O que é um sítio...

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O que é um sítio arqueológico? É um lugar onde se encon- tram vestígios da vida e da cultura material dos povos, das comunidades, socieda- des e civilizações do passa- do. Estes vestígios podem estar sobre a superfície do solo um povoamento abandona- do, num abrigo rochoso, uma muralha tipo dzimbabwe ou lugar fortificado, as ruínas de um santuário ou lugar sagrado, ou en- terrados uns fornos de fundição de ferro, por exemplo, locais à beira do mar onde se acumularam conchas (ver concheiros, Chibuene), ossos, restos de alimentos e utensílios utilizados por grupos huma- nos que ali viveram. Qualquer pessoa pode encontrar, por acaso, vestígios de um sítio arqueológico. Para compreender o que ele contém de informações sobre a vida humana naquele lugar é preciso algumas pistas, e para isso é necessária a ajuda de um arqueólogo. Se tentarmos escavar ou explorar um sítio arqueológico sem o conhecimento dos métodos apropriados para essa tarefa, podemos destruir as informações que ele contém. Os sítios arqueológicos são protegidos por lei a Lei 10/88 22 Dezembro, destruí-los é incorrer em um crime contra o Património Nacional. O que faz um arqueólogo? Para um arqueólogo, um montinho de lascas de pedra pode trazer um sem número de informações que para uma pessoa comum pode não ter o menor significado.

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O que é um sítio arqueológico?

É um lugar onde se encon-tram vestígios da vida e da cultura material dos povos, das comunidades, socieda-des e civilizações do passa-do.

Estes vestígios podem estar sobre a superfície do solo um povoamento abandona-do, num abrigo rochoso, uma muralha tipo dzimbabwe ou

lugar fortificado, as ruínas de um santuário ou lugar sagrado, ou en-terrados uns fornos de fundição de ferro, por exemplo, locais à beira do mar onde se acumularam conchas (ver concheiros, Chibuene), ossos, restos de alimentos e utensílios utilizados por grupos huma-nos que ali viveram.

Qualquer pessoa pode encontrar, por acaso, vestígios de um sítio arqueológico. Para compreender o que ele contém de informações sobre a vida humana naquele lugar é preciso algumas pistas, e para isso é necessária a ajuda de um arqueólogo. Se tentarmos escavar ou explorar um sítio arqueológico sem o conhecimento dos métodos apropriados para essa tarefa, podemos destruir as informações que ele contém. Os sítios arqueológicos são protegidos por lei – a Lei 10/88 22 Dezembro, destruí-los é incorrer em um crime contra o Património Nacional.

O que faz um arqueólogo?

Para um arqueólogo, um montinho de lascas de pedra pode trazer um sem número de informações que para uma pessoa comum pode não ter o menor significado.

O trabalho da Educação Patrimonial é parecido com o dos ar-queólogos: aprender a ler as evidências do passado no presente, para delas tirar conclusões e conhecimentos.

Para encontrar as informações que procura, o arqueólogo remove cuidadosamente, às vezes com um pincel, as camadas de terra ou entulho que cobrem os artefactos e vestígios da ocupação humana, encontrados em um sítio arqueológico.

Às vezes, ele encontra camadas superpostas de vestígios diferen-tes, que correspondem a diferentes períodos de ocupação. Os perí-odos mais antigos encontram-se nas camadas mais profundas. Esta superposição de camadas no solo, como se fosse um bolo, e o seu estudo, é o que se chama, em Arqueologia, a estratigrafia do sítio.

ESTRATIGRAFIA

Estratigrafia permite identificar as datas sucessivas de ocupação, umas em relação a outras, levando à des-coberta de como viviam essas populações, o que co-miam, o que fabricavam, os instrumentos de que dis-punham, e a evolução das tecnologias ao longo do

tempo. Por isto é tão importante preservar e proteger os sítios ar-queológicos da destruição eles são fontes preciosas para o conhe-cimento de nossa história, de nossa pré-história, de nossos ante-passados e de nossa trajectória cultural.

Afinal, o que é a Arqueologia?

É a ciência que nos permite conhecer o passado do homem, antes dos registos his-tóricos. A palavra vem do grego Archaios, que significa antigo, e o sufixo logia, que significa o estudo de alguma coisa.

Um arqueólogo é como um detective:

ele estuda os vestígios e pistas que indicam como vivia o homem no passado. Para isso ele empre-ga métodos e instrumentos espe-cíficos. Existem diferentes tipos de trabalho arqueológico.

Os mais praticados em Moçambique são:

a arqueologia pré-histórica, que se refere ao longo período antes de 1000 n.e (AD), quando os árabes e a cerca de 1500 europeus chegaram aqui;

a arqueologia histórica, que estuda o passado do homem que aqui viveu a partir dessa data, com a

ajuda de documentos escritos e de relatos orais.

O que é a Pré-História?

A pré-história corresponde ao período da história que antecede a

invenção da escrita, evento que marca o começo dos tempos histó-

ricos registrados, e que ocorreu aproximadamente em 3500 a.C.1 É

estudada pela antropologia, arqueologia e paleontologia.

Também pode ser contextualizada para um determinado povo ou

nação como o período da história desse povo ou nação sobre o

qual não há documentos escritos. Assim, no Egito, a pré-história

terminou aproximadamente em 3500 a.C., embora algumas culturas

da Idade da Pedra tenham coexistido com as civilizações após essa

data e algumas tribos ágrafas ainda existam em locais remotos.2

A transição para a "história propriamente dita" se dá por um período

chamado proto-história, que é descrito em documentos ligeiramente

posteriores ou em documentos externos. O termo pré-história mos-

tra, portanto, a importância da escrita para a civilização ocidental.

Uma vez que não há documentos deste momento da evolução hu-

mana, seu estudo depende do trabalho

de arqueólogos, antropólogos, paleontologia e genética ou de ou-

tras áreas científicas, que analisam restos humanos, sinais de suas

presenças e utensílios preservados para tentar traçar, pelo menos

parcialmente, sua cultura e costumes.

A história moçambicana só começou a ser escrita com a chegada dos árabes e por-tugueses, entre 1000 e 1500 respectivamente..

A História é o estudo do pas-sado baseado em registos es-critos ou em histórias contadas por alguém, o que chamamos de história oral. Em Moçambi-que, os antigos habitantes, não usavam a escrita, mas sua his-tória foi passada de geração a geração por meio da história oral. Sabemos que há vestígios da presença humana em Mo-çambique que datam de 30 mil anos, aproximadamente.

Mas, naqueles tempos, a escri-ta ainda não havia sido inven-tada. O longo período de tem-po que antecede a História, pe-ríodo em que não se tem regis-tos escritos ou orais, é chama-

do Pré-História. Mas se não há registos escritos, ou orais, dos tem-pos pré-históricos, como podemos estudá-los?

AS PISTAS DO PASSADO, NO PRESENTE

As principais evidências que os arqueólogos podem encontrar em um sítio arqueológico, como pistas para desvendar o misté-rio da vida dos povos que nos antecederam, enterradas ou so-bre a superfície do solo, são:

Artefactos: qualquer objecto feito pelo homem, como instru-mentos de trabalho, de caça ou de pesca, de música ou ritual, brinquedos, vasilhas, peças de indumentária, etc;

Estruturas: as construções de todos os tipos, para atender às suas necessidades e modos de vida, tais como casas, abri-gos, depósitos de alimentos e grãos, amuralhados, dzimba-bwes, lugares sagrados, cemitérios, fortificações, etc.;

Ecofactos: ou as coisas da natureza usadas pelo homem de acordo com suas necessidades, como por exemplo restos de

alimentos, ossos e conchas, sementes, carvão, fibras, pedras, etc.

O CONTEXTO

O local onde essas pistas são encontradas é importante para que se possa compreender ou deduzir como eram usadas isto se chama o contexto dos artefactos, ecofatos, ou estruturas. Algumas coi-sas juntas, em um mesmo contexto, podem ser associadas pelo ar-queólogo, para descobrir, como um detective, informações sobre o que aconteceu naquele lugar, naquele momento da história.

Por isso não devemos mexer ou tirar as coisas do lugar, ao visitar um sítio arqueológico. Para explorar um sítio histórico ou pré-histórico, em uma actividade de Educação Patrimonial, recorra sempre à ajuda de um arqueólogo, por intermédio dos escritórios e coordenações provinciais do Ministério da Cultura em seu estado ou município, ou a uma universidade local.

SÍTIO ARQUEOLÓGICO

Arqueólogo e escavação

Os procedimentos no sítio arqueológico possibi-litam a conservação e análise dos achados. A es-cavação arqueológica constitui-se da aplicação de métodos e técnicas, a observação aguçada é ex-tremamente necessária, só assim o pesquisador compreenderá o achado.

A escavação e os procedimentos in situ "Escavar um sítio arqueoló-gico é como comer um delicioso bolo que contém as sucessivas camadas de nossa História". Talvez seja esta a melhor forma de ilustrar um sítio arqueológico.

O solo é composto de diversas camadas, como se fosse um grande bolo. Em uma escavação arqueológica, cada uma destas camadas contém um recheio, um recheio misterioso e fascinante. O arqueó-logo é o único profissional qualificado para escavar e analisar um sítio arqueológico. Para se escolher o melhor lugar onde realizar a escavação, deve-se analisar as condições do solo, ele deve estar mais conservado possível, para que possa ser adequadamente es-

tudado. Ao falarmos de um solo "conservado", queremos dizer que o mesmo precisa se encontrar acomodado, não ter sido "revirado".

DATAÇÃO DOS ARTEFACTOS

Geralmente data-se um artefacto levando em consideração sua lo-calização nas camadas da escavação, isso quer dizer que achados

que se encontram na superfície do buraco são mais recentes, já os objetos que estão em cama-das mais profundas são mais antigos. Mas o ar-queólogo leva em conta também as possíveis agressões que o terreno sofreu durante as suces-sivas ocupações do local. Habitantes da região podem ter feito suas próprias "escavações", cons-truindo aterros para colocar seu lixo, tumbas para seus mortos... Animais como tatus, formigas, cu-

pins, são escavadores natos e também causam transtornos aos es-pecialistas em arqueologia.

No sítio arqueológico geralmente é montado um mini-laboratório, para que se possa fazer as primeiras observações e catalogações dos achados. Por fim os cientistas deixam uma porção do sítio in-tacta, a mesma é chamada de área testemunho. Estará permitindo uma retomada das pesquisas no futuro, a partir de novas aborda-gens e talvez dispondo de novas tecnologias. O arqueólogo é um estudioso voltado à preservação da herança cultural humana.

A Imagem que se encontra no topo da página ilustra três partes

importantes da escavação arqueológica:

1 ) Identificação do sítio através de vestígios superficiais,

2 ) Início da escavação,

3 ) Achado arqueológico (no caso um sepultamento).

A profissão de arqueólogo

Onde trabalham os arqueólogos? Que funções eles executam? A seguir estão descritas as respostas para estas questões.

O profissional da área de arqueologia pode trabalhar em:

Pesquisa, realizando estudos para institutos de pesquisa, mu-seus e universidades para identificar traços da cultura e dos costumes de antigas civilizações

Universidades, leccionando em cursos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) e orientando teses dos alunos

Em preservação e recuperação do património histórico — prédios ou regiões tombadas como património histórico e cul-tural da União

Prestação de serviços em assessoria e consultoria para em-presas — na área de engenharia, para colecta de objectos ar-queológicos em áreas onde Poderão ser realizadas grandes obras, como estradas e hidreléctricas

Em empresas ligadas à preservação do património histórico.

Fonte: www.arqueologyc.hpg.ig.com.br