O que um psicanalista faz _ Lucas Nápoli

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21/04/13 O que um psicanalista faz | Lucas Nápoli lucasnapoli.com/category/o-que-um-psicanalista-faz-2/ 1/25 Arquivos da Categoria: O que um psicanalista faz O que um psicanalista faz? (final) Publicado em 01/02/2011 Lucas Nápoli Psicanálise em humanês Home Artigos científicos Clínica Cursos O autor Supervisão e Consultoria Online

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O que umpsicanalista faz?(final)Publicado em 01/02/2011

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Nos últimos três

posts desta série o

nosso foco esteve

sobre o desenrolar

de um tratamento

psicanalítico. Entre

outr a s co i s a s ,

discutimos como o

psicanalista lida

com o pedido de

compreensão

i m p l í c i t o n a

entrada do paciente

em análise, qual a primeira etapa do tratamento e

como o doente é auxiliado pelo analista na descoberta

de aspectos de si mesmo dos quais outrora era

ignorante.

Alguns leitores podem considerar de mau gosto o uso

que faço da palavra “doente” como sinônimo de paciente

ou analisando. De fato, atualmente é difícil ver analistas

se referindo assim a quem os procura. Eu, no entanto,

busco conservar o termo porque penso que sua

utilização coloca em relevo um aspecto

sistematicamente esquecido não só por alguns analistas,

mas também por boa parte daqueles que se interessam

pela teoria psicanalítica que é o fato de a psicanálise ser

um tratamento. Foi para isso que Freud a estabeleceu e é

para isso que ela continua existindo até hoje. A

psicanálise é um meio, uma técnica, uma abordagem (ou

seja, existem outras) de ajuda para determinadas

pessoas. Digo isso porque, principalmente depois do

estrondo provocado pelas teses de Jacques Lacan, uma

boa parcela dos analistas começou a pensar e a querer

extrair da psicanálise mais do que ela poderia oferecer.

Em bom português: os caras começaram a achar que a

psicanálise era “a última bolacha do pacote”, que ela era

um metadiscurso capaz de explicar e de se sobrepor a

qualquer outra forma de descrição do sujeito.

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É por isso que uso a palavra “doente”, caro leitor: para

enfatizar que quem procura um analista espera receber

dele ajuda para ver restabelecida sua saúde.

Evidentemente, os conceitos de “saúde” e “doença” que se

tem a partir das descobertas advindas do método

psicanalítico não são os mesmos da medicina, mas

ainda assim não se pode perder de vista que a

psicanálise é um tratamento e, portanto, existe para

cumprir determinados objetivos. É exatamente sobre

isso que falaremos hoje:

Quais são os objetivos de um tratamento psicanalítico?

O primeiro post desta série foi dedicado às razões pelas

quais as pessoas procuram a ajuda de um psicanalista

ou de um psicoterapeuta. Vimos que, via de regra, as

pessoas nos procuram quando estão sofrendo, mas

sofrendo a ponto de não conseguirem vislumbrarem,

sozinhas, a solução para seu sofrimento. Isso porque

elas se sentem presas, limitadas, como se algo à revelia

delas próprias as impedisse de fazerem o que

gostariam.

É justamente com base nessa condição inicial daqueles

que recorrem a nossos serviços que estabelecemos os

objetivos do tratamento. Logo, se o doente se sente preso,

cercado de amarras, a finalidade do tratamento deve ser

a de ajudá-lo a se ver livre dessa prisão. Simples.

Numa visão panorâmica, vimos um pouco ao longo dos

posts como se dá esse processo de “libertação”. Hoje,

gostaria de focalizar precisamente a natureza dessa

libertação, ou seja, do que se constitui isso a que a

psicanálise visa enquanto método de tratamento. O que

me vem à mente nos últimos tempos ao pensar sobre

isso é o conceito do filósofo Benedictus de Spinoza de

conatus ou “potência de agir”. Para Spinoza todo ser

possui essa potência que faz com que o ser persevere no

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próprio existir e, se possível, se expanda. Tal potência

pode ser refreada ou fortalecida de acordo com as

experiências que a gente vivencia. Penso que a

psicanálise seja uma das experiências capazes de nos

auxiliar a fortalecer a nossa potência de agir, justamente

porque a matéria-prima de seu funcionamento é

justamente a investigação cuidadosa daquilo que

diminuiu a nossa potência e fez com que procurássemos

ajuda. Um dos objetivos da psicanálise, portanto, é nos

dar mais “liberdade de movimentos”. O que a neurose

faz conosco é o oposto: ela restringe essa liberdade, por

exemplo: impedindo um jovem de ter uma ereção

completa ou uma dona de casa de sair à rua por medo

das pessoas ou um executivo de trabalhar por não

conseguir deixar de repetir: “Controle remoto” 30 vezes

a cada 15 minutos…

A psicanálise ajuda pessoas como essas a se verem

livres dessas amarras que as impedem de alcançarem

seus objetivos, terem maior bem-estar etc. Todavia, há

um detalhe importantíssimo que é o que diferencia o

método psicanalítico em relação a outros tipos de

tratamento: a psicanálise só consegue ajudar as pessoas

a terem maior liberdade de movimentos precisamente

porque ela se coloca outro objetivo como anterior a esse!

Qual objetivo? Basta que você leia meia dúzia das

páginas de “Estudos sobre Histeria”, livro que Freud

escreveu com Joseph Breuer, para que você logo se dê

conta. Você verá naquelas páginas, Freud interessado

não tanto em fazer sumir o sintoma das histéricas, mas

sim em extrair delas um saber sobre aqueles sintomas,

em descobrir-lhes as causas! Ou seja, meus caros: a

psicanálise consegue ajudar os doentes a terem sua

saúde restabelecida ao ter como finalidade inicial não a

eliminação de seus sintomas, isto é, as amarras, mas

sim a reconstrução de sua história, a descoberta de seu

desejo e, assim, gradualmente os sintomas deixam de ter

serventia e o doente consegue abdicar da prisão da qual

tanto gostava – sem o saber. Matam-se dois coelhos com

uma única pedrada.

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***

Pois bem, chegamos ao final desta série. Não estou certo

de que consegui responder com clareza à pergunta que

alguns familiares me fizeram e que me motivaram a

escrever os posts, lembram? Só sei que ainda resta uma

infinidade de aspectos da prática do psicanalista que

não foram abordados aqui, de sorte que para muitos

será talvez um pouco frustrante saber que não haverá

uma “parte 6”. A esses peço que, por favor, se

manifestem via comentários. Quem sabe a continuação,

juntamente com as partes já publicadas, saia em forma

de livro? ; ) Conto com o feedback de vocês!

Postado em O que um psicanalista faz, Psicanálise • Marcado blog

de psicanálise, blog psicanálise, clínica, conatus, desejo, doença,

final de análise, freud, gozo, lacan, liberdade, melanie klein, o que é

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winnicott • 18 Comentários

O que umpsicanalista faz?(parte 4)Publicado em 24/01/2011

Muitas

pessoas

costumam se

perguntar:

“Mas, afinal

de contas, por

q u e e u

deveria

desembolsar

boa parte do

meu salário

em anos de terapia se eu tenho meus familiares e

amigos com quem posso fazer o mesmo que faria com

um terapeuta, isto é, conversar, sem precisar pagar

nada?”.

Um dos meus objetivos com esta série de textos é

demonstrar em que consiste essa “conversa” que o

paciente tem com seu terapeuta e no que ela difere de

um desabafo para um amigo ou um bate-papo com

algum familiar. Nós já vimos algumas dessas

especificidades. Vimos que o analista, diferentemente do

seu amigo ou do seu cônjuge, não busca te compreender

ou se por no seu lugar. Pelo contrário, para o analista

você sempre será um enigma, um ponto de interrogação

insuperável. E a intenção é boa, meu caro: é para que

você também comece a se tornar um enigma para si

mesmo.

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Vimos também que o analista não vai compartilhar com

você as suas delegações de responsabilidade. Um amigo

preocupado em não te magoar até faria isso, mas o

analista não. O analista quer saber o que te faz ficar

nessa plácida posição de passividade, mesmo que você

saia da sessão xingando até a última geração dele.

Pois bem, espero que com isso os leitores que

porventura costumam fazer aquele questionamento

inicial, já consigam discernir que uma análise não tem

nada a ver com uma conversa normal, a não ser pelo

fato de que são duas pessoas falando. E nem isso, pois

amiúde apenas um fala – o que não significa que seja

necessariamente o paciente…

Hoje veremos mais uma particularidade do tratamento

psicanalítico. Por enquanto temos visto os objetivos e

efeitos dessa “conversa” entre analisando e terapeuta.

Neste post veremos do que se constitui essa conversa,

como ela funciona, o que equivale a fazer uma das

perguntas do final do post anterior:

Como é que o paciente “descobre” coisas sobre si em

análise?

Tenho certeza de que todos vocês que estão lendo essas

linhas, sabem muito bem como funciona uma conversa

normal, certo? Se não, vou relembrá-los. Funciona mais

ou menos assim: primeiro a gente pensa, depois a gente

fala. Depois é a vez de o outro falar e, enquanto o outro

fala, a gente não perde tempo: pensa no que vai falar em

seguida. Com o outro acontece a mesma coisa. Logo, o

que se tem geralmente são dois monólogos: todo mundo

fala, mas ninguém ouve (de fato) ninguém. Se você acha

isso absurdo, comece a prestar atenção nas conversas

que você costuma ter com as pessoas e depois poste um

comentário aqui – mas seja sincero…

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Pois bem, o que em geral desorganiza essa dinâmica de

“pensa, fala, não ouve” é quando um dos “interlocutores”

não pensa para falar. E aí o que acontece? Ele fala

besteira. E se ele fala besteira o que acontece? Isso

mesmo que você pensou: o outro finalmente presta

atenção ao que ele disse. Por conseguinte, os poucos

momentos de verdadeiro diálogo numa conversa

acontecem quando os interlocutores dizem bobagens!

Ora, não é exatamente isso o que ocorre o tempo todo

numa análise? Não se espantem. Essa é uma

decorrência direta daquilo que no início do tratamento

solicitamos ao paciente que faça, isto é, que ele,

diferentemente de quando está numa conversa normal,

não pense antes de falar, que fale o que vier a sua

cabeça. É o que Freud chamou de “intrusão livre” e que

na tradução portuguesa virou “associação livre”. A idéia

original da palavra alemã é intrusão mesmo: não há

qualquer processo associativo. O que a gente pede para o

paciente é que ele deixe introduzirem-se na sua mente

todas as representações que baterem à porta. E, como eu

disse acima, quando a gente não pensa pra falar a gente

fala bobagem…

A grande sacada de Freud foi ter percebido que são

justamente essas bobagens que a gente fala que

expressam a nossa verdade, o nosso desejo. É muito

comum o paciente falar alguma coisa e logo em seguida

se arrepender dizendo: “Mas não foi isso o que eu quis

dizer”. Uma tarefa essencial do analista é justamente

não permitir que o paciente cometa esse retrocesso de

não se reconhecer naquilo que disse. A gente aprende

com a psicanálise que nunca falamos aquilo que não

queríamos dizer. Quando acontecem ocasiões assim, o

analista busca fazer com que o analisando pense sobre o

que efetivamente disse. E é precisamente nesse processo

de elaboração, de trabalho mesmo, que outras

representações lhe advirão e ele encontrará uma trilha

para descobrir uma porção de coisas que estavam

engavetadas em sua alma.

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É por isso que a expressão “associação livre” é ruim,

pois ela passa a idéia de que o analista tem que deixar o

paciente falar o tempo todo, ao léu, durante 50 minutos.

Como eu já disse em outra ocasião, a função do analista

é a de fazer a análise acontecer, mesmo que para isso

tenha que encerrar a sessão com apenas 5 minutos, pois

uma das maneiras de fazer com que o paciente trabalhe

sobre aquilo que disse e do qual se arrependeu, é

encerrar a sessão, impedindo o retrocesso. Foi isso o que

Lacan chamou de trabalhar com uma temporalidade

lógica e não cronológica.

Portanto, uma das coisas que torna a psicanálise um

método capaz de levar as pessoas a saberem um pouco

mais de si e “sacarem” muitas coisas a respeito do

próprio comportamento é o fato de que frente ao

analista nossas bobagens e besteiras são o que de

melhor podemos oferecer. E o analista, por seu turno,

não permite que a gente escape de assumir a

responsabilidade por essas besteiras e bobagens. Pelo

contrário, as transforma em arautos do desejo…

CONTINUA…

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associação livre, como trabalha um psicanalista, conversa, culpa,

desejo, diálogo, escuta, fala, freud, gozo, interpretação, lacan, lucas

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terapeuta, terapia, winnicott • 18 Comentários

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O que umpsicanalista faz?(parte 3)Publicado em 18/01/2011

No

primeiro post desta série dissemos que via de regra o

paciente inicia um processo terapêutico atribuindo a

responsabilidade por sua atual condição de sofrimento

a outras pessoas, geralmente familiares e pessoas de seu

círculo mais próximo de contatos. Talvez os únicos

pacientes que não se comportam dessa maneira sejam

os deprimidos, os quais padecem exatamente do oposto,

isto é, de um excesso de culpa. Nesses casos, a primeira

atitude do analista deve ser a atenuação do sentimento

de culpa através da investigação de suas raízes, as quais

estão quase sempre vinculadas à ferocidade da

instância superegóica. Do contrário, se o analista não se

preocupar em ajudar o paciente a se livrar da carga

excessiva de culpa que carrega nas costas, a

continuidade do tratamento se torna praticamente

inviável, transformando-se numa ladainha de lamúrias

e lágrimas sem qualquer possibilidade de elaboração ou

redundando no pior, a saber: o suicídio.

Pois bem, agora que já sabemos que os casos de

depressão são os únicos em que a tendência a atribuir a

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culpa a outrem não incide na entrada do paciente em

análise, passaremos ao objetivo principal deste post que

é tentar dizer qual a tarefa do analista nos outros casos,

isto é, na maioria, em face dessa tendência do paciente

de se eximir da responsabilidade por seu sofrimento.

Essa tarefa, por sinal, é a primeira etapa de um

tratamento analítico. Façamos, pois a pergunta:

Qual é a primeira etapa de um tratamento

psicanalítico?

Inicialmente, devo fazer um aviso: quando digo que em

geral os pacientes se eximem da responsabilidade por

seu sofrimento ao entrarem em análise, não estou

fazendo nenhum tipo de juízo de valor sobre tal

comportamento. Não estou dizendo, portanto, que o

correto seria o paciente agir de maneira diferente. Nós

agimos assim o tempo todo, inclusive num nível social,

basta ver a nossa relação com os alagamentos urbanos:

sempre os responsáveis por tais coisas são as outras

pessoas que jogam lixo nas ruas ou o governo que não

cria estratégias de prevenção; nós mesmos não temos

nada a ver com a coisa…

Então, quando a gente entra em análise, fazemos o

mesmo, só que com os nossos sintomas, ou seja, com

aquilo do qual a gente se queixa, que não gostaríamos de

fazer, mas fazemos. Sempre achamos um culpado para

eles: “Sou assim porque minha (meu) mãe (pai)…” é

talvez uma das frases que mais se ouve num divã. Mas o

culpado não precisa ser feito de carne e osso! Pode ser o

despertador que, por um defeito qualquer, não tocou e

fez o cara perder uma excelente entrevista de emprego.

Vejam: não foi ele que dormiu a mais, foi o despertador

que não tocou… Esses são apenas alguns de incontáveis

exemplos.

Com efeito, quando se entra em analise é hora de mudar

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essa posição de passividade. E como isso acontece?

Através de um processo que os analistas lacanianos

chamam pomposamente de “retificação subjetiva” e que

não acontece só no início, mas ao longo de todo o

tratamento. O que significa isso? A retificação subjetiva

corresponde a intervenções, isto é, falas, interpretações,

encerramento da sessão, silêncio, cujo objetivo é mostrar

ao paciente que aquilo do qual ele se queixa também lhe

é útil. Nesse ponto, o leitor pode perguntar: “Mas, peraí,

como pode ser útil se o faz sofrer?”. E eu respondo: útil

na medida em que “resolve” determinados conflitos

inconscientes, ou seja, como realização de intenções que

até então o paciente ignorava que possuía. Ora, não é

paradoxal que justamente aquilo que o faz sofrer tanto

seja justamente o que o paciente não consegue deixar de

fazer? Por que isso acontece? Justamente por que aquilo

que conscientemente o faz sofrer, no nível inconsciente o

satisfaz, resolvendo determinadas questões que se

deixadas em aberto o fariam sofrer muito mais. O

doente é, portanto, levado a um estado em que não é

possível mais infligir culpa a ninguém por sua

condição, reconhecendo que é ativo em seu próprio

sofrimento.

Darei um exemplo para que a idéia fique mais clara: um

rapaz se queixa de que não consegue namorar com

nenhuma garota por mais de 6 meses. Ele chega à

análise culpando às garotas com quem namorou: foram

elas que sempre terminaram com ele antes dos 6 meses

e diante disso demanda do analista uma resposta: o que

há errado consigo? Por que as garotas sempre terminam

com ele? (Como vocês já sabem, o que há por trás dessa

demanda é um outro pedido que se enuncia mais ou

menos assim: “Me diga que não é nada, que não sou eu o

problema, que são elas mesmo!”) Após determinado

período, o paciente gradualmente vai percebendo que na

verdade é ele próprio que gera condições para que as

garotas tenham como única alternativa a saída do

relacionamento. E por que gera tais condições? Essa é

outra questão… e que também demandará tempo para

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ser respondida. Mas o que precisa ficar claro é que a

análise operou uma transformação na posição subjetiva

do rapaz: se antes ele era o abandonado, aquele que

nenhuma moça queria por mais de 6 meses, agora ele

passa a se perceber como aquele que, pelo seu próprio

desejo, não quer uma relação de mais de 6 meses!

Mas como é que acontece esse processo de

reconhecimento de conflitos que o sintoma resolve?

Como é que o paciente “saca” que por detrás do seu

sofrimento subsiste um desejo? São essas as perguntas

que tentaremos responder no próximo post…

CONTINUA…

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analista, análise, associação livre, culpa, depressão, desejo,

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retificação subjetiva, sofrimento, superego, terapia, winnicott • 18

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O que umpsicanalista faz?(parte 2)Publicado em 10/01/2011

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21/04/13 O que um psicanalista faz | Lucas Nápoli

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Escrever este

texto tem me

feito sentir

uma sensação

d e e s t a r

“entregando o

ouro para o

bandido” no

sentido d e

estar expondo de maneira acessível a qualquer pessoa o

que numa psicanálise se encontra trancado a sete

chaves na cabeça do analista. Não estou sozinho nessa

inquietação: Freud também a sentiu ao escrever seus

célebres artigos sobre técnica. E, como o mestre,

prosseguirei nessa difícil tarefa de explicar o que faz

um psicanalista, certo de que, em se tratando da

psicanálise, saber as regras do jogo tanto quanto ignorá-

las não exerce diferença significativa no andamento da

terapia.

Antes, porém, de dar seqüência a este escrito, gostaria de

deixar claro aos leitores que as considerações que aqui

faço são derivadas da minha prática clínica de

psicanalista cotejada com uma trajetória de

aprendizado teórico que também é pessoal. Nesse

sentido, à questão “O que um psicanalista faz?” subjaz

outr a : “O que Lucas Nápoli faz ao atuar como

psicanalista?”. Evidentemente, eu não compartilharia

aqui o modo como exerço a psicanálise se não tivesse a

esperança de que a minha prática possa ser semelhante

à de muitos outros analistas e nesse sentido servir de

parâmetro para que o leitor leigo possa imaginar como

os psicanalistas em geral atuam. No entanto, é preciso

que os que se debruçam sobre essas linhas tenham

sempre em mente que se trata de um relato pessoal e

não um discurso institucional sobre o que um

psicanalista deve ou não fazer.

Feita tal ressalva, retornemos ao que de fato nos

interessa. No último post tentamos responder à

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pergunta relativa a quem procura o auxílio da

psicanálise ou das psicoterapias de maneira geral.

Concluímos que se trata de alguém que sofre, que

geralmente atribui a outras pessoas a causa de seu

sofrimento e que demanda do analista ou do terapeuta

compreensão. Hoje veremos o que o analista faz frente a

tal cenário. Portanto, prossigamos com nossas questões.

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O que o psicanalista faz frente à demanda do paciente

de ser compreendido?

Sejamos sintéticos: o analista não atende a tal demanda.

Mas, para que os leitores mais afoitos não tirem

conclusões precipitadas, é bom deixar claro: dizer que o

analista rejeita a demanda por compreensão não

significa dizer que ele seja alguém frio e insensível, que

não se importa com o paciente. Não é nada disso. Não

ser compreendido é justamente o que o doente necessita,

ou seja, a postura “incompreensiva” do analista não é

veneno, mas sim remédio. Explico: é que a pessoa,

quando resolve buscar a ajuda da psicanálise, já se

compreendeu muito, já conseguiu estabelecer nexos

causais para seu sofrimento e seu desejo mais imediato

é apenas ter alguém que lhe diga: “Você está certa, eu te

entendo, deve estar sendo muito difícil pra você

enfrentar tudo isso.”. Metaforicamente, é como alguém

que está numa poça de lama há muito tempo, de modo

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que já se acostumou com a sujeira, e agora seu desejo já

não é mais o de sair da lama mas sim de arranjar um

cúmplice que tope viver na lama consigo. Se o analista

atendesse a demanda de compreensão ele estaria

encarnando esse companheiro.

Mas a função do psicanalista é outra: é justamente a de

colocar em questão a vida na lama, dizendo: “Eu

realmente não entendo porque você está há tanto tempo

nessa poça”. É justamente ao ser confrontado com essa

incompreensão que o paciente terá que se esforçar para

fazer-se entender e tentar produzir um saber sobre

aquilo que até então era óbvio. É por isso que

dificilmente um paciente ouvirá do analista uma

resposta afirmativa a questões do tipo: “Ah, você sabe,

né?”. Pelo contrário. Ao dizer “Não, eu não faço idéia” ou

a perguntar: “Como assim?” a idéia é ajudar o paciente a

chegar a um ponto tal que ele será capaz de discernir

quão frágeis e tolas são as bases de sustentação do que

até então lhe parecia tão sólido como justificativa de seu

sofrimento, ou seja, o ponto em que ele perceberá que o

saber que produziu é manco, constitucionalmente

incompleto. Chegar a esse ponto costuma demorar anos

de trabalho duro por parte do doente, justamente porque

abdicar do peso das palavras ao mesmo tempo em que é

libertador, é também desnorteante no sentido mais forte

dessa palavra, isto é, o qualificativo de algo que provoca

uma falta de direção, de norte.

A palavra compreensão comporta muitos sentidos, não

apenas o de entendimento que está na base da demanda

do paciente. Compreensão também pode ser pensada

como sinônimo de acolhimento e é nesse e apenas nesse

sentido que se poderia dizer que o psicanalista exerce

compreensão. Todavia, levando em conta a confusão de

significados, preferimos falar em acolhimento mesmo.

O analista acolhe. Acolhe a queixa, acolhe o sofrimento,

acolhe o paciente. E acolher não significa pegar no colo,

como muitos pensam. Acolher significa aceitar a

demanda de ajuda como legítima, o sofrimento como

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real e se colocar à disposição para que o paciente efetue

o seu trabalho de análise. Sim, porque quem de fato

trabalha no sentido estrito da palavra é o paciente. A

nossa função é muito mais modesta; é de estar ali como

uma presença que o incita a continuar, como um objeto

que deve ser usado para que o trabalho seja concluído. O

único desejo que nós, analistas, nos permitimos ter na

análise, é o desejo de que a análise prossiga…

CONTINUA…

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O que umpsicanalista faz?(parte 1)Publicado em 02/01/2011

Este texto, produto

de uma reflexão, é

também fruto de

uma conversa que

tive recentemente

com familiares os

quais, é preciso que

se diga, são pessoas

não apenas leigas

em relação à

ciência psicológica,

mas completamente

alheias ao universo

psi, de sorte que o

momento em que temas ligados à Psicologia se tornam

assunto de nosso bate-papo, este se torna uma ocasião

bastante auspiciosa para o incitamento de reflexões

sobre aspectos fundamentais de minha prática como

psicanalista e psicoterapeuta, aspectos que se não

tivessem sido postos em questão em tais encontros,

permaneceriam como dogmas, isto é, irrefletidos e

tomados como óbvios.

A pergunta que os familiares em que estão me

colocaram toca na mais basal das questões relativas ao

fazer psicanalítico e psicoterapêutico e fora enunciada

mais ou menos assim: “Se uma moça vai até você e se

queixa de depressão, o que você faz? Nós sabemos que se

trata de uma conversa, mas o que você faz de fato?”. O

exemplo da jovem deprimida serviu-lhes apenas como

ilustração. O que meus interlocutores efetivamente

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queriam saber era o que eu fazia ao fazer psicanálise e

psicoterapia. Minha resposta naquele momento, posto

que eu não esperasse uma indagação como ela, não foi

das melhores. Em síntese, eu repliquei que minha

função era ajudar o paciente a identificar as razões de

seu sofrimento, supondo que a ignorância das causas

seja um dos fatores que causam e mantêm sua aflição.

Obviamente, como os leitores psicólogos, psicanalistas e

psiquiatras sabem, não é essa a função primordial de

um processo terapêutico. Levar o paciente a enxergar o

que antes não era capaz talvez seja uma tarefa

importantíssima da terapia, mas não a única.

Julgando, portanto, insatisfatória minha resposta e na

intenção de sistematizar num discurso o que penso

sobre a prática da psicanálise e da psicoterapia, escrevo

este artigo, esperando que os colegas que porventura o

leiam possam emitir suas próprias opiniões e

manifestar sua concordância ou discordância com

relação a meus posicionamentos, de modo a ensejar

uma discussão conjunta sobre nossa prática. Como a

influência maior para este escrito foi uma indagação, é

na forma de perguntas que vou formatá-lo, pois penso

ser este o melhor método de exposição neste caso. Para

pensarmos sobre o que nós, como terapeutas fazemos no

consultório, primeiramente é necessários nos

perguntarmos:

Quem busca psicoterapia ou psicanálise?

Quem está sofrendo. Como regra, é esse o perfil das

pessoas que nos ligam querendo marcar uma consulta.

Atualmente, alguns indivíduos de poder aquisitivo mais

elevado têm recorrido à psicanálise ou outro tipo de

tratamento não porque estejam sofrendo, mas porque

querem ser mais felizes, isto é, não querem deixar de ter

desprazer, mas sim de terem prazer a mais, o que é

uma demanda perfeitamente legítima. No entanto, essa

parcela de pessoas não representa nem 1% de nossa

clientela. A maior parte das pessoas chega ao

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consultório queixando-se de dores da alma, que limitam

sua capacidade de usufruir de uma vida que desejam

viver. É o rapaz que tem as mãos esfoladas e está

sempre atrasado porque não consegue deixar de lavá-

las 50 vezes após usar o banheiro; é a adolescente que

não consegue ter sucesso em nenhum de seus

relacionamentos amorosos; é a senhora que sofre

desmaios toda vez que entra numa fila; é o executivo de

meia-idade casado que não gostaria de sentir desejo

sexual por seu estagiário. Esses são exemplos de coisas

que levam as pessoas a buscar a ajuda de um

psicoterapeuta ou um psicanalista. O pedido que nos

chega, portanto, pode ser expresso grosso modo da

seguinte forma: “Eu sou assim, mas não gosto de ser

assim, pois acho que eu seria mais feliz sendo diferente,

mas não consigo ser diferente. Portanto, espero que o

senhor me ajude a ser diferente.”. Na maior parte dos

casos, há sempre algumas pessoas às quais o indivíduo

que nos procura atribui a culpa pelo seu estado atual

infeliz: é o pai que nunca lhe deu muita atenção; o

marido, grosseiro e irascível; a mãe que prefere a irmã a

ela, enfim, a lista varia, mas há sempre um culpado por

suas mazelas. Evidentemente, não é preciso ser Freud

para saber que essa atribuição de culpa é apenas uma

estratégia empregada pelo doente para se livrar da

responsabilidade por suas queixas, mas o detalhe é que,

na maioria dos casos, o paciente não possui tal

consciência. Logo, quando alguém nos procura, além de

sofrer, sentir-se limitado e querer ser diferente, essa

pessoa espera que nós legitimemos o seu sofrimento,

compartilhando com ela da crença de que fulano de tal é

o responsável por ela estar como está. Ou seja, o doente

espera não só que nós o tornemos diferente do que é,

mas que nós o compreendamos no sentido de que nós

reconheçamos que seu sofrimento é razoável e

justificado.

Portanto, diante desse cenário, o que deve fazer o

psicanalista? É a próxima pergunta que tentaremos

responder no próximo post.

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