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revista piauí - O ralo http:// revistapiaui.estadao.com.br/ 1 2111212015 EDIG D 109 1 OUTUBRO DE 2015 -anais da política econlmica O RALO Para acelerar o crescimento,o BNDES emprestcu como nunca no governo Dilma, e ainda assim o pals está em recessao. O que deu errado? CONSUELO DIEGUEZ a n S PARA ASSINANTES.ACESSE AQUI COM SEU CÓDIGO DE ASSINANT E. CÓD. ASSINANTE (9 DÍGITOS)

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1 2111212015

EDIG D 109 1 OUTUBRO DE 2015 -anais da política econlmica

O RALOPara acelerar o crescimento,o BNDES emprestcu como nunca no governo Dilma, e ainda assim o pals está em recessao. O que deu errado?

CONSUELO DIEGUEZ

an S PARA ASSINANTES.ACESSE AQUI COM SEU CÓDIGO DE ASSINANT E.

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sede do sindicato dos metalúrgicos de Pernambuco fica numa arborizada rua de paralelepípedos próxima ao centro histórico do Recife. Om.ovimento ali costumava ser igual ao de qualquer entidade de classe. Uma ou outra rescisáo de contrato detrabalho,pedidos deinformac;óes,certa atac;áo em época de campanha salarial. Costumava ser assim.Desde janeiro,o sindicato vive outra rotina. Diariamente,por volta das 01to da manhi, dezenas de homens de todas as idades,com express0es que váo da passividade ao desconsolo, chegam ao acanhado prédio de dois andares para homologar suas áemissóes.

Todosv de um único lugar: o Estaleiro Atlantico Sul,das empreiteiras Queiroz Galváo eCamargo Corr@a, em lpojuca, a poucos quilometros do Recife. Sáotantos os dispensados que o sindicato decidiu reuni-los no auditório da entidade náo s6para agilizar o processo, mas para evitar o constrangim.ento adicional de filas do lado de fora do t>rédio. No espac;o de cerca deb'O metros quadrados, sentados em carteiras escolares,os metalúrgicosaguardam em silcro o chamado de seusnomes.

O Atliintico Sul entrou em operac;áo em 2008,com oobjetivo defabricar para a Petrobras navios e sondas que seriam utilizados na produc;áo depetróleo na camada do pré-Sal. Oestaleiro atrasou as entregas e teve canceladas 16 das 22 encomendas denavios feítas pela Transpetro -o brac;o logístico da Petrobras -,embora já tivesse recebido boa parte dos recursos para tocar as obras.

A situac;áo se complicou ainda mais no ano passado. Atolada numa crise financeira, a Petrobras cancelou encomendas futuras.Para piorar, tanto a estatal quanto as empreiteiras encarregadas das embarcac;óes foram flagradas no escandalo da Operac;áo Lava Jato.Com graves problemas de caixa, o Atliintico Sul reduziu o ritmo das obras efez um drástico corte de pessoal. Dos 5 milmetalúrgicos que trabalhavam no estaleiro no final do ano passado, mais de 2 250 já haviam sidodispensados até setembro deste ano.

Na sede do sindicato dos metalúrgicos de Niterói,no estado do Rio, o quadro náo é muito diferente. Numa terc;a-feira de setembro,postados atrásdeum ba!cáo de madeira, dois funcionários da entidade chamava!Jl_por ordem alfabética os trabalhadores demitidos do estaleiro Mauá Eisa Petro-Um. Oestaleiro fechou asportas emjulho,deixando de entregar para a Transpetro tres naviosem construc;áo. Naquele dia, o sindicato fez 102 homologac;óes derescisáo,só de metalúrgicos cujos nomes comvam pela letra R. Uma centena de Rafaéis,Reinaldos, Renans,Ricardos. Para o dia seguinte,outra leva com a letra R -de t{obsons, Rodrigos,Ronaldos -também já estava agendada. Com ofechamento do estaleiro, 2 milmetalúrgicos perderam o emprego.A maioria ainda náo recebeu nenhuma indenizac;áo. O dono do Mauá, o empresário Gennán Efromovich, proprietário da companhia aérea colombiana Avianca, alega falta de recursos.

CONSUELO OIE&UEZConsuelo Dieguez, rep6rter de piaur desde 2007, é autora da coletanea de perfis Bilh15es e Lágrimas, da Companhia das Letras

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