O rádio e os novos meios de comunicação com os ouvintes na...
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Belo Horizonte – Julho 2017
Centro Universitário Uni-BH
O rádio e os novos meios de comunicação com os ouvintes na era
digital1
Autora: Priscila Mendes2
RESUMO:
A escolha do tema se deu para analisar as mudanças e adequações que o rádio vem
passando com a chegada da era digital. E hoje com a era digital, o rádio vem se
reinventado na forma de se fazer rádio e assim acontece também com a forma de
comunicação com os ouvintes como na década de 30 era por meio de cartas,
telefonemas e hoje através de emails e redes sociais.
PALAVRAS CHAVE:
Rádio; Ouvintes; Interatividade; Comunicação; Digital.
SUMMARY:
The choice of theme was to analyze the changes and adaptations that the radio has been
passing with the arrival of the digital era. And today with the digital age, radio has
reinvented itself in the form of making radio and so it also happens with the form of
communication with the listeners as in the decade of the 30 was through letters, phone
calls and today through emails and social networks.
KEY WORDS:
Radio; Listeners; Interactivity; Communication; Digital.
1 Artigo Cientifico apresentado ao curso de Pós Graduação Lato Senso Marketing Digital e Mídias Sociais
do Centro Universitário Uni-BH, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista. 2 Graduada em jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte e especialista em mídia
eletrônica: radio, tv e web pelo Centro Universitário Uni-BH- [email protected]
Introdução
O rádio nasceu no Brasil em 1922 e foi expandido em abril de 1923, por Roquette Pinto
quando começa a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Desde então o rádio
vem passando por várias mudanças tecnológicas como: a chegada da TV no Brasil, as
mudanças nas redações do impresso, a chegada da internet no Brasil e assim por diante
enfrentando e se adequando as novas tecnologias. Para Ortriwano, o rádio é o veículo
mais popular “Entre os meios de comunicação de massa, o rádio é sem duvida o mais
popular e o de maior alcance publico, não só no Brasil como também em todo o
mundo.” (ORTRIWANO, 1985, p.27)
Hoje com o a era digital, o rádio vem se reinventado na forma de se fazer rádio e assim
acontece também na forma de comunicação com os ouvintes como na década de 30 era
feita por meio de cartas, telefonemas e hoje através de emails e redes sociais.
“Nos anos 90, recursos tecnológicos pontuam a evolução do rádio. A
década que se iniciou com a sedimentação das transmissões em rede
via satélite e chegou à metade apresentando novo formato para o
veículo com o lançamento de sites radiofônicos na internet deve ser
encerrado com o rádio da era digital.” (DEL BIANCO, 1999, P.220)
Este artigo poderá gerar contribuições sobre as formas de interação com os ouvintes na
era digital que podem ser bem aproveitadas ao veículo do rádio, as mudanças e
adequações que o setor de radiodifusão vem passando no Brasil. Primeiro, ao refletir
sobre o tema do rádio na era digital, e segundo, por analisar as novas tecnologias como
ressalta Meditsch em seu livro.
“Minha aposta é que o rádio assim definido um meio de comunicação
que transmite informação sonora, invisível, em tempo real vai
continuar existindo na era da internet e ate depois dela e vai ser
aperfeiçoando pelas novas tecnologias que estão por ai e ainda por vir
sem deixar de ser o que é.” (MEDITSCH, 1999, p.4)
O artigo se encontra dividido em três partes: A história do rádio no Brasil, como nos
conta Ortriwano (1985), a segunda sobre a era digital no Brasil com Moura (2002) e a
terceira e ultima parte vem analisar os novos meios de comunicação com os ouvintes na
era digital, e verificar como o rádio vem se adequando as novas tecnologias tendo como
analise de estudo de caso artigos de pesquisadores como Meditsch (1999), Del Bianco
(2004) e Lopez (2014 e 2015).
O referente artigo traz as seguintes problematizações a serem analisadas dentre elas:
verificar como o ouvinte interage com o rádio através dos novos meios tecnológicos e
como o rádio vem se adequando as novas tecnologias? A técnica de pesquisa a analisar
será a documental e exploratória.
A História do Rádio No Brasil
Oficialmente o rádio foi inaugurado no Brasil no dia 7 de setembro de 1922 nas
comemorações do centenário da Independência, quando através de 80 receptores
importados algumas pessoas da sociedade carioca puderam ouvir em casa o discurso do
Presidente Epitácio Pessoa. O transmissor foi instalado no alto do Corcovado na Praia
Vermelha e durante alguns dias, após a inauguração foram transmitidas óperas
diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de acordo com Ortriwano (1985).
A data considerada como oficial da instalação da radiodifusão no Brasil foi em 20 de
abril de 1923, quando começa a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro fundada
por Roquette Pinto, uma rádio totalmente educativa e elitizada; pois só quem tinha
poder aquisitivo podia mandar buscar no exterior os aparelhos receptores que até então,
eram muito caros. Segundo Ortriwano (1985), a programação também era elitizada:
trazia a cotação das bolsas do açúcar e do café, ouvia-se também ópera com discos
emprestados pelos próprios ouvintes, concertos e palestras culturais e outros, mas para
Roquette Pinto o rádio logo se transformaria em uma comunicação de massa.
De acordo com Tavares (1999), no inicio da década de 30, o rádio começa a passar por
transformações, pois em 1931 o Governo Federal passou a regulamentar o rádio e em
1932 a publicidade e propaganda passou a ser permitido de acordo com o Decreto-Lei
nº 21.111 assinado pelo então presidente Getulio Vargas. Em 1934, foi criada “A voz do
Brasil” e em 1935 o primeiro programa de auditório com a participação do publico.
Como relata Ortriwano (1985), na década de 40, considerada a “época de ouro do rádio
brasileiro” as emissoras começam a sentir a concorrência entre elas e surgia então a
rádio novela. Na mesma década, em 1941 acontece a primeira transmissão do Repórter
Esso pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro permanecendo 27 anos no ar.
Com a chegada da TV no Brasil na década de 50 o rádio começa a perder espaço, e se
reinventa nascendo em 1954 o radiojornalismo com uma comunicação ágil, noticiosa e
com prestação de serviço.
“aos poucos, ele vai encontrando novos rumos (...) o rádio aprendeu a
trocar os astros e estrelas por discos e fitas gravadas, as rádio novelas
pelas noticias e as brincadeiras de auditório pelos serviços de utilidade
publica. Foi se encaminhando no sentido de atender as necessidades
principalmente no nível da informação.”(ORTRIWANO, 1985, p.21)
Na década de 60, começam a funcionar as primeiras emissoras em FM (Frequencia
Modulada) com sua programação baseada em “musica ambiente” para um publico
determinado como hospitais, escritórios e músicas consideradas mais alegres para
residências, fábricas e indústrias. Nos anos 70, cresce o numero de emissoras operando
em FM, todas voltadas para uma programação mais musical. O Governo preocupado
com a expansão de rádios no país, em 1976, cria a Radiobrás3 que tinha como finalidade
organizar emissoras, conforme Ortriwano (1985).
As emissoras voltadas para a informação aumentam seus serviços com a participação do
repórter ao vivo. Em 1980 as rádios de noticias passam a se preocupar com uma
programação mais dinâmica e ligada nos fatos, com informação focada no ao vivo, de
acordo com Meditsch (2001).
Cada vez mais as pessoas vão precisar ser informadas em tempo real a
respeito do que está acontecendo, no lugar em que se encontrem, sem
paralisar as suas demais atividades ou monopolizar a sua atenção para
receber esta informação. (MEDITSCH, 2001, p.5)
Nos anos 90 surgem às rádios AM/FM via satélite, Meditsch (1999) cita que nos anos
90, a maior transformação tecnológica que ocorreu na rádio informativa foi à introdução
das redes de computadores como ferramentas de trabalho, conforme Ortriwano (1985)
em seu livro reforça que “Uma série de recentes aperfeiçoamentos tecnológicos tem
3Empresa Brasileira de Radiodifusão
permitido que o rádio consiga cada vez melhores condições de transmissão, ressaltando
sua potencialidade como meio.” (ORTRIWANO, 1985, p.24)
Já a partir do ano 2000, de acordo com Prata (2009) as emissoras de rádio passaram a
investir na criação de web sites, na internet disponibilizando parte da programação,
promoções e outros serviços.
Com o advento da web, empresas em geral começaram a colocar suas
páginas na rede para uma interface com o consumidor. O rádio viveu
o mesmo processo e muitas emissoras passaram a ter um site na
internet, com informações diversas. Aos poucos, as emissoras também
começaram a ofertar a transmissão on-line, isto é, um único produto
midiático podendo ser acessado simultaneamente no aparelho de rádio
e no computador. (PRATA, 2009, p.1)
Desde então as rádios vem se reinventando na forma de se fazer rádio aproveitando
assim as novas tecnologias a utilizando ao seu favor, sem deixar de morrer ou perder
espaço.
A Era digital do Rádio no Brasil
A Era digital do rádio no Brasil, teve seu inicio na década de 80, mais exatamente no
final dos anos de 1982, de acordo com Tavares (1999) com a chegada do CD (Compact
Disc) disco com leitura a laser, dentro dos estúdios facilitando assim a vida do
programador musical da rádio.
Conforme Moura (2002), em 1987 começou a implantação da internet no Brasil, quando
pesquisadores da USP (universidade de São Paulo), juntamente com o governo e a
Embratel (Empresa Brasileira Telecomunicações) se reuniram para o estabelecimento
de uma rede nacional. Em 1989 foi criada a RNP (Rede Nacional de Pesquisas) e em
1991 foi implantada em rede nacional uma conexão que interligava 11 capitais4
brasileiras. Somente em 1993 foi finalizado o projeto de implantação da rede de internet
no país.
4 São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Bahia,
Ceará, Pará, Paraná e Santa Catarina.
O primeiro boom da internet no Brasil aconteceu ao longo do ano de 1996, com o
nascimento do UOL (Universo On Line) segundo ainda Moura, em 1997 a internet já
estava consolidada no Brasil “a internet não vai parar por ai. Além dos celulares, pagers,
laptops, rádios de carros e a própria televisão estarão aptos a receber a Internet.
Funcionarão de maneiras diferentes, mas com base num mesmo conceito-chave: a
interatividade” (MOURA, 2002, p.25).
Já a partir do ano 2000, de acordo com Prata (2013) as emissoras de rádio passam a
viver uma terceira transformação após a digitalização dos meios e agora com a internet.
O rádio vive agora a terceira transformação. A primeira foi nos anos
40-50 baseada nas contribuições dos transistores, gravadores
magnéticos, etc e a segunda nos anos 80-90 com a digitalização e
convergência dos meios. Esta terceira transformação se produz pela
presença das plataformas de internet e telefonia e a convergência das
plataformas anteriores com as novas ate gerar a multiplataforma atual.
(PRATA, 2013, p.1)
Em 2005 teve inicio os testes para implantação do Rádio Digital no Brasil e os testes
foram autorizados pela Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações), no dia 12 de
setembro de 2005. De acordo com Prata (2007), os testes em andamento pretendem
analisar o sinal digital com analógico, a transmissão simultânea e o impacto do sinal
digital na recepção de sinais analógicos no mesmo canal.
Del Bianco (2003) explica que o rádio digital irá passar por uma nova e importante
evolução tecnológica, e com a digitalização ocorrerá uma melhoria na qualidade do
áudio, assim o som do AM (Amplitude Modulada) não terá mais interferência e passará
a ter som de FM (Frequência Modulada), e o FM terá som de CD.
Até o momento, o padrão a ser escolhido no país, ainda não foi definido, e a divisão de
espectro5 não significa o surgimento de novas emissoras, mas a multiplicação dos canais
das já existentes, através do Simulcastin6 que permitirá a transmissão de até três
programas simultâneos, na mesma frequência para públicos diferentes, como cita
Meditsch (1999).
5Espectro: trata-se da frequência que define o canal de uma emissora.
6Simulcastin transmissão do sistema digital e analógico ao mesmo tempo.
A introdução de novas tecnologias tem impacto não apenas sobre a
produção, mas também sobre o produto enquanto tal e sua situação no
mercado. A radiodifusão digital, (,,,) vão afetar as atuais emissoras da
mesma forma que a chegada da FM afetou a AM. Tanto este impacto
quanto o aumento do número de canais com o fim da escassez de
banda que as novas tecnologias vão permitir forçam a uma revisão das
regulamentações sobre o uso da rádio atualmente em vigor em todos
os países. Embora provocadas por razões técnicas, o sentido destas
revisões de regulamentação será o de reordenar atividade
economicamente e os interesses políticos postos em causa pela nova
situação dada. (MEDITSCH, 1999, p.113)
Com a chegada dos aparelhos celulares mais “modernos”, ele se tornou um aliado e ao
mesmo tempo um concorrente para o rádio. Para Lopez (2014), aliado por oferecer o
rádio em FM, e novas formas de interação com o rádio além do telefonema, mas elimina
a transmissão em AM e concorrente devido aos tocadores de música como MP3, MP4,
etc.
Pesquisa divulgada pelo Portal Brasil7de 2016 revela que 58% da população brasileira
usam a internet – o que representa 102 milhões de internautas. Ainda de acordo com a
pesquisa, o telefone celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso individual da
internet pela maioria dos usuários. O levantamento ainda aponta que 56% da população
brasileira usa a internet no telefone celular.
Conforme pesquisa divulgada pela ABERT8em 2015, a audiência do rádio pelo
tradicional radinho diminuiu em domicílios, mas aumentou com o avanço da tecnologia
que permite assim ouvir o rádio não só mais em casa, no carro ou no trabalho como
também por onde estiver através dos aparelhos portáteis e aplicativos disponíveis hoje
além da web.
7 Portal Brasil – Acesso em 17 Jun. 2017
8 ABERT - Associação Brasileira de Rádio e TV – Acesso em 10 Jun. 2017
De acordo com o quadro abaixo, divulgado pelo site da Teleco9, e pesquisa realizada
pelo IBGE em 2013, o numero de domicílios com aparelhos de rádio tanto na área
urbana, quanto na área rural sofreram mudanças no período de dez anos (2001 a 2011).
O numero de aparelho de rádio diminuiu em 2011na área urbana passando para 84,4%
em comparação a 2001 que tinha 89,0% e na área rural em 2001 contava com 82,4% e
em2011 caiu para 77,2%.
Figura 01 – Domicílios com aparelhos de rádio no Brasil
%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
Urbana
89,0
88,8
88,6
89,0
89,2
88,9
89,0
89,9
88,9
84,4
Rural
82,4
82,1
82,8
80,9
81,6
81,8
82,4
83,5
81,9
77,2
Total
88,0
87,8
87,8
87,7
88,0
87,8
88,0
88,9
87,8
83,4
Fonte: http://www.teleco.com.br/estatis.asp
Para Del Bianco (1999) outras digitalizações que contribuíram com a evolução do rádio
na Era Digital no Brasil foi o processo de digitalização dos equipamentos que alterou de
certa forma o processo de produção no radiojornalismo como um todo, como o
podcast10
- serviço de transmissão de áudio - incorporado como mais um atrativo das
emissoras na web.
Nos anos 90 recursos tecnológicos pontuam a evolução do rádio. A
década que se iniciou com a sedimentação dos transmissores em rede
via satélite e chegou à metade apresentando novo formato para o
veiculo com o lançamento de sites radiofônicos na internet deve ser
encerrada com o radio da era digital. (DEL BIANCO, 1999, p.220)
Na opinião de Ortriwano (1987), a evolução tecnológica permitiu que o imediatismo se
tornasse realidade ao rádio “A evolução tecnológica deu ao meio radiofônico maior
alcance e melhor qualidade sonora, alem de uma mobilidade invejável; deu-lhe, acima
de tudo, a agilidade, permitindo que o imediatismo fosse uma realidade”.
9 Teleco – www.teleco.com.br acessado em 26/06/17
10 PodCast - é um meio de publicação de arquivos de mídia digital que permite aos seus assinantes o
acompanhamento ou download automático do conteúdo à medida que é atualizado.
Para Meditsch (1999), a evolução do rádio nada mais é do que uma transformação
necessária.
Na medida em que as condições técnicas são alteradas, as limitações
variam e a linguagem se modifica, com implicações sobre os
conteúdos a que dão forma (...) o surgimento da rádio criou uma
relação nova entre o público, as informações e os acontecimentos a
que estas se referem. (MEDITSCH, 1999, p. 106)
Com a popularização da internet e dos aparelhos celulares aumentou o espaço de
interação virtual fazendo assim surgir novos meios de comunicação. O fator
de investimento em tecnologia tornou possível um investimento mais atraente para as
rádios como ressalta Lopez, “A ascensão da internet como plataforma de comunicação
contribui para o surgimento de um novo tipo de usuário e consequentemente com o
atual processo de convergência midiática, de um novo ouvinte de rádio”. (LOPEZ,
2014, p.171)
Os Novos Meios de Comunicação Com os Ouvintes na Era Digital no Brasil
Como o rádio vem passando por transformações desde a década de 50 com a chegada da
TV no Brasil, também teve que se reinventar na maneira de se fazer radio coma chegada
da internet e mais uma vez no século XXI com a chegada das redes sociais.
“Entre esses novos canais para a participação do ouvinte, destacam-se
as redes sócias na internet. Sites como facebook, whatsapp, twitter,
entre outros se tornam cada vez mais populares e apropriados por
emissoras de rádio, configuram-se como uma nova plataforma de
comunicação entre ouvinte e comunicador.” (LOPEZ, 2014, p.172)
De acordo com pesquisa divulgada em 2017 pela ABERT e levantamento feito pelo
Kantar Ibope Media, em 2016 o consumo de rádio pela população brasileira no mesmo
ano foi de 89% ouvem rádio, representado mais de 52 milhões de ouvintes em 13
regiões brasileiras11
. Em média, cada pessoa passa aproximadamente 4 horas e meia por
dia ouvindo rádio.
11
Kantar Ibope – Fortaleza, Recife, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Brasília,
Goiânia, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba e Porto Alegre.
Mas a pesquisa ressalta que houve uma mudança na forma de se ouvir rádio devido às
novas plataformas disponíveis. O “Book de Rádio” de 2016 também aponta o consumo
de rádio por dispositivos, informando que 56% acompanham o rádio através do
aparelho de rádio comum (cerca de 34 milhões de ouvintes), 15% através do celular
(representando mais de oito milhões de pessoas – via on-line, FM ou APP -) e 5% pelo
computador (jan-mar/2016 - alcance dois dias).
De acordo com o quadro abaixo, divulgado pelo site da Teleco, o numero de aparelhos
eletrônicos com rádios e TVs sofreram mudanças no período de cinco anos (2010 a
2015). O aparelho de rádioteve queda e crescimento com o aparelho de TV. O numero
de aparelho de rádio diminuiu em 2010 com 81,4% e em 2015 com 69,2% e a TV
crescimento em 2010 com 95,0% para 97,1% em 2015, crescimento acreditado ser pelas
novas interatividades que as TVs estão possibilitando ao usuário como a opção de ouvir
radio pela TV e ate mesmo acessar a internet pelo aparelho.
Figura 02 – Domicílios com aparelhos de Rádio e TV no Brasil
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Rádio
81,4%
83,4%
80,9%
75,7%
72,1%
69,2%
Televisão
95,0%
96,9%
97,2%
97,2%
97,1%
97,1%
Domicílios
57.324
62.117
63.768
65.130
67.039
68.037
Fonte: http://www.teleco.com.br/estatis.asp
Com a chegada da era digital, o numero de pessoas com celular aumentou de acordo
comportal Comunique-se12
em 2005 cerca de 56 milhões de pessoas tinham celular e em
2015 passou para 139 milhões de pessoas, o que corresponde a um aumento de 147,2%
da população do país.
As redes sociais podem ser excelentes aliadas das emissoras de rádio, porque são canais
que ajudam a aumentar a interação com o ouvinte e destacar conteúdos que tenham
relevância para o seu público como explica Ortriwano.
12
Comunique-se.com.br - Acesso em 24 jun. 2017
“O rádio seria hoje o mais fabuloso meio de comunicação imaginável
na vida publica, constituiria um fantástico sistema de canalização se
fosse capaz não apenas de emitir, mas também de receber. O ouvinte
não deveria apenas ouvir, mas também falar: não isolar-se, mas ficar
em comunicação com o rádio. A radiodifusão deveria afastar-se das
fontes oficiais de abastecimento e transformar os ouvintes nos grandes
abastecedores.” (ORTRIWANO, 1998, P.1)
De acordo com dados divulgados pela Forbes em 2016, o Brasil é o maior usuário de
redes sociais da América Latina com um total de 93,2 milhões em 2016. O estudo
pressupõe que até 2020, o Brasil terá 105,2 milhões de usuários nas redes sociais.
Uma pesquisa de 2015, divulgada pelo site Pesquisa Brasileira de Mídia mostra o
numero das redes sociais mais acessadas no Brasil e em disparada está o Facebook com
83%, seguido do Whatsapp com 58% e em terceiro lugar o Youtube com 17% no
ranking de acesso.
Figura 03 – Acesso as redes sociais
O rádio já nasceu como um veículo interativo, desde os primeiros anos, a comunicação
com o público era uma de suas mais fortes características, era feita através de cartas e
telefonemas feitos para pedir uma música em determinado programa. Estas ligações
ainda existem, mas, com as redes sociais, a ideia ganhou ainda mais participação do
público ressalta Meditshch (1999) que as novas tecnologias ajudarão na evolução do
radio dependendo do caminho que será adotado para utilização.
As tecnologias vieram para ajudar e acrescentar novas formas de interatividade que o
radio pode permitir ao ouvinte.
Sites de redes sociais, e-mails e programas de mensagens instantâneas
também vieram acrescentar o rol de ferramentas interativas que o
rádio explora através da internet. (...) Em função dessas novas
ferramentas atual em que a interação entre emissoras e ouvinte ganha
maior relevância na programação além de novos espaços a partir da
expansão do rádio para outras plataformas, torna-se necessário
repensar a noção de interatividade no radio.(LOPEZ, 2015, p.171-172)
Hoje em dia, o ouvinte pode enviar um Twitter pedindo a música que quer escutar, pode
mandar uma mensagem no Facebook dando sugestões à rádio ou pode usar o WhatsApp
para opinar sobre determinado assunto. Sendo assim, as mídias sociais devem ser
usadas para complementar os recursos da rádio, tornando o veículo ainda mais
interativo.
“O rádio precisa cumprir seu papel social informando, educando,
formando etc, mas sem esquecer que este processo deve ser prazeroso,
agradável. Espontâneo, permitindo que o ouvinte participe relaxe,
tenha seu lazer e entretenimento. E que os hábitos culturais de cada
grupo sejam respeitados.” (ORTRIWANO, 1998, P.7)
Portanto, existem inúmeros benefícios trazidos pelo uso das redes sociais como aliadas
da sua emissora. Estes são novos canais que ajudam a melhorar a comunicação com a
audiência e as possibilidades de divulgação das ações desenvolvidas pela rádio. São
novas ferramentas que potencializam antigas atividades.
Considerações Finais
O rádio vem passando por mudanças desde o seu surgimento na década de 20, depois da
chegada da internet no Brasil, o rádio teve que se reinventar na forma de se fazer radio e
agora com a convergência entre o tradicional meio radio com a era digital das redes
sociais o radio traz novas formas de se interagir com os ouvintes.
Com a participação pelas redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp o rádio
tende de fato a tornar-se mais segmentado, em busca de novos públicos como afirma
Del Bianco (2003) o rádio terá a necessidade de uma ‘reinvenção’ para se adaptar as
novas tecnologias.
Com o acesso a internet como plataforma de comunicação contribui para o surgimento
de um novo tipo de ouvinte. E entre esses novos meios de participação do ouvinte,
destacam-se as redes sociais na internet que se tornam cada vez mais populares.
Várias emissoras incentivam a participação do ouvinte segundo Kischinhevsky (2016)
esse movimento em busca de maior participação se deve a fase da convergência, e assim
cada vez mais o rádio opera com a participação do publico deixando ele de ser apenas
um receptor da mensagem e passando assim a ser também emissor.
Para Kischinhevsky (2016), ao longo dos últimos anos a interação com o ouvinte virou
estratégia para em alguns casos definir as noticias como, por exemplo, a informação
sobre o transito. A participação do ouvinte que antes era feita por meio de cartas e
telefonemas, torna-se mais constante hoje através dos emails, chats, MSN, redes sociais
e aplicativos.
Com a chegada dos aparelhos celulares mais “modernos”, a audiência do rádio pelo
tradicional radinho diminuiu em domicílios, mas aumentou com o avanço da tecnologia
que permite assim ouvir o rádio não só mais em casa, no carro ou no trabalho como
também por onde estiver através dos aparelhos portáteis e aplicativos disponíveis hoje
além da web.
Referências Bibliográficas
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Referências Eletrônicas
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