O Professor e o Aluno: Uma relação de simbiose · Relatório de Estágio Profissional para a...

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O Professor e o Aluno: Uma relação de simbiose RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro) Nome: André Augusto Pereira Pinto Data: Setembro, 2016

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O Professor e o Aluno:

Uma relação de simbiose

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista

à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau

de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de

Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro)

Nome: André Augusto Pereira

Pinto

Data: Setembro, 2016

Ficha de Catalogação

Pinto, A. (2016). Título: O Professor e o Aluno: Uma relação de simbiose. Porto:

A. Pinto. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre

em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado

à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

FORMAÇÃO INICIAL; FUNÇÕES DO PROFESSOR; ESTRATÉGIAS DE

CONTROLO DA TURMA

III

Agradecimentos

À Professora orientadora, Mestre Mariana Cunha, pela orientação

exigente ao longo de toda esta viagem incrível e pela paciência e mentoria na

elaboração deste relatório.

À Professora cooperante, Professora Cristina Macedo, pelo empenho,

entrega, toda a preocupação constante com o sucesso e aprendizagem dos

Estagiários e pelo amor à Profissão que demonstrou e me transmitiu.

Aos meus companheiros de batalha, Daniela e Márcio pela partilha

constante de experiências e Ideias. Pelas brincadeiras dentro daquele gabinete,

pelo trabalho de equipa nos nossos projetos. E principalmente pelo crescimento

que me proporcionaram no que diz respeito a esta profissão e enquanto Ser-

Humano.

A todo o Grupo de Educação Física da Escola Cooperante, que sempre

me fizeram sentir em casa e se disponibilizaram a esclarecer as dúvidas que me

surgiam ao longo do percurso e sempre tiveram disponibilidade total para

“negociar espaços”.

À minha turma de Rebeldes, o 9ºH, pelas dificuldades que me

proporcionaram e me fizeram crescer enquanto Professor e pelo bom coração

que mostraram nos momentos importantes, que me fez acreditar sempre neles!

Ao Jojó e ao Gui do Casal pelas histórias criadas ao longo destes dois

anos, pela união e partilha de conhecimentos que abarcaram diversas áreas.

À família King e Vizinhança, pela Amizade criada ao longo deste 5 anos,

pelo apoio, encorajamento, suporte e por darem sentido à frase “Amigos da

Faculdade são para a vida”. Especialmente à T-Bag por não me ter falhado

quando precisei.

À “Tropa de Julho” pela companhia naquela fase complicada, pela alegria

no meio do desespero, pela ajuda constante e pelos momentos em que a

Biblioteca era do MEEFEBS.

Quero também agradecer a todas as pessoas que de alguma forma

passaram no meu caminho ao longo destes cinco anos, que me ajudaram a

IV

evoluir, a nível académico e pessoal e me ajudaram a ultrapassar a dificuldades

e obstáculos que me foram aparecendo.

E por fim, ao dois pilares da minha vida, os meu pais, por me darem força

constante e confiarem em mim, por vezes até mais que eu próprio. A Eles, o

maior “OBRIGADO” de todos.

V

Índice

Agradecimentos ............................................................................................... III

Índice ................................................................................................................ V

Índice de Figuras ............................................................................................ VII

Índice de Tabelas ............................................................................................. IX

Resumo ........................................................................................................... XI

Abstract .......................................................................................................... XIII

Lista de Abreviaturas ...................................................................................... XV

1 – Introdução ................................................................................................... 1

2. Enquadramento Pessoal ............................................................................... 7

2.1. Eu, enquanto aspirante a Professor de Educação Física ........................ 9

2.2 O que esperava do Estágio Profissional? .............................................. 11

3 – Enquadramento da Prática Profissional .................................................... 15

3.1. Entendimento sobre o Estágio Profissional ........................................... 18

3.2. Enquadramento Legal e Institucional .................................................... 21

3.3 - Enquadramento Funcional ................................................................... 22

3.3.1 – Caracterização da minha Escola Cooperante ............................... 22

3.3.2 – A minha Turma (residente) ........................................................... 24

3.3.3 – Núcleo de Estágio ......................................................................... 25

4 – Realização da Prática Profissional ............................................................ 29

VI

4.1 – Área 1: Organização e gestão do ensino aprendizagem ..................... 31

4.1.1 – Conceção ..................................................................................... 31

4.1.2 – Planeamento ................................................................................ 32

4.1.2.1 - Plano Anual ............................................................................. 37

4.1.2.2 - Plano de Unidade didática ....................................................... 40

4.1.2.3 - Plano de Aula .......................................................................... 41

4.1.3 – Realização .................................................................................... 43

4.1.3.1 - Primeiro Contacto .................................................................... 43

4.1.3.2 - Controlo e disciplina da turma ................................................. 44

4.1.3.2 - Clima de aula .......................................................................... 45

4.1.3.3 – Instrução ................................................................................. 48

4.1.4 – Avaliação ...................................................................................... 50

4.2 – Área 2: Participação na Escola e Relação com a Comunidade ........... 57

4.2.1- Desporto Escolar – intra escola ...................................................... 57

4.2.2 - Corta-mato .................................................................................... 59

4.2.2.1 - Corta-mato Interno .................................................................. 59

4.2.2.2 - Corta-mato distrital - “A corrida dos EE foi outra…” ................. 61

4.2.3 - Meeting de Atletismo ..................................................................... 64

4.2.4 - Assessoria à Função do Diretor de Turma ..................................... 65

4.2.5 - Dia D ............................................................................................. 66

4.2.6 - Aula Turma .................................................................................... 68

4.3.3. Estudo de Investigação: O desempenho escolar de alunos praticantes

e não praticantes de desporto do 3.º ciclo e ensino secundário da escola

cooperante ............................................................................................... 71

5 – Conclusão ................................................................................................. 84

6 - Bibliografia ................................................................................................. 88

VII

Índice de Figuras

Figura 1 - Igualdade pode não ser justiça ....................................................... 18

Figura 2 Escola Cooperante (EC) ................................................................... 23

Figura3 - Esquema da organização da aula de judo ....................................... 35

Figura 4 - Cabeçalho inicial ............................................................................. 41

Figura 5 - Cabeçalho final ............................................................................... 42

Quadro 6 - M6 com exemplos dos parâmetros (conteúdo) e dos critérios

(componentes críticas) .................................................................................... 52

Figura 7 -Corta mato na EC ............................................................................ 61

Figura 8 - Corta mato distrital com presença da EC no pódio ......................... 63

Figura 9 - Croqui da prova de habilidades (Dia D) .......................................... 68

Figura 10 - Documento de apoio fornecido a todos os alunos ......................... 70

IX

Índice de Quadros

Quadro 1 - Exerto do Módulo 7 da UD de Judo............................................... 37

Quadro 2 - Planeamento anual distribuição das modalidades pelos três

períodos letivos ............................................................................................... 40

Quadro 3 Tabela utilizada para os registos do comportamento (C) e empenho

(E) durante o 1ºPeriodo................................................................................... 57

Quadro 4 – Estatística descritiva das classificações de cada grupo ................ 77

Quadro 5- Regressão linear com as variáveis tipo de praticante e média das

classificações .................................................................................................. 77

Quadro 6 - Variação do desempenho escolar nos grupos de alunos praticantes,

praticantes de desporto de alto rendimento e não praticantes de desporto. .... 78

XI

Resumo

Este Relatório de Estágio tem como propósito refletir todas as vivências,

aprendizagens e conquistas de um Estudante Estagiário, adquiridas ao longo do

Estágio Profissional. O Estágio Profissional é o culminar de uma etapa, a última

da formação inicial de professor, onde se mobilizam para a prática todos os

saberes obtidos no percurso de uma formação académica iniciada no ano

anterior, face às situações reais de escola. O Estágio Profissional decorreu num

agrupamento de Escolas em Vila Nova de Gaia, onde o Estudante Estagiário

esteve inserido num Núcleo de Estágio constituído por mais dois Estudantes

Estagiários, uma Professora Cooperante e uma Professora Orientadora. Este

Relatório de Estágio é constituído por cinco capítulos, dos quais destaco os

seguintes três pela profundidade que têm acerca da experiência passada pelo

Estudante Estagiário. Enquadramento Pessoal (Capítulo 2) que espelha

características individuais, percurso académico e desportivo do Estudante

Estagiário, assim como expectativas e entendimento acerca do Estágio

Profissional. Enquadramento da Prática Profissional (Capítulo 3) representa a

caracterização do contexto institucional onde decorreu o Estágio Profissional. E

Realização da Prática Profissional (Capítulo 4), estando este último divido em

três áreas: Organização e gestão do ensino aprendizagem; Participação na

escola e relação com a comunidade; Desenvolvimento Profissional, que contém

um estudo de investigação do desempenho escolar de alunos praticantes e não

praticantes de desporto. A finalizar está uma reflexão onde está retratado de uma

forma geral o crescimento do Estudante Estagiário enquanto Professor de

Educação Física e Docente de uma Escola.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

FORMAÇÃO INICIAL; FUNÇÕES DO PROFESSOR; PROCESSO ENSINO

APRENDIZAGEM.

XIII

Abstract

This Student-teaching Practicum Report aims to reflect all the experiences,

learning and achievements of a Pre-service teacher, acquired during the Student-

teaching Practicum. The Student-teaching Practicum is the result of a stage, the

last of the initial training of teachers, in which are prearranged to practice all the

knowledge attained in the course of an academic formation started before, given

the real situations of school. The Student-teaching Practicum took place in a

school grouping in Vila Nova de Gaia, where the Pre-service teacher was

involved in Stage Center which consists of two Pre-service teachers, one

Cooperating teacher and a Faculty tutor. This Student-teaching Practicum Report

consists in five chapters, of which I highlighted the following three in the depth

they have on the past experience the Pre-service teacher. Personal framework

(Chapter 2) that reflects individual characteristics, academic and sports path of

the Pre-service teacher, as well as expectations and understanding of the

Student-teaching Practicum. Professional Practice Framework (Chapter 3) is the

characterization of the institutional context in which the Student-teaching

Practicum took place. Professional Practice of Realization (Chapter 4), being this

last one divided into three areas: organization and management of teaching and

learning; Participation in school and community relations; Professional

Development, which contains a research study on the academic performance of

students and practitioners and not practitioners of sports. The end is a final

reflection which is portrayed in general way, the growth of the Pre-service teacher

as a Professor of Physical Education and Teacher at a School.

KEYWORDS: STUDENT TEACHING PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION,

INITIAL TRAINING; TEACHER FUNCTIONS; TEACHING LEARNING

PROCESS.

XV

Lista de Abreviaturas

AC – Avaliação Criterial

AD – Avaliação Diagnóstica

AF – Avaliação Formativa

AS – Avaliação Sumativa

CN – Ciências da Natureza

DE – Desporto Escolar

DT – Diretor de Turma

DEF – Departamento de Educação Física

EC – Escola Cooperante

EE – Estudante Estagiário

EF – Educação Física

EJDC – Ensino de Jogos Desportivos Coletivos

EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FB – Feedback

MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de Instrução Direta

NE – Núcleo de Estágio

PA – Plano de aula

PC – Professora Cooperante

PES – Prática de Ensino Supervisionada

PO – Professora Orientadora

RE – Relatório de Estágio

SBV – Suporte Básico de Vida

UD – Unidade didática

1 – Introdução

3

1 – Introdução

“(…) procura-se fazer com que o estágio possa constituir um momento de

desafio, um potencial promotor do seu desenvolvimento mais alargado,

conducente a níveis de funcionamento mais elevados e à edificação de

um projeto de vida mais adequado às suas características e às do meio

circundante.” (Caires, 2001, p. 199).

O presente documento, denominado de Relatório de Estágio Profissional

(EP), surge no âmbito da prática de ensino supervisionado (PES) em contexto

profissional. Segundo as normas orientadoras da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP)1, esta experiência visa a integração na vida

profissional em contexto real de forma orientada. O EP é representativo da última

etapa do 2º ciclo de estudos em Ensino de Educação Física (EF) no ensinos

Básico e Secundário. Este relatório resulta da experiência vivenciada por um

Estudante Estagiário (EE) numa escola pública do terceiro ciclo e ensino

secundário durante um ano letivo. Segundo Batista e Queirós (2013) o EP

pretende capacitar um futuro Professor de Educação Física com ferramentas

que o ajudem a desenvolver-se nesta profissão. Neste documento estão

descritos os problemas, estratégias, pensamentos, resultados, novas

experiências que fui encontrando ao longo do ano letivo, a partir do momento em

que ingressei na Escola Cooperante (EC).

O EP decorreu num agrupamento de escolas de uma freguesia de Vila

Nova de Gaia, com um Núcleo de Estágio (NE), constituído por três EE, que

iniciaram também este processo final da formação de professores (Pacheco,

1995) que resulta de uma prática de ensino em contexto real (cit. de Lima,

Cardoso, Resende, Albuquerque, Castro, & Pimenta, 2014, p.79). Esta

experiência prepara-nos, a nós EE, para as exigências desta profissão,

1 Regulamento da unidade curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de mestre em Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP,

em vigor no ano letivo 2014/15, Matos, Z

4

mantendo-nos em desafios constantes. Não existe nenhum manual para

ultrapassar estes obstáculos, no entanto, segundo O’Sullivan (2003), devemos

procurar compreender, avaliar e desenvolver o contexto em que esta experiência

está contida, de modo a que os contributos desta se tornem importantes (cit. de

Batista, & Queirós, 2013, p.33). Visto que é a primeira vivência em contexto real,

tudo o que consegui adquirir foi bom para a minha evolução enquanto Professor.

Neste seguimento, esta primeira experiência na profissão fez com que

fosse adquirindo conselhos, experiências, reflexões e estratégias que me

ajudaram na construção da minha identidade profissional, tal como refere

Queirós (2014) quando nos diz que a entrada na profissão é uma fase importante

no desenvolvimento da identidade profissional.

Este documento está dividido em 3 capítulos principais, o capítulo 2, que

representa o enquadramento pessoal, o capítulo 3, o enquadramento da prática

profissional e o capítulo 4, a realização da prática profissional. O capítulo do

enquadramento pessoal discorre acerca das minhas experiências de vida que

me levaram a escolher este trajeto formativo e das expectativas que tinha para

esta experiência no EP. No capítulo do enquadramento da prática profissional

exponho o meu entendimento acerca do EP, caracterizo o contexto em que

estive inserido, assim como a EC, a minha turma residente e o NE do qual fiz

parte. Relativamente ao capítulo 4, este divide-se em 3 áreas. A área 1,

denominada de “Organização e gestão do ensino e aprendizagem”, que engloba

toda a experiência vivenciada desde a conceção até à realização, passando pelo

planeamento e por todos os instrumentos que fui utilizando nestas fases, tais

como as diversas tarefas do professor, dimensões de intervenção do professor,

estratégias de controlo da turma e melhoramento da instrução. Nesta área estão

também explícitas todas as dificuldades enfrentadas e os procedimentos

encontrados para as ultrapassar. Na área 2, “Participação na escola e relação

com a comunidade”, são apresentadas todas as experiências que tive extra aula,

porque ser professor não é simplesmente dar aulas, um professor deve ser um

membro ativo na comunidade escolar, ser um estudioso do meio social e cultural

dos seus alunos (Cunha, 2008), e esta área apresenta todas essas outras

funções que eu enquanto professor tive, tais como o Desporto Escolar (DE),

Visitas de estudo, direção de turma, entre outras. Por fim, na área 3,

“Desenvolvimento Profissional”, é apresentado um estudo de investigação que

5

realizei na EC ao longo do ano, onde investiguei se a prática desportiva e a sua

exigência podiam influenciar o desempenho escolar de alunos do 3º Ciclo e

ensino secundário. Esta investigação foi realizada com recurso a um

questionário elaborado pelos EE e ao programa IBM SPSS Statistics 24.

2. Enquadramento Pessoal

9

2. Enquadramento Pessoal

2.1. Eu, enquanto aspirante a Professor de Educação Física

Como aspirante a professor de Educação Física, destaco as qualidades:

o gosto em lidar com crianças e a enorme paixão pelo Desporto. Também podia

enveredar por uma via enquanto treinador, que é algo que exerci, numa

experiência iniciada no ano letivo 2015/2016, mas na escola há uma parte

pedagógica que me desperta bastante interesse e que na competição não está

tão presente, principalmente, no futebol que é o meu desporto de eleição.

No que se refere aos dois argumentos utilizados anteriormente, que

justificam o meu gosto pelo ensino de Educação Física, considero que se

explicam da seguinte forma: a paixão pelo desporto despontou-se cedo, quando

aos 8 anos de idade comecei a jogar futebol, e durante 13 anos fui federado.

Mas só o futebol não chegou. Na minha pré-adolescência e adolescência tive a

sorte de ter familiares mais velhos que também estudaram nesta área e “fizeram-

me” gostar um pouco de tudo, e não apenas do futebol. Esta ideia de

aprendizagem através das vivências com os outros é defendida por Vygotsky

(1978) (cit. por Gomes, 2014) quando defende que as interações com os outros

resultam numa aprendizagem, onde são destacados os fatores externos no

desenvolvimento de fatores internos.

Relativamente ao gosto em trabalhar com crianças e jovens, julgo que

parte um pouco do trabalho que faço há alguns anos em colónias de férias para

crianças. Este trabalho fez com que eu percebesse a importância que um

monitor, professor, educador, pedagogo, pode ter no crescimento de um

indivíduo. Essa importância faz com que me sinta útil, porque na verdade todo o

trabalho que tenho nas colónias, além do divertimento e todas a experiências

que se fornece às crianças, tem um fim ou um objetivo, que é de as fazer crescer.

O mesmo acontece na escola, onde os professores apesar de terem que ensinar

toda a matéria, ajudar os alunos a atingir bons resultados, deve

fundamentalmente ajudá-los a crescer com valores como o respeito, aceitação,

autonomia, responsabilidade, o saber trabalhar em grupo, superação, e assim

10

prepara-los para a vida. Vygotsky (1978 e 1998) (cit. por Gomes, 2014) afirma

que um indivíduo pode desenvolver-se para um plano superior quando existem

contextos socialmente favorecedores. No seguimento desta ideia, as

experiências que tive neste contexto semelhante à escola (colónias de férias)

podem ter sido fulcrais no gosto pelo crescimento das crianças e formação de

pessoas. Toda a responsabilidade que um professor tem (ou deveria ter), para

mim torna-se desafiante, cativante e faz com que tenha todo interesse em

participar no crescimento das crianças, dos futuros adultos.

Estas são as duas razões principais que me fazem ter a certeza que são

áreas que eu quero desenvolver na minha vida profissional, a educação e o

desporto. E apesar da situação atual do mercado de trabalho nestas áreas não

ser a melhor, sinto-me um privilegiado em poder ter uma opção profissional que

me faça atuar em ambas as áreas em simultâneo.

Quanto aos meus defeitos e aspetos que procurei melhorar, considero

que são a teimosia, desleixo e orgulho. Tive algum receio que estes traços da

minha personalidade pudessem causar-me problemas. Na teimosia, entrar em

conflito com alguém, até mais velho que eu e arranjar problemas na escola com

os professores. No desleixo, podia ser o facto de demorar muito tempo a corrigir

trabalhos e testes, ou deixar alguma tarefa para trás que devia ser feita ao longo

do ano e depois ter trabalho acumulado no final deste, o que consequentemente

me levaria a fazer tudo à pressa e nem sempre da melhor forma. O orgulho

também podia causar-me problemas na medida em que, por vezes, tenho

dificuldades em dar razão às outras pessoas, ceder ou pedir desculpa, sendo

este é um aspeto que também está intrinsecamente ligado à teimosia. Contudo,

na minha perspetiva, o principal aspeto que emergiu da experiência da PES foi

tentar melhorar a minha postura nos momentos em que tenho de repreender

algum aluno. Isto porque tenho uma personalidade bastante descontraída, o que

também mostrou ser uma característica positiva na maioria dos casos, porque

deixou os alunos desinibidos e motivados para a prática desportiva. No entanto,

esta característica também tem o seu lado negativo, designadamente nos

momentos de repreensão. Apesar de ter uma personalidade mais relaxada, senti

que devia tentar ser também mais assertivo, para que os alunos entendessem

bem quais são os momentos de descontração e os momentos de seriedade.

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Primordialmente, para corrigir esta característica propus-me a uma

estratégia que passava pela transmissão de uma mensagem logo após o início

do ano letivo com a(s) turma(s). Nessa mensagem foi explicado que tenho uma

personalidade descontraída, no entanto, se tivessem comportamentos que não

os desejados, seria obrigado a tomar medidas mais sérias. Esta conversa teve

bons resultados, porque os alunos ficaram com uma imagem de mim mediante

aquilo que eu lhes disse. Mais ainda, a imagem que ficou foi a de descontraído,

mas quando necessário, repreendedor. Por conseguinte, sempre que observava

algum aluno a ter um comportamento errante, adotava uma expressão facial

mais séria, para que se lembrassem da conversa inicial do início do ano.

2.2 O que esperava do Estágio Profissional?

Para o ano letivo em questão tinha bastantes expectativas, no que diz

respeito aos alunos, comunidade educativa, grupo de EF, PC e PO.

Relativamente aos alunos, já esperava encontrar algumas caras

conhecidas, como irmãos, primos, filhos de pessoas pertencentes ao meu círculo

de amigos e conhecidos. Isto porque realizei o Estágio Profissional numa zona

onde vivo há 17 anos e numa escola que frequentei no 3º Ciclo. A possibilidade

de conhecer os meus alunos poderia ser vantajosa, pelo acesso a alguns dados

de suas vidas pessoais, relevantes para as aulas, como por exemplo o ambiente

familiar em que estavam inseridos e o nível socioeconómico familiar e, em

particular, no entendimento de alguns comportamentos, atitudes e situações. Por

exemplo, faltas de atenção em casa, ou a falta de material para as aulas, podiam

ser fatores ligados ao ambiente familiar ou nível socioeconómico. No entanto,

esta vantagem poderia tornar-se numa desvantagem, porque os alunos que me

reconhecessem podiam manisfestar a incapacidade de separar contextos e não

perceber que na escola eu assumia o papel do Professor.

Por este motivo, no início do ano perspetivei também ter conversas

pontuais com alguns alunos para que entendessem que na escola estavam num

contexto diferente daquele podiam estar habituados na sua vida pessoal, mas

tal não foi necessário.

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No que concerne à Comunidade Educativa, tinha bastantes expectativas

em perceber como lidar com Professores num contexto fora das aulas.

Designadamente, em contextos mais descontraídos, principalmente com

professores que foram meus, noutros tempos, e, agora, meus colegas de

profissão.

Ainda quanto à Comunidade Educativa, esperava aprender imenso com

a experiência de outros professores, principalmente porque a grande maioria

tinha pelo menos vinte anos de experiência de ensino, o que me faria crescer

imenso enquanto professor. Mais especificamente, o grupo de Educação Física

também me criou bastantes expectativas, porque a ideia que tinha é que era a

de um grupo bastante unido, descontraído, trabalhador e empenhado. Assim foi,

muita descontração, mas nos momentos de trabalhar e de organizar as

atividades curriculares da escola, não falhava em nada. Por este motivo,

considero que o grupo de Educação Física foi um grande meio de aprendizagem

para mim neste ano de Estágio Profissional, uma vez que foi o grupo de

professores com que tive mais contacto no dia a dia da escola.

No que diz respeito à PC, inicialmente foi a pessoa que me criou mais

expectativas, visto que, para além de já ter sido minha professora na mesma

escola, também foi orientadora de alguns amigos meus. E com base na opinião

que eu criei enquanto aluno, acrescida dos feedback(s) (FB) que tive dos seus

estagiários, estava convicto que era uma pessoa que me iria ensinar bastante,

não só enquanto professor de Educação Física, mas também enquanto docente

da escola e educador de pessoas, pelos valores que defende e transmite, pela

experiência que tem na escola e como Professora de Educação Física. Assim,

as espectativas foram não só cumpridas como ultrapassadas, pela oportunidade

de a conhecer melhor enquanto pessoa, professora e mentora, e pela

transmissão de seu gosto enorme por esta profissão.

Para finalizar, quanto à PO, a única expectativa que tinha era a de

aprender muito no decorrer deste ano, principalmente em aspetos relativos ao

suporte e organização documental, gestão do meu tempo e construção do RE,

enquadrado no que a faculdade solicita. Não tinha muitas mais expectativas

referentes à PO porque para além de não a conhecer, também não sabia como

eram os seus métodos de trabalho. Neste sentido, a PO foi sem dúvida um pilar

importantíssimo na construção deste relatório, mostrando-se sempre disponível

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para esclarecer todas as dúvidas que foram surgindo, fornecendo materiais para

a construção do mesmo e criando etapas na sua elaboração, de maneira a

organizar-me no trabalho durante todo o ano.

Com isto tudo, e apesar de ter numerosas expectativas, sabia que nem

tudo seria um mar de rosas. Mas são as dificuldades que enfrentei nesta

experiência que também me fizeram crescer, enquanto professor e enquanto

pessoa, as mais marcantes das quais, exploradas nas páginas seguintes deste

relatório. Desta forma, chego ao final desta experiência e concluo que o percurso

não foi fácil, mas as aprendizagens que dele retirei foram enriquecedoras e

compensatória no que ao esforço concerne.

3 – Enquadramento da Prática Profissional

17

3 – Enquadramento da Prática Profissional

Antes de mais, tomei a decisão de fazer uma pesquisa acerca do que é

ou deve ser a escola para vários autores. Esta decisão no meu entender é

importante porque a minha Prática Profissional é realizada numa escola.

A escola é uma organização que apesar de ser reconhecida em qualquer

lugar, não tem uma definição específica. Nesse sentido existem várias metáforas

e conceitos de diversos autores que traduzem isso. Segundo Foucoult (cit. por

Elias, 2008, p. 36) a escola é uma cadeia de montagem onde os alunos andam

em fila para poderem ser controlados. Para Sedano e Pérez (cit. por Elias, 2008,

p. 36) a escola é como uma empresa educativa cujo objetivo é a criação de

alunos bem formados e socializados. Santos Guerra (cit. por Elias, 2008, p. 37)

metaforiza afirmando que a escola é um teatro onde todas as personagens

apesar de terem os seus próprios papéis nunca perdem a sua identidade

pessoal. Finalmente, Canário (2005) defende que escola funciona como uma

fábrica de cidadãos, sendo assim um pilar importantíssimo para a construção da

sociedade e dos seus cidadãos. Tem um papel fulcral na unificação da cultura,

linguística e politica. Assim sendo, podemos reparar que a escola pode ser

caracterizada de várias maneiras, mas em todas elas o cerne do pensamento

são os alunos e a maneira como fazê-los crescer.

Por conseguinte, e sendo a escola uma transmissora de cultura, segundo

Durkheim (cit. de Elias, 2008), o professor tem um papel importantíssimo no

desenvolvimento pessoal e social dos jovens (Cunha, 2008), assim sendo, a

escola assume um papel fundamental na evolução da sociedade e na formação

das novas gerações. É uma instituição onde toda a população pode ter acesso

e frequenta-la, na devida faixa etária e na devida função. Apesar de todas as

escolas terem o mesmo propósito, não existem duas escolas iguais, tendo cada

uma as suas próprias ideias, cultura, organização e estrutura.

Segundo Cândido (cit. por Bueno, 2001, p. 5), “…cada escola é uma

instituição social ímpar, única, com características próprias, fruto de sua história

e das relações sociais ali estabelecidas”.

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Sendo então uma instituição que se denomina para todos, esta possui

autonomia de forma a combater a exclusão, racismo, preconceito. A escola

defende diversidade Humana de maneira a dar igualdade nas oportunidades.

“(…)a escola possui um espaço de autonomia que lhe permite, dentro dos

limites, se constituir em frente de resistência aos processos de seletividade e de

exclusão (…)” (Bueno,

2001, p. 5).

A figura 1 é bem

representativa do que a

escola deve ser, isto é,

valorizar a diferença de

maneira a permitir

igualdade e justiça, se

assim não for e der igualdade sem analisar os contexto e as situações, a

igualdade vai ser injusta. A sociedade e o Estado cada vez mais querem uma

escola para todos, mas também uma escola exclusiva de cada aluno, de forma

a conseguir incluir todo o tipo de crianças e famílias, como por exemplo com

dificuldades socioeconómicas, emigrantes, de outra etnia, com necessidades

educativas especiais, entre outros (Cunha, 2008, p. 8). Esta escola de massas

(que apareceu após a segunda guerra mundial) é um fenómeno que faz

aumentar cada vez mais a diversidade cultural e social escolar. Neste sentido,

Bourdieu (cit. por Elias, 2008, p. 52) afirmou que, a escola é uma reprodutora de

cultura. Por me rever nestas últimas ideias que foram apresentadas acerca de

como deve ser a escola, realizarei o meu Estágio Profissional (EP), tentando

respeita-las e cumpri-las ao máximo.

3.1. Entendimento sobre o Estágio Profissional

A unidade curricular EP corresponde à última etapa de conclusão do 2º

Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,

conferindo a possibilidade ingresso na carreira docente. Nesta fase é feita uma

conjugação de todo o suporte teórico já, adquirido numa formação inicial anterior,

com a prática supervisionada na escola.

Figura 1 - Igualdade pode não ser justiça

19

No EP mobilizam-se todos os conhecimentos adquiridos nas didáticas

específicas da disciplina de EF, da Identidade Profissional, código deontológico

entre outros temas que foram abordados no primeiro ano deste 2º ciclo de

estudos. Tal como Silva, Batista e Graça (2014, p. 115) referem, “o 2º ano é

ocupado principalmente com a realização do estágio profissional, que procura

desenvolver, essencialmente, competências no campo da ação, através da

prática. Assim os estudantes tornam-se ‘professores’ através da realização de

um estágio profissional em contexto real de prática pedagógica supervisionada

(…)”.

Com efeito, a PES é a experiência mais próxima que o EE tem com o

contexto real da escola e da profissão de Professor. Deste modo, é na PES que

o EE começa a conhecer melhor a profissão em que quer ingressar vivendo-a

de uma maneira real durante todo o ano letivo, possibilitando não só a

experiência de como é ser Professor, como também a oportunidade de perceber

como funciona a escola, e o estar inserido na comunidade educativa e na cultura

escolar. Lave e Wenger (1991) (cit. por Queirós, 2014, p. 68) reiteram este

entendimento ao referir que “contexto de ensino, assume-se como determinante

pois é no contacto com os espaços reais que o Estudante Estagiário conhece os

contornos da profissão, tornando-se, pouco a pouco, um membro dessa

comunidade educativa.”.

A entrada na profissão de Professor é feita pouco a pouco, e, nesta fase

final de formação, os conhecimentos do EE ainda estão frescos para os mobilizar

para a prática e os transmitir aos alunos. No entanto, inicialmente, o EE enfrenta

um choque com a realidade. Neste âmbito, Queirós (2014, p. 73) afirma que “o

‘choque com a realidade’ transformou-se deste modo numa expressão

vulgarmente utilizada para se referir à situação pela qual passam os professores

no seu primeiro contacto com a docência, quando os dilemas vividos assumem

uma dimensão assustadora, fruto muitas vezes de um distanciamento entre o

idealizado e o realmente vivido.”

Apesar de todas as experiências já vivenciadas e de todos os

conhecimentos adquiridos durante a formação inicial, o EE vai cometer alguns

erros que só serão colmatados com a apropriação de mais conhecimentos,

conhecimentos esses que são desmontados analiticamente por Shulman (1986,

1987) em conhecimento do currículo, conhecimento dos alunos, conhecimento

20

cientifico, conhecimento didático e conhecimento cientifico-pedagógico, onde

está incluída a disciplina de Educação Física, a familiarização com as políticas

educacionais, relação com os alunos e funcionários, e, ainda, com os outros

professores mais experientes, nomeadamente o PC e a PO, tal como refere Silva

et al. (2014, p. 116), “a realidade da escola e a complexidade das múltiplas

tarefas que a profissão encerra são elementos com que o estudante estagiário

se debate…”.

Um outro aspeto importante do estágio profissional é o desenvolvimento

profissional. Segundo Graça (2014, p. 44), “a construção da identidade

profissional do professor está longe, pois, de ser uma obra solitária de uma

vontade individual…Ela resulta de um jogo complexo de processos de formação

e socialização…”. A identidade profissional não é algo estanque, ou seja, todos

os dias ela está em construção, e o EP dá uma grande ajuda ao EE com todos

os sucessos e insucessos, vivências na escola e conhecimentos adquiridos.

Sachs (2010) refere que a identidade é como um processo complexo, dinâmico,

aberto e contínuo. E sendo o EP a primeira experiência como Professor, este

configura-se com a base de uma identidade profissional em construção e

desconstrução no decorrer deste ano letivo.

Neste processo de construção, o EE encontra no EP o apoio de dois

professores, o PC e o PO. Estes dois professores têm a responsabilidade de o

orientar e criar metas, objetivos para que o EE tenha a maior evolução possível

no decorrer dessa sua experiência e culmine com um crescimento ilustre, tal

como defendem Silva et al. (2014, p. 116), “(…) o processo de estágio tem como

bússola um currículo estruturado que fornece tanto ao estudante estagiário,

como ao professor cooperante e ao orientador da faculdade objetivos a alcançar,

bem como metas sobre o quê, e como deve ser desenvolvido e experienciado o

processo de estágio”.

Apesar de esta ser a última fase deste ciclo, não quer dizer que a

formação e a aprendizagem termine aqui. A formação do professor não deve ser

pontual, estática e apenas durante o seu percurso académico, mas antes

contínua e constante e através de muitas outras situações que não apenas os

conhecimentos académicos, tal como Cunha (2008, p. 99) salienta, “(…) o

desenvolvimento pessoal, social, ético, profissional e científico do professor, a

formação é um processo eminentemente pessoal, construído pelo próprio

21

sujeito, baseando-se nas suas próprias vivências, nas suas experiências,

motivações e projetos de vida (…) contrário a um processo linear, que se constrói

por acumulação de conhecimentos, ou de cursos que se possam frequentar

(…)”.

3.2. Enquadramento Legal e Institucional

No que concerne ao enquadramento legal do EP da FADEUP, este inclui-

se no Decreto Lei nº43/2007 de 22 de fevereiro2 que se refere ao grau de Mestre

e à obtenção de habilitação profissional para a docência, estando inserido no

segundo ano do 2º ciclo de estudos em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário. O EP tem a duração de um ano letivo numa escola onde o

EE deve cumprir no máximo possível e que lhe seja permitido a função de

Professor no seu todo.

No início do ano letivo, o EE é colocado numa EC juntamente com mais

um a três EE que formam assim o NE. Este núcleo é acompanhado por dois

orientadores, um na escola, e outro na faculdade.

Esta experiência visa integrar o EE na vida profissional de forma

progressiva e orientada. Através da PES, são desenvolvidas competências que

permitem ao EE ser um bom profissional na área em questão. Estas

competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física e

Desporto de qualidade e organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, onde está

presente a conceção, planeamentos (anual, de unidades didáticas e de aulas),

realização na prática e avaliação.

II. Participação na Escola e Relação com a comunidade. Nesta área estão

presentes as atividades em que o EE participa extra aula, como os corta matos,

meeting, visitas de estudo e direção de turma.

2 Regulamento da unidade curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de mestre em Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP,

em vigor no ano letivo 2014/15, Matos, Z.

22

III. Desenvolvimento Profissional está representado um estudo de

investigação realização no decorrer do EP na EC.

3.3 - Enquadramento Funcional

3.3.1 – Caracterização da minha Escola Cooperante

A escola onde realizei o EP situa-se na freguesia de Pedroso do Concelho

de Vila Nova de Gaia. Uma zona marcada por um ambiente misto entre o rural e

o citadino, que tem presente bastantes estabelecimentos de ensino, assim como

uma instituição de solidariedade social, um lar juvenil, que está localizada a

paredes-meias com a escola.

A escola conta com cerca 600 alunos do 3º ciclo e ensino secundário. Por

ser uma zona híbrida (ambiente rural e citadino), alguns alunos têm dificuldades

socioeconómicas, chegando a ter apoios da Ação Social, principalmente os

alunos residentes no lar juvenil. No entanto, o contrário também acontece, onde

alguns alunos têm um nível socioeconómico estabilizado, tendo por vezes um

nível de vida acima da média.

Sendo uma escola reconstruída há relativamente pouco tempo, conta com

instalações bastante recentes e em boas condições. A escola disponibiliza cinco

pavilhões, mais o pavilhão polidesportivo e um espaço exterior desportivo

(Figura 2). Os pavilhões estão nomeados de A a E, e cada um tem as suas

próprias características interiores. Sendo que o pavilhão A contém a direção, a

secretaria, biblioteca, sala de professores, sala de reuniões e atendimentos de

pais, reprografia, salas de TIC, telefonista e o gabinete de ação social. O pavilhão

B é composto maioritariamente por salas de aula, mas também por um auditório

e uma sala designada para a Associação de Estudantes. No pavilhão C

encontram-se as salas de aula/laboratórios equipadas para as disciplinas de

Ciências da Natureza e Físico-química. No pavilhão D, as salas indicadas para

as disciplinas das artes visuais e tecnológicas. O pavilhão E contém salas de

aula normais no andar de cima, e no andar de baixo está a cantina, papelaria,

bar, polivalente e a sala dos funcionários. O pavilhão polidesportivo, conta com

dois espaços interiores, o espaço grande tem a dimensão de um campo

23

andebol/futsal e pode ser dividido em dois espaços (duas aulas em simultâneo)

e o espaço pequeno conta com a dimensão de três campos badmínton lado a

lado, que dá para lecionar mais uma turma. Para finalizar, o espaço exterior tem

um campo de futsal/andebol ou três campos de basquetebol dentro do mesmo

espaço, uma pista de atletismo em redor dos campos e uma caixa de areia com

duas entradas. Este espaço exterior pode receber mais duas turmas, se uma

estiver nos campos e outra nas zonas de atletismo. Por este motivo, o espaço

desportivo interior e exterior têm a capacidade para o trabalho simultâneo de

cinco turmas num mesmo período letivo. No entanto no decorrer do ano e

segundo o roulement, nunca estão mais do que três turmas em aulas de

Educação Física ao mesmo tempo. Esta organização dos espaços de aula logo

desde o início do ano letivo permitiu-me fazer um planeamento antecipado das

matérias de ensino que quis abordar ao longo do ano letivo, simplificando assim

um pouco o meu planeamento.

Figura 2 Escola Cooperante (EC)

No que diz respeito ao grupo de Professores de Educação de Física,

desde início que senti que era um grupo com bom ambiente, onde todos

apresentavam um espirito prático e estavam dispostos a ajudar. Dois aspetos

caracterizantes da área do desporto.

24

Devido à junção do agrupamento de escolas, este grupo era constituído

por professores não só do 3º ciclo e secundário, mas também do 2º ciclo,

pertencentes a outra escola. Por ser uma situação organizativa recente, fez com

que se notasse algumas faltas de rotinas na preparação das atividades. No

entanto, como já eram todos bastante experientes e colaboradores, foi fácil

chegar a consensos para a organização, participação e construção das

atividades da escola.

Acresce, que foi bastante enriquecedor trabalhar com todos os

professores deste grupo, sempre dispostos a ajudar-me e a partilhar as suas

experiências para que eu pudesse evoluir enquanto Professor.

Até à chegada ao EP fui enriquecendo o meu saber teórico em quantidade

(quer na licenciatura, quer no 1º ano de mestrado). Com a chegada à prática,

esse saber quase que se desfez, isto é, o que parecia tão consolidado na teoria,

desmantelou-se na prática. Desta feita, foi com a ajuda dos professores deste

grupo que fui conseguindo usar os vários tipos de conhecimento, principalmente

o didático e o cientifico-pedagógico (Shulman, 1986, 1987), de uma maneira

mais correta e adaptada à realidade. Visto que convivi com estes professores

diariamente, tive a oportunidade de aprender com todos por intermédio de

conversas formais acerca da nossa disciplina, educação, escola, mas

principalmente, através de conversas mais informais e descontraídas onde foram

partilhadas experiências e estórias muito ricas para o meu crescimento

profissional.

3.3.2 – A minha Turma (residente)

O conhecimento do contexto da turma é essencial para o desempenho do

professor, para que assim possa adaptar as matérias de ensino às necessidades

individuais e gerais da turma, com o intuito de lhes proporcionar maior qualidade

no ensino. Para o efeito, construí um questionário de caracterização individual

dos alunos. Este questionário abrangia as áreas relativas à saúde, desporto,

família, transportes para a escola e residência.

Ao longo do presente ano letivo tive como turma residente uma turma de

9º ano. Esta turma era constituída por 26 alunos, 12 raparigas e 14 rapazes. A

25

média de idades situava-se nos 14 anos. Contudo, a amplitude de idades era

entre os 13 e os 17 anos. A turma contava com 2 retenções do ano anterior.

A grande maioria era residente na freguesia pertencente à escola e

arredores, aspeto relevante no que diz respeito aos acessos à escola. A nível

desportivo, quatro rapazes praticavam futebol, duas raparigas que praticavam

andebol e badminton e 4 raparigas faziam dança. Outros alunos praticavam

desportos como hóquei, ténis, natação, voleibol, taekwondo e ginásio. Dessa

forma considerei ser uma turma bastante ativa a nível desportivo, sendo que

mais de metade tinha ligações ao desporto. Este aspeto foi pertinente porque já

sabia à partida que podia planear aulas mais exigentes ao nível motor (por

exemplo), visto que a turma corresponderia positivamente.

Nesta turma pude ainda retirar outras informações importantes para o

meu planeamento, como o facto de haver 2 alunas com problemas físicos de

nascença (uma com paralisia no braço esquerdo e outro com impossibilidade de

fletir o membro inferior esquerdo) e 4 com alguns problemas de saúde (rinite,

diabetes e dois com asma), que embora estivessem todos controlados foi um

aspeto sempre a ter em atenção.

Na primeira aula percebi logo que era uma turma bastante interessada na

disciplina de EF, no entanto demasiado extrovertida, criando momentos de

distúrbio nas aulas, mas que com uma repreensão no momento certo e com o

tom certo se controlava bem, tal como demonstra o seguinte excerto de reflexão

de aula:

“Durante a minha apresentação os alunos comportaram-se de forma

adequada, mostrando-se até algo interessados (…). Na primeira e

segunda vez optei por manda-los calar sem dar muita ênfase (…). À

terceira vez, decidi interromper quem se estava apresentar e repreender

de forma bem mais séria o grupo de alunos que estava a falar. Desde aí

correu tudo com normalidade.” (Reflexão da aula n.1, aula de

apresentação, 18 de Setembro de 2015).

3.3.3 – Núcleo de Estágio

Para Cardoso, Batista e Graça (2014) este percurso é um processo

interativo que requer um ambiente favorável e facilitador de relações que são

26

estabelecidos na comunidade de prática. Assim sendo, o trabalho em equipa e

a entreajuda com a comunidade foram aspetos cruciais. É nesta perspetiva que,

um NE coeso e com uma boa relação revela ser uma peça fundamental. Apesar

de no início este aspeto não ter sido fácil de se concretizar, com uma conversa

entre todos os elementos do núcleo, chegamos à conclusão que só tínhamos a

ganhar se assim fosse. A partir desse momento, a sensação de estar integrado

numa equipa esteve sempre presente. Desta forma, conseguimos dar uma boa

resposta ao trabalho que tivemos pela frente.

Relativamente à PC, segundo Rodrigues (2013), esta tem a missão

ensinar e facilitar a aprendizagem do EE, ajudar no seu desenvolvimento

tornando-o num bom profissional, contribuir para um bom clima relacional, ajudar

a desenvolver a parte reflexiva, e o gosto pelo ensino. Por tudo isto, a PC teve

um papel fulcral no decorrer de todo EP. Transmitiu-me imensos conhecimentos,

acompanhou todo o meu processo de planeamento e realização, no entanto,

dando sempre espaço para poder ser autónomo e realizar as minhas escolhas,

tal como também Rodrigues (2013) defende. Esteve ainda sempre disposta a

ajudar-me no que fosse preciso, incansável no fornecimento de todas as

ferramentas que precisasse para que meu papel enquanto professor fosse o

mais completo possível.

Passando para a PO, de acordo com Albuquerque, Graça e Januário

(2005), tem funções como criar no EE hábitos de análise da própria prática, levar

o EE a tomar consciência dessa prática, discutir com o EE as suas planificações,

observar aulas e respetivo balanço e discutir as avaliações diagnósticas,

formativas e sumativas do estagiário, e sendo assim também teve uma influência

positiva enorme neste processo. Deu-me um acompanhamento contínuo e

esteve sempre disponível a responder às nossas dúvidas. Apesar de ter um

papel mais dirigido para a parte de suporte documental do EP, sempre foi muito

prestável e ajudou-me em qualquer que fosse a situação (ex.: construção do

relatório, unidades didáticas, organizações de aulas, entre outros aspetos). Para

que isto tudo se realizasse, foi necessário que se criassem algumas ações

práticas que Albuquerque et al. (2005) identificam como: criar um clima que

permita ao orientador ouvir os problemas do EE e definir as respetivas soluções;

observar e analisar a reações do EE nas aulas; ajudar o EE a analisar as ações

dos alunos; criar condições ao EE para que ele adquira conhecimentos

27

necessários para o ensino das Unidade(s) Didática(s) (UD); ajudar o EE a

adaptar-se aos diferentes níveis dos alunos; fazer com que o EE tome

consciência do fatores favorecedores das aprendizagens; e ajudar o EE a

perceber os fatores que permitem a adesão à turma.

4 – Realização da Prática Profissional

31

4 – Realização da Prática Profissional

4.1 – Área 1: Organização e gestão do ensino aprendizagem

4.1.1 – Conceção

“Todo o projeto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida na

conceção e conteúdos dos programas ou normas programáticas de

ensino, nomeadamente a conceção de formação geral, de

desenvolvimento multilateral da personalidade e do grau de cientifidade e

relevância pratico-social do ensino” (Bento, 2003, p. 7).

O professor tem tarefas que deve realizar, para cumprir bem a sua função,

que não é apenas a produção de conhecimento (Saviani, 1997). Essas tarefas

passam pela planificação, realização e avaliação. Bento (2003) refere que, a

conceção é o ponto de partida para realizar todo o planeamento. Depois do

professor ter a sua ideia fundamentada acerca da EF, e, em conjunto com o

programa do Ministério da Educação e da própria escola, é preparado o

planeamento. A conceção do Professor não deve ser estanque, porque com as

vivências práticas através da lecionação, deve-se ter a capacidade de alterar as

ideias iniciais para que o professor possa evoluir, quer no seu planeamento, quer

na sua ação.

Qual é a minha conceção de Educação Física?

Para mim Educação Física é uma disciplina que tal como todas as outras

deve ajudar os alunos a crescer enquanto pessoas e a formá-los enquanto

cidadãos de uma sociedade. No entanto, ao contrário de todas as outras

disciplinas, esse crescimento não é feito apenas através da parte intelectual. Na

EF o crescimento e o desenvolvimento do aluno é através da junção de dois

aspetos, intelectual e físico, tal como defende Crum (1993) (cit. por Batista &

Queirós, 2015) ao dizer que a EF tem “três papéis principais: aquisição de

32

condição física, estruturação do comportamento motor e formação pessoal,

cultural e social”. É a única disciplina que educa o indivíduo através do corpo,

daí ser uma disciplina tão rica e como mais nenhuma.

Por isso, o professor de EF tem a responsabilidade de construir o

processo que acha mais adequado para o ensino desta disciplina, através de

práticas desportivas carregadas de intencionalidade educativa, com significado

cultural, que proporcione prazer aos alunos e que transmita os valores do

desporto (Batista & Queirós, 2015). Contudo, este trabalho não é fácil, porque

segundo Bento (2003), o professor de EF na conceção do ensino da sua

disciplina deve abarcar as seguintes ações pedagógicas: a matéria do programa,

a organização dos conteúdos de forma a promover o desenvolvimento e

crescimento dos seus alunos e pela exercitação dos seus alunos aquando do

ensino desses conteúdos. Assim sendo, podemos afirmar que o papel do

professor de EF não passa somente pelo domínio dos conteúdos desportivos.

Este deve ter um domínio na organização de tarefas práticas, capacidade de

lidar com pessoas, resolver conflitos (por vezes bastante evidentes nas aulas de

EF) e capacidade de utilizar o desporto como passagem de valores sociais. Para

mim, este último é o mais importante, porque é através dessa transmissão de

valores que os alunos aprendem a viver em sociedade e aprendem a ter hábitos

de vida saudáveis. Assim no futuro os alunos podem utilizar o desporto como

forma de melhorar a sua qualidade de vida. Neste seguimento Guedes e Guedes

(1996) afirma que as práticas de atividade física realizadas na juventude são

importante no desenvolvimento de atitudes e hábitos de vida saudável na idade

adulta (cit. de Darido, 2012, p.39)

4.1.2 – Planeamento

Para realizar um planeamento é necessário que exista uma reflexão

antecipatória acerca do controlo e da direção da disciplina (Bento, 2003).

Segundo Mesquita (1997) para a realização de um planeamento eficaz deve-se

cumprir as três tarefas seguintes: determinar o que se quer fazer, escolher como

fazê-lo e realizar o plano. Sendo que a determinação do que fazer passa pela

definição dos objetivos, escolher como fazê-lo passa pela definição das

33

estratégias e formas para chegar aos objetivos, e a realização do plano é o

culminar das duas ideias anteriores registadas em suporte documental. Durante

o planeamento este deve responder as seguintes questões: O quê? Quando?

Para quem? Onde? E Para quê?

No entanto, não se consegue planear por completo, porque o ensino é

criado na conceção e recriado na ação. Desta forma, apenas conseguimos

atingir alguns dos aspetos do ensino aprendizagem (Bento, 2003). O mesmo

autor também refere que, a planificação aumenta a eficácia didática do professor,

assim como a sua segurança na ação. Deste modo, podemos afirmar que esta

segurança ajudará o professor a recapitular o planeamento na ação. Ainda o

mesmo autor também afirma que planear dá liberdade na aula para o professor

poder ter criatividade e assim, poder resolver mais facilmente problemas de

planeamento que possam surgir.

O planeamento do professor deve ser dirigido para o ensino dos

conteúdos programados, de maneira a garantir a educação e formação dos

alunos. Planear tendo em conta a educação e a formação dos alunos requer que

se planeie por níveis com base nos objetivos conteúdos e métodos, tudo isto

sem esquecer as condições pessoais, sociais, materiais e locais, para que assim

o processo de desenvolvimento seja adequado a cada tipo de personalidade dos

alunos (Bento, 2003). Este último aspeto, a meu ver, é o mais importante para

que assim a escola possa ser inclusiva, e uma escola para todos, como já foi

referido ao longo deste documento.

No EP foram realizados três níveis de planeamento, do mais geral para o

mais específico (macro, meso e micro) (Bento, 2003). Estes três níveis de

planeamento devem ser uma previsão, podendo assim ser alterados e

melhorados sempre que necessário. O planeamento macro, é denominado como

plano anual, e é realizado no início do ano letivo contendo diversos assuntos

como a calendarização e estrutura das matérias, roulement, recursos disponíveis

e atividades realizadas na escola. O planeamento meso, refere-se ao plano das

UD(s). Este planeamento é realizado no início de cada modalidade tendo em

conta aspetos como o plano anual, conceção do ensino e recursos disponíveis,

avaliação diagnóstica e matéria de ensino. Por último, o planeamento mais

específico, o micro, corresponde ao plano de aula (PA). Este último planeamento

34

deve contemplar os aspetos da unidade didática, a fim de se definir quais as

atividades a realizar nas aulas para que os objetivos propostos sejam cumpridos.

A construção destes planeamentos foi realizada por recurso ao Modelo de

Estrutura de Conhecimento (MEC) de Vickers (1990).

Como é constituído o MEC?

O MEC é constituído em três fases: análise, decisão e aplicação. Ao longo

da construção deste modelo, as quatro categorias transdisciplinares estão

sempre presentes: cultura desportiva, habilidades motoras, conceitos

psicossociais e conceitos fisiológicos. Na área da análise estão representados

os módulos 1, 2 e 3. Na decisão estão os módulos 4, 5, 6 e 7. E na aplicação

está o módulo 8 (Vickers, 1990). Na minha experiência pessoal, este modelo

serviu não só para planear anualmente, mas também em cada unidade didática.

Por isso a seguinte caracterização do MEC corresponde tanto a um plano anual

como de UD.

No módulo 1 (estrutura do conhecimento) é realizada uma análise da

modalidade desportiva, de acordo com o que está estipulado nos programas

foram analisados no planeamento anual, neste caso referente ao 9ºAno. Tomo

como exemplo a unidade didática de Judo. No módulo um foi realizado um

organograma dividido pelas 4 categorias transdisciplinares. Nas habilidades

motoras estavam identificadas as diferentes técnicas a abordar e a respetiva

descrição. A cultura desportiva estava dividida por algumas regras de segurança

do judo importantes para a aula e pelo sistema de pontuação. Nos conceitos

psicossociais estavam divididos em socio afetivos e psicológicos. Por último, na

condição física o trabalho contemplado no planeamento anual que tinha sido

realizado no início do ano letivo.

No módulo 2 (análise das condições de aprendizagem/envolvimento)

foram verificados os recursos temporais, espaciais, materiais e de segurança

disponíveis pela escola. Neste módulo também foram definidas algumas rotinas

como locais de início de aula, ou de reunião e por vezes até de demonstração,

para que a turma funcionasse melhor no decorrer das aulas. Recorrendo como

exemplo a unidade didática indicada anteriormente, os recursos temporais e

espaciais foram verificados através do roulement onde para a abordagem do

Judo foi necessário ‘negociar’ com um dos professores da escola de forma a ter

35

o espaço adequado para a lecionação da modalidade. Relativamente ao

material, este foi o aspeto onde tive mais dificuldades, visto que na EC não

haviam tatamis, tive de adaptar o dojo (espaço de aula de judo) com colchões

de ginástica. Por isso senti necessidade de delinear estratégias para que as

aulas fossem minimamente organizadas.

Figura3 - Esquema da organização da aula de judo

Foi definido também neste módulo que as aulas se iniciariam sempre em

semicírculo em frente ao professor e de joelhos para a realização da saudação

inicial de judo. O mesmo acontecia no final das aulas. Esse local de iniciação

das aulas ficou definido também como zona de demonstração.

No módulo 3 (análise dos alunos), foi elaborada uma caracterização dos

alunos com ajuda de dados dos anos anteriores e/ou uma avaliação diagnóstica.

Esta avaliação e caracterização dos meus alunos foi importante na tomada de

decisão do processo ensino-aprendizagem e assim escolher melhor a

organização dos conteúdos. No Judo, os alunos nunca tinham vivenciado esta

modalidade, por isso definiu-se que a turma estava no nível introdutório, no

entanto mais aspetos tiveram que ser tidos em conta como está descrito no

seguinte excerto:

“Os alunos da turma nunca vivenciaram a modalidade de judo em anos

anteriores, por isso estarão todos num nível introdutório da modalidade.

36

No entanto, apesar de estarem todos no mesmo nível, é importante que

nas aulas se formem grupos com pesos e alturas semelhantes para que

estas tenham um melhor funcionamento, visto que é um desporto de

oposição direta.” (Módulo 3 – MEC de Judo, 12 de maio de 2016).

Nesse seguimento, no módulo 4 (extensão e sequência dos conteúdos)

foi construído um quadro com todos os conteúdos a ensinar ao longo das aulas,

abarcando as quatro categorias transdisciplinares. Dando o Judo novamente

como exemplo, nas habilidades motoras “O-goshi”, nos conceitos psicossociais

a segurança própria e a do colega, na cultura desportiva o sistema de pontuação

e na parte da condição física um dos circuitos definidos para o período em

questão. Neste módulo, por vezes, tive dificuldade em prever se os conteúdos

que queria abordar eram demais ou escassos para o preenchimento das aulas.

No entanto, como este modelo não é estanque, a qualquer momento podia

reformula-lo de acordo com o que fosse acontecendo nas aulas

Módulo 5 (definição de objetivos), onde são definidas todas as metas que

se pretende atingir com os alunos. Esta definição das metas foi sempre dividida

pelas quatro categorias transdisciplinares.

Módulo 6 (configuração de avaliação), este módulo quase sempre foi o

último a ficar concluído pela complexidade que apresenta. Para a sua construção

foi sempre necessário discutir com os meus colegas do NE e com a PC de

maneira a encontrar a maneira mais eficaz de avaliar e a maneira mais justa.

Neste módulo foram registadas as grelhas de avaliação diagnóstica e sumativa

assim como a definição das notas por competências. No caso do Judo, como

não se realizou a AD, as tabelas representadas foram unicamente as da AS,

onde se avaliou todas as técnicas de projeção, imobilização, conhecimento das

regras e sistema de pontuação, em situação prática. Caso tivesse sido realizado

um teste escrito também estaria lá exposto. Também neste módulo estava

descrito como eram avaliadas a condição física e os conceitos psicossociais.

Módulo 7 (desenho das atividades de aprendizagem) foram criadas as

progressões de aprendizagem de forma a proporcionar aos alunos uma maneira

facilitadora de adquirir os conteúdos. Na UD de judo, dando como exemplo o O-

goshi (técnica de projeção), apresento a seguinte tabela:

37

Quadro 1 - Excerto do Módulo 7 da UD de Judo

Conteúdo Progressão Objetivo

O-goshi

Alunos em pares.

1. Ambos de joelhos, realizam a técnica

começando já de costas com a anca

encostada á barriga fazendo com que a

projeção seja mínima.

2. De pé, totalmente de costas para o

colega, encosta bem a anca à barriga do

colega. Dobra os joelhos, para ficar por

baixo do adversário, depois inclina-se

para a frente endireitando novamente os

joelhos.

3. Igual ao exercício anterior, mas no início

colocam-se de frente um para o outro

realizando a pega tradicional e completa.

Aprender a realizar a

Técnica de projeção.

Por fim, o módulo 8 (aplicação na prática de todos os conhecimentos) é a

utilização de todo o material, tal como planos de aula, grelhas de avaliação,

reflexões de aulas, UD e de avaliações e outros registos que foram feitos no

decorrer da parte prática (Vickers, 1990).

No meu entendimento, este modelo foi uma mais valia constante no meu

processo de crescimento enquanto docente e na construção do processo ensino

aprendizagem. O facto de poder ser constantemente consultado e melhorado fez

com que fosse um instrumento do dia a dia. Se assim não for, facilmente perde

esta importância e aquilo que nele está inserido deixa de ser cumprido.

4.1.2.1 - Plano Anual

O Plano Anual é o primeiro passo do planeamento para a organização do

ensino, onde é apresentada uma ideia global das unidades didáticas que se irão

abordar ao longo do ano letivo. Segundo Bento (2003), é um plano sem

pormenores da atuação, mas que requer trabalhos de análise e reflexões a longo

prazo.

No início do ano, a PC propôs ao NE a realização de um documento onde

estivesse toda a organização das matérias de ensino e tudo o que pertence ao

plano anual. Este documento foi realizado sempre em grupo para que todos

38

dessem as suas ideias e pareceres, e assim fosse um documento do núcleo e

não de um EE apenas. Esta foi a 1ª fase, a de análise, de acordo com o modelo

de Vickers (1990), cujo processo é explanado nas linhas que se seguem.

Inicialmente, começamos por fazer uma análise do programa nacional de EF e

depois do programa elaborado pelo gabinete de EF da EC. Percebemos que o

programa da escola era ligeiramente diferente e do programa de EF3. Estas

diferenças surgem por duas razões: uma é que a escola opta por dar aos alunos

mais tempo em cada modalidade para que exista aproximação a uma

consolidação; a outra é que a escola tenta adaptar o nível das modalidades à

realidade da escola. O excerto seguinte demonstra algumas das conclusões

retiradas desta análise.

“A planificação proposta pela Escola Cooperante difere bastante do

programa proposto pelo Ministério da Educação, visto só estarem

programadas cinco modalidades e uma alternativa, por oposição ao

sugerido pelas orientações centrais, que são 8 modalidades ao todo com

2 ou 3 alternativas. Este fator fornece a oportunidade de existir uma maior

consolidação da matéria. (…) é possível verificar que, na planificação da

Escola, qualquer uma das modalidades insere-se no nível elementar (…)

e os alunos estariam num nível avançado no 9º ano. Deste modo, não se

entenda que o Programa de Educação Física está mal elaborado,

contudo, é um pouco irreal face ao que se depara na nossa escola.”

(Excerto retirado da análise realizada aos Programas de EF e Programas

de EF da EC, 9 de setembro de 2015).

De seguida, ainda na fase de análise, realizamos uma a caracterização

do meio em que a EC estava inserida, das turmas e dos recursos disponíveis.

Feita a análise aos programas, passamos para a segunda fase a que o

Modelo de Vickers (1990) se refere, a fase da decisão. Isto é, começamos a

escolher quais as matérias que íamos abordar e quando as íamos abordar. Para

essa escolha o NE teve que ter em consideração o material disponível, as

3 Programa de Educação Física do Ensino Básico, 3º ciclo (reajustamento) pela Direção geral

de Educação, Novembro de 2001.

39

condições climatéricas e o sistema de rotação de espaços (roulement), sendo

que este último aspeto foi o mais complicado de lidar, porque durante o 1º

período sofreu várias alterações.

Assim sendo, a primeira modalidade a ser abordada foi o basquetebol, por

vários motivos: i) porque é um desporto coletivo onde me sentia à vontade para

a sua lecionação; ii) porque no primeiro período estava previsto decorrer o

torneio de basquetebol no desporto escolar; iii) mas, principalmente, porque era

uma modalidade que podia ser abordada em qualquer um dos espaços. Este

último fator decisivo foi importante, visto que na fase inicial do ano letivo o

roulement facultado não seria o definitivo. A segunda modalidade a ser abordada

foi o atletismo, embora tenha existido algumas interrogações dentro do NE

acerca do ensino desta modalidade, derivado à altura do ano em que nos íamos

encontrar (inverno). No entanto, foram apontadas duas razões válidas para a

lecionação do atletismo: o espaço que estava destinado no roulement (exterior);

a realização do corta-mato no final do período, funcionando, assim, como uma

maneira de incentivar os alunos a participar. Desta forma, o NE chegou a um

consenso e decidiu-se que a melhor opção era mesmo o atletismo como

segunda modalidade a ser abordada.

Chegando ao 2.º período, a escolha das modalidades foi muito mais fácil

do que as anteriores, porque os espaços indoor que nos estavam destinados

foram exatamente os de voleibol e o de ginástica. Visto que na EC a lecionação

destas duas modalidades se realizar tradicionalmente em locais específicos

(devido ao material de Ginástica e à rede de Voleibol), a nossa escolha ficou

facilitada.

Por último, no 3º período, sobrou-nos o bom e o mau. Começando pela

parte complicada, faltava-nos incluir o andebol, modalidade que deveria ser

lecionada com o campo inteiro à nossa disposição e visto que só nos estava

destinado meio-campo, tivemos que arranjar uma solução. Essa solução passou

por “negociar” com os professores do outro meio campo, de maneira a que eles

ocupassem o espaço que por norma estava livre e assim disponibilizarem o

campo inteiro para nós. Esta estratégia funcionou devido ao bom senso dos

professores em questão, que não hesitaram em facilitar o nosso trabalho

podendo até complexificar o deles. Depois de resolvido o problema do andebol

debruçamo-nos sobre a modalidade alternativa. Esta decisão foi unânime dentro

40

do NE, sendo que cada EE escolheu a modalidade alternativa que gostava, mas,

principalmente, porque, na sua generalidade, os alunos gostam das modalidades

alternativas e assim era uma maneira de finalizar o ano com os alunos ainda

mais motivados. No meu caso, optei pelo judo porque para além de gostar da

modalidade, percebi que na EC, esta não era abordada com muita frequência e

assim sabia que ia ensinar aos alunos algo diferente e com o qual não estavam

familiarizados.

A Tabela 2 corresponde em parte à terceira fase do Modelo de Vickers

(1990), a fase de aplicação e sistematiza a distribuição das modalidades pelos

três períodos letivos, assim como o número de aulas previstas para cada uma:

Quadro 2 - Planeamento anual distribuição das modalidades pelos três períodos letivos

Período Modalidade Nº de Aulas

1º Basquetebol 10

Atletismo 11

2º Ginástica 11

Voleibol 9

3º Andebol 10

Judo 6

4.1.2.2 - Plano de Unidade didática

Relativamente ao planeamento das UD, tal como já foi referido

anteriormente, utilizei o MEC de Vickers (1990), estas são mais pormenorizadas

e diferentes em cada matéria, isto é, para cada modalidade é necessário fazer

um planeamento novo porque as estratégias, rotinas, exercícios, conteúdos

entre outras coisas se alteram. Nestes planos das UD é necessário conhecer

bem a matéria que se vai ensinar, para poder distribui-la pelo número de aulas

da melhor forma. É importante definir os objetivos, conhecer bem o espaço de

aula, quais os seus perigos e benefícios, que material está à nossa disposição,

quais as atividades mais adequadas para atingir os objetivos propostos, entre

outros aspetos.

Ainda nesta fase de planeamento, selecionei que modelo de ensino

utilizaria em casa unidade didática. Na maioria dos casos foi utilizado o Modelo

41

de Instrução Direta (MID) segundo Rosenshine (1979) (cit. por Rosado &

Mesquita, 2011), no entanto, na modalidade de Andebol, utilizei o Modelo de

Educação Desportiva (MED) de Siedentop, Hastie e Mars (2004). Por fim, na

modalidade de Judo utilizei o Ensino de Jogos Desportivos para a Compreensão

(EJDC) de Bunker (1982) (sit. por Graça & Mesquita, 2007). A caracterização e

os aspetos de implementação subordinados a cada um destes modelos será

realizada mais à frente.

4.1.2.3 - Plano de Aula

O PA corresponde ao terceiro nível do planeamento (micro), sendo que é

o mais pormenorizado dos três planeamentos apresentados (Bento, 2003), visto

que nele está representado o produto do planeamento macro e meso. Na

construção deste documento o professor passa o seu pensamento para o papel,

utilizando a informação que juntou principalmente na construção da UD.

Para a escolha da estrutura deste documento recorri às propostas que me

foram fornecidas ao longo do 1º ano deste 2º ciclo de estudos. Depois de analisar

várias propostas percebi que a diferença entre todos estava na estrutura do

cabeçalho, mesmo que a informação neles contida fosse na sua generalidade a

mesma. No entanto, a escolha que fiz inicialmente, teve de ser ligeiramente

alterada no sentido de a simplificar e também porque a estrutura do cabeçalho

não era a mais adequada para o que eu pretendia. Na figura 4 está representado

o cabeçalho do plano de aula que escolhi inicialmente, e de seguida, na figura 5

está o cabeçalho reformulado. As principais alterações que fiz foi a ausência de

cor, o aumento do espaço para os objetivos e para o material e o acrescento de

um espaço para a unidade didática que estava a ser lecionada.

Figura 4 - Cabeçalho inicial

42

Figura 5 - Cabeçalho final

Relativamente à restante estrutura das propostas de plano de aula que

analisei, percebi que todos tinham a mesma disposição no que diz respeito às

dimensões didáticas. Ou seja, quase todos possuíam cinco colunas com a

seguinte identificação da esquerda para a direita: parte da aula; tempo; objetivos

específicos, situação/organização de aprendizagem; e componentes críticas.

No que concerne à parte da aula, podia ser inicial, fundamental ou final. A

parte fundamental foi a que teve maior parte do tempo a aula porque nela

estiveram contidas as progressões de aprendizagem. As restantes partes

apenas contiveram 5 ou 10 minutos da aula, porque serviram apenas para

introduzir a aula ou realizar o retorno à calma, para fazer revisões das aulas

anteriores e por vezes um exercício de aquecimento para a aula.

A coluna do tempo teve apenas a função de mostrar a duração de cada

situação de aprendizagem. No meu caso foi sempre expressa em minutos.

No que diz respeito ao objetivos comportamentais estavam descritas as

metas de cada exercício, ou seja, o que pretendi que os alunos atingissem com

a tarefa proposta. Na situação/organização de aprendizagem, a tarefa, as

variantes, as regras, assim como o local onde foi realizada, e qual a disposição

dos alunos pelo espaço. Para ajudar nesta descrição utilizei por vezes uma

descrição gráfica, seguida da escrita.

Quanto a coluna das componentes críticas, foi onde esteve presente as

referências comportamentais que devia de dizer aos alunos, no sentido de os

ajudar a cumprir os objetivos enquanto realizavam as situações de

aprendizagem.

43

Para finalizar, o preenchimento do plano aula foi feito da seguinte forma,

por mim: inicialmente preenchi o cabeçalho, de seguida preenchi a partes das

cinco colunas da esquerda para a direita e de cima para baixo. Quanto às minhas

dificuldades no preenchimento deste documento, prenderam-se com o tempo

que despendia na sua construção, porque não estava rotinado a fazê-lo.

Inicialmente tive dificuldades em escolher as situações de aprendizagem que

melhor se adequassem aos objetivos propostos para as aulas, problema que foi

colmatado com um melhoramento dos módulos 7. Também a distinção entre a

descrição do exercício e o objetivo comportamental por vezes se tornou numa

adversidade, que a meu ver foi causado pela falta de experiência.

4.1.3 – Realização

4.1.3.1 - Primeiro Contacto

A primeira aula foi, sem dúvida, a que me criou maior ansiedade e

nervosismo, pelo facto de encarar a minha turma pela primeira vez. Foram várias

as questões que coloquei a mim próprio: Como será a turma? Será que os alunos

se portam bem? Serão irrequietos? Como irão reagir a um professor estagiário?

Será que gostam de desporto? Face a estes sentimentos vacilantes, decidi levar

para a aula um questionário de caracterização individual para que pudesse obter

algumas informações acerca da turma. Complementarmente, depois do

preenchimento do questionário estabeleci um diálogo com os alunos para que

eles se apresentassem e eu me apresentasse também. Após esta primeira troca

de impressões, consegui perceber que seria uma turma que, por um lado daria

para trabalhar a matéria de ensino porque gostavam de desporto, mas por outro,

teria de impor algumas regras:

“(…) será uma turma relativamente fácil de trabalhar, se tiverem as regras

bem presentes. Quanto a eventuais alunos desestabilizadores, além do

grupo mais falador, esta aula ainda não foi suficiente para os identificar”

(aula 1 e 2 – aula de apresentação, 18 de setembro de 2015).

44

Nesta primeira aula, retive também a noção que mesmo tendo a aula

planeada e toda organizada bem presente na minha memória, há sempre algo

que falha na ação por diversos acontecimentos, mas principalmente porque os

alunos, não sendo máquinas, a qualquer momento alteram os nossos planos.

Bento (2003) corrobora esta qualidade de impressibilidade ao afirmar que é na

aula que o pensamento e a ação do professor convergem.

4.1.3.2 - Controlo e disciplina da turma

Em termos disciplinares, a minha turma não era propriamente exemplar.

Identifiquei um grupo de alunos que facilmente se distraíam e que tinham

comportamentos desviantes. Esse grupo desestabilizador por vezes afetava o

resto da turma, porque como afirma Jesus (1996), os alunos do 3º ciclo são mais

facilmente influenciados pelos colegas do que por um outro agente educativo.

Assim sendo, tive necessidade de delinear algumas estratégias para

conseguir controlar melhor a turma em termos disciplinares durante as aulas.

Essas estratégias era dirigidas principalmente aos momentos de reunião,

instrução, explicação e demonstração, na medida em que implicavam que os

alunos estivessem quietos, calados e concentrados.

Quais as estratégias que utilizei?

A maioria das estratégias que fui utilizando ao longo do ano letivo foram

de natureza preventiva, evitando comportamentos que dessem origem a

chamadas de atenção proibitivas (ex.: “não fales”, “não faças isso”), que segundo

Veiga (1999) são mensagens que geram ressentimentos contra as leis porque

acentuam o proibido e funcionam quase que como um convite à transgressão.

Oliveira (2002) afirma que o controlo disciplinar está diretamente ligado

com a ordem no envolvimento da sala de aula e que o professor deve criar

processos que influenciem os alunos no sentido de os impedir a violação de

regras. Neste sentido, a primeira medida que tomei foi a de colocar sempre os

alunos em semicírculo à minha frente de maneira a conseguir ver todos os alunos

e não estar ninguém nas costas de ninguém. Esta estratégia era utilizada

fundamentalmente no início, no fim e nos momentos de reunião das aulas. Por

vezes, se achasse necessário, acompanhada desta estratégia podia acrescentar

o facto de estarem sentados para que assim não pudessem estar tão irrequietos

e eu conseguisse controlar melhor a turma.

45

Rief e Heimberg (2000) quando falam acerca de estratégias

comportamentais positivas, referem como um dos métodos o reconhecimento e

a valorização dos alunos, por isso, aproveitei a coincidência dos alunos mais

desestabilizadores serem os melhores a nível motor para os destacar como

alunos modelo na estratégia instrucional, demonstração. O objetivo era que eles

se sentissem valorizados e reconhecidos, ganhando assim responsabilidade de

serem o exemplo para a turma e ao mesmo tempo não estavam a distrair os

restantes colegas. No entanto, como não havia apenas um aluno a

desestabilizar, tive de delinear mais estratégias além desta de forma a controlar

melhor a turma. Nesta medida, por vezes, colocava os alunos mais irrequietos

nas pontas do semicírculo e intercalados com raparigas. Estas estratégias foram

suficientes para conseguir controlar a turma nos momentos de maior incidência

para a distração, porque apesar de a turma ter um pequeno grupo

desestabilizador, era facilmente controlado. Jesus (1996, p.23) suporta esta

estratégia ao afirmar que “os comportamentos de indisciplina são aprendidos,

pelo que os de disciplina também o podem ser, se forem alterados os

conhecimentos que os antecedem (…) é importante que o aluno saiba não só ‘o

que não deve fazer’, mas também ‘o que deve fazer’ (…)”.

4.1.3.2 - Clima de aula

A EF é uma disciplina diferente, mas não é um recreio

Na nossa disciplina os alunos, por vezes, percecionam-na de forma

errada, e encaram-na como uma aula única e exclusivamente para ir libertar o

stress e distrair-se um pouco. E a minha turma não foi exceção a essa ideia,

porque apesar de gostar bastante de EF, foram frequentes as vezes que não

levaram a disciplina com seriedade. Assim sendo, o modelo de ensino utilizado

pelo professor é uma ferramenta chave para criar um bom clima na aula e

promover aprendizagem, tal como defende Metzler (2000) ao afirmar que os

modelos, entre outros objetivos, servem para fornecer um plano global e

coerente para ensinar. Subscrevem uma ideia central do ensino e clarificam as

prioridades da aprendizagem.

Como já referi anteriormente, ao longo deste ano letivo utilizei

predominantemente o MID, mas também experienciei adaptações do MED e do

EJDC.

46

Recorri maioritariamente ao MID porque, como sou inexperiente na

docência, fez com que me sentisse mais seguro ao lecionar por precisar de um

modelo que me deixasse responsável por todas as decisões do ensino

aprendizagem e, assim, atentar a controlar todo o processo. Neste seguimento,

Mesquita e Graça (2009, p.48) referem que “o MID caracteriza-se por centrar no

professor a tomada de praticamente todas as decisões acerca do processo

ensino-aprendizagem (…)”.

Visto que este modelo tem o professor como único responsável por todas

as ações do processo ensino-aprendizagem, Rosenshine (1983) (cit. por Rosado

& Mesquita, 2009b) atribui ao professor um conjunto de decisões didáticas como:

estruturação pormenorizada das situações de aprendizagem; progressão das

situações de ensino em pequenos passos; indicação do critério de sucesso

mínimo; instrução com explicações detalhadas; prática motora ativa e intensa; e

avaliação e correção dos alunos, principalmente nas fases iniciais.

Também, a partir de algumas observações realizadas a professores mais

experientes da EC, reparei que este era o modelo mais utilizado, e nesse

seguimento Metzler (2000) afirma que este modelo é o predominante ao longo

dos últimos anos nas aulas de EF. Durante as minhas aulas, este modelo foi

aplicado com sucesso, cumprindo com o objetivo que era controlar todo o

processo do funcionamento das aulas, tal como descrevem as seguintes

citações:

“Nesta aula andei fundamentalmente a supervisionar todas as zonas de

trabalho e certificar-me que estava tudo preparado para o dia da

avaliação.” (Reflexão da aula nº49 e 50 – UD de Ginástica, 5 de fevereiro

de 2016)

“Nas paralelas, inicialmente, tive uma conversa com todos os alunos de

maneira a explicar-lhes o que pretendia na avaliação. Depois quis que em

cada grupo todos passassem um a um pelas paralelas e fizessem alguns

elementos que lhes fui pedindo ou que eles pediam por terem dificuldade

e assim os ajudasse.“ (Reflexão da aula nº49 e 50 – UD de Ginástica, 5

de fevereiro de 2016).

47

Mas sendo este um ano de experiências e de formação, não fiquei apenas

pelo recurso ao MID, porque assim só estaria a trabalhar na minha zona de

conforto. Desta forma, depois de já conhecer bem a minha turma, optei por deixar

o 3º Período para experimentar outros modelos.

Na modalidade de Andebol, foram utilizadas algumas nuances do MED.

A utilização deste modelo não foi levada a fundo, sendo feita uma espécie de

adaptação. Este modelo foi abordado desta forma, principalmente porque o

tempo que tinha para a UD era curto (dez aulas), a turma tinha pouca

familiaridade com o modelo e eu também não me senti confortável com MED o

que fez com que eu por vezes tivesse dificuldade em atribuir autonomia à turma.

Relativamente ao MED, Siedentop (1987) define como: “(…) forma de educação

lúdica (…) procurando estabelecer um ambiente propiciador de uma experiência

desportiva autêntica.” (cit. por Rosado & Mesquita, 2009b), Neste modelo estão

integradas 6 características (época desportiva, filiação, competição formal,

registos estatísticos, festividade e evento culminante) (Siedentop, 1994). No

entanto, como já referi anteriormente, a abordagem deste modelo não foi levada

a fundo e, por vezes, características como a festividade e a filiação foram pouco

exploradas. Além disto, o MED comporta três eixos fundamentais: competência

desportiva, literacia desportiva e entusiasmo pelo desporto, tendo como objetivo

formar o aluno de forma competente, culta e entusiasta no desporto e segundo

Curnow e Macdonald (1995) promover a humanização do desporto, de maneira

a suprimir os problemas como o elitismo, iniquidade e trapaça (cit. por Mesquita

& Graça, 2009).

A minha experiência neste modelo foi bastante enriquecedora, porque

atuei fora da minha zona de conforto. Tive dificuldades em dar autonomia à

turma, porque sentia que eles ficavam fora do controlo. No entanto, os grupos

funcionaram melhor do que o que eu pensava.

“Os grupos iniciaram a parte prática, onde foi necessária haver bastante

autonomia. Começaram e bem a trabalhar sem eu ter que intervir muito,

apenas depois dos exercícios já estarem a decorrer fui fazendo alguns

reparos.” (Reflexão da nº 66 e 67 – UD de Andebol, 8 de Março de 2016)

48

Os capitães conseguiam quase sempre colocar o grupo a trabalhar

apenas com a ajuda do Manual do Capitão. No entanto, no qua toca ao mau

comportamento e comportamentos desviantes, já tinha de ser eu a intervir.

“Com o MED os alunos também tendem a ter comportamentos mais

desviantes, visto que têm mais liberdade (…) Apesar de haver os

capitães/treinadores em cada equipa, é natural que eles não consigam

controlar bem os colegas mais irrequietos e por isso terei de estar atento

a esse tipo de situações de forma a ser eu a controla-las.” (Reflexão da

aula nº 63 e 64 – UD de Andebol, 1 de Março de 2016).

4.1.3.3 – Instrução

A transmissão de informação é fundamental para o processo de ensino

aprendizagem e, por esse motivo, deve ser algo a ser bem trabalhado pelo

Professor de maneira a conseguir ultrapassar algumas barreiras. Barreiras

essas, que passam pela linguagem, na medida em que as palavras muitas vezes

têm significados diferentes de pessoa para pessoa; e pela sobrecarga de

informação, isto é, a capacidade limitada que os alunos têm para processar

informação (Rosado & Mesquita, 2009a). Escolhi estas duas barreiras

especificamente porque foram as que tive mais dificuldade em ultrapassar. O

excerto de reflexão seguinte é ilustrativo disso:

“(…) tentei ter em atenção a minha instrução para não repetir os mesmos

erros das outras aulas, sendo que o erro mais frequente foi o ritmo

acelerado da instrução, o que resultava numa má interpretação dos

alunos” (Reflexão da aula nº 16 e 17 – UD de Basquetebol, 23 de Outubro

de 2015).

De forma a tentar melhorar a minha instrução, reuni-me diversas vezes

com a PC e com o NE com o propósito de chegar a uma estratégia que permitisse

examinar de forma mais aprofundada a minha instrução e, a partir dessa análise,

corrigi-la. A estratégia definida foi a gravação das minhas aulas em áudio.

49

“Visto que um dos meus problemas tem sido a instrução, juntamente com

a minha PC e NE tomei a decisão de gravar esta aula em áudio para poder

perceber quais as minhas maiores lacunas. Talvez devido a este fator,

senti que estive muito mais cuidadoso na minha instrução, que foi muito

mais fluída e clara. Tudo lacunas das aulas anteriores. Nas próximas

aulas mesmo não tendo o microfone para gravar a aula, deverei ter isso

em conta para que a minha instrução continue a melhorar Também irei

preparar o meu discurso antecipadamente e treina-lo em casa para que

na aula, consiga faze-lo mais fluentemente.” (Reflexão da aula nº 25 e 26

– UD de Atletismo, 13 de Novembro de 2015).

Após a gravação das aulas, foi realizada uma reunião com o NE e a PC

onde foram identificados mais fatores que ajudaram na melhoria da minha

instrução, principalmente na clareza da passagem de informação aos alunos.

Rink (1993), refere alguns desses fatores, dos quais saliento os seguintes por

serem os que mais utilizei: orientar o aluno para o objetivo da tarefa, dispor a

informação com uma sequência lógica, dar exemplos corretos e errados, utilizar

o questionamento (cit. por Rosado & Mesquita, 2009a), sendo que este último

foi por mim utilizado com recorrência e permitiu ao aluno uma descoberta guiada.

Segundo Mosston e Ashworth (1986) a descoberta guiada tem como objetivos:

encaminhar o aluno num processo particular de descoberta; desenvolver uma

relação entre a resposta do aluno e a questão do professor, encaminhando-o

assim para a descoberta do conceito; e desenvolver a tolerância no professor e

aluno que é necessária neste processo de descoberta.

Este processo de comunicação nem sempre é possível com uma

instrução. Por vezes, no decorrer das tarefas é mais fácil dizer-se simples

palavras-chave, de nominadas por FB, que dão a perceção aos alunos da

performance da sua execução e os ajudam a melhorar ou a corrigir a sua

execução (Rink, 2014).

O FB pode ser geral ou específico, sendo que eu apesar de ter utilizado

ambos, preferencialmente tentei utilizar o especifico por ser individualizado a

cada aluno de acordo a sua situação específica. Tal como Rink (2014) defende,

ao afirmar que o FB específico é mais valioso porque faz com que o aluno se

foque mais na sua tarefa. O FB geral é utlizado quando o grupo é iniciante na

50

atividade (Rink, 2014), isto é, quando a turma estava a realizar alguma

modalidade ou algum conteúdo com o qual tinha pouca familiarização, optei por

emitir FB gerais. Para Sarmento (1993) FB também pode ser classificado como

descritivos, prescritivos, avaliativos, positivos e negativos, sendo que o FB

positivo visto que realça o bem, serve para enriquecer a autoestima e motivar

para a prática. Facto que no meu caso se verificou, pois quis ter uma turma

motivada para a prática e com o FB negativo isso não iria acontecer com tanta

facilidade. Por isso tentei utilizar sempre que possível FB positivos quando a sua

performance era boa, e mesmo quando menos boa, de maneira a valorizar os

alunos. O seguinte excerto demonstra essa estratégia:

“De todos os FB instruídos aos alunos, concluiu sempre o ciclo logo de

imediato, num total de 37 FB analisados. Desses, 10 foram descritivos, 18

prescritivos, 2 interrogativos e 7 motivacionais. Estes dois últimos podem

ter o intuito de estratégico de obrigar os alunos a pensar e motivá-los para

a aula, respetivamente.” (Reflexão da análise ao feedback da aula nº54 e

55, realizada pela colega de EP – UD de Voleibol, 26 de fevereiro de

2016).

No início do ano letivo utilizava essencialmente FB motivacionais, no

entanto, ao longo do ano letivo consegui evoluir e começar a utilizar mais FB

dirigidos para a tarefa, assim como, comecei também a conseguir completar o

ciclo de FB, tal como demonstra o excerto anterior. Esta evolução na qualidade

do FB foi fulcral para a aprendizagem dos alunos.

4.1.4 – Avaliação

Rosado, Dias e Silva (2002) questiona-se sobre o que é a avaliação - O

que é avaliar? Porquê avaliar? O que avaliar? Quando avaliar? e responde

caracterizando-a como algo complexo de se descrever. Refere também que se

é assim em todo o sistema educativo, quando chega à Educação Física ainda

ganha contornos especiais.

51

(Bento, 2003) afirma que a avaliação funciona como um elemento

regulador do processo ensino-aprendizagem, isto é, a avaliação é o instrumento

que permite ao professor perceber qual o caminho que os seus alunos estão a

tomar, se estão a evoluir para atingir os objetivos propostos e o que deve ser

alterarão no planeamento e/ou o comportamento do professor, para os seus

alunos atingirem o sucesso. O mesmo autor direciona a avaliação em dois

sentidos para aquilo que o professor e os alunos alcançaram na aula e aquilo

que deve ou pode ser melhorado. Assim, entende-se que a avaliação não é

realizada somente para classificar os alunos, mas também para ajudar no

planeamento das aulas.

O professor deve informar o aluno acerca do formato da avaliação,

indicando os objetivos e as metas. Cabe ao professor liderar todo este processo

para, assim, poder recolher informações e orientar os alunos nos seus processos

de evolução e desenvolvimento (Gonçalves et al., 2011). Isto é, os critérios de

avaliação devem ser percetíveis para os alunos, de maneira a que consigam

compreender a sua situação face às aprendizagens que têm de adquiri ou

desenvolver (Gonçalves et al., 2011), assim como o peso na avaliação de cada

conteudo. Neste seguimento, no início de cada UD, informei sempre os alunos

do formato da avaliação, relembrando-lhe sempre que não contava apenas

aspetos práticos (Saber Estar=20%, Saber=20% e Saber Fazer=60%). Também

nos dias de avaliação sumativa, lhes relembrar todos os conteúdos que iam ser

avaliados.

A avaliação deve responder a cinco questões da didática, sendo elas: a

quem? (objeto da avaliação); o quê? (parâmetros da avaliação); Como? (critérios

de avaliação); Porquê? (motivo da avaliação); E resultados? (objetivos

cumpridos ou não) (Gonçalves et al., 2011). Na minha experiência de EP, estas

perguntas estiveram de um modo geral sempre presentes nos momentos de

avaliação, como por exemplo na avaliação sumativa de Voleibol, ou seja:

A quem? Aos meus alunos;

52

O quê? E como? Quadro 6

Porquê? Porque a UD acabou e era necessário perceber se os

alunos tinham evoluído e cumprido os objetivos, assim como,

classifica-los (visto que nas escolas os números são o mais

importante);

E os Resultados?

“Relativamente aos alunos, os objetivos propostos para a os conceitos

psicossociais, condição física e cultura desportiva (apenas uma negativa

em 26 alunos) foram todos atingidos com sucesso. No que concerne às

habilidades motoras, os alunos conseguiram evoluir, havendo alguns a

conseguir subir de nível. Os que não conseguiram subir de nível,

conseguiram atingir todos os objetivos desse nível com sucesso.

(Reflexão final da UD de Voleibol, 17 de Março de 2016)”

Entre as diversas áreas que a avaliação abrange, aquelas que vou

levantar são os tipos de avaliação, momentos de avaliação e formatos de

avaliação, por serem as que se enquadram melhor no que experienciei, no

decorrer do meu EP.

Tipos de avaliação

Para Gonçalves, Albuquerque e Aranha (2011) existem três tipos de

avaliação, criterial, normativa e mista, sendo que a que eu utilizei no EP foi a

avaliação criterial (AC). Esta avaliação é realizada através da ação de cada aluno

individualmente e não em comparação com a norma dos outros alunos

(Gonçalves et al., 2011). A AC foi utilizada predominantemente nos momentos

Quadro 6 - M6 com exemplos dos parâmetros (conteúdo) e dos critérios (componentes críticas)

53

de AS, porque assim facilitava-me na classificação dos alunos. Ou seja, eu

definia os critérios que os alunos tinham de cumprir na avaliação, e estes serviam

para comparar os comportamentos dos alunos com o que pretendia que eles

realizassem. Apesar destes critérios serem definidos por mim (o Professor),

devem ser baseados nos objetivos propostos no início da UD (Gonçalves et al.,

2011). No entanto, esses critérios devem também ser ajustados com base no

que aconteceu nas aulas, e, perante isso, os objetivos ajustados. O excerto de

reflexão seguinte é ilustrativo desses ajustamentos:

“(…) optei também por não avaliar o rolamento nas paralelas porque na

minha opinião o tempo despendido para esse conteúdo nas aulas foi

pouco e assim só iria prejudicar os alunos” (Reflexão final da UD de

ginástica, 22 de fevereiro de 2016).

Decidi utilizar este tipo de avaliação porque considero que a AC fornece

uma maior possibilidade de igualdade e individual entre todos face aos objetivos

dos alunos e de toda a turma para a UD em questão. Por exemplo, um aluno de

nível 5 numa turma ou numa escola, se for comparado com alunos de outra

turma ou escola pode ser de nível 3/4, por isso se forem utilizados critérios, todos

os alunos são avaliados da mesma forma e, assim, as classificações são mais

justas. Segundo Rosado e Colaço (2002) esta avaliação é a mais indicada,

porque todos os alunos conhecem quais os critérios com os quais vão ser

comparados e, assim, qualquer um sabe o que tem de fazer para conseguir obter

o sucesso.

Momentos de Avaliação

A avaliação pode dividir-se em três momentos, sendo eles a avaliação

diagnóstica, avaliação formativa e avaliação sumativa. Estes três momentos

estiveram presentes em todas as UD do meu EP, embora de maneiras

diferentes, dependendo da modalidade e da resposta da turma.

Começando pela avaliação diagnóstica, esta serve para o professor

recolher informações dos alunos e assim poder formular objetivos reais, tal como

identificar competências para poder colocar o aluno no nível de aprendizagem

54

mais adequado às suas capacidades tal como confirma Cortesão e Torres (1993)

ao referirem que a avaliação cede ao professor informações acerca dos

conhecimentos e características dos alunos com que vai trabalhar (cit. por

Gonçalves et al., 2011). Esta avaliação serve também para o professor perceber

se os conhecimentos que o aluno tem são suficientes para iniciar a UD onde

previu ou se até pode iniciar num ponto mais adiantado (Gonçalves et al., 2011).

Os mesmos autores defendem também que a avaliação diagnóstica não deve

interferir na classificação final do aluno.

Partindo da minha experiência, esta avaliação foi sempre realizada no

início de todas a modalidades, no entanto, nem sempre foi efetuada com suporte

documental ou com fichas de observação. Isto é, em algumas modalidades tive

acesso através da PC a avaliações dos anos anteriores que já me davam

informações acerca do nível dos alunos e, assim, essa avaliação diagnóstica já

ficava completa, ou então, nas modalidades que os alunos nunca tinham tido

vivência, também já depreendia que o nível da turma ser o nível introdutório:

“Segundo os dados recolhidos da turma junto da PC, a modalidade de

andebol foi lecionada nos anos anteriores do 3º Ciclo. Segundo a

bibliografia consultada, o plano de estudos da escola e tendo em conta o

ano de escolaridade, os alunos encontram-se na 2ª Etapa – da

organização rudimentar (…)” (Módulo 3 da Unidade Didática de Andebol).

“A AD não se realizar-se-á porque os alunos não têm vivência nenhuma

no judo, por isso, posso assumir que estão todos no nível introdutório

desta modalidade” (Módulo 4, Unidade Didática de Judo).

No que concerne à avaliação formativa, segundo Ribeiro e Ribeiro (1990),

esta avaliação deve acompanhar todo o processo ensino-aprendizagem para o

professor conseguir identificar as aprendizagens bem-sucedidas e as que

levantam problemas e resolve-las (cit. por Rosado et al., 2002). Esta avaliação

não deve ser apenas dirigida ao aluno, mas também ao professor, tal como

afirma Noizet e Caverni (1985) ao dizer que esta avaliação tem uma dupla

retroação, isto é, uma sobre o aluno ao mostrar ao professor quais as barreiras

que o aluno transpôs e quais a dificuldades que encontra, e outra sobre o

55

professor ao indicar qual o resultado que o seu projeto pedagógico esta a ter e

em que obstáculos se esbarra (Rosado et al., 2002). Na minha experiência de

EP, esta avaliação foi quase inexistente, visto que utilizei um formato de

avaliação contínua, estava constantemente a tentar corrigir problemas que me

iam aparecendo, pelo que senti a necessidade de calendarizar uma data

específica a meio da UD para realizar este tipo de avaliação.

No que diz respeito à avaliação sumativa, (Gonçalves et al., 2011), afirma

que não há nenhum conceito que seja aceite pelos autores do campo educativo.

No entanto, entre tantas definições de diversos autores, pode-se inferir que uns

encaram-na como um processo normal para se perceber como foi a evolução do

aluno, como (Rosado et al., 2002) explanam, “a avaliação sumativa é um juízo

globalizante sobre o desenvolvimento dos conhecimentos, competências,

capacidades e atitudes dos alunos. Já Birzea (1984), contém uma ideia mais

negativa desta avaliação ao afirmar que a avaliação sumativa constata o

insucesso e não promove o sucesso escolar (Gonçalves et al., 2011).

Eu partilho um pouco de ambas as opiniões apresentadas, no entanto,

gostava de ressalvar a ideia de Aranha (2004), quando declara que a avaliação

sumativa tende a desaparecer, e servirá de base para a avaliação formativa

(Gonçalves et al., 2011). Tal como já referi anteriormente, a AF não foi muito

utilizada no meu EP, no entanto, e partindo desta última ideia, naquilo que foi a

minha experiência acho que a AS serve de base para a AF, mas o inverso

também acontece, ou seja, aquilo que que observa na AF vai transformar ou

melhorar a AS.

Formatos de Avaliação

Por fim, no que concerne aos formatos de avaliação, estes dividem-se em

avaliação contínua e avaliação pontual, no entanto, foi a contínua que foi

maioritariamente utilizada no decorrer do ano letivo de EP.

Avaliação contínua permite que o professor acompanhe o processo

ensino-aprendizagem de forma regular, e assim conseguir obter uma maior

perceção da evolução dos alunos ou de novas estratégias a encontrar para

melhorar a aprendizagem dos alunos, como demonstra o seguinte excerto:

56

“Nesta aula também consegui perceber que alguns alunos terão de mudar

de nível de forma a realizarem tarefas adequadas às suas capacidades,

por isso na próxima aula os grupos serão reajustados e serão criados dois

subgrupos dentro do nível 2.” (Reflexão da aula nº57 e 58 – UD de

Voleibol).

No meu caso, dada a configuração da PES, o registo diário dos

acontecimentos das aulas em formato de reflexão facilitou a minha avaliação

contínua. Esta situação fez com que os alunos não notassem esta avaliação e

assim alterarem o seu comportamento. Neste seguimento, Gonçalves et al.

(2011) sustenta esta ideia ao afirmar que, o professor deve realizar esta

avaliação de forma informal, de maneira a que os alunos não se apercebam:

“Nas paralelas, a avaliação realizou-se com normalidade, no entanto,

decidi não pedir a alguns alunos, alguns elementos simples, porque já

sabia perfeitamente que eram exemplares na sua execução, visto que já

os tinham realizado nas aulas." (Reflexão final da UD de ginástica, 22 de

fevereiro de 2016).

Esta situação por vezes aconteceu, para que o tempo de aula fosse

rentabilizado e assim conseguisse, como neste exemplo, avaliar os alunos todos

numa aula. E, consequentemente, poupar tempo de aula, visto que na disciplina

de EF, tempo é algo que não abunda.

Este tipo de avaliação foi também bastante utilizada nos itens do

comportamento e empenho, onde era preenchida uma ficha semanalmente. Em

todas as aulas havia uma constante avaliação contínua do comportamento e

empenho, e no final de cada semana recorria aquilo que tinha visto e por vezes

anotado para preencher o quadro com notas individuais de cada aluno nesses

parâmetros. Esta estratégia permitiu-me chegar ao final de cada período com

uma ideia muito mais real do desempenho dos alunos nestes dois aspetos.

57

Quadro 3 - Tabela utilizada para os registos do comportamento (C) e empenho (E) durante o

1ºPeriodo

4.2 – Área 2: Participação na Escola e Relação com a

Comunidade

4.2.1- Desporto Escolar – intra escola

De acordo com as normas orientadoras deste EP, o Desporto Escolar

(DE), é uma das atividades em que o EE deve participar. Neste seguimento o

documento4 regula que o EE deve “(…) recolher e organizar a informação relativa

ao mesmo, para além de acompanharem o DE ou um clube de atividade interna

no âmbito desportivo” (p. 7).

4 Normas orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP 2015-

2016. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, em vigor no ano letivo 2015/16,

Matos, Z.

1º Período – 9º*

Mês Setembro Outubro Novembro Dezembro

Semana 16-

25 28-2 5-9 12-

16 19-

23 26-

30 2-6 9-

13 16-

20 23-

27 30-

4 7-

11 14-

18

Aluno C E C E C E C E C E C E C E C E C E C E C E C E C E

58

O que é o Desporto Escolar?

O desporto escolar segundo o Art. 5º - Definição, secção ll – Desporto

escolar, do Decreto-Lei n.º 95/91, 26 de fevereiro é “(…) um conjunto de práticas

lúdico-desportivas e de formação com objeto desportivo, desenvolvidos como

complemento curricular e ocupação dos tempos livres, num regime de liberdade

de participação e de escolha, integradas no plano de atividades da escola e

coordenadas no âmbito do sistema educativo (…)”.

Na minha opinião, o DE é uma mais valia para os alunos porque é o único

momento e espaço, fora das aulas de EF, que a maioria dos alunos tem a

oportunidade de praticar exercício físico com acompanhamento de alguém da

área e, como a participação é voluntária, só participa quem realmente gosta, o

que faz com que este contexto tenha um ambiente bem melhor e natural,

segundo a experiência que obtive no DE. A participação do EE no DE é também

mais uma maneira de se estar incluído no contexto escolar (Sousa & Magalhães,

2006).

A escola onde realizei o estágio tinha dois tipos de DE, o interno e o

externo. O DE interno consistia na organização de torneios ao longo do ano

letivo, mais especificamente: no 1º período, torneio de Voleibol; 2º período,

torneio de Basquetebol; e no 3º período, torneio de Futsal. Relativamente ao DE

externo, consistia na participação em torneio inter-escolas, nas mesmas

modalidades.

Quanto à minha experiência, no início do ano foi pedido a cada elemento

do NE que escolhesse uma das três modalidades já referidas, para participar nos

DE interno e o externo ficava como opção. A modalidade pela qual fiquei

responsável foi o Futsal, visto ser uma modalidade com a qual eu já estava

bastante familiarizado. Assim sendo, a minha função passou por auxiliar o

Professor responsável na organização do torneio de Futsal no 3º período, todas

as quartas-feiras das 14H30 às 16H30. No entanto, ao longo dos outros períodos

fui colaborando com os meus colegas de NE nas suas tarefas de DE, assim

como eles me ajudaram na minha.

Quanto à minha participação na organização do torneio de Futsal,

defraudou um pouco as minhas expectativas. Isto porque, foi realizada uma

reunião de maneira muito pouco formal onde o professor responsável me indicou

as tarefas que tinha de realizar, as quais se materializaram no arbitrar os jogos,

59

e seguir o calendário que me era fornecido pelo Professor responsável pelo NE.

No início do torneio fui alertado para possíveis confusões durante os jogos do

torneio, visto que já era uma situação habitual em anos anteriores. Todavia,

durante a minha experiência, o torneio decorreu com normalidade, talvez fruto

das conversas que tinha no início de cada jogo, alertando as turmas para

qualquer confusão que provocassem dava direito a expulsão do torneio.

Considero que foi uma boa solução, porque os alunos não cometeram as

asneiras habituais dos anos anteriores e, no final do evento, o Professor

responsável do DE congratulou-me pela maneira como consegui gerir os

conflitos emergentes.

Em jeito de conclusão, tentei absorver todas as experiências vivenciadas

durante a minha participação no DE, para que isso me ajudasse a preparar-me

em possíveis cargos que esta profissão acarreta. Apesar desta experiência não

ter preenchido as minhas expectativas iniciais, passei por algumas experiências

que não estava a contar, como a gestão de conflitos, onde consegui sempre

encontrar soluções e naturalmente que fez com que crescesse nesta área.

4.2.2 - Corta-mato

4.2.2.1 - Corta-mato Interno

O corta-mato interno já é uma prova tradicional na EC, sendo realizada

num percurso em torno da escola, com uma parte fora da escola (i.e., na

instituição que faz paredes-meias com a escola). A minha participação nesta

atividade foi bastante ativa e rica, porque tentei envolver-me no máximo de

tarefas que pude, e, assim, ficar com o maior conhecimento acerca da sua

organização e de todas as estratégias para a sua realização.

A organização do Corta-mato, iniciou-se com uma reunião com o DEF

onde foram distribuídas as tarefas por todos os professores. As tarefas que me

foram incumbidas foram: a solicitação de patrocínios, juntamente com os meus

dois colegas de NE e a montagem do percurso, em colaboração com mais um

professor e um colega de NE.

Começando pela solicitação de patrocínios, esta foi uma tarefa onde foi

necessário comunicar regularmente com a direção da EC. Sendo nós EE, por

vezes, as empresas consideravam-nos com pouca credibilidade e por isso

60

tivemos que recorrer à direção da EC para nos ajudar. Alguns produtos dos

patrocínios foram entregues na escola, no entanto, existiram outros onde foi

necessário ir levantá-los à empresa. Como foi o caso do pão, que fui busca-lo

juntamente com o meu colega de NE.

A atribuição dos dorsais, apesar de não ser uma tarefa destinada aos EE,

foi feita maioritariamente por nós, e nesta tarefa também foi necessária muita

atenção e responsabilidade para que no dia batesse tudo certo (relembro que

em causa estava a participação de cerca de 600 alunos). Relativamente à outra

tarefa que consistia na construção dos percursos na parte exterior da escola, foi

realizada no dia anterior. Nesta tarefa foi-nos (a mim e ao meu colega de NE)

dada bastante agenciamento, porque apenas nos facultaram os mapas com os

percursos desenhados e nós com o material que nos disponibilizaram tivemos

que fazer a montagem dos diversos percursos, sem o professor responsável por

perto. Posteriormente, o professor em questão congratulou-nos pelo nosso

trabalho e pela atitude proativa.

No dia do corta-mato, a manhã teve sempre muito ritmo, muito trabalho e

para não variar muita responsabilidade, porque os professores deixaram ao

nosso (EE) encargo algumas tarefas importantes para o bom funcionamento do

evento. Entre as várias tarefas, a mais importante foi o fecho e abertura de

percursos consoante os escalões e o planeamento que nos foi fornecido, mais a

distribuição dos juízes (alunos da escola) pelos percursos. No final, ficou a

sensação que tudo correu de acordo com o planeado mostrando que o trabalho

realizado valeu a pena.

61

Figura 7 -Corta mato na EC

4.2.2.2 - Corta-mato distrital - “A corrida dos EE foi outra…”

Esta atividade sendo fora do recinto escolar, já sabia que se avistava uma

manhã de bastante trabalho visto que os alunos se encontravam fora da escola

mas à nossa responsabilidade. Para esta atividade fora escolhidos dois

professores de Educação Física do agrupamento e os três estagiários.

O dia começou cedo, e eram 7h30 da manhã quando entrei na confeitaria

em busca de 130 croissants (que já estavam encomendados). Esta experiência

já era repetida visto que no corta-mato escolar já tinha ficado responsável por ir

buscar os pães, daí perceber que o professor responsável pela distribuição de

tarefas confiasse em mim para voltar a fazê-lo.

Até o autocarro chegar, foi sendo marcada presença aos alunos e foram

levantados os respetivos cartões de cidadão à medida que estes iam chegando.

Já em viagem, foram contabilizados todos os alunos, assim como os seus

cartões e confirmada a presença na lista que uma das professoras dispunha.

Este processo foi necessário para que a partir daí fosse feito o controlo dos

alunos de maneira mais facilitada. Para os professores e EE, a viagem até ao

destino foi em grande ritmo porque havia muitas tarefas a cumprir antes da

chegada a Laúndos (local da prova).

62

Depois de todo o processo de presenças anteriormente referido,

distribuíram-se os equipamentos (enquanto a PC tratava das inscrições dos

alunos via telefone com o professor da escola que já se encontrava no recinto

do corta-mato), por todos os 54 alunos presentes. Esta distribuição tinha de ter

em conta o género (cores do equipamento), o tamanho e tinham de ser também

contabilizados para que tudo batesse certo no final, no momento da entrega dos

mesmos. Depois de todos os equipamentos já entregues, recebemos a

informação que os alunos já teriam de ir equipados quando saíssem do

autocarro. Nesse seguimento, todos os professores e NE do autocarro reuniram-

se para arranjar uma estratégia para que os alunos se equipassem no autocarro.

A estratégia definida no momento foi levar os rapazes todos para o andar de

cima do autocarro e as raparigas para o andar de baixo. Enquanto os alunos se

equipavam eu e os meus colegas de NE fomos confirmando se os tamanhos

eram adequados aos alunos e trocar-lhes o equipamento caso fosse necessário.

Completada a tarefa dos equipamentos, foi feita a distribuição dos alunos pelos

respetivos professores. Acabando eu por ficar com os rapazes mais velhos para

podermos levar os lanches, visto que os restantes alunos e professores saíram

do autocarro mais cedo por causa do trânsito que se encontrava à chegada do

recinto.

No recinto, as coisas já foram realizadas com muito menos ritmo e mais

tranquilamente, visto que lá estava mais um professor e o diretor da EC. A cada

professor foi incumbida uma tarefa. A mim foi-me incumbida apenas estar perto

da partida a receber os grupos de alunos que iriam correr. Esses alunos eram

entregues pela PC, eu só tinha que confirmar a presença dos mesmos e entrega-

los a outro EE que iria deixa-la junto à partida. Este processo exigiu particular

atenção com os alunos mais novos, porque os mais velhos, na maioria já sabiam

como as coisas funcionavam e já tinham responsabilidade suficiente para

estarem no local pretendida à hora correta.

Quanto à organização da prova, era notoriamente de uma dimensão muito

maior daquela que se teve na escola, e por isso procurei sempre que possível

ser muito observador, e assim absorver o máximo de conhecimentos, estratégias

e experiências que me fizessem crescer nesta área de organização de

atividades. Por exemplo, cada escola tinha uma pessoa responsável pela

documentação e dorsais; no recinto todo havia sistema de som, para que todos

63

os participantes ouvissem as chamadas; equipa de animação para os momentos

“mortos”; e um placar enorme com as classificações.

Na viagem de retorno, com toda a comitiva bastante cansada, eu e os

meus colegas de NE foi tempo para voltamos a fazer a contagem e confirmar a

presença de todos os alunos, rotina que já estava bastante automatizada dadas

as inúmeras vezes que já tinha sido feita. Posteriormente, os alunos tiveram que

se desequipar utilizando novamente a mesma estratégia que usaram para se

equipar. Após isso, foi feita a recolha de todos os equipamentos ao mesmo

tempo que se entregavam os cartões de cidadão para que nenhum, nem

ninguém ficasse esquecido.

Esta foi mais uma experiência muito enriquecedora, porque nos colocou

à prova noutros contextos que nas aulas não são possíveis, onde a

responsabilidade, compromisso e dedicação foram valores importantes para que

tudo corresse pelo melhor.

Figura 8 - Corta mato distrital com presença da EC no pódio

64

4.2.3 - Meeting de Atletismo

Esta atividade, como é realizada anualmente, é mais fácil de organizar,

uma vez que os materiais, os encargos e as estratégias se tornam semelhantes,

ano após ano. Os professores mais experientes dão conselhos aos EE e aos

alunos, relativamente ao que resulta e ao que não resulta.

Tal como na organização do corta-mato escolar, as tarefas do dia da prova

foram divididas por todos os professores e pelos EE, sendo que a mim me foi

delegada a tarefa de ajudar na prova de resistência o professor responsável e,

no fim, organizar as provas de estafetas. Na ajuda da prova de resistência, o

meu trabalho foi simples, porque só precisava de chamar os alunos que iam

participar e depois levar os resultados ao secretariado para estes serem

registados e divulgados. No que toca à organização das provas de estafetas,

contei com a experiência que já tinha tido nas minhas aulas de atletismo na

matéria de estafetas e utilizei as mesmas estratégias. A principal estratégia foi a

conversa no início das provas com todas as equipas, com uma explicação do

funcionamento das mesmas e algumas regras. Para me ajudar no

funcionamento destas provas, aproveitei a ajuda dos alunos da minha turma

residente que já estavam automatizados com aquele tipo de organização, e com

a ajuda de alguns professores. As provas correram todas bem e com

normalidade, contudo, senti-me com alguma responsabilidade por estar à frente

da prova “rainha” do meeting da EC e por isso fui muito rigoroso no cumprimento

das regras durante as provas, o que levou a que tivesse que desclassificar um

das equipas por incumprimento das regras. No entanto, todos os alunos

respeitaram essa decisão e acharam-na justa.

Em cada equipa, cada aluno podia participar apenas numa matéria de

acordo com a inscrição, e as trocas com o suplente só podiam ser efetuadas em

caso de lesão ou na prova de estafetas. Ao contrário do que tinha acontecido no

corta-mato, no meeting as provas não foram realizadas por escalão, mas sim por

ciclo (3º ciclo e secundário). Quanto à quantidade de alunos que aderiu à

atividade, na minha perspetiva ficou um pouco à quem do que eu esperava, e na

65

minha humilde opinião deveu-se ao desinteresse de alguns professores em que

as respetivas turmas participassem.

Em jeito de conclusão, esta atividade paralelamente com a organização

do corta-mato deram-me bastantes ferramentas como a experiência de organizar

este tipo de eventos na escola, o material necessário, o planeamento antecipado,

logística preparada e a parte burocrática (autorizações, permissões, pedidos de

apoio, etc.) da escola para a realização destas atividades. Foi uma experiência

muito rica, para que no futuro possa desempenhar estas tarefas, quer seja na

escola ou noutro contexto.

4.2.4 - Assessoria à Função do Diretor de Turma

Um diretor de turma (DT) tem o papel de coordenar um grupo de alunos

(Sá, 1996). Isto é não só na sua aula, mas também em todas as outras disciplinas

deve estar informado sobre tudo o que se passa na aula. Este deve ser

interessado em saber o que se passa com cada aluno individualmente, no que

concerne ao comportamento, pontualidade, assiduidade, notas de todas as

disciplinas, todas as atitudes que sejam relevantes no seu crescimento dentro

da escola e até importar-se com a sua vida pessoal, com vista a uma contribuição

construtiva para o crescimento do aluno enquanto Ser Humano. Para além da

proximidade que o DT deve ter com alunos da sua turma, este também a deve

ter com os professores esse conselho de turma, de maneira a criar uma boa

relação e assim facilitar a comunicação entre ambos.

Na minha experiencia enquanto assessor do DT procurei informar-me

diariamente junto dos professores da turma (ou junto da plataforma online)

acerca do comportamento de todos e se havia incidentes que fossem precisos

ser comunicados aos Encarregados de Educação. Sempre que era necessário

enviar informações para casa, era enviada uma carta com a assinatura do DT e

com todos incidentes que eram importantes serem passados ao Encarregado de

Educação. Visto que havia um horário semanal para os Encarregados de

Educação se reunirem com o DT, era importante o DT estar sempre a par da

situação de todos os alunos, para que assim fossem passadas facilmente todas

informações (com ajuda dos dados recolhidos) necessárias ao Encarregado de

Educação do aluno. Além disto de passar as informações dos alunos, o DT

66

também procurava encontrar estratégias para melhorar o rendimento dos alunos

e resolver problemas que estes estivessem a ter. O Art. 5.º, 2.º, Lei n.º 30/2002,

de 20 de Dezembro (Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior) suporta as

funções discriminadas: “O diretor de turma (…) é particularmente responsável

pela adoção de medidas tendentes à melhoria das condições de aprendizagem

e à promoção de um bom ambiente educativo, competindo-lhe articular a

intervenção dos professores da turma e dos pais e encarregados de educação e

colaborar com estes no sentido de prevenir e resolver problemas

comportamentais (…)” (Zenhas, 2006, p. 48).

Por vezes, em casos mais excecionais, os alunos problemáticos podem

não ser devidamente acompanhados pela família/Encarregados de Educação, e

quando assim é o DT pode ter a (difícil) tarefa de comunicar à proteção de

menores a situação, numa tentativa de dar uma oportunidade ao aluno para que

este encontre um rumo melhor do que o que está a ter no momento.

Na minha perspetiva e a partir da experiência que vivi, um DT para fazer

um bom trabalho não pode ser apenas um professor que passa registos aos

Encarregado de Educação do seu educando, tem de ser fundamentalmente uma

pessoa com bons valores, uma pessoa humana, capaz de ter o bom senso de

ver o que é melhor para o aluno em cada situação particular e assim ajuda-lo no

seu crescimento dentro e fora da escola.

4.2.5 - Dia D

Este dia, que inicialmente estava marcada para 18 de Março, mas devido

às condições meteorológicas teve que ser adiado para o dia 3 de junho (último

dia de aulas para alguns alunos (9º, 11º e 12º).

Esta atividade, ao contrário do que aconteceu no corta-mato interno e no

meeting de atletismo, é totalmente organizada pelos EE, sendo que a única ajuda

que pode existir por parte dos outros professores se materializa na realização de

funções no próprio dia, ao cumprir algumas tarefas delineadas pelos EE.

Este evento já tem alguma tradição na EC, sendo que a atividade

realizada é sempre uma surpresa. A denominação de “Dia D” vem de dia

diferente, onde o objetivo é proporcionar aos alunos experiências diferentes

daquelas que eles estão habituados a ter na escola.

67

Primeiramente, foi necessário escolher que tipo de atividade a organizar

e depois de algumas trocas de ideias o NE chegou a um consenso. A ideia para

o Dia D foi organizar uma prova de BTT, em conjunto com uma prova de

habilidade de Bicicletas. Esta ideia surgiu, visto que era uma atividade que existia

no tempo em que era aluno na EC e nos últimos anos tinha deixado de ser

realizada.

Relativamente à prova de BTT, foi relativamente simples de dinamizar,

porque só tivemos que: i) pedir autorização à instituição que faz paredes meias

com a escola para nos ceder o espaço (algo que já é prática comum entre os

dois estabelecimentos); ii) percorrer o percurso que estava pensado a pé e de

bicicleta, a fim de perceber o que era necessário ser corrigido, reformulado ou

arranjado, em termos de segurança (covas, descidas acentuadas, curvas

apertadas), limpeza e fechos de percurso. Esta volta pelo percurso serviu

também para perceber quais os locais mais indicados onde deviam estar os

juízes de prova.

Passando para a prova de habilidades, utilizamos o croqui que já tinha

sido utilizado nos últimos anos e aproveitamos o que achamos bom e

reformulamos o que achamos que podia ser melhorado. No planeamento desta

prova, foi necessário também uma simulação antecedente, de maneira a

perceber possíveis problemas que poderiam acontecer e quantos juízes de

prova iriam ser precisos.

No que diz respeito à parte das inscrições optamos por colocar um limite

em cada prova, para que pudéssemos fazer tudo com calma visto que atividade

só tinha a duração de uma manhã. No entanto, os alunos podiam participar nas

duas provas e para isso decidimos atribuir etiquetas de identificação com cores

diferentes. Esta estratégia foi necessária para que os alunos andassem

devidamente identificados relativamente à sua prova, e assim facilitasse

algumas tarefas da atividade (por exemplo: na entrega dos lanches).

A maior dificuldade que o NE encontrou na organização desta atividade

foi sem dúvida, em obter todo o material necessário para que o Dia D se pudesse

realizar com qualidade e segurança, refiro-me principalmente ao aluguer das

bicicletas. Esta tarefa foi uma dificuldade para nós EE porque tivemos que entrar

em contacto com a direção, pedir ajudas monetárias e através do que nos deram

68

entrar em contacto com as empresas e chegar a um acordo, algo que

inicialmente não foi nada fácil de atingir.

No que concerne ao desenvolvimento das provas no próprio dia, correu

dentro daquilo que estava previsto, sem quedas, sempre com segurança e sem

nenhum acontecimento negativo de ser chamado a atenção. Acho que este bom

resultado deveu-se muito a todo o esforço e dedicação que NE colocou na

organização desta atividade, fazendo com que no final de tudo alunos e

professores estivessem de sorriso na cara.

Figura 9 - Croqui da prova de habilidades (Dia D)

A organização deste evento foi muito rico, porque foi o único onde o NE

trabalhou sozinho, sem a ajuda dos professores do DEF. Foi bom para fortalecer

o espírito de liderança, sentido de responsabilidade e a capacidade de iniciativa

e de tomada de decisões. Algo em que eu ainda não tinha sido posto à prova,

visto que nesta atividade as minhas decisões tiveram um impacto maior do que

era o normal no dia a dia.

4.2.6 - Aula Turma

Esta foi uma aula diferente, que foi sugerida no início do ano letivo pela

PC. O tema desta aula foi Suporte Básico de Vida (SBV) e Socorrismo e surgiu

69

em diálogo com a professora de Ciências da Natureza (CN) do Conselho de

Turma de um dos EE. Eu, em conjunto com o NE, aproveitamos o facto de termos

todos a formação de SVB para abordar este assunto sem termos que convidar

pessoas externas à escola.

A professora de CN abordou a parte teórica e deixou para a aula de EF a

parte prática. Toda esta situação foi importante para os alunos perceberem que

as disciplinas podem estar relacionadas e que não devem ser vistas como casos

isolados. Esta situação é denominada como interdisciplinaridade e deve ser

defendida pelas escolas.

Nesta aula, foram abordados os passos a realizar quando encontramos

uma pessoa inconsciente em algum sítio, como exercer a insuflações e

compressões, como colocar uma pessoa em posição lateral de segurança e

como fazer a técnica de Heimlich (técnica de desengasgamento).

Esta aula foi bastante útil para os alunos, visto que forneceu informações

importantes para o seu dia a dia e também numa aula de EF ou de outra

disciplina. Na maioria dos alunos, notou-se bastante curiosidade em participar

na parte prática e em tirar algumas dúvidas relacionadas com os assuntos de

cada estação.

A aula esteve organizada com quatro estações e contou com a ajuda dos

restantes PE e PC. Cada professor esteve responsável por uma estação, por

onde todos os alunos passaram. Em cada estação era feita uma breve revisão

teórica dos procedimentos e depois cada aluno realizava a parte prática (o que

era realmente importante) pelo menos uma vez. Assim tive a certeza que todos

os alunos passaram pela experiência e algo deve ter ficado nas suas cabeças.

70

Figura 10 - Documento de apoio fornecido a todos os alunos

4.3.3. Estudo de Investigação: O desempenho escolar de alunos

praticantes e não praticantes de desporto do 3.º ciclo e ensino secundário

da escola cooperante

André Pinto1, Cristina Macedo3, Mariana Amaral da Cunha1,2,

1Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

2CIFID, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

3Escola ES/3 dos Carvalhos

72

Resumo

A elaboração do presente estudo teve como propósito principal averiguar se a

prática desportiva influência o desempenho académico e, como objetivo

específico, verificar a diferença entre os alunos praticantes e os alunos não

praticantes, relativamente à exigência da prática desportiva e desempenho

escolar. Foi utilizada uma amostra de 187 alunos, pertencentes ao 3º ciclo (9º

ano) e ensino secundário (10º, 11º e 12º), com idades compreendidas entre 14

e 17 anos. A amostra foi subdividida em 3 grupos: grupo dos alunos não

praticantes de desporto (n=104); grupo dos alunos praticantes de desporto

(n=72); e o grupo de alunos praticantes de desporto de alto rendimento (n=11).

Na recolha de dados sobre a prática desportiva dos alunos considerou-se o

preenchimento de um questionário nas aulas de educação física, de forma a

conseguir distribuir os alunos por um dos três grupos. A informação recolhida

baseou-se na quantidade e exigência da prática desportiva de cada aluno da

amostra. O questionário foi elaborado por dois Estudantes Estagiários, e

validado pelas Professoras Orientadora e Cooperante. A recolha dos dados do

desempenho escolar dos alunos foi realizada através da consulta dos registos

de avaliação do 2.º período do ano letivo 2015/2016 constantes na base de

dados da plataforma Online da escola cooperante. Para o tratamento dos dados,

recorreu-se a procedimentos estatísticos, regressão linear e comparação de

multivariada de médias, por recurso ao programa IBM SPSS Statistics 24. Os

resultados demonstraram que a prática desportiva não é preditora da média das

classificações, no entanto, encontrou-se uma diferença estatisticamente

significativa entre grupos. Assim sendo, verificou-se que o grupo dos praticantes

de desporto de alto rendimento têm uma média geral das classificações finais do

2.º período significativamente superior ao grupo dos não praticantes.

PALAVRAS-CHAVE: DESEMPENHO ESCOLAR; PRÁTICA DESPORTIVA;

ALTO RENDIMENTO.

73

Introdução

Ao longo dos anos, no decurso do meu percurso académico, fui

consultando alguns artigos e estudos que revelam que os alunos que praticavam

desporto têm um melhor rendimento académico. No entanto, a imagem que tinha

da minha experiência desportiva no futebol não se compadecia com essa

evidência, pelo que decidi investigar acerca desta temática. Esta minha

impressão inicial é suportada por Soares, Aranha e Antunes (2013, p.3) quando

afirmam que “(…) verificou-se que a taxa de retenção difere significativamente

entre o futebol/futsal e as restantes modalidades, sendo o futebol/futsal a

comtemplar as maiores taxas de reprovação, enquanto a ginástica e a natação

estão mais associadas às de aprovação”.

A relação entre o desporto e o rendimento escolar tem sido objeto de

pesquisa e especulação nas últimas décadas por diversos autores. A partir das

pesquisas que realizei, notei que as posições tomadas por estudiosos sobre a

influência do desporto no desempenho escolar têm variado entre o negativo e o

positivo. Se alguns autores têm a perspetiva negativa que nos diz que o

envolvimento no desporto é prejudicial no desempenho académico por um

conjunto de razões, tais como a "fuga de energia", tempo retirado do estudo e o

desporto se tornar no foco principal para o jovem em vez do trabalho escolar. Já

outros autores, avançam para uma posição positiva com os argumentos de que

um jovem fisicamente ativo melhora a sua aptidão geral, o tempo longe da sala

de aula a estudar pode ser refrescante, funcionando como um alívio para o tédio

e um tempo para o desvio mental, e, por isso, o envolvimento no desporto não

parece afetar negativamente o desempenho académico (Linder, 1999). Estes

resultados não espelham os de Fisher, Juszczak, e Friedman (1996), que não

encontram nenhuma relação entre a prática de desporto e o desempenho

escolar, num estudo realizado com uma amostra superior a 800 alunos. No

entanto, Hart and Shay (1964) têm uma posição positiva, afirmando que um

aluno bem fisicamente funciona melhor a nível escolar. Neste seguimento,

JacAngelo (2003) e Lipscomb (2007) realizaram estudos onde encontraram uma

diferença significativa nas classificações obtidas entre praticantes e não

praticantes de desporto. Também Tokila (2002, cit. de Zenha et al., 2009, p.8)

afirma o que o facto dos alunos de alta competição terem pouco tempo para

74

estudar, faz com que se preocupem com os resultados escolares e por isso

tenham uma boa organização do seu tempo e dos seus métodos para o estudo.

Partindo para a competição no desporto, escola e os clubes desportivos

devem ter uma relação próxima e de cooperação, que ajude os jovens no seu

desenvolvimento. Tal como refere Bento (1991) quando diz que a escola e o

clube podem situar-se no mesmo plano, o plano da formação. O mesmo autor

refere ainda que a escola e o clube devem ter a mesma função a cumprir, ainda

que com diferentes estratégias, meios e objetivos ocasionais, isto é, a escola e

um clube devem ser um local comum de formação para os jovens no domínio

cultural e social: “Escola e clube têm, pois, que viver em simbiose de perspetivas

e alargar a sua cooperação no sentido dos objetivos comuns, a fim de que o

jovem possa receber, de ambos os lados, uma imagem francamente positiva da

sua ligação ao desporto” (Bento, 1991, p. 7).

Ainda neste seguimento do nível de exigência no desporto, podemos

separar em, desporto de lazer, deporto de competição e deporto de competição

de alto rendimento1. Esta divisão pode ser relevante, porque o tempo despendido

para os treinos por um aluno de alto rendimento é superior ao de um aluno

praticante de desporto que não é de alto rendimento, assim como a respetiva

exigência. Sendo assim, um aluno que tem muito tempo de treino, terá pouco

tempo para realizar as tarefas da escola, tal como refere Brettschneider (1999,

cit. por Zenha, Gomes e Rui, 2009), quando afirma que um aluno de alta

competição tem uma redução bastante significativa no seu tempo livre, tempo

esse que serve para realizar os trabalhos de casa, desfrutar das suas atividades

de lazer, estar com a família e amigos e ainda descansar.

O conceito de desporto de alto rendimento segundo o Instituto Português

do Desporto e Juventude (IPDJ)5 está relacionado com um elevado cariz de

seleção, rigor e exigência que faz com que só os melhores o consigam atingir.

Tal como foi referido anteriormente, os alunos nesta situação usufruem de pouco

tempo fora dos treinos para realizar todas as tarefas que lhes estão destinadas,

e, nesse sentido, Zenha, Resende e Gomes (2009) remetem-nos para o facto de

estes alunos obterem o “estatuto de atleta de alto rendimento”, porém este

5 Definição do conceito de alto rendimento retirada do website do Instituto Português do Desporto

e Juventude, I. P. (www.idesporto.pt), em 20 de junho de 2016.

75

estatuto não resolve os problemas da vida-dupla que levam estes alunos, visto

que as atividades educativas, sociais e de um cidadão comum, nem sempre são

compatíveis com os treinos e as competições. Também Costa (2012) comenta

esta problemática, afirmando que apesar de a escola ter o dever de ajudar estes

alunos a gerir o seu tempo livre, isso não acontece, principalmente no nosso

país, onde esta questão ainda não despertou muito interesse nos investigadores.

Atendendo a este panorama, que, por um lado coloca em evidência os

benefícios da prática desportiva e, por outro, mostra-nos que o desempenho

académico de um atleta de alto rendimento pode ser comprometido se não tiver

orientações que o ajudem, foram definidos como objetivos:

Objetivo geral

Verificar se a prática desportiva influencia o desempenho escolar dos

alunos do 3.º Ciclo e do Ensino Secundário.

Objetivo específico

Analisar se há diferenças no desempenho escolar entre grupos de prática

desportiva com exigência desportiva diferente.

Metodologia

O presente estudo integrou nove turmas do 9º ao 12º ano de escolaridade

(quatro turmas do 9º, uma do 10º, duas do 11º e duas do 12º) abrangendo um

total de 187 alunos, com idades compreendidas entre 14 e os 17 anos de idade.

A amostra foi dividida em 3 grupos, o grupo dos praticantes de desporto, o grupo

dos praticantes de desporto de alto rendimento e o grupo dos “não praticantes”.

O quadro 1, mais à frente representado, caracteriza a amostra no que refere à

variável independente, exigência no desporto.

Relativamente ao método de amostragem, não foi aleatório, sendo que as

turmas do 9º ano foram escolhidas por serem as turmas do núcleo de estágio,

facilitando a distribuição e recolha dos questionários. Quanto às turmas do

ensino secundário, foi tido em consideração as que continham alunos da Seleção

Nacional de Voleibol, de Hóquei em Patins e Futebol, de maneira a que a

amostra do grupo dos praticantes de alto rendimento fosse a maior possível

dentro do que é a realidade da escola.

No que concerne à recolha de dados do estudo, foi realizada através do

preenchimento de um questionário (Anexo 1), nas aulas de educação física, de

76

forma a conseguir distribuir os alunos por um dos três grupos, através de

informação acerca da quantidade e exigência da prática desportiva de cada

aluno da amostra. Esse questionário foi elaborado por 2 Estudantes Estagiários,

e validado pelas respetivas Professora Orientadora e Professora Cooperante. A

construção do questionário foi realizada a pensar na recolha de informação para

dois estudos de investigação diferentes (um para cada Estudante Estagiário),

sendo que para este estudo foram tidas em conta apenas as questões acerca da

prática desportiva. Para além dos questionários foi utilizada também a base de

dados da escola para ter acesso às classificações dos alunos. O questionário foi

entregue no 3º Período na parte inicial das aulas de Educação Física de todas

as turmas. No entanto, como existiam turmas que não tinham Educação Física

no seu horário (12º ano), esses grupos de alunos tiveram que preencher o

questionário numa outra aula, a partir da indicação dos diretores de turma das

respetivas turmas. No que diz respeito às classificações dos alunos, foram

analisadas apenas as os registos de avaliação final do 2º período, na medida em

que o ano letivo ainda se encontrava a decorrer quando se procedeu à recolha

de dados do estudo.

Neste questionário pretendeu-se identificar os alunos que praticavam ou

não praticavam desporto, e se fossem praticantes, qual a exigência desportiva.

Na análise do desempenho escolar, teve-se em conta apenas a média das notas.

Nestes contextos, como estavam abrangidos dois ciclos de estudos diferentes

(3º ciclo e secundário), onde as escalas das classificações atribuídas são

diferentes, optei por igualar a média de todos os alunos para que a análise dos

dados fosse facilitada. Isto é, os alunos do 3º ciclo passaram a ter uma escala

de 0 a 20 também (exemplo: média de 3º ciclo de 3,2, passou a ser média de

12,8).

Depois de todo este procedimento, foram realizadas as médias em cada

grupo, comparando o desempenho escolar com o nível competitivo desportivo

dos alunos. Para isto, encontrou-se a média geral de cada um dos grupos e por

fim, foi feita a análise dos resultados entre os grupos de alunos, por recurso aos

testes estatísticos, regressão linear e comparação multivariada de médias. Esta

análise dos dados, recorreu-se a procedimentos estatísticos através do

programa IBM SPSS Statistics 24.

77

Quadro 4 – Estatística descritiva das classificações de cada grupo.

N ẋ ± dp Mediana Máx. Min.

Não

Praticantes

104 13,03 ± 2,25 12,80 19 8

Praticantes

72 13,80 ± 2,57 13,60 19 9

Alto

Rendimento

11 14,73 ± 2,33 14,40 18 12

Resultados

Inicialmente recorreu-se a uma regressão linear, de forma a verificar se a

prática desportiva era preditora da média das classificações finais do 2.º período

dos alunos. A regressão linear foi realizada com a variável independente (tipo de

praticante) e a variável dependente (média das classificações), onde foram

obtidos os seguintes resultados:

Quadro 5- Regressão linear com as variáveis tipo de praticante e média das classificações

Modelo R R quadrado R quadrado

ajustado

Erro padrão da

estimativa

1 0,204a 0,042 0,037 0,597

O Quadro 2 mostra que o R quadrado é 0,042, isto é, a Prática Desportiva

explica apenas 4,2% a média das notas. Tendo em conta este resultado

podemos afirmar que praticar ou não praticar não é explicativa de um melhor

desempenho escolar.

No entanto, posteriormente através de uma análise de variância (ANOVA

por comparações múltiplas) entre os três grupos da amostra, verificou-se que

existem diferenças estatisticamente significativas entre o desempenho escolar e

a prática desportiva (p= 0,019).

De seguida, através do procedimento Bonferroni (Teste Post Hoc),

verificou-se que só existem diferenças entre dois grupos (tabela 6), o grupo dos

praticantes de alto rendimento e o dos não praticantes (p ≥ 0,049), onde o

desempenho escolar é superior no grupo dos praticantes de alto rendimento

(14,73 ± 2,33).

78

Quadro 6 - Variação do desempenho escolar nos grupos de alunos praticantes, praticantes de

desporto de alto rendimento e não praticantes de desporto.

Grupos Diferença

entre

médias

ẋ±dp Sig.*

Alto-rendimento Praticante ,929 13,80±2,57 ,689

Não praticante 1,707 13,03±2,25 ,049

*Nível de significância p ≤ 0,05

Discussão

Este estudo tinha como objetivo geral averiguar se desportiva prática

desportiva influencia o desempenho académico. Perante os resultados obtidos,

observa-se que a prática desportiva não explica o desempenho escolar

(influencia apenas de 4,2%), tal como referem Fisher, Juszczak, e Friedman

(1996) na parte introdutória deste estudo.

Passando para o objetivo mais específico, onde se pretendia verificar a

diferença no desempenho escolar entre os três grupos, podemos observar que

houve uma diferença estatisticamente significativa entre grupos. Onde o grupo

de alto rendimento tem uma média significativamente superior (14,73 ± 2,33), ao

grupo dos não praticantes (13,03 ± 2,25). Com feito, perante os resultados

obtidos pode-se concluir a prática desportiva, pode ter alguma influência positiva

no desempenho escolar, tal como afirmou Hart e Shay (1964). Pode-se também

concluir que um nível superior de competitividade no desporto pode influenciar

positivamente o desempenho escolar, o que faz com que os argumentos

apresentados por Tokila (2002, cit. por Zenha et al., 2009), suportem estes

resultados.

Ainda no que se refere aos objetivos, e segundo o que foi mencionado por

Bento (1991) relativamente à conexão clube-escola, no decorrer deste estudo

verifica-se que grande parte dos alunos de alto rendimento desta amostra

usufruem de uma boa conexão escola-clube. Isto porque, além de alguns treinos

serem realizados na própria escola, quase todos os alunos vivem numa

instituição que faz paredes-meias com a escola. Todas estas situações fazem

com que os respetivos alunos possam ter algum trabalho facilitado na medida

79

em que, o tempo despendido em viagens é menor e assim passam a ter mais

tempo para as tarefas escolares, não expondo tanto a sua situação escolar ao

risco.

No que diz respeito às limitações deste estudo, prendem-se com os

seguintes fatores: a amostra reduzida, mais especificamente, no grupo dos

praticantes de alto rendimento, e a utilização dos registos de avaliação final do

2.º período, em alternativa às finais de ano letivo, pelo estudo ter sido realizado

ainda com o ano a decorrer.

No que concerne a estudos futuros nesta área, sugere-se uma separação

por modalidades de maneira a sustentar ainda mais o que Soares et al. (2013)

afirmam. E, por último, separar os resultados dos diferentes ciclos de estudos e

por género (sexo) de maneira a verificar o comportamento do desempenho

escolar em função dessas duas variáveis.

Agradecimentos

Quero fazer um agradecimento especial ao professor Rui Garganta, da

FADEUP e CIFID por toda a disponibilidade que teve em cooperar neste estudo

e pela colaboração no tratamento e análise dos dados.

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Corunha.

81

Anexos

Anexo 1 – Questionário utilizado no estudo.

Questionário de Educação Física

Nome:

____________________________________________________________

Ano/Turma: ____º ____

Praticas alguma atividade extracurricular? Sim Não

Caso tenhas respondido “Não”, obrigado pela participação.

Se respondeste “Sim”, qual das seguintes opções:

Desporto, Modalidade(s).(1)___________ ; (2)___________ ;

(3)_____________

Música.

Dança.

Pintura.

Outra. Qual?_________________

Onde?__________________________________________________________

_______ (ex: Futebol Clube de Pedroso; Escola de Música de Perosinho)

Quando é que começas-te a praticar? Ano____ mês____

Se escolhes-te a opção “Desporto”,

Qual o escalão e a divisão?___________________ (ex: Júnior, 1ª Divisão Distrital)

Modalidade - 1

Quantas horas por semana?___h___min (ex: 3 treinos de 1h + 1h30min de jogo = 4h30min )

Modalidade - 2 (caso exista)

Quantas horas por semana?___h___min

Modalidade - 3 (caso exista)

Quantas horas por semana?___h___min

Obrigado pela participação.

Este questionário surge no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional

do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Todas as informações

adquiridas neste documento serão única e exclusivamente para tratamento

de dados. estatísticos,.pelo que será mantido o anonimato.

82

5 – Conclusão

86

5 – Conclusão

Este EP é o fim de um ciclo de formação. Uma formação que deve ser um

processo contínuo e sistemático de aprendizagem através da reflexão da nossa

atividade (Costa, Carvalho, Onofre, Diniz, & Pestana, 1996). Este ano foi

marcado justamente por um elevado número de aprendizagens relativas ao

papel que um professor deve desempenhar na escola, um bom professor de EF

não se pode limitar a dar as suas aulas. Deve dignificar a sua profissão ao

preocupar-se com os alunos, criar bom ambiente, ser cativante, participar

ativamente na comunidade escolar, procurar sempre atualizar-se e estar em

constante formação, deve marcar pela diferença. Todas estas aprendizagens

foram fruto das situações que que fui vivenciando e dos obstáculos que fui

ultrapassando, nas aulas, em todas as outras atividades da escola que participei

e nas funções que desempenhei.

Não considero que tenham existido momentos maus no decorrer deste

ano, podem, não ter-se desenrolado como o planeado, mas foi através dessas

falhas que pude crescer e evoluir enquanto estagiário a professor de EF. As

superações foram constantes e as inseguranças foram-se dissipando ao longo

de todo.

As expectativas que tracei no início do ano foram cumpridas na sua

íntegra. Reconheci alunos da EC, situação para a qual já estava preparado e

suportei com facilidade. O contacto com a Comunidade Educativa foi excelente.

Os professores receberam-me muito bem e procuraram sempre passar algum

tipo de vivência, conhecimento e experiência que fosse rica para o meu

crescimento. O Grupo de Educação Física foi sem dúvida o grupo de professores

mais próximo de mim, fazendo sempre um esforço enorme para que nunca me

faltasse nada. Passaram um grande espírito de grupo, entreajuda e

solidariedade entre professores, algo que percebi que é fulcral existir numa

escola para que as coisas funcionem com sucesso. Relativamente à PC e PO,

foram sem dúvida um pilar durante todo este processo de formação, uma fonte

de conhecimento que nunca me falhou em situação alguma, tal como era

expectável.

87

Todos estes intervenientes tornaram-se uma peça fundamental para que

neste EP conseguisse ultrapassar barreiras, tais como a insegurança inicial ou

ganhar o controlo da turma. Assim sendo, fui capaz de transformar todos os

meus saberes teóricos em questões práticas e fui adotando uma série de

características essenciais para que numa próxima oportunidade possa exercer

esta profissão de melhor forma.

O trabalho desenvolvido ao longo do ano, para além de me ter facultado

todas as ferramentas referidas anteriormente, também me ajudou a moldar o

meu pensamento e ideologia acerca do que é ser um bom professor de EF.

Fatores que eu não entendia serem importantes, como a socialização

antecipatória (vivências pessoais, desportivas e académicas) são uma influência

enorme para a construção do professor.

Ao finalizar este episódio da minha formação, sinto que estou preparado,

não só no que diz respeito às contingências da prática, mas também para

conceber, planear, realizar e avaliar todo o processo de ensino aprendizagem.

Esta obtenção de conhecimentos adveio em grande parte graças à reflexão que

realizei.

O ato reflexivo foi presença assídua no meu dia a dia do EP. Refleti acerca

de toda a minha prática, das dúvidas e problemas que me foram surgindo e a

forma de soluciona-los, refleti acerca de todas as outras funções que tive além

das aulas e até dos momentos menos bons que também serviram para aprender.

Para terminar, é com toda esta noção do que é ser um professor

competente que vou aguardar uma oportunidade para exercer esta profissão,

com a consciência de que o futuro nesta área não é algo que se avizinha muito

risonho. No entanto, como jovem que sou terei sempre uma réstia de esperança,

com a certeza que “a tal” oportunidade surgirá.

6 - Bibliografia

90

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