O PENSAMENTO MÍGICO E AS PERSONALIDADES … · certos países, inclusive aqui, passaram a dar ã...

5
O PENSAMENTO MÍGICO E AS PERSONALIDADES PARANOlDES* NA DIFICULTAÇÂO DO MOVIMENTO HIPNOLOGICO Dr. David Akstein** Tem demonstrado a história do hipnotismo que, quando este passa a ser induzido e empregado mais intensamente por hipnotizadores de palco, por leigos amadores da hipnolo gia, por curiosos ou por quem quer que seja, inclusive médicos, dentistas e psicólogos, 1n capacitados na sua pratica, ou então como meio para investigações espiritas, metapsíqul - cas ou parapsicolõgicas, ocorre um recuo e desinteresse da ciência medica oficial desta eficiente terapêutica, como se fora uma medida de defesa contra o desprestígio e o descri dito,(4) Nenhum médico ou odontõlogo pode aplicar com toda a tranquilidade um método de cura quando este ê usado por curandeiros, charlatães e hlpnot1zadores teatrais em ridícu- las e deprimentes exibições, ou quando ele é usado na busca do misterioso. Devemos aqui esclarecer, introdutoriamente.que o movimento mesmérico ou hipnolõ glco no mundo sofreu várias fases de ostracismo, seja devido às alegações exageradas ou a Ignorância dos seus cultores, ou seja com consequência da sua franca caída em mios de 1 e 1 gos em medicina e principalmente dos adeptos da metapsíquica. A primeira fase de ostracismo ocorreu logo que foi publicado e difundido por toda a França o parecer desfavorável sobre o magnetismo animal, dado por uma comissão no- meada pelo Rei Luiz XVI, em 12 de março de 1784, composta de membros da Academia de Ciên- cias e da Faculdade de Medicina, com reforço de cinco membros da Real Sociedade de Medici na. LAVOISIER, GUILLOTIN, BENJAMIN FRANKLIN e outros nomes famosos faziam parte da referT da comissão. Entretanto, o magnetismo animal continuou a ser cultivado e aplicado em outras partes, principalmente na Alemanha, na Rússia, na Suécia e na Dinamarca. E importante aqui esclarecer que, em 1784, PUYSEGUR, discípulo de MESMER, havia demonstrado o "sonambulismo artificial" em seus pacientes, com os quais também en cetou experiências telepáticas e de clarividência. PUYSEGUR abriu o caminho para o hipnotismo tal como o conheceoos hoje, mas tam- bém criou campo para o nascimento do espiritismo. Assim, eram consultados os sonâmbulos, que davam receitas médicas, prediziam o futuro, viam os órgãos no interior do organismo e eram capazes de outras maravilhas... A partir de 1813, em Paris, o abade FARIA suscitou um certo interesse pelo mag- netismo, quando então descartou o valor dos alegados fluídos. Houve, assim, uma oportuni- dade para uma melhor e mais séria avaliação do chamado magnetismo, a qual foi infelizmen- te perdida quando,em 1816, um conhecido ator levou o abade FARIA ã desmoralização públi- ca.(6) Também, a partir de 1813, com DELEUZE, o espiritismo e a metapsíq^iica jã se delineavam em formas semelhantes ãs que hoje conhecemos. 0 chamado período aoadãmico do magnetismo, iniciado em 1819 com os trabalhos de BERTRAND, por sua seriedade científica trouxe adeptos entusiastas como RECAMIER, CLO- QUET, OUDET, FOISSAC e outros. Este último conseguiu que a Academia de Medicina de Paris estudasse, analizasse e experimentasse o magnetismo animal (inclusive em seus próprios mem bros) a partir de 1 826 até 1831. Assim, após esses dnco anos, foi apresentado por um dê" seus membros, HUSSON, um relatório que em verdade foi favorável ao magnetismo. Todavia, em 1837, para desgraça de um tão frutuoso e renovado movimenta, um jo- vem magnetizador, BERNA, propôs ã Academia de Medicina o exame de novos fatos para apurar as verdades mesmiricas. BERNA alegou produzir, mediante o magnetismo, fenómenos de clari- vidência, dupla visão, predição do futuro e outros dons sobrenaturais. A Academia, reunida em junho do mesmo ano, chegou a conclusões inteiramente des f avorãvei s ãs a 1 egações de BERNA. A situação piorou mais ainda quando um méd i co .CLAUDE BUR~ DIN, ofereceu 3.000 francosa quem pudesse ler sem o auxílio dos olhos ou da luz, fato que BERNA havia declarado nao só possível como também incontestável. Apareceram alguns concorrentes mas nenhum conseguiu obter o cobiçado prémio.Foi um rude golpe para o magnetismo, tanto mais porque injusto, por ser todo baseado em alega ções feitas por ignorantes magnetizadores desconhecedores da fenomenologia hipnótica e, principalmente, do chamado "desempenho de papel" e da importância da "atitude do opera - dor hipnótico". (Esta atitude-gestos, certas contrações musculares, mímica, maneira de ex pressar a fala - muitas vezes praticamente insensível para o próprio operador, pode ser * - Trabalho apresentado no VI CONGRESSO PAN AMERICANO DE HIPNOLOGIA E MEOICINA PSIC0SS0 MATICA, e V CONGRESSO BRASILEIRO DE HIPNOLOGIA. Rio de Janeiro, 12-17,março, 1 978.Pu blicado em dezembro,1978, na "Revista Ibero Americana de Sofrologia y Medicina Psi- cosomáti ca" (Vo I . VII, no 4). ** - Presidente-Fundador da Sociedade Brasileira de Hipnose Médica, da "International So clety of Hypnosis", da "American .Society of Clinicai Hypnosis", da Associação Psi- quiátrica do Estado do Rio de Janeiro. 33

Transcript of O PENSAMENTO MÍGICO E AS PERSONALIDADES … · certos países, inclusive aqui, passaram a dar ã...

O PENSAMENTO MÍGICO E AS PERSONALIDADES P A R A N O l D E S *

NA D I F I C U L T A Ç Â O DO MOVIMENTO HIPNOLOGICO

Dr. David A k s t e i n * *

Tem d e m o n s t r a d o a h i s t ó r i a do h i p n o t i s m o q u e , q u a n d o e s t e p a s s a a s e r i n d u z i d o e empregado m a i s i n t e n s a m e n t e p o r h i p n o t i z a d o r e s de p a l c o , p o r l e i g o s amadores da h i p n o l o g i a , p o r c u r i o s o s ou p o r quem q u e r que s e j a , i n c l u s i v e m é d i c o s , d e n t i s t a s e p s i c ó l o g o s , 1n c a p a c i t a d o s na sua p r a t i c a , ou então como m e i o p a r a i n v e s t i g a ç õ e s e s p i r i t a s , metapsíqul -c a s ou p a r a p s i c o l õ g i c a s , o c o r r e um r e c u o e d e s i n t e r e s s e da c i ê n c i a m e d i c a o f i c i a l d e s t a e f i c i e n t e t e r a p ê u t i c a , como s e f o r a uma m e d i d a de d e f e s a c o n t r a o d e s p r e s t í g i o e o d e s c r i d i t o , ( 4 ) Nenhum médico ou o d o n t õ l o g o pode a p l i c a r com t o d a a t r a n q u i l i d a d e um método de c u r a q uando e s t e ê u s a d o p o r c u r a n d e i r o s , c h a r l a t ã e s e h l p n o t 1 z a d o r e s t e a t r a i s em r i d í c u ­l a s e d e p r i m e n t e s e x i b i ç õ e s , ou q u a n d o e l e é u s a d o na b u s c a do m i s t e r i o s o .

Devemos a q u i e s c l a r e c e r , i n t r o d u t o r i a m e n t e . q u e o m o v i m e n t o m e s m é r i c o ou hipnolõ g l c o no mundo s o f r e u v á r i a s f a s e s de o s t r a c i s m o , s e j a d e v i d o às a l e g a ç õ e s e x a g e r a d a s ou a Ignorância dos s e u s c u l t o r e s , ou s e j a com c o n s e q u ê n c i a da sua f r a n c a caída em m i o s de 1 e 1 gos em m e d i c i n a e p r i n c i p a l m e n t e d os a d e p t o s da m e t a p s í q u i c a .

A p r i m e i r a f a s e de o s t r a c i s m o o c o r r e u l o g o que f o i p u b l i c a d o e d i f u n d i d o p o r t o d a a França o p a r e c e r d e s f a v o r á v e l s o b r e o m a g n e t i s m o a n i m a l , d a d o p o r uma comissão n o ­meada p e l o R e i L u i z X V I , em 12 de m a r ç o de 1 7 8 4 , c o m p o s t a de membros da A c a d e m i a de C i ê n ­c i a s e da F a c u l d a d e de M e d i c i n a , com reforço de c i n c o membros da R e a l S o c i e d a d e de M e d i c i na. L A V O I S I E R , G U I L L O T I N , BENJAMIN FRANKLIN e o u t r o s nomes f a m o s o s f a z i a m p a r t e da r e f e r T da c o m i s s ã o .

E n t r e t a n t o , o m a g n e t i s m o a n i m a l c o n t i n u o u a s e r c u l t i v a d o e a p l i c a d o em o u t r a s p a r t e s , p r i n c i p a l m e n t e na A l e m a n h a , na R ú s s i a , na Suécia e na D i n a m a r c a .

E i m p o r t a n t e a q u i e s c l a r e c e r q u e , em 1 7 8 4 , PUYSEGUR, d i s c í p u l o de MESMER, jã h a v i a d e m o n s t r a d o o " s o n a m b u l i s m o a r t i f i c i a l " em s e u s p a c i e n t e s , com os q u a i s também en cetou e x p e r i ê n c i a s t e l e p á t i c a s e de c l a r i v i d ê n c i a .

PUYSEGUR a b r i u o c a m i n h o p a r a o h i p n o t i s m o t a l como o c o n h e c e o o s h o j e , mas tam­bém c r i o u campo p a r a o n a s c i m e n t o do e s p i r i t i s m o . A s s i m , eram c o n s u l t a d o s os s o n â m b u l o s , que davam r e c e i t a s m é d i c a s , p r e d i z i a m o f u t u r o , v i a m os órgãos no i n t e r i o r do o r g a n i s m o e eram c a p a z e s de o u t r a s m a r a v i l h a s . . .

A p a r t i r de 1 8 1 3 , em P a r i s , o a b a d e FARIA s u s c i t o u um c e r t o i n t e r e s s e p e l o mag­n e t i s m o , quando então d e s c a r t o u o v a l o r dos a l e g a d o s f l u í d o s . H o u v e , a s s i m , uma o p o r t u n i ­d ade p a r a uma m e l h o r e m a i s séria a v a l i a ç ã o do chamado m a g n e t i s m o , a q u a l f o i i n f e l i z m e n ­t e p e r d i d a quando,em 1 8 1 6 , um c o n h e c i d o a t o r l e v o u o a b a d e FARIA ã d e s m o r a l i z a ç ã o públi­c a . ( 6 )

T a m b é m , a p a r t i r de 1 8 1 3 , com DELEUZE, o e s p i r i t i s m o e a metapsíq^iica jã s e d e l i n e a v a m em f o r m a s s e m e l h a n t e s ãs que h o j e c o n h e c e m o s .

0 chamado período aoadãmico do m a g n e t i s m o , i n i c i a d o em 1819 com os t r a b a l h o s de BERTRAND, p o r sua s e r i e d a d e c i e n t í f i c a t r o u x e a d e p t o s e n t u s i a s t a s como RECAMIER, CLO-QUET, OUDET, FOISSAC e o u t r o s . E s t e último c o n s e g u i u que a A c a d e m i a de M e d i c i n a de P a r i s e s t u d a s s e , a n a l i z a s s e e e x p e r i m e n t a s s e o m a g n e t i s m o a n i m a l ( i n c l u s i v e em s e u s próprios mem b r o s ) a p a r t i r de 1 826 até 1 8 3 1 . A s s i m , após e s s e s d n c o a n o s , f o i a p r e s e n t a d o p o r um dê" s e u s membros, HUSSON, um r e l a t ó r i o que em v e r d a d e f o i favorável ao m a g n e t i s m o .

T o d a v i a , em 1 8 3 7 , p a r a d e s g r a ç a de um tão f r u t u o s o e r e n o v a d o m o v i m e n t a , um j o ­vem m a g n e t i z a d o r , BERNA, propôs ã A c a d e m i a de M e d i c i n a o exame de n o v o s f a t o s p a r a a p u r a r as v e r d a d e s m e s m i r i c a s . BERNA a l e g o u p r o d u z i r , m e d i a n t e o m a g n e t i s m o , fenómenos de c l a r i ­vidência, d u p l a v i s ã o , p r e d i ç ã o do f u t u r o e o u t r o s dons s o b r e n a t u r a i s .

A A c a d e m i a , r e u n i d a em j u n h o do mesmo a n o , c h e g o u a c o n c l u s õ e s i n t e i r a m e n t e des f avorãvei s ãs a 1 egações de BERNA. A situação p i o r o u m a i s a i n d a q uando um méd i co .CLAUDE BUR~ DIN, o f e r e c e u 3.000 f r a n c o s a quem p u d e s s e l e r sem o a u x í l i o dos o l h o s ou da l u z , f a t o que BERNA h a v i a d e c l a r a d o nao só possível como também i n c o n t e s t á v e l .

A p a r e c e r a m a l g u n s c o n c o r r e n t e s mas nenhum c o n s e g u i u o b t e r o cobiçado prémio.Foi um r u d e g o l p e p a r a o m a g n e t i s m o , t a n t o m a i s p o r q u e i n j u s t o , p o r s e r t o d o b a s e a d o em a l e g a ções f e i t a s p o r i g n o r a n t e s m a g n e t i z a d o r e s d e s c o n h e c e d o r e s da f e n o m e n o l o g i a hipnótica e, p r i n c i p a l m e n t e , do chamado "desempenho de p a p e l " e da i m p o r t â n c i a da " a t i t u d e do o p e r a -d o r h i p n ó t i c o " . ( E s t a a t i t u d e - g e s t o s , c e r t a s c o n t r a ç õ e s m u s c u l a r e s , m í m i c a , m a n e i r a de ex p r e s s a r a f a l a - m u i t a s v e z e s p r a t i c a m e n t e insensível p a r a o p r ó p r i o o p e r a d o r , pode s e r

* - T r a b a l h o a p r e s e n t a d o no VI CONGRESSO PAN AMERICANO DE HIPNOLOGIA E MEOICINA P S I C 0 S S 0 MATICA, e V CONGRESSO B R A S I L E I R O DE HIPNOLOGIA. R i o de J a n e i r o , 1 2 - 1 7 , m a r ç o , 1 978.Pu b l i c a d o em d e z e m b r o , 1 9 7 8 , na " R e v i s t a I b e r o A m e r i c a n a de S o f r o l o g i a y M e d i c i n a P s i -cosomáti c a " (Vo I . V I I , no 4 ) .

** - P r e s i d e n t e - F u n d a d o r da S o c i e d a d e B r a s i l e i r a de H i p n o s e M é d i c a , da " I n t e r n a t i o n a l So c l e t y o f H y p n o s i s " , da " A m e r i c a n . S o c i e t y o f C l i n i c a i H y p n o s i s " , da Associação P s i ­q u i á t r i c a do E s t a d o do R i o de J a n e i r o .

33

c a p t a d a p o r p a c i e n t e s e x t r e m a m e n t e sensíveis q u e , a s s i m , podem s a b e r o que d e l e s é e s p e r a do d u r a n t e a sessão h i p n ó t i c a . )

Nao f o i l e v a d o em c o n s i d e r a ç ã o o que de r e a l h a v i a no então chamado magnetismo. E s t e s e r r o s não podem s e r c o n s i d e r a d o s m u i t o g r a v e s p a r a o mundo c u l t u r a l d a q u e l a época.En t r e t a n t o , o que é d e p l o r á v e l é a i n d a h o j e e n c o n t r a r e m - s e h i p n o t i s t a s e n v o l t o s p o r f o r t e " p e n s a m e n t o mágico ou i g n o r a n t e s da f e n o m e n o l o g i a h i p n ó t i c a b u s c a n d o , como n a q u e l e s tem­p o s , o m i s t e r i o s o em f a t o s d e n t r o da h i p n o s e , que nada m a i s são que o r e s u l t a d o de ações p s i c o f i s i o l õ g i c a s a t u a l m e n t e bem i n t e r p r e t a d a s p e l a E s c o l a R e f 1 e x o l õ g i c a .

Como r e s u l t a d o d a q u e l a s alegações s o b r e n a t u r a i s , a l g u m tempo d e p o i s , em 1840, a A c a d e m i a de M e d i c i n a de P a r i s , p e l a proposição de D 0 U B L E , ( 1 ) a f i r m o u que d o r a v a n t e j a m a i s se o c u p a r i a do m a g n e t i s m o e dos m a g n e t i z a d o r e s , da mesma f o r m a como a Academia dê Ciências t i n h a - s e r e c u s a d o a t r a t a r da q u a d r a t u r a do c í r c u l o e do m o t o - c o n t í n u o .

A p a r t i r d e s s a época começou m a i s um g r a n d e e c l i p s e do chamado m a g n e t i s m o a n i ­m a l , não só na França mas em g r a n d e p a r t e da E u r o p a .

Na F r a n ç a , p r i n c i p a l m e n t e , que t i n h a s i d o c e n t r o c u l t u r a l i m p o r t a n t e de i r r a d i a ção das i d e i a s m e s m é r i c a s , p a r e c i a então que nenhuma i m p o r t â n c i a t i n h a m a i s o mesmerismoT p a r e c i a m t e r e s q u e c i d o a e x t r a o r d i n á r i a influência que MESMER e s u a o b r a e x e r c e r a m na v i ­da f r a n c e s a . E n t r e t a n t o , o m a g n e t i s m o c o n t i n u o u , na França e na m a i o r p a r t e da E u r o p a , em m ã o s dos m a g n e t i z a d o r e s i t i n e r a n t e s e de t e a t r o . Como c o n s e q u ê n c i a , m a i o r f o i o a f a s t a m e n t o d o s medi c o s . ~

F e l i z m e n t e , na I n g l a t e r r a , em 1842, JAMES 8 R A I O , ( 6 ) após a s s i s t i r as sessões de m a g n e t i s m o d a d a s p e l o f a m o s o m a g n e t i z a d o r CHARLES LA FONTAINE, a p r e s e n t o u p a r a os f e n ó m e ­nos o b s e r v a d o s ( q ue e l e a n t e r i o r m e n t e a c r e d i v a s e r e m f a l s o s ) , uma c o n c e i t u a ç ã o científica; c o n c l u i u que e l e s d e p e n d i a m q u a s e que e x c l u s i v a m e n t e do p r ó p r i o p a c i e n t e . Graças a 8RAID, a I n g l a t e r r a pôde d e v o l v e r ã França o a n t i g o m esmerismo c o b e r t o com n o v a roupagem e com uma b a s e científica m a i s f a c i l m e n t e aceitã,vel p e l o s homens de c i ê n c i a . C o n t r i b u i u p r i n c i ­p a l m e n t e p a r a a d i v u l g a ç ã o do b r a i d i s m o na França um c i r u r g i ã o de B o r d é u s chamado AZAM,(4) o q u a l f o i , na r e a l i d a d e , a p o n t a de |ança das i d e i a s de BRAID na F r a n ç a , t e n d o s i d o quem p r i m e i r o r e p e t i u as e x p e r i ê n c i a s do m é d i c o i n g l ê s , c o n d u z i n d o o h i p n o t i s m o a um p l a n o de v e r d a d e i r a e l e v a ç ã o c i e n t í f i c a .

Os f a t o s r e l a t i v o s aos fenómenos h i p n i ã t r i c o s v o l t a v a m ã F r a n ç a como n o v i d a d e , e então c o m e ç a r i a a f a s e á u r e a do h i p n o t i s m o . E s t a i r i a d u r a r a t é os f i n s do século XIX.quan do s u c u m b i r i a a n t e o i m p a c t o do c o n c e i t o tiipnose-doença l a r g a m e n t e a l a r d e a d o p o r C H A R C O T ê sua E s c o l a , e também p e l o s p r e c o n c e i t o s c r i a d o s p e l o s h i p n o t i z a d o r e s e m a g n e t i z a d o r e s de p a l c o e dos c a f é s - c o n c e r t o s . DONATO, HANSEN, PICKMAM e m u i t o s o u t r o s p r o f i s s i o n a i s do p a i co p a s s a r a m , e n t ã o , a p e r c o r r e r t o d a a E u r o p a com as s u a s e q u i p e s de s o n â m b u l o s .

C o n t u d o , p a r a d o x a l m e n t e , CHARCOT com o s e u g r a n d e p r e s t í g i o m a n t e v e em sua êpo c a , bem a c e s o o i n t e r e s s e p e l a h i p n o s e ; p o r t a n t o , s ua m o r t e ( 1 8 9 3 ) c o n t r i b u i u b a s t a n t e oã r a o f i m d a q u e l a f a s e . -

0 c o n c e i t o h i p n o s e - d o e n ç a f o i t r e m e n d a m e n t e m a l é f i c o ã. e v o l u ç ã o do movimento h i p na l õ g i c o . A s s i m , p a r a m u i t o s , s e r h i p n o t i z a d o e r a c o n s i d e r a r - s e um d o e n t e , s e r um histérí" c o . . . M u i t o s m é d i c o s que e s t u d a v a m p e l o s e s c r i t o s d o s l u m i n a r e s d a q u e l a E s c o l a p a s s a r a m ã t e r pouco i n t e r e s s e em h i p n o t i z a r s e u s p a c i e n t e s - s e r i a j o g a r - l h e s a p e c h a de h i s t é r i c o s ! BERTRÍN RUBIO ( 5 ) d i z i a que "um g r u p o m u i t o respeitável de homens de ciência seguem o l h a n do a h i p n o t e r a p i a com notória prevenção e m a r c a d o r e c e i o , p o r q u e c o n s i d e r a m o h i p n o t i s m o -

como uma e n f e r m i d a d e a r t i f i c i a l dos c e n t r o s n e r v o s o s . Ao meu v e r , s e m e l h a n t e c o n c e i t o apoia-se em um e r r o e este e r r o o r i g i n a - s e da S a l p ê t r i è r e . E f e t i v ã m e n t e , m u i t o s dos n o s s o s m é d i ­c o s , p o d e - s e d i z e r , nao conhecem o u t r o h i p n o t i s m o que o e s t u d a d o b r i l h a n t e m e n t e p o r CHAR­COT na g r a n d e h i s t e r i a * .

T ambém a E s c o l a de N a n c y , e s t u d a n d o e se r e f e r i n d o em d e m a s i a aos p e r i g o s da h i p n o s e , s e r v i u b a s t a n t e p a r a o c a s i o n a r d e s c o n f i a n ç a e r e c e i o p o r p a r t e de m u i t o s médicos e de c e r t a s a u t o r i d a d e s , bem como p a r a i n c e n t i v a r o p r e c o n c e i t o p o p u l a r c o n t r a a h i p n o s e . I s t o pode p a r e c e r p a r a d o x a l , p o i s f o i p r e c i s a m e n t e a E s c o l a de Nancy quem d e u , n a q u e l a é p o c a , a m a i o r c o n t r i b u i ç ã o p a r a o r e y i g o r a m e n t o da h i p n o s e t e r a p ê u t i c a d e n t r o de e l e v a ­dos' c o n c e i t o s p s i c o l ó g i c o s .

Temos f a r t a m e n t e d e m o n s t r a d o que os chamados p e r i g o s da h i p n o s e só e x i s t e m quan 4 o está p r e s e n t e a i m p e r í c i a e a i n e x p e r i ê n c i a . ( 1 ) 0 h i p n o t i s t a , m é d i c o ou o d o n t õ l o g o , c r ê d e n c i a d o p o r um c u r s o r e a l i z a d o p o r c o n c e i t u a ' d a S o c i e d a d e de H i p n o l o g í a ou p o r uma U n i v e r s i d a d e , ê b a s t a n t e c a p a c i t a d o p a r a r e c o n h e c e r e e v i t a r q u a l q u e r p e r i g o p a r a o seu p a c i e n ­t e .

Da mesma f o r m a como um indivíduo d e p o s i t a c o n f i a n ç a em s e u c i r u r g i ã o , s e j a medi c o ou d e n t i s t a , d u r a n t e uma c i r u r g i a , a s s i m também nenhum r e c e i o d e v e t e r da aplicação dã h i p n o t e r a p i a q uando f e i t a e x c l u s i v a m e n t e p e l o m é d i c o ou d e n t i s t a h a b i l i t a d o s n e s t e m i s t e r . E s t e s p r o f i s s i o n a i s , r e c o n q u i s t a n d o t o t a l m e n t e a i m p o r t a n t e arma t e r a p ê u t i c a que é a h i p ­n o s e , a c a b a r ã o p o r v e n c e r de modo d e f i n i t i v o o p r e c o n c e i t o p o p u l a r c o n t r á r i o . Temos sem -p r e a f i r m a d o que são os próprios p a c i e n t e s as m a i o r e s v í t i m a s de t a l p r e c o n c e i t o . M u i t o s p a c i e n t e s , em quem a a p l i c a ç ã o da h i p n o t e r a p i a s e r i a a m e d i d a m a i s I n d i c a d a , p o r f o r t e pre c o n c e i t o d e i x a m de r e c e b ê - l a , p r e j u d i c a n d o - s e s o b r e m a n e i r a .

Somos a b s o l u t a m e n t e c o n t r a d e n o m i n a ç õ e s d i f e r e n t e s que d i v e r s o s h i p n o t i s t a s em c e r t o s p a í s e s , i n c l u s i v e a q u i , p a s s a r a m a d a r ã h i p n o s e e aos e s t a d o s a n á l o g o s . I s t o tem d e c o r r i d o e v i d e n t e m e n t e d e v i d o ao p o u c o c o n h e c i m e n t o h i p n o l õ g i c o ou ã f a l t a de c o r a g e m pa r a l u t a r c o n t r a o p r e c o n c e i t o p o p u l a r aí a r r a i g a d o . A c h a r a m m e l h o r f a z e r um d e s v i o do que e n f r e n t a r as c o r r e n t e s o p o s i t o r a s , c r i a i , d o nomes como l e t a r g i a , s o f r o l o g i a , n e o - s o f r o l o -

3»+

g i a , e t c Em o u t r a s é p ocas nomes também pomposos f o r a m c r i a d o s p a r a s i g n i f i c a r o mesmo f e ­nómeno e Í * • t robio Log' 1, força õdica% >: Z ,.v t rtdinam i sno vital e o u t r o s . ( 6 ) Em g e r a i , t o d o s os s e u s c r i a d o r e s também montaram uma bem u r d i d a l i n g u a g e m e s o t é r i c a r e l a c i o n a d a com s u a s i d e i a s P a s s a r a m , como no tempo p a s s a o i n v e r n o .

Em n o s s o p a i s temos p r o c u r a d o não f u g i r ã r e s p o n s a b 1 1 1 d a d e d e 1 u t a r p e l a r e i n t e ­g ração da H i p n o l o g i a d e n t r o d a s Ciências M é d i c a s Nao temos nos a c o v a r d a d o a n t e os p r e c o n c e i t o s c o n t r a a h i p n o s e , que eram a q u i m a i s v i g e n t e s p r i n c i p a l m e n t e até 1961, mesmo e n t r e " i l u s t r e s c o l ega s

N o s s a l u t a t r o u x e - n o s a l g u m a s v a n t a g e n s , a i n d a não o b t i d a s p o r c o l e g a s em m u i ­t o s p a í s e s , como a p r o i b i ç ã o o f i c i a l do u s o da h i p n o s e como e n t r e t e n i m e n t o , em t e l e v i s ã o , t e a t r o s , e t c ( D e c r e t o - l e i nQ 51.009 de 2 2 / 7 / 1 9 6 1 ) .

E s t a proibição só f o i o b t i d a d e p o i s de m e d i d a s e s c l a r e c e d o r a s nos m a i s i n f l u e n t e s ó r g ã o s de p u b l i c i d a d e , d e p o i s de vários anos de a p l i c a ç ã o c r i t e r i o s a da hipn o t e r a p i a pê l o s h i p n õ l o g o s b r a s i l e i r o s e após a r e a l i z a ç ã o dos bem s u c e d i d o s 19 C o n g r e s s o Pan A m e r i c a no de H i p n o l o g i a e 19 B r a s i l e i r o de H i p n o l o g i a . D e s s a f o r m a , a m a i o r p a r t e do público p a ? sou a e n c a r a r a r e f e r i d a t e r a p ê u t i c a como u s u a l e i n ó c u a .

C a b e - n o s a g u i a s s i n a l a r q u e , jã ao p r o c u r a r e n t r a r n os e s t u d o s e na p r á t i c a h i £ n õ t i c a , m u i t o s i n d i v í d u o s , com f o r t e t e n d ê n c i a ao p e n s a m e n t o m á g i c o , o f a z e m com o i n t u i ­t o de e n c o n t r a r o m i s t e r i o s o e as c o m p e n s a ç õ e s e m o c i o n a i s que r e q u e r e m a sua e s t r u t u r a p s í q u i c a . I s t o se e n t e n d e p o i s , i n f e l i z m e n t e , a h i p n o l o g i a vem s e n d o v i s t a p o r m u i t a s pes s o a s , d e s d e os s e u s p r i m ó r d i o s , sob uma auréola de m a g i a e m i s t é r i o . Os e s t u d o s e a prãtT ca h i p n o l õ g i c a podem a t r a i r , de f a t o , i n d i v í d u o s com i d e i a s d e l i r a n t e s , místicas e também mega 1omanía c a s , como <ao os e s q u i z o f r ê n i c o s da f o r m a p a r a n õ i d e . T a m b é m , além da tendência ao m i s t i c i s m o r e l i g i o s o e ao p e n s a m e n t o m á g i c o , é m u i t o comum nas p e r s o n a l i d a d e s p a r a n õ i -des a s u s c e t i b i 1 i d a d e a u m e n t a d a , o o r g u l h o i m p o n e n t e , a s u p e r v a l o r i z a ç ã o , em g e r a l desme­d i d a , e a d e s c o n f i a n ç a i r r e f r e a d a . A i n t e n s i d a d e de t a i s s i n t o m a s é t a n t o menor q u a n t o me­nos a c e n t u a d a é a p s i c o p a t i a . Mesmo em m u i t o s indivíduos que podemos c o n s i d e r a r n o r m a i s , podem s u r g i r c o n f o r m e as c i r c u n s t â n c i a s , uma c e r t a su s c e t i b i 1 i dade., um c e r t o o r g u l h o e x a l t a d o , um s e n t i m e n t o de v a l o r i z a ç ã o p e s s o a l a u m e n t a d o e uma f i x a d a d e s c o n f i a n ç a .

E s t e s s i n t o m a s v a r i a m de i n t e n s i d a d e de um i n d i v í d u o p a r a o u t r o , s e n d o q u e , em um c e r t o grau e l e v a d o jã podem s e r c o n s i d e r a d o s a n o r m a i s e, t a m b é m , a n o r m a l o indivíduo que os c o n d u z Em g r a n d e número de p e s s o a s é m u i t o difícil p e r c e b ê - l o s e só assomam ã superfí c i e quando há uma s i t u a ç ã o e m o c i o n a l que os p r o v o q u e . Não devemos c o n s i d e r a r i n comuns aT gumas d e s t a s tendências em c e r t o s h i p n õ l o g o s , até mesmo de nomeada, a i n d a que não s e j a m tí dos a b s o l u t a m e n t e como a n o r m a i s . A s s i m , romo s i n a l d e s t a p r e s e n ç a , temos v i s t o a f r e q u ê n ­c i a com que m u i t o s h i p n õ l o g o s , em vários t e m p o s , têm f e i t o a l e g a ç õ e s em f a v o r do " s e u " h i p n o t i s m o c o n t r a o h i p n o t i s m o de o u t r o s ; as d i s s e n s õ e s p e s s o a i s ou e n t r e g r u p o s de h i p n õ l õ gos têm s i d o uma c o n s t a n t e na história da h i p n o l o g i a . Jã na época do mesmerismo, o g r a n d e ji-»stre MESMER ( 2 ) se v o l t o u c o n t r a DESLON, que t a n t o o p r o t e g e u . A s s i m , t e n d o e s t a d o MES­MER três meses em S p a , na B é l g i c a , em 1782 v o l t o u l o g o ã P a r i s , p o i s s e n t i a - s e e n c i u m a d o com DESLOH, o q u a l , d u r a n t e s u a a u s ê n c i a tomou o seu l u g a r , u s a n d o o m a g n e t i s m o i n c l u s i v e em a m b i e n t e s p i t o r e s c o s , b o s q u e s , p e r t o de f o n t e s , com c a n t o s e até com músicas de o r q u e s t r a :

MESMER também se v o l t o u c o n t r a o s e u ex-discípu1 o, o MARQUES DE PUYSEGUR. A c h a ­va e l e que a nova m o d a l i d a d e do m a g n e t i s m o a n i m a l , o s o n a m b u l i s m o a r t i f i c i a l , d e s c o b e r t o p o r PUYSEGUR, e r a uma d e t u r p a ç ã o de sua t e o r i a . D i z i a e l e : "0 m a g n e t i s m o a n i m a l é i n d e p e n d e n t e do s o n a m b u l i s m o , que r e p r e s e n t a um f e n ó m e n o p e r i g o s o e s u s p e i t o , m u i t o a p r o p ó s i t o -

p a r a f a v o r e c e r a e x p l o r a ç ã o da d o u t r i n a p o r c h a r l a t ã e s " . ( 6 )

0 o r g u l h o de MESMER ( 3 ) i m p e d i a - o de f a z e r c o n c e s s õ e s . T a m b é m a intransigência e a p e r s o n a l i d a d e " d i f í c i 1 " de MESMER f o r a m r e a l m e n t e f a t o r e s que p e r m i t i r a m a t r a s a r o mo­v i m e n t o h i p n o ^ õ g i c o . T o d a v i a , s u a s i d e i a s t o r n a r a m possível i n f l u e n c i a r o n a s c i m e n t o da v e r d a d e i r a ciência h i p n o l õ g i c a , do m o v i m e n t o e s p i r i t i s t a no mundo ( i g u a l m e n t e como SWE -DENBORG) e da m e t a p s í q u i c a ou p a r a p s i c o l o g i a ; o d e s e n v o l v i m e n t o do m a g n e t i s m o p a r a o h i p ­n o t i s m o e d e s t e p a r a a p s i c o l o g i a , a p s i c a n á l i s e e a p s i q u i a t r i a d i n â m i c a , se d e v e u a um p r o c e s s o n a t u r a l .

O u t r a g r a n d e d i s p u t a o c o r r e u na I n g l a t e r r a , e n t r e JOHN E L L I 0 T S 0 N e JAMES BRAIO. E L L I 0 T S 0 N , ( 6 ) m e d i c o de p r e s t í g i o , p r o f e s s o r de m e d i c i n a na U n i v e r s i d a d e de L o n d r e s , p r e s i d e n t e da ROYAL MED IC 0-CHIRURGICAL SOCIETY e um dos f u n d a d o r e s do UNIVERSITY COLLEGE HOS­P I T A L , f o i o i n t r o d u t o r do e s t e t o s c ó p i o na I n g l a t e r r a , e s c r e v e u um l i v r o s o b r e f i l o s o f i a , m o s t r o u a importância do ácido p r ú s s i c o no t r a t a m e n t o d os v ó m i t o s e e s t a b e l e c e u m é t o d o s d e exame d o s pulmões e c o r a ç ã o .

A p a r t i r de 1837 até o f i m de sua v i d a , a os 80 a n o s de i d a d e ( 1 8 6 8 ) , d e d i c o u - s e a p r a t i c a r o m a g n e t i s m o .

BRAIO, ( 6 ) que e r a cético em relação ao m e s m e r i s m o , após a s s i s t i r em M a n c h e s t e r a d u a s e x i b i ç õ e s do m a g n e t i z a d o r suíço CHARLES LA F0NTAINE ( 1 3 e 18 de novembro de 1 8 1 1 ) , t e v e suas i d e i a s a b a l a d a s . E n t r e t a n t o , i n t e r p r e t o u os f e n ó m e n o s v i s t o s como i n d e p e n d e n t e s de quaisquer f l u í d o s , mas s i m l i g a d o s ã f i x a ç ã o p r o l o n g a d a do o l h a r .

T a n t o BRAID, c i r u r g i ã o e o c u l i s t a e d u c a d o em E d i n b u r g h , a s s i m como ELLIOTSON.so f r e r . i m i ' i n d r s o p i ' i r n P S D e r d a s m o r a i s , m a t e r i a i s e de c a r g o s p o r d e f e n d e r e m seus p o n t o s

35

de v i s t a .

A t r a v é s do s e u j o r n a l " Z o i s t " , ELLIOTSON r e f e r i u - s e com d e s p r e z o ao h i p n o t i s m o , " a q u e l e m é t o d o g r o s s e i r o p r a t i c a d o p o r H r . B R A I O . " ( 6 )

Imaginemos como t e r i a s i d o bera d i f e r e n t e o d e s t i n o do m o v i m e n t o hipniãtrico i n "glês c a s o os d o i s g r u p o s , o de ELLIOTSON e o de BRAIO, t i v e s s e m p o d i d o se h a r m o n i z a r a t r a vês de t r o c a s de i d e i a s e de um t r a b a l h o c o n j u n t o . BRAIO, homem s e n s a t o , c a u t e l o s o , sem­p r e c u i d a d o s o p a r a não s e r tomado p o r c h a r l a t ã o , p o d e r i a t e r c o n t r i b u í d o p a r a o aperfeiço amento do m o v i m e n t o de ELLIOTSON. De q u a l g u e r f o r m a , BRAID com o s e u neuro-hipnotiamo ou s i m p l e s m e n t e hipnotismo ( m a i s t a r d e , também bvaidiemo como uma homenagem a e l e ) , " i n a u g u ­r a a e r a da d e s o c u l t a ç ã o c i e n t í f i c a do m a g n e t i s m o a n i m a l " , c o n f o r m e o d i z e r de GRASSET.(7) ,

O u t r a g r a n d e d i s p u t a f o i e n t r e a E s c o l a de Nancy e a da S a p ê t r i è r e , e s t a l i d e r a da por CHARCOT e a q u e l a p o r L I E B E A U L T e BERNHEIH. A p r i m e i r a d e f e n d e n d o a t e o r i a s u g e s t i v a ou p s i c o l ó g i c a da h i p n o s e e a s e g u n d a , a t e o r i a p a t o l ó g i c a .

E r a bem c o n h e c i d a a p e r s o n a l i d a d e p r e p o t e n t e , i n t r a n s i g e n t e e d o m i n a d o r a de CHARCOT. Com o seu e r r o a r e s p e i t o da h i s t e r i a e de a c r e d i t a r nas i d e i a s de BURCQ,(6) i s - t t o é, na m e t a l o t e r a p i a e nas b a r r a s i m a n t a d a s , impôs g r a n d e d e s c r é d i t o ã sua E s c o l a e um a t r a s o ã e v o l u ç ã o da h i p n o l o g i a . Sua " e s p e c i a l " p e r s o n a l i d a d e , d o g m á t i c a , s e r v i a p a r a i m p o r m a i s f a c i l m e n t e s u a s i d e i a s . ÁXEL MUNTHE,(8) que t r a b a l h o u com CHARCOT na Salpêtriè r e , pôde o b s e r v a r os s e u s e r r o s e a a n i m o s i d a d e que e l e p o s s u í a c o n t r a BERNHEIM. A s s i m sê e x p r e s s o u ÁXEL MUNTHE em d e t e r m i n a d a p a r t e de sua m a g n í f i c a o b r a "O Livro de Sen Hickele": "Desde l o g o t i v e g r a n d e s d ú v i d a s a c e r c a da e x a t i d ã o das t e o r i a s de CHARCOT, que eram r e c e b i d a s sem a menor o p o s i ç ã o p e l o s s e u s o b c e c a d o s d i s c í p u l o s e p e l o p ú b l i c o ; o que pode e x ~ p l i c a r - s e p o r uma e s p é c i e de sugestão c o l e t i v a . F a l a r e n tão na E s c o l a de Nancy, na Sa 1 pê -t r l ê r e , e r a q u a s e c o n s i d e r a d o um d e l i t o de i e s a - m a g e s t a d e . 0 p r ó p r i o CHARCOT só de o u v i r o nome do P r o f e s s o r 8ERNHEIM f i c a v a f u r i o s o . "

A história da h i p n o l o g i a em tempos m a i s r e c e n t e s tem m o s t r a d o a repetição des t a s d i s p u t a s , s e j a em d i v e r s o s p aíses da E u r o p a , s e j a em vários das A m é r i c a s . E s s a s d i s ~ sensões têm c a u s a d o s e m p r e um e n f r a q u e c i m e n t o do m o v i m e n t o h i p n o l ó g i c o m u n d i a l . E n e s s e momento f o r m u l a m o s a p e r g u n t a : - Nao e s t a r i a na r a i z de t o d a s e s s a s d i s p u t a s a influência de p e r s o n a l i d a d e s p a r a n ó i d e s ?

Os r e s u l t a d o s e s p e t a c u l a r e s que podem s e r o b t i d o s com a s u g e s t ã o hipnótica, em g e r a l com u m a / t é c n i c a s i m p l e s , podem d e s e q u i l i b r a r e m o c i o n a l m e n t e i n d i v í d u o s com tendên -c i a p s i c o p a t o l õ g i c a d a q u e l e t i p o , l e v a n d o - o s a a l e g a ç õ e s e x a g e r a d a s . Daí p o r q u e o médico ou o d e n t i s t a , a n t e s de s e i n i c i a r e m no e s t u d o e na p r á t i ca da h i p n o s e , devem e s t a r a l e r ­t a d o s , como uma m e d i d a p r o f i l á t i c a , c o n t r a t a i s t e n d ê n c i a s que podem s e r d e s e n c a d e a d a s . D e vem f a z e r uma v e r d a d e i r a a u t o - a n ã l i s e e uma a u t o c r í t i c a r i g o r o s a . E n t r e t a n t o , i n f e l i z m e n ­t e , o s c o n c e i t o s m á g i c o s do d e l í r i o p a r a n õ i d e e s c a p a m ao exame c r í t i c o p o r q u e , em indiví -duos p o r e l e s a f e t a d o s , a a t i v i d a d e n e r v o s a s u p e r i o r nao tem um p e r f e i t o equilíbrio f u n ­c i o n a l . P o r i s s o , s a o m a i s i m u n e s ã a u t o c r í t i c a e, c o n s e q u e n t e m e n t e , ã p r o f i l a x i a dos s i n tomas r e f e r i d o s .

D u r a n t e os I 9 s C o n g r e s s o s B r a s i l e i r o e P a n - A m e r i c a n o de H i p n o l o g i a a Comissão E x e c u t i v a f o i p r o c u r a d a p o r d o i s indivíduos m a r c a d a m e n t e e s q u i z o f r ê n i c o s , que m u i t o i n s i s t i r<.m, a p e s a r de l e i g o s , em s e i n s c r e v e r nos a l u d i d o s C o n g r e s s o s . - Eram e l e s c o n h e c e d o r e s au t o d i d a t a s da h i p n o l o q i a , s e n d o que um e r a p r o f e s s o r de c u r s o s de m a t é r i a ...

Em a l g u m a s o p o r t u n i d a d e s fomos p r o c u r a d o s p o r i n d i v í d u o s l e i g o s em m e d i c i n a , q u e e s t a v a m d i s p o s t o s a e n c e t a r c o n ò s c o v a r i a d a s e x p e r i ê n c i a s t e l e p á t i c a s , telestésicas e de regressão a v i d a s p a s s a d a s , c o n f o r m e jã o t i n h a m f e i t o a n t e r i o r m e n t e . . . Um o u t r o indivíduo, p r o f e s s o r de e n g e n h a r i a , que jã h a v i a dado um c u r s o de h i p n o s e p a r a um g r u p o de m é d i c o s , d e n t r o de um bem c o n c e i t u a d o h o s p i t a l / , ! } , p r o c u r o u - n o s p a r a que o p i n á s s e m o s s o b r e o suma­r i o m i m i o g r a f a d o do c u r s o p o r e l e m i n i s t r a d o . A f i r m o u - n o s , e n t ã o , que um e n g e n h e i r o deve c o n h e c e r e a p l i c a r h i p n o s e d e v i d o ãs s u a s " g r a n d e s a p l i c a ç õ e s na e n g e n h a r i a " (mas a única indicação p o r e l e c o n s t a n t e m e n t e r e f e r i d a e r a na chamada " h i p n o s e de e s t r a d a " ) . T a mbémele a f i r m o u - n o s e s t a r o b t e n d o êxito na execução da r e g r e s s ã o a v i d a s a n t e r i o r e s . . . Em t o d o s e s t e s I n d i v í d u o s , sem d ú v i d a , e s t a v a m bem e v i d e n c i a d a s r e a ç õ e s e s q u i z o f r ê n i c a s .

E s t a s o b s e r v a ç õ e s não s a o somente n o s s a s , p o i s ROSEN ( 9 ) a f i r m a q u e , d u r a n t e os ú l t i m o s d e z a n o s e x a m i n o u , p o r vários m o t i v o s , i n c l u s i v e p a r a t r o c a de i d e i a s , m a i s de 100 h i p n o l o g i s t a s , s e n d o que 43 eram d e n t i s t a s , 1. e r a p s i c ó l o g o e os o u t r o s eram médicos. A l guns d e l e s , s o b a i n s p i r a ç ã o do c o n h e c i d o c a s o de BRIDEY MURPHY, v i n h a m p r o c u r a n d o h i p n o t i z a r s u a s e s p o s a s , n o i v a s e até mesmo s u a s p a c i e n t e s , t e n t a n d o d e s c o b r i r existências a n t e ­r i o r e s . A f i r m a o r e f e r i d o a u t o r que t o d o s os 4 d e n t i s t a s que l h e q u i z e r a m c o n v e n c e r des t a p o s s i b i l i d a d e eram d o e n t e s , i s t o ê, a p r e s e n t a v a m reações e s q u i z o f r ê n i c a s . C o n t a a i n d a , o c a s o de um dos d e n t i s t a s que a p r e s e n t o u uma r e g r e s s ã o e s p o n t â n e a a uma existência a n t e ­r i o r p e l a h i p n o s e , c o n s i d e r a n d o t r a t a r - s e de um c a s o de h i s t e r i a com dissociação da p e r s o • n a l i d a d e . Como c o n s e q u ê n c i a de s u a s o b s e r v a ç õ e s a f i r m a q u e , s e q u a l q u e r h i p n o l o g i s t a a c r £ d i t a r que p o s s a r e g r e d i r a l g u é m a uma e x i s t ê n c i a a n t e r i o r p e l a h i p n o s e , d e v e d e i x a r ime­d i a t a m e n t e de h i p n o t i z a r . D i z , t a m b é m , que e s s a crença ou é d e v i d a ã f a l t a de c o n h e c i m e n ­t o da h i p n o l o g i a , e p o r e s s e m o t i v o t a l hipnólogo d e v e p r i m e i r a m e n t e f i c a r c a p a c i t a d o na mesma, ou então é um s i n t o m a da p s i c o s e , sem dúvida a l g u m a . N e s t a s i t u a ç ã o , e l e deve p r o ­c u r a r um p s i q u i a t r a p a r a t r a t a m e n t o .

M u i t o comumente temos o b s e r v a d o em n o s s o m e i o que c e r t o s h i p n õ l o g o s , não somen­t e p o r não s a b e r e m i n t e r p r e t a r d e n t r o da n e u r o f i s i o l o g i a c e r t o s f e n ó m e n o s hipnóticos ver d a d e i r a m e n t e e s p e t a c u l a r e s , mas também p o r sua tendência ao p e n s a m e n t o m á g i c o , têm desçam bado p a r a o t e r r e n o d os m i s t é r i o s e do m a r a v i l h o s o . D e v i d o a i s t o , m u i t o s se a p r e s e n t a m j ac t a n c i osainen t e com q u a l i d a d e s s o b r e n a i g r a i s ; em s e g u i d a , comumente se i n t r o d u z e m nos es.

36

t u d o s da p a r a p s i c o l o g i a e do e s p i r i t i s m o , onde sua p e r s o n a l i d a d e a l ç a voos m a i s a l t o s no campo do m i s t i c i s m o e da m a g i a .

Sem q u a l q u e r d e s c o n s i d e r a ç ã o p a r a com a p a r a p s i c o l o g i a e o e s p i r i t i s m o , devemos d i z e r q u e e s t a s , a u r e o l a d a s de m a q l a e m i s t i c i s m o p o r boa p a r t e do p o v o , não devem s e r a s ­s o c i a d a s , p e l o h i p n ó l o g o , ao e s t u d o e e n s i n o e s p e c í f i c o s da h i p n o l o g i a . Devem s e r e s t u d a ­das ã p a r t e p o i s , c a s o c o n t r á r i o , poderá h a v e r um r e t r o c e s s o no c o n c e i t o do povo q u e . a t u a j m e n t e , tem c o n s i d e r a d o c a d a v e z m a i s a h i p n o s e como uma c i ê n c i a m é d i c a e não mais,como an t l g a m e n t e , uma f o r m a de m a g i a , c o n f o r m e e r a a p r e s e n t a d a p e l o s h i p n o t i z a d o r e s de p a l c o .

B I B L I O G R A F I A

1) A K S T E I N , D. - Hipnotismo - Seus Aspectos Mâdioo-Legais, Morais e Religiosos. Ed.Hypnos L t d a . , R i o de J a n e i r o , 1 960.

Z) A K S T E I N , D. - Mesmer, o P r e c u r s o r da M e d i c i n a do E s p í r i t o ( I ) . ( S e p a r a t a ) . Sev. Brás. Meã., 1967, V o l . 2 4 , n9 4.

3) A K S T E I N , D. - Mesmer, o P r e c u r s o r da M e d i c i n a do E s p í r i t o ( I I ) . ( S e p a r a t a ) . Rev. Brae. Med., 1967, V o l . 24, n9 5.

4 ) A K S T E I N , D. - A l g u n s I n t e r e s s a n t e s A s p e c t o s É t i c o s , M e d i c o - L e g a i s e R e l i g i o s o s da H i p ­n o s e ( I ) . ( S e p a r a t a ) . Rev. Bras. Med., 1 9 7 2 , V o l . 2 9 , nç 1 2 .

5) A K S T E I N , D. - A l g u n s I n t e r e s s a n t e s A s p e c t o s É t i c o s , M e d i c o - L e g a i s e R e l i g i o s o s da H i p ­

n o s e ( I I ) . ( S e p a r a t a ) . Rev. Bras. Med. 1 9 7 3 , V o l . 3 0 , n9 1.

6) A K S T E I N , D. - Hipnologia. 19 V o l . Ed. H y p n o s , R i o de J a n e i r o , 1 9 7 3 .

7) GRASSET, J . - L'Hypnotisme et la Suggestioh. 3 a . E d i ç ã o . E d . O c t a v e D o i n e t F i l s , P a ­r i s , 1909.

8) MUNTH, A. -O Livro de San Miohele. 8 a . E d i ç ã o . T r a d u ç ã o de Jayme C o r t e z ã o . Ed. L i v r a ­r i a do G l o b o , P o r t o A l e g r e 1 947.

9) ROSEN, H. - H y p n o s i s , M e n t a l H y g i e n e , and t h e D e n t i s t - H y p n o t i s t : a P s y c h i a t r i c O i s c u s s i o n o f t h e P o t e n t i a l i t i e s and D a n g e r s o f H y p n o s i s When U t i l i z e d D u r i n g D e n t a l P r a c t i c e . J. Clin.and Exper. Hypnosis, 1 9 5 7 , 5: 1 0 1 - 1 3 1 .

S U M M A R V

The a u t h o r a f f i r m s t h a t t h e a c c e p t a n c e f r o m s i d e o f p s y c h o t h e r a p i s t s o f a t r e a t m e n t - t h e h y p n o s i s - becomes d i f f i ç u l t when i t i s known t o be e m p l o y e d by w i t c h d o c t o r s c h a r l a t a n s and s t a g e - h y p n o t 1 z e r s o r when i t i s e m p l o y e d i n t h e s e a r c h f o r m y s t e r i o u s n e s s , s p i r i t u a l i s t i c and p a r a p s y c h o l o g i c a l i n v e s t i g a t i o ns . He s h o w s , t h r o u g h h i s t o r i c a l f a c t s , t h e c a u s e s o f t h e v a r i o u s e c l i p s e s s u f f e r e d by h y p n o l o g y i n t h e w o r l d , t h e f i r s t o f t h e m b e i n g t h e " c o n c e p t h y p n o s i s - d i s e a s e " b o a s t e d by CHARCOT and h i s S c h o o l ; f u r t h e r , t h e e x a g g e r a t e d o r s u p e r n a t u r a l a l l e g a t i o n s made by s e v e r a l m a g n e t i z e r s and h y p n o t i z e r s . '

The a u t h o r a f f i r m s t h a t he commonly has o b s e r v e d t h a t c e r t a i n h y p n o t i s t s , n o t o n l y b e c a u s e t h e i r n o t k n o w i n g how t o i n t e r p r e t c e r t a i n r e a l l y s p e c t a c u l a r h y p n o t i c a l phenomenons w l t h i n n e u r o p h y s i o l o g y , b u t a l s o d u e t o t h e i r t e n d e n c y t o t h e " m a g i c t h i n k i n g " , h a ve g l i d e d down t o t h e ^ r o u n d s o f m y s t e r y and w o h d e r ; t h e y i n t r o d u c e t h e m s e l v e s i n t o t h e s t u d i e s o f p a r a p s y c h o l o g y and s p i r i t i s m , w h e r e t h e i r p e r s o n a l i t y c a n f l y h i g h e r i n t h e f i e l d o f m y s t l c i s m and m g i c .

The a u t h o r r e f e r s t o t h e d i s p u t e s b e t w e e n m a g n e t i z e r s and h y p n o t i s t s , w h i c h h ave h a p p e n e d t h r o u g h o u t h i s t o r y , and i n q u i r e s : - I s t h e r e n o t , a t t h e r o o t s o f a l i t h e s e d i s p u t e s , t h e i n f l u e n c e o f p a r a n o i d e p e r s o n a l i t i e s ?

R E S U M E

L ' a u t e u r a f f i r r o e q u ' i l d e v i e n t d i f f i c i l e a ux p s y c h o t h ê r a p e u t e s d ' a c c e p t e r une m é t h o d e de t r a i t e m e n t - 1'hypnose - s i des g u ê r r i s s e u r s , d e s c h a r l a t a n s e t d e s h y p n o t i s e u r s de t h é a t r e en f o n t u s a g e , ou quand e l l e e s t e m p l o y é e d a n s l a r e c h e r c h e du "mystérieux", d a n s de i n v e s t i g a t i o n s s p i r i t e s e t p a r a p s y c h o l o g i q u e s . I I m o n t r e , m o y e n n a n t des f a i t s h i s t o r i q u e s , l e s c a u s e s d e s n o m b r e u s e s e c l i p s e s s u b i e s p a r 1 ' h y p n o l o g i e d a n s l e monde,dont l a p r e m i é r e e s t l e " c o n c e p t h y p n o s e - m a l a d i e " affiché p a r C h a r c o t e t s o n E c o l e e n s u l t e , l e s a l l e g a t i o n s e x a g é r é e s ou s u r n a t u r e l l e s de nombreux m a g n é t i s e u r s e t h y p n o t i s e u r s .

L'auteur s o u t i e n t q u ' i 1 a o b s e r v e três f r é q u e m m e n t que q u e l q u e s h y p n o l o g u e s ( n o n s e u l e m e n t p a r manque de s a v o i r i n t e r p r é t e r , ã 1 1 i n t l r i e u r de l a n e u r o p h y s i o l o g i e , c e r t a i n s p h é n o m è n e s h y p n o t i q u e s v r a i e m e n t s p e c t a c u l a i r e s , m a i s a u s s i ã c a u s e de l e u r p e n c h a n t v e r s l a p e n s é e m a g i q u e ) , s o n t tombes d a n s l e t e r r a i n des m y s t i r e s e t du m e r v e i l l e u x . Ces h y p n o l o g u e s s' i n t r o d u i s e n t de l a s o r t e d a n s l e s êtudes de l a p a r a p s y c h o l o g i e e t du s p i r i t i s m e , ou l e u r p e r s o n n a l i t é se h a u s s e d a n s des p l u s h a u t s v o l s d a n s l e champ du m y s t i c i s m e e t de l a m a g i e .

. f a u t e u r f a i t a l l u s i o n aux d i s p u t e s e n t r e m a g n é t i s e u r s e t h y p n o l o g u e s q u i se m u l t i p l i e r e n t au l o n g de 1 ' h i s t o i r e de l ' h y p n o s e , e t demande: E s t - c e qu'ã l a r a c i n e de t o u t e s c e s d i s p u t e s i l n'y a u r a i t pas 1 ' i n f l u e n c e de p e r s o n n a l i t ê s ã t e n d a n c e p a r a n o i á q ú e '

3 7