O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC PRÓ-REITORIA DE PESQUIA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE FONTE EÓLICA ONSHORE E OFFSHORE NO ESTADO DO CEARÁ: UMA ANÁLISE FINANCEIRA, SOCIAL E AMBIENTAL. PATRÍCIO ALLYSON HENRIQUE GRANGEIRO FORTALEZA 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

PRÓ-REITORIA DE PESQUIA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO

AMBIENTE - PRODEMA

O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE FONTE EÓLICA ONSHORE E OFFSHORE NO ESTADO DO

CEARÁ: UMA ANÁLISE FINANCEIRA, SOCIAL E AMBIENTAL.

PATRÍCIO ALLYSON HENRIQUE GRANGEIRO

FORTALEZA

2012

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PATRÍCIO ALLYSON HENRIQUE GRANGEIRO

O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE FONTE EÓLICA ONSHORE E OFFSHORE NO ESTADO DO

CEARÁ: UMA ANÁLISE FINANCEIRA, SOCAL E AMBIENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA-UFC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Ph.D. Ahmad Saeed Khan

FORTALEZA 2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia

G788p Granjeiro, Patrício Allyson Henrique.

O Potencial de geração de energia elétrica de fonte eólica onshore e offshore no Estado do Ceará:

uma análise financeira, social e ambiental / Patrício Allyson Henrique Granjeiro. – 2012.

65 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-

Graduação, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Fortaleza, 2012.

Área de Concentração: Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientação: Prof. Ph.D. Ahmad Saeed Khan.

1. Energia eólica. 2. Impacto ambiental - Avaliação. 3. Energia eólica - Produção. 4. Energia –

Fontes alternativas. I. Título.

CDD 363.7

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PATRÍCIO ALLYSON HENRIQUE GRANGEIRO

O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE FONTE EÓLICA ONSHORE E OFFSHORE NO ESTADO DO CEARÁ: UMA

ANÁLISE FINANCEIRA, SOCIAL E AMBIENTAL

Esta dissertação foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA-UFC, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que feita de

acordo com as normas da ética científica.

Data da aprovação _____/ ______/ _______

____________________________________ Patrício Allyson Henrique Grangeiro

Mestrando ____________________________________

Prof. Ph.D. Ahmad Saeed Khan Orientador

___________________________________ Prof. Dr. Francisco José Silva Tabosa

1º Membro da Banca

____________________________________

Prof. Ph.D. Ruben Dario Mayorga Mera 2º Membro da Banca

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À toda a minha família pela dedicação e

amor presentes nesses anos.

Dedico

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AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida, e que me dá força para continuar a caminhada em busca

dos meus objetivos.

Aos meus pais, Jesus Sampaio Grangeiro e Maria das Graças Henrique Grangeiro,

que sempre valorizavam o conhecimento como forma de tornar o homem livre e me

apoiaram e sempre me apoiarão.

A meu orientador, Prof. Ph.D. Ahmad Saeed Khan, pelo incentivo, simpatia e

presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização

desta dissertação.

Aos mestres do curso pela companheirismo nas diversas aulas.

A banca examinadora, pela dedicação em avaliar e ajudar neste trabalho.

A Universidade Federal do Ceará, por ter proporcionado a realização do Curso.

A FUNCAP, pelo apoio financeiro sem o qual não poderia ter sido realizado este

trabalho.

Ao Eng. Aeronaútico Artur Guimarães Neto, pelo auxílio na obtenção de alguns

dados.

A empresa LCA Consulting, pelo auxilio em algumas partes deste trabalho.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram na elaboração desta dissertação.

Muitos ficaram aqui por nomear, por razões que certamente compreenderão e cujo

apoio e incentivo foram inestimáveis. Para eles, também, os meus agradecimentos.

A todos que, contribuíram direta e indiretamente para este trabalho, muito obrigado!

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“Não faz sentido olhar para trás e pensar:

devia ter feito isso ou aquilo, devia ter

estado lá. Isso não importa. Vamos

inventar o amanhã, e parar de nos

preocupar com o passado”.

Steve Jobs

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RESUMO A energia elétrica é considerada um insumo indispensável para o desenvolvimento

econômico do País. O estado do Ceará possui um grande potencial eólico onshore,

que vem sendo explorado, pelos baixos custos de investimento e as amplas linhas

de financiamento, e um potencial offshore ainda maior, principalmente na foz do rio

Acaraú, que pode levar o Estado a se consolidar na busca pelas energias

sustentáveis. O objetivo do estudo foi avaliar a viabilidade financeira de implantação

de um parque eólico no estado do Ceará, e os impactos socioambientais, para tanto

foram feitas análises baseadas em variações de fluxos de caixa, e utilizado o

método Ad Hoc, para as análises ambientais e sociais.

Além dos parques eólicos serem importantes em geração de emprego e renda, a

análise financeira mostrou que, a modalidade onshore, além de mais barata, possui

viabilidade financeira caso metade do capital investido seja financiado, já o modelo

offshore, apesar de possuir um maior potencial, do ponto de vista de geração, possui

uma baixa taxa interna de retorno, o que pode afastar investimentos para este tipo

de parque.

Palavras-chave: Energia Eólica, Onshore, Offshore, Análise financeira, Impactos

socioambientais.

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ABSTRACT Electricity is considered an essential input for economic development of the country.

The state of Ceará has a large onshore wind potential, which is being exploited by

low investment costs and the broad lines of credit, and a potential further offshore,

mainly in the mouth of the river Acaraú, which can lead the state to consolidate in the

search for sustainable energy. The aim of this study was to evaluate the economic

feasibility of implementing a wind farm in the state of Ceara, and socio-environmental

impacts, for this analyzes based on changes in cash flows, and Ad Hoc method for

the analysis environmental and social impacts were used.

In addition to the wind farms are important in generating employment and income,

financial analysis showed that the modality onshore, and cheaper, has financial

viability if half the capital invested is financed, as the offshore model, despite having

a higher potential , from the viewpoint of generating, has a low rate of return, which

can remove investment for this type of wind farm.

Keywords: Wind Energy, Onshore, Offshore, financial analysis, social and

environmental impacts.

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SUMÁRIO LISTAS DE TABELAS ............................................................................................... 3 LISTAS DE FIGURAS................................................................................................. 4 LISTAS DE MAPAS ................................................................................................... 5 LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................. 6 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 1.1 Histórico do uso da energia Eólica ....................................................................... 9

1.2 Retrospecto Histórico e desenvolvimento da Energia Eólica no Estado do

Ceará ........................................................................................................................10

1.2.1 Disposição geográfica dos parques eólicos no litoral cearense ............... 11

1.2.2 Análise quantitativa do potencial de geração de energia elétrica por fontes

Eólicas ................................................................................................................ 13

1.3 Panoramas da Geração Eólica Offshore ............................................................ 13

1.3.1 Offshore no mundo ................................................................................... 13

1.3.2 Offshore no Brasil ..................................................................................... 17

1.3.3 Potencial Eólico Offshore no Ceará .......................................................... 19

1.4 Objetivos ............................................................................................................. 22

1.4.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 22

1.4.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 22

1.5 Estrutura do Trabalho ......................................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 23 2.1 A produção de energia no Brasil ........................................................................ 23

2.2 Evolução do setor de energia elétrica no Brasil ................................................. 24

2.3 Situação atual da política de energia ................................................................ 26

2.4 Instalações Eólicas para geração de energia elétrica e a Legislação ................ 27

2.5 Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – PROINFA ........... 29

2.6 Aspectos econômicos e os efeitos socioambientais .......................................... 30

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 34 3.1 Delimitação e caracterização da área de estudo ............................................... 34

3.2 Procedimentos metodológicos ........................................................................... 34

3.2.1 Análise Econômica .................................................................................... 35

3.2.2 Equipamentos e Serviços Cotados ........................................................... 39

3.2.3 Impactos ambientais ................................................................................. 43

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 45 4.1 Análise econômica (Parque eólico onshore) ...................................................... 45

4.2 Análise econômica (Parque eólico offshore) ...................................................... 48

4.3 Impactos no desenvolvimento econômico ..........................................................

51

4.3.1 Impactos diretos de um parque eólico ...................................................... 51

4.3.1.1 Renda do Proprietário da Terra ..................................................... 51

4.3.1.2 Impostos Territoriais ...................................................................... 51

4.3.1.3 Geração de Emprego .................................................................... 52

4.3.1.4 Emprego na Construção ................................................................ 52

4.3.2 Desenvolvimento de Cooperativas Regionais .......................................... 53

4.3.3 Impactos Indiretos de um parque eólico ................................................... 53

4.4 Impactos sociais da implantação e operação de um parque eólico ................... 54

4.5 Análise de impactos ambientais ......................................................................... 55

4.5.1. Sonoro ...................................................................................................... 56

4.5.2. Visual ....................................................................................................... 57

4.5.3. Ambiental ................................................................................................. 57

4.5.4. Pássaros .................................................................................................. 58

4.5.5. Vida Marinha ............................................................................................ 58

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 60 6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 61

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Total de turbinas e produção elétrica anual para as 25 usinas eólicas

offshore do mundo. Dados atualizados até 2 de novembro de

2007....................................................................................................... 15

Tabela 2 – Projetos de escala GW planejados para o Reino Unido ....................... 16

Tabela 3 – Projetos de escala GW planejados para a região alemã do Mar do

Norte...........................................................................................................................16

Tabela 4 – Prognosticos do Plano Nacional de Energia 2030 ................................ 18

Tabela 5 – Preços médios dos equipamentos de Parque Eólico Onshore Padrão de

52 MW no Estado do Ceará .................................................................. 45

Tabela 6 – Fluxo financeiro do projeto onshore tomando por base contrato de

fornecimento de energia durante 20 anos ............................................. 46 Tabela 7 – Fluxo Financeiro do Projeto onshore com 0% Financiado .................... 47

Tabela 8 – Fluxo Financeiro do Projeto onshore com 50% Financiado .................. 48

Tabela 9 – Fluxo financeiro do projeto offshore tomando por base contrato de

fornecimento de energia durante 20 anos ................................................................ 49 Tabela 10 – Fluxo Financeiro do Projeto offshore com 50% Financiado ................ 50

Tabela 11 – Impacto ambiental de diferentes fontes de energia ............................. 58

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4

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Disposição geográfica dos parques eólicos no litoral cearense ............. 12

Figura 2 - Parques eólicos offshore dos 8 países com linha do tempo e número

acumulado de usinas ............................................................................ 14

Figura 3 – Potencial real de geração de energia eólica do estado do Ceará .......... 20

Figura 4 – Principais partes de um aerogerador ..................................................... 40

Figura 5 – Projeto de torre eólica padrão nos empreendimentos no Ceará ............ 41

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5

LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Localização da região da Foz do Rio Acaraú ........................................... 21

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADECE - Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

APA - Área de proteção ambiental

CBEE - Centro Brasileiro de Energia Eólica

CCEE - Câmera de Comercialização de Energia

CCC - Conta de Consumo de Combustível

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco

CDE - Conta de Desenvolvimento Energético

CTA - Centro Técnico Aeroespacial

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

EUA – Estados Unidos da América

GW – Gigawatt

CGE - Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica

IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

KW – Kilowatt

MAE - Mercado Atacadista de Energia

MME - Ministério de Minas e Energia

MW – Megawatt

MWh – Megawatt-hora

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas

PRC - Período de Recuperação do Capital.

RBC – Relação Custo-Benefício

SEINFRA - Secretaria de Infra-Estrutura

TWh – Terawatt-hora

VPL - Valor Presente Líquido

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1 INTRODUÇÃO

Os diversos estágios do conhecimento científico e dos domínios

tecnológicos permitiram que diferentes fontes energéticas fossem utilizadas ao longo

da evolução das sociedades, através de variadas tecnologias de conversão. Neste

contexto, o uso dos recursos energéticos foi, e segue sendo, um fator ímpar no

processo de suprimento das demandas postas pelas sociedades nos distintos

momentos históricos.

A energia como objeto de estudo tornou-se imprescindível na pós-

modernidade, sendo considerada como insumo indispensável para a promoção da

inclusão social e do desenvolvimento econômico de um país.

A energia é melhor descrita em termos do que ela pode fazer. Não se

pode “ver” a energia, apenas seus efeitos; não se pode fazê-la, apenas usá-la; e não

se pode destruí-la, apenas desperdiçá-la (ou seja, usá-la de forma ineficiente). Para

entender a energia, é preciso entender os recursos energéticos, suas limitações e

seus usos. Deve-se ter uma estimativa da oferta potencial que cada recurso

energético tem e quanto tempo irá durar. Ambas as questões são difíceis de

responder porque terão que ser feitas pressuposições a respeito das tecnologias

futuras destes recursos, dos preços futuros dos combustíveis e da taxa de

crescimento do consumo (HINRICHS e KLEINBACH, 2003).

A energia elétrica é um insumo importante para o desenvolvimento

econômico de uma nação e as fontes para a sua geração, são encontradas em

recursos da própria natureza, fator preponderante para que exista cautela na

exploração para que os recursos não acabem e que as próximas gerações também

possam usufruir desta disponibilidade.

A preocupação em torno das questões ambientais, agravadas pelos

acidentes nucleares nos reatores de Three Mile Island, em 1979, nos Estados

Unidos, mais tarde, em 1986 na cidade de Chernobyl, na ex-União Soviética, e

recentemente, em 2011, na cidade de Fukushima, no Japão, conjuntamente com a

busca de novas soluções para o fornecimento de energia elétrica e a redução do

aquecimento global, impulsionam a comunidade mundial a fazer um melhor

aproveitamento das energias renováveis.

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Com o advento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, cunhado

pelo Relatório de Brundtland, em 1987, e transformado em proposta de ações

políticas na Agenda 21 no Encontro da Terra (Eco92), em 1992, as pressões por

mudanças na matriz energética se intensificaram.

Em 2001, o Brasil passou por problemas energéticos, que levaram a um

programa de racionamento elétrico que durou até o início de 2002, o que levou

diversos setores da sociedade brasileira a perceberem a necessidade da busca de

novas fontes de energia.

O governo brasileiro atuou com eficiência na elaboração de políticas

públicas que estimulassem a diversificação das fontes que compõe a sua matriz de

energia elétrica com o objetivo de garantir o suprimento de energia como condição

básica para promover o desenvolvimento sustentável do país.

Neste sentido, a geração de energia elétrica de fonte eólica apresenta-se

como uma alternativa para atender a demanda energética brasileira, uma vez que

utiliza a força natural dos ventos para geral a energia complementar.

Denomina-se energia eólica a energia que provém dos ventos,

considerada uma abundante fonte de energia renovável e limpa. O seu

aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação em

energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também

denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade. (NETO, 2009)

Os sistemas eólicos podem ser ou não conectados ao sistema elétrico

urbano de forma a possibilitar a geração de eletricidade no interior do estado para

contribuir na melhoria da qualidade de vida nos locais que não possuem acesso a

energia elétrica.

Quanto à relevância do assunto, a busca por fontes alternativas de

energia no Brasil, motivada, em parte, pelo racionamento elétrico no ano de 2001,

somado ao elevado potencial de geração de energia eólica do Estado do Ceará,

bem como o crescente interesse de investidores na instalação de tais parques, tanto

on-shore, instalado em terra, como off-shore, instalado no mar, se torna necessário

um estudo para avaliar o processo de desenvolvimento da energia eólica no estado

do Ceará de ambos os sistemas, o custo de implantação e os impactos sociais e

ambientais gerados.

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1.1 Histórico do uso da energia Eólica

A energia eólica vem sendo aproveitada pelo homem desde os primórdios

da civilização, os primeiros registros históricos da utilização desta, foi através de

cataventos.

A história da energia eólica decorre desde 3.500 a.C., quando o vento já

era empregado como forma de energia para mover barcos a vela. Na Idade Média, e

no começo da idade contemporânea, foi utilizada pelos holandeses e pelos

navegadores. Na segunda metade do século XX, começaram a produzir energia

elétrica, efetivamente pelos ventos. O início do Século XX foi marcado por grandes

transformações tecnológicas onde a energia eólica inicia uma desaceleração na sua

utilização devido ao novo cenário competitivo, técnico e econômico, das novas

tecnologias de energia (NETO, 2009).

O século XXI foi o cenário de uma ampla e intensa revolução energética,

que vai alterar a condição operacional de toda a indústria, a nível mundial. Embora a

força econômica não seja a mais percebida pela população, é a que mais sensibiliza

os governos nas ações que eles tomam para realizarem seus planejamentos

energéticos em nível nacional.

De acordo com Carvalho (2003), a primeira experiência de produção em

de geradores eólicos a nível mundial foi feita na Alemanha por Allgaier no início da

década de 1950. No entanto, um primeiro impulso significativo para o

desenvolvimento do setor eólico foi dado em 1973 com a primeira crise do petróleo,

surgindo a necessidade de novas formas de energia.

Os primeiros estudos brasileiros sobre energia eólica visavam o domínio

da tecnologia, em 1976, tendo destaque nos laboratórios do Centro Técnico

Aeroespacial (CTA), como resposta à crise do petróleo. Em 1984, a Eletrobrás

firmou convênio com a Fundação Padre Leonel França, ligada à PUC-RJ, com a

finalidade de elaborar o Atlas do Potencial Eólico Nacional. Sendo desta forma, pela

primeira vez feito esforço no sentido de determinar a viabilidade da utilização da

energia eólica no Brasil. A Companhia Energética de Pernambuco – CELPE, por sua

vez, em 1992 instalalou na ilha de Fernando de Noronha, uma turbina eólica e, em

1996, inaugurou em Olinda o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e, assim,

passou a se estender a energia eólica em todo o Brasil (CARVALHO, 2003).

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Nesse contexto, a energia eólica considerada uma das fontes naturais de

energia, é renovável, substitui fontes de combustíveis fósseis. O Brasil, reconhecido

pelo seu enorme patrimônio natural, tem uma diversidade de opções para diminuir a

sua dependência junto à geração hidroelétrica. E a energia eólica pode ter um papel

importante nesse processo. (CARVALHO, 2003).

1.2 Retrospecto Histórico e desenvolvimento da Energia Eólica no Estado do Ceará De acordo com Seinfra (2009), o estado do Ceará possui a maioria da

sua população vivendo em áreas urbanas e com acesso à energia elétrica em seus

domicílios. Atualmente, a maior parte da demanda de energia elétrica do estado é

suprida pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco por meio da geração nas

usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Xingó, Sobradinho e Moxotó, além da Usina

Hidrelétrica de Tucuri, no Pará.

Dentre os estados brasileiros, o Ceará é um dos que possui maior

potencial para geração de energia elétrica por vias eólicas. As paisagens litorâneas

têm ganhado novos componentes nos últimos tempos com altas torres brancas com

enormes hélices, que captam a força dos ventos para geração de energia.

Considerada uma das formas mais limpas de se produzir energia elétrica é a energia

eólica, porém, tem sido questionada no Ceará. (ADECE, 2009)

Os primeiros estudos para a implantação de parques eólicos, foram feitos

na região Nordeste, principalmente no Ceará e em Pernambuco, de onde surgiram

os Atlas do Potencial Eólico, elaborado pela Secretaria de Infra-Estrutura (SEINFRA)

do Governo do Ceará, e o Atlas Eólico da Região Nordeste, produzido e publicado

pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE) (LAGE ê BARBIERI, 2002).

O estado do Ceará possui uma capacidade de gerar 25 mil MW de

energia eólica em terra (cerca de 20 vezes o consumo médio no estado hoje) e

outros 10 mil MW offshore - com geradores instalados em bancos de areia. (ADECE,

2009).

Na prática, os 35 mil MW (ou 35 gigawatts - GW) representam

aproximadamente 25% do potencial do Brasil (que é de 143,5 GW) e quase metade

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do Nordeste (de 75 GW), conforme o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro produzido

pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) da Eletrobrás.

O Ceará, junto com o Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, são os

estados do país com maior potencial para geração de energia a partir da força dos

ventos (AMARANTE, 2001).

Entretanto, embora o potencial continental seja consideravelmente

grande, apenas uma pequena parcela poderia ser utilizada adequadamente, devido

ao relevo, ocupação da terra e impactos ambientais.

1.2.1 Disposição geográfica dos parques eólicos no litoral cearense

No ano 2000 a Companhia Energética do Ceará - COELCE, tendo como

parceiras a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), o Governo da

Alemanha e a Secretaria de Infra-estrutura do Ceará (SEINFRA), inaugurou o

primeiro parque eólico do Estado do Ceará, o Parque Eólico do Mucuripe. Três anos

depois, mais dois parques eólicos foram construídos, Taíba e Prainha, sendo este

último uma iniciativa da empresa alemã Wobben WindPower. Juntos, somavam 17,4

MW de produção média de energia, ainda uma parcela muito pequena da energia

consumida pelo estado, em torno de 1.200 MW.

Pelo fato de não possuir recursos hídricos abrangentes, é necessário

recorrer a fontes alternativas de energia, até então não difundida para os brasileiros,

mas já há muito utilizada na Europa, onde a Alemanha detinha a tecnologia. O

Governo do estado, através da COELCE, lançou estudos para construção de duas

novas usinas de energia eólica de 30 MW cada, previstas para os municípios de

Paracuru e Camocim.

Em 2009, o governo federal instituiu e regulou o mercado de energia

vindo de fontes alternativas, criando leilões periódicos onde os participantes

concorriam pelo preço tarifário mínimo. Em dezembro deste mesmo ano o Ceará

contava com mais 21 projetos aprovados e 541 MW de potência média contratados,

dobrando sua capacidade instalada até 2013. Com o leilão realizado em 25 de

agosto de 2010 o Ceará somará, em 2014, em torno de 1.211 MW de potência

média instalada. (ADECE, 2010)

Os números acima mantêm o Ceará como o estado com maior número de

parques eólicos no Brasil e o maior produtor de energia elétrica por fontes eólicas do

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Brasil, seguido pelo estado do Rio Grande do Sul, com potência média instalada de

150 MW.

A Figura 1 mostra a disposição geográfica dos 17 parques eólicos

existentes atualmente no estado do Ceará.

Figura 1 – Disposição geográfica dos parques eólicos no litoral cearense. Fonte: Mapa Territorial de Parques Eólicos (ENGEMEP/Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE)

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1.2.2 Análise quantitativa do potencial de geração de energia elétrica por fontes Eólicas

O Estado do Ceará conta com um potencial de geração eólica de 13,5

GW de potencial médio para instalação de novos parques eólicos no litoral

(onshore), com mais 9,2 GW offshore e 3,5 GW nas áreas do interior do estado,

totalizando 26,2 GW. (ADECE, 2010)

Muitas áreas do litoral não estão disponibilizadas para instalação de

parques eólicos, sejam por serem áreas de proteção ambiental – APA´s, por

possuírem características físicas de declive inviável para instalação de usinas e por

serem áreas de mangues e áreas juridicamente “indisponíveis”.

Diante disso, conta-se com 40% da faixa litorânea que, utilizando

aerogeradores de 2,1 MW, pode produzir 13,5 GW de potencial nominal instalada,

com velocidade média de vento de 8 m/s e fator real de capacidade 35%. (ADECE,

2010)

1.3 Panoramas da Geração Eólica Offshore 1.3.1 Offshore no mundo

A geração eólica em meio marítimo, conhecida como offshore, constitui a

vanguarda da tecnologia mundial para a geração de energia renovável a serem

implementados em grande escala. É uma tecnologia que está em desenvolvimento

inicial, mesmo nos países que já operam projetos de energia eólica offshore. A

quase totalidade dos projetos localiza-se no Mar do Norte, com um total de 1.024

MW, assim distribuídos: Dinamarca (42%); Reino Unido (40%); Holanda (12%) e

Outros (6%). (IZAGUIRE, 2010)

Até 2006, os parques eólicos offshore mais profundos possuíam

subestrutura do tipo monopilar, sob 20 metros de lâmina d’água (mais 15 metros

solo adentro). Mas em 2007 foi inaugurado um projeto a 45 m de profundidade.

(IZAGUIRE, 2010)

A Figura 2 traz os principais dados dos projetos eólicos offshore

operantes no mundo em 2007. No eixo esquerdo da figura, tem-se a profundidade

(em metros) e a distância costeira (em quilômetros) dos projetos e no direito a

potência de cada um (em megawatts). Abaixo do gráfico, uma linha do tempo

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apontando o início da construção das usinas, onde nota-se o aumento da

profundidade destes parques em 2007.

Figura 2 -. Parques eólicos offshore dos 8 países com linha do tempo. Profundidade (em metros, eixo

esq.), Distância (em km, eixo esq.) e Potência (em MW, eixo dir.) Fonte: Wind Service Holland.

Na tabela 1 verifica-se a produtividade das 26 usinas offshore

consideradas pela base estatística citada na Figura 2. As 26 usinas offshore somam

1.024 MW. O potencial teórico de geração é dado pela potência nominal do sistema

como se ele produzisse em capacidade plena durante as 8.760 horas (24h * 365)

dias de um ano. Logo, o potencial teórico do sistema considerado foi de 8.970.240

MWh (1.024 MW * 8.760 h). O fator de capacidade compara a produção real do ano

com o potencial teórico.

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Tabela 1: Total de turbinas e produção elétrica anual para as 26 usinas eólicas offshore do mundo. Dados atualizados até 2 de novembro de 2007.

Unidades Sistema Offshore Europeu

Total de turbinas instaladas T 462

Total de capacidade instalada MW 1.024

Média da potência da turbinas MW/T 2,22

Total anual de energia gerada GWh 3.625

Média anual de produção por turbina GWh/T 7,85

Fator de capacidade do sistema global % 40,4 Fonte: Wind Service Holland. *Observação: Nos dados do Sistema Offshore Europeu, computaram-se os dados de 2 turbinas eólicas offshore (600 kW cada) que se encontram operando em Hokkaido, Japão.

A fonte eólica offshore deve ser vista como complemento e não

concorrente da fonte eólica onshore. Apesar de maiores custos de instalação,

operação e produção, a fonte offshore oferece algumas vantagens. No mar, os

ventos são mais rápidos e perenes, além de que oferece menor nível de turbulência,

o que reduz o desgaste dos equipamentos.

O impacto visual fica bem reduzido com a instalação de parques eólicos

no mar. Fatores importantes que restringem a operação onshore são evitados nas

instalações. No caso da potência das turbinas, ela é limitada pela capacidade dos

caminhões, guindastes terrestres, pontes e estradas. As maiores turbinas operando

em 2007 (Repower e Multibrid) se encontra na Alemanha (onshore) e Reino Unido

(offshore). Elas possuem 5 MW de potência nominal, rotor com diâmetro entre 116 e

126 metros (a ponta da pá chega a ficar com um Hub de 100 metros de altura a 160

metros do chão o mesmo comprimento do edifício Itália que tem 45 andares. No

mar, a menor restrição do nível de ruído faz com que os custos das pás (o elemento

mais caro da turbina) e de componentes mecânicos sejam menores. (MANWELL,

MCGOWAN e ROGERS, 2009).

Em relação ao porte dos parques, poucos sistemas onshore têm mais de

50 MW, devido à restrição de espaço, custo da terra, emissão de ruído e impacto

visual. Além de preservar o espaço em terra para outras atividades econômicas

diferentes da geração de energia, a implantação de turbinas no mar permite uma

menor densidade de potência, que usualmente é de 13 MW/km² em terra e de 6

MW/km² no mar. (MANWELL, MCGOWAN e ROGERS, 2009).

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Essas e outras vantagens comparativas da fonte eólica offshore têm

direcionado governos e a indústria, a exemplo do que ocorre no Reino Unido e

Alemanha, a executarem projetos de escala superior a 1 GW para o mar do Norte,

conforme exposto na Tabela 2 e 3, respectivamente. Tabela 2 – Projetos de escala GW planejados para o Reino Unido. London Array Moray Firth Triton Knoll

Principais Investidores

CORE; E. ON; Shell WindEnergy

Talisman; Scottish and Southern; EDF

Npower Reewables (grupo RWE)

Local 20 km a leste do estuário do Tâmisa

25 km a leste da costa da Escócia

25 km a leste de Greater Wash

Potência 1.000 MW 1.000 MW 1.200 MW Profundidade 25 m 45 m 20 m Plena Operação 2010 2010 2010

Fonte: Relatórios anuais de 2005 das respectivas empresas. Tabela 3 – Projetos de escala GW planejados para a região alemã do Mar do Norte.

Projeto Empresa Responsável Potência MW Forseti Prokon Nord 17.500 Jules Verne Plambeck 13.500 TGB North EP4 Offshore 10.045 Hochsee Windpark Nordsee 54°25' EOS Offshore 5.355

Weise Bank 2010 OSB Offshore Bürguer Windpark Butendiek 2.700

Offshore North Sea Windpower Enova 2.025 Fonte: Greenpeace, 2004.

A exemplo, o projeto London Array, que começou a fornecer 1 GW para

Londres em 2010, estando no estuário do rio Tâmisa, 20 km mar adentro, a 25 m de

profundidade.

Seus empreendedores são a Shell WindEnergy (esta com 33%), E.ON e a

Core. Dentre os investidores dos projetos eólicos onshore do Reino Unido estão as

maiores empresas de energia da Europa, de significativa participação de fontes

fósseis na sua geração elétrica. Esses grandes operadores de energia e

infraestrutura já iniciaram seus projetos piloto offshore para então investir

massivamente no potencial que a fonte representa para contribuir com a segurança

do suprimento energético. A escala dos maiores projetos offshore alemães concorre

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com grandes interesses, originando disputas políticas e fazendo com que sofram

atrasos no planejamento, estando todos sinalizados para datas após o ano de 2012.

1.3.2 Offshore no Brasil

Desde meados da década de 90, o cenário de privatizações do setor

elétrico despertou interesses pelas fontes alternativas no Brasil. A necessidade de

se conhecer o potencial dos recursos alternativos, em especial a energia eólica,

tornou-se importante para a futura execução de novas formas de geração de energia

elétrica, de localização distribuída, com baixo impacto ambiental e de rápida

implementação. Aspectos técnicos, políticos e econômicos têm sido cada vez mais

debatidos em vários encontros com o objetivo de se conseguirem meios para

viabilizar uma significativa participação na matriz energética nacional.

O governo brasileiro planeja elevar a participação das fontes alternativas

de energia na matriz elétrica nacional. O sistema hidrotérmico, responsável por

98,4% da matriz elétrica nacional em 2005, concederá espaço para que as fontes

alternativas cresçam dos 1,6% em 2005 para 9,6% em 2030, dos quais 5,4 pontos

percentuais serão provenientes de Pequenas Centrais Hidroelétricas. (MME, 2009)

Dado o histórico brasileiro de geração centralizada do ponto de vista

geográfico e tecnológico, em um cenário de planejamento onde será mantida a forte

predominância do sistema hidrotérmico (90,3% em 2030), é significativo o fato de

que as fontes alternativas juntas terão o mesmo peso que a geração a gás natural

(9,7%) na matriz elétrica brasileira. Para a geração eólica, as estimativas são que

esta saia de um patamar de 0,03% de participação na matriz para um patamar de

2,2%, alcançando 4,65 GW em 2030. (MME, 2009)

Segundo os prognósticos (Tabela 4), o Brasil permanecerá

implementando grandes projetos hidroelétricos, marcados pela grande complexidade

técnica e institucional, (por se encontrarem em regiões ecologicamente sensíveis), e

pela morosidade na viabilização econômica e na construção dos mesmos (devido às

magnitudes individuais dos projetos).

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Tabela 4 – Prognósticos do Plano Nacional de Energia 2030

Acréscimo

entre Dados em MW 2005 2015 2020 2025 2030 2005 - 2030

EVOL. CAPACIDADE INSTALADA 86.915 174.943 178.923 217.683 259.343 130.068 Fonte Hidráulica Grande Porte 68.600 99.000 116.100 137.400 156.300 87.700 Fonte Térmica 16.900 24.300 26.800 30.300 39.800 22.900

Gás Natural 8.700 13.000 14.000 15.500 21.000 12.300 Nuclear 2.000 3.300 4.300 5.300 7.300 5.300 Carvão 1.400 2.500 3.000 4.000 6.000 4.600 Outras 4.800 5.500 5.500 5.500 5.500 700

Fontes Alternativas 1.415 5.533 8.603 13.983 20.883 19.468

Peq. Central Hidroelét 1.330 2.330 3.330 5.330 8.330 7.000

Eólica 29 1.382 2.282 3.482 4.682 4.653 Biomassa 56 1.821 2.971 4.521 6.571 6.515 Resíduos 0 0 20 650 1.300 1.300

ACRÉSCIMO NO PERÍODO

41.918 22.850 30.000 35.300 130.068

Fonte Hidráulica

30.400 17.100 21.300 18.900 87.700 Fonte Térmica

7.400 2.500 3.500 9.500 22.900

Fontes Alternativas

4.118 3.250 5.200 6.900 19.468 ACRÉSCIMO MÉDIO ANUAL

4.192 4.570 6.000 7.060 5.203

Fonte Hidráulica

3.040 3.420 4.260 3.780 3.508 Fonte Térmica

740 500 700 1.900 916

Fonte Alternativas 412 650 1.040 1.380 779 Fonte: Empresa de Pesquisa Energética – EPE

O Ministério de Minas e Energia afirma que a geração de energia eólica

offshore não é prioritária no momento. (MME, 2009)

Contudo, desde já, se deve investir em pesquisa e desenvolvimento em

prol do conhecimento sobre sistemas offshore, a exemplo do que já fazem tantos

países. Ao planejar sistemas onshore e offshore em paralelo, antes da exaustão dos

locais úteis em terra, tal como ocorre no Reino Unido, uma tática análoga à britânica

poderia ser aplicável ao Brasil, tendo em vista os seguintes objetivos: Facilitar a

aceitação pública frente à tecnologia eólica, reduzindo o impacto visual em terra e

preservando o solo próximo a grandes centros para atividades diferentes da geração

energética; Criar empregos na indústria naval e outras indústrias de bens de capital;

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Elevar o uso dos recursos naturais offshore, para o que já possui know-how prévio e

útil à nova opção que se apresenta (eólica) e dispor de opção adicional e de rápida

implantação para elevar a segurança da oferta energética a grandes centros de

carga urbanos ou industriais próximos ao litoral.

Siegfriedsen, Lehnhoff e Prehn (2003) avaliaram os mercados potenciais

para a indústria offshore fora da União Europeia. O estudo indica o Brasil como 3º

maior potencial energético offshore mundial (609 TWh/ano), atrás da China (1.033

TWh/ano) e dos EUA (612 TWh/ano).

O índice de viabilidade considera ventos das regiões marítimas dos

países, condições econômicas para a energia eólica, profundidade da água nos

sítios potenciais, distância em relação à rede de transmissão elétrica adequada e

que esteja mais próxima, a infraestrutura do país e também a aptidão que o país

apresenta para empreender projetos de engenharia offshore.

Com uma indústria onshore de renome, o Brasil possui um índice de

viabilidade superior ao índice atribuído aos dois gigantes econômicos, quais sejam

os EUA e a China. Mas apesar de o estudo apontar o Brasil como detentor do 3º

maior potencial natural, com um alto índice de viabilidade para os projetos, atribuiu-

se também que o país demonstra um baixo nível de “motivação” para o

desenvolvimento dos mesmos. (FRANCELINO, 2008)

1.3.3 Potencial Eólico Offshore no Ceará

No que se refere à offshore, o Ceará tem uma das maiores vantagens

competitivas de todos os estados brasileiros: possui uma plataforma continental

rasa, com média de 8m de profundidade em aproximadamente 35% de sua faixa

litorânea. Essas características reduzem custos na instalação de uma usina,

facilitam sua manutenção e, consequentemente, sua durabilidade (time life). A

Figura 3 mostra o potencial real de geração eólica offshore do estado do Ceará.

(FRANCELINO, 2008)

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Figura 3 – Potencial real de geração de energia eólica do estado do Ceará. Fonte: Mapa Territorial de Parques Eólicos (ENGEMEP/Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE)

No litoral do Ceará, têm-se umas das áreas do Brasil com maior potencial

eólico offshore. Uma junção de características fez a foz do Rio Acaraú um lugar de

alta viabilidade técnica para instalação de parques eólicos offshore. As

características são: Localização: Foz do Rio Acaraú, Ceará; Área de 225 KM² (150

KM x 15 KM); Distância da costa de 6 a 20 KM e Lâmina de Água: 5 a 15m e

potência eólica média estimada: 12.500 MW (12 a 13 vezes a potência eólica

instalada no Ceará até 2014). (ADECE, 2010)

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Mapa 1 – Localização da Região da Foz do Rio Acaraú Fonte: Mapa Territorial de Parques Eólicos (ENGEMEP/Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE)

O potencial de geração de energia eólica na plataforma continental de

Acaraú equivale à produção da maior usina hidroelétrica brasileira. Caso 50% dessa

área fosse explorado para instalação de usinas eólicas, geraria uma aplicação de

recursos na ordem de R$ 24 bilhões. (ADECE, 2010)

Para o investidor, a vantagem competitiva com relação à outras áreas no

mundo (por exemplo, Dinamarca) é com relação ao baixo custo de instalação, pela

proximidade do litoral, potencial de geração acima da média europeia (pela média de

velocidade dos ventos que é de 8m/s) e profundidade pequena. Esses três fatores

são decisivos na escolha de áreas offshore para investir em energia eólica.

Em comparação com outras áreas litorâneas do próprio Brasil (por

exemplo, litoral do Rio Grande do Sul, que possui profundidade média três vezes

maior), observa-se que a plataforma continental é única, possuindo uniformidade de

profundidade, e isso se traduz em facilidade de instalação e operação da usina.

(FRANCELINO, 2008)

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1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo Geral - Avaliar a viabilidade financeira da implantação de um parque eólico no estado do

Ceará, e os impactos socio-ambientais.

1.4.2 Objetivos Específicos - Levantar as receitas e custo de implantação de um parque eólico onshore e

offshore;

- Construir os fluxos de caixa para os parques eólicos;

- verificar os benefícios sociais oriundos da instalação dos parques;

- identificar os impactos ambientais gerados

1.5 Estrutura do Trabalho Esta dissertação está dividida em cinco capítulos. O primeiro apresentou

a introdução com os objetivos, a apresentação da estrutura do trabalho, e traça um

panorama da geração de energia elétrica eólica onshore e offshore no Ceará, no

Brasil e no mundo.

O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, mostrando a

relevância do setor eólico no cenário brasileiro, os aspectos econômicos e

socioambientais, o Programa de Incentivos as fontes alternativas de Energia –

PROINFA e parte da legislação regulamentar.

O referencial metodológico está inserido no terceiro capítulo, o qual se

apresenta os métodos e técnicas, a delimitação e caracterização da área de estudo.

O quarto apresenta os resultados, com uma análise financeira da

implantação de um parque eólico onshore e offshore e demonstram-se os impactos

no desenvolvimento econômico, mostrando a interferência na renda, impostos,

geração de empregos e nas cooperativas. Trás também os principais impactos

ambientais oriundos do projeto proposto neste trabalho.

Já o quinto e último capítulo comporta as Conclusões e Sugestões, donde

se procura mostrar a compreensão dos principais resultados obtidos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A produção de energia no Brasil

A energia elétrica, no final do século XIX, atendia a demanda das

atividades primárias e exportadoras de produtos, bem como dava suporte à

crescente necessidade de infraestrutura básica de transportes, comunicação,

iluminação pública, água, saneamento e produção e distribuição de energia.

De acordo com Furtado (1959), a urbanização das cidades e o

crescimento da atividade industrial requisitavam não só infraestrutura, mas absorção

de novas tecnologias que pudessem sustentar o processo de desenvolvimento

vigente.

Dessa forma, a energia elétrica, de utilização recente, mostrava-se como

solução presente no país, quer seja na indústria, no comércio ou na prestação de

serviços, quer seja na agricultura, nos transportes, na iluminação pública e

residencial.

Nesse contexto, as formas de utilização de energia ainda eram muito

rudimentares, como retrata a Coleção General Benicio (1977, p. 51) apud. Neto

(2009, p. 43) que:

As formas de energia eram ainda as mesmas dos séculos anteriores: o trabalho animal, do boi às bestas de carga, os pequenos aproveitamentos naturais, movendo engenhos de açúcar, pisando milho, ou fazendo farinha, e lenha das matas, e, principalmente, a força humana. [...] Só ao final do século, quando ocorrem às correntes migratórias, surgem os trabalhadores assalariados e se abole a escravidão, é que começa a economia industrial. [...] baseada até aqui na máquina a vapor e no carvão mineral, volta-se agora, para uma recente descoberta científica e para suas conseqüências tecnológicas: o eletromagnetismo, a eletricidade, o dinamismo produtor de eletricidade, os motores elétricos e a lâmpada elétrica.

Vale mencionar que a energia elétrica nessa fase voltou-se mais para o

desenvolvimento do setor industrial, tendo sua participação necessária no meio

rural, predominante no Brasil e nas atividades ligadas ao setor de serviços.

A cidade de Campos, no Rio de Janeiro, tornou-se em 1883, a primeira

cidade do Brasil e da América do Sul a receber o primeiro serviço de iluminação

pública. De acordo com Cabral, Cachapuz e Lamarão (1988), “essa instalação

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utilizava a fonte térmica e funcionava como uma máquina motriz a vapor, que

acionando três dínamos tornava possível a iluminação de 39 lâmpadas.”

Em 1889 foi construída a primeira usina elétrica de fonte hidráulica de

maior porte instalado no Brasil no estado de Minas Gerais. O objetivo era suprir as

necessidades de utilização pública da cidade.

Nas duas últimas décadas do século XIX foram implantadas pequenas

usinas geradoras de energia elétrica, com a finalidade de atender as necessidades

urbanas e as atividades econômicas como a mineração, beneficiamento de produtos

agrícolas, fábricas de tecidos e serrarias.

Vale ressaltar que foi na primeira década do século XX, que foi construído

no Brasil um grande número de pequenas usinas geradoras de energia elétrica, cuja

produção visava o atendimento dos serviços públicos instalados nas cidades, com

iluminação pública e particular. Portanto, os primeiros concessionários dos serviços

constituíam-se de pequenos produtores e distribuidores. (COSTA, 2006)

Ocorrências no passado recente mostram que a energia elétrica

produzida no Brasil, foi em muitas épocas, insuficiente para atender à demanda e

sustentar o crescimento econômico que se esperava. Em 2001, viveu-se a

experiência do racionamento de energia elétrica que durou até início de 2002. Após

este choque, vários setores da sociedade brasileira constataram a real e iminente

necessidade de diversificação das fontes de geração de energia elétrica e de uso

racional.

2.2 Evolução do setor de energia elétrica no Brasil No final do século XIX, o fluxo de recursos para o setor elétrico começou

a crescer e as companhias nacionais e estrangeiras começaram a se multiplicar na

transmissão e distribuição de energia nas cidades.

Contudo, a partir dos efeitos da Primeira Guerra Mundial, com a redução

das importações e com a crise, face à disponibilidade de energia elétrica, a indústria

nacional começou a crescer, principalmente no entorno do eixo Rio-São Paulo. Com

isso, passaram a surgir os primeiros investimentos realizados de capital estrangeiro

no setor elétrico brasileiro (ALVES FILHO, 2003).

Com relação ao Nordeste, os primeiros passos para a utilização da

energia elétrica de fonte hidráulica foram dados com a construção em 1913, da

usina de Paulo Afonso no Rio São Francisco em Alagoas. (ALVES FILHO, 2003).

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Na década de 1920, o debate em torno do assunto foi bastante

intensificado, sendo marcada pela construção de usinas de grande porte para

atender ao crescente mercado consumidor, tendo também sido criado o primeiro

órgão oficial relacionado à política setorial, a Comissão Federal de Forças

Hidráulicas, do Ministério da Agricultura no bojo de um processo que culminaria com

a promulgação do Código de Águas, em 1934. Antes de 1930, o Estado brasileiro

fazia poucas intervenções na indústria de energia elétrica (ALVES FILHO, 2003).

Mesmo que a exploração de serviços de eletricidade no Brasil tenha

começado antes do fim do império, ainda não existia uma regulamentação adequada

do Estado para o setor de energia elétrica. Contudo, às medidas adotadas pelo

Governo, o avanço para o setor não aconteceu como planejado e a escassez de

recursos financeiros provocados pela Segunda Guerra Mundial, principalmente no

que diz respeito ao reajustamento das tarifas públicas, não estimularam novos

investimentos, ocasionando o retardamento da expansão do setor e o déficit de

oferta de energia elétrica. (ALVES FILHO, 2003).

Ao longo do período de 1962 a 1990, a política energética brasileira

caracterizou-se pelos investimentos públicos e privados. Em 1970, o país investiu na

construção de um grande e moderno parque hidrelétrico onde o mundo enfrentava

as conseqüências do primeiro choque do petróleo. Porém em 1979, uma nova onda

de aumento de preços do petróleo veio agravar a crise econômica, sobretudo nos

países dependentes dessa fonte energética. O Brasil, no início da década de 1980,

criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), com o intuito de promover a

produção e a utilização da tecnologia do álcool de cana-de-açúcar como combustível

para motores. Nesse período, o Brasil passava por uma fase de crescimento

econômico (BAJAY, 2007).

Na segunda metade de 1980 os problemas do país e as dificuldades do

setor elétrico continuavam a preocupar o governo, já em 1985, no governo Sarney

foi aprovado o Plano de Recuperação Setorial (PRS), pela Petrobrás a fim de

promover o saneamento financeiro das concessionárias, mediante o aporte de

recursos orçamentários da União e de esquemas de recuperação das tarifas

(BAJAY, 2007).

Diante desse contexto, surgiu um movimento para encontrar fontes

alternativas de energia que viesse a reduzir a dependência dos combustíveis

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fósseis, como o petróleo. Com o surgimento dessa inovação e dos benefícios no

campo da economia, o Governo brasileiro continuou a concentrar os investimentos

na construção de hidrelétricas, termelétricas e na prospecção de combustíveis

fósseis. No entanto, o acirramento da crise econômica brasileira no início de 1990,

continuou afetando o desempenho do setor elétrico.

2.3 Situação atual da política de energia Mesmo com a construção de um eficiente sistema de geração,

transmissão e distribuição de energia, o Governo, em 1990, mudou o rumo da

política energética reduzindo a participação do Estado no mercado, dando início ao

processo de privatização de empresas estatais que atuavam no setor elétrico.

No plano real foi implantado a livre concorrência para promover a eficiência no setor

e inicia a fase de fiscalização na busca de atrair o capital privado. (BAJAY, 2007).

O governo queria privatizar todo setor de distribuição de energia elétrica,

criando programas de termelétricas, desse modo, passou a controlar o

funcionamento dos setores por meio das agências reguladoras e como

conseqüências as empresas privatizadas passaram a competir no mercado.

(BAJAY, 2007).

Segundo Alves Filho (2003), com o processo de privatização impostos

pelo governo federal, articulou-se, para que os meios de comunicação passassem a

divulgar de forma constante os benefícios que eram gerados com a desestatização

dos serviços com a redução dos preços das tarifas e a melhoria da qualidade dos

serviços.

O ex-presidente Lula, em 2003, assumiu o governo visando acabar com a

crise energética, criando condições para o desenvolvimento sustentável do País e

propondo uma reestruturação no setor elétrico.

Nessa perspectiva, Leme (2008) afirma que “a energia elétrica possui um

papel fundamental e estratégico para a sociedade, devendo ser encarado como fator

de inclusão social e desenvolvimento econômico”. Assim, para que os objetivos

fossem pretendidos, o governo restaurou as funções diretivas do Ministério de Minas

e Energia, criando a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para explicar a

insuficiência de energia e abastecer o Brasil sem a necessidade de racionamentos

pela prestação de serviços. Ao subsidiar o planejamento do setor energético,

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instituiu a Câmera de Comercialização de Energia (CCEE) em substituição ao

mercado atacadista de Energia (MAE), mudando a forma de atuação da ANEEL.

Dessa forma, Leme (2008) argumenta ainda que os ajustes que eram

realizados no setor elétrico promoviam uma atuação conjunta do setor público e

privado que pudesse preservar os investimentos e garantir a segurança do

suprimento de energia que melhor atendesse às necessidades do desenvolvimento

econômico e social.

Neste sentido, o apoio para energias renováveis passou a se constituir

para elevar o potencial de suficiência energética e contribuir para o equilíbrio do

meio ambiente. Contudo, o alcance do desenvolvimento desejado ainda dependia da

participação do Estado com a elaboração de políticas públicas pelo impacto na

economia, educação, saúde, habitação e meio ambiente e em outros setores.

(LEME, 2008)

De acordo com Brum (2005), o conceito de desenvolvimento “é um

processo contínuo e auto-sustentado de mudança e aperfeiçoamento social”.

Compreendendo o bem-estar, equilíbrio social, segurança, solidariedade e felicidade

das pessoas e da sociedade.

Portanto, a questão energética tem significado bastante relevante na

questão ambiental e na busca do desenvolvimento sustentável.

Segundo dados da Aneel (2009), o consumo crescente e o impacto

ambiental e social causado pelas fontes tradicionais de energias, levou o governo e

a sociedade a pensar em novas alternativas para a geração de energia elétrica.

2.4 Instalações Eólicas para geração de energia elétrica e a Legislação

Pode-se dizer que são vários os pontos para a implantação de centrais de

geração eólica e uma das principais questões é a ambiental, tanto que o

crescimento da energia eólica no mundo decorre de uma resposta da sociedade por

uma melhor qualidade ambiental nas questões energéticas.

A Resolução ANEEL N. 112/1999 definiu os limites para instalação de

centrais de geração eólica, mediante registro para aquelas com capacidade

instalada menor ou igual a 5MW, para serviço público, autoprodução e produtor

independente, e mediante autorização do poder concedente para centrais cuja

capacidade instalada seja superior a 5 MW.

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A Resolução N. 233, de 29/06/1999, definiu os Valores Normativos,

aqueles que limitam o repasse dos preços ao consumidor para as tarifas de

fornecimento, para as diversas formas de geração de energia elétrica, cujo objetivo

foi limitar o repasse dos preços para as tarifas de fornecimento, para as diversas

fontes geradoras de energia, como as termelétricas a carvão nacional, as pequenas

centrais hidrelétricas, as termelétricas a biomassa, a energia eólica e a solar

fotovoltaica.

Através da Resolução N. 245, de 11/08/1999, autorizou a aplicação da

Conta de Consumo de Combustível – CCC, para as centrais de geração que façam

uso de fontes renováveis em substituição aos combustíveis fósseis.

Nessa perspectiva Dutra (1999), afirma que a presença de uma legislação

específica para o desenvolvimento das fontes alternativas de energia mostra-se de

fundamental importância para um crescimento do uso dessas tecnologias.

O governo brasileiro criou, através da Lei Nº. 10.438/02, o PROINFA –

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, com o qual a

Eletrobrás garantiu a compra de energia elétrica produzida por pequenas centrais

hidroeletricas e centrais de geração que utilizem fontes eólicas ou biomassa,

conectadas ao Sistema Interligado Nacional – SIN, e promoveu o interesse de

investidores na implantação de centrais eolielétricas no Brasil.

Para Carvalho (2003), o reflexo do atual estágio de desenvolvimento do

setor eólico no Brasil, a legislação brasileira específica é recente, necessitando

ainda ser aprofundada. Dentro da legislação merecem destaque os seguintes

decretos e leis na área de fontes alternativas de energia conforme esclarece:

O Decreto n. 4.541 de 23 de dezembro de 2002 regulamento nos arts. 3º, 13, 17 e 23 da Lei n, 10.438, de 26 de abril de 2002, que dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria programa de incentivo às fontes de desenvolvimento energético – CDE, e dá outras providências. Especificamente para o setor eólico vale salientar o Art. 9º, inciso 2º que reza: Das chamadas públicas a serem realizadas pela Eletrobrás deverão resultar contratações de compra até 2004. (....) (CARVAHO, 2003, p. 106).

Como demonstrado, as medidas para inserção de fontes renováveis,

constata-se a necessidade de superar obstáculos de forma planejada e consistente,

a fim de que a exploração das energias renováveis assegure um desenvolvimento

sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico.

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Pereira Neto (2009) destaca em sua pesquisa que em agosto de 2009, o

Estado Brasileiro possuía 23 usinas eólicas em operação e 14 em construção.

2.5 Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia - PROINFA

O PROINFA é o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia

Elétrica, criado pelo Governo Federal em 2002 pela Lei 10.438, e coordenado pelo

Ministério de Minas e Energia (MME). Esta Lei, em seu art. 3°, instituiu a esse

programa, a função de aumentar a participação da energia elétrica produzida por

empreendimentos de produtores independentes1 e autônomos, concebidos com

base em fontes eólicas.

Nesse contexto, o programa foi concebido para a promoção do

desenvolvimento sustentável do País, pela confiabilidade e segurança no suprimento

de energia elétrica.

A empresa de Pesquisa Energética (EPE) considerou no Plano Decenal

de Expansão de Energia 2008-2017 a entrada em operação comercial de todos os

projetos contratados, inclusive os empreendimentos de geração de energia eólica

concluídos em 2008 e 2009.

Contudo, permaneceu incerta a política de longo prazo para o

desenvolvimento da fonte eólica, já que o PDE 2008-2017 não inclui para o novo

decênio nenhum projeto dessa fonte energética, embora a tenha considerado em

conjunto com outras fontes alternativas.

Dentro do escopo do PROINFA foram contratados 54 projetos de geração

eólica no Brasil, dos quais 35 estão situados na região Nordeste, sendo 14 no

estado do Ceará, segundo dados da ANEEL (2009).

A exploração de usinas eólicas contribuiu para o suprimento da energia

elétrica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado. Os

parques eólicos, as indústrias fabricantes de equipamentos, as empresas de

construção civil.

2.6 Aspectos econômicos e os efeitos socioambientais

1 Pessoa jurídica ou consórcio de empresas titulares de concessão, permissão ou autorização para produzir energia elétrica destinado ao comércio de toda ou parte da energia produz\ida, por sua conta e risco. Resolução Normativa ANEEL, n. 109, de 26 de outubro de 2004. (DIÁRIO OFICIAL, de 29 outubro 2004, seção 1, p. 196).

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A energia eólica é uma fonte renovável de energia, e é dentre as formas

alternativas de energia a de maior crescimento no mundo. Um dos aspectos mais

importantes na economia de qualquer país é a política de geração de empregos e na

área de energia eólica tem demonstrado importante contribuição.

Os impactos socioambientais dos projetos de energia eólica no Ceará são

positivos, embora ainda modestos em relação ao aumento do emprego, da atividade

econômica e da renda.

Segundo Adece (2009), as usinas eólicas instaladas no Ceará estão

gerando cerca de 290 empregos diretos, ocupados por executivos, administradores,

engenheiros, técnicos em operação, manutenção e assistência técnica, motoristas,

entre outros, considerando o parâmetro de um emprego por cada MW instalado.

Um dos mais importantes benefícios que a energia eólica oferece ao meio

ambiente está no fato de que ela praticamente não emite poluentes durante suas

operações. No Brasil, o primeiro e principal impacto causado pela instalação dos

parques eólicos está relacionado à forma do uso e ocupação do solo, principalmente

quando situados na zona costeira do Nordeste. No caso do Ceará, a instalação de

alguns empreendimentos ocasionou alguns impactos, bem como as terraplanagens

das dunas, soterramento de lagoas e destruição de sítios arqueológico.

(FRANCELINO, 2008)

Carvalho (2003) diz que no caso específico do Brasil, o potencial eólico

existente pode servir de base para o desenvolvimento de indústrias com a

conseqüente geração de empregos, tornando-se relevante para a região Nordeste

do Brasil que apresenta ao mesmo tempo o maior potencial eólico e a maior

concentração de problemas sociais.

O autor citado afirma ainda que nas últimas décadas, a necessidade do

uso de fontes não poluentes de energia tornou-se evidente após os acidentes

nucleares ocorridos em 1979 nos Estados Unidos.

Toda forma de aproveitamento de recursos naturais pela humanidade

com fins energéticos causa, em maior ou menor escala, alterações no meio

ambiente. “De forma que essas alterações podem ser verificadas de diversas

formas, e um dos motivos do crescimento do uso da energia eólica a nível mundial

para produção de energia elétrica é o impacto ambiental mínimo causados pelos

geradores eólicos” (CARVALHO, 2003).

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Os principais impactos causados ao meio ambiente por geradores eólicos

podem ser resumidos segundo Carvalho (2003) da seguinte forma: As turbinas devem estar suficientemente distanciadas entre si para evitar que a perturbação causada no escoamento do vento por uma unidade prejudique outras. A emissão de ruído é subjetivo, pois se por um lado o proprietário de uma turbina eólica interpreta o ruído como sinal de prosperidade, o vizinho pode entender como sinal de perturbação. No impacto visual também constitui alteração de difícil avaliação, pois enquanto uns enxergam os parques eólicos como símbolos de energia limpa e sustentável, outros os consideram como destruidores de paisagens. A interferência eletromagnética, apesar da pouca documentação existe sobre o tema, as partes metálicas de pás em rotação podendo causar interferência em sinais. Por fim os danos à fauna. (CARVALHO, 2003, p. 118).

Pode-se observar que todas essas desvantagens têm sido significativas

por meio do desenvolvimento de inovações tecnológicas.

Dessa forma, muitos conhecimentos e ganhos tecnológicos assimilados

pelo homem centraram-se na busca da apropriação e controle da conversibilidade

da energia, ou seja, do processo de obtenção da energia na conformação que se

ajuste às suas demandas. Nessa obtenção de energia para suprir suas

necessidades e sua demanda sempre crescente, o homem queima quantidades

significativas de combustíveis fósseis ameaçando a estabilidade ecológica do

Planeta (SILVA, 2006).

Pode-se dizer que toda a ação que o homem pratica no meio ambiente

causa impacto. Diante disso é que vem a idéia do desenvolvimento sustentável, para

gerar o menor impacto possível para garantir que as gerações futuras usem desses

mesmos recursos.

Dentre os argumentos favoráveis à expansão do aproveitamento eólico

para a geração elétrica, a questão ambiental certamente é a que tem maior

importância, tanto que o crescimento da energia eólica no mundo aparece

exatamente como uma resposta por uma melhor qualidade ambiental (MME, 2009).

Um dos mais importantes benefícios que a energia eólica oferece ao meio

ambiente está no fato de que ela não emite poluentes durante sua operação. No

entanto, a energia eólica apresenta grandes vantagens na redução de emissão de

gases de efeito estufa e na redução da concentração de C02 na atmosfera.

(CARVALHO, 2003).

Nessa perspectiva, essa afirmação pode ser constatada por meio dos

resultados alcançados na Conferência de Copenhague, realizada em 2009. Os

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países desenvolvidos e emergentes não chegaram a um consenso quanto ao

fechamento das metas futuras de redução das emissões de gases que venham a

estancar o aquecimento global. Entretanto, no que pesem os benefícios e a ampla

aceitação dessa fonte energética, a utilização da energia eólica gera alguns

impactos socioambientais que serão destacados mais a frente.

O primeiro impacto causado pela instalação dos parques eólicos no Brasil

está relacionado à forma do uso e ocupação do solo, principalmente quando

situados na zona costeira do Nordeste. As dunas têm se mostrado como os locais

preferidos pelos empreendedores para a construção das usinas.

No caso do estado do Ceará, a instalação de alguns empreendimentos

nos locais acima mencionados ocasionou os seguintes impactos: terraplanagem das

dunas, soterramento de lagoas, destruição de sítios arqueológicos, cerceamento da

passagem das pessoas por caminhos trilhados pela comunidade local, poluição

sonora e do ar decorrente do trânsito de veículos pesados, especulação imobiliária e

desaprovação dos empresários do setor de turismo.

Por este motivo Meireles (2009), que estuda os impactos ambientais

causados pelos parques eólicos no Ceará, afirma que:

As usinas eólicas estão promovendo profundos impactos ambientais e

sociais negativos ao longo do litoral cearense. As que estão operando e as

que estão em fase de instalação nos campos de dunas revelaram que toda

a área ocupada pelos aerogeradores é gravemente degradada -

terraplanada, fixada, fragmentada, desmatada, compactada, alteradas a

mortologia, a topografia e a fisionomia do campo de dunas -, pois se faz

necessário a manutenção de uma rede de vias de acesso para cada um dos

aerogeradores e resguardar a base dessas estruturas da erosão eólica".[ ...

] As dunas representam reservas estratégicas de sedimentos, água,

paisagens e ecossistemas que desempenham relações sócio-econômicas

vinculadas ao uso ancestral e sustentável das comunidades litorâneas e

étnicas. São de interesse direto dos turistas que vêm conhecer paisagens

únicas no planeta. Com a industrialização das dunas, a degradação está

alcançando os manguezais, praias e margens dos estuários (MEIRELES,

2009).

O autor mencionadoainda afirma que não é contra a produção de energia

eólica no Ceará a qual considera limpa e renovável. Para ele existem outros locais

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apropriados para a exploração, com grande potencial eólico e inexiste um plano

regional que defina áreas mais adequadas para essa importante fonte de energia

limpa e renovável.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Delimitação e caracterização da área de estudo

A pesquisa ocorreu no Estado do Ceará, uma das 27 unidades

federativas do Brasil. Situa-se na Região Nordeste e tem por limites o Oceano

Atlântico a norte e nordeste, o estado do Rio Grande do Norte e Paraíba a leste, do

Pernambuco a sul e do Piauí a oeste. Possui uma área total de 146.348,30 km²,

equivalente a 9,37% da área do Nordeste e 1,7% da superfície do Brasil.

O estado possui 117 municípios totalmente inseridos no semiárido,

representando 92% do seu território (SEINFRA, 2009).

Sua posição geográfica o coloca próximo as grandes regiões como a

Europa, a América do Norte e o Continente Africano, dando-lhe excelentes

condições de competitividade para o desenvolvimento do comércio exterior. Em termos institucionais e político, o Estado do Ceará, área de estudo

deste trabalho, está dividido em 184 municípios e 790 distritos; 8 Microrregiões de

Planejamento; 20 Regiões Administrativas

No estado do Ceará, a foz do Rio Acaraú, é o local de maior viabilidade

técnica e financeira para instalação de parques eólicos off-shore, devido a distância

costeira de 6 a 20 km e a uma lâmina de água de 5 a 15m, o que oferece uma

potência eólica média estimada de 12.500 mw. (ADECE, 2010).

3.2 Procedimentos metodológicos

O trabalho utiliza-se de pesquisas bibliográficas, em que se procura o

aprofundamento do tema em questão e de análises financeiras para a implantação

de um parque eólico onshore e um offshore no estado do Ceará, levando em conta

os impactos sociais e ambientais gerados.

Para tal, a metodologia aplicada consiste na análise da viabilidade

financeira e dos impactos socio-ambientais oriundos da implantação dos parques.

3.2.1 – Análise Financeira A análise financeira foi feita com base nas variações do fluxo de caixa,

instrumento gerencial que controla e informa todas as movimentações financeiras

(entradas e saídas de valores monetários) de um dado período. (ASSEF, 2003)

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Concomitantemente criou-se um banco de dados por meio de

informações colhidas sobre custos de implantação e potenciais de geração, e como

método de análise foram adotadas de simulações em planilhas no Software

Microsoft Excel 2010.

As estimativas para o fluxo de caixa futuro do projeto, foram obtidas a

partir de previsões para diversas variáveis, como o preço global dos equipamentos

necessários para a implantação e manutenção do parque, investimento inicial,

faturamento anual, depreciação dos equipamentos, impostos, lucros e fluxo de

caixa.

A análise inicial do fluxo de caixa é feita através de valores

representativos para as variáveis consideradas, permitindo o cálculo dos indicadores

financeiros utilizados neste trabalho, a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor

Presente Líquido (VPL), sendo o valor representativo, o valor que mais se aproxima

do valor real da medida, ou seja, se fizermos uma série de medidas, o valor

representativo é a média, excluindo os valores que se desviem do valor verdadeiro.

(ASSEF, 2003)

Para calcular um valor representativo, subtrai do maior valor o menor,

multiplicando a subtração por 100 e dividindo pela média aritimética, conforme

fórmula abaixo.

𝑀 =   !""  .!!

, em que:

M é a porcentagem da disperção

D é a diferença entre o valor maior e o valor menor

𝑋 é a média aritimética

Entretanto, todas estas variáveis não podem ser previstas com 100% de

precisão, indicando a importância da consideração, em grau maior ou menor, do

risco associado ao retorno financeiro obtido para o projeto (BREALEY e MYERS,

1996).

A análise de investimento é um processo que avalia diversas alternativas

e decide qual é a melhor opção pela ótica privada. Para conseguir financiamento de

credores suficiente que garanta o custo de elaboração de um projeto, de forma a

convencê-los a investir, é preciso provar a viabilidade econômico-financeira do

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empreendimento e sua capacidade de garantir o crédito para o pagamento da dívida

do financiamento. (BREALEY e MYERS, 1996).

Verifica-se a viabilidade financeira de um empreendimento quando Valor

Presente Líquido (VPL) esperado dos fluxos de caixa líquidos futuros forem

superiores ao Valor Presente esperado dos custos de investimento, ou seja, quando

o VPL do projeto for positivo (FINNERTY, 1999).

Sendo o VPL uma função utilizada na análise da viabilidade do cenário

proposto neste trabalho, ele é definido como o somatório dos valores presentes dos

fluxos estimados de uma aplicação, calculados a partir de uma taxa dada e de seu

período de duração. Os fluxos estimados podem ser positivos ou negativos, de

acordo com as entradas ou saídas de caixa.

A taxa mínima de atratividade (TMA) fornecida à função representa o

rendimento esperado do projeto, e caso o VPL encontrado no cálculo seja negativo,

o retorno do projeto será menor que o investimento inicial, o que sugere que ele seja

reprovado. Caso ele seja positivo, o valor obtido no projeto pagará o investimento

inicial. (FINNERTY, 1999).

Outra medida para avaliação de investimentos em projetos é a Taxa

Interna de Retorno (TIR), outro ítem importante análisado neste trabalho, ela é a

taxa necessária para igualar o valor de um investimento (valor presente) com os

seus respectivos retornos futuros ou saldos de caixa, e sera comparada diretamente

com a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), e caso a TMA seja menor que a TIR, o

investimento é economicamente atrativo. De uma forma geral, a TIR é a taxa de

desconto que faz com que o Valor Presente Líquido (VPL) do projeto seja zero e foi

calculado da seguinte forma:

𝑉𝑃𝐿 = 0 = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜  𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 +   !"!!  ! !

!!!!

Em que Ft é o fluxo de caixa no período

r é a taxa interna de retorno

t é o período (t = 1, 2, ..., n)

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A Taxa Mínima de Atratividade (TMA), ou taxa de juros é o mínimo que

um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento, ou o máximo que um

tomador de dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento, e é

considerada pessoal e intransferível pois a propensão ao risco varia de pessoa para

pessoa

Na análise de viabilidade econômico-financeira deste trabalho, foi levado

em consideração três aspectos importantes. O primeiro diz respeito à decisão de

orçamento de capital, que indica como deverão ser feitos o planejamento e a gestão

dos gastos de investimento de longo prazo do projeto. O segundo trata da decisão

de financiamento, ou seja, quais serão os recursos usados para financiar os

investimentos do empreendimento. Finalmente, o terceiro aspecto chama a atenção

de como e quais finanças de curto prazo serão feitas para pagar as contas (ROSS et

al., 1995).

Para se chegar ao custo de implantação, considerou-se o preço praticado

por três empresas distintas, para cada um dos equipamentos e serviços necessários

para a implantação e funcionamento de um parque eólico.

Para as empresas com sede em outros estados ou países, foi utilizado o

preço “Cost, Insurance and Freight (CIF)”, onde o exportador deve entregar a

mercadoria a bordo do navio, no porto de embarque, com frete e seguro pagos. A

responsabilidade do exportador cessa no momento em que o produto cruza a

amurada do navio no porto de destino.

A cotação foi feito com o preço em Dollar Americano. Com a obtenção

dos três valores, foi feito uma média aritmética e obtido valor final em Dollar

Americano, onde fez-se a transformação para a moeda nacional, o Real, com a

cotação do dia dezesseis de março de 2012.

As simulações para se obter o VPL e a TIR, forão feitas em programas

escritos em planilhas do Excel, tomando como base a instalação de um parque

eólico onshore, no Estado do Ceará, com 52 MW, de R$ 210.000.000,00 (duzentos

e dez milhões de reais) e com um período de investimento de 20 anos, tempo de

vida útil aceitavel para este tipo de projeto. (GONÇALVES, 2007)

Foi escolhido a potencia de 52 MW médios por ser um valor condizente

com a realidade de ventos da costa cearense, e caso posto em prática, este parque

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seria o terceiro maior do estado, ficando atrás apenas do parque de Canoa

Quebrada, com 57 MW, e do Icaraizinho, com potência de 54,6 MW.  

Foram calculados o VPL e a TIR para dois cenários, ambos tomando

como base simulações de fluxo de caixa, considerando uma TMA de 17% ao ano,

recomendada por Gonçalvez (2007) para este tipo de empreendimento.

Para o primeiro cenário, é levado em consideração um fluxo financeiro do

projeto com 0% financiado, ou seja, 100% do valor investido com capital próprio, e

no segundo cenário, 50% do valor do projeto financiado.

Em ambos os cenários foram levados em consideração uma taxa de juros

de 5,3% e alíquotas tributárias praticadas no ano de 2011, sendo o Imposto de

Renda (IR) de 15%, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 8% e a

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de 9,25%.

No que concerne ao fator depreciação, que pode ser entendido como

sendo o custo ou a despesa decorrentes do desgaste ou da obsolescência dos

ativos imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa,

utilizamos uma taxa de 5% ao ano, devido a vida-útil dos equipamentos instalados

nos parques eólicos serem em média de 20 anos (CARVALHO, 2003).

Para definir a viabilidade financeira da instalação do parque eólico

offshore, devido a indisponibilidade de dados para experiências locais, foi utilizado o

custo de instalação do parque eólico de Thornton Bank, na Bélgica, construído em

2008, que ficou em R$ 7.083,33/kW (SNYDER E KAISER, 2008).

Este país foi escolhido por ter experiência em instalações onshore, assim

como o Brasil, mas sem experiências anteriores em instalações offshore, como seria

o caso proposto neste trabalho.

A metodologia foi a mesma utilizada na análise onshore e a simulação

também foi feita com um potencial de geração de 52 MW médios de potência

instalada, totalizando um custo de implantação de R$ 368.333.160,00.

O custo da operação e manutenção do parque foi considerando como

sendo R$41,12/MWh, como sugerido por Lemming, Morthorst e Clausen (2007),

com seguro operacional de 0,5% do custo de instalação por ano e custo de

transmissão de energia de R$ 2,5/kW/mês (PICCOLI apud YASBECK, 2006).

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3.2.2 Equipamentos e Serviços cotados

Para fazer a composição dos preços médios apresentados neste trabalho,

fez-se o levantamento dos seguintes equipamentos e serviços utilizados nos

parques eólicos instalados e em processo de instalação no Estado do Ceará.

Aerogeradores Os aerogeradores (turbinas) utilizados nos projetos do Ceará, em sua

maioria, são iguais ao da figura 4, e possuem as seguintes características principais:

• Conjunto Principal

• Potência nominal de 2.100 kW;

• Diâmetro do rotor de 88 (oitenta e oito) m;

• Área frontal de 6.082 (seis mil e oitenta e dois) m²;

• 80 metros de altura e velocidade rotacional de 15 a 17,6 rpm (rotações por

minuto)

O trem de acionamento consiste no eixo principal de baixa velocidade,

no rolamento principal, na caixa de câmbio, no acoplamento com o freio do motor e

no gerador. O eixo principal é feito de aço tratado a calor de alta classe, para dar

rigidez. Na parte interna do rotor, é apoiado pelo rolamento principal um rolamento

de roletes robustos. Um disco de retração conecta o eixo principal à caixa de

câmbio. Dentro da caixa de câmbio, o eixo principal é apoiado por um rolamento de

roletes de cilindro. O eixo principal é oco para reduzir peso sem perder força e

orientar os cabos, ao mesmo tempo, conforme a Figura 4.

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Figura 4 - Principais partes de um aerogerador Fonte: Mapa Territorial de Parques Eólicos (ENGEMEP/Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE)

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Torres As torres utilizadas nos empreendimentos modernos no estado do

Ceará são iguais a da figura 5, tubulares, com 80 (oitenta) metros de altura, que

sustentam aerogeradores de 2100 kW. Um dos principais fabricantes dessas torres

no mundo é a empresa SUZLON.

O modelo padrão dessas torres é chamado de S88, por conter pás de 44

(quarenta e quatro) metros, com um rotor de 88 (oitenta e oito) metros de diâmetro.

No Ceará, a empresa Tecnomaq está fabricando torres com o mesmo

padrão praticado pela SUZLON, utilizando mão de obra local.

Um indústria produtora de torres de médio porte como a Tecnomaq

emprega cerca de 250 (duzentos e cinqüenta) funcionários dos mais variados

ramos: soldadores, pintores, eletricistas e mecânicos de manutenção.

Figura 5 - Projeto de torre eólica padrão nos empreendimentos no Ceará Fonte: Mapa Territorial de Parques Eólicos (ENGEMEP/Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE)

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Instalação e gerenciamento de instalação Compreende a instalação do parque eólico, são as obras civis, parte

importante na geração de emprego e renda local. Na construção de um parque

eólico de 60 MW de potência nominal média, emprega-se, aproximadamente, por

dois anos, 2000 trabalhadores. No Ceará, dentre as várias empresas com

capacidade de realização de tais serviços, cita-se 3(três) principais:

- Mercurius: www.mercurius.com.br

- Makro: www.makroengenharia.com.br

- Tomé: www.tome.com.br

Cada turbina eólica da central poderá ser montada sobre uma base de

concreto e estrutura armada de aço, podendo esta ser estacada ou não,

dependendo das condições do terreno.

A parte inferior da base é octogonal com dimensões aproximadas de

15 x 15 m e com 2 m de espessura que é enterrada a 5 m de profundidade. Da sua

parte central, se estende até a superfície uma base circular com diâmetro de 5 m,

onde serão fixadas a torre da turbina e a canalização para saída dos condutores de

energia elétrica. As turbinas eólicas são fixadas numa base de concreto através de

parafusos de aço encravados no concreto.

Comissionamento Consiste na aplicação integrada de um conjunto de técnicas e

procedimentos de engenharia para verificar, inspecionar e testar cada componente

físico do empreendimento, desde os individuais, como peças, instrumentos e

equipamentos, até os mais complexos, como módulos, subsistemas e sistemas.

Transporte

Consiste no processo de descarga dos componentes, liberação

alfandegaria, trasporte para a estocagem dos equipamentos e posterior transporte

até o local da obra.

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Gerenciamento de projeto e de obra Visa fornecer ao contratante, serviços técnicos especializados nas áreas

de fiscalização de obras, assessoria na gestão de contratos, assessoria técnica às

obras, controle de recursos financeiros e elaboração de relatórios técnicos.

No gerenciamento do projeto, a empresa contratada auxilia na

contratação, coordenação e verificação dos projetos, memoriais descritivos e

especificações técnicas, contemplando as melhores técnicas construtivas

disponíveis, e fazendo obedecer às normas técnicas ABNT, além de detalhar

interferências e/ou divergências existentes nos projetos e memoriais, solucionando

antecipadamente junto aos projetistas.

Para a obra, elabora-se as licitações, fazem a equalização das propostas

e negociação para a contratação das diversas obras e serviços, elabora, discute e

formaliza os contratos com os diversos fornecedores de obras e/ou serviços em

consonância com o planejamento e normas gerais estabelecidas, desenvolve e

acompanha o planejamento físico-financeiro das obras e a execução.

Guindastes Equipamentos utilizado para a elevação e a movimentação de cargas e

materiais pesados necessários a instalação dos parques eólicos.

3.2.3 Impactos socio-ambientais

A metodologia de avaliação de impactos socioambientais deste trabalho

busca identificar, avaliar e sintetizar os impactos da instalação de um parque eólico.

Existem na literatura diversas classificações para estes tipos de análises,

que variam conforme a ótica adotada (LA ROVERE, 2001).

Utilizou-se para este trabalho, o método Ad Hoc, sugerido por La Rovere

(2001), que como sua própria denominação indica, é elaborado para um projeto

específico, identificando normalmente os impactos através de longa reflexão e

estudo, baseado em dados bibliográficos e documentais sobre o tipo de

empreendimento proposto, caracterizando-os e sintetizando-os em seguida.

Para os impactos sociais, foi levado em consideração a interferência na

renda, impostos, geração de empregos e nas cooperativas, para os impactos

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ambientais as alterações sonoras, visuais, no ecossistema como um todo, na

migração dos pássaros e vida marinha.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados financeiros oriundos da

implantção de um parque eólico onshore e offshore e os impactos socioambientais

diretos e indiretos.

4.1 Análise financeira (Parque eólico onshore) A Tabela 5 mostra o preço médio de custo dos equipamentos e serviços

necessários para instalação e operação de um parque eólico onshore, já citados

anteriormente.

Tabela 5 – Preços médios dos equipamentos de Parque Eólico Onshore Padrão de 52 MW no Estado do Ceará.

ITEM PROCEDÊNCIA VALOR EM US DOLAR

VALOR EM REAIS*

1. Turbina Eólica (Nacelle, Rotor e SCADA) Importado 67.000.000,00 120.600.000,00

2. Torre Metálica 80m Local 13.667.000,00 24.600.000,00 3. Instalação e

Gerenciamento de Instalação

8.000.000,00 14.400.000,00

3.1. Planejamento Local 3.000.000,00 5.400.000,00 3.2. Mão-de-Obra Local 5.000.000,00 9.000.000,00

4. Comissionamento 1.500.000,00 2.700.000,00 4.1. Planejamento Local 650.000,00 1.170.000,00 4.2. Mão-de-Obra Local 850.000,00 1.530.000,00

5. Transporte 6.000.000,00 12.600.000,00 5.1. Descarregamento Local 1.000.000,00 1.800.000,00 5.2. Alfândega Local 1.400.000,00 2.520.000,00 5.3. Transporte à área

de estocagem Local 600.000,00 1.080.000,00

5.4. Transporte para a obra Local 4.000.000,00 7.200.000,00

6. Gerenciamento de Projeto e da Obra 13.000.000,00 23.400.000,00

6.1. Planejamento do Projeto Local 5.800.000,00 10.440.000,00

6.2. Mão-de-Obra Local 7.200.000,00 12.960.000,00 7. Guindastes TOTAL

Local

6.500.000,00

11.700.000,00 210.000.000,00

*Cotação de 16 de março de 2012 US$= R$ 1,80

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Considerando um investimento de R$ 210.000.000,00, IR de 15%, CSLL

de 8% e COFINS de 9,25%, foi possível calcular, através de simulações feitas em

software Microsoft Excel, um fluxo de caixa padrão para o empreendimento,

conforme a Tabela 6.

Tabela 6 – Fluxo financeiro do projeto onshore tomando por base contrato de fornecimento de energia durante 20 anos.

Valores  em  R$  

Ano  Faturamento   PIS/COFINS  Custo  

Operação/  Manutenção  

Depreciação   Lucro  Antes  do  IR  Contribuição  

Social  Imposto  de  Renda  (IR)   Lucro  Líquido  

1   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  2   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

3   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

4   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

5   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

6   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

7   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

8   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

9   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

10   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

11   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

12   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

13   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

14   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

15   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

16   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

17   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

18   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

19   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

20   48.614.189,40   4.496.812,52   2.664.800,00   10.500.000,00   30.952.576,88   2.476.206,15   4.271.455,61   24.204.915,12  

Com base na regra da TIR, um investimento deverá ser aceito se a TIR

obtida for superior à taxa de retorno exigida, também conhecida como taxa mínima

de atratividade. Caso ocorra o contrario, o projeto deverá ser rejeitado.

A Tabela 7 foi construida com base nas informações obtidas da Tabela 6,

e mostra o fluxo financeiro do empreendimento com o capital investido sendo 100%

próprio e trás o VPL e o TIR, necessários para se verificar a viabilidade financeira

do investimento.

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Tabela 7 – Fluxo Financeiro do Projeto onshore com 0% Financiado (100% capital próprio). Investimento de R$ 210.000.000,00.

Valores  em  R$  

Ano   Lucro  Líquido  após  IR   Depreciação   Pagamento  Financiamento   Fluxo  de  Caixa   Fluxo  de  Cx  

Acumulado  1   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   34.704.915,12  2   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   69.409.830,24  3   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   104.114.745,36  4   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   138.819.660,48  5   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   173.524.575,60  6   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   207.603.890,72  7   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   241.683.205,84  8   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   275.762.520,96  9   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   309.841.836,08  10   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   343.921.151,21  11   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   378.000.466,33  12   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   412.079.781,45  13   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   446.159.096,57  14   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   480.238.411,69  15   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   514.317.726,81  16   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   548.397.041,93  17   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   582.476.357,05  18   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   616.555.672,17  19   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   650.634.987,29  20   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   684.714.302,41               VPL   (R$13.718.816,92)      

     TIR   15,47%  

 

Levando-se em conta a taxa de atratividade mínima, estabelecida

anteriormente, de 17%, conclui-se, então, não ser recomendável investir nesse

projeto 100% do capital próprio, tendo em vista que a TIR obtida é inferior à taxa

mínima de atratividade (15,5<17%), bem como o VPL encontrado apresenta-se

como valor negativo.

Fizeram-se, neste caso, outra simulação, com 50% de participação de

capital externo (Tabela 8), taxa de juros de 5,3% e um prazo de carência de dois

anos após o início da operação comercial do empreendimento. Esses números

representam o percentual de empréstimo de instituições financeiras para este tipo de

projeto na década de 2000 (ADECE, 2009).

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Tabela 8 – Fluxo Financeiro do Projeto onshore com 50% Financiado

Valores  em  R$  

Ano   Lucro  Líquido  após  IR   Depreciação   Pagamento  

Financiamento   Fluxo  de  Caixa   Fluxo  de  Cx  Acumulado  

1   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   34.704.915,12  2   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   69.409.830,24  3   24.204.915,12   10.500.000,00   27.930.288,08   6.774.627,04   76.184.457,28  4   24.204.915,12   10.500.000,00   26.440.889,99   8.264.025,13   84.448.482,41  5   24.204.915,12   10.500.000,00   24.951.491,90   9.753.423,22   94.201.905,63  6   24.204.915,12   10.500.000,00   23.462.093,80   10.617.221,32   104.819.126,95  7   24.204.915,12   10.500.000,00   21.972.695,71   12.106.619,41   116.925.746,36  8   24.204.915,12   10.500.000,00   20.483.297,62   13.596.017,50   130.521.763,86  9   24.204.915,12   10.500.000,00   18.993.899,53   15.085.415,59   145.607.179,45  10   24.204.915,12   10.500.000,00   17.504.501,43   16.574.813,69   162.181.993,14  11   24.204.915,12   10.500.000,00   16.015.103.34   18.064.211,78   180.246.204,92  12   24.204.915,12   10.500.000,00   14.525.705,25   19.553.609,87   199.799.814,79  13   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   233.879.129,91  14   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   267.958.445,03  15   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   302.037.760,15  16   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   336.117.075,27  17   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   370.196.390,39  18   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   404.275.705,51  19   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   438.355.020,63  20   24.204.915,12   10.500.000,00   -­‐   34.704.915,12   472.434.335,76               VPL   R$11.751.685,55        

     TIR   18,89%  

 

A tabela 8, mostra que é rentável investir na implantação do parque caso

metade do capital seja financiado. A Taxa interna de Retorno ficou maior do que a

taxa mínima de atratividade (18,9>17%), além do VPL ser positivo.

Desta forma, pode-se concluir que é mais viável investir apenas parte do

capital próprio.

4.2 Análise financeira (Parque eólico offshore) Para definir se o projeto offshore é financeiramente viável, também é

necessário analisar as despesas e receitas provindas do empreendimento. Como já

citado anteriormente, utilizou-se o custo de instalação do parque eólico de Thornton

Bank, na Bélgica, construído em 2008, que custou R$ 7.083,33/kW, totalizando um

custo de implantação de R$ 368.333.160,00. (SNYDER E KAISER, 2008).

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49

Conforme sugerido por Lemming, Morthorst e Clausen (2007), o custo da

operação e manutenção do parque foi estimado em R$41,12/MWh, com seguro

operacional de 0,5% do custo de instalação por ano e custo de transmissão de

energia de R$2,5/kW/mês (PICCOLI apud YASBECK, 2006).

Utilizando estes valores, foi feito o fluxo de caixa do projeto offshore,

conforme mostra a tabela 9.

Tabela 9 – Fluxo financeiro do projeto offshore tomando por base contrato de fornecimento de energia durante 20 anos.

Valores  em  R$  

Ano  Faturamento   PIS/COFINS  Custo  

Operação/  Manutenção  

Depreciação   Lucro  Antes  do  IR  

Contribuição  Social  

Imposto  de  Renda  (IR)   Lucro  Líquido  

1      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

2      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

3      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

4      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

5      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

6      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

7      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

8      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

9      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

10      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

11      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

12      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

13      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

14      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

15      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

16      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

17      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

18      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

19      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

20      48.614.189,40    

   4.496.812,52     3.080.311,12  

   19.316.658,00     21.720.407,76   2.476.206,15   4.271.455,61   14.972.746,00  

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A Tabela 10 foi construida com base nas informações obtidas da Tabela

9, e mostra o fluxo financeiro do empreendimento offshore com 50% de participação

de capital externo, a uma taxa de juros de 5,3% e um prazo de carência de dois

anos após o início da operação comercial do empreendimento, e trás o VPL e o

TIR, também necessários para se verificar a viabilidade econômica do investimento

offshore.

Tabela 10 – Fluxo Financeiro do Projeto offshore com 50% Financiado.

Valores  em  R$  

Ano   Lucro  Líquido  após  IR   Depreciação   Pagamento  Financiamento   Fluxo  de  Caixa   Fluxo  de  Cx  

Acumulado  

1   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   34.289.404,00  2   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   68.578.807,99  3   14.972.746,00   19.316.658,00    48.433.347,18     -­‐14.143.943,19   54.434.864,80  4   14.972.746,00   19.316.658,00    45.693.328,75     -­‐11.403.924,76   43.030.940,05  5   14.972.746,00   19.316.658,00    42.953.310,32     -­‐8.663.906,33   34.367.033,72  6   14.972.746,00   19.316.658,00    40.213.291,89     -­‐5.923.887,90   28.443.145,82  7   14.972.746,00   19.316.658,00    37.473.273,46     -­‐3.183.869,47   25.259.276,36  8   14.972.746,00   19.316.658,00    34.733.255,03     -­‐443.851,04   24.815.425,32  9   14.972.746,00   19.316.658,00    31.993.236,60     2.296.167,39   27.111.592,71  10   14.972.746,00   19.316.658,00    29.253.218,17     5.036.185,82   32.147.778,54  11   14.972.746,00   19.316.658,00    26.513.199,74     7.776.204,25   39.923.982,79  12   14.972.746,00   19.316.658,00    23.773.181,31     10.516.222,68   50.440.205,47  13   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   84.729.609,47  14   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   119.019.013,46  15   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   153.308.417,46  16   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   187.597.821,46  17   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   221.887.225,45  18   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   256.176.629,45  19   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   290.466.033,44  20   14.972.746,00   19.316.658,00   -­‐   34.289.404,00   324.755.437,44               VPL   (R$134.664.162,23)      

     TIR   3,81%  

 

A taxa interna de retorno fica abaixo da taxa mínima de atratividade

previamente estabelecida (17%), mostrando que ainda não é viável, do ponto de

vista econômico, o investimento neste tipo de empreendimento, devido

principalmente ao alto custo de implantação, operação e manutenção, se comparado

com a modalidade onshore.

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4.3 Impactos no desenvolvimento econômico O desenvolvimento de qualquer empreendimento em uma determinada

região, tem tanto efeito direto quanto indireto em economias regionais e locais. Um

parque eólico das dimensões consideradas neste trabalho, afeta diretamente a área

através da compra de mercadorias e serviços, geração de renda sobre o uso da

terra, impostos e emprego.

Efeitos secundários ou indiretos do desenvolvimento da energia eólica

dentro de uma região são mais difíceis de serem quantificados, mas incluem

aumento do poder de compra, diversificação econômica e uso de recursos nativos.

4.3.1 Impactos Diretos de um parque eólico

Efeitos econômicos diretos do desenvolvimento do parque eólico incluem

renda do proprietário da terra, receita para governos locais proveniente de impostos

sobre propriedade, geração de empregos e o uso de serviços locais.

4.3.1.1 Renda do Proprietário da Terra O desenvolvimento do parque deverá aumentar a produtividade da terra e

fornece fonte extra de receita para donos de terras rurais proveniente do

arrendamento e de contratos de royalty. Turbina eólicas ocupam 4% ou menos das

áreas requeridas para um projeto de energia eólica, e porque apenas uma fração do

terreno é utilizada por estruturas físicas e estradas, o uso anterior da terra (ex.:

plantação ou criação) geralmente continua juntamente com as instalações de

energia eólica (LAGE ê BARBIERI, 2002).

Dependendo das exigências de espaço do parque eólico e da distribuição

dos donos das terras, o parque pode beneficiar diretamente um ou mais

proprietários de terras. Além dos benefícios diretos para os proprietários de terras

que acolhem o parque eólico, a comunidade em geral também se beneficiará dos

efeitos multiplicadores associados ao aumento de renda e de estabilidade

econômica de longo prazo dos proprietários de terra (LAGE ê BARBIERI, 2002).

4.3.1.2 Impostos Territoriais Impostos territoriais, ou pagamentos anuais em vez de impostos, poderiam

ser implantados e gerariam impactos significantes na comunidade.

Em muitas localidades, os parques eólicos podem estar entre as entidades

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que mais pagam impostos territoriais. No estado da Califórnia, projetos eólicos

pagam de US$ 10 a 13 milhões anuais em impostos territoriais. Esses fundos

representam um significante impulso à base de impostos e são usados para uma

variedade de propósitos de apoio social, como escolas, estradas, hospitais, polícia e

bombeiros. (MEIRELES, 2009)

4.3.1.3 Geração de Emprego Como a maioria dos empreendimentos, parques eólicos, tanto onshore como

offshore, geram empregos. Em geral, as oportunidades de emprego associadas

estão na construção, operação, manutenção e na fabricação. Comparado as opções

convencionais de geração, o desenvolvimento de energia eólica gera mais

empregos por dólar investido e por kWh gerado. (ANEEL, 2009)

Um estudo conduzido pelo Escritório de Energia do Estado de Nova Iorque

(New York State Energy Office) concluiu que 10 milhões de kWh produzidos pela

energia eólica geram 27% mais empregos no estado do que a mesma quantidade de

energia produzida por uma usina a carvão mineral e 66% mais empregos do que

uma usina movida a gás natural de ciclo combinado. Para plantas movidas a

combustíveis fosseis, uma parcela significativa dos custos anuais representam o

custo do combustível ao invés do custo de mão-de-obra. (AWEA, 2009)

4.3.1.4 Empregos na Construção Empregos relacionados à construção do parque normalmente envolvem

tarefas de curto prazo ao longo da implantação. O tempo de construção para um

parque eólico obshore ou offshore depende do tamanho e da localização do projeto,

mas é de, em média, 6 meses. Nos Estados Unidos, um projeto de 50 MW, valor

bem próximo aos 52 MW propostos por este trabalho para o cenário onoshore, cria,

em média, 40 empregos de tempo integral durante a fase de construção. Um arranjo

típico será o desenvolvedor ou fabricante de turbinas contratar (ou servir como) um

empreiteiro geral familiarizado com a construção de projetos eólicos (ADECE, 2010).

Responsável pelas atividades de construção, o empreiteiro geral contrata

sub-empreiteiros experientes em construção civil (edificação, escavação e

concretagem), instalação elétrica e montagem de equipamentos. O número de

vagas que podem ser preenchidas por pessoal local depende das qualificações da

população local e da políticas e localização da construção ou da empreiteira

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contratada. Por exemplo, Suzlon, um grande fabricante de turbinas eólicas e

desenvolvedor na Índia, utiliza mão-de-obra indiana para virtualmente quase todas

as atividades de construção e mão-de-obra local para 25% da força de trabalho na

construção. (ADECE, 2010).

Índia e Brasil ambos estabeleceram capacidade doméstica na montagem de

turbinas , fabricação de hélices, fabricação de torres e siderurgia. Alguns fabricantes

de turbinas conduzindo negócios na Índia ainda importam carenagens e outras

partes domesticamente disponíveis de plantas européias. O Brasil produz

carenagens de turbinas eólicas para o mercado mundial.

4.3.2 Desenvolvimento de Cooperativas Regionais

Os parques eólicos podem gerar oportunidades para residentes locais

não somente através dos pagamentos de royalties, mas também através de

investimentos comunitários em cooperativas de proprietários locais que

desenvolvem projetos de energia eólica e vendem a energia para a companhia

elétrica. O desenvolvimento e a propriedade de plantas de energia eólica por

cooperativas tem provado ser bem sucedido em países como Dinamarca, mas não

tem sido praticado no Brasil. (GONÇALVES, 2007).

Sob as circunstâncias certas, cooperativas podem fornecer uma forma

para comunidades ganharem benefícios econômicos adicionais do desenvolvimento

da energia eólica pela retenção do retorno sobre o investimento e pelos lucros das

vendas que poderiam, de outra forma irem para um desenvolvedor privado.

4.3.3 Impactos Indiretos de um parque eólico A construção e operação resulta na compra de mercadorias e serviços locais

como materiais de construção, equipamentos de construção, ferramentas e

suprimentos de manutenção e equipamentos de manutenção, além de suprimentos

essenciais aos trabalhadores como comida, vestuário, equipamento de segurança e

outros artigos.

Enquanto uma usina eólica tem um impacto substancial na região, na infra-

estrutura local e estadual por causa da alta relação entre capital e mão-de- obra das

operações das plantas. Empregos adicionais e impostos territoriais agregam valor à

economia local sem criar um fardo substancial no sistema existente de água e

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esgoto, rede de transporte, emergência, educação ou outros serviços públicos

(ADECE, 2010).

Devido às empresas dentro de uma economia local estarem proximamente

ligadas por padrões de compra de empresas e pessoal, benefícios diretos também

têm um efeito indireto na economia. Os efeitos diretos estimulam ciclos de gastos na

economia local e estadual, aumentando o benefício geral na área. (ADECE, 2010).

Aumentos de arrecadação por causa de um projeto de energia eólica

resultará em dispêndio governamental extra em serviços locais, estaduais e federais.

Um outro impacto secundário, referido como o efeito induzido, vem de

rendas familiares adicionais provenientes do aumento do emprego que resulta em

aumento dos gastos das famílias em mercadorias e serviços. (COSTA, 2006)

Indivíduos também podem ganhar benefícios indiretos através de um

governo municipal que detém um projeto de energia eólica. Por exemplo, um parque

eólico pertencente ao município localizado em um porto no norte da Europa usa as

receitas para melhorias no porto. (COSTA, 2006)

4.4 Impactos sociais da implantação e operação de um parque eólico

O desenvolvimento ou construção de um parque eólico, normalmente gera

impactos sociais no país ou comunidade.

Impactos sociais incluem impactos na cultura e costumes locais, uso da terra,

infra-estrutura (ex., água, saneamento, remoção de lixo, estradas e habitação),

pessoal e sistemas de emergência e educação. A extensão dos impactos potenciais

depende diretamente do tamanho e tipo de parque eólico, não sendo um problema

muito relevante para os parques eólicos offshore (MELO, 2009).

Para parques eólicos em áreas rurais, a adição de mão-de-obra qualificada

externa pode pressionar a comunidade local devido a diferenças culturais, ou seja,

trabalhadores estranhos ao local relocados para a área podem potencialmente trazer

atitudes, normas e práticas sociais diferentes. Em áreas onde o tamanho do

desenvolvimento é pequeno e limitado a projetos de energia eólica, esses

componentes de estresse cultural são normalmente minimizados uma vez que a

construção de parques de energia eólica dura uma média de seis meses e

operações em andamento e atividades de manutenção podem ser freqüentemente

feitas por pessoal local (MELO, 2009).

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A quantidade de mão-de-obra de fora do local também poderá causar impacto

na disponibilidade de habitações de curto prazo. Para parques localizados em áreas

remotas, o desenvolvedor do projeto pode precisar fornecer habitação temporária ou

permanente. (DUTRA, 2007)

Normalmente, a habitação de longo prazo para trabalhadores permanentes

não é um problema. Geralmente, o gerente da usina e um outro membro do quadro

de funcionários seriam contratados de fora da comunidade local por causa de suas

qualificações para gerir o parque. Todas as outras posições seriam normalmente

preenchidas, se possível, por mão-de-obra local qualificada.

A necessidade de veículos e equipamentos para construção pode causar

impactos na comunidade local, com um efeito maior nas áreas rurais do que nas

áreas urbanas. Qualquer desenvolvimento em estradas, alargando ou

pavimentando, resultariam em mudanças permanentes na infra- estrutura para a

comunidade local, e geralmente são positivamente vistos.

Os efeitos positivos podem ser a transformação de uma estrada de terra em

uma estrada pavimentada, que permitiria desenvolvimentos futuros, ou uma estrada

mais larga pode tornar a viagem através dela mais segura. Entretanto, algumas

pessoas vivendo às margens da estrada podem não querer seu alargamento,

temendo um aumento geral no tráfego. (ADECE, 2009)

4.5 Análise de impactos ambientais A energia eólica tem impactos tanto positivos como negativos. No lado

positivo, a energia eólica é geralmente considerada como ecologicamente correta

em relação à emissão de gases, especialmente quando comparada com outras

fontes geradoras de eletricidade (MANWELL, MCGOWAN e ROGERS, 2009).

Os impactos negativos da energia eólica podem ser divididos nas

seguintes categorias:

- Impacto sonoro;

- Impacto visual;

- Interação aves/morcegos com as turbinas;

- Interferências eletromagnéticas das turbinas;

- Impacto de sistemas eólicos no uso da terra.

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Para sistemas onshore, os três primeiros itens incluem as principais

questões ambientais que afetam a implantação do sistema eólico. Quanto aos

sistemas de energia eólica offshore, é preciso também considerar os efeitos

ambientais sobre o meio marinho. Até o momento, são poucos os estudos

publicados sobre os impactos ambientais dos sistemas eólicos offshore. Em um

estudo detalhado realizado em dois parques eólicos offshore dinamarqueses,

verificou-se que houve insignificante impacto ambiental sobre as aves, peixes e

mamíferos (MANWELL, MCGOWAN e ROGERS, 2009).

4.5.1. Sonoro

O som é o efeito do movimento ondulatório em gases, líquido e sólidos.

Ele pode ser causado por numerosos mecanismos, e é sempre associado a rápidas

flutuações de pressão em baixa escala que produzem sensações ao ouvido

humano. O ruído é definido como um som indesejável (MANWELL, MCGOWAN e

ROGERS, 2009).

Os principais ruídos devido aos aerogeradores são (MELO, 2009):

a) Aerodinâmicos: O principal ruído de origem aerodinâmica é produzido pelo

fluxo do ar em torno das pás e em menor grau em torno da torre e na

estrutura de direcionamento do rotor. O outro é produzido pela turbulência. Os

ruídos de origem aerodinâmica geralmente crescem com a velocidade do

rotor;

b) Mecânicos: Os ruídos de origem mecânica em grandes aerogeradores são

provenientes do multiplicador de velocidade, do gerador elétrico, dos motores

de direcionamento, dos ventiladores do sistema de resfriamento e dos

equipamentos auxiliares.

No caso das turbinas eólicas offshore, como estarão a certa distância da

costa, esses efeitos serão minimizados ou até mesmo eliminados dependendo

dessa distância.

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4.5.2. Visual A indústria da energia eólica onshore desenvolveu uma bateria de

ferramentas muito sofisticadas para avaliação qualitativa e quantitativa do impacto

visual. Estes incluem:

- Mapeamento da zona de influência visual (ZIV), para mostrar quantas turbinas são

visíveis;

- Técnicas de fotomontagem que colocam imagens das turbinas geradas por

computador em uma imagem fotográfica da paisagem.

- Animações, que mostram o movimento das turbinas sobreposto na paisagem. Uma

variação disso é a técnica "voar através" que permite ao espectador olhar para as

turbinas de vários ângulos. Estas ferramentas podem ser adaptadas para offshore

(IZAGUIRRE, 2010).

As condições climáticas também devem ser consideradas, tais como a

presença de nevoeiro, que reduz a visibilidade do parque eólico. Para diminuir o

risco de colisão com navios ou aeronaves (a pá de uma turbina de 3,6 MW atinge

uma altura cerca de 130-140 m), pintam-se as pás da turbina eólica com cores

específicas, e, em alguns casos também se coloca um sistema de iluminação na

nacele. Estas soluções fazem a turbina mais visível, não só aos navios e aviões,

mas também para a população (IZAGUIRRE, 2010).

Atualmente, vários locais já dispõem de seus aerogeradores como

cartões-postais de suas cidades e surge a modalidade de turismo eólico – onde as

pessoas vão apreciar essas máquinas – podendo incrementar a economia local

(COSTA, CASOTTI e AZEVEDO, 2009).

4.5.3. Ambiental Vários estudos são feitos para a redução dos impactos ambientais dos

aerogeradores como um todo, de forma a manter a energia eólica como uma das

energias mais limpas do mundo, tabela 11.

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Tabela 11 – Impacto ambiental de diferentes fontes de energia.

Impacto Eólica Nuclear Carvão Gás Natural

Emissão de gases de efeito estufa Não Não Sim Sim Poluição do ar Não Não Sim Limitada

Mercúrio Não Não Sim Não Mineração/Extração Não Sim Sim Sim

Resíduo sólido Não Sim Sim Não Uso de água Não Sim Sim Sim

Impacto no habitat Sim Sim Sim Sim Fonte: Adaptado de American Wind Energy Association, 2009 4.5.4. Pássaros

Os aerogeradores podem causar mortes de pássaros maiores pelo

choque nas pás. No início, os aerogeradores eram instalados sem o estudo de rotas

migratórias de pássaros levando às mortes desses animais. Hoje, para diminuir

ainda mais as taxas de mortes aviárias, alguns parques instalam estímulos visuais e

auditivos nas torres, evitando a ocorrência desses acidentes (COSTA, CASOTTI e

AZEVEDO, 2009).

4.5.5. Vida Marinha Os parques eólicos offshore podem ter impactos positivos e negativos

sobre os peixes. Tal como acontece com os mamíferos marinhos, os peixes podem

ser muito sensíveis a sons intensos e podem ser deslocados durante a construção

de parques eólicos, no entanto, há uma grande variabilidade entre os sistemas

auditivos dos peixes de diferentes espécies que respondem de forma diferente ao

ruído da construção subaquática (SNYDER e KAISER, 2008).

Muitas espécies de peixes também são sensíveis aos campos elétricos e

magnéticos que podem ser causados por cabos submarinos enterrados. Peixes

usam sua percepção de campos elétricos e magnéticos para orientação e detecção

de presas. As espécies que contêm material magnético, potencialmente para fins de

navegação incluem várias espécies de peixes de importância econômica (SNYDER

e KAISER, 2008).

Embora estudos tenham mostrado que os campos magnéticos podem

afetar os peixes, há até o momento evidências limitadas de que os peixes são

influenciados pelos campos eletromagnéticos dos cabos submarinos. Estudos do

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Mar Báltico indicaram alguns efeitos menores (IZAGUIRRE, 2010).

Além desses efeitos negativos, há uma discussão sobre o potencial de

impactos positivos dos parques eólicos offshore de peixes e a pesca. Após a

construção de um parque eólico offshore, as fundações das turbinas poderiam atuar

como dispositivos de concentração de peixes (SNYDER e KAISER, 2008).

A experiência dos parques eólicos de Vindeby (Dinamarca), e Ijsselmeer

(Holanda), por exemplo, sugere que eles tiveram um efeito positivo sobre as

populações de peixes. Ambos os parques eólicos têm fundação tipo base de

gravidade, que atuam como recifes artificiais para organismos que vivem no fundo

do mar, aumentando assim a quantidade de alimentos disponíveis para os peixes.

(SNYDER e KAISER, 2008).

Fundações monopilares serão menos eficazes como recifes artificiais e,

portanto, algumas conclusões podem ser extraídas da experiência destes primeiros

projetos. Pouco se sabe sobre o efeito do ruído subaquático e da vibração na vida

marinha. A informação disponível sugere que o ruído subaquático gerado pelos

parques eólicos offshore será na mesma faixa de frequências que fontes existentes,

tais como navios de transporte, vento e ondas. Também convém notar que um

critério do projeto de uma turbina offshore e da sua estrutura de apoio é evitar a

ressonância, a fim de prolongar a vida útil da máquina (IZAGUIRRE, 2010).

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5 CONCLUSÕES

Apesar da tecnologia offshore apresentar certas vantagens, como ventos

mais velozes e menos turbulentos, maior produtividade na geração e menor perda

no transporte da energia. O alto custo de implantação e a baixa Taxa Interna de

Retorno se comparado com o modelo onshore, somado a grande disponibilidade de

terras sem uso no Brasil, torna as fazendas eólicas onshore mais atrativas, já que o

investimento inicial neste tipo de tecnologia é mais baixo e a realização da

manutenção envolve muito menos dificuldades.

Os impactos sociais gerais, particularmente em áreas rurais, são

positivos, pois os parques eólicos constroem a infra-estrutura que faltava para a

sociedade ou reforça infra-estrutura existente, além de contribuir com uma

importante atividade econômica à economia local, geração de empregos e

incrementando a renda das comunidades.

É fato que, com o passar dos anos, a demanda de energia aumentará,

principalmente na região litorânea onde há grande concentração de consumidores.

Assim, a energia eólica, principalmente a offshore, deverá ser um importante

complemento para auxiliar o litoral brasileiro evitando possíveis colapsos

energéticos, como os apagões ocorridos na última década, deixando a rede elétrica

nacional mais segura.

No que concerne aos impactos ambientais, o principal é o fato de que se

trata de uma energia ecologicamente correta, que não emite gases poluentes.

A baixa Taxa Interna de Retorno, o alto custo de implantação e a cara

manutenção, pode inicialmente afastar investimentos em parques offshore no Brasil,

mas futuramente, com as pressões ambientais crescentes e uma maior

disseminação e aperfeiçoamento tecnológico, deverão fazer os custos cairem e

aumentar a rentabilidade, tornando o investimento bastante atrativo, e o estado do

Ceará tem tudo para se tornar o pioneiro.

Ambos os parques possuem impactos ambientais que não podem ser

descartados e que foram explanados ao longo deste trabalho, mas como

demonstrado, podem ser contornados ou amenizados.

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