O Protesto Nas Universidades Por Um No Ensino Da Economia

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Home > Economia > O protesto nas universidades por um no ensino da economia 30/11/2013 - Copyleft O protesto nas universidades por um no ensino da economia A forma como se ensina economia nas universidades é anacrônica e está "presa numa cápsula do tempo". Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal) 1 A A+ Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal) Até aqui, poderia ser chamada como uma “revolução silenciosa”. Um pouco por todo o mundo, grupos de estudantes de economia estão a organizar-se e a erguer a sua voz exigindo uma reforma nos programas curriculares da disciplina. Questionando a hegemonia da teoria neoclássica, a excessiva utilização dos modelos matemáticos e a desconexão entre “economia” e questões econômicas reais, os estudantes em causa, apoiados por um número crescente de acadêmicos e economistas de referência, divisaram estratégias variadas de ação e estão a começar a atingir sucessos reais. Depois de manifestos, movimentos e

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30/11/2013 - Copyleft

O protesto nas universidades por um no ensino da economiaA forma como se ensina economia nas universidades é anacrônica e está "presa numa cápsula do tempo". Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal)

1

A A+

Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal)

Até aqui, poderia ser chamada como uma “revolução silenciosa”. Um pouco por todo o

mundo, grupos de estudantes de economia estão a organizar-se e a erguer a sua voz

exigindo uma reforma nos programas curriculares da disciplina. Questionando a

hegemonia da teoria neoclássica, a excessiva utilização dos modelos matemáticos e a

desconexão entre “economia” e questões econômicas reais, os estudantes em causa,

apoiados por um número crescente de acadêmicos e economistas de referência,

divisaram estratégias variadas de ação e estão a começar a atingir sucessos reais. Depois

de manifestos, movimentos e conferências, os media começaram a cobrir este grito de

reforma e já há muita gente que o escuta, regista as suas frustrações e se prepara para

agir. O VER conta a história de uma nova “Nova Economia” que, finalmente, parece

estar a dar os primeiros passos em muitas instituições de ensino de referência.

 

“Se desejam enforcar alguém por causa da crise, enforquem-me a mim, e aos meus

colegas economistas”. A frase, indubitavelmente surpreendente, foi proferida por uma

economista e acadêmica de Cambridge, Victoria Bateman, e deixou profundamente

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incomodados os demais acadêmicos e economistas reunidos, no final do mês de

Outubro, numa conferência que teve lugar em Downing College, Cambridge, a

propósito da crise econômica.

 

No seu novo livro, Never Let a Serious Crisis Go to Waste, o economista norte-

americano Philip Mirowsky conta a história de um colega seu, professor na

Universidade de Notre Dame, ao qual foi pedido, pelos seus alunos, que fizesse um

debate sobre a crise financeira. Dado que corria o ano de 2009 e o mundo financeiro

estava a colapsar aos olhos de todos, os alunos pensaram que este seria um excelente

tema para ser debatido na aula de macroeconomia. A resposta do professor: “Os

estudantes foram laconicamente informados que o tema não constava do conteúdo

programático da disciplina, nem era mencionado na bibliografia afixada e que, por isso,

o professor não pretendia divergir da lição que estava planeada. E foi o que fez”.

 

Num artigo publicado no The New York Times, e também em 2009, o laureado com o

Nobel da Economia e também professor em Princeton, Paul Krugman, escrevia: “tal

como eu a vejo, a profissão de economista sofreu um profundo desaire porque os

economistas, enquanto grupo, confundiram a beleza e a sofisticação da matemática com

a verdade”.

 

O que têm estas três histórias em comum? À primeira vista, uma recusa em acreditar

que o mundo mudou, que as lições decorrentes da crise financeira não foram debatidas,

ou estudadas, e que a economia continua a ser uma disciplina que ignora as evidências

empíricas que contradizem as teorias mainstream que, até agora, fazem parte dos seus

conteúdos pragmáticos.

 

E é contra esta recusa cega e teimosamente persistente que muitos estudantes de

economia, de diversas universidades e de vários cantos do mundo, se estão a organizar

em movimentos estudantis, a angariar apoio acadêmico no geral, e de muitos

economistas de renome em particular, e a publicar manifestos nos quais exigem que o

estudo da economia reflita o mundo pós-Grande Recessão e que os modelos que

sustentam a disciplina sejam mais pluralistas e menos dogmáticos.

 

Contra o autismo econômico

A 6 de Abril último, um grupo de estudantes da École des Hautes Études en Sciences

Sociales (EHESS), uma das mais reconhecidas instituição de ensino de ciências sociais

em França, realizou uma assembleia geral para discutir alternativas à ortodoxia corrente

que caracteriza o ensino da economia no século XXI. Em Setembro do ano passado,

mais de 400 estudantes alemães participaram num “evento de alternativa pluralista”

organizado pela Associação Econômica Alemã, com o objetivo de debaterem, num

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fórum organizado para o efeito, ideias econômicas fora do âmbito mainstream. Em

finais de Junho do corrente ano, estudantes, acadêmicos, profissionais e cidadãos

juntaram-se em Londres para repensar a economia e o seu ensino enquanto disciplina na

denominada Rethinking Economics Conference.

 

Estes são apenas alguns dos exemplos que, através de iniciativas aparentemente

separadas, se estão a transformar num movimento global de estudantes – e também de

professores – cujo objetivo principal é alterar a forma como se olha para a economia

enquanto disciplina e enquanto ciência, não exata, mas antes plural e “humana”.

 

O início deste movimento teve lugar em França, no já longínquo ano 2000, quando

ainda não se sonhava com o escândalo da Enron e, muito menos, com o pesadelo de

Wall Street e as sequelas que se lhe seguiram e que afetaram o mundo financeiro e

econômico global como o conhecíamos. Na altura, um grupo de estudantes franceses

publicou um manifesto no qual exigiam o fim “do autismo no ensino da economia”

enquanto disciplina. Em particular, os estudantes criticavam a utilização

“descontrolada” da matemática no ensino da economia, como se a primeira fosse “um

fim em si mesma”, o fracasso do seu envolvimento com a economia real, o dogmatismo

reinante e a inexistência de um pluralismo intelectual no ensino da disciplina em causa,

o qual não deixava espaço algum para o pensamento crítico em geral e para abordagens

alternativas à economia em particular. Na altura, o manifesto estudantil deu rapidamente

origem a uma petição por parte dos professores de economia franceses, que apoiavam o

conteúdo do mesmo, o que acabou por ter um eco substancial não só na imprensa como

também ao nível político, tendo sido instituído, pelo então ministro da Cultura francês,

um comité para investigar as “queixas” levadas a cabo por estudantes e professores.

 

Treze anos passados e as questões colocadas por este grupo de estudantes continuam

por resolver. Mas e apesar do rótulo da necessidade de uma “economia pós-autismo” ter

desaparecido, os movimentos de estudantes estão em crescendo, multiplicando-se as

iniciativas, bem como as vozes concordantes que clamam por uma nova abordagem da

economia. Como se pode ler na página do movimento Rethinking Economy, os

estudantes alemães que participaram no evento acima referido vêem agora a sua

“alternativa” a ser replicada em várias universidades alemãs, numa rede intitulada Rede

Alemã para uma Economia Plural, o mesmo acontecendo com estudantes no Canadá ou

no Chile.

 

O reputado Institute of New Economic Thinking , sedeado em Nova Iorque, lançou a

Young Scholars Initiative que “apoia a nova geração de pensadores da nova economia”

e, na mesma linha, a World Economics Association  - que reúne mais de 12 mil

economistas de todo o mundo – fundou também a Young Economists Network.

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Mais recentemente, a Universidade de Manchester lançou a The Post-Crash Economics

Society, colocando online uma petição para alterar os conteúdos programáticos com

base num manifesto que, entre outras coisas, sublinha a ideia que a economia é muito

mais que crescimento e PIB e que a expansão do pensamento econômico é vital para os

líderes do futuro. Numa carta aberta publicada pelo jornal britânico The Guardian, os

membros desta “sociedade” têm vindo a ganhar uma visibilidade crescente ao longo

deste mês de Novembro – com uma excelente ajuda por parte do próprio jornal – depois

de um conjunto de acadêmicos ter enviado também uma carta ao mesmo na qual

“afirmam compreender a frustração dos jovens com a forma como a economia é

ensinada na maioria das instituições no Reino Unido”. Para este conjunto de

professores, que fazem parte do Post Keynesian Economics Study Group, a economia

contemporânea continua a ser moldada pela abordagem neoclássica [em que a ciência

econômica é vista como “pura”, identificando-se com o mercado, ou concorrência, em

particular sobre a forma de concorrência perfeita, em que os sujeitos econômicos agem

racionalmente em termos de maximizadores ou minimizadores de qualquer coisa, sejam

utilidades, lucros, custos, etc. e são dotados de idêntico poder]. Para estes acadêmicos,

esta abordagem tem apenas em consideração os “microfundamentos” que se baseiam

nos indivíduos racionais e egoístas em detrimento de uma qualquer plausibilidade

empírica. “Este compromisso dogmático contrasta significativamente com a abertura do

ensino em outras ciências sociais as quais, de forma rotineira, apresentam paradigmas

concorrentes”, escrevem, acrescentando que “os estudantes podem hoje terminar a sua

licenciatura em economia sem nunca terem sido expostos às teorias de Keynes, Marx ou

Minsky e sem nunca terem ouvido falar da Grande Depressão”.

 

Ou, em suma, e regressando às questões pioneiras levantadas pelos estudantes franceses

em 2000, o cenário parece não ter mudado: o ensino da economia continua a ser

dogmático e “estreito”, os modelos matemáticos continuam a estar no seu centro, os

humanos são tratados como se de máquinas calculadoras se tratassem e a maioria dos

acadêmicos continua a ter muito pouco a dizer sobre os acontecimentos que vão

caracterizando a economia real. Mais importante ainda é o facto de a crise financeira e

econômica de 2008 ter demonstrado, de forma dolorosa, que os modelos

macroeconômicos ortodoxos são manifestamente inadequados e que a economia

mainstream não ajudou os economistas a prever a crise nem permite, tal como está, que

se evitem recessões intermináveis.

 

Debates, enfoque na história do pensamento econômico e sustentabilidade

 

Mas e afinal, o que pretendem os estudantes e os professores e demais economistas que

os apoiam?

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Os estudantes da Universidade de Manchester que formaram a já mencionada Post-

Crash Economics Society encontraram inspiração para a criação da sua “sociedade”

depois de terem assistido, em Fevereiro de 2012, a uma conferência organizada pelo

Banco de Inglaterra e pela Royal Economic Society. Intitulada “Are economics

graduates fit for purpose?”, o evento contou com a presença de um conjunto de diversos

especialistas que analisavam, exactamente, uma das consequências da crise financeira e

econômica de 2008: a reavaliação da própria economia por parte daqueles que a

praticavam, o que implicaria, naturalmente, a forma como esta era ensinada nas

universidades. Como afirmou então Diane Cole, directora da consultora Enlightenment

Economics, uma das oradoras, “a crise foi um enorme fracasso intelectual, pois todos a

percebemos de forma errada”. E, na verdade, a questão da necessidade de existir uma

reforma no ensino da economia está estreitamente relacionada com o “status” intelectual

da própria economia, no pós-crise. Mas não só.

 

Como se pode ler na carta aberta enviada ao The Guardian, os estudantes de Manchester

têm uma ideia bastante precisa da desadequação do ensino da economia relativamente

ao mundo em que vivemos. Quando abordam a questão das teorias econômicas,

escrevem: “esta [a teoria neoclássica] gira em torno da ideia do agente individual. Um

agente pode ser uma pessoa ou uma empresa, por exemplo, a interagir com uma outra

através de preços, num mercado. E o carácter de um agente ou os desejos claros de uma

empresa ou de um consumidor no mercado são-nos apresentados como modelos

matemáticos. É esta simplificação da natureza humana, apresentada numa sucessão de

equações que, muitas vezes, sufoca a economia neoclássica e lhe nega a fluidez

necessária para descrever, de forma precisa, a mudança patente no mundo em que

vivemos”.

 

E acrescentam: “indivíduos que compram e vendem bens para gerar lucro, sem qualquer

ideia de que forma estes bens podem afetar o planeta ou afetar a vida das pessoas, é uma

questão ignorada [no ensino da economia] mas que deve ser uma preocupação para

todos nós. O sistema financeiro corre ao ritmo desenfreado da imediaticidade, sendo que

o colapso financeiro de 2008 lançou alguma luz em como uma ausência de

conhecimento dos fracassos do mercado pode ser desastrosa para a sociedade”.

 

Afirmando ainda que não pretendem afirmar que o modelo neoclássico é perfeitamente

inútil, os estudantes concentram-se, ao invés, num conhecimento mais alargado de outro

tipos de teorias – privilegiar o ensino da história do pensamento econômico é um

“pedido” comum nos vários manifestos estudantis – em conjunto com outras

ferramentas que lhes permitam perceber o que é melhor para uma economia, “não sendo

esta limitada apenas por questões de crescimento e lucro, mas incluindo o estudo de

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mecanismos que permitam a sustentabilidade, a equidade e a consciência social”.

 

Na petição que consta no site da “sociedade de estudantes”, os promotores da iniciativa

relembram ainda a variedade de escolas de pensamento existentes na disciplina e que a

integridade acadêmica exige que teorias econômicas alternativas sejam ensinadas aos

alunos. A forma como a economia é ensinada, defendem, dá origem a consequências

importantíssimas pois as nossas sociedades são moldadas por políticas e acontecimentos

econômicos.

 

Adicionalmente, a desadequação entre os conteúdos programáticos e as necessidades do

mundo real constitui um desafio enfrentado pelos departamentos de economia de

universidades de todo o mundo. Afirmando acreditar que a educação em economia

deveria incluir uma pluralidade significativa e uma ainda maior avaliação crítica, as

propostas dos estudantes são claras:

 

Sublinhar, em cada módulo, as teorias econômicas a serem ensinadas, para que a 

economia não seja encarada como uma disciplina monolítica e sem debate.

 

Porque as teorias econômicas não podem ser devidamente compreendidas sem o

conhecimento dos contextos sociopolíticos e tecnológicos nos quais são formuladas, o

relacionamento com a história econÇomica deverá ser feito sempre que possível.

 

Disponibilizar cadeiras com perspectivas econômicas alternativas nos três primeiros

anos do curso, deixando claro que a ideia não é a de se ignorar o ensino da economia

mainstream, mas sim compreender que a pluralidade de perspectivas é estritamente

necessária.

 

Sempre que possível, os docentes deverão relacionar a matéria em causa com o mundo

real para que os estudantes aprendam a aplicar a teoria e compreendam onde falha a

teoria para explicar a realidade.

 

Os módulos devem encorajar também o desenvolvimento de competências críticas e os

tutoriais deverão estimular a discussão e o pensamento reflexivo.

 

Já a Rethinking Economy,a comunidade que tem como objetivo desmistificar,

diversificar e revigorar o estudo da economia, numa rede abrangente de cidadãos,

estudantes acadêmicos e profissionais, com o objetivo de formar uma rede colaborativa

de “re-pensadores”, apresenta três linhas por excelência para a reformulação do ensino

da disciplina. 

Uma linha acadêmica, que privilegie pontes com disciplinas direta e indiretamente

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relacionadas com a economia, que faça progressos no ensino de outras perspectivas e

metodologias até agora negligenciadas e que promova a colaboração, a humildade e a

prática ética na academia;

Uma linha educacional, que desmistifique a economia enquanto ciência técnica,

construindo comunidades abertas e colaborativas de pensadores econômicos; que

expanda a criatividade e a consciencialização social dos economistas e cidadãos do

futuro, ao mesmo tempo em que encoraje a utilização de ferramentas de análise

econômica por parte de todos os que participam numa sociedade que é

significativamente moldada por forças econômicas;

E uma linha política que potencie a capacidade de organização efetiva por parte dos

estudantes e professores de economia, que reconheça os seus papéis e as

responsabilidades, enquanto agentes políticos, no interior das várias instituições e na

vida pública alargada. 

Um último consenso que une todos estes movimentos: se nada for feito para se alterar a

forma como a economia é ensinada nas universidades, os futuros líderes, empresariais e

financeiros, continuarão a não perceber as consequências diretas das suas ações face à

sociedade em que vivemos e, obviamente, relativamente ao planeta que habitamos.

Estender a economia para além da ortodoxia, abordando teorias alternativas que não se

limitam a alocar recursos através da simples equação da procura e da oferta, mas sim

privilegiando um pensamento reflexivo de longo prazo será imprescindível para que a

questão da sustentabilidade ganhe momentum e para assegurar que as decisões das

pessoas têm origem na responsabilidade social.

Créditos da foto: Jornal de Negócios

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1 ComentárioInsira o seu Comentário !Edu Sa - 30/11/2013

Se isso está acontecendo com o ensino da Economia no primeiro mundo, cujos livros são todos

escritos por gente de lá mesmo, imaginem como não estará o ensino dessa pretensa ciência em

países pobres! Aliás, aqui deveria haver, ainda, uma segunda preocupação: o ensino de Ciências

Sociais também está ficando parecido com o ensino de Economia. Um suposto "rigor científico"

está dando margem a um posicionamento que, afastando-se do mundo real, elege encontros e

congressos como oráculos de Delfos. Professores não perdem tempo com a realidade enfrentada

pelos alunos, seleções para pós-graduação são sutilmente conduzidas pelos docentes em prol de

seus bolsistas protegidos e o excesso de (recortes de) textos impossibilita o entendimento do

todo. Como diria Bourdieu, o Homo academicus tem sua posição no campo cada vez mais

fortalecida. Sendo assim, por que ele haveria de mudar?

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/O-protesto-nas-universidades-por-

um-no-ensino-da-economia/7/29693