo] [...] captar recurso para a Universidade. Esse NASCE da
Zona Leste foi criado para fazer um trabalho social, então não podemos captar
recurso”. O recurso que ele se refere é financeiro e, pelo estatuto do NASCE,
os beneficiários das atividades não podem ser cobrados por elas.
Segundo o professor, este trabalho está comprometido pois a Universidade de
São Paulo parou de repassar recursos. “Ficamos contando que os professores
fossem fazer os projetos para atrair os alunos, mas isto não aconteceu. […] A
Universidade proibiu de dar bolsa do Ensinar com Extensão13 para o NASCE, é
surreal, mas se falasse que era pra desenvolver no NASCE não davam.”
De acordo com Araújo, como os professores não se engajaram e nem se
engajam com projetos de extensão, a saída encontrada para este ano (2009),
por iniciativa dos alunos, foi a de realizar trabalhos voluntários, como monitoria.
Atualmente, o recurso do aluguel do espaço físico do NASCE é dado por
professores e de parcerias com a comunidade.
Atualmente cerca de 15 alunos desenvolvem projetos voluntários no projeto,
mas os números já chegaram a 20 bolsistas remunerados. Esta problemática
leva a uma mais complicada. Ainda segundo Araújo, a integração da EACH
com a comunidade é um dos pontos mais falhos do projeto. A unidade foi
criada para ter uma concepção muito aquém do que é hoje14, não deveria ser
cercada, por exemplo, deveria haver uma livraria e lanchonete onde a
12
Em entrevista realizada em 11 de junho de 2009.
13 Mais informações vide: ATA DA 27ª. REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO DE GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES (EACH) em:
http://www.each.usp.br/download/cg/atas/Ata-CG-2008-08-07-27.pdf. Acesso 22 de junho de 2009.
14 O professor Ulisses participou do projeto de concepção da EACH em 2004.
19
comunidade estivesse presente, somente o acesso às salas de aula seria
controlado15.
O NASCE é uma ótima iniciativa pois leva os alunos para a comunidade, “tira
os alunos da bolha”, que configura a EACH como mais uma unidade de
pesquisa que ignora extensão dentro da USP.
Pode-se observar, a partir dos relatos, que a atividade de extensão por parte
dos órgãos superiores da Universidade parecem subvalorizados. Isto leva a
confirmar a importância de nosso trabalho de investigar como os alunos
valorizam atividades como esta.
3.2.3 Laboratório de Extensão (LabEx)
Tendo em vista a extensão universitária na EACH, o Labex surge em 2007 a
partir de estudantes que discutiam e participavam de projetos e viam a
necessidade de um espaço permanente de discussão, reflexão e prática por
considerarem de extrema consistência a sua formação universitária.
Segundo Luis Eduardo Trevisan de Leon16, em entrevista a este grupo de RP,
extensão universitária é um “conceito em disputa” no qual a universidade
interage ativamente com a sociedade na construção e reconstrução do
conhecimento, bem como sua democratização. Completando esta fala, o Labex
se apresenta de forma a responder à realidade e as demandas sociais em
contrapartida de gerar conhecimento às corporações.
Nessa mesma entrevista, Luis Eduardo ressalta um ponto negativo dos
projetos de extensão da EACH que seria o fato de alguns deles se tornarem
assistencialistas por não darem continuidade ao projeto e à relação com a
15
O professor participou do projeto de criação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades,
em 2004.
16 Membro atuante do LabEx.
20
sociedade. Porém enfatiza também um ponto positivo que seria os projetos que
dialogam com a sociedade de tal maneira que acabam por rediscutir o papel
transformador da sociedade em que vivemos.
No contraponto do papel da EACH de melhorias em seu entorno, Luis Eduardo
diz que os projetos de extensão não conseguem atender suficientemente as
demandas da zona leste, e que o RP gera uma expectativa forte em relação a
essas questões, porém lembra que uma universidade não deve ser prestadora
de serviços. Seguindo essa linha de raciocínio, ele define para nós que o perfil
do “aluno extensionista” é um aluno que procura fazer uma reflexão sobre a
universidade pública na sociedade, e que busca a continuidade dos seus
trabalhos de RP, ou que busca explorar as linhas de conhecimento de sua
graduação.
Segundo o Manual do Calouro de 2009, atualmente o Labex conta com 20
estudantes de diversos cursos, muitas reuniões de discussões e palestras, e
dois projetos em andamento: “Morada Solidária” e o “Economia da Cultura na
Associação Comunitária Paulo Freire”.
3.3 PESQUISA CIENTÍFICA
A pesquisa, em geral, trata-se de um estudo minucioso, baseado em um
processo sistemático, que tem como objetivo gerar novos conhecimentos, ou
ainda, corroborar ou refutar conhecimentos existentes. Por participar,
portanto, da construção do conhecimento, a pesquisa é fonte de aprendizagem
tanto do pesquisador quanto da sociedade na qual ela é desenvolvida.
A pesquisa como forma de aprendizagem, durante muitos anos, mais
precisamente antes da reforma universitária de 1968, não era praticada nas
instituições de ensino superior brasileiras, sendo substituída pela prática
profissional e pela erudição pessoal dos professores. Contudo, a partir dos
anos 60, difundiu-se a idéia de que o docente deve se dedicar integralmente à
21
universidade e realizar trabalhos de pesquisa com o intuito de substituir a perda
de experiência provocada pelo seu isolamento do mercado de trabalho.
A pesquisa tecnológica, em grande parte, é realizada em institutos
governamentais, academias de ciência e grandes empresas industriais.
Contudo, segundo Simon Schwartzman (1992), em meio ao desenvolvimento
de novas tecnologias e de modernas indústrias de base científica, as
Universidades são valorizadas como o lugar mais adequado para a realização
de pesquisas científicas e tecnológicas de ponta. Entre os principais fatores
dos quais tal fato decorre destaca-se o papel das universidades como
geradoras de novas vocações e novos talentos na área científica e tecnológica
e, principalmente, a superioridade que as instituições universitárias
freqüentemente demonstram, em relação a empresas ou institutos isolados, de
atrair os melhores talentos, e abrir espaço para o exercício da iniciativa e da
liderança intelectual no campo da ciência e da tecnologia.
Quando se trata de discentes e pesquisa acadêmica destaca-se a iniciação
científica, um instrumento de formação de apoio teórico e metodológico que
visa introduzir os estudantes de graduação, potencialmente mais promissores,
na pesquisa científica. Como um incentivo individual seletivo aos melhores
alunos vinculados a projetos desenvolvidos pelos pesquisadores no contexto
da graduação, são oferecidas bolsas de iniciação científica. Nesse contexto, se
sobressaem o PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica)
e a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) como
agências de fomento à pesquisa que concedem tais bolsas. Entretanto, como
destaca o Instituto de Química da USP, é imprescindível compreender que a
iniciação científica é uma atividade muita mais ampla que sua simples
realização mediante o pagamento de bolsa.
Para Schwartzman (1988), a pesquisa de qualidade deve apresentar um
conhecimento aprofundado e uma contribuição inovadora, além disso, deve
possibilitar eventuais aplicações a fins científicos, educacionais ou aplicados.
22
3.3.1 Pesquisa científica na EACH
Para estabelecermos uma perspectiva mais concreta sobre os projetos de
pesquisa desenvolvidos na USP Leste, realizamos uma entrevista como o Prof.
Dr. Ulisses Ferreira de Araújo, presidente da Comissão de Pesquisa e Pós-
Graduação da EACH.
Ele esclareceu que, na EACH, diferente do que ocorre nas demais unidades da
USP, existe uma comissão única para Pesquisa e Pós-Graduação visando uma
maior articulação entre ambas, afinal pós-graduação pressupõe pesquisa.
Desta forma, a Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação cuida,
prioritariamente, do apoio aos projetos de pesquisa dos docentes, da iniciação
científica dos discentes e do gerenciamento dos programas de Pós-Graduação
da USP. A EACH, apesar de possuir dois programas de Pós-Graduação
aprovados no âmbito da USP, ainda não oferece esses cursos devido à falta do
credenciamento do CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior), órgão vinculado ao Ministério da Educação que avalia e
habilita os projetos de Pós-Graduação.
Considerando que a EACH apresenta um corpo docente bastante jovem se
comparado as demais unidades da USP, mais maduras e que, logo, possuem
professores mais experientes para obtenção de recursos para pesquisa, o
professor avalia que o desenvolvimento de pesquisas na USP Leste, apesar de
inicial, tem sido satisfatório.
Segundo ele, a melhor forma de medir a participação dos alunos em projetos
tanto de pesquisa quanto de extensão é a avaliação da concessão de bolsas
aos discentes, como as relacionadas à iniciação científica. Ele afirma que a
EACH é uma das unidades da USP com maior percentual de aprovação dos
pedidos de concessão de bolsas. Destaca-se ainda que, como a USP Leste
não oferece cursos de Pós-Graduação, os docentes se dedicam mais aos
discentes de Graduação. Os alunos auxiliam o professor no desenvolvimento
23
da pesquisa; a ausência de mestrandos e doutorandos na EACH faz com que
os professores recorram aos graduandos.
Por fim, o Prof. Dr. Ulisses, como participante do projeto da USP Leste desde
2004, afirma que um dos pontos mais falhos na execução desse projeto é a
falta de integração entre a EACH e a comunidade local. Além disso, na sua
perspectiva geral, a USP Leste tem se tornado uma unidade que valoriza mais
a pesquisa, ignorando em grande parte a extensão.
24
4 RESULTADOS E ANÁLISES
A realização deste trabalho exigiu a adoção de diferentes métodos de
pesquisa, assim a primeira seção deste capítulo detalha tais métodos. Já a
segunda seção aponta quais os resultados obtidos, ao mesmo tempo em que
faz uma análise desses resultados.
4.1 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos propostos por este trabalho, foi necessária a obtenção
de dados secundários que permitissem um esclarecimento inicial quanto a
pontos relevantes, como os conceitos de pesquisa e extensão, ou ainda, as
propostas de criação da EACH, entre outros. Sendo assim, foi realizado um
levantamento bibliográfico que permitiu a identificação das principais
publicações sobre os assuntos desejados, o que foi seguido pela leitura e
análise das bibliografias e documentos identificados.
Visando obter informações mais objetivas e precisas, também se buscaram
dados primários, neste caso, obtidos com a aplicação de questionários e com a
realização de entrevistas com pessoas que se destacam no envolvimento com
os principais temas deste trabalho.
A aplicação dos questionários foi feita a partir de uma amostra de 188
discentes do quarto ano de 2009 de um universo de 1.229 (sendo 435
ingressantes em 2005 e 794 ingressantes em 2006). O erro amostral foi de
6,7%.
Os alunos selecionados de forma aleatória, dentro de suas próprias classes ou
até mesmo nos corredores dos prédios da Universidade, foram tanto do sexo
masculino, quanto do feminino, de qualquer faixa etária, de diferentes níveis
25
sociais e de diversos locais de origem. Além disso, como dito na introdução, a
EACH oferece cursos em diversas áreas do conhecimento, por isso, nossa
pesquisa, ao lidar com discentes de todas essas áreas, tratou de um grupo
heterogêneo.
A média de aplicação do questionário foi de aproximadamente 12 discentes
para cada período de cada curso da Escola. É importante ressaltar, no entanto,
que cursos que ocorrem em dois períodos diferentes (seja matutino e noturno
ou vespertino e noturno) como Gestão de Políticas Públicas (GPP), Gestão
Ambiental (GA), Sistemas da Informação (SI), Marketing (Mkt), Lazer e Turismo
(LzT) e Licenciatura em Ciências da Natureza (LCN) tiveram a separação e
distinção entre os períodos. Além disso, é relevante destacar também que nos
cursos Licenciatura em Ciências da Natureza do período noturno e Ciências da
Atividade Física do período vespertino, devido a dificuldades de encontrar
alunos do quarto ano de tais cursos, o número de questionários aplicados em
discentes desses cursos é bem inferior à média, portanto não constarão neste
trabalho.
Os questionários aplicados distinguiram os alunos participantes dos projetos de
extensão e de pesquisa científica universitária dos não participantes. Entre os
alunos que se envolvem nesses projetos, avaliamos seu grau de participação
de acordo com as suas próprias perspectivas, motivações e influências. Já em
relação aos estudantes que não tiveram ação participativa pesquisamos alguns
dos motivos pelos quais tal ação não ocorreu.
Como já foi citado, também realizamos entrevistas com pessoas que se
destacam no envolvimento com os principais temas deste trabalho. Assim, os
entrevistados foram: a gerente do NASCE, Gislaine Pereira; o presidente da
Comissão de Cultura e Extensão, Prof. Dr. José Jorge Boueri Filho; o
coordenador executivo do NASCE e presidente da Comissão de Pesquisa e
Pós-Graduação da EACH, Prof. Dr. Ulisses Ferreira Araújo; e o discente do
quarto ano e membro ativo do Laboratório de Extensão, Luis Eduardo Trevisan
de Leon. Essas entrevistas tiveram o intuito de conhecer melhor os objetivos de
tais órgãos (NASCE, CCEx, LabEx e Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação)
da Escola de Artes, Ciências e Humanidades relacionados a projetos de
26
extensão e de pesquisa científica, além da obtenção de visões diferentes sobre
o significado de tais atividades acadêmicas, bem como as perspectivas de um
discente de quarto ano atuante em projetos de extensão sobre o perfil dos
demais discentes que também se engajam nesses projetos.
Para simplificar a análise, classificaremos a renda familiar mensal em categorias:
baixa (até R$ 1.000), média (de R$ 1.001 até R$ 5.050) e alta (acima de R$ 5.051).
4.2 RESULTADOS OBTIDOS
Do total de alunos (188) em que aplicamos questionários, apenas 4,3%
participou somente de projetos de extensão, 28,2% participou somente de
projetos de pesquisa, 6,9% participou de ambos e a grande maioria restante,
60%, não teve participação nesses projetos durante sua graduação, conforme
pode ser visto no Gráfico 4.1.
Gráfico 4.1
27
Agora, partindo do mesmo total, mas separando a partir do tipo de escola
cursada pelo discente no ensino médio e, levando em conta a margem de erro
amostral de 6,7%, não se percebe grande disparidade nos dados, exceto
quanto à participação em projetos de pesquisa. Conforme o Gráfico 4.2
(abaixo), os alunos vindos de escola pública mostraram-se mais participativos,
sendo 37,8% o índice de participação, enquanto os vindos de escola particular
totalizaram 21,9%.
Gráfico 4.2
Já na comparação da participação entre as classes econômicas, também
considerando o erro amostral, observa-se no Gráfico 4.3 (abaixo) que 51% da
participação em projetos somente de pesquisa foi de alunos da classe baixa,
contra 29,8% da classe média e 19,2% da classe alta. Quanto a não
participação, os alunos da classe alta totalizaram 71,2%, os da média 58,9%, e
os da baixa 33,3%.
28
Gráfico 4.3
Analisando-se os dados curso a curso por período, observamos algumas
disparidades relevantes. Verificamos que os alunos dos cursos matutinos e
vespertinos apresentaram maior participação em relação aos alunos dos
cursos noturnos. Porém uma ressalva deve ser feita quanto ao curso de
Gestão de Políticas Públicas, no qual os alunos da noite tiveram um maior
envolvimento nos projetos de pesquisa e extensão comparado aos alunos da
manhã. Da participação dos primeiros alunos, aproximadamente, 15% realizou
somente extensão, 23% somente pesquisa e 62% não teve participação em
nenhum projeto, enquanto dos alunos restantes, somente 14% participou de
pesquisa e o 86% não teve participação. Uma possível explicação para isto se
deve ao fato de que durante o período de aplicação dos questionários, deste
curso em especial, estava sendo realizado na cidade de São João del Rei –
MG um seminário sobre o tema extensão universitária, onde estavam
presentes um número considerável de estudantes deste curso. Portanto, os
resultados obtidos neste caso específico não são tão precisos.
Levando em conta o erro amostral e considerando a média da participação em
pesquisa (28,2%), observa-se que quatro cursos estão dentro da média (GA
matutino, Obstetrícia vespertino, TM vespertino, LzT noturno); cinco estão
abaixo (Mkt noturno, LzT vespertino, Ger vespertino e GPP matutino e
noturno), sendo relevante destacar que tanto Mkt noturno e LzT vespertino não
29
tiveram nenhuma participação em projetos de pesquisa; estão acima da média
cinco cursos (SI matutino e noturno, GA noturno, LCN matutino e Mkt
matutino).
Quanto à extensão verifica-se em todos os cursos uma baixa ou até mesmo
nula participação. Entre os alunos dos cursos que tiveram alguma participação,
temos, aproximadamente: SI matutino, 10%; GPP noturno, 15%; LZT
vespertino, 15%; Obstetrícia, 15%; e de Mkt noturno, 7%. O restante de alunos
de todos os outros cursos não participaram de projetos de extensão.
Do total de cursos, dois deles em que o aluno participou tanto de pesquisa
quanto de extensão se sobressairam, são eles: LCN matutino, com 36%, e Ger,
com 50%. Se contrapondo a isso, os cursos de Mkt noturno, LzT vespertino e
GPP matutino, apresentaram uma alta taxa de não participação em nenhum
tipo de projeto, sendo repectivamente: 93%, 90% e 86%.
Os motivos mais alegados para a atuação nos projetos de pesquisa e extensão
foram: pretensões pessoais e influência do curso. Em contrapartida, a falta de
interesse e de conhecimento de tais projetos, além do foco no trabalho
remunerado foram as justificativas dadas para a não participação.
Dos 188 discentes questionados, 21 se envolveram em projetos de extensão,
sendo que destes, 18 trataram de assuntos relacionados à Zona Leste. Já os
projetos de pesquisa totalizaram o envolvimento de 66 alunos, sendo que 15
deles se direcionaram à Zona Leste.
Uma grande contradição observada nos Gráficos 4.4 e 4.5 é a alta importância
(valores 4 ou 5) atribuída pela maior parte dos alunos aos projetos que têm
como foco o beneficiamento das comunidades da Zona Leste, versus o
interesse médio (valores 3 ou 2) ou baixo (valores 1 ou 0) atribuída pela
mesma maioria em relação a tais projetos.
30
Gráfico 4.4
Gráfico 4.5
Finalmente, quanto as aspirações futuras após a conclusão do curso, 63,8% do
total de estudantes pretende atuar em prol da sociedade, principalmente, por
meio de trabalhos voluntários e ONGs. Entre os 26,2% restante, essa não
atuação é justificada pelo foco no trabalho remunerado e/ou pela falta de
interesse.
31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho consistiu na investigação do perfil dos alunos concluintes de 2009 da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo quanto a
participação destes em projetos de pesquisa e extensão. Desta forma,
indiretamente, avaliaremos o cumprimento da proposta da EACH: integração entre
a Universidade e as comunidades mais necessitadas da Zona Leste. Além disso,
o trabalho abordou as pretensões futuras desses discentes em relação ao trabalho
em prol da sociedade, no âmbito geral.
A primeira hipótese levantada sugere que o curso do discente influencia na sua
atuação em projetos de pesquisa e extensão. Com base na análise dos
questionários aplicados, essa hipótese não foi confirmada para todos os cursos,
por exemplo, nos cursos de Marketing e Lazer e Turismo prevalecem atividades
que visam os benefícios próprios. Outros fatores, além da influência do curso, que
interferiram na participação dos discentes foram a remuneração e a vontade
pessoal de colaborar com o coletivo.
Outra hipótese refere-se à interferência do período em que o curso é realizado.
Assim sendo, verificamos que a porcentagem de participação dos alunos do
matutino e vespertino é maior do que os do noturno.
Quanto a hipótese de que a classe econômica do discente exerce influência sobre
sua participação, chegamos a conclusão de que os alunos pertencentes a classe
baixa são mais propensos à participar e os da classe alta a não participar.
Considerando a hipótese de que a origem escolar (privada ou pública) influencia
na participação do aluno em projetos de pesquisa e extensão, concluímos que
essa influência só é significativa em relação à pesquisa, na qual os alunos de
escola pública se mostraram mais participativos.
Analisando separadamente pesquisa e extensão, pode-se inferir que a pesquisa
na EACH é mais valorizada, tendo, portanto, maior participação pelos alunos,
maior divulgação e mais recursos aplicados. Já as atividades de extensão são
pouco divulgadas e possuem menos recursos, o que interfere na baixa
32
participação dos discentes. Isso pode ser verificado pelo maior espaço dedicado á
pesquisa no site da EACH e pelos depoimentos, concedidos nas entrevistas já
descritas, de pessoas envolvidas em pesquisa e extensão.
Apesar da verificação de que as atividades de pesquisa são mais desenvolvidas,
estas, em sua maioria, não são direcionadas ao beneficiamento das comunidades
do entorno da EACH. Já as atividades de extensão, majoritariamente, envolvem-
se com as comunidades da Zona Leste, no entanto, o número dessas é
insuficiente para a integração da Universidade com as comunidades locais, ou
seja, a proposta da EACH não é alcançada em sua totalidade.
Logo, questiona-se a política atualmente adotada pela Universidade que
determina a valorização da pesquisa em detrimento da extensão. Se mais
recursos fossem aplicados na segunda atividade destacada, a divulgação e,
conseqüentemente, o interesse dos alunos por participar de projetos de extensão
poderia aumentar.
A hipótese de que os alunos do último ano não têm o propósito de continuar
participando ativamente na sociedade a fim de melhorá-la e desejam somente
atingir seus próprios interesses econômicos individuais após se formarem é
contrariada por considerável maioria, que se propõe a atuar em ONGs e trabalhos
voluntários.
Um estudo posterior poderá analisar os motivos pelos quais se deseja atuar em
prol da sociedade no futuro, mas não no presente, como demonstrou nosso
trabalho. De forma semelhante, nosso trabalho avaliou se os fatores curso,
período, classe econômica e origem escolar influenciam ou não na participação
dos discentes, mas outro trabalho, talvez no âmbito sociológico ou psicológico,
poderia investigar como ocorre a influência de tais fatores.
Além disso, seria relevante também a realização de uma comparação entre as
conclusões do presente trabalho e do trabalho feito pelo grupo O Imaginário, que
trabalhou com os alunos ingressantes na EACH em 2009, pesquisando como
estes imaginam participar socialmente durante seus anos de graduação. Assim,
poder-se-ia realizar o confronto entre o que é imaginado e o que é realmente
concretizado.
33
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. LEI Nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Lei de Ensino, índice B – Educação Superior, capítulo 4 – Educação Superior, item 4.2 – Diretrizes. Brasília, 9 de janeiro de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10172.htm>. Acesso em: 01 abr. 2009. CEFET-MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Belo
Horizonte. Apresenta a Política Nacional de Extensão. Disponível em:
<http://www.dedc.cefetmg.br/site/sobre/aux/coordenacoes/cood_geral_prog_ex
t_desen_comu.html>. Acesso em 22 abr. 2009.
CPTM. São Paulo. Informa o funcionamento das estações USP Leste e Ermelino Matarazzo na linha F da CPTM. Disponível em: <http://www.cptm.sp.gov.br/e_noticias/webnoticias/one_news.asp?IDNews=4084>. Acesso dia 22 abr. 2009. ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx). Disponível em: <http://www.each.usp.br/ccex.php>. Acesso em 06 abr. 2009. ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta a Concepção Geral dos Cursos de Graduação da EACH. Disponível em: <http://www.each.usp.br/concepcao-geral.php>. Acesso em 06 abr. 2009. ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES, USP LESTE. São Paulo. Apresenta o Ciclo Básico. Disponível em: <http://www.each.usp.br/ciclo-basico.php>. Acesso em: 01 abr. 2009. EXTENSÃO em busca de inclusão social e formação cidadã. Beira do Rio : jornal da Universidade Federal do Pará. Edição 4. Disponível em: <http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira04/noticia/noticia4.htm>. Acesso em: 20 abr., 2009. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo. Explica a que se destinam as bolsas de iniciação científica da FAPESP. Disponível em: <http://www.fapesp.br/materia/248/iniciacao-cientifica/bolsa-de-iniciacao-cientifica.htm>. Acesso em 16 de junho de 2009.
34
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35
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36
ANEXO I
Perfil Sócio-econômico 1. Sexo: ( ) F ( ) M
2. Idade: _____ anos.
3. Curso: _____________________ Período: (M) (V) (N)
4. Ingresso em: ( ) 2005 ( ) 2006
5. Qual tipo de escola estudou durante o ensino médio (maior parte do tempo):
( ) Pública ( ) Privada
6. Fez algum cursinho pré-vestibular: ( ) Pública ( ) Privada ( ) Não
7. Antes de estudar na EACH, morava:
( ) em São Paulo ( ) no interior paulista ( ) no litoral
( ) em outro estado. Qual? _________ ( ) Outros: ____________
8. Atualmente mora em São Paulo? ( ) Sim ( ) Não
Com: ( ) Parentes ( ) Sozinho ( ) Amigos ( ) República
9. ( ) Estagia ( ) Trabalha há quanto tempo? ____________ ( ) Nenhum
10. Seu sustento depende de: ( ) Pais ( ) Estágio/Emprego ( ) Bolsa
( ) Parentes ( ) Outros: _________________
11. Renda familiar mensal: ( ) menos de R$ 500,00 ( ) de R$ 501,00 a R$ 1000,00 (
) de R$ 1.001,00 a R$2.500,00 ( ) de R$ 2.501,00 a R$ 5.050,00
( ) de R$ 5.051,00 a R$ 7.575,00 ( ) mais de R$ 7.576,00.
12. Pessoas sustentadas com essa renda: ( ) 1 ( ) 2 a 4 ( ) mais de 4
Participação em projetos de extensão e pesquisa 1. Sabe o que é extensão universitária? ( ) Sim ( ) Não
2. Se SIM, onde você obteve conhecimento sobre o assunto?
( ) Alunos ( ) Palestras dentro da EACH ( ) Palestras fora da EACH
( ) Professores ( ) Outros: __________________________________________.
3. Conhece ou já ouviu falar de algum desses órgãos?
( ) CCEX ( ) NASCE ( ) LABEX ( ) Não conheço
Outros:_________________________________________________________.
4. Já participou ou participa de projetos de extensão?
Sim ( ) Não( )
Se SIM, em quais e por quanto tempo?
______________________________________________________________________
________________________________________________________.
Se NÃO, vá para pergunta 7.
5. A sua participação foi influenciada por:
( ) ser remunerado ( ) influência do seu curso ( ) pretensões pessoais
Outros: ________________________________________________________.
6. Estes projetos atuavam diretamente nas comunidades da Zona Leste?
( ) Sim ( ) Não
Área: ( ) Educação /Cultura ( ) Saúde ( ) Saneamento ( ) Esporte
( ) Outros:_______________________________ PULE PARA QUESTÃO 8.
7. A sua não participação foi decorrente de:
( ) falta de tempo ( ) falta de interesse ( ) ter de trabalhar
( ) falta de conhecimento sobre tais projetos
Outros:________________________________________________________________
________________________________________________________.
37
8. Qual é a sua avaliação sobre projetos de extensão que têm como foco o
beneficiamento das comunidades da Zona Leste? (dê uma nota de 0 a 5)
Quanto à importância: ___
Quanto ao seu interesse pelo assunto: ___
9.Sabe o que é pesquisa científica universitária?
( ) Sim ( ) Não
SE NÃO PULE PARA QUESTÃO 16.
10. Onde você obteve conhecimento sobre o assunto?
( ) Alunos ( ) Palestras dentro da EACH ( ) Palestras fora da EACH
( ) Professores ( ) Outros: _________________________________________.
11. Já participou ou participa de projetos de pesquisa científica universitária?
( ) Sim ( ) Não
Se SIM, em quais e por quanto tempo? _______________________________
_______________________________________________________________.
SE NÃO PULE PARA QUESTÃO 14
12. A sua participação foi influenciada por:
( ) ser remunerado ( ) influência do seu curso ( ) pretensões pessoais
Outros: ________________________________________________________.
13. Estes projetos tratavam diretamente das comunidades da Zona Leste?
( ) Sim ( ) Não
Área: ( ) Educação /Cultura ( ) Saúde ( ) Saneamento
( ) Esporte ( ) Outros:______________________________________________.
PULE PARA QUESTÃO 15
14. A sua não participação foi decorrente de:
( ) falta de tempo ( ) falta de interesse ( ) ter de trabalhar
( ) falta de conhecimento sobre tais projetos
Outros:________________________________________________________________
________________________________________________________.
15. Qual é a sua avaliação sobre projetos de pesquisa que têm como foco o
beneficiamento das comunidades da Zona Leste? (dê uma nota de 0 a 5)
Quanto à importância: ___
Quanto ao seu interesse pelo assunto: ___
16. Qual é a sua avaliação quanto a sua própria participação (em geral) na
transformação da comunidade? (dê uma nota de 0 a 5)
Grau de atuação: ___
Importância: ___
17. Pretende atuar em prol da comunidade, em projetos sociais, após se formar: ( ) Sim (
) Não
Se SIM, como? ( ) ONGs ( ) Trabalho voluntário
( )Outro: ________________________________________________________.
Se NÃO, por qual motivo? ( ) Foco no trabalho remunerado ( ) Falta de
Interesse ( ) Outro: _______________________________________________.