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“O pior era o grito das pessoas”:
das narrativas sobre as perdas sofridas às práticas sociais de
enfrentamento dos desastres1-2
Norma Valencio (UFSCar/SP; USP/SP)
Resumo
No Brasil, a instituição de defesa civil foi moldada para sobrevalorizar o estudo e o
monitoramento de certos eventos climáticos, como chuvas intensas e secas,
considerados como ‘a causa’ dos desastres ditos ‘naturais’, o que embasa práticas de
indiferença social oriundas do meio técnico. Esse approach tecnicista tem invisibilizado
as relações sociopolíticas, socioculturais e socioambientais implicadas na produção dos
desastres seja no que concerne às regularidades do processo de vulnerabilização social
quanto ao que diz respeito às especificidades dos casos que se sucedem. Por detrás
daquilo que os técnicos de defesa civil tipificam como ‘afetados nos desastres’ (e os
subtipos, tais como mortos, feridos, desalojados, desabrigados etc), há uma
multiplicidade de lugares cujas rotinas foram postas em xeque e nos quais se situam
diferentes sujeitos, narrativas sobre essa crise e respectivas estratégias de
enfrentamento. Dito isso, partiremos de três casos, representados tecnicamente como
sendo de ‘desastres causados por chuvas’ – ocorridos, respectivamente, nos municípios
de Teresópolis/RJ, São Jerônimo/RS e Brasiléia/AC – para situar diferentes sujeitos e as
suas respectivas narrativas em torno das perdas significativas vivenciadas; destacar
algumas das práticas socioculturais que permitiram aos mesmos retomarem
precariamente a sua vida cotidiana em meio à crise e, com isso, lançar elementos pra
uma discussão sobre os dispositivos que recrudesceram o processo de vulnerabilização.
Palavras-chave: desastres; direitos humanos; processos de vulnerabilização.
Introdução
No Brasil, a instituição de defesa civil tem como missão reduzir a ocorrência de
desastres no país. Contudo, não tem logrado êxito.
Uma pista que, a nosso ver, não deve ser desconsiderada na explicação do
sistemático fracasso havido no cumprimento dessa missão, está na arquitetura dos
sujeitos em posição decisória, no discurso oficial que os mesmos difundem – com
ênfase no tom determinístico em torno da identificação das ‘causas’ dos desastres – e na
performance de eficiência que assumem em relação às providências adotadas.
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), criado desde o ano
de 2012 para substituir o Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), tem o propósito
de integrar os órgãos de defesa civil do nível federal, estadual e municipal, produzindo a
1 Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN. 2 Apoio: CNPq, processo 309126/2011-8 e FAPESP processo 12/02919-9. As opiniões, hipóteses e
conclusões ou recomendações expressas neste material são de nossa responsabilidade e não
necessariamente refletem a visão do CNPq e da FAPESP.
sua visão do problema numa relação hierárquica – de variadas gradações de tensão entre
os entes federal e estadual, ambos influindo na formação e prática do ente municipal – e
de fortalecer as estruturas decisórias, nos três níveis, por sujeitos provenientes de
instituições militares ou que adotam o seu modus operandi (Forças Armadas, bombeiros
militares estaduais, polícias militares estaduais, guarda municipal). Atualmente, o
secretário nacional de defesa civil é um general da reserva e a maioria dos
coordenadores/secretários estaduais são oficiais BM ou PM, da reserva ou ativa
(levando à indistinção essas instituições de origem frente à instituição de defesa civil), o
mesmo sucedendo em municípios de pequeno, médio ou grande porte. O município é a
unidade geográfica e administrativa onde, segundo o SINPDEC, os desastres ocorrem e
precisam ser gerenciados. Ali, o acontecimento é vivenciado e desde esse contexto as
informações seguem para os escalões superiores do referido Sistema.
Contudo, o filtro interpretativo que permite apreender e comunicar oficialmente
os acontecimentos e solicitar as providências devidas é construído por ferramentas
reducionistas do mundo social. Trata-se do formulário Avaliação de Danos-AVADAN,
vigente até o início do ano de 2012 e substituído desde então pelo Formulário de
Informações do Desastre-FIDE, que categoriza os ‘afetados nos desastres’ em subtipos
individuais e estanques, como mortos, feridos, desalojados, desabrigados e deslocados.
Essa categorização suscita igual padronização das práticas técnicas nesse contexto as
quais, recorrentemente, ficam aquém daquilo que delas se espera; por exemplo, no
elenco dos subgrupos identificados como desaparecidos ou feridos, alguns chegam a
óbito por falta de localização e resgate em tempo hábil. Um caso emblemático ocorreu
em Ilhota/SC, no ano de 2008, onde uma espera de aproximadamente 14 horas levou a
óbito uma mulher adulta ferida, que havia sobrevivido ao deslizamento de terra que
levou ao desmoronamento da residência onde dormia. Outro é o do pai indignado, em
Teresópolis/RJ, no ano de 2011, que não aceitou o enquadramento técnico de seus filhos
como ‘desaparecidos’ em meio à lama e recuperou, ele próprio, cavando com as mãos,
os corpos sem vida.
Não há preocupações maiores em se criar uma estratégia comunicativa formal
nas quais uma interpretação técnica eventualmente mais qualificada do contexto social
seja levada em conta – reportando a diversidade dos grupos sociais mais prejudicados,
as disjunções que os acontecimentos causaram nas relações tecidas simultaneamente na
esfera privada e pública da vida, as referências identitárias relacionadas à totalidade do
lugar devastado ou a um sistema de objetos em particular, dentre outros – tampouco em
permitir que o repertório de narrativas dos grupos prejudicados nessa crise e respectivas
estratégias de enfrentamento municie a alteração da visão e ação institucional.
Em estruturas estatais socialmente rígidas, a concepção de solidez institucional,
e de orgulho técnico correspondente, fica assaz comprometida com a impermeabilidade
a certos fatores que não se encaixam na sua visão hermética de mundo. Os peritos tem
histórica resistência aos saberes leigos (GUIVANT, 1998).
No conjunto das ocorrências de desastres oficialmente comunicadas pelas
autoridades municipais, na forma de situação de emergência (se) ou de estado de
calamidade pública (ecp) e reconhecidas pelo ente federal, através de portaria do
Ministério da Integração Nacional, destacam-se os desastres ditos ‘naturais’, assim
denominados pelo discurso institucional por entender que a ‘causa’ principal do desastre
é um fator de ameaça que, conduzida pela abordagem dos hazards, escapa, por assim,
dizer, da esfera social, como se não coubesse numa cadeia de interações entre sociedade
e natureza. A teoria dos hazards enfatiza a dinâmica de eclosão dos eventos físicos
(MATTEDI e BUTZKE, 2001) o que submete progressivamente a complexidade do
tecido social. Cardoso (2006) salienta a consolidação de uma leitura técnica na qual a
noção de risco vem deflagrando um novo campo disciplinar, no qual os métodos
quantitativos predominam na avaliação das probabilidades de ocorrência de eventos
perigosos e na “causa”, geralmente, “natural”, como a ocorrência de grandes
concentrações pluviométricas. No que complementa Acselrad (2006, p.83):
Na medida em que as vítimas das catástrofes climáticas são, via de
regra, os grupos sociais que habitam as periferias, encostas e beiras de
rios, como resultado da urbanização excludente, há pouca propensão a
que se forme um consenso social favorável à reformulação do padrão
urbanístico.
A manifestação de fenômenos climáticos considerados como atípicos encabeça a
lista de ‘causas’ dos desastres, segundo aquilo que as autoridades competentes
difundem na mídia e o monitoramento desses fenômenos é tido como providência
fundamental a adotar para que, em todos os cantos do país, a sociedade se sinta mais
segura, conforme apontam as declarações oficiais. Taddei (2014) adverte,
adicionalmente, que os desastres catastróficos, como o ocorrido na região serrana
fluminense, foi uma das razões para a expansão da estrutura física institucional e
científica, na linha das ciências duras e as ciências sociais permanecem alijadas do
debate no tema.
Além de não estar logrando efeitos positivos na redução de desastres, a
dominância desse approach tecnicista tem invisibilizado a necessária problematização
das relações sociopolíticas, socioculturais e socioambientais implicadas tanto nas
regularidades subjacentes a tais acontecimentos quanto nas especificidades de cada
ocorrência. O redutivismo explicativo institucional sobre os desastres se impõe, então,
como uma relação de poder; mas, seria de indagar: onde isso poderá levar, senão ao
aumento dos desastres?
1. Desastres: do prisma dominante ao alternativo
Nas ciências sociais, os desastres são acontecimentos trágicos, circunscritos a um
tempo social. Nessas circunstâncias, mais do que em quaisquer outras (além do
acometimento de doenças graves e afins), a vida encontra-se exposta à morte e, então,
um ordenamento jurídico impõe-se para respaldar um constructo institucional de onde
emanam as orientações sobre o que fazer, especialmente, aos agentes do Estado.
Contudo, nesse ordenamento jurídico, o que mais se destaca é que o contexto de
emergência legitima um estado de exceção que sujeita ao limite certos grupos sociais
(AGAMBEN, 2004).
Assim, no contexto brasileiro de desastres naturais, faz todo o sentido que os grupos
desfiliados socialmente naturalizem que as emergências, que se proliferam, são cenários
nos quais há a possibilidade real de serem matáveis pelos perigos naturais. Portanto, a
vocalização de sua resistência torna-se incomodativa e não é bem recebida no meio
institucional. Das (1995) pondera que o que está em jogo é a possibilidade de validação
de suas vozes na esfera pública crie controvérsias indesejáveis; e, portanto, precisam
mantar-se nas margens (DAS e POOLE, 2008), o que não deixa de ser outra ponta pela
qual a qualidade das relações políticas, que criam os refugados humanos (BAUMAN,
2005) se deixa ver. Essa visão não se favorecer pela discussão da vulnerabilidade como
um estado do sujeito, mas como um processo de dominação, que envolve relações
sociais assimétricas (ACSELRAD, 2006).
Quando adentramos na analise do contexto brasileiro para discutir a ocorrência de
desastres, não cabe a ingenuidade de supor que a entrada das ciências humanas e sociais
traga um imediato contraponto ao tecnicismo; isto é, que esses lugares de verdade
entrem em tensão e de modo inelutável. Ao contrário. Por um lado, há riscos reais – e
que, a nosso ver, não devem ser desconsiderados no contexto cultural dominante da
instituição de defesa civil, no qual impera uma concepção higienista –, de que alguns
dos atuais esforços das ciências sociais e humanas nos estudos de vulnerabilidade, que
se desenrolam em cooperação com as abordagens tecnicistas em torno de riscos e
desastres, acelerem a identificação e caracterização dos grupos de refugados da
sociedade, de seus estados de degradação e de sua respectiva localização e tendências
de espacialização e sirvam instrumentalmente a ação técnica; isto é, que essa
cooperação embase mais solidamente a condenação social de tais grupos (constituindo
provas de que, afinal, eles, os vulneráveis, reúnem os males todos que justificam a
manutenção do juízo moral depreciativo que deles os técnicos já faziam), a sua morte
social e a sua eliminação definitiva da paisagem (caindo para fora do mundo). Por
outro, há que considerar a distinção entre a ação técnica e a adesão ao tecnicismo assim
como a existência de vertentes (minoritárias) das ciências duras que incorporam o tema
das desigualdades sociais, dos direitos humanos e da justiça ambiental na produção de
seu conhecimento e tem preocupações sólidas com as implicações de sua reflexão e
prática para a mudança social. Conforme Porto (2011), a complexidade do mundo social
envolve “questões teleológicas e éticas relacionadas à consciência humana, aos valores,
sentidos e dilemas do viver dos seres humanos nas suas culturas e organizações”.
Enfim, ao invés de procurar quem está vulnerável e mais exposto a um dado
fator de perigo, convém levantar outras indagações, tais como: quais relações de poder
estão em curso para tornar certos sujeitos mais fragilizados que os demais quando
defronte a um mesmo perigo? Como tem sido vivenciada a deterioração simultânea das
condições do meio envolvente e as da vida privada no contexto identificado como
desastre? Quais os sentidos atribuídos a essa experiência de privação? Quais formas de
resistência se anunciam para suplantar tais processos de desumanização?
Para abrir um leque de discussão sobre essas indagações e outras, que sejam
pertinentes ao contexto social brasileiro, os estudos empíricos sobre desastres são
imprescindíveis posto que, a partir dos mesmos, se descortinam paulatinamente as
associações entre os níveis macro e microssocial na produção sócio histórica dos
sujeitos e de seus lugares.
Elementos de três estudos empíricos serão apresentados, a seguir, para indicar
pistas sociológicas em torno das questões supramencionadas.
2. Três desastres em meio à lama: singularidades e regularidades
Como vimos acima, a adoção de uma abordagem humanista no tema dos desastres
está atenta centralmente para o ponto de vista e para as práticas dos grupos sociais que
foram os mais prejudicados. Essa atenção favorece uma imersão nessa experiência
social essencialmente desaglutinadora. Embora novas formas de coesão social surjam
nessas circunstâncias – especialmente, a atuação do voluntariado em desastres de grande
repercussão midiática –, até mesmo estas podem ser ressignificadas dentro de uma
abordagem em que a natureza das relações sociais pode ser esmiuçada. Por exemplo,
quando se observa que, por detrás do apelo de solidariedade a quem sofre, impõe-se
cada vez mais a presença de sujeitos externos à comunidade afetada, os quais ensejam
uma nova estrutura de autoridade, gerenciando doações, donativos e espaços de
acolhimento até o limite de sua fadiga da compaixão (SENNETT, 2004) e promovem a
invisibilização dos laços intracomunitários de provimento – material, emocional, físico,
espiritual – mais constantes (VALENCIO et al, 2011;VALENCIO, 2012).
Tal abordagem amplia as possibilidades de compreensão dos desastres em várias
direções. Uma dessas direções é a que leva a compreensão dos desastres como
processos de disjunção entre vários tipos e escalas de tempo. Outra direção,
complementar à primeira, é a que o toma como um processo de disjunção entre vários
tipos e escalas de espaço.
Tomando o caso brasileiro sobre as disjunções em torno do tempo, uma
ilustração seria a atual imposição tecnicista de uma narrativa em que o começo e o fim
do desastre são delimitados por um tempo cronológico, no qual um fenômeno
ameaçante se manifesta na forma de um perigo concreto. Com base nesse tempo
cronológico, cujos limites são o aparecimento e a cessação desse perigo, o Estado
fundamenta a construção unilateral do tempo social no qual, de maneira padronizada, irá
organizar as suas providências burocráticas para o retorno da normalidade. Ambos os
tempos acima não são coincidentes com o tempo social aonde os grupos sociais
vivenciam o desmantelamento de seus respectivos lugares, qual remete tanto a
processos anteriores quanto posteriores. Para trás, há o percurso de sua fragilização
socioespacial; para frente, há os desdobramentos perversos do desastre, que ultrapassam
em muito a presença concreta do perigo que dá nome oficial ao seu drama, bem como
os atos governamentais que encerram o entendimento daquela situação como parte
constituinte da emergência e deslegitimam as demandas por ações recuperativas.
Ademais, a memória social conecta dinamicamente o passado, o presente e o futuro. O
faz de tal modo que certos sistemas de objetos, que são os referentes físicos das
lembranças do passado e das práticas rituais intergeracionais – como as fotografias e as
imagens sacras – são significados localmente como uma das maiores perdas sofridas
num desastre (SARTORI, 2014) assim como as adversidades vividas no presente, com a
súbita perda do esteio para a garantia dos direitos mínimos vitais e sociais, impõem
descompensações extraordinárias e incertezas diante o futuro. Nesse futuro, o desastre
aparece como um marco, que alterou profundamente a história de vida
(QUARANTELLI et al, 2007).
No que concerne ao espaço, é preciso, primeiramente, entendê-los como forma-
conteúdo (SANTOS, 1998). O espaço geográfico delimitado como espaço do desastre
adquire tecnicamente a denominação de cenário. Ali, o perigo parece revelar-se
agressivamente, na forma de um impacto tal no meio socioambiental que provoca uma
devastação inusual. Os escombros, os danos e prejuízos de toda a ordem, nessa
delimitação, parecem verificáveis. Contudo, os estudos empíricos vão apontando para
outros problemas como, por exemplo, para a disjunção irremediável que o tecnicismo
provoca entre o meio social e a organização de seu próprio espaço, produzido e vivido,
até então, como um lugar. O conceito de lugar remete (ZHOURI e OLIVEIRA, 2010).
O lugar, reduzido ao sentido de cenário, se torna exposto e passível de reorganização
pelas práticas técnicas segundo o que os atores do espaço deliberativo hermético e
monológico dispuserem e, no geral, em consonância com os interesses dos setores
afluentes do entorno (VALENCIO, 2014). A exposição do lugar, interpretado a partir de
então como cenário, legitima as práticas técnicas de deslocamentos compulsórios,
circunstanciais ou definitivos, das famílias ali inseridas, sobrepondo-se a quaisquer
vínculos ali estabelecidos; por vezes, trata-se de simples remoções, vocabulário da
violência simbólica adotado pelo repertório higienista do meio técnico de defesa civil
para expulsar pessoas de uma territorialidade entendida como inconveniente ao meio
social envolvente (VALENCIO, 2012) e outras envolve a conjunção de uma política
urbana, de defesa civil e de assistência social que resulta num processo de re-
territorialização de famílias removidas que revela novas formas de degradação social
(SIENA, 2012). Ademais, na vida de grupos sociais que vivem nas margens (DAS e
POOLE, 2008), os variados processos sociais desaglutinadores por que passam
engendram constrangedoras formas de deslocalização e/ou confinamento.
Dito isso, partiremos de três casos representados tecnicamente como sendo de
‘desastres causados por chuvas’ – ocorridos nos municípios de Teresópolis/RJ (2011),
São Jerônimo/RS (2012) e Brasiléia/AC (2012) – para situar diferentes sujeitos e as suas
respectivas narrativas em torno das perdas significativas vivenciadas; destacar algumdas
das práticas socioculturais que permitiram aos mesmos retomarem precariamente a sua
vida cotidiana em meio à crise e, por fim, identificar os dispositivos que recrudesceram
o processo de vulnerabilização a que tais ‘afetados’ estavam submetidos.
2.1 Uma perspectiva do desastre
Três desastres muito diferentes, quando se tem em conta a singularidade dos sujeitos
e de suas circunstâncias socioambientais, tornam-se muito semelhantes na interpretação
institucional e nos olhares construídos desde fora do cenário.
Nos três casos, na fala oficial e midiática, destacam-se os fenômenos climáticos e
hidrológicos como sendo a causa dos desastres e o período de emergência é
oficialmente estabelecido desde a deflagração dessa causa para que, através de
processos de recuperação, que envolvem grandes somas de dinheiro público (em gastos
realizados sem o devido controle social), a normalidade se imponha novamente.
Segundo a cobertura da grande imprensa na ocasião, no dia 12 de janeiro de 2011, o
município de Teresópolis/RJ (e outros seis municípios da região serrana fluminense)
sofreu o impacto de chuvas torrenciais (uma precipitação pluviométrica intensa, em
torno de 400 mm, em poucos dias), do que decorreu uma simultaneidade de episódios
escorregamentos de massa e enxurradas em localidades de grande adensamento
humano. A portaria ministerial de número 26, publicada no Diário Oficial da União no
dia 14 de janeiro de 2011, reporta o seguinte no seu artigo 1.o: “Resolve: reconhecer,
em decorrência de enxurradas – NE.HEX – 12.302, o estado de calamidade pública no
município supracitado”. No artigo seguinte: “Esta portaria entra em vigor na data de sua
publicação”.
Sendo a destruição de moradias (e perda de seus respectivos bens móveis, de valor
material ou simbólico, incluso a dos meios de trabalho ali contidos), seguido da
remoção das famílias de ‘áreas de risco’ e desestruturação de lugares, um dos principais
prejuízos sociais nas comunidades afetadas (o maior deles foi o desparecimento e a
morte de membros da família e vizinhos), a resposta do Estado a isso foi, de início,
pequena e sua responsabilidade desapareceu ao longo do tempo, quando já não havia
emergência decretada. Para o Estado, este desastre foi ficando no passado. De início, o
cadastramento de famílias para o recebimento do auxílio-moradia foi realizado em meio
a rumores de que nem todas as famílias merecedoras haviam sido contempladas e de
que outras haviam se beneficiado indevidamente. As indecisões em torno da política
habitacional para fornecer habitação definitiva aos que perderam a moradia arrastaram-
se indefinidamente. O novo território que, a princípio, foi proposto para a agregação das
famílias desterritorializadas (oriundas de diferentes comunidades e sem considerar os
seus vínculos entre si e com os lugares de origem) sofreu contestações de ordem prática
(referente ao processo de desapropriação e ao projeto de engenharia); o prefeito, nesse
ínterim, foi cassado, por desvio do dinheiro público que deveria ser gasto nas ações de
mitigação do desastre; novos recursos públicos escassearam; caminha lentamente o
processo de discussão acerca das soluções habitacionais, encaminhada por um fórum
que reúne vários atores locais da sociedade civil; a ameaça de cessação do auxílio-
moradia deu-se por várias vezes e, a todo o momento, tenta-se impor a interpretação de
que o auxílio-moradia é uma assistência humanitária (e não um direito compensatório)
que pode ser suspensa quando o Estado julgar que o desastre acabou.
Por seu turno, em São Jerônimo/RS, as autoridades locais se afligem com
frequência com os riscos de inundação, pois a área urbana encontra-se próximo à junção
de dois importantes rios regionais, e os riscos de granizo, dentre outros. No ano de
2011, São Jerônimo decretou situação de emergência por enchentes (duas vezes, em
julho e em agosto) e queda de granizo (uma vez, em dezembro, que só foi reconhecido
pelo ente federal em março do ano seguinte). No ano de 2012, decretou emergência por
três vezes, sendo uma por estiagem (em janeiro), outra por inundação (em setembro) e
outra por vendaval (em outubro).
As enchentes são frequentes e históricas, sendo que uma das mais intensas
chegou à parte mais alta da área urbana, tomando de grandes volumes de água as
moradias e edificações públicas, incluindo a cadeia municipal que, num episódio
ocorrido no século anterior, teve que evacuar as pressas as pessoas que ali se
encontravam encarceradas. Na área rural, são os pequenos produtores os mais
prejudicados porque, dentre outros, suas lavouras, equipamentos, animais, estoques e
afins não são cobertos pelo sistema securitário e as políticas compensatórias não são
acessados com a facilidade e no volume exigido para fazer frente às perdas havidas.
Segundo a perspectiva da defesa civil local, o maior problema com o qual se tem
que lidar após um episódio de queda de granizo é a reposição de telhas, o que é feito na
medida do possível com o apoio governamental municipal. Em relação às enchentes, o
problema está no deslocamento provisório das moradias mais suscetíveis, procurando
formas alternativas de acolhimento às famílias. Há casos em que outras práticas técnicas
se interpõem, como, por exemplo, à revelia da defesa civil local, interditando moradias
consideradas em risco de colapso sem que uma ação correspondente de acolhimento da
família seja posta em curso.
No mês de fevereiro do ano de 2012, o município de Brasiléia/AC decretou situação
de emergência e, poucos dias após, decretou estado de calamidade pública, ambos por
enchentes. A portaria ministerial de reconhecimento abrangeu vários municípios
acreanos, além de Brasiléia. Na portaria de reconhecimento do estado de calamidade
pública, no entanto, o caso de Brasiléia foi isolado, mas manteve-se a caracterização da
causa do desastre como enchente, resultante de precipitações pluviométricas intensas,
tal como descrito no decreto municipal. O decreto municipal número 013, de 24 de
fevereiro de 2012, publicado no Diário Oficial do Estado do Acre, de 28 de fevereiro de
2012, ressalta o que segue:
Considerando os sérios e graves danos ao bem-estar da população e à
infraestrutura havidos em função das fortes chuvas no Estado nos
últimos dias (...) Considerando o comprometimento da normalidade
no Município (...) Considerando os prognósticos técnicos a respeito de
precipitação pluviométrica nos próximos dias, indicando a
continuidade de chuvas, com tendência de maior intensidade em todo
o Estado; Considerando que a situação é um evento natural, de
evolução gradual (...) Considerando, ainda, a intensidade dos impactos
materiais e ambientais do transbordamento do rio Acre no município
de Brasiléia; Considerando, finalmente, a ponderação dos prejuízos
sociais e econômicos, em especial na infraestrutura do governo
municipal, o comprometimento de sua capacidade de resposta ao
desastre, o grau de vulnerabilidade do cenário e da comunidade, bem
como o padrão evolutivo do desastre.
O município em tela é de pequeno porte, com uma população de 21.398 (IBGE,
2010). Porém, desde o ano de 2011, o município se tornou uma das principais portas de
entradas do Brasil para os haitianos, que migraram de seu país de origem em busca de
oportunidades de trabalho e renda.
Contudo, recentemente, o governo local de Brasiléia e o governo do estado do Acre,
sinalizaram os seus limites para assumir como sendo de sua responsabilidade (material,
técnica e financeira) lidar tanto com parcela dos efeitos sociais de uma insuficiente (e
equivocada) política recuperativa de desastres no Haiti (conduzida pelos atores políticos
nacionais haitianos e pela ONU, através da MINUSTAH, cujas forças militares são
lideradas pelo Brasil) quanto com a ineficiência da esfera nacional para fornecer o
amparo devido aos haitianos em reabilitação (e que necessitam de abrigo, alimentação,
vestuário e afins) e que são solicitantes de visto para trabalhar no país.
2.2 Outra perspectiva, desde a situacionalidade dos que estão no cenário
Como um contraponto a tais delimitações, apresentamos sucintamente outro olhar
sobre os acontecimentos. Não se trata, nesta oportunidade, de abordar amplamente cada
um dos casos acima (cada qual exige um estudo em particular), mas de trazer à reflexão
alguns destaques resultantes da análise das narrativas dos moradores, entrevistados
(individual e coletivamente) in loco.
Em Teresópolis, nas entrevistas individuais e coletivas com moradores adultos,
homens e mulheres, nos bairros do Caleme, de Campo Grande, da Posse e da Cascata
do Imbuí, o desastre aparece como aquilo que integra, de maneira trágica e simultânea,
o mundo público e o privado. Ao mesmo tempo em que, no meio da noite, se
testemunha o sofrimento alheio, vendo o ambiente à volta colapsar e os vizinhos
pedindo por socorro, um alvoroço também ocorre no espaço privado. As narrativas dão
conta de que é preciso reunir com urgência os membros da família nuclear e estendida;
procurar salvar os bens de maior valor material e simbólico; procurar uma rota de fuga
para escapar dos perigos; adotar técnicas corporais nunca antes experimentadas para
alcançar os espaços mais seguros e assim por diante. Como aspectos de um discurso
coletivo, surgem: a escuridão (maior ainda, devido à queda do fornecimento de energia),
os estrondos dos inumeráveis trovões, o clarão dos sucessivos raios e relâmpagos, o
ruído ensurdecedor das águas revoltas e dos desmoronamentos ao derredor (de
matacões, deslizamentos de terra, de árvores, de edificações), dentre outros elementos
que compõem um cenário vívido e aterrador, de sons, luzes e movimentos insinuando
múltiplos perigos e no qual as suas respectivas comunidades, e eles próprios, se viram
involuntariamente colhidos. O cenário capturado pelas ferramentas técnicas alude
apenas a alguns aspectos materiais, humanos e ambientais daquilo que se passou, depois
que passou, e deixa passar aquilo que está por vir, na vida dos sujeitos que ali
permanecem ou dali serão banidos.
Na vocalização surgida na roda de conversa com mulheres, no bairro da Cascata do
Imbuí, o desastre é interpretado como um acontecimento trágico coletivo, que entrelaça
o ‘lá’ e o ‘cá’ e retira a fronteira entre espacialidades contíguas – entre as comunidades
acima, de onde a avalanche de lama iniciou até onde, muito abaixo, algumas pessoas
foram carreadas pela força das águas; que demarca o desmanche de alguns elos da rede
de relações familiares e de vizinhança e o reforçamento de outros; que rompe as
estruturas econômicas familiares essenciais e adiciona dificuldades materiais
inesperadas e duradouras; que suscita problemas de saúde física e mental; cujo passado
se presentifica através da lembrança ainda recorrente e angustiante – e bem expresso
naquilo que as ferramentas oficial de avaliação de danos não conseguem capturar: “O
pior era o grito das pessoas”.
O caso de São Jerônimo é igualmente desalentador.
Na área urbana deste município, uma estratégia precária de enfrentamento da prática
técnica de interdição da moradia em risco foi a família procurar um meio próprio de
abrigamento. O meio encontrado foi materialmente mais frágil do que a casa antes
habitada; tratava-se de um modesto acampamento, em terreno não reivindicado por
outrem; o caso, na área mais próxima ao rio e sujeita à inundação.
Um casal de idosos, moradores em uma casa modesta numa região urbana que é a
primeira a inundar, se sentia indefeso sempre que isso ocorria. O que estava implicado
como problema central para eles, não era a perda das coisas (que envolvia o mobiliário,
eletrodomésticos e vestuário, colocando-os na dependência de doações), mas sim, as
questões graves de saúde, que envolviam o uso de equipamento.
Significa dizer que, nas duas ilustrações acima, que os obstáculos eram vencidos
através da autoimposição de novos níveis de degradação humana.
O “lá” e “cá” dos desastres se interpenetram quando se tem em conta que é no meio
social, e não apenas na configuração territorial, que se situa o processo de danificação.
Esse meio social ‘danificado’ se move territorialmente, em busca de novos espaços de
integração ou de compensação e carrega consigo o peso da sua trajetória. O faz de tal
modo que o desastre de 12 de janeiro de 2010, ocorrido em Porto Príncipe, no Haiti,
‘reaparece’, em parte, no Acre, em Brasiléia, compondo a narrativa principal dos
sujeitos que reivindicam que as autoridades federais do Brasil reconheçam, através da
concessão a eles do status de refugiado, que o desastre está em curso, presente na gama
de despossessões na terra de origem bem como na que sofreram no trânsito e na
subcidadania estrutural que a condução do Estado haitiano enseja (PAULA et al, 2013).
Um primeiro aspecto a salientar é que a comunicação oficial sobre a emergência
social, oriunda do governo do estado do Acre, adquire um tom ambíguo: por um lado,
ressalta que a entrada dos haitianos no estado – principalmente por Brasileia e
Epitaciolândia – adiciona um risco ao local; por outro, sinaliza para algum cuidado
humanitário para com esse grupo de risco, conforme o teor do decreto número 5.586, de
09 de abril de 2013, publicado no Diário Oficial do Estado do Acre no dia seguinte,
onde se destaca:
Considerando o agravamento da situação no Acre, ante ao inesperado
e rápido aumento do número de imigrantes que chegaram nos últimos
dias aos municípios fronteiriços, triplicando o contingente de
estrangeiros para mais de 1.200 pessoas, sem que possuam meios e
condições para a sua manutenção, alcançando-se mais de 4.300
pessoas já atendidas pelo Governo do Estado. Considerando sérios
riscos à saúde, dos imigrantes e dos nacionais, a exemplo de doenças
como dengue, malária, dentre outras (...) Fica em alerta máximo a
Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e a Secretária de
Estado de Desenvolvimento Social.
Contudo, no decreto subsequente (de número 5.746, de 06 de maio de 2013) uma
adição é feita: “Ficam em alerta máximo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil...”.
Seguida de nova adição, no decreto número 6.502, de 14 de outubro de 2013, quando a
Secretaria de Estado de Segurança Pública fica explicitada como a instituição que
campeia a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e a imprensa trata o caso como um
surto de imigração (http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2014/01/acre-prorroga-decreto-
de-situacao-de-emergencia-por-surto-de-imigracao.html).
Já em abril do ano de 2014, é mais do que visível que os governos municipais e
estadual não têm meios para lidar e atender minimamente o fluxo migratório de
haitianos que está contido pelo vagar das providências federais para liberação da
documentação solicitada e que a desumanização de tratamento das autoridades
nacionais é explícita. Ocorre, daí, a comunicação oficial do governo estadual, difundia
pela mídia, de que o município não iria recepcionar mais os haitianos ou outros
estrangeiros na mesma situação e que deveriam rumar autonomamente para outras
partes do país, conforme a declaração do secretário de Desenvolvimento Social do
Estado do Acre: “De agora em diante, os refugiados devem viajar por conta própria até
Rio Branco (...) Eles chegaram até aqui (...) Tenho certeza de que vão achar um jeito de
navegar mais 300 quilômetros até o abrigo temporário. Não podemos mais ser
responsáveis por eles. (http://www.vice.com/pt_br/read/desastre-humanitario-forca-o-
fechamento-do-campo-de-refugiados-haitianos-em-brasileia)
Esse rumo, no entanto, não se limitou ao estado do Acre. Muitas centenas de
haitianos rumaram, indocumentados, a outras unidades federativas, em especial, para o
estado de São Paulo, onde foram recepcionados pelas autoridades locais com a surpresa
e a improvisação de quem também imaginava que o problema não lhe competia.
Por fim, nesta última emergência, dois elementos importantes se interpenetram para
indicar os limites da abordagem tecnicista: de um lado, sendo uma emergência
humanitária, centralmente adverte (desta vez) que se trata de pessoas em
vulnerabilidade. Já não são as enxurradas, que exigem obras civis e a sobrevalorização
das expertises em engenharias e afins ou já não são os granizos, que exigem a aquisição
de telhas e lonas, mas pessoas que exigem a atenção direta do poder público; de outro,
essa emergência adverte que o poder público trata o grupo em vulnerabilidade como se
ele fosse um risco para a comunidade envolvente, problema de segurança pública. Com
essa ressignificação, as demandas do grupo social em sofrimento esbarram
sistematicamente nas impossibilidades do aparato estatal até o limite em que se diz,
categoricamente, que o atendimento é impossível. Portanto, finalmente, se elucida que o
desastre a relação social em xeque.
Ao invés de apresentar conclusões, ficam esses elementos em aberto para o debate.
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