A Sociologia Dos Países Subdesenvolvidos - Álvaro Vieira Pinto
O Processo de Desindustrialização em Países Subdesenvolvidos: o caso do Brasil.
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O PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO EM PAÍSES
SUBDESENVOLVIDOS, O CASO DO BRASIL.
Diogo Ferreira Santos
Resumo: Nas últimas décadas o fenômeno da desindustrialização ganhou cada vez mais
espaço entre os economistas. Muitas são as causas que podem resultar na
desindustrialização. A saturação do desenvolvimento da economia e a doença holandesa
são os dois principais caminhos para essa situação. Esse fenômeno, inicialmente peculiar a
economias desenvolvidas, vem sendo observado com uma certa frequencia nas economias
subdesenvolvidas nas três últimas décadas. Os efeitos desse “portento” nessas economias
podem ser de caráter “desagradável”. No Brasil de 1980 e 1990, ela foi ignorada, já que
havia, por motivos diversos, mecanismos que acabavam maquiando a existência da mesma.
Após um breve período de atividade industrial crescente, no início dos anos 2000, o Brasil
voltou a apresentar sintomas desse que ainda é um ocorrido incógnito quanto à finalidade
de sua própria existência.
Palavras-chave: Desindustrialização, causas, efeitos, saturação, “doença holandesa”,
Brasil, economias desenvolvidas, economias subdesenvolvidas.
Abstract: In recent decades the phenomenon of deindustrialization gained more space
among economists. There are many causes that can lead to deindustrialization. The
saturation of the development of the economy and the “dutch disease “are the two main
paths to this situation. This phenomenon, originally peculiar to developed economies, has
been observed with some frequency in underdeveloped economies in the last three decades.
The effects of this "wonder" in these economies may be, llet's say, “undesirable”. In Brazil, in
80's and 90's, it was ignored, since, for various reasons, mechanisms that ended up 'making
up' the existence of that. After a brief period of increased industrial activity in early 2000,
Brazil showed again symptoms of that that's still an unknown “thing” about the point of its
own existence.
Key-words: Deindustrialization, its causes, its effects, development saturation, “dutch
disease”, Brazil, developed economies, underdeveloped economies.
1 – INTRODUÇÃO: A DESINDUSTRIALIZAÇÃO E SUAS
CAUSAS.
Segundo o DIEESE (p. 2, 2011) define-se desindustrialização “o processo que
provoca a reversão do crescimento e da participação da indústria na produção e na
geração de empregos”. Para Rowthorn e Ramaswamy (p. 15, 1997), “é uma
consequência natural do crescimento profundo de economias avançadas”. Diversas
outras formulações conceituais que remetem ao mesmo significado (mais ou menos
detalhados e/ou abrangentes) foram dados a esse fenômeno característico,
principalmente, a economias desenvolvidas.
Alguns pesquisadores indicam pontos bastante contundentes como
responsáveis pela desindustrialização em um país. O DIEESE (2011) aponta a taxa
de câmbio desvalorizada, a taxa de juros elevada, a estrutura fiscal ineficiente, o
excesso de burocracia e o baixo nível de escolarização da população, entre outras,
como algumas das principais causas de uma ainda muito discutida
desindustrialização precoce da economia brasileira.
Desde a década de 1970, quando começou a se observar os primeiros sinais
de desindustrialização da economia americana, discute-se quais são as causas e os
possíveis efeitos desse processo nos mais variados países. Antes de mais nada, é
válido certificar-se de que a desindustrialização não representa, por si, um fenômeno
negativo ou positivo de maneira geral. É preciso analisar as características
locacionais para então observar e definir o teor dos resultados de tal acontecimento.
Economias com alto padrão de desenvolvimento econômico e social tendem a
atingir um ápice para então enfrentar um período de crescimento moderado em seus
indicadores. Trazendo essa ideia para o âmbito produtivo, o setor industrial desse
tipo de país se desenvolve de tal maneira que, em certo ponto, já não consegue
acompanhar o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Isso ocorre da
seguinte maneira: o setor industrial se desenvolve até o ponto de saturação, onde
quase todas as necessidades atendidas por ele já conseguem ser sanadas nesse
estágio; a taxa de crescimento desse setor passa então a ser cada vez menor; o
PIB, no entanto, cresce a taxas maiores que a do setor industrial; esse crescimento
superior do PIB é explicado pelo forte impulso no setor de serviços; o setor de
indústrias passa a ter menor participação relativa na composição do PIB, dando
assim abertura para o setor de serviços, que passa a exercer o papel de carro chefe
no crescimento dessa economia; surge então o fenômeno da desindustrialização.
Existe, todavia, uma outra teoria, que admitiu-se válido adotar por conta de sua
observação empírica, que explica muito bem o processo de desindustrialização tanto
em economias desenvolvidas quanto em economias subdesenvolvidas, a “doença
holandesa1”. Esse fenômeno diz respeito ao processo de concentração de foco de
uma economia na produção de um produto, ou grupo de produtos (geralmente
commodities), que têm valor e/ou volume elevado(s) o suficiente para, sozinho(o),
carregar o produto de um país inteiro.
É tautológica a dedução que se faz a partir de tal explanação de ambos os
meios indutores à desindustrialização de uma economia. No primeiro caso, espera-
se que o processo ocorra em países desenvolvidos, com economias satudaradas,
alto nível de distribuição de renda, elevado nível de escolaridade, bom
funcionamento da máquina governamental, etc. A desindustrialização por via da
chamada “doença holandesa”, em contrapartida, não nos espantaria caso fosse
observada em economias subdesenvolvidas.
Esse método de substituição da atividade industrial por um modelo geralmente
primário-exportador nos revela uma ruptura com o modelo nada idiossincrático já
existente no “processo natural” de evolução das economias capitalistas. É óbvio que
essa cessão de um processo historicamente tão fiel ao capitalismo só pode ocorrer
em economias que ainda não alcançaram um elevado grau de desenvolvimento.
Sinteticamente falando, para que que restem dúvidas a respeito do que foi exposto,
a chamada “doença holandesa” pode ocorrer em economias em qualquer estágio de
desenvolvimento. Mas o processo de ruptura do ciclo natural do desenvolvimento
por ela causado só pode ser observado em economias subdesenvolvidas.
A partir desse cenário, Rowthorn e Ramaswamy (p. 9, 1997) afirmam que a
“desindustrialização não é necessariamente sinônimo de falha do setor
1Observada primeiramente na Holanda na década de 1960, esse fenômeno diz respeito ao processo de
ganhos consideráveis na balança comercial de um país em função de uma vantagem quantitativa e, por
que não, qualitativa na produção de um bem (geralmente commodities) em relação ao resto do mundo.
Essa relativa vantagem, seguida da melhoria das contas externas, e com uma combinação de alguns
outros fatores, induz a economia local a um processo de desindustrialização, precoce ou não, em função do alto nível de renda obtido no balanço final das contas externas. Esse nível elevado de renda externa,
traduzido no aumento das reservas cambiais, faz com que o país tenha sua moeda valorizada, o que
facilita as importações e dificulta as exportações de produtos manufuturados. Ver mais em L. C. Bresser
Pereira. "The Dutch disease and its neutralization: A Ricardian approach". Revista de Economia
Política, 28:47–71 2008, apud Michele Polline Veríssimo et al. Taxa de Câmbio e Preços de
Commodities: Uma Investigação sobre a Hipótese da Doença Holandesa no Brasil. Economia,
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Small Open Economy, por W. Max Corden e J. Peter Neary. The Economic Journal, v. 92, n° 368
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manufaturado de um país ou, por essa razão, da economia como um todo. Pelo
contrário, a desindustrialização é simplesmente o resultado natural do sucesso do
desenvolvimento econômico e é geralmente associado com o crescimento do padrão
de vida da população”.
Esse postulado, todavia, se encaixa apenas no caso dos países com
economias desenvolvidas. É óbvio que ao postularem tais afirmações os autores
provavelmente não haviam percebido (talvez por falta de observação ou
simplesmente de horizonte) a real dimensão dos efeitos da desindustrialização em
economias subdesenvolvidas. Nos países emergentes/subdesenvolvidos, a indústria
jamais conseguira atingir seu ponto de saturação. Além disso, o “produto” ofertado
pelo setor de serviços não possui qualidade suficiente para atender de maneira
satisfatória os anseios da população. Isso ocorre por motivos característicos à essas
economias, a saber: má infraestrutura, baixo nível de escolaridade, renda per capita
inferior a de países desenvolvidos, etc. O processo de desindustrialização nesses
países é visto, dessa maneira, como um fenômeno não característico e, por isso,
esperadamente maléfico à economia. Em nota técnica, o DIEESE (p. 5, 2011)
denominou a desindustrialização desse tipo de economia como “desindustrialização
precoce”. Assim,
Países em processo de industrialização, em que a indústria de
transformação, pelo menos na maior parte, ainda não atingiu estágios de
produtividade e competitividade compatíveis com os níveis encontrados
internacionalmente e a renda per capita da população ainda é baixa, são
aqueles que se ressentirão de eventual redução no valor agregado e no
número de empregos gerados (DIEESE, p. 4, 2011).
Identificar a presença dessas características (de desindustrialização, precoce
ou não) em uma economia não é uma tarefa difícil de se realizar. Entretanto, essa
não é válida se não acompanhada de uma análise conjuntural da mesma. É a partir
dessa análise que se torna possível implementar um plano de ações que, no caso
desses países subdesenvolvidos, busquem resolver os problemas causados por
esse fenômeno. Desindustrialização e economia subdesenvolvida são dois termos
que, de um modo geral, não se conciliam.
O objetivo maior do presente ensaio é analisar o caso brasileiro da
desindustrialização que, desde a década de 1980, vem sendo observado. Para isso,
inicialmente foi exposto a conceituação teórica ampla já existente a respeito do
tema. Primeiro observamos o que significa desindustrialização e, superficialmente,
quais suas fontes e seus efeitos em economias desenvolvidas e também
subdesenvolvidas. Na segunda parte, observaremos mais detalhadamente a
situação da indústria brasileira e faremos um comparativo com o que nos indica o
referencial teórico já existente acerca desse fenômeno, para, então, partirmos para a
conclusão, que mostrará que, de fato, há um processo de desindustrialização
ocorrendo no Brasil. Apesar de o Brasil ser um país subdesenvolvido e, por isso,
indicar-nos que o processo de desindustrialização seria, aqui, um fenômeno
maléfico, existem economistas e outros teóricos que discordam de tal visão. Para
eles, o fenômeno ocorrido no Brasil assemelha-se àquele característico de
economias tipicamente desenvolvidas, por motivos que não nos é interessante citar
aqui. Essa discussão, não sendo peça central de estudo no presente trabalho, fica,
assim, para escritos posteriores.
2 - UM PANORAMA DA SITUAÇÃO BRASILEIRA E UMA
COMPARAÇÃO COM O REFERENCIAL TEÓRICO EXISTENTE.
Segundo Marquetti (2002) apud Oreiro e Feijó (2010), o Brasil teria
experimentado um processo de desindustrialização durante as décadas de 1980 e
1990, quando se observou uma redução gradativa da participação da indústria na
composição do valor adicionado e do emprego.
Araújo (p. 198, 2008) afirma que a produção industrial “depois de haver
atingido o “pico” de 48% do PIB em 1985, baixou para 46,3% em 1989”, tendo
crescido apenas 11,46% entre 1980 e 1989. Segundo ele, a redução da participação
da indústria no PIB continuou a diminuir no início da década de 1990, quando
Fernando Collor de Melo assumiu a presidência da república. “A produção industrial,
que representava 46,3% do PIB em 1989, caiu para 38,7% em 1992, depois de
haver chegado ao seu menor nível em 1991 (36,16%)”. (Araújo, p. 208, 2008).
A presença da desindustrialização precoce na economia brasileira, no
entanto, não foi resultado de um processo natural, mas sim de um curso forçado.
Forçado por políticas públicas de caráter recessivo que buscavam combater a
inflação crônica e inercial existente no país no período em questão. Não foi o motivo
“comum” da teoria (a saber, a “saturação do desenvolvimento”) que promoveu o
processo de desindustrialização brasileiro. Existe uma gama de fatores intrínsecos a
esse modelo de combate à inflação associado a um crescimento sustentado que
poderiam ser elencados e apontados como barreiras ao desenvolvimento natural da
indústria brasileira.
Após um breve período de recuperação da indústria, quando Itamar Franco
ocupou a posição de presidente do Brasil (1993 – 1994), o país voltou a sofrer com a
redução da participação da indústria na composição do PIB no governo de Fernando
Henrique Cardoso. Dados da FGV, disponíveis em publicação de Araújo (p. 258,
2008), apontam que essa participação, que era de 41,61% em 1993, caiu para
34,7% em 1996, segundo ano do governo FHC. Como reflexo dessa queda da
produção industrial, “conforme levantamento do IBGE, o número de trabalhadores
industriais ao final de 1996 era de 34,2% menor do que em 1989” (Araújo, p. 258,
2008)
Um dado interessante para esses períodos, apontado em publicação do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – indica que
entre os anos de 1982 e 1992 a balança comercial brasileira esteve em tendência
crescente, enquanto entre 1992 e 1998 essa tendência foi explicitamente
decrescente. No primeiro momento, quando o saldo da balança comercial era
decrescente, pode-se identificar vestígios da ocorrência da chamada “doença
holandesa”. Esse momento da economia brasileira, no entanto, pode-se dizer, foi
absolutamente desorganizado. Também conhecida como década perdida, a década
de 1980 foi um período onde tentativas intermináveis de combate a crise
inflacionária que assombrava o Brasil foram lançadas. Ademais, o país passou por
diversas modificações políticas e estruturais (fim do regime militar e instituição da
democracia, planos econômicos diversos, implementação de uma nova constituição,
etc.) que fizeram da nação uma verdadeira celeuma. Celeuma essa que, no entanto,
nada mais era, como já dito, que um conjunto de ações “desesperadas” que visavam
colocar o país no caminho certo rumo ao desenvolvimento. O ocorrido principal no
âmbito político-econômico brasileiro no segundo período foi a implementação do
Plano
Real no governo de Itamar Franco. Tal plano, que teve continuidade na gestão de
FHC, acabou por sanar o problema da inflação que há muito assolara o país. Dentre
as principais medidas adotadas no plano, estava a de manutenção de um real
valorizado. Essa política visava o aumento do poder internacional de compra, o que
faria com que a entrada de produtos importados fosse elevada, resultando numa
maior concorrência interna e, consequentemente, no fim do reajuste crônico de
preços, também conhecido como inflação.
A discussão a respeito do tema, como é de se esperar, tem se concentrado na
observação desse fenômeno na última década. A desindustrialização recente “se
reflete no encolhimento da participação da indústria de transformação na economia,
tendência que remonta à época da superinflação dos anos 1980, mas sofreu um
puxão para baixo no decênio 2002-2012, quando o PIB cresceu mais que o dobro da
indústria: 42% ante 20,5%, respectivamente” (Serra, p. 1, 2013). A situação mais
recente do processo de desindustrialização da economia brasileira é explicado pela
chamada doença holandesa. Diferentemente da Holanda, que sofreu desse mau
devido à relativa vantagem de produção de um único produto (o gás natural), ou da
maioria dos outros países que sofrem da mesma doença (a saber, principalmente os
países que têm como produto principal em sua pauta de exportação o petróleo), o
Brasil é afetado pelo volume de exportações de um leque de produtos
(momentaneamente) valorizados internacionalmente e que, por conceituação,
caracterizam-se como primários (as chamadas commodities).
O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando
Pimentel, afirmou, em 2011, que o Brasil viria a se tornar a fazenda e, talvez, a mina
do mundo. Não querendo utilizar do artifício jornalístico de copiar a declaração pela
metade, devo dizer que, provavelmente, a intenção do ex-ministro não era a de
promover a ideia da desindustrialização brasileira. Mas, apenas valendo-se de parte
da sua declaração, é possível afirmar contundentemente que a assertiva é verídica,
e que, diferentemente do que o ex-ministro tentou nos passar, isso não é uma coisa
boa. Esse processo vem veementemente desviando o foco do setor privado, que
deveria, sem abandonar o setor de serviços ou mesmo o setor primário-exportador,
dar mais atenção à indústria.
Indo na contramão da tendência existente até 1998, a balança comercial entra
em período de tendência ascendente a partir de 1999 e, mesmo com os últimos
choques comerciais empurrando esse superávit para baixo, seu saldo continua
positivo até hoje.
No caso atual, muito mais do que o observado na década de 1980, a
presença da doença holandesa na economia brasileira é gritante. A perda relativa de
importância da indústria na composição do produto é notável. A redução do nível de
emprego, que sustenta uma distribuição de renda mais qualitativa, é perceptível. O
consumo interno absorve os produtos importados, já que não se produz, nem se
tenta produzir, o suficiente internamente. Para isso, o real mantém-se altamente
valorizado, tornando possível essa absorção dos produtos internacionais.
3 – CONCLUSÃO
O referencial teórico fornecido pela literatura existente nos leva à conclusão
de que, analisando-se a situação brasileira das últimas três décadas, o Brasil está
passando por um processo de desindustrialização. Os dados são claros quanto a
isso. O país perdeu competitividade industrial, teve o percentual de participação
relativa desse setor em relação ao PIB diminuído, teve também o emprego industrial
reduzido, e, principalmente, observou o crescimento do setor de serviços em relação
ao produto, além de uma forte de indicação da presença da doença holandesa, já
que, entre 1999 e 2008 o saldo da balança comercial apresentou uma trajetória
ascendente. Após 2008, apesar da diminuição do superávit da balança comercial, o
saldo ainda foi positivo para o ano em questão e para os três anos posteriores.
Os economistas schumpeterianos nos ensinam que o principal motor de
impulsão da dinamicidade de uma economia é o desenvolvimento tecnológico. Este,
por sua vez, está presente principalmente no meio industrial. É na indústria que se
observa a maior capacidade de criação de valor adicionado. É na indústria que a
cadeia produtiva é grande o suficiente para gerar um efeito multiplicador tanto para
frente quanto para trás em níveis elevados, já que, na maioria das vezes, várias são
as etapas de produção de um bem até que este se torne “final”.
Se, como observado, a economia brasileira, mesmo sofrendo este processo
gradativo de desindustrialização, foi capaz de sustentar um nível intermediário de
crescimento nas últimas três décadas, é possível imaginar o potencial existente que
se deixou de lado ao não se aproveitar a dinamicidade oferecida pela indústria.
Talvez o Brasil, assim como a China, fosse capaz de crescer a taxas na casa dos
dois dígitos.
Além do potencial de crescimento, a indústria oferece bases sólidas para uma
distribuição de renda mais equânime (pelo menos teoricamente). O setor de serviços
brasileiro, que, apesar de importante, ainda é bastante desqualificado, também
poderia ser melhor aproveitado. O alto volume de mão de obra desqualificada
empurra para baixo a faixa salarial de trabalhadores “comuns” dessa área. Sem o
motor da indústria, a economia perde dinamicidade e a distribuição de renda é cada
vez mais mal feita. E, quando verifica-se uma melhoria dessa distribuição de renda,
ela ocorre por conta das transferências governamentais que, apesar de, em certa
medida, justificáveis, acaba maquiando o problema maior e protelando a resolução
dessa confusão estrutural que é a economia brasileira. Resta agora saber quais os
planos (se é que eles realmente existem) do governo brasileiro para combater esse
mal já inerente à nossa economia.
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