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“O que mais me surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro; depois, perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma, que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.”

Dalai Lama

ermitam-nos, diletos leitores, abrir este Editorial, convocando-os a uma profunda reflexão sobre a sábia resposta de Tenzin Gyatso, Sua

Santidade, o 14º Dalai Lama, quando perguntado sobre o que mais o surpreendia na vida.

PEssa postura capitalista é o verdadeiro “câncer” da sociedade, raiz de

quase todos os problemas atuais que nos afligem. Tal modelo coloca em primeira conjugação, em nossas vidas, o verbo TER: “para sermos felizes temos que ter algo material”. À custa da própria saúde, da família ( se é que essa instituição, ainda, existe nesse modelo de sociedade atual) e de uma vida digna, avassaladoramente, marchamos com uma visão possessiva em direção ao efêmero.

Os incautos são adotados pela libertinagem que rola na Internet. Os programas de TV, diga-se de passagem, preocupados, apenas, em atingir altos índices de audiência, sem pedir licença, “vomitam” toda sorte de alienação e maus exemplos. A droga, o homossexualismo, a violência e a implosão familiar são exaustivamente exaltados. Nesse mês em que se comemora o Dia Internacional da Família (15), entendemos ser uma boa oportunidade para refletirmos sobre esse desnorteio.

Perplexo diante dos fatos, conversávamos com uma amiga sobre essa inversão de valores a que estamos assistindo pacíficos em clima de normalidade. Intuitivamente, falamos não acreditar encontraremos a solução para esse quadro caótico. Parece-nos que somente a revolta da natureza poderia pôr fim aos descaminhos por que trilha a humanidade.

Conta-nos a história que civilizações inteiras, desvinculadas das Leis de Deus, foram dizimadas pela força da natureza, a exemplo dos lêmures e dos atlantes.

Para não forçarmos nossa curta memória, contemplemos, apenas, os últimos 4 anos: tsunami na Ásia, furacão Katrina nos EUA, desabamentos em Santa Catarina, furacões no Sul do Brasil, aquecimento global, temperaturas ao extremo, secas e, há poucos dias, enchentes no Maranhão e no Amazonas e os terremotos na Itália, manifestações ceifando várias vidas. A natureza mostra os reflexos do descaso, da ganância e da destruição do homem. Outras catástrofes, com certeza, virão, e, com elas, lampejos temporários de conscientização e de solidariedade entre os povos.

Ao nos negarmos a aprender pelo Amor, somos condenados, com certeza, a fazê-lo pela Dor. A Lei do Karma não castiga, pois, como toda Lei divina, é justa. A verdade é que toda ação gera uma reação igual e contrária.

Queridos leitores, façamos um mundo mais leve para que possamos carregá-lo; reflitamos nas sábias palavras de S.S. Dalai Lama, que encimam o Editorial!

Na contramão desse amargo retrato, continuamos com nosso trabalho em prol da cultura e da conscientização, através das seguintes matérias em mais uma edição de nossa Revista: visando a elucidar e a conscientizar nossos Irmãos de que Ritual é coisa séria, apresentamos como Matéria da Capa, de autoria do Ir∴ Sérgio Sargo, “A Importância do Ritual”; já na coluna Destaques, a bela matéria “A Origem do Acrônimo G∴A∴D∴U∴”, da lavra do nosso Ir∴ Frederico Guilherme Costa, merecendo especial atenção; a coluna Ritos Maçônicos apresenta “A Ordem da Estrita Observância”, do Ir∴Tenório de Albuquerque; na coluna Trabalhos, corroborando com esse Editorial, destaco o texto do Ir∴ Walter de Oliveira Biarini, “O Livre Arbítrio”.

Os tempos são chegados e a humanidade, mais uma vez, ao longo de sua história, insiste em usar as vendas do efêmero materialismo, em se ofuscar com o falso brilho do que está fora, quando deveria voltar-se para dentro de si mesma. Despertemos para o Real!

Encontrar-nos-emos um pouco mais conscientes na próxima edição, queiram os Deuses! ?a b

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Capa – A Importância do Ritual...................................CapaEditorial....................................................................................2Matéria da Capa – A Importância do Ritual.....................3Destaques - A Origem do Acrônimo G∴A∴D∴U∴......4Os Grandes Iniciados – Paulo de Tarso..............................6

Ritos Maçônicos – Ordem da Estrita Observância.................7Trabalhos – O Livre Arbítrio...........................................................8 - Uma Reflexão Sobre o Salmo 133..........................10Reflexões – Seja Você Mesmo....................................................11 Lançamentos – Livro...................................................................12Boas Dicas......................................................................................12

A Importância do RitualA Importância do RitualSérgio Sargo

Ritual, em sua concepção específica, é um processo disciplinador de nossos atos e da vida. É

uma forma de ordenar a sucessão de fases, atos e atitudes, destinadas a promover o desenvolvimento gradativo e lógico dos acontecimentos da Natureza, em comunhão com a atividade do ser humano, isto é, do ser vivo pensante.

O

Não se trata de um acontecimento aleatório e supersticioso, mas de um processo científico e técnico, presente em todos os fatos do mundo profano, embora se manifeste mais claramente na esfera religiosa, esotérica e, principalmente, nas ordens iniciáticas como a Maçonaria. O ritual nada tem de crendice e mistério, representa ordem de processos, determina que aquele que o pratica, faça a atração das forças a serem mobilizadas; depois deverá concentrá-las e, em seguida, de maneira gradativa, dinamizar e direcioná-las para o objetivo escolhido. Nem sempre esse objetivo será nobre, e o iniciado deve ter conhecimento de que a força do ritual poderá ser utilizada tanto para o bem como para o mal, dependendo da ritualística praticada; também, deverá conhecer ambas as forças e, obviamente, seguir pela senda do bem ao próximo.

Observamos as fases de um ritual nos dias que se passam, na vida de todos os dias. Não seria um ritual aquela sucessão de etapas, que realizamos logo que acordamos pela manhã? E, quando nos atrasamos, não nos sentimos mal o dia todo como se estivéssemos fora de sintonia? Ou quando temos que pular alguma fase?

Dentro do ritual de nossas vidas, somos todos

sacerdotes. Uma das características do ritual é a repetição, sem falhas dos gestos, palavras e ações, que, quando feitos com concentração e motivação alegre, nos ligam com arquétipos e energias muito benéficas às nossas vidas. Ainda, mais importante, é a atuação de cada um dentro de um ritual, destinado a nos ligar às energias superiores ou mesmo significações filosóficas, em prol não apenas de quem o executa, mas de algo maior e muito mais valioso.

O Ritual Maçônico se constitui de um meio poderoso para fazer com que todos aqueles que dele participam, atinjam um estado superior de consciência, que, através da repetição disciplinada e constante, com grande requinte de detalhes e realizado com extrema atenção e correção, realizado com suavidade e obedecendo a certo ritmo, gera equilíbrio emocional, calma interior, além de colocar cada um em estado de atenção.

Nota-se que, quando o Venerável de uma Loja está indisposto, desconcentrado, cansado, nervoso, preocupado ou perturbado por emoções e/ou energias estranhas, ocorre, desde o início do ritual,

uma “quebra” na prática do mesmo. As falas saem erradas, pulam-se partes do ritual no que se refere a sua seqüência, e tudo começa a ficar fora de sintonia. Os erros do Venerável Mestre são logo acompanhados de erros dos demais Oficiais, e, por fim, acaba por se instalar uma completa desarmonia no ambiente da Loja, gerando completo desconforto daqueles que participam.

A meditação, no início, serve para acalmar os ânimos, relaxando os nervos, diminuindo a exaltação e o “stress” do dia-a-dia, nos desligando das preocupações profanas. Nosso ritual irá, com certeza, fluir melhor após uma meditação bem realizada.

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Toda escola iniciática estabelece um ritual, uma liturgia a ser seguida de maneira irrepreensível. Não se trata, apenas, de uma repetição de ações, mas, principalmente, de se gerar uma forte energia que alimente um egrégora, o qual, por sua vez, dará um sentido e uma força mágica ao ritual e ao cerimonial. É dessa seqüência cerimonial que a Iniciação retira seu mais profundo significado, produzindo um impacto emocional e espiritual necessário ao candidato, o que marcará sua alma por toda a eternidade.

A Maçonaria, como herdeira e depositária de ritualísticas advindas de sociedades muito mais antigas, como a egípcia, por exemplo, transforma o indivíduo atuando nele e no grupo como um todo, causando uma transmutação interior.

O ritual tem uma importância capital na Maçonaria, e, definitivamente, é um mau maçom aquele que faz pouco caso da ritualística ou a realiza, apenas, de maneira mecânica. Gestos, palavras, sons e posturas são geradores e canalizadores de energia, sejam positivas ou negativas. É responsabilidade dos Oficiais da Loja zelar para que os Obreiros ajam conforme a maneira prevista na ritualística, corrigindo desvios e impondo disciplina, pontualidade, assiduidade, dedicação aos estudos e

conhecimento profundo de cada grau que o Obreiro venha a praticar.

Sabe-se, por experiência, que Lojas, cujas colunas abateram, relaxaram na disciplina e no rigor da prática

ritualística. E, quando o egrégora se enfraquece, o mesmo, com o tempo, se desfaz; há uma quebra de sintonia e o enfraquecimento do grupo.

Outra causa comum da dissolução das lojas é a fuga dos Obreiros por falta de motivação. O principal responsável é, geralmente, o Venerável, que negligencia suas obrigações e deixa de preparar uma instrução ou um tema para debate em cada Sessão. Os Obreiros se sentem frustrados por não terem aprendido nada de novo naquela reunião e começam a pensar ser uma perda de tempo ir à Loja.

É no embate de opiniões e nas contribuições de cada membro do grupo que descobrimos novas formas de ver o mundo e, então, buscamos o que há de mais fundamental na Maçonaria: a investigação e busca da verdade.

Aprendizes Maçons, ânimo nessa nova e importante etapa de vossas vidas, e lembrai-vos de que Aprendiz não fala, apenas, simbolicamente, pois precisa mais ouvir do que falar, para poder absorver, com mais eficácia, esse mundo novo que se apresenta. ?

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A Origem do Acrônimo GA Origem do Acrônimo G∴∴AA∴∴DD∴∴UU∴∴

"La Franc-Masoneria tiene buen cuidado de no definir el Gran Arquitecto, dejandotoda latitud a sus adeptos para que hagan del mismo una idea de acuerdo cons su filosofia.

Los Francmasones abandonam la teologia a los TEÓLOGOS, cuyos dogmas levantam apasionadas discusiones cuando non conducen a las guerras o a persecuciones inicuas."

Oswald WirthFrederico Guilherme Costa

Rito Moderno, intelectualmente direcionado para o verdadeiro princípio da tolerância, e em nome

da total liberdade de identificar-se com as consciências de seus membros, desconsidera a afirmação Dogmática de que o recipiendário é obrigado, no dia de sua Iniciação, a afirmar solenemente a sua crença no G∴A∴D∴U∴, fórmula que harmoniza o princípio da construção com o Ideal Maçônico, na Construção do Edifício da Liberdade Humana.

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A Tradição Maçônica chama de "Deus" o Grande Arquiteto do Universo, mas seria isso uma Tradição a partir de 1717 ou desde mais além?

Todos sabemos que, a partir da chamada Maçonaria dos Aceitos, erroneamente chamada de especulativa, uma forte influência protestante fez-se presente na sua primeira Constituição, através dos Irmãos Pastores, responsáveis por sua redação, notadamente seu compilador, Anderson.

Todavia, onde teria ele buscado o nome G∴A∴D∴U∴?

"À espera da cidade dotada de sólidos fundamentos, da qual Deus é o Arquiteto e Construtor" (Epístola aos Hebreus,

11, 10)."Como sábio

Arquiteto, pus o alicerce"(1ª Epístola aos Coríntios, 3, 10).

Sabemos que, nos Antigos Deveres, nas raras invocações Rituais, encontraremos uma forte influência do Catolicismo e, um pouco mais próximo ao novo período, o Credo andersoniano. Todavia, merece nossa consideração o fato de a data da primeira condenação pontifícia ter ocorrido justamente em 1738, quando os ingleses modificam, pela primeira vez, o Livro das Constituições, tornando-o mais próximo

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ao Teísmo de Roma, condenação esta que não aconteceu em 1723, quando o texto original, nitidamente Deísta, foi aprovado e publicado pela Grande Loja de Londres.

Parece-nos ter sido uma preocupação constante a introdução de nomes e episódios bíblicos para a formação da nossa mitologia maçônica. Até mesmo a fórmula G∴A∴D∴U∴, que nos parecia tão pessoal, foi buscada na Epístola de Paulo...

Se entendermos nossa Arte como não dogmática, somente um Maçom livre e de bons costumes poderá entender essa Liberdade como a querem os franceses, que em seu nome suprimiram das suas constituições, em 1877, a fórmula do G∴A∴D∴U∴, o que provocou o rompimento com a Inglaterra e o início da sua "irregularidade" perante a Loja-Mãe da Moderna Maçonaria, oriunda da Grande Loja de Londres, de 1717, considerada "Maçonaria Regular", ou seja, fundada por maçons autênticos, regularmente Iniciados e possuidores dos poderes necessários para fundar Lojas.

Seria isso mesmo se a afirmação acima fosse verdadeira; acontece que, segundo AMBELAIN, não é:

"En septiembre de 1714, en Londres, el Pastor presbiteriano James Anderson educa a profanos en las ideas masónicas y, a finales de ano, probablemente el dia de san Juan de Invierno, funda una logia com siete de ellos.

Ahora bien, Anderson no es Maestro de Logia. Por lo tanto, no puede transmitir la iniciación masónica. Ni siquiera es masón regular, ya que no se ha encontrado ningrín rastro de su iniciación, sino Capelian de logia, cosa muy diferente. Por conseguiente, esas iniciaciones son totalmente irregulares, sin ningún valor. Y aunque hubiera sido Compañero regular (lo que no es el caso), seguiram siendo ilícitas, y ninguno de sus iniciados podria ir más lejos. Tres anos más tarde, en 1717, esos

ocho masones irregulares constituirán cuatro logias, tan irregulares como la primera." (Robert Ambelain. El Secreto Masónico. Mertinez Roca. Págs. 219 e 220.).

Acreditamos, corajosamente, que, em momento algum, nossos Irmãos franceses negaram a existência da fórmula do Grande Arquiteto do Universo. Deixaram, sim, fluir, e isto deve ser visto com o respeito devido a todo ser que se pretendia livre de dogmas, a percepção íntima e pessoal do Deus do seu próprio coração, quando e como esta realidade manifestar-se na sua mente pequenina, perto do Macro-ideal de um Universo em expansão e, ainda, quase totalmente desconhecido. O mais são regras pessoais, impostas e determinativas de algo que não se impõe, mas

oferece-se como demonstração do mais profundo amor.

Esse amor representa a Unidade, o princípio e o fim de tudo. Ela não pretende eliminar os contrários, mas estabelecer o princípio da Ordem sobre a desordem, ao qual o lema escocista tão bem se ajusta: ORDO AB CHAO.

A origem do acrônimo "G∴A∴D∴U∴" está, portanto, no princípio criador, independente da fórmula ou oposição. O G∴A∴D∴U∴não

exige a crença Nele; Ele simplesmente é. Uma Atualidade não pode ser uma Realidade humana. Seu nome está inscrito na Constituição da Maçonaria, o verdadeiro livro do Conhecimento Sagrado. Somente através dessa Lei Sagrada, que rege o Universo, será possível ascender do inferior até o superior. Todavia, essa Constituição não foi escrita por mãos humanas. Não foi Anderson quem a elaborou, e as Potências a compilaram. Não, suas páginas estão brancas como a Alma Universal. Apenas, o verdadeiro Iniciado, o Mestre Exemplar, saberá gravar, no seu próprio coração, a Origem do Acrônimo " G∴A∴D∴U∴", lendo, no silêncio da Paz Profunda, as regras que lhe forem atribuídas. ?

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Paulo de TarsoPaulo de TarsoGiselda Sbragia*

rimeiro grande missionário e teólogo cristão, também, chamado de Apóstolo dos Gentios,

Paulo, ou Saulo, nasceu em Tarso, então, um dos centros intelectuais do Império Romano.

PCidadão romano por nascimento, pertencia a uma

família de fariseus fervorosos, tendo sido iniciado, desde cedo, nas leis e tradições judaicas (At. 16,38; 22,29.).

Em Tarso, aprendeu o grego, o latim e o hebreu. Mais tarde, em Jerusalém, estudou na escola de Gamaliel, onde tomou contato com a dialética, processo que muito viria a utilizar em suas especulações teológico-fisiológicas. Essa formação intelectual torna compreensível sua compreensão universalista do Cristianismo. Terminada a educação rabinítica, volta a Tarso e, logo depois, a Jerusalém. Durante esse tempo, torna-se fariseu exaltado, perseguindo os cristãos. Tal procedimento, entretanto, cedeu lugar a uma radical transformação, fruto da visão que teve na estrada de Damasco. Convertido, Paulo se retira para o deserto, aí se entregando, durante dois anos de solitária contemplação, aos êxtases da revelação cristã. De volta a Damasco, perseguições judaicas obrigaram-no a fugir para Jerusalém, onde se encontra com o Apóstolo Pedro. Convidado depois por Barnabé a tomar parte nos trabalhos ministeriais da Igreja de Antióquia, visita Jerusalém pela segunda vez e traça os rumos de um novo apostolado de vanguarda, iniciando suas célebres jornadas apologéticas. A primeira das três expedições paulinas dirige-se a Chipre. Em pouco tempo, Paulo, que partira para Jerusalém em 47 d.C., consegue converter o procônsul Sérgio Paulo. O acontecimento garante o êxito da missão, que se estendeu, também, às regiões de Panfília, Pisídia e Licaônia, onde numerosas igrejas foram fundadas.

Entre a primeira e a terceira jornada tem lugar o Concílio Apostólico de Jerusalém (48

ou 49 d.C.), a que Paulo e Bernabé comparecem como representantes da Igreja.

A segunda jornada missionária (50 d.C.) partiu em

direção à Ásia Menor e, seguindo o rumo NE, atingiu Tróada, onde

uma visão misteriosa fez que Paulo se dirigisse à Europa. Atravessou,

então, a Macedônia, visitou Atenas, estabelecendo-se

finalmente em Corinto. Aí, além de organizar a comunidade cristã, exerceu grande atividade apologética e política. Três anos depois, retorna à Palestina, chegando a Antioquia em 53 ou 54 d.C.

Logo em seguida, inicia-se a terceira jornada missionária, que, refazendo rapidamente o itinerário da anterior, dirige-se a Éfeso, onde, por mais de três anos, desenvolve o apóstolo intensa atividade doutrinária. Não longe dessa cidade, porém, seus inimigos o atacam. Em Corinto e Galácia, acusam-no de ser, apenas, um apóstolo secundário, estranho aos doze primitivos companheiros de Jesus, e concluem que seu Evangelho não passa de uma falsa interpretação dos princípios judaico-cristãos. Em duas famosas epístolas, aos gálatas e aos coríntios, Paulo responde às acusações, refutando, ponto por ponto, as críticas de seus adversários. Pouco antes de abandonar definitivamente a Grécia, escreve a sua mais importante epístola, dirigida aos cristãos de Roma, em que revê inúmeros fundamentos teológicos do Cristianismo.

Ao regressar a Jerusalém, é acusado por fanáticos de profanar os templos. Encarcerado em Cesaréia e, depois, transferido para Roma, consegue ser absolvido. Em 61 d.C., realiza algumas missões, que o levam mais uma vez ao Oriente e, provavelmente, à Espanha. De volta a Roma, os judaizantes da comunidade o perseguem, acabando por prendê-lo. Submetido a longo processo, foi decapitado (64 ou 65 d.C.) por ordem de Nero.

Paulo é o verdadeiro fundador do Cristianismo. Como grande apóstolo dos gentios, coordenou o trabalho das Sete Igrejas do Oriente, ou seja, um verdadeiro sistema geográfico em função, numa tentativa de codificação da doutrina cristã.

*A autora pertence às fileiras da Sociedade Brasileira de Eubiose. ?

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Ordem da Estrita ObservânciaOrdem da Estrita ObservânciaTenório de Albuquerque

Rito da Ordem da Estrita Observância foi mais uma inovação, feita pelo inglês Michel Andrés

Ramsay, figura de grande renome na Maçonaria, no século XVIII.

OO Rito da Ordem da Estrita Observância

despertou grande interesse, atraiu numerosos adeptos. O objetivo de Michel Andrés Ramsay, fundando-o, foi uma tentativa de pô-lo indiretamente a serviço de sua causa e, também, de seus interesses particulares.

Jacques II, da família dos Stuarts, perdeu o trono da Inglaterra para o usurpador Guilherme de Orange e foi refugiar-se na França, no castelo de Saint-Germain-en-Laye, onde foi recebido por Luis XIV com a mais entusiástica cordialidade.

“Jacques II não viera só. Seguiam-no os seus partidários e as tropas fiéis, das quais uma parte era constituída por três regimentos escoceses” (*extraído do livro “La Franc-Maçonnerie Ecossaise em France”, página 9, do escritor Albert Lantoine). Numerosos eram, também, os acompanhantes irlandeses. Os escoceses e os irlandeses eram católicos. Com apoio deles, foi fundada uma Loja regular em Saint-Germain, cuja existência, já em 1688, era assinalada, figurando durante algum tempo nos anuários do Grand Orient de France.

Os partidários dos Stuarts espalharam que a Maçonaria estava trabalhando para o retorno de Jacques II ao trono da Inglaterra, que a Instituição era uma continuação dos Templários e que as Lojas Maçônicas eram possuidoras de fabulosos tesouros. Os verdadeiros maçons, conhecedores dos verdadeiros objetivos da Ordem e do que se propalava, revoltaram-se. Como constituíam a minoria, o recurso foi retirar-se das Lojas contagiadas por falsos doutrinadores.

Gerou-se um período de confusão, justamente, o que desejavam os propaladores dos falsos informes. “Os Jesuítas julgaram ter chegado o momento propício para apoderarem-se da Instituição definitivamente. Para tanto, fizeram aparecer em cena alguém de quem não se poderia dizer, com justiça, se foi enganado ou se era enganador, isto é, se sabia o que fazia e para quem trabalhava ou se era mero instrumento, posto a serviço daqueles a quem não conhecia.

Trata-se do Barão de Hund, renovador da crença de que a Maçonaria era, efetivamente, uma continuação da Ordem dos Templários. O Barão de Hund era homem

riquíssimo, generoso, mas presunçoso, amante de aventuras e novidades. Iniciado na Maçonaria em Francofort, em 1742, quando contava apenas 20 anos, dedicou-se à Ordem. Em 1784, mudou-se para Paris, onde foi iniciado nos Altos Graus do Capítulo de Clermont. Compenetrado de que a Maçonaria era a sucessora da Ordem dos Templários, passou a fazer propaganda intensa disso.

Baseado no sistema de Altos Graus, organizado por Michel Andrés Ramsay, o Barão de Hund resolveu organizar nova associação, que denominou Ordem da Estrita Observância, dividida em muitos Graus de Iniciação, com um chefe superior e visível, para cujo cargo ele mesmo se nomeou. O Barão de Hund forjou uma lenda, “declarando ter sido iniciado e nomeado Cavaleiro Templário na França, por um inglês, em presença do próprio Grão-Mestre da Ordem, e que o Cavaleiro Marshall, Grão-Mestre da 7ª Província, ao morrer, lhe transmitira a suprema dignidade de que estava revestido, que o autorizava a propagar a Ordem e a Maçonaria”.

Para comprovar as lendárias afirmações, o Barão de Hund limitava-se a exibir um documento escrito em caracteres desconhecidos, que ninguém conseguia compreender, é claro.

SURGE OUTRO MISTERIOSO GRÃO-MESTREDe espírito inventivo, declarou o Barão de Hund que

havia sido apresentado aos chefes desconhecidos, que lhe ministraram instruções e lhe haviam concedido poderes para armar cavaleiros. Como missionário, ele adotou os símbolos maçônicos, adulterou as cerimônias da Maçonaria e iniciou inúmeras pessoas, inclusive, muitos maçons, convencidos de que Hund era senhor da verdade.

De súbito, surgiu, na França, outro misterioso Grão-Mestre, um tal de Johnson. Ele afirmou ter sido enviado da Escócia pelos famosos superiores desconhecidos, a fim de revelar aos Irmãos verdadeiros segredos, fazê-los participar das fabulosas riquezas da Ordem. Era um embusteiro. O Barão de Hund foi obrigado a sair a público para desmascarar o outro. Fez um apelo aos maçons, “convidando-os a lhe jurarem obediência e fidelidade e a se prepararem para seguir suas instruções. Para maior aparato e convencimento de todos, o Barão fez ostentação de sua fortuna e reafirmou saber onde se encontravam as fantásticas riquezas dos Templários, prometeu exibi-las e andou acenando com Altos Graus a muitas pessoas.

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Príncipes, nobres, toda sorte de pessoas importantes deixaram-se dominar pela esperança de participar das lendárias riquezas e pela vaidade de vir a possuir altos títulos e condecorações valiosas, entrando na Ordem da Estrita Observância. Numerosas Lojas e Capítulos novos foram instalados. Difundiu-se o novo sistema, que ganhou muito terreno.

O Barão de Hund e os seus parceiros, com apoio de homens poderosos, declararam heréticos os demais sistemas, que passaram a ser hostilizados. As Lojas, não filiadas à Estrita Observância, foram taxadas de Observância relaxada pelas outras, cujos componentes se intitulavam grandes maçons.

Chegou uma ocasião em que a Ordem da Estrita Observância estava disseminada através de quase toda a Europa, distribuída em 9 províncias, que abrangiam muitos países. Era uma sociedade secreta predominante em um velho mundo. Cada província era dividida em prioratos; estes, em prefeituras, estas, em comandos; estes, em Lojas.

OS GRAUS DA ESTRITA OBSERVÂNCIAO Barão de Hund modificou muitos rituais

maçônicos, de acordo com seu espírito fantasioso, e estabeleceu seus graus, a princípio, adicionando-lhes mais um. Eram os seguintes:

• Graus Simbólicos: Aprendiz, Companheiro e Mestre;

• Graus Superiores (Templários): Mestre Escocês, Noviço, Templário (dividido em Cavaleiro, Aliado e Porta-Estandarte);

• Eques Professus.

EXTINÇÃO DA ORDEM DA ESTRITA OBSERVÂNCIAImaginoso, o Barão de Hund, de tempos em tempos,

acenava com promessas novas. Chegou a asseverar ter encontrado os tesouros dos Templários e que os iria incorporar à Ordem.

Falava em construção de hospitais, de edifícios próprios das Lojas, mas nada aparecia. Alguns adeptos começaram a impacientar-se. Entarch, mais exaltado do que os outros, publicou e espalhou um folheto (“A Pedra de Toque”), em que divulgou os segredos da Estrita Observância, os manejos e falsidades do Barão de Hund. Foi um escândalo. Divulgada a organização da Ordem, surgiram os mais acres comentários. Foi convocada uma Assembléia ou Convenção para realizar—se em Wilhemstadt. Sob a presidência do Duque Fernando de Brunswick, foi efetuada a Assembléia em 16 de julho de 1782, em que se tratou da reforma da Maçonaria, repúdio definitivo à lenda de ser a Maçonaria uma continuação dos Templários e extinção da Ordem da Estrita Observância. ?

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O Livre ArbítrioO Livre ArbítrioWalter de Oliveira Bariani

ão há como dissociar o homem de seu destino: a perfeição relativa ao Todo Perfeito. Contudo,

esse destino não está nas mãos de Deus ou do demônio, conforme nos querem fazer crer as religiões, por não existir determinismo ou fatalismo na evolução humana.

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A faculdade de pensar, de raciocinar, colocou o homem no topo da escala evolutiva, acima de seus companheiros de jornada terrestre, os chamados irracionais.

Sendo ele um espírito encarnado, dotado dessa faculdade, está sujeito às intempéries que a vida oferece a cada passo em seu caminhar, gregário na maior parte das vidas e, às vezes, solitário.

René Descartes chegou ao ápice da questão, ao concluir que, por deter o poder de raciocinar, o homem, logicamente, é um ser existente, ou seja, “penso, logo existo”, mas o existir não está diretamente ligado ao viver. Existir é ser, e viver é ter, quer dizer, o homem tem, na vida, a oportunidade de ser algo mais do que um simples vivente, exatamente, por pensar. Ele existe porque pensa, e o pensamento envolve o desenvolvimento da inteligência, e essa, o da razão. Assim, interligando-se, essas conquistas evolucionais acabam por determinar parâmetros, que levam às ações e pensamentos e podem tornar o homem ditoso ou desgraçado em suas romagens terrenas, encarnação após encarnação, vida após vida.

Essa dualidade, graça e desgraça, decorrem da Liberdade de Consciência, maior conquista da criatura face ao seu Criador, que, em sua infinita misericórdia, proporciona oportunidades incontáveis para que o homem possa evoluir, a despeito de sua condição de réprobo de si mesmo.

A posse da razão é o cadinho depurador das ações divisionárias dessa dualidade, porquanto tudo que é confrontado com a razão recebe a chancela do certo e/ou do errado. Essa, por sua vez, amolda-se à moral cientifica, confirmando seus estamentos filosóficos.

O Livre Arbítrio vem de ser exatamente o determinante da Liberdade de Consciência, a encruzilhada da moral e da razão, do pensar e do agir.

O Livro dos Espíritos, ao comentar o tema, relata-nos na questão nº 843:

“ Tem o homem o livre arbítrio de seus atos?” “Tendo a liberdade de pensar, tem igualmente a de agir.

Sem o livre arbítrio, o homem seria máquina.”A cada ação, corresponde uma reação, é a Lei das

Causas e Efeitos. Dotado da liberdade de pensar, tem o homem, automaticamente, a de agir, mas, ao direito de agir conforme sua liberdade de consciência corresponde o dever de circunscrevê-la aos crivos da razão e da moral, ou seja, de acordo com os atos praticados, será glorificado ou execrado.

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Um dos exemplos mais marcante de livre arbítrio é encontrado nas páginas da Bíblia, mais precisamente na saga de Adão e Eva, que, como sabemos, trata-se, única e exclusivamente de personagens fictícios, utilizados como símbolos do aparecimento do homem na face da terra, não como elemento oriundo da teoria criacionista, mas dentro de conceitos evolucionistas por excelência.

O paraíso ou éden é a inocência oriunda do não pensar e, consequentemente, não saber. A árvore da vida, no meio do paraíso, é o marco evolucional do homem que busca o conhecimento apesar das dificuldades que a vida lhe interpõe a cada passo, pois disse Deus:

“16. E deu-lhe esta ordem, e lhe disse: Come de todos os frutos das árvores do paraíso. 17 Mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Porque, em qualquer tempo que comeres dele, certissimamente, morrerás.” (Gênesis, 2: 16 e 17.)

Observe-se que a árvore proibida era a da ciência do bem e do mal, ou seja, era a do conhecimento, que faria com que o homem pudesse discernir, em suas ações, aquilo que lhe traria alegria e o que poderia, ao mesmo tempo, causar-lhe a dor e os tormentos da alma.

A serpente é o símbolo da inteligência; somente através dela, é que se pode atingir o conhecimento. A narrativa bíblica nos mostra que Eva, formada de uma parte de Adão, o homem, portanto mais evoluída, arguiu de si mesma sobre a morte e chegou à conclusão de que, caso comesse da fruta proibida, certamente, não morreria, mas viveria com mais intensidade, dado haver adquirido o conhecimento.

“4. Mas a serpente disse à mulher: Bem podeis estar seguros de que não haveis de morrer, 5 porque Deus sabe que, se comerdes desse fruto, abrir-se-ão vossos olhos e sereis como deuses conhecendo o bem e o mal.” (Gênesis, 3: 4 e 5.)

Deus, como criador, conhece sua criatura; sabendo-a dotada de recursos necessários ao pleno desenvolvimento mental, moral e espiritual, coloca, ao seu alcance, o conhecimento para que possa discernir entre o certo e o errado. Eva, simbolicamente, instigada pela inteligência, usou do livre arbítrio e colheu o fruto e viu que era formoso e agradável à vista e o comeu, ou seja, desafiou a proibição, o cerceamento da liberdade de consciência, que impede a evolução plena, figura de retórica, levando-nos aos desmandos dos líderes religiosos de todos os tempos, que sempre utilizaram do pecado, para determinar o que era proibido ao conhecimento do ser humano. Eva tomou conhecimento de que, além do paraíso, existia a vida e de que, como ser pensante, poderia determinar os rumos dessa vida.

Adão e Eva simbolizam a humanidade, o homem criado simples e ignorante, mas que dispõe de elementos naturais, tanto à sua volta quanto em si mesmo, para crescer intelectualmente, despertando, a partir da inteligência (serpente), o desejo de se conhecer para melhor aquilatar suas ações, porque delas depende sua própria evolução.

A maldição, que Deus jogou sobre os ombros de Adão e Eva, retrata as dificuldades que a humanidade enfrenta em sua marcha evolutiva, porque, primeiramente, Ele se dirigiu à serpente, como elemento da discórdia. Disse Ele:

“14 E o Senhor Deus disse à serpente: Pois que assim fizeste, tu és maldita entre todos os animais e bestas da terra: tu andarás de rojo sobre teu ventre e comerás terra todos os dias da tua vida. 15 Eu porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua prosperidade e a dela. Ela te pisará a cabeça, e tu procurarás morde-la no calcanhar.”

Essa frase bíblica tem sido usada pela humanidade, não em seu significado simbólico, mas como se fosse uma condenação verdadeira ao animal serpente, por isso as cobras são caçadas impiedosamente e tidas como criaturas demoníacas. Mas o relato é simbólico; a inteligência é apanágio superior, por isso maldita entre aqueles que não a possuem ou que não podem usufruir plenamente de suas propriedades intelectivas.

A serpente sempre desempenhou um papel importante e multiforme como símbolo. Na China, é o símbolo yin (de yin e yang); na Índia, as nadjas são consideradas como mediadoras entre os deuses e os homens; a Kundalini é simbolizada como serpentes que se enroscam desde a base da coluna vertebral até a cabeça, considerada a sede da energia cósmica; no Egito, conheciam-se diversas deusas serpentes; além disso, foi nesse país que os arqueólogos encontraram o símbolo do Ouroboros, a serpente que morde sua própria cauda, símbolo do que é eterno, que não tem começo e nem fim; finalmente, no culto a Asclépio (ou Esculápio), a serpente tem um papel importante como símbolo da autorrenovação.

Quanto à maldição de comer terra todos os dias, observemos que, figurativamente, a terra não é alimento exclusivo da serpente, pois que toda a humanidade se nutre da terra, e a inimizade entre a inteligência e a mulher ficou no campo das conjeturas masculinas dominantes, onde a

mulher era considerada como ser inferior e dominada pelo marido, conforme o relato bíblico (Gênesis, 3: 16), onde Deus determinou à mulher que os trabalhos de parto seriam multiplicados, para que seus filhos fossem paridos com dor, e que ficaria debaixo do poder do marido.

A Adão, Deus determinou que deveria tirar da terra o sustento à força de seu trabalho, comendo o pão oriundo do suor de seu rosto.

Não há progresso sem trabalho e não há paz sem a firme determinação de conviver, respeitando as diferenças entre os povos. Assim é a humanidade, que ainda busca se libertar dos liames e tentáculos dos poderes religiosos e seculares, desatando os nós górdios do dogmatismo insensato, para alçar vôos plenos da liberdade de consciência, regulando-a pelo livre arbítrio, utilizando a razão para crescer e evoluir sempre, em busca da perfeição, baseando seus atos na mais pura moral e na mais elevada consciência de que é um junto ao Pai, mas sabendo que o Pai é maior que todos. ?

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Uma Reflexão Sobre o Salmo 133Uma Reflexão Sobre o Salmo 133Autor desconhecido

"Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Aarão e desce para a orla de suas vestes. É como o orvalho do Hermon,

que desce sobre os montes de Sião, porque ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre."

Na tradição hebraica, a figura de DAVI, rei de Israel, tem duplo significado: o de fundador do poder militar judaico e o de símbolo da aliança entre Deus e seu povo.

A história de Davi é narrada na Bíblia, nos livros I e II, de Samuel. Nascido em Belém, na Judeia, entrou como harpista na corte de Saul, primeiro rei de Israel. Na guerra contra os filisteus, o jovem Davi, armado com uma funda, matou Golias, o gigantesco campeão dos inimigos.

Essa vitória e outras, que se seguiram, despertou o entusiasmo do povo, e, enciumado, o rei Saul resolveu eliminá-lo, embora este se tivesse casado com sua filha, Micol, e fosse amigo de Jônatas. Davi, então, fugiu da corte, vivendo em seguida em vários lugares. Depois da morte de Saul e Jônatas, Davi regressou à Judéia, e sua tribo o nomeou rei, ao mesmo tempo em que as tribos restantes elegiam Isbaal, o outro filho de Saul. Na guerra, que se seguiu, Isbaal foi morto, e Davi tornou-se rei de Israel, fixando a capital em Jerusalém; para lá, transferiu a Arca da Aliança, maior símbolo religioso dos israelitas.

Aarão é o primeiro nome lembrado toda vez que se falar em religião judaica. A citação do seu nome evoca um paradigma sacerdotal, a linhagem levita.

Aarão é o irmão mais velho de Moisés e seu principal colaborador. Sua figura possui um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus. Membro destacado da tribo de Levi, viveu em torno do século XIV a.C. De acordo com a descrição do Exôdo, era filho de Amram e Jocabed e três anos mais velho que Moisés. Segundo a maioria dos biblicistas, se Moisés encarnava a visão profética, Aarão simbolizava a necessidade de um poderoso testamento sacerdotal.

Com tal preâmbulo, traçamos um perfil de Davi, autor do Salmo em epígrafe, e de Aarão, citado no mesmo, para comentarmos o sentido figurado de tal texto.

Reputado como local sagrado pelos habitantes originais de Canaã, o monte Hermon situa-se na região Norte do território, conhecido hoje como Palestina, na fronteira do Líbano com a Síria, e se eleva a 2.800 metros de altitude. O seu cume está permanentemente coberto de neve. Aos seus pés, tem origem o rio Jordão, responsável por tornar fértil toda a região, conhecida como vale do Jordão, que se estende da cidade de Dã até a região de Edom, ao Sul do Mar Morto. A fertilidade, isto é, a própria vida da região, é dádiva do monte Hermon. Se não fosse o

orvalho de suas vertentes, não existiria o Jordão. A região vizinha é inóspita e sem chuvas. As águas cristalinas do Jordão asseguram a irrigação e, com ela, a vida ao longo do vale verdejante.

É possível se entender o significado simbólico do "... orvalho do Hermon" e a paráfrase da conclusão:

"Ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre". A figura, “o óleo, que desce da cabeça de Arão, é como o

orvalho do Hermon, que, também, desce”, na verdade, é um símile feito pelo poeta, para comparar as benesses da vida em união. Tudo se passando como se ele tivesse dizendo que viver em união é como ter Aarão como sacerdote, em íntimo contato com o Criador, interpretando nossas dores e alegrias e oferecendo os sacrifícios. Ou, então, é como ter garantida a vida, que frui do Hermon até aos montes de Sião, assegurando a fertilidade da região de onde vem nosso sustento.

Com essa comparação, entendemos o que o salmista nos traz. Viver em união, como irmãos, é a superação de todos os males. É sinônimo da máxima virtude humana. É quando os homens ascendem ao clímax da felicidade. É a realização do EU coletivo. Não seremos "eus", mas "nós". A felicidade da vida em união é comparada em dois planos: o espiritual, simbolizado pelo óleo sobre a cabeça, ungindo Arão, que permite ao homem alcançar o plano do EU superior, e o material, representado alegoricamente pela água, que, descendo do Hermon, assegura a vida pela perene fertilidade do solo. De um lado, o espírito; de outro, o corpo, e, no meio, o homem plenamente harmonizado consigo mesmo, com os demais semelhantes, com a natureza (a terra) e com o Principio Criador. O óleo, o homem, o monte e a água formam os símbolos e alegorias, que nos levam a entender o significado da real união entre homens, que se definem como Irmãos.

O Salmo 133 consagra o puro e verdadeiro amor fraternal, essência para a construção dos novos tempos. "Ali ordena o Senhor a sua benção, e a vida para sempre". Ele retrata os mistérios da felicidade interior dos que vivem em harmonia com seus irmãos. Felizes aqueles que compreendem o essencial desse poema, (para alguns, oculto), e, muito mais do que isto, conseguem viver essa experiência.

O objetivo primário é unir os Irmãos de tal forma, que possam parecer um só corpo, uma só vontade, um só espírito, formando um Templo coeso, cuja fundação se assenta no lema: “Um por todos, todos por Um”. ?

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Seja Você MesmoSeja Você Mesmo

Armando Corrêa de Siqueira Neto ão importa se os vizinhos agem de forma semelhante. Se vários colegas do trabalho

concordam entre si com certas questões. Se os parentes falam a mesma coisa. Se a história reconta o passado estimulada pelos fatos presentes. Se a mídia exibe a mesma situação repetidamente. Se a maioria faz tudo quanto faz. Conveniência?

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Nada deve interessar se você não analisa criticamente cada impressão que recebe. Portanto, é um dever opor-se à opinião de terceiros sem apreciá-la primeiramente, para não tropeçar e, pior, ao cair, apontar o dedo da culpa para os outros. Boa parte da responsabilidade pessoal é fruto da consciência sobre si mesmo, admitindo que se errou ao agir inconscientemente. Aquele que não ilumina o seu caminho através da reflexão, vaga errante nas picadas escuras formadas pelos retalhos das ideias alheias. Só você é capaz de lançar compreensão sobre os pensamentos e atos com os quais convive. Seja você mesmo!

Por não ter consciência sobre o que pensa, o homem concorda com muita coisa que sequer lhe diz respeito, no intuito de, pelo menos, mostrar-se cordato com os demais de convívio. Na ausência da opinião crítica individual, resta-lhe a concordância cega do pensamento coletivo. Medo de ser rejeitado? É um tipo de

compensação, ainda que despercebida, efetiva no seu propósito. Parte e todo, pois, andam morosa e empobrecidamente.

É preferível desagradar a alguns e evoluir solitariamente a manter-se preso ao atraso do grupo. Cumpre dizer, contudo, que não é pela discordância que as pessoas se separam – ela, ao contrário, aproxima aqueles que nela enxergam proveito -, mas pelo desinteresse que se instala à medida que um avança e outro fica para trás. O ser humano agrupa-se socialmente por interesses particulares que atendam às necessidades e aos desejos próprios. Ao

perder tais proveitos, dá novo direcionamento às relações, buscando inusitados horizontes, ainda que negue a importante mudança, pelo sentimento de culpa que pode imprimir pressão e pesar.

Não é simples atravessar o deserto da transformação pessoal ao separar-se das pessoas de convívio, todavia há ganhos que

não apenas compensam, mas elevam o entendimento de que a evolução cobra por cada passo dado, e o seu preço é mais do que justo. Interessantes personagens atraem e são atraídos, gerando renovada e oportuna roda de convivência, além do alargamento da consciência que dá testemunho, cada vez mais, dos próprios atos, por sua vez, frutos da reflexão e não do acaso, que é par constante da inconsciência. Seja você mesmo! ?

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autor, nosso Irmão Celso Grinaldi Filho, é atualmente Gerente Nacional de Vendas de uma grande organização do segmento editorial. Possui mais de

30 anos de experiência em gerenciamento de grandes equipes de vendas, tendo como área de especialização as atividades de treinamento, planejamento e avaliação de desempenho dessas equipes.

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Este livro, O VENDEDOR TALENTOSO, discorre sobre a necessidade de pensar como um vendedor, as suas opções de vendas, os passos iniciais e finais de uma venda, sobre o atendimento, sobre os tipos de compradores, sobre a arte de vender, as virtudes de um vendedor, os defeitos a serem evitados, os objetivos da venda, o merchandising, a construção do futuro do vendedor e enfatiza o Decálogo do Vendedor. Além de se estudar, em profundidade, as Técnicas de Venda, propriamente dita, o vendedor como imagem da empresa, como superar as objeções de uma venda, como evitar que surjam obstáculos para a venda, o planejamento do trabalho de venda, a busca da persistência e da criatividade, a promoção no ponto de venda e a relação Empresa/Vendedor Talentoso.

Agrega um Glossário de Termos Usuais em Vendas que o leitor não encontrará compilado em nenhuma obra similar.?

a Indicação de LivroIndicação de Livro bIndico o livro “Pequena História da Maçonaria no Brasil” de autoria do Irmão João Ferreira Durão, pela editora “Madras”. Trata-se de uma bela Obra, baseada em pesquisas históricas sobre a origem da Maçonaria brasileira.

a Arte Real – Edições AnterioresArte Real – Edições Anteriores bAlém dos vários sites que disponibilizam nossa Revista, você poderá encontrar, para download, todas as edições anteriores em nosso Portal www.entreirmaos.net . ?

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rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta

como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente, via Internet, para mais de 12.500 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores.

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Ao completar dois anos de idade, no último 24 de fevereiro, sua Revista Arte Real, de cara nova, sente-se muito honrada em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.

Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33ºRevisor: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ − 33º

Colaboradores nesta edição: ArmandoCorrêa de Siqueira Neto – Federico Guilherme Costa– Giselda Sbragia – Sérgio Sargo – Tenório Albuquerque – Walter Oliveira BarianiEmpresas Patrocinadoras: Alexandre Dentista - Arte Real Software – CH Dedetizadora – CONCIV - CFC Objetiva Auto Escola – Dirija Rent a Car - Livro (Celso Grinaldi) - López y López Advogados – Maurílio Advocacia - Olheiros.com - Santana Pneus – Sul Minas Lab. Fotográfico - Turmalina. Contatos: ( (35) 3331-1288 - E-mail - [email protected]

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Distribuição gratuita via Internet - Os textos editados são de inteira responsabilidade dos signatários. ? Obrigado por prestigiar nosso trabalho. Temos um encontro marcado na próxima edição!!!