O Principezinho e a sua Simbólica Jornada

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    Diana Filipa Campos Martins

    O Principezinho e a sua Simblica Jornada:

    O universo semitico literrio criado por Saint-Exupry

    Universidade Fernando Pessoa

    Porto 2015

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    Sumrio

    A literatura e a semitica so dois mundos que se encontram interligados, partindo desta

    premissa, o presente trabalho tem como objetivo analisar, de um ponto de vista semitico,

    a obra O Principezinho, da autoria de Antoine de Saint-Exupry, com base,essencialmente, nas teorias de Charles Sanders Peirce (2000) e de Algirdas Julius

    Greimas (1983).

    Portanto, pretende-se descortinar o que o autor diz implicitamente, e que torna a obra

    adequada a todas as faixas etrias sendo, simultaneamente, muito simples mas muito

    complexa.

    Abstract

    The literature and the semiotics are two worlds that are interconnected, based on this

    assumption, this paper aims to analyze, from a semiotic point of view, the book The Little

    Prince, authored by Antoine de Saint-Exupry, based, essentially, on the theories of

    Charles Sanders Peirce (2000) and Algirdas Julius Greimas (1983).

    Therefore, we intend to unveil what the author says implicitly, and what makes the booksuitable to all age groups, because it is, simultaneously, very simple but very complex.

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    ndice

    Sumrio ............................................................................................................................. 2

    Abstract ............................................................................................................................. 2

    Introduo ......................................................................................................................... 4

    Captulo I - O cruzamento entre dois universos: A literatura e a semitica ..................... 5

    1. A semitica peirceana: Os signos e as suas divises tricotmicas ........................ 5

    2. O mundo semitico literrioA linguagem literria e os seus ornatos ................ 6

    3. O quadrado semitico de Greimas ........................................................................ 8

    Captulo II - A obra O Principezinho: Um intrincado objeto semitico ........................ 10

    1. O Principezinho: Uma obra que no s infantil ............................................... 10

    2. O universo simblico criado por Saint-Exupry: O explcito e o implcito ........ 11

    3. As relaes contrastantes como meio de moldar comportamentos: O

    principezinho e o aviador versus a sociedade ............................................................. 13

    Concluso ....................................................................................................................... 18

    Apndices ....................................................................................................................... 19

    Anexos ............................................................................................................................ 20

    Bibliografia ..................................................................................................................... 21

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    Introduo

    O interesse pela anlise semitica da aclamada obra de Saint-Exupry, intitulada O

    Principezinho, surgiu no contexto de este ser um livro que transporta em si muitas

    possibilidades no que respeita ao seu universo de significao.

    Assim, este trabalho pode ser entendido como uma tentativa de compreender o que o autor

    diz nas entrelinhas e que torna a obra fascinante, no apenas para as crianas, mas para

    todas as faixas etrias, sendo que, primeiramente, parece ser de fcil compreenso, porm,

    ao prestar-lhe um pouco mais de ateno, possvel perceber que at bastante complexa

    Neste sentido, o grande objetivo desta exposio perceber de que forma a obra em

    questo semioticamente relevante. Porm, antes de chegar ao fulcro, indispensvel

    descortinar a cincia dos signos, neste caso, de acordo com Charles Sanders Peirce

    (2000), atravs da interpretao da sua teoria fenomenolgica, que me parece bastante

    adequada anlise que pretendo realizar.

    De seguida, assumiu uma grande importncia perceber de que modo se conectam a

    semitica e a literatura e, para tal, servi-me dos pontos de vistas de, essencialmente, dois

    autores: Algirdas Julius Greimas (1983), cuja proposta do quadrado semitico me parece

    bastante relevante para o tema em questo, e Vitor Manuel de Aguiar e Silva (1994), quedefiniu texto de uma forma interessante e propos a noo de semitica como sistema

    modelizante do mundo.

    Sendo este o ponto de partida, o ponto de chegada diz respeito anlise propriamente

    dita, em que foram aplicados os conceitos tericos obra de Saint-Exupry. Esta obra,

    repleta de signos, foi desvendada e o resultado uma proposta de significao da obra,

    em que esta surge como uma forte crtica social. O autor serve-se de oposiesadultos

    versus crianas; arte verus cincia; e flor rara versus flor comum assim como depersonagens-tipo, para tecer uma crtica sociedade, que se demonstra oposta ao

    personagem principal prncipe/piloto, entendidos aqui como um s, tantas so as

    semelhanas entre eles.

    Porm, uma obra to simblica como esta encontra-se aberta a diferentes leituras, pelo

    que esta apenas uma delas.

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    Captulo I - O cruzamento entre dois universos: A literatura e a semitica

    1. A semitica peirceana: Os signos e as suas divises tricotmicas

    A semitica , nas palavras de Winfried Nth (2008, p. 17), a cincia dos signos e dos

    processos significativos (semiose) na natureza e na cultura, deste modo, tudopode ser

    estudado luz desta cincia e, parece ser esta a ideia que est na base da teoria defendida

    por Peirce. De facto, Peirce partiu do princpio de que todos os fenmenos podiam ser

    alvo de um estudo semitico para desenvolver a sua teoria fenomenolgica ou

    faneroscopia, dividindo os fenmenos em trs categorias, que dizem respeito a trs modos

    de sertratam-se das relaes tridicas, que tm como objetivo tornar a perceo dos

    mesmos mais simples, sendo elas a primeiridade ou firstness, a secundidade ou

    secondness, e a terceiridadeou thirdness.

    Neste sentido, a primeiridade diz respeito s qualidades puras, , nas palavras de Peirce,

    o modo de ser daquilo que tal como , positivamente e sem referncia a outra coisa

    qualquer, portanto,vale por si s, fazendo parte do universo das possibilidades lgicas.

    A secundidade, por sua vez, est relacionada com os factos reais, com a individualidade

    e com a descontinuidade. Para Peirce, a melhor definio de secundidade estava presente

    na filosofia ecolstica de Duns Scotus, que define a Haeceitas como um aqui e agora(hic et nunc) da experincia, um ponto ou instante isolado, pura descontinuidade

    (Romanini, 2009).

    Por ltimo, a terceiridade est ligada natureza das leis, ou seja, a secundidade repete-se

    e, desta forma, torna-se lei ou cultura, tendo como caracterstica a continuidade.

    Simultaneamente, Peirce definiu o signo como tudo aquilo que, sob um certo aspeto ou

    medida, est para algum em lugar de algo, distinguindo-lhe trs componentes: o

    representamen(significante)que serve de signo ao recetor, transportando para a mente

    deste algo do exterior; o objeto (significado)que se trata da coisa em si mesma; e o

    interpretante ( um elemento novo do signo, que no aparece em nenhum outro autor)

    que diz respeito significao, ou seja, o novo signo criado na mente do intrprete do

    primeiro (representamen).

    A partir destas concluses, Peirce considera que os signos se podem dividir em trs

    tricotomias, que relacionam os modos de ser com os componentes constitutivos do signo.

    Assim, a primeira tricotomia conforme o signo em si mesmo for uma qualidade, que

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    no pode atuar at que se corporifique, pertencendo primeiridade qualisigno; um

    existente concreto, assim que o signo se corporifica e passa a pertencer secundidade

    sinsigno; ou uma lei geral, passando a fazer parte da terceiridadelegisigno.

    J a segunda tricotomia, baseada essencialmente na secundidade, diz respeito relaoentre o representamene o objeto, sendo esta a diviso que assume mais importncia para

    Peirce. Se esta relao consistir no facto de o representamen ter algum carter em si

    mesmo, estamos perante um cone trata-se de um signo que se refere ao objeto que

    denota em virtude das suas prprias caractersticas, que igualmente possui, quer o objeto

    exista ou no, trata-se, portanto, de uma imitao, representao ou mimese. Por outro

    lado, se o representamenmanter alguma relao existencial com esse objeto, trata-se de

    um ndice, ou seja, um signo que se refere ao objeto que denota por ser verdadeiramenteafetado por esse objeto. Por fim, quando a relao entre o representamene o objeto

    arbitrria, estamos perante um smbolo, que se trata de uma conveno a partir da qual

    um smbolo interpretado como uma referncia quele objeto.

    Quanto terceira tricotomia, que surge da relao entre o representamene o interpretante,

    pode dar origem a um rema que para o seu interpretante um signo de possibilidade

    qualitativa, a um dicenteque para o seu interpretante um signo de existncia real, ou

    a um argumentoque para o seu interpretante um signo de lei.

    Desta forma, Peirce definiu nove categorias de signos que se apresentam, sinteticamente,

    na tabela 1, que consta nos apndices.

    2. O mundo semitico literrio A linguagem literria e os seus ornatos

    A obra literria descrita por Aguiar e Silva (1994, p. 75) no apenas como um processo

    de expresso, mas essencialmente como um processo de significao e de comunicao,

    tratando-se, assim, de uma produo que origina um textoque, nas palavras do autor,

    uma sequncia de elementos materiais e discretos selecionados dentre as possibilidades

    oferecidas por um determinado sistema semitico e ordenados em funo de um

    determinado conjunto de regras, que designaremos por cdigo. Desta forma, para

    descodificar a mensagem estritamente necessrio que o recetor ou, neste caso, o leitor

    tenha conhecimento do cdigo, tal como ocorre com todos os outros fenmenos

    significativos e comunicativos. Neste sentido, importa distinguir sistema semitico de

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    cdigo. Enquanto o primeiro diz respeito infinidade de signos autnomos que podem

    ser combinados entre si, de acordo com determinadas regras, gerando um processo de

    significao, o segundo denomina o conjunto finito de regras, atravs das quais se pode

    ordenar e combinar unidades, no mbito de um determinado sistema semitico,

    construindo, assim, processos de significao e de comunicao, que ganham forma

    atravs de textos (Aguiar e Silva, 1994, p. 76).

    Neste sentido, fcil constatar que o cdigo lingustico que est subjacente ao texto

    literrio, no entanto, toda a linguagem artstica tpica e explicitamente heterognea

    (Aguiar e Silva, 1994, p. 81), ou seja, a linguagem literria, ao contrrio da no-literria,

    caracteriza-se pelo recurso a figuras estlisticas, que a tornam mais rica e menos banal,

    tratando-se, assim, da combinao de diferentes cdigos. Portanto, para que um recetor-leitor descodifique plenamente uma mensagem codificada por um emissor-autor ter de

    ter conhecimento, no apenas do cdigo da lngua, mas tambm de outros cdigos, como

    por exemplo, cdigos mtricos, cdigos estilsticos, cdigos retricos, cdigos estticos,

    cdigos ideolgicos, tal como referido em Teoria da Literatura (1994, p. 79).

    Na mesma obra, outro conceito que adquire especial relevncia o da semitica enquanto

    sistema modelizante do mundoconceito este, nascido em 1962, aquando do Simpsio

    sobre sistemas semiticos organizado pela Academia das Cincias de Moscovo. Nestembito, os modelos do mundo construdos pelo homem ou seja, a cultura (entendida

    aqui como um complexo processo de codificao), atravs de certo nmero de sistemas

    semiticos complementares, so considerados o objeto de estudo da semitica.

    Mais tarde, em 1964, surge um novo conceito que complementa o primeiro: o conceito

    desistemas modelizantes secundrios. Ou seja, reconhecida lngua natural uma funo

    primria e essencial, j que o fulcro de todos os sistemas semiticosvisto que s as

    lnguas naturais podem desenvolver-se em metalinguagens e visto que os sistemas

    semiticos integrantes de uma cultura se constituem a partir e segundo o modelo das

    lnguas naturais (Aguiar e Silva, 1994, p. 95). neste sentido que as lnguas naturais

    correspondem asistemas modelizantes primriose, os fenmenos semiticos culturais,

    que se servem destas para se construir, constituem-se como sistemas modelizantes

    secundrios.

    Neste sentido, o sistema semitico literrio um sistema modelizante secundrio,

    codificado numa determinada lngua natural mas tambm a partir de outros cdigos

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    Doce No-doce Amargo No-amargo

    , desta forma, atravs das relaes entre contrrios (doce/amargo), entre contraditrios

    (doce/no-doce e amargo/no-amargo) e de implicaes (doce/no-amargo e amargo/no-doce) que nasce o seguinte quadrado:

    SaborDoce Amargo

    No-amargo No-doce

    At aqui, o quadrado semitico foi apresentado de acordo com uma perspetiva

    paradigmtica e esttica, porm, Everaert-Desmedt (1984, p. 59) revela que tambm

    importante encar-lo na sua forma dinmica. E, para esta autora, ao inscreverem-se num

    quadrado semitico, as operaes efetuadas por uma narrativa seguem um dos dois

    percursos exemplificados em seguida:

    Doce Amargo Doce Amargo

    No-amargo No-doce No-amargo No-doce

    Ou seja, ou a narrativa nega o contedo semntico doce, para afirmar amargo, ou a

    narrativa, depois de ter negado doce para afirmar amargo, nega em seguida amargo para

    voltar a doce.

    Neste contexto, poderia pensar-se que amargo igual a no-doce e que doce igual ano-amargo, porm, Everaert-Desmedt (1984, p. 62) demonstra que a sua distino existe

    e necessria nesta perspetiva sintagmtica: o termo no-doce, contraditrio de doce,

    designa um momento da hipottica narrativa em que o doce recusado ; o termo amargo,

    contrrio de doce, designa um momento diferente, em que o amargo afirmado. Para

    afirmar o amargo, a narrativa nega primeiramente o doce, e passa ento para o no-doce.

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    Captulo II - A obra O Principezinho: Um intrincado objeto semitico

    1. O Principezinho: Uma obra que no s infantil

    A obra de Saint-Exupry narrada na primeira pessoa, e parece contar a histria do seu

    prprio autor, que na infncia foi castrado pelos adultos, que no compreendiam os

    seus desenhos, e o aconselhavam a dedicar-se a assuntos srios. Neste contexto, o

    enunciador acaba por se tornar piloto e numa das suas viagens que ocorre o

    acontecimento central da histria: o avio falha e necessria uma aterragem no meio do

    deserto.

    Assim, sem forma de comunicar e com a escassez de gua, o piloto tenta consertar o seu

    meio de transporte. No desenrolar da ao, e sem explicao aparente, surge uma criana

    em pleno deserto, que lhe pede de imediato que desenhe uma ovelha. E, a partir desta

    situao que se desenrola toda a ao da obra.

    Desta forma, o personagem encontra-se perante a necessidade de voltar a desenhar,

    quando a ltima vez que o fez, aos seis anos, ningum compreendeu o seu desenho,

    porm, o prncipe compreende-o, criando-se assim uma ligao entre eles, muito embora

    a figura da criana esteja envolta em mistrio, j que esta parece nunca responder a

    qualquer questo.

    Entretanto, o principezinho decide revelar que veio de um pequeno planeta, deixando l

    a sua rosa, em busca de algo, sendo que passou por vrios planetas antes de chegar

    Terra. Assim, no primeiro planeta encontrou um rei, no segundo um vaidoso, no terceiro

    um bbado, no quarto um homem de negcios, no quinto um acendedor de candeeiros e,

    no sexto, um gegrafo, porm, nenhum dos planetas parecia agradar-lhe pelo que acabou

    por visitar a Terra.

    Quando chega ao nosso planeta, o personagem, que acreditava que a sua flor era nica,

    descobre um jardim repleto de rosas e, primeiro, sente-se infeliz. No entanto, acaba por

    descobrir que a sua rosa continuava a ser nica pois foi especificamente aquela que ele

    cativou, assim, apercebe-se que no pode permitir que esta continue sozinha, regressando

    ao seu planeta, de uma forma misteriosa, depois de se despedir do piloto.

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    Esta obra que, a priori, pode ser encarada no mbito da literatura infantil, quando

    contextualizada no que repeita poca histrica em que foi escrita, ganha toda uma nova

    dimenso. O livro, redigido durante a Segunda Guerra Mundial, pode, assim, ser

    entendido como metafrico e simblico, j que era esta a nica forma de contornar a

    represso vivida, e de atingir o pblico-alvo que deveria refletir sobre as palavras do

    autor.

    A mesma situao se passa comAlice no Pas das Maravilhas (1865), da autoria de Lewis

    Carroll, que frequentemente entendida como uma obra meramente infantil, no entanto,

    possui em si uma grande quantidade de signos que a transformam em muito mais.

    Tambm este livro foi escrito numa poca de represso, embora cronologicamente

    distante, e essa represso criticada, essencialmente no que respeita aos seus principaisalvos: as mulheres e as crianas. Alice preenchia ambos os requisitos, apresentando-se

    como uma personagem contraditria em relao aos costumes estabelecidos, tal como

    acontece com o prncipe e o piloto criados por Saint-Exupry.

    Desta forma, O Principezinhopode ser entendido como uma dura crtica sociedade da

    poca, assim como aos seus hbitos, e precisamente este ponto que analisaremos de

    seguida.

    2. O universo simblico criado por Saint-Exupry: O explcito e o implcito

    De acordo com Winfried Nth (2008, p. 95), a semitica peirceana no apenas terica

    ou filosfica, possuindo um grande potencial de aplicao nos estudos da rea da

    comunicao e, em particular, no estudo da literatura. Neste sentido, importante

    perceber de que forma a teoria de Peirce se aplica obra aqui em anlise.

    Assim, logo no incio da obra, Saint-Exupry apresenta o seu desenho nmero 1 (figura

    1, presente nos anexos), que se trata de um cone, j que o signo se refere ao objeto que

    denota em virtude das suas prprias caractersticas: trata-se de um retrato (uma

    representao) de uma cobra depois de ter engolido um elefante. No entanto, este

    representamen, cujo objeto , na tica do narrador, a jibia depois de engolir a presa,

    passa a ter como interpretante um chapu, j que assim que os adultos descodificam

    o signo inicial, que para o autor tinha uma outra significao.

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    Mais tarde, quando a mesma imagem exibida pelo narrador, j adulto, ao principezinho,

    esta passa a ter como interpretante um elefante dentro de uma jibia (p. 14), e assim

    que os dois personagens criam, muito rapidamente, uma ligao. Atravs desta situao

    , tambm, possvel perceber a importncia que o reportrio de cada um tem para a sua

    interpretao da realidade: so as experincias que vo conduzir as percees.

    Entretanto, quando o piloto se apercebe de que o prncipe veio de outro planeta, supe

    que tenha sido do asteride B 612 e, de seguida, explica que este asteride foi visto

    uma nica vez, em 1909, por um astrnomo turco (pp. 18 e 19), porm, quando este fez

    a grande demonstrao da descoberta ningum o levou a srio (figura 2 presente nos

    anexos) devido forma como estava vestido. Anos mais tarde, conta o narrador, o mesmo

    astrnomo deu a mesma explicao mas com trajes ocidentais e toda a gente a aceitou(figura 3 presente nos anexos). Neste sentido, o traje surge como uma funo-signo: serve

    de proteo (tem uma utilidade), mas tambm simblico, j que condicionou a aceitao

    da teoria deste astrnomo. Ento, neste caso, o traje um smbolo, j que a relao entre

    o signo e o objeto arbitrria: as vestes da figura 2 significam pouca seriedade, do ponto

    de vista ocidental, enquanto que as da figura 3 j so aceites socialmente, fenmeno este

    que advm da cultura vigente. Desta forma, a significao da roupa transportada para o

    seu utilizador, determinando que significado este ter na perspetiva dos outros.

    No decorrer da obra, quando o prncipe conta ao piloto como travou conhecimento com

    a raposa, o seguinte excerto parece bastante relevante: Os campos de trigo no me fazem

    lembrar nada. () Mas os teus cabelos so da cor do ouro. Ento, quando tu me tiveres

    cativado, vai ser maravilhoso! O trigo dourado e h-de fazer-me lembrar de ti. (p. 69).

    Portanto, para a raposa o trigo no tinha qualquer significao embora para outros,

    pudesse significar alimento (po), no entanto, este representamenpode passar a ter como

    interpretante, na tica da raposa, o seu novo amigo, pela semelhana entre a cor do trigo

    e a cor do cabelo do rapaztrata-se, por isso, de um cone.

    Na parte final da obra, o conceito de interpretante de Peirce, assume uma grande

    importncia, j que possvel observar-se, a partir das palavras do prncipe, que o mesmo

    representamenpode assumir diferentes significaes:

    As pessoas tm estrelas que no so as mesmas. Para os viajantes, as estrelas soguias. Para outros, no passam de luzinhas. Ainda para outros, os cientistas, so

    problemas. Para o meu homem de negcios, eram ouro. () noite, vais -te pr aolhar para o cu e, porque eu moro numa delas, porque eu me estou a rir numa delas,ento, para ti, vai ser como se todas as estrelas rissem! () Eu tambm vou olhar para

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    as estrelas. E todas as estrelas vo ser poos com uma roldana enferrujada. Todas asestrelas me vo dar de beber(pp. 87, 88 e 90).

    Ento, atravs do representamen estrelas, que tem sempre como objeto a mesma coisa,

    possvel criarem-se diferentes interpretantes na mente de cada intrprete, conforme se

    pode verificar na figura 1, presente nos apndices.Assim, dependendo do contexto de

    cada personagem, o representamen estrelas adquire diferentes significados, sendo os

    mais relevantes: o de risos, para o piloto, e o de poos, para o prncipe, j que se tratam

    das figuras centrais da obra.

    Simultaneamente, algo recorrente na obra so os interpretantes ausentes, que surgem

    sempre que o prncipe se depara com signos cujo significado desconhece: Mas o que

    vem a ser aquela coisa? (p. 15); Admirar quer dizer o qu? (p. 44); E o que um

    gegrafo? (p. 53); E efmero quer dizer o qu? (p. 56); Cativar quer dizer o qu?

    (p. 67).

    3. As relaes contrastantes como meio de moldar comportamentos: O

    principezinho e o aviador versus a sociedade

    Saint-Exupry critica duramente, embora nas entrelinhas, a sociedade burguesa em que

    vive, servindo-se de personagens-tipo e de situaes contrastantes.

    Assim, ainda antes do incio da obra, na dedicatria a Lon Werth, o autor apresenta-nos

    a primeira oposio: adultos versus crianas, que pode ser explicitada pelos seguintes

    esquemas, de uma perspetiva paradigmtica e de uma perspetiva sintagmtica,

    respetivamente:

    Adultos Crianas

    No-crianas No-adultos

    Adultos Crianas

    No-crianas No-adultos

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    Ou seja, num primeiro momento, o autor desculpa-se s crianas por dedicar o seu livro

    a um adulto (adultos); porm, de seguida explica que esse adulto no como os outros,

    pois capaz de entender tudo, mesmo os livros para crianas (no-adultos); por fim, o

    autor relembra que todos os adultos j foram crianas, e a sua dedicatria passa a ser para

    a criana que Lon Werth j foi (crianas).

    De seguida, logo no incio da obra, o narrador descreve a ao castradora das pessoas

    crescidas (p. 10) que, aos seis anos, o incentivaram a esquecer a arte e a investir no

    estudo da geografia, da histria, da matemtica e da gramtica, depois de no terem

    compreendido o seu desenho. Porm, a temtica da arte volta a estar presente na vida do

    piloto logo que surge a personagem do principezinho: Se faz favor desenha-me uma

    ovelha! (p. 11), desta forma, todas as emoes vividas pelo narrador voltam tona, eeste faz o mesmo desenho que havia feito aos seis anos, sendo que desta vez fielmente

    interpretado.

    Neste sentido, deparamo-nos com a segunda oposio: arte versus cincia, que pode ser

    apresentada, de uma perspetiva paradigmtica, pelo seguinte quadrado:

    Arte Cincia

    No-cincia No-arte

    Por outro lado, de uma perspetiva sintagmtica, a narrativa manipula as categorias

    semnticas, traando o seguinte trajeto:

    Arte Cincia

    No-cincia No-arte

    Ou seja, num primeiro momento, enquanto criana, o narrador utiliza a sua criatividade

    para fazer um desenho (arte); num segundo momento, os adultos no percebem o tal

    desenho (no arte); e, de seguida, aconselham o menino a dedicar-se s cincias (cincia);

    j em adulto, o piloto v-se forado a pr a cincia de parte (no-cincia) devido

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    apario inexplicvel da pequena criana no meio do deserto que lhe pede um desenho;

    por fim, o narrador realiza o desejo do prncipe, fazendo o desenho pedido (arte).

    Simultaneamente, o autor tambm se serve de personagens-tipo, que simbolizam os vcios

    sociais, pelo que os residentes dos planetas visitados pelo prncipe tm um significadobastante simblico.

    O primeiro planeta era habitado por um rei que acreditava reinar sobre tudoO rei fez

    um gesto discreto com o qual abrangeu aquele planeta, todos os outros planetas e todas

    as estrelas(p. 38), representando os indivduos que se consideram poderosos mas que,

    no entanto, nada fazem de til. Simultaneamente, este rei era suficientemente consciente

    para saber que [s] se pode exigir a uma pessoa o que essa pessoa pode dar(p. 39),

    sendo essa uma importante lio, juntamente com uma outra que advm do facto de o rei

    ter oferecido ao prncipe o cargo de ministro da justia, num local onde no habita

    ningum: Ento julgas-te a ti prprio (). muito mais difcil julgarmo-nos a ns

    prprios do que aos outros.(pp. 40 e 41).

    J no segundo planeta vivia um vaidoso, smbolo da superficialidade, apenas preocupado

    com as aparncias e com as consequentes opinies alheias: Faz-me a vontade: admira-

    me!(p. 44).

    Por sua vez, o bbado que habitava o terceiro planeta explicou ao prncipe porque estava

    a embriagar-se: Estou a beber () Para me esquecer que tenho vergonha (). Vergonha

    de beber! (pp. 44 e 45), tratando-se, assim, da representao dos indivduos que

    desperdiam a vida da qual deveriam estar a tirar o mximo partido.

    No quarto planeta, o principezinho encontrou um homem de negcios, smbolo da

    avareza, cujo nico objetivo de vida era enriquecer, riqueza essa que no lhe trazia

    qualquer vantagem, j que no a aproveitava: Eu sou um homem srio, no perco tempocom futilidades! (p. 45).

    O quinto planeta era o mais pequeno de todos e era habitado por um acendedor de

    candeeiros que trabalhava sem parar para cumprir as ordens que lhe foram dadas. Este

    personagem, embora fiel s suas funes, o que demonstra que, ao contrrio dos outros,

    no se preocupava apenas consigo prprio, era tambm preguioso e despido de

    ambies: Do que eu gosto na vida de dormir!(p. 52).

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    Finalmente, no sexto planeta, o prncipe deparou-se com um gegrafo, que escrevia sobre

    coisas que no conhecia verdadeiramente: no o gegrafo que h-de ir procura de

    cidades, de rios, de montanhas, de mares, de oceanos e de desertos (p. 54), baseando-se

    nas palavras dos outros acerca do que estava longe e negando-se a ver o que o rodeava,

    to perto.

    Tal como este autor, muitos so os que se servem de recursos estilsticos para exercerem

    uma crtica social nas entrelinhas, como foi o caso de Edwin Abbott, ao redigirFlatland:

    A Romance of Many Dimensions (1885). semelhana de Saint-Exupry, Abbott utiliza

    personagens-tipo para satirizar a sociedade em que vive, porm, neste caso, os

    personagens so formas geomtricas, cuja inteligncia e classe social medida pela

    quantidade de lados que cada uma possui. Assim, nesta obra, possvel observar-se acrtica feita ao sexismo vivido, pelo simples facto de todas as mulheres serem um

    rectngulo to estreito, que mais parece uma linha, quase inexistente, assim como ao facto

    de a sociedade no aceitar as diferenas, j que as figuras irregulares so alvo de um forte

    preconceito. Simultaneamente, trata-se de uma sociedade em que tudo controlado,

    representando uma clara metfora para a represso vivida pelo autor durante a Era

    Vitoriana. Neste sentido, curioso notar-se que, embora em sculos e em pases distintos,

    os vcios sociais parecem ser os mesmos e, parece tambm que ainda hoje se mantm.

    Retomando a obra aqui em anlise, mais tarde, quando o prncipe chega ao planeta Terra,

    as crticas sociais continuam, logo no dilogo com a serpente, quando esta refere que

    tambm se est sozinho ao p dos homens (p. 60).

    De seguida, o personagem depara-se com um jardim cheio de rosas, sendo que todas se

    pareciam com a flor que existia no seu planeta e que ele pensara ser nica, assim, a

    narrativa em torno da rosa desenvolve-se da seguinte forma, paradigmtica e

    sintagmaticamente:

    Flor rara Flor comum

    Flor no comum Flor no rara

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    Flor rara Flor comum

    Flor no comum Flor no rara

    Ou seja, primeiramente o prncipe acredita que a sua rosa nica no mundo (flor rara);

    porm, quando chega ao planeta Terra depara-se com um jardim repleto de rosas (flor no

    rara); assim, sente-se infeliz ao descobrir que a sua rosa vulgar (flor comum); mas,

    depois de travar conhecimento com a raposa, que lhe ensina o que cativar, apercebe-

    se de que a sua rosa no como as outras (flor no comum); constatando, finalmente, quea sua flor nica, pois foi essa que ele cativou (flor rara).

    Atravs desta situao , mais uma vez, tecida uma crtica aos homens, que parecem no

    se contentar com nada: Os homens da tua terra () apesar de terem um jardim com

    muitas rosas, no descobrem aquilo de que andam procura () E podiam descobrir

    aquilo de que andam procura numa nica rosa (p. 81).

    Assim, os valores socialmente estabelecidos so criticados e desvalorizados pelo autor,podendo-se mesmo assumir que o prncipe e o piloto so um s, tantas so as semelhanas

    entre eles, semelhanas essas que os tornam opostos restante sociedade. Ou seja, o facto

    de o prncipe aparentar ter cerca de 6 anos a idade que o narrador tinha quando

    abandonou o seu lado criativo, no pode ser uma mera coincidncia, podendo assumir-se

    que o piloto encontrou o seu eu, h muito perdido, naquele deserto.

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    Concluso

    No final desta reflexo possvel concluir que a literatura e a semitica se encontram

    intrinsecamente ligadas, sendo que a primeira depende da segunda para produzir as suas

    significaes, j que uma obra literria no somente um processo de expresso, mastambm um processo de significao e de comunicao, tal como a descreve Aguiar e

    Silva (1994).

    Assim, O Principezinhopode ser entendido como um timo exemplo desta relao, j

    que, partindo das tricotomias de Charles Sanders Peirce (2000), se encontram na obra

    vrios signos que do um segundo significado ao texto, sendo que o primeiro se dirige

    aos mais novos. Quanto ao segundo, bastante mais complexo: trata-se de uma crtica

    tecida sociedade da poca por parte do autor. Saint-Exupry serve-se de oposies entre

    a personagem central o prncipe e o piloto entendidos como um s e a sociedade,

    assim como de personagens-tipo bastante simblicas, que representam os vcios sociais

    presentes na sociedade em que o autor estava inserido: a inutilidade dos poderosos; a

    superficialidade; o desperdcio da vida; a avareza; a falta de ambio; e o falar sem

    conhecer.

    Por outro lado, esta obra foi tambm analisada de acordo com o esquema proposto por

    Algirdas Julius Greimas (1983), que funciona quase como uma cincia da narrativa, j

    que todas elas seguem um de dois percursos que, atravs do quadrado semitico, proposto

    por este autor, se tornam mais fceis de compreender. Assim, nesta obra foi possvel

    analisar trs oposies luz do quadrado semiticoadultos versuscrianas; arte versus

    cincia; e flor rara versusflor comumtendo sido possvel encontrar os dois percursos

    explicitados por Greimas.

    So estas oposies, aliadas s personagens-tipo, que atribuem a esta obra o seu carter

    simblico e que revelam de que forma o autor, brilhantemente, conseguiu ultrapassar as

    limitaes impostas sua liberdade de expresso, tendo construdo um texto

    extremamente rico, tanto para a rea da literatura como para a da semitica.

    Importa, ainda, salientar que o resultado final desta anlise apenas um dos resultados

    possveis, quando se trata de uma obra plurissignificativa e de leitura to aberta quanto

    esta, pois, tal como referiu Winfried Nth (2008, p. 121), a obra literria um signo sem

    interpretante final.

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    Apndices

    Tricotomias

    Categorias

    Representamen

    Em si

    Relao

    representamen/Objeto

    Relao

    representamen/Interpretante

    Primeiridade Qualisigno cone Rema

    Secundidade Sinsigno ndice Dicente

    Terceiridade Legisigno Smbolo Argumento

    Tabela 19 Categorias de Signos Propostas por Peirce

    ESTRELAS (representamen)

    (objeto) guias, luzinhas, problemas,ouro, risos,poos (interpretante)

    Figura 1 Vrios interpretantes para o mesmo representamen

    https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjyoqSuiP3JAhVCVxoKHaGJBqMQjRwIBw&url=http://danielemontenegro.blogspot.com/2011/07/mais-uma-estrela-brilha-no-ceu.html&bvm=bv.110151844,d.d2s&psig=AFQjCNESBb6-acPQELuN6KwgIkMZQ_IKTQ&ust=1451340888023018
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    Anexos

    Figura 1 "Desenho nmero 1" de Saint-Exupry

    Figura 2 Astrnomo Turco em 1909

    Figura 3Astrnomo Turco em 1920

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    Teoria da Literatura. Coimbra, Livraria Almedina, pp. 43-179.

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    Pequeno Prncipe. In: IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem e I Encontro

    Internacional de Estudos da Imagem. [Em linha]. Disponvel em

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    Cintra, K., Farche, M. e Gutierre, M. (2011). A constituio do discurso em o pequeno

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    [Consultado em

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    Silva, M. (2013). A Fenomenologia de Charles Sanders Peirce, Sapere Aude, 5. [Em

    linha]. Disponvel em

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