O rádio e os novos meios de comunicação com os ouvintes na...

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Belo Horizonte Julho 2017 Centro Universitário Uni-BH O rádio e os novos meios de comunicação com os ouvintes na era digital 1 Autora: Priscila Mendes 2 RESUMO: A escolha do tema se deu para analisar as mudanças e adequações que o rádio vem passando com a chegada da era digital. E hoje com a era digital, o rádio vem se reinventado na forma de se fazer rádio e assim acontece também com a forma de comunicação com os ouvintes como na década de 30 era por meio de cartas, telefonemas e hoje através de emails e redes sociais. PALAVRAS CHAVE: Rádio; Ouvintes; Interatividade; Comunicação; Digital. SUMMARY: The choice of theme was to analyze the changes and adaptations that the radio has been passing with the arrival of the digital era. And today with the digital age, radio has reinvented itself in the form of making radio and so it also happens with the form of communication with the listeners as in the decade of the 30 was through letters, phone calls and today through emails and social networks. KEY WORDS: Radio; Listeners; Interactivity; Communication; Digital. 1 Artigo Cientifico apresentado ao curso de Pós Graduação Lato Senso Marketing Digital e Mídias Sociais do Centro Universitário Uni-BH, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista. 2 Graduada em jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte e especialista em mídia eletrônica: radio, tv e web pelo Centro Universitário Uni-BH- [email protected]

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Belo Horizonte – Julho 2017

Centro Universitário Uni-BH

O rádio e os novos meios de comunicação com os ouvintes na era

digital1

Autora: Priscila Mendes2

RESUMO:

A escolha do tema se deu para analisar as mudanças e adequações que o rádio vem

passando com a chegada da era digital. E hoje com a era digital, o rádio vem se

reinventado na forma de se fazer rádio e assim acontece também com a forma de

comunicação com os ouvintes como na década de 30 era por meio de cartas,

telefonemas e hoje através de emails e redes sociais.

PALAVRAS CHAVE:

Rádio; Ouvintes; Interatividade; Comunicação; Digital.

SUMMARY:

The choice of theme was to analyze the changes and adaptations that the radio has been

passing with the arrival of the digital era. And today with the digital age, radio has

reinvented itself in the form of making radio and so it also happens with the form of

communication with the listeners as in the decade of the 30 was through letters, phone

calls and today through emails and social networks.

KEY WORDS:

Radio; Listeners; Interactivity; Communication; Digital.

1 Artigo Cientifico apresentado ao curso de Pós Graduação Lato Senso Marketing Digital e Mídias Sociais

do Centro Universitário Uni-BH, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista. 2 Graduada em jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte e especialista em mídia

eletrônica: radio, tv e web pelo Centro Universitário Uni-BH- [email protected]

Introdução

O rádio nasceu no Brasil em 1922 e foi expandido em abril de 1923, por Roquette Pinto

quando começa a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Desde então o rádio

vem passando por várias mudanças tecnológicas como: a chegada da TV no Brasil, as

mudanças nas redações do impresso, a chegada da internet no Brasil e assim por diante

enfrentando e se adequando as novas tecnologias. Para Ortriwano, o rádio é o veículo

mais popular “Entre os meios de comunicação de massa, o rádio é sem duvida o mais

popular e o de maior alcance publico, não só no Brasil como também em todo o

mundo.” (ORTRIWANO, 1985, p.27)

Hoje com o a era digital, o rádio vem se reinventado na forma de se fazer rádio e assim

acontece também na forma de comunicação com os ouvintes como na década de 30 era

feita por meio de cartas, telefonemas e hoje através de emails e redes sociais.

“Nos anos 90, recursos tecnológicos pontuam a evolução do rádio. A

década que se iniciou com a sedimentação das transmissões em rede

via satélite e chegou à metade apresentando novo formato para o

veículo com o lançamento de sites radiofônicos na internet deve ser

encerrado com o rádio da era digital.” (DEL BIANCO, 1999, P.220)

Este artigo poderá gerar contribuições sobre as formas de interação com os ouvintes na

era digital que podem ser bem aproveitadas ao veículo do rádio, as mudanças e

adequações que o setor de radiodifusão vem passando no Brasil. Primeiro, ao refletir

sobre o tema do rádio na era digital, e segundo, por analisar as novas tecnologias como

ressalta Meditsch em seu livro.

“Minha aposta é que o rádio assim definido um meio de comunicação

que transmite informação sonora, invisível, em tempo real vai

continuar existindo na era da internet e ate depois dela e vai ser

aperfeiçoando pelas novas tecnologias que estão por ai e ainda por vir

sem deixar de ser o que é.” (MEDITSCH, 1999, p.4)

O artigo se encontra dividido em três partes: A história do rádio no Brasil, como nos

conta Ortriwano (1985), a segunda sobre a era digital no Brasil com Moura (2002) e a

terceira e ultima parte vem analisar os novos meios de comunicação com os ouvintes na

era digital, e verificar como o rádio vem se adequando as novas tecnologias tendo como

analise de estudo de caso artigos de pesquisadores como Meditsch (1999), Del Bianco

(2004) e Lopez (2014 e 2015).

O referente artigo traz as seguintes problematizações a serem analisadas dentre elas:

verificar como o ouvinte interage com o rádio através dos novos meios tecnológicos e

como o rádio vem se adequando as novas tecnologias? A técnica de pesquisa a analisar

será a documental e exploratória.

A História do Rádio No Brasil

Oficialmente o rádio foi inaugurado no Brasil no dia 7 de setembro de 1922 nas

comemorações do centenário da Independência, quando através de 80 receptores

importados algumas pessoas da sociedade carioca puderam ouvir em casa o discurso do

Presidente Epitácio Pessoa. O transmissor foi instalado no alto do Corcovado na Praia

Vermelha e durante alguns dias, após a inauguração foram transmitidas óperas

diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de acordo com Ortriwano (1985).

A data considerada como oficial da instalação da radiodifusão no Brasil foi em 20 de

abril de 1923, quando começa a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro fundada

por Roquette Pinto, uma rádio totalmente educativa e elitizada; pois só quem tinha

poder aquisitivo podia mandar buscar no exterior os aparelhos receptores que até então,

eram muito caros. Segundo Ortriwano (1985), a programação também era elitizada:

trazia a cotação das bolsas do açúcar e do café, ouvia-se também ópera com discos

emprestados pelos próprios ouvintes, concertos e palestras culturais e outros, mas para

Roquette Pinto o rádio logo se transformaria em uma comunicação de massa.

De acordo com Tavares (1999), no inicio da década de 30, o rádio começa a passar por

transformações, pois em 1931 o Governo Federal passou a regulamentar o rádio e em

1932 a publicidade e propaganda passou a ser permitido de acordo com o Decreto-Lei

nº 21.111 assinado pelo então presidente Getulio Vargas. Em 1934, foi criada “A voz do

Brasil” e em 1935 o primeiro programa de auditório com a participação do publico.

Como relata Ortriwano (1985), na década de 40, considerada a “época de ouro do rádio

brasileiro” as emissoras começam a sentir a concorrência entre elas e surgia então a

rádio novela. Na mesma década, em 1941 acontece a primeira transmissão do Repórter

Esso pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro permanecendo 27 anos no ar.

Com a chegada da TV no Brasil na década de 50 o rádio começa a perder espaço, e se

reinventa nascendo em 1954 o radiojornalismo com uma comunicação ágil, noticiosa e

com prestação de serviço.

“aos poucos, ele vai encontrando novos rumos (...) o rádio aprendeu a

trocar os astros e estrelas por discos e fitas gravadas, as rádio novelas

pelas noticias e as brincadeiras de auditório pelos serviços de utilidade

publica. Foi se encaminhando no sentido de atender as necessidades

principalmente no nível da informação.”(ORTRIWANO, 1985, p.21)

Na década de 60, começam a funcionar as primeiras emissoras em FM (Frequencia

Modulada) com sua programação baseada em “musica ambiente” para um publico

determinado como hospitais, escritórios e músicas consideradas mais alegres para

residências, fábricas e indústrias. Nos anos 70, cresce o numero de emissoras operando

em FM, todas voltadas para uma programação mais musical. O Governo preocupado

com a expansão de rádios no país, em 1976, cria a Radiobrás3 que tinha como finalidade

organizar emissoras, conforme Ortriwano (1985).

As emissoras voltadas para a informação aumentam seus serviços com a participação do

repórter ao vivo. Em 1980 as rádios de noticias passam a se preocupar com uma

programação mais dinâmica e ligada nos fatos, com informação focada no ao vivo, de

acordo com Meditsch (2001).

Cada vez mais as pessoas vão precisar ser informadas em tempo real a

respeito do que está acontecendo, no lugar em que se encontrem, sem

paralisar as suas demais atividades ou monopolizar a sua atenção para

receber esta informação. (MEDITSCH, 2001, p.5)

Nos anos 90 surgem às rádios AM/FM via satélite, Meditsch (1999) cita que nos anos

90, a maior transformação tecnológica que ocorreu na rádio informativa foi à introdução

das redes de computadores como ferramentas de trabalho, conforme Ortriwano (1985)

em seu livro reforça que “Uma série de recentes aperfeiçoamentos tecnológicos tem

3Empresa Brasileira de Radiodifusão

permitido que o rádio consiga cada vez melhores condições de transmissão, ressaltando

sua potencialidade como meio.” (ORTRIWANO, 1985, p.24)

Já a partir do ano 2000, de acordo com Prata (2009) as emissoras de rádio passaram a

investir na criação de web sites, na internet disponibilizando parte da programação,

promoções e outros serviços.

Com o advento da web, empresas em geral começaram a colocar suas

páginas na rede para uma interface com o consumidor. O rádio viveu

o mesmo processo e muitas emissoras passaram a ter um site na

internet, com informações diversas. Aos poucos, as emissoras também

começaram a ofertar a transmissão on-line, isto é, um único produto

midiático podendo ser acessado simultaneamente no aparelho de rádio

e no computador. (PRATA, 2009, p.1)

Desde então as rádios vem se reinventando na forma de se fazer rádio aproveitando

assim as novas tecnologias a utilizando ao seu favor, sem deixar de morrer ou perder

espaço.

A Era digital do Rádio no Brasil

A Era digital do rádio no Brasil, teve seu inicio na década de 80, mais exatamente no

final dos anos de 1982, de acordo com Tavares (1999) com a chegada do CD (Compact

Disc) disco com leitura a laser, dentro dos estúdios facilitando assim a vida do

programador musical da rádio.

Conforme Moura (2002), em 1987 começou a implantação da internet no Brasil, quando

pesquisadores da USP (universidade de São Paulo), juntamente com o governo e a

Embratel (Empresa Brasileira Telecomunicações) se reuniram para o estabelecimento

de uma rede nacional. Em 1989 foi criada a RNP (Rede Nacional de Pesquisas) e em

1991 foi implantada em rede nacional uma conexão que interligava 11 capitais4

brasileiras. Somente em 1993 foi finalizado o projeto de implantação da rede de internet

no país.

4 São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Bahia,

Ceará, Pará, Paraná e Santa Catarina.

O primeiro boom da internet no Brasil aconteceu ao longo do ano de 1996, com o

nascimento do UOL (Universo On Line) segundo ainda Moura, em 1997 a internet já

estava consolidada no Brasil “a internet não vai parar por ai. Além dos celulares, pagers,

laptops, rádios de carros e a própria televisão estarão aptos a receber a Internet.

Funcionarão de maneiras diferentes, mas com base num mesmo conceito-chave: a

interatividade” (MOURA, 2002, p.25).

Já a partir do ano 2000, de acordo com Prata (2013) as emissoras de rádio passam a

viver uma terceira transformação após a digitalização dos meios e agora com a internet.

O rádio vive agora a terceira transformação. A primeira foi nos anos

40-50 baseada nas contribuições dos transistores, gravadores

magnéticos, etc e a segunda nos anos 80-90 com a digitalização e

convergência dos meios. Esta terceira transformação se produz pela

presença das plataformas de internet e telefonia e a convergência das

plataformas anteriores com as novas ate gerar a multiplataforma atual.

(PRATA, 2013, p.1)

Em 2005 teve inicio os testes para implantação do Rádio Digital no Brasil e os testes

foram autorizados pela Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações), no dia 12 de

setembro de 2005. De acordo com Prata (2007), os testes em andamento pretendem

analisar o sinal digital com analógico, a transmissão simultânea e o impacto do sinal

digital na recepção de sinais analógicos no mesmo canal.

Del Bianco (2003) explica que o rádio digital irá passar por uma nova e importante

evolução tecnológica, e com a digitalização ocorrerá uma melhoria na qualidade do

áudio, assim o som do AM (Amplitude Modulada) não terá mais interferência e passará

a ter som de FM (Frequência Modulada), e o FM terá som de CD.

Até o momento, o padrão a ser escolhido no país, ainda não foi definido, e a divisão de

espectro5 não significa o surgimento de novas emissoras, mas a multiplicação dos canais

das já existentes, através do Simulcastin6 que permitirá a transmissão de até três

programas simultâneos, na mesma frequência para públicos diferentes, como cita

Meditsch (1999).

5Espectro: trata-se da frequência que define o canal de uma emissora.

6Simulcastin transmissão do sistema digital e analógico ao mesmo tempo.

A introdução de novas tecnologias tem impacto não apenas sobre a

produção, mas também sobre o produto enquanto tal e sua situação no

mercado. A radiodifusão digital, (,,,) vão afetar as atuais emissoras da

mesma forma que a chegada da FM afetou a AM. Tanto este impacto

quanto o aumento do número de canais com o fim da escassez de

banda que as novas tecnologias vão permitir forçam a uma revisão das

regulamentações sobre o uso da rádio atualmente em vigor em todos

os países. Embora provocadas por razões técnicas, o sentido destas

revisões de regulamentação será o de reordenar atividade

economicamente e os interesses políticos postos em causa pela nova

situação dada. (MEDITSCH, 1999, p.113)

Com a chegada dos aparelhos celulares mais “modernos”, ele se tornou um aliado e ao

mesmo tempo um concorrente para o rádio. Para Lopez (2014), aliado por oferecer o

rádio em FM, e novas formas de interação com o rádio além do telefonema, mas elimina

a transmissão em AM e concorrente devido aos tocadores de música como MP3, MP4,

etc.

Pesquisa divulgada pelo Portal Brasil7de 2016 revela que 58% da população brasileira

usam a internet – o que representa 102 milhões de internautas. Ainda de acordo com a

pesquisa, o telefone celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso individual da

internet pela maioria dos usuários. O levantamento ainda aponta que 56% da população

brasileira usa a internet no telefone celular.

Conforme pesquisa divulgada pela ABERT8em 2015, a audiência do rádio pelo

tradicional radinho diminuiu em domicílios, mas aumentou com o avanço da tecnologia

que permite assim ouvir o rádio não só mais em casa, no carro ou no trabalho como

também por onde estiver através dos aparelhos portáteis e aplicativos disponíveis hoje

além da web.

7 Portal Brasil – Acesso em 17 Jun. 2017

8 ABERT - Associação Brasileira de Rádio e TV – Acesso em 10 Jun. 2017

De acordo com o quadro abaixo, divulgado pelo site da Teleco9, e pesquisa realizada

pelo IBGE em 2013, o numero de domicílios com aparelhos de rádio tanto na área

urbana, quanto na área rural sofreram mudanças no período de dez anos (2001 a 2011).

O numero de aparelho de rádio diminuiu em 2011na área urbana passando para 84,4%

em comparação a 2001 que tinha 89,0% e na área rural em 2001 contava com 82,4% e

em2011 caiu para 77,2%.

Figura 01 – Domicílios com aparelhos de rádio no Brasil

%

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2011

Urbana

89,0

88,8

88,6

89,0

89,2

88,9

89,0

89,9

88,9

84,4

Rural

82,4

82,1

82,8

80,9

81,6

81,8

82,4

83,5

81,9

77,2

Total

88,0

87,8

87,8

87,7

88,0

87,8

88,0

88,9

87,8

83,4

Fonte: http://www.teleco.com.br/estatis.asp

Para Del Bianco (1999) outras digitalizações que contribuíram com a evolução do rádio

na Era Digital no Brasil foi o processo de digitalização dos equipamentos que alterou de

certa forma o processo de produção no radiojornalismo como um todo, como o

podcast10

- serviço de transmissão de áudio - incorporado como mais um atrativo das

emissoras na web.

Nos anos 90 recursos tecnológicos pontuam a evolução do rádio. A

década que se iniciou com a sedimentação dos transmissores em rede

via satélite e chegou à metade apresentando novo formato para o

veiculo com o lançamento de sites radiofônicos na internet deve ser

encerrada com o radio da era digital. (DEL BIANCO, 1999, p.220)

Na opinião de Ortriwano (1987), a evolução tecnológica permitiu que o imediatismo se

tornasse realidade ao rádio “A evolução tecnológica deu ao meio radiofônico maior

alcance e melhor qualidade sonora, alem de uma mobilidade invejável; deu-lhe, acima

de tudo, a agilidade, permitindo que o imediatismo fosse uma realidade”.

9 Teleco – www.teleco.com.br acessado em 26/06/17

10 PodCast - é um meio de publicação de arquivos de mídia digital que permite aos seus assinantes o

acompanhamento ou download automático do conteúdo à medida que é atualizado.

Para Meditsch (1999), a evolução do rádio nada mais é do que uma transformação

necessária.

Na medida em que as condições técnicas são alteradas, as limitações

variam e a linguagem se modifica, com implicações sobre os

conteúdos a que dão forma (...) o surgimento da rádio criou uma

relação nova entre o público, as informações e os acontecimentos a

que estas se referem. (MEDITSCH, 1999, p. 106)

Com a popularização da internet e dos aparelhos celulares aumentou o espaço de

interação virtual fazendo assim surgir novos meios de comunicação. O fator

de investimento em tecnologia tornou possível um investimento mais atraente para as

rádios como ressalta Lopez, “A ascensão da internet como plataforma de comunicação

contribui para o surgimento de um novo tipo de usuário e consequentemente com o

atual processo de convergência midiática, de um novo ouvinte de rádio”. (LOPEZ,

2014, p.171)

Os Novos Meios de Comunicação Com os Ouvintes na Era Digital no Brasil

Como o rádio vem passando por transformações desde a década de 50 com a chegada da

TV no Brasil, também teve que se reinventar na maneira de se fazer radio coma chegada

da internet e mais uma vez no século XXI com a chegada das redes sociais.

“Entre esses novos canais para a participação do ouvinte, destacam-se

as redes sócias na internet. Sites como facebook, whatsapp, twitter,

entre outros se tornam cada vez mais populares e apropriados por

emissoras de rádio, configuram-se como uma nova plataforma de

comunicação entre ouvinte e comunicador.” (LOPEZ, 2014, p.172)

De acordo com pesquisa divulgada em 2017 pela ABERT e levantamento feito pelo

Kantar Ibope Media, em 2016 o consumo de rádio pela população brasileira no mesmo

ano foi de 89% ouvem rádio, representado mais de 52 milhões de ouvintes em 13

regiões brasileiras11

. Em média, cada pessoa passa aproximadamente 4 horas e meia por

dia ouvindo rádio.

11

Kantar Ibope – Fortaleza, Recife, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Brasília,

Goiânia, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba e Porto Alegre.

Mas a pesquisa ressalta que houve uma mudança na forma de se ouvir rádio devido às

novas plataformas disponíveis. O “Book de Rádio” de 2016 também aponta o consumo

de rádio por dispositivos, informando que 56% acompanham o rádio através do

aparelho de rádio comum (cerca de 34 milhões de ouvintes), 15% através do celular

(representando mais de oito milhões de pessoas – via on-line, FM ou APP -) e 5% pelo

computador (jan-mar/2016 - alcance dois dias).

De acordo com o quadro abaixo, divulgado pelo site da Teleco, o numero de aparelhos

eletrônicos com rádios e TVs sofreram mudanças no período de cinco anos (2010 a

2015). O aparelho de rádioteve queda e crescimento com o aparelho de TV. O numero

de aparelho de rádio diminuiu em 2010 com 81,4% e em 2015 com 69,2% e a TV

crescimento em 2010 com 95,0% para 97,1% em 2015, crescimento acreditado ser pelas

novas interatividades que as TVs estão possibilitando ao usuário como a opção de ouvir

radio pela TV e ate mesmo acessar a internet pelo aparelho.

Figura 02 – Domicílios com aparelhos de Rádio e TV no Brasil

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Rádio

81,4%

83,4%

80,9%

75,7%

72,1%

69,2%

Televisão

95,0%

96,9%

97,2%

97,2%

97,1%

97,1%

Domicílios

57.324

62.117

63.768

65.130

67.039

68.037

Fonte: http://www.teleco.com.br/estatis.asp

Com a chegada da era digital, o numero de pessoas com celular aumentou de acordo

comportal Comunique-se12

em 2005 cerca de 56 milhões de pessoas tinham celular e em

2015 passou para 139 milhões de pessoas, o que corresponde a um aumento de 147,2%

da população do país.

As redes sociais podem ser excelentes aliadas das emissoras de rádio, porque são canais

que ajudam a aumentar a interação com o ouvinte e destacar conteúdos que tenham

relevância para o seu público como explica Ortriwano.

12

Comunique-se.com.br - Acesso em 24 jun. 2017

“O rádio seria hoje o mais fabuloso meio de comunicação imaginável

na vida publica, constituiria um fantástico sistema de canalização se

fosse capaz não apenas de emitir, mas também de receber. O ouvinte

não deveria apenas ouvir, mas também falar: não isolar-se, mas ficar

em comunicação com o rádio. A radiodifusão deveria afastar-se das

fontes oficiais de abastecimento e transformar os ouvintes nos grandes

abastecedores.” (ORTRIWANO, 1998, P.1)

De acordo com dados divulgados pela Forbes em 2016, o Brasil é o maior usuário de

redes sociais da América Latina com um total de 93,2 milhões em 2016. O estudo

pressupõe que até 2020, o Brasil terá 105,2 milhões de usuários nas redes sociais.

Uma pesquisa de 2015, divulgada pelo site Pesquisa Brasileira de Mídia mostra o

numero das redes sociais mais acessadas no Brasil e em disparada está o Facebook com

83%, seguido do Whatsapp com 58% e em terceiro lugar o Youtube com 17% no

ranking de acesso.

Figura 03 – Acesso as redes sociais

O rádio já nasceu como um veículo interativo, desde os primeiros anos, a comunicação

com o público era uma de suas mais fortes características, era feita através de cartas e

telefonemas feitos para pedir uma música em determinado programa. Estas ligações

ainda existem, mas, com as redes sociais, a ideia ganhou ainda mais participação do

público ressalta Meditshch (1999) que as novas tecnologias ajudarão na evolução do

radio dependendo do caminho que será adotado para utilização.

As tecnologias vieram para ajudar e acrescentar novas formas de interatividade que o

radio pode permitir ao ouvinte.

Sites de redes sociais, e-mails e programas de mensagens instantâneas

também vieram acrescentar o rol de ferramentas interativas que o

rádio explora através da internet. (...) Em função dessas novas

ferramentas atual em que a interação entre emissoras e ouvinte ganha

maior relevância na programação além de novos espaços a partir da

expansão do rádio para outras plataformas, torna-se necessário

repensar a noção de interatividade no radio.(LOPEZ, 2015, p.171-172)

Hoje em dia, o ouvinte pode enviar um Twitter pedindo a música que quer escutar, pode

mandar uma mensagem no Facebook dando sugestões à rádio ou pode usar o WhatsApp

para opinar sobre determinado assunto. Sendo assim, as mídias sociais devem ser

usadas para complementar os recursos da rádio, tornando o veículo ainda mais

interativo.

“O rádio precisa cumprir seu papel social informando, educando,

formando etc, mas sem esquecer que este processo deve ser prazeroso,

agradável. Espontâneo, permitindo que o ouvinte participe relaxe,

tenha seu lazer e entretenimento. E que os hábitos culturais de cada

grupo sejam respeitados.” (ORTRIWANO, 1998, P.7)

Portanto, existem inúmeros benefícios trazidos pelo uso das redes sociais como aliadas

da sua emissora. Estes são novos canais que ajudam a melhorar a comunicação com a

audiência e as possibilidades de divulgação das ações desenvolvidas pela rádio. São

novas ferramentas que potencializam antigas atividades.

Considerações Finais

O rádio vem passando por mudanças desde o seu surgimento na década de 20, depois da

chegada da internet no Brasil, o rádio teve que se reinventar na forma de se fazer radio e

agora com a convergência entre o tradicional meio radio com a era digital das redes

sociais o radio traz novas formas de se interagir com os ouvintes.

Com a participação pelas redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp o rádio

tende de fato a tornar-se mais segmentado, em busca de novos públicos como afirma

Del Bianco (2003) o rádio terá a necessidade de uma ‘reinvenção’ para se adaptar as

novas tecnologias.

Com o acesso a internet como plataforma de comunicação contribui para o surgimento

de um novo tipo de ouvinte. E entre esses novos meios de participação do ouvinte,

destacam-se as redes sociais na internet que se tornam cada vez mais populares.

Várias emissoras incentivam a participação do ouvinte segundo Kischinhevsky (2016)

esse movimento em busca de maior participação se deve a fase da convergência, e assim

cada vez mais o rádio opera com a participação do publico deixando ele de ser apenas

um receptor da mensagem e passando assim a ser também emissor.

Para Kischinhevsky (2016), ao longo dos últimos anos a interação com o ouvinte virou

estratégia para em alguns casos definir as noticias como, por exemplo, a informação

sobre o transito. A participação do ouvinte que antes era feita por meio de cartas e

telefonemas, torna-se mais constante hoje através dos emails, chats, MSN, redes sociais

e aplicativos.

Com a chegada dos aparelhos celulares mais “modernos”, a audiência do rádio pelo

tradicional radinho diminuiu em domicílios, mas aumentou com o avanço da tecnologia

que permite assim ouvir o rádio não só mais em casa, no carro ou no trabalho como

também por onde estiver através dos aparelhos portáteis e aplicativos disponíveis hoje

além da web.

Referências Bibliográficas

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