o Renascer Do 4º Grande
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O RENASCER DO 4º GRANDE
Tal como o seu símbolo o Boavista gera sempre opiniões oscilando entre o preto e o
branco. Apesar do passar dos anos continua a gerar opiniões negativas devido ao caso
“Apito Dourado” e a todas as más histórias do passado no futebol português. Contudo um
clube com mais de 110 anos de existência não pode ser referenciado nem julgado pelo
sucesso de algum jogador ou pelos erros de algum presidente, um clube são os adeptos.
Esta é sem dúvida a parte branca do brasão axadrezado, que principalmente ao longo dos
últimos anos, foi combatendo contra os erros da parte mais negativa que foi associada.
Não há dúvidas que o Boavista por todo o seu palmarés, idade e principalmente pelos
seus adeptos é o 4º Grande do futebol português. É impressionante como ao longo dos
seis anos, em que os boavisteiros caminhavam sozinhos pelas ligas secundárias,
continuavam a fazer deslocações de milhares de pessoas para assistir ao seu clube
continuamente a meio da tabela nestas segundas/terceiras ligas (ao mesmo tempo que o
seu rival do Dragão conquistava a europa). Todo o bairrismo destes adeptos de gema faz
passar a mensagem para o campo da grandeza e da importância que o Boavista tem nas
suas vidas.
Agora, de volta aos grandes palcos, é sem dúvida um clube que nos faz relembrar o
passado, pois consegue manter a mística que o futebol português foi perdendo nos últimos
anos. Com um estádio à inglesa, o Bessa é sem dúvida o palco do futebol “old school”,
onde assistimos a uma equipa puxada por estes mesmos adeptos, que gritam, vibram e
fazem passar o seu amor e o seu bairrismo para dentro do campo, acabando por intimidar
os adversários e incentivando os jogadores. Tal como assistimos em Inglaterra, em que
cada deslocação é sempre complicada, no Bessa mora essa equipa onde os adeptos vão a
jogo e não a um espetáculo, para se sentarem e conversarem como se estivessem no café.
Com um treinador que sem dúvida ama e sente o clube, fez um plantel com um orçamento
reduzido, decidiu apostar em jogadores à imagem do clube. Homens que na maioria
sabem o que é o futebol português, mas que nunca tiveram oportunidade de jogar na
primeira liga. Se têm qualidade a nível individual? A maior parte obviamente não seria
primeira escolha em qualquer outra equipa desta liga. Contudo, o fator comum de todos
nunca terem tido uma oportunidade nesta liga, aliada ao seu comandante Petit que
também nunca teve oportunidade de treinar em tal situação, faz com que o Boavista seja
a equipa mais à imagem dos seus adeptos em Portugal. Aquela equipa que aprendeu a ser
o clube, que tendo consciência que esta pode ser a sua última oportunidade, encara cada
lance, cada jogo e cada ponto como o último nas suas vidas. Não sou boavisteiro, mas
invejo este clube e estes adeptos por serem dos poucos ou mesmo os únicos a manterem
o romance que nos fez apaixonar pelo futebol.
Com esta onda axadrezada que vejo e acompanho cada vez com mais interesse, não
querendo entrar em exageros, considero que o Boavista é sem dúvida o clube mais à
imagem do Atlético Madrid, que fascina pelo mesmo envolvimento que tem sido criado
no Bessa.
André Mendes