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O PROGRAMA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA: INICIAÇÃO A DOCÊNCIA E FORMAÇÃO POLÍTICA Desiré Luciane Dominschek Universidade Estadual de Campinas Agência Financiadora: CAPES/PIBID/UNINTER Resumo Este trabalho tem como objetivo descrever o trabalho efetivado pelos bolsistas pibidianos durante o momento em que as escolas públicas do Estado do Paraná passaram por longos dias de greve. O objetivo desta pesquisa foi a formação política de nossos futuros professores e também o resgate histórico dos acontecimentos que permearam o movimento de greve. Esta pesquisa nos proporcionou um maior conhecimento a respeito da História do movimento de greve dos professores do Estado do Paraná, ampliando a nossa visão em relação à realidade escolar, das dificuldades que a educação enfrenta, e da relação entre governo e escola e sociedade, com isso destacamos a importância da formação dos professores, da importância da conscientização sobre seus direitos e deveres para que esses futuros professores se tornem críticos, reflexivos e que ajam em prol da transformação da sociedade e da educação. Concluímos que esse trabalho contribui para a formação docente dos futuros professores, de forma crítica e que nos instigou a pesquisar sobre o papel do professor e as relações com a política pública educacional para além da docência.Para tanto utilizamos de pesquisa bibliográfica e documental qualitativa acessadas a partir do site da APP Sindicato e da Gazeta do Povo, e também a pesquisa de campo. Palavras-chave: Pibid. Formação e lutas. Greve professores do Estado do PR. Introdução O presente trabalho aborda como tema o contexto histórico do movimento de greve dos professores do Estado do Paraná, fato ocorrido ano de 2015. O objetivo principalmente deste trabalho foi a elaboração de atividades aos pibidianos que ficaram com a greve sem o espaço de iniciação à docência, e esta atividade possibilitou também a formação política e cidadã dos pibidianos. A pesquisa motivou a busca pela compreensão de como iniciou e porque, o movimento de greve dos professores, verificar a cronologia dos principais fatos que marcaram o embate entre professores e governo do Paraná nos traz a perspectiva de análise do contexto histórico daquele momento, e ainda como estratégias para entender este contexto pudemos realizar entrevistas com professores e alunos.

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O PROGRAMA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA: INICIAÇÃO A DOCÊNCIA E FORMAÇÃO POLÍTICA

Desiré Luciane Dominschek Universidade Estadual de Campinas

Agência Financiadora: CAPES/PIBID/UNINTER

Resumo Este trabalho tem como objetivo descrever o trabalho efetivado pelos bolsistas pibidianos durante o momento em que as escolas públicas do Estado do Paraná passaram por longos dias de greve. O objetivo desta pesquisa foi a formação política de nossos futuros professores e também o resgate histórico dos acontecimentos que permearam o movimento de greve. Esta pesquisa nos proporcionou um maior conhecimento a respeito da História do movimento de greve dos professores do Estado do Paraná, ampliando a nossa visão em relação à realidade escolar, das dificuldades que a educação enfrenta, e da relação entre governo e escola e sociedade, com isso destacamos a importância da formação dos professores, da importância da conscientização sobre seus direitos e deveres para que esses futuros professores se tornem críticos, reflexivos e que ajam em prol da transformação da sociedade e da educação. Concluímos que esse trabalho contribui para a formação docente dos futuros professores, de forma crítica e que nos instigou a pesquisar sobre o papel do professor e as relações com a política pública educacional para além da docência.Para tanto utilizamos de pesquisa bibliográfica e documental qualitativa acessadas a partir do site da APP Sindicato e da Gazeta do Povo, e também a pesquisa de campo. Palavras-chave: Pibid. Formação e lutas. Greve professores do Estado do PR.

Introdução

O presente trabalho aborda como tema o contexto histórico do movimento de greve dos professores do Estado do Paraná, fato ocorrido ano de 2015. O objetivo principalmente deste trabalho foi a elaboração de atividades aos pibidianos que ficaram com a greve sem o espaço de iniciação à docência, e esta atividade possibilitou também a formação política e cidadã dos pibidianos. A pesquisa motivou a busca pela compreensão de como iniciou e porque, o movimento de greve dos professores, verificar a cronologia dos principais fatos que marcaram o embate entre professores e governo do Paraná nos traz a perspectiva de análise do contexto histórico daquele momento, e ainda como estratégias para entender este contexto pudemos realizar entrevistas com professores e alunos.

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Com base nas discussões realizadas nas reuniões de formação do Pibid, e também nas pesquisas realizadas sobre o movimento, problematizamos o movimento de greve dos professores como espaço de pesquisa, de formação e ação política. Neste sentido, concordamos com Saviani (2014) que o conhecimento ocupa lugar importante no capitalismo porque é parte das forças produtivas, mas o seu desenvolvimento, no entanto, entra em conflito com as relações de produção. Desse modo, a luta no ambiente escolar pressupõe direcionamentos para o socialismo, e lutar pela socialização do saber bem como para a socialização dos bens produzidos é lutar pelo social.

Retomando o conceito etimológico de crise a fim de elucidar o capitalismo e sua grave crise, Lombardi (2012), remontando aos primórdios do neoliberalismo (desde Hayec), até a sua propagação mais efetiva a partir do governo de Margareth Thatcher em 1970, afirma que a propagação da: globalização, pós-modernidade, e fim da história se constituíram como

Instrumentos ideológicos da contraofensiva do capital, mais precisamente do capital financeiro, notadamente de seu mais novo rebento, sedento por uma acumulação rápida e pura expressão do capital em seu ciclo financeiro de acumulação: o capital especulativo. Essa contra ofensiva usou de todos seus instrumentos políticos e financeiros para implementar seus objetivos fundamentais: derrotar a classe operária, bloqueando as possibilidades de sua ofensiva, inclusive desmantelando as estruturas, as instituições e as conquistas resultantes do Estado de Bem-Estar Social; reestruturar o capitalismo internacional, abrindo espaço para a livre operação do capital financeiro especulativo, das grandes corporações transnacionais e das potências capitalistas” (LOMBARDI, 2012, p.81).

Entendemos que o processo de formação dos licenciandos que atuam no Pibid, passa pela formação política e pelo entendimento dos fenômenos decorrentes do neoliberalismo, do capitalismo e da globalização conforme nos relata Lombardi, e esta análise é necessária para compreensão dos acontecimentos ocorridos no movimento de greve dos professores do Estado Paraná. Trazendo para a análise Hobsbawm, Lombardi (2012), enfatiza que a esquerda passou a enfrentar a dura carpintaria da história, após o colapso da URSS, porém com as sucessivas crises que vem assolando o neoliberalismo e sua camaleônica tentativa de sobrevivência, Marx e Engels vem sendo recolocados na pauta das discussões, demonstrando mais uma vez a atualidade de suas análises correspondentes ao prognóstico do modo de produção capitalista, reascendendo o entendimento da revolução e enquanto processo de transformação desses velhos escombros, e por isso o autor vem insistindo na necessidade de se abrir ainda mais o debate, acerca da perspectiva de reconstrução revolucionária, para uma nova sociedade mais justa e mais igualitária.

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Figura 1 – Imagem Vinculado nas redes sociais em apoio a greve dos professores do Paraná

Fonte : Acervo :APP-Sindicado – PR Esse projeto revolucionário precisa estar presente, sobretudo nos educadores

para a luta de que todos os homens tenham acesso a uma educação para além do capital, “que possam usufruir de uma educação crítica voltada para o entendimento da sociedade, nos conteúdos historicamente produzidos pelos homens no interior de uma perspectiva de política de transformação social” (LOMBARDI, 2012, p.100). Com esta percepção da sociedade e da escola é que se desenvolve nossa pesquisa. Neste sentido a pesquisa do tema se deu justamente para aprofundar nossos conhecimentos da realidade escolar, compreender a história da necessidade do movimento de greve pelos professores que buscavam melhorias de trabalho e educação de qualidade para todos. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental de caráter qualitativo, nas quais buscamos analisar os dados que constam no site da Gazeta do Povo, e pesquisa em campo realizando entrevista com a professoras e alunos das escolas estaduais. A pesquisa se desdobra em quatro partes: na primeira será apresentado como surgiu o movimento de greve dos professores; na segunda a cronologia dos principais fatos do movimento; após o relato da entrevista realizada com uma professora do colégio Benedicto João Cordeiro; e por último uma reflexão sobre o movimento da greve, sobre as consequências para a educação.

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Menos Bala mais GIZ... Para refletir sobre o tema proposto, acessamos o site da APP Sindicato (2015), da Gazeta do Povo (2015), em que podemos compreender como surgiu o movimento. A greve dos professores do estado do Paraná iniciou no dia 09 de fevereiro de 2015, pela necessidade de lutar pelos direitos de garantia das conquistas já realizadas. Foi uma greve de resistência e não de melhoria, pois o governo estava fazendo cortes na educação. Segundo Andrea Caldas59, em sua entrevista dada à Carta na Escola, a coordenadora do Fórum Estadual de Educação do Paraná, diz que:

Uma série de benefícios dos funcionários em geral está sob ameaça. A greve dos professores e funcionários da escola teve maior visibilidade porque no caso deles teve uma série de situações que já haviam mobilizado. Uma delas foi o atraso no pagamento das férias em janeiro, a outra foi a interrupção dos salários dos temporários, professores que atuam com contrato precário. Geralmente, eles têm a rescisão do contrato em dezembro e são reencontrados em fevereiro, e enquanto isso, recebem seus direitos pela demissão, que é o que garante sobrevivência. Desta vez, foram dispensados e não foi pago nada. Então, a situação ficou dramática. Muita gente não tinha como pagar as contas. Foram para as ruas vender coisas, sapatos, livros, bijuterias em feiras solidárias de arrecadação. Isso teve um grande apoio da sociedade. Também mudaram o porte da escola e passaram a contratar menos funcionários de apoio e desistiram da contratação dos aprovados em um concurso depois que já haviam escolhido os cargos. A adesão à greve foi de 100%, porque as escolas não tinham quadro suficiente para funcionar. Tinha escola grande que caiu de dez para três serventes e disciplinas sem professor. Normalmente, os diretores ficam neutros ou até contrários em situação de greve. Desta vez houve apoio. Muitos estão, inclusive, sofrendo ameaças de punição. (CALDAS, junho,2015)

59 Professora Doutora da Universidade Federal do Paraná, do setor de Educação, Coordenadora do Fórum Estadual de Educação do Paraná.

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Figura 2 – Campanha da APP Sindicado em prol do movimento de greve dos professores do Paraná

Fonte: Acervo da APP Sindicado - PR Complementando, a pauta da greve referia-se a data-base (8,14%), piso Nacional para professores e funcionários (13,01%), retroativo a janeiro, PSS – pagamento pela maior habilitação, porte de Escola (condições de trabalho), concurso Público para professores e funcionários, enquadramento dos aposentados no nível II, hora-atividade de 50%. E estava inicialmente na pauta, também a retirada ou rejeição do projeto de lei que alterou o Regime Próprio de Previdência dos Servidores. Para compreender melhor esse movimento, fizemos uma análise de dados a partir das notícias publicadas no jornal Gazeta do Povo (junho, 2015)60, e fazemos uma retomada histórica apresentamos a cronologia dos principais fatos ocorridos. O jornal a Gazeta do povo destaca o início da greve ,

No dia 09/02 - Começou a greve dos professores da rede estadual de ensino, no mesmo dia em que estava previsto o

60CronogramapublicadopelojornalGazetadoPovoem08/junhode2015.Ediçãododia.Disponívelem

http://www.gazetadopovo.com.br/topicos/assuntos/greve-dos-professores-no-parana, acesso em

28/07/2015

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início do ano letivo. Cerca de 20 itens estavam na pauta de reivindicações, incluindo um pedido para o governo estadual retirar do Legislativo o projeto de lei que muda a previdência dos servidores. 04/03 - Atendendo pedido de liminar do governo estadual, o desembargador Luiz Mateus de Lima, do Tribunal de Justiça do Paraná, determinou o fim da greve, sob pena de multa diária de R$ 20 mil ao sindicato dos educadores. 09/03 - Governo estadual definiu propostas para os itens de reivindicação, em uma “carta compromisso” assinada no dia 6 de março, e professores decidiram em assembleia suspender a greve. (Gazeta do povo, junho,2015)

Em 12/03 –as aulas são retomadas, mas o diálogo com o governo do Estado é ineficaz e o período de greve é retomado conforme indicamos a baixo a partir da fonte jornalística.

27/04 - Começou a segunda etapa da greve. Ela é retomada porque, segundo o sindicato dos educadores, o governo estadual descumpriu item da carta compromisso, de fazer um amplo debate sobre o projeto de lei que muda o fundo de previdência dos servidores. Já o governo estadual defendeu que o debate foi feito e inclui um novo projeto de lei da previdência na pauta da Assembleia Legislativa do Estado. Outros servidores do Estado – como os professores universitários – também iniciaram paralisações em protesto contra a votação do projeto de lei. No mesmo dia, atendendo a um pedido do governo estadual, o desembargador Luiz Mateus de Lima se manifestou contra a retomada da greve e estabeleceu uma multa diária de R$ 40 mil ao sindicato dos educadores caso os professores permaneçam fora das salas de aula, além de uma multa diária de R$ 500 ao presidente da entidade, Hermes Leão Silva. (Gazeta do povo, junho,2015)

O dia 29/04/2015 ficará certamente na memória de muitos professores, educadores, alunos e da população em geral como uma memória triste visto os acontecimentos violentos que ocorreram neste dia na frente da Assembléia legislativa.

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Figura 3 – Professora se ajoelha a tropa de choque choque durante o confronto da greve dos professores do Estado do Paraná

Fonte : Acervo APP Sindicado PR

29/04 - Professores foram proibidos de acompanhar a sessão do Legislativo que discutia o projeto de lei da previdência. Do lado de fora, os policias militares que cercavam o prédio da Assembleia Legislativa reagiram violentamente contra o protesto dos professores. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e o episódio ganhou repercussão internacional. (Gazeta do povo, junho,2015)

Figura 4 – Professora correndo da tropa de choque durante o confronto da greve.

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Fonte : Acervo APP Sindicado PR

A partir do dia 30/04/2015 mesmo com todo o movimento de conflito ocorrido no dia anterior o governador Beto Richa (PSDB) sancionou a lei da previdência. Neste sentido em 05/05/2015 - Servidores e população em geral realizaram em Curitiba um ato de repúdio ao episódio do último dia 29. Na sequência, ainda pela manhã, representantes do Fórum Estadual dos Servidores (FES) se reuniram com a secretária de Administração e Previdência, Dinorah Nogara, para tratar da data-base. Servidores queriam ao menos a correção inflacionária, de 8,17% (IPCA), mas o governo estadual não garantiu a aplicação do índice e pediu mais uma semana para a pasta da Fazenda estudar possibilidades. À tarde, sob influência da indefinição em torno da data-base, os professores decidiram em assembleia manter a greve. No dia 06/05 - Caiu o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, na esteira do episódio do último dia 29. Sua exoneração também era cobrada pelo sindicato dos educadores, que alegavam não ter diálogo com Ferreira. Ana Seres Trento Comin assumiu a pasta. Ainda na esteira do episódio do dia 29, o coronel César Kogut fez críticas a Fernando Francischini, secretário de Segurança Pública, e pediu exoneração do comando da Polícia Militar. Francischini pediu demissão na sequência.

12/05 - Em nova reunião sobre a data-base, governo estadual manteve indefinição sobre data-base e pediu mais uma semana ao FES. Servidores saíram indignados da reunião e reforçam discurso em defesa da greve. Governo estadual repetiu que a greve foi retomada sem motivo, já que entendeu que as discussões sobre a previdência foram realizadas, e critica a “mudança de pauta” da categoria, em referência à data-base. 14/05 - O governo do Paraná anunciou o fim das negociações com os servidores e o envio de um projeto de lei ao Legislativo prevendo um índice de reajuste de 5%. O pagamento seria feito em duas parcelas, sem definição de datas. (Gazeta do povo, junho,2015)

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Em um embate de difícil diálogo segue em 19/05 - FES cobra a retomada do diálogo e o governo estadual marcou uma nova reunião com os representantes dos servidores, no Palácio Iguaçu. Na reunião, contudo, foi mantida a disposição do Executivo de levar o índice de 5% para análise do Legislativo. A reunião ocorreu em meio a um protesto no Centro Cívico, organizado pelo FES. Em 25/05 - Pressionada por servidores, a base aliada na Assembleia Legislativa do Paraná decidiu oficialmente que só aceitava votar o reajuste do funcionalismo se ele for de 8,17%. Importante destacar as demandas do mês de maio,

27/05 - Com base em duas propostas levadas pelos parlamentares, governo estadual propôs outro projeto de lei. O Executivo ofereceu um reajuste de 3,45% parcelado em três vezes, nos meses de setembro, outubro e novembro. Este índice foi calculado com base na inflação do período entre maio e dezembro de 2014. O texto também previu a antecipação da data-base do funcionalismo, de 1.º de maio para 1.º de janeiro. Assim, no início de 2016, o governo estadual se comprometeria a fazer a revisão dos salários com base no IPCA entre janeiro e dezembro de 2015. A nova proposta, contudo, não agradou aos servidores, que resolveram não convocar assembleias para deliberar sobre o assunto. 27/05 - Defensoria Pública do Paraná entrou com uma ação civil pública contra o governo estadual devido ao episódio do dia 29 de abril. Foi pedida uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos.28/05 - Governo estadual pediu bloqueio de R$ 1,24 milhão da APP-Sindicato, para garantir o pagamento da multa definida pelo Tribunal de Justiça do Paraná no último dia 27, referente aos dias parados. O governo estadual também tentou, na mesma petição, impedir o repasse, à APP-Sindicato, dos valores descontados mensalmente dos professores filiados à entidade. O governo estadual também instalou em seu “Portal da Transparência” na internet um link específico para divulgar os salários dos professores. Docentes reclamaram de “valores distorcidos”. (Gazeta do povo, junho,2015)

No início de junho, os embates ainda muito contundentes levariam os professores mesmo sem garantias de suas solicitações de greve a concluir o movimento de greve e retornar as salas de aula.

Em 01/06 Deputados estaduais fizeram nova proposta de reajuste ao Executivo. A proposta previa a aplicação de 3,45% em outubro e de 4,56% em dezembro. Com isso, a data-base do funcionalismo seria mantida em maio. Beto Richa descartou o reajuste proposto por parlamentares e agrava crise entre aliados. 02/06 - A 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná negou recurso à APP-Sindicato e manteve a decisão liminar que determinava o fim da greve. 03/06 - Surgiu uma nova proposta de reajuste, afinada entre governo estadual e parlamentares. A ideia era pagar 3,45% (referente à inflação de maio a dezembro de 2014) em uma única parcela, em outubro deste ano. A inflação de 2015 seria zerada em janeiro de 2016. As perdas inflacionárias de 2016 seriam pagas em janeiro de 2017 – quando os servidores também ganhariam um adicional de 1%. Além disso, a proposta previa a reposição da inflação de janeiro a abril de 2017 em 1º de maio daquele ano – quando a data-base do funcionalismo estadual voltaria a ser em maio e não mais em janeiro. A APP-Sindicato entendia que a proposta poderia ser levada para uma assembleia da categoria. A deliberação sobre o fim ou não da greve ficou marcada para terça-feira (9), às 8 horas, no estádio da Vila Capanema, em Curitiba. (Gazeta do povo, junho,2015)

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Enfim em 09/06/2015 - Mais de 10 mil Professores reunidos em assembleia na Vila Capanema, em Curitiba, decidiram pelo fim da greve. Dos 29 núcleos regionais, 23 decidiram por encerrar a paralisação, apesar de a proposta de reajuste salarial do governo estadual protocolada na Assembleia Legislativa não ter agradado a categoria. Percebemos que houve um longo período de luta dos professores buscando pela permanência dos seus direitos, mas, contudo, a greve não teve respostas positivas. Ressaltamos também o massacre que ocorreu contra os professores no dia 29/04, na qual um dos Pibidianos da nossa Instituição Centro Universitário Internacional Uninter, pode presenciar tamanha violência, o mesmo nos relatou que foi horrível, e que ficou marcado na história da educação o descaso do governo para com os professores. Nesse sentido para aprofundar a pesquisa, realizamos uma entrevista com a professora (a)61,no momento da entrevista questionamos como foi a participação dela na greve, a sua visão e o que ficou mais marcado para ela. A professora nos relatou que teve uma participação efetiva no movimento, que foi muito sofrido e triste, uma tortura, total humilhação, relatou que de todas as greves as quais participou essa foi a pior, e que alguns professores da escola foram atingidos pela violência do dia 29/04/2015 e trouxeram os objetos das quais foram atingidos para mostrar para os alunos, como estilhaços e balas de borracha, a mesma diz ter chego depois do massacre, e afirma que todos estão totalmente abalados pela derrota e que lembrarão para o resto da vida. Para a professora o que mais marcou na greve, foi à mobilização de todo o Paraná, ou seja, a união dos professores do Paraná em prol de uma educação de qualidade e a valorização da carreira docente. Conforme relato dos pibidianos sobre o trabalho de pesquisa,

Nesse sentido nós Pibidianos podemos perceber o quanto a política influencia na educação, e vimos que por mais que houvesse luta por meio do movimento de greve dos professores, a má administração do governo levou a educação há ter grandes prejuízos, a qual abala toda a estrutura interna e externa da escola, como por exemplo: salário dos professores, porte das escolas, infraestrutura, educação dos alunos, gestão, etc. (Pibidianos Uninter, 2015)62

Os pibidianos ainda colocam que perceberam também que são eles, enquanto professores e pedagogos que irão no futuro enfrentar as consequências nas escolas, desta luta de 2015, e essas consequências podem ser positivas ou negativas, e por isso devem ter engajamento político em sua formação,

por isso refletimos na importância de investimento na formação de professores, e citamos nosso projeto PIBID- Uninter, que nos forma como cidadãos críticos, nos conscientizando sobre as relações de educação e política por meio de debates, minicursos e as experiências reais do espaço da escola , buscando nos levar a ser professores

61Prof. que atua no Colégio Benedicto João Cordeiro, colégio em que o PIBID UNINTER tem parceria no trabalho com a iniciação docente, é formada em pedagogia, tem pós-graduação em Psicopedagogia, Meio Ambiente e em Pedagogia Empresarial pela Faculdade Santa Cruz. Atualmente ela trabalha no colégio no período da tarde e noite no curso de Formação de Docentes, nas disciplinas: fundamentos filosóficos, fundamentos sociológicos, fundamentos psicológicos, Organização do Trabalho Pedagógico e metodologia de ciências. Atua na escola há 9 anos, gosta de ler, pesquisar e interpreta textos. 62 Alunos bolsitas do PIBID Uninter que participaram do processo de pesquisa sobre a greve dos professores da rede Estadual de educação do Paraná

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reflexivos, críticos e que possam contribuir e fazer a diferença na educação, mesmo com tantas dificuldades no caminho. (Pibidianos Uninter, 2015)

Considerações Finais Buscamos por meio deste estudo conhecer sobre o tema proposto, “A História do Movimento de Greve dos Professores do Estado do Paraná”,e percorrer o caminho da pesquisa, para conhecer as visões sobre a greve, nos diferentes meios de comunicação e também a partir de entrevistas com professores participantes da greve , não participantes, e alunos das escolas da rede Estadual de ensino do Paraná. Para tanto isso utilizamos de pesquisa bibliográfica e documental qualitativa, as fontes foram acessadas a partir do site da APP Sindicato do Paraná e da Gazeta do Povo. Por meio desta pesquisa podemos concluir que os objetivos estabelecidos foram alcançados, pois conseguimos compreender como iniciou a história do movimento de greve dos professores no ano de 2015, verificamos a cronologia dos principais fatos que marcaram o embate entre professores e governo do Estado do Paraná. A pesquisa possibilitou o engajamento de pibidianos no movimento de greve enquanto debatedores de sua própria carreira de seu próprio futuro enquanto professores e pedagogos que serão em breve, bem como propiciou a reflexão quanto ao projeto Pibid e seu impacto na formação inicial de professores. REFERÊNCIAS CALDAS, Andrea. Greve de professores: um balanço da situação no Paraná. Carta Capital. Carta na escola. São Paulo : Junho, V.97, 2015 Disponível em: http://www.cartanaescola.com.br/single/show/526 acesso em 27/07/2015

GAZETA DO POVO. Curitiba, 08 jun. 2015, Edição do dia. Caderno Educação. Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/topicos/assuntos/greve-dos-professores-no-parana acesso em 28/07/215 LOMBARDI, José Claudinei. Embates marxistas: apontamentos sobre a pós-modernidade e a crise terminal do capitalismo. Campinas, SP: Librum, Navegando, 2012. SAVIANI, Dermeval. O lunar de Sepé – Paixão, dilemas e perspectivas na educação. Campinas: Autores Associados, 2014. 181 p.