AS CINCO LIÇÕES SOBRE O DINHEIRO AS CINCO LIÇÕES DO DINHEIRO 1.Faças as Pazes com o Dinheiro.
o Que Motiva o Prof Não é o Dinheiro
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7/23/2019 o Que Motiva o Prof No o Dinheiro
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Revista Aproximando v. 1, n. 2 (2015)
O QUE MOTIVA O PROFESSOR NO O DINHEIRO
Marcus Brauer1
1. Introduo
Se a instituio quer formar alunos
competentes, primeiro deve ter professores
competentes. Competncia o conjunto dos
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores,
mobilizadas para uma entrega (Ruas e outros,
2010). Em outras palavras, no basta ter
talentos, eles tm que dar resultado.
Algo comum o professor ter slidos
conhecimentos tericos, talvez desenvolvidos
em um bom curso de doutorado. No raro
professores terem bons conhecimentos obtidos a partir de anos de experincia
prtica. Mas o que adianta ter conhecimentos de sua disciplina se no possuir a
habilidade de ensinar?
Infelizmente, ainda comum ouvir nos corredores de renomadas instituies de
ensino que o professor sabe a matria, mas no sabe ensinar. Se o professor no
sabe ensinar, o aluno poder ter srias dificuldades para aprender. Cursos de
mestrado e doutorado preparam seus alunos para serem bons pesquisadores, para
avanar o conhecimento cientfico de um determinado assunto. Mas capacitar os
alunos para ensinar com qualidade, algo raro no s no Brasil, mas como no
exterior.
E o que basta ter amplos conhecimentos e habilidades para ensinar, mas se no
houver amor, vontade, motivao, pr-atividade, dedicao, tica? Com o perfil de
1Professorda Faculdade de Administrao e Finanas da UERJ (FAF/UERJ) , do Mestrado em Administrao e
Desenvolvimento Gerencial da Univ. Estcio de S (MADE/UNESA), e da Escola de Administrao Pblica(EAP) da UNIRIO. [email protected]
O objetivo desse artigo discutira motivao dos professores e,mais especificamente, relatar aexperincia de ser indicado aoprmio Ansio Teixeira, na UERJ.A partir de um depoimentopessoal, constatou-se que otrabalho em equipe, o estudo dadidtica e principalmente o amorpelos alunos foram consideradosfatores motivacionais queimpactam mais nos resultados, aoinvs do dinheiro, emboranecessrio.
Palav ras -ch aves: Mo ti vao.Reconhecimento. Amor.
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alunos da UERJ, a atitude do professor um dos itens mais importantes, e ao
mesmo tempo o mais difcil de mudar.
Algumas instituies de ensino criaram centros de ensino e aprendizagem para
capacitarem seus professores nas tcnicas e na arte do ensino, como por exemplo
as universidades de Berkeley, Stanford, Pennsylvania, Brown, FGV-EAESP, dentre
outras. Fazer um bom plano de ensino, estudar quem so seus alunos, selecionar
boas referncias, ensinar a pensar e no transmitir informaes, como na
educao bancria criticada por Paulo Freire elaborar boas avaliaes de acordo
com os objetivos do curso, so contedos complexos at para os especialistas na
rea.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) uma instituio
reconhecida em diversas reas, e sua primeira nota 7 na CAPES nota mxima na
avaliao de programas de ps graduao stricto sensu foi em Educao.
Entretanto, tal instituio ainda no tem um centro de ensino e a aprendizado para
auxiliar suas centenas de docentes. Entretanto, a UERJ tem uma iniciativa de
vanguarda no pas que uma breve capacitao em didtica para os seus novos
professores, por meio de Educao a Distncia.
Outra empreitada da instituio premiar seus melhores professores. Difcilescolha, pois seu corpo docente altamente qualificado mais de 80% possuem o
doutorado, mas ningum melhor do que o aluno para selecionar os docentes a
serem premiados. Tal prmio um reconhecimento do professor, e isso pode
estimular mais o docente do que sua remunerao. O objetivo desse artigo discutir
a motivao dos professores e, mais especificamente, relatar a experincia de ser
indicado ao prmio Ansio Teixeira.
2. Motivao nas organizaes
A motivao nas organizaes um tema complexo e bastante pesquisado,
mas ainda no h um consenso. O pesquisador canadense Gary Latham escreveu
um livro possivelmente o mais respeitado atualmente que discute a histria das
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pesquisas desse tema, bem como os principais conhecimentos tericos e prticos
(Latham2, 2012).
O livro mostra que no incio do sculo passado, a motivao tinha explicaes
com nfase na biologia e posteriormente no dinheiro, com estudos de Sigmund
Freud e Frederick Taylor, respectivamente. No ano de 1968, Frederick Herzberg
publicou uma pesquisa na revista Harvard Business Review argumentando que os
fatores intrnsecos ou motivacionais, como alcance de metas e reconhecimento,
influenciava muito mais do que fatores externos ou higinicos, como o salrio. Em
outras palavras, o salrio no era um fator que explicava adequadamente a
performance de trabalhadores (Herzberg, 1968)
Ceclia Bergamini, pesquisadora da USP e FGV-EAESP, bem como Daniel Pink
mais recentemente, afirmam que a motivao intrnseca, ou seja, ningum motiva
ningum.
Muitos executivos ainda acreditam que possvel gerar motivaocondicionando os comportamentos por meio de prmios e punies.Mas a verdadeira motivao nasce das necessidades interiores e node fatores externos. No h frmulas que ofeream solues fceispara motivar quem quer que seja. O lder no pode motivar seusliderados. Sua eficcia depende de sua competncia em liberar a
motivao que os liderados j trazem dentro de si.(Bergamini, 2002,p. 63)
Alguns autores so usam afirmaes mais fortes, dizendo que bnus,
recompensas, participao nos lucros so formas de suborno (Kohn3, 1998). Por
outro lado, algumas organizaes, como a AbInbev, utilizam basicamente o dinheiro
como forma de estimular seus funcionrios, e isso atrai um grande nmero de
candidatos, visto que a relao candidato-vaga para trainne geralmente de mais
de 3000 por vaga (Pati, 2014).Embora difcil comprovar que o dinheiro motiva ou que no motiva, ser
professor em uma instituio pblica de ensino superior, que raramente oferece
infraestrutura e remunerao adequada, est mais para vocao do que
simplesmente profisso. O prazer de ensinar, a alegria de ver o aluno aprender e
adquirir empregabilidade e capacidade de melhorar o mundo em que vivemos, mais
2LATHAM, Gary.Work motivation: history, theory, research and practice. 2. Ed. London: Sage, 2012.
3KOHN, Alfie. Punidos pelas recompensas. So Paulo: Atlas, 1998.
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o reconhecimento de um esforo so ingredientes que devem ser considerados com
mais ateno.
3. A indicao ao prmio Ansio Teixeira 2014
Iniciativa da Sub-reitoria de Graduao por meio da Coordenadora de
Avaliao, Projetos Especiais e Inovao, o prmio Ansio Teixeira 2 edio teve
como objetivo valorizar o trabalho dos docentes cuja dedicao vem transformando
o ensino e incentivando a formao discente. Tal reconhecimento no avaliado por
uma banca de especialistas, mas pelos alunos de graduao, que so a razo deser de qualquer instituio sria de ensino.
Cada centro setorial selecionou um professor. No caso do Centro de Cincias
Sociais que tem mais de 300 professores e que engloba a Faculdade de
Administrao e Finanas (FAF), a Faculdade de Cincias Econmicas (FCE), a
Faculdade de Direito (DIR), a Faculdade de Servio Social (FSS), o Instituto de
Cincias Sociais (ICS), O Instituto de Estudos Sociais e Polticos (IESP), o Instituto
de Filosofia e Cincias Humanas (IFHC), o escolhido pelos alunos fui eu, ProfessorMarcus Brauer.
Figura 1. Marcus Brauer, Professor de Adm. Geral e RH da FAF/UERJ
Do Centro de Cincias Tecnolgica (CTC) foi escolhido o professor Nilo ndio do
Brasil, do Instituto de Qumica. O professor Jayme da Cunha Bastos, do Instituto de
Biologia Roberto Alcntara Gomes foi o professor escolhido no Centro Biomdico. O
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professor Henrique Marque Samyn, do Instituto de Letras, representou o CEH
Centro de Educao e Humanidades.
Ao ser perguntado sobre o que representou o reconhecimento de minhas aes
por parte do corpo discente desta universidade por meio desse prmio, vrias
respostas vieram, mas a trs mais importantes foram:
Tal reconhecimento melhor do que dinheiro, o que confirma a tese de
Herzberg. Entretanto, no me julgo melhor do que meus colegas. Se estou
fazendo um trabalho que os alunos esto gostando no todos, pois
impossvel agradar a todos o reconhecimento deve ser dividido entremeus gestores e colegas da FAF, que me auxiliam desde que comecei a
lecionar na UERJ em 2004, como professor substituto. Sinto pertencer a
uma equipe cooperativa, e no competitiva. Me sinto bem em ajudar meus
colegas e sinto o mesmo da parte deles. Fiquei muito feliz mesmo ao saber
que a professora novata da FAF, Maria Ceclia Trannin, ficou um primeiro
lugar em uma avaliao do centro acadmico da faf (CAFAF) neste ano e
eu fiquei em terceiro.
Eu me dedico a estudar a didtica, embora nunca me foi solicitado fazer
isso, ou seja, minha motivao me capacitar para o ensino, algo
intrnseco, o que corrobora a tese de Bergamini. Uma coisa estou certo:
depois que eu comecei a estudar didtica, vi que eu fazia quase tudo
errado e atualmente, sei que tenho que melhorar muito ainda. Raramente,
vejo algum professor admitir que suas aulas no so boas. O orgulho e a
vaidade dificultam a solicitao de ajuda por parte de doutores. Engraado,
mas o livro que mais me agregou valor foi de um professor francs
radicado nos Estados Unidos e que tem o mesmo nome que eu (Brauer,
2012). Tal livro me fez conhecer melhor o que uma boa aula segundo
padres internacionais. Algumas informaes so simples, mas fazem a
diferena: conhecer o nome dos alunos, fazer chamada, ter um bom plano
de ensino, ter um livro texto manual de qualidade como referncia e usar
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artigos cientficos, no dar tantas aulas expositivas, mas metodologias de
ensino mais ativas como o mtodo dos casosmuito usada em Harvard
e o Problem Based Learning (PBL). Usar a Tecnologia de Informao e
Comunicao (TIC) como complemento plataforma moodle, site para
comunicao com alunos, vdeos, vdeo-conferncias. Os alunos so muito
conectados com as TIC, a gerao Y diferente da gerao X, os alunos
cotistas tm suas caratersticas, ou seja, o professor tem que conhecer
entender seus alunos.
Tenho amor pelos meus alunos e pelo que fao. Os alunos sabem das
minhas falhas que no so poucas mas ao mesmo tempo enxergam
que me dedico de corao. Sylvia Vergara, minha orientadora no mestrado,
excelente pesquisadora e professora, me ensinou que o sucesso do
professor ver seu aluno o superar. Isso amor.
Ainda que eu falasse as lnguas dos homens e dos anjos, e notivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos osmistrios e toda a cincia, e ainda que tivesse toda a f, de
maneira tal que transportasse os montes, e no tivesse amor,nada seria. Quem ama paciente e bondoso. Quem ama no ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso (1 Corntios 13.)
Sou muito exigente com meus alunos, e em vez de me odiarem, me escolhem
dentre vrios professores. Assim, infere-se que os alunos gostam de estudar e que o
amor o principal ingrediente de uma boa aula, que comea na elaborao do plano
de ensino e no conhecimento da classe e que tem o auge no sucesso profissional e
pessoal do aluno.SYLVIA VERGARA... ME
ENSINOU QUE O SUCESSO DOPROFESSOR VER SEU ALUNO
O SUPERAR. ISSO AMOR.
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5. Referncias Bibliogrficas
BERGAMINI, Ceclia. Motivao: uma viagem ao centro do conceito. GV-executivo,v. 1, n. 2, nov-jan, 2002
BRAUER, Markus. Ensinar na universidade: conselhos prticos, dicas, mtodos
pedaggicos. So Paulo: Parbola Editoria, 2012.
HERZBERG, Frederick. One more time: How do you motivate employees? Harvard
Business Review, v. 46, n. 1, p. 53-62, jan./fev. 1968.
KOHN, Alfie. Punidos pelas recompensas. So Paulo: Atlas, 1998.
LATHAM, Gary. Work motivation: history, theory, research and practice. 2. Ed.
London: Sage, 2012.
PATI, Camila. 10 programas de trainee com mais de 400 candidatos por vaga .
Disponvel em . Acesso em 30 Set. 2015.
RUAS, Roberto L., FERNANDES, Bruno. H. R., FERRAN, Judith E. M., DA SILVA,
Francielle M. Gesto por Competncias: Reviso de Trabalhos Acadmicos no Brasil
no perodo 2000 a 2008. In: ENANPAD, 34., 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro: ENANPAD, 2010.