O profissional da informação e a construção de sua ocupação

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O Profissional da Informação e a construção de sua ocupação 1 Luciana Beatriz Piovezan dos Santos 2 Resumo: No contexto da Sociedade da informação, lidar com informação torna-se atividade promissora com um campo variado de oportunidades e diversos profissionais desejosos de ingressarem nesse mercado. Discute-se a formação inicial do bibliotecário como garantia de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade individual para com a construção de sua formação para a ocupação profissional. Conclui-se que a academia não tem condições para formar o profissional de modo que atenda à novas exigências do mercado de trabalho e que a responsabilidade maior para com a formação inicial é do discente de graduação. Palavras Chave: Biblioteconomia. Bibliotecário. Formação Profissional. Mercado de trabalho. Introdução A sociedade atual tem sido denominada de Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento, e se caracteriza por possuir uma emergente forma de economia, globalizada e que tem a informação como insumo, adentrando para a era do chamado capitalismo informacional. Nesse contexto, lidar com informação torna-se atividade promissora com um campo variado de oportunidades e diversos profissionais desejosos de ingressarem nesse mercado. Questiona-se se está o bibliotecário apto a atender as demandas desse mercado e competir com outros profissionais pelas atividades informacionais apenas com sua formação acadêmica ou se é a educação continuada necessária para sua inserção no mundo do trabalho. Podemos dizer que o mercado de trabalho está em um momento de alta receptividade ao profissional bibliotecário, mas também, de alta exigência quanto às competências deste profissional. A biblioteconomia é reconhecida por ser uma profissão que apresenta um campo de atuação abrangente e que, portanto, pode receber profissionais com perfis diferenciados. Mas que, para tanto, requer deste profissional uma formação mínima com característica generalista. Entendemos que “o mercado de trabalho do profissional bibliotecário vem sofrendo significativas transformações que têm exigido adaptação de perfil profissional” (DUARTE; BRAGA, 2010, p. 108), adaptações essas que são incumbidas ao profissional como inevitáveis. O objetivo que me coloco é discutir a formação inicial do bibliotecário como garantia de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade individual para com a construção de sua formação para a ocupação profissional. 1 Atividade final apresentada à disciplina de Formação e Atuação Profissional, ministrada pelo Prof. Dr. Water Moreira ao curso de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp Marília. 2 Discente do 4º ano do curso de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp Marília.

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Atividade final da disciplina de Formação e Atuação Profissional em Biblioteconomia. . Discute a formação inicial do bibliotecário como garantia de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade individual para com a construção de sua formação para a ocupação profissional.

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O Profissional da Informação e a construção de sua ocupação1

Luciana Beatriz Piovezan dos Santos2

Resumo: No contexto da Sociedade da informação, lidar com informação torna-se atividade promissora com um campo variado de oportunidades e diversos profissionais desejosos de ingressarem nesse mercado. Discute-se a formação inicial do bibliotecário como garantia de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade individual para com a construção de sua formação para a ocupação profissional. Conclui-se que a academia não tem condições para formar o profissional de modo que atenda à novas exigências do mercado de trabalho e que a responsabilidade maior para com a formação inicial é do discente de graduação.

Palavras Chave: Biblioteconomia. Bibliotecário. Formação Profissional. Mercado de trabalho.

Introdução

A sociedade atual tem sido denominada de Sociedade da Informação ou Sociedade

do Conhecimento, e se caracteriza por possuir uma emergente forma de economia, globalizada e que tem a informação como insumo, adentrando para a era do chamado capitalismo informacional. Nesse contexto, lidar com informação torna-se atividade promissora com um campo variado de oportunidades e diversos profissionais desejosos de ingressarem nesse mercado.

Questiona-se se está o bibliotecário apto a atender as demandas desse mercado e competir com outros profissionais pelas atividades informacionais apenas com sua formação acadêmica ou se é a educação continuada necessária para sua inserção no mundo do trabalho.

Podemos dizer que o mercado de trabalho está em um momento de alta receptividade ao profissional bibliotecário, mas também, de alta exigência quanto às competências deste profissional.

A biblioteconomia é reconhecida por ser uma profissão que apresenta um campo de atuação abrangente e que, portanto, pode receber profissionais com perfis diferenciados. Mas que, para tanto, requer deste profissional uma formação mínima com característica generalista. Entendemos que “o mercado de trabalho do profissional bibliotecário vem sofrendo significativas transformações que têm exigido adaptação de perfil profissional” (DUARTE; BRAGA, 2010, p. 108), adaptações essas que são incumbidas ao profissional como inevitáveis.

O objetivo que me coloco é discutir a formação inicial do bibliotecário como garantia de inserção no mercado de trabalho e a responsabilidade individual para com a construção de sua formação para a ocupação profissional.

1 Atividade final apresentada à disciplina de Formação e Atuação Profissional, ministrada pelo Prof. Dr. Water Moreira ao curso de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp Marília. 2 Discente do 4º ano do curso de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp Marília.

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Atuação profissional e a Sociedade da informação

A contemporaneidade é reconhecida pela rapidez com que as mudanças ocorrem, são mudanças de cunho social, econômico e tecnológico que afetam as relações de trabalho ao modificarem a maneira de pensar dos indivíduos e sua forma de compreender a sociedade. Sobre isso Cunha (2009, p. 96) apoiada em DeMasi (2003) afirma que “difundiu-se uma consciência de que as visões do mundo com as quais nos orientamos no passado são insuficientes para explicar o presente e antecipar o futuro”.

Valentim (2000, p.16-17) explica que as TIC, desde seu surgimento, tem imprimido ainda mais velocidade à essas mudanças, aumentando a incerteza e modificando as perspectivas da sociedade em geral. Na mesma linha de pensamento está Guimaraes (2000, p. 50, tradução nossa):

[...] existem três aspectos que não somente caracterizam a realidade informacional contemporânea, mas que também conduzem a mudanças no fazer e no pensar da área: o fenômeno da globalização, o rápido crescimento das novas tecnologias e a figura de um usuário (muitas vezes elevado a categoria de cliente ou consumidor da informação) muito mais exigente e interativo.

Essa afirmação de Guimaraes nos lembra de um fator importante do trabalho do bibliotecário que é o usuário da informação, aquele a quem se destinam as atividades da profissão, o que demonstra que o bibliotecário é um prestador de serviços.

Segundo Cunha, a sociedade, sentido mais amplo da compreensão do usuário, é quem detém o poder de regular e legitimar uma profissão, nas palavras da autora “[...] cada profissão está relacionada a uma comunidade através de um contrato implícito. Este contrato lhe dá o direito exclusivo de exercício em troca da segurança, da qualidade e da eficácia dos serviços oferecidos.” (CUNHA, 2000, p. 97) por meio dessa legitimação consegue-se garantir o lugar da profissão na sociedade excluindo o ingresso de outros profissionais em seu espaço de atuação.

Devemos, entretanto, nos questionar se estamos preparados para atender à sociedade em suas demandas a ponto de sermos legitimados como profissão, estamos sendo formados para responder às exigências do mercado?

Ao considerarmos as funções do bibliotecário, tanto as atividades consideradas tradicionais, como classificação, catalogação, indexação, quanto às emergentes – gestão do conhecimento, gestão da informação, analise de sistemas informacionais, nos parece evidente que deva o egresso do curso superior ter base suficiente para estar no mercado de trabalho. Porém, ao retomarmos a questão das TIC nos é claro a expansão do campo de atuação do profissional da informação e as exigências que essas novas possibilidades carregam. Não temos a garantia de que o bibliotecário recebe durante a formação acadêmica toda a preparação necessária para legitimar-se nesses novos mercados.

Souto (2006 apud DUARTE; BRAGA, 2010, p. 108) cita alguns exemplos das competências que são requeridas ao profissional da informação contemporâneo, como “domínio das tecnologias da informação, domínio de um segundo idioma, capacidade de

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comunicação e de relacionamento interpessoal, capacidade de gerenciamento” além das habilidades técnicas tradicionais.

Entendemos que a academia não possui condições para formar o profissional de modo que atenda à essas exigências. Talvez se pudermos ir além, não é esse o objetivo da formação superior atualmente, não é nem pode ser. A Sociedade da Informação impõe mudanças às quais seria inútil tentar construir um curso de graduação que dedique-se à modificar-se na mesma velocidade. O profissional da informação precisa se adaptar e se preparar para transitar nesse novo cenário adquirindo competências que façam com que a base sólida de técnicas e habilidades adquiridas na academia faça sentido para atender às novas demandas (CUNHA, 2000.).

Considerações Finais

Diante do exposto, é possível perceber que a formação do bibliotecário para atender às novas demandas do mercado de trabalho é complexa e desafiadora. Concordamos que a Universidade deve garantir uma harmonização entre o ensino e o mercado de trabalho, de forma que os seus egressos possam interagir com a sociedade no oferecimento de seus serviços. Mas também admitimos que o maior responsável pela formação acadêmica é o aluno e futuro profissional.

Parafraseando Duarte e Braga (2010, p. 108) entendemos que o preparo para a atuação profissional “não depende somente da formação acadêmica, mas também do empenho individual para com a formação e inserção no mercado de trabalho”. É possível ao aluno direcionar o desenvolvimento de sua formação acadêmica por meio do interesse na participação de cursos extra-curriculares, realização de estágios, participação em atividades de extensão, e até mesmo por meio da Iniciação Científica. Da mesma forma como é possível ao profissional egresso a realização de cursos para formação continuada, seminários, eventos de classe, entre outros.

O profissional da informação, em especial o bibliotecário, deve estar apto a agregar às habilidades tradicionais de sua profissão as novas competências exigidas pelo mercado, pois são essas essenciais para sua inserção e continuidade no espaço do trabalho, assim como, habituar-se a constantemente buscar melhorias à sua formação. Para manter essa postura sempre atualizada e saber lidar com situações novas ao longo da carreira profissional é preciso que o bibliotecário tenha autonomia na aquisição de conhecimento e saiba de que maneira aplicá-lo.

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Referências

CUNHA, M. V. O profissional da informação e o sistema de profissões: um olhar sobre competências. PontodeAcesso, Salvador, v. 3, n. 2, p. 94-108, ago. 2009.

DE MASI, D. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

DUARTE, E. A.; BRAGA, R. M. O. O profissional bibliotecário e o domínio da língua inglesa. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 15, n. 30, p.105-122, 2010.

GUIMARAES, J. A. C. Políticas de análisis y representación de contenido para la

gestión del conocimiento em las organizaciones. Scire. v. 6, n. 2 (jul.-dic. 2000) p.49-58.

SOUTO, Sônia Miranda de Oliveira. O profissional da informação frente às tecnologias do novo milênio e as exigências do mundo do trabalho. In: CINFORM - Encontro Nacional de

Ciência da Informação, 4, 2006, Salvador. Anais....Salvador, 2006.

VALENTIM, Marta Lígia P. O moderno profissional da informação: formação e perspectiva profissional. Encontros Bibli, n. 9, p. 16-28, 2000.