O Sertão como Patologia - Nísia Trindade Lima
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TESEDE
DOUTORADOPRMIO
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1998IUPER]
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CAPr1ULO4
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Manoelde
Barros1996
Asvnagenszeahzadaspelosc1ent1stasdoInsntuto
Oswaldo
C1uzdman
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contubuuampam
comporum
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al,quealcanouglandev1s1b1l1dac1eno
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1910A
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deolha;
pzuaOssertes
brasllenos
ansfoxma-se
11`
uma_q_;taoacultura
edaQO
ln-a_conlBa1t1lhadapord1f_e1entes1nte1ectua1seoutros
atoresso,La1,g_O
sultodas
endemlas
descnonos
1eIato11osdevm
gensesta
tambem
pzesenteemouhostextos,com
oosch
M1ssoRondoneem
ex1ess1vas
-
IP
P8
nasdalxtelatura
brasxlelraTestenm
nhosdeuma
1elaotensaentrehomem
enatuleza,elesnosfalam
comfrequenm
adedoenascoma;n1alar1a
Eam
ala-
"".':\!?_
_
;;*""
-
ria,porexemplo,tem
aconstante
datravessia
dojaguno
Riolialdo,persona-
gemde
Gi'a1ia'esez't0:iferedis,deGuim
aresRosa.Seusacessosfcbris
asse-rnelliain-se
am
omentos
detranse
associados
figurado
demnio
norede-
moinho,expresso
dasangstias
dopersonagem
diantedos
desafiosrepre-
sentadosporseus
sentimentos
epeloserto
_-metfora
dom
undo.O
registroliterrio
sobreascrianas
dointeriordo
Brasileapresenado
mdico
nosfaz
lembrarde
outradoena
aancilctoinose-,
talcomo
apare-ceno
poema
queserve
deepgrafe
aestecaptulo.O
bjetode
fortesrepresenta-
essociais
quea
associamiapatiae
pi-egiiia,aancilostoinose
soma-se
iim
alriano
composio
dosretratos
quecientistas
clw
irlensde
letrasesboa-
m_
__
__*
-_
_
_______
__
,Wram
dasregies
dointeriordo
Brasil.__3
_.~`.
-
zz
-V
.-
.V
'Este
capituloe
dedicadoa
analisar*como
seconstroim
aisum
aim
agema_inbivalente
doserto,-_
refcrid_a_a_g_ora_isnoesde
doeia,_aljan_lonoe
es;snciafla
vidangionalCoiisideraiido
Opapel.dasviagenscientficasdoinsti-
tutoO
swaldo
Cruz
nessaconstruo,procuro
respondera
duaspei-iintas
bg_s_i__cas.Aprim
eiraconsiste
einsabercom
oum
_disc_urso_cientfico,uma
tese_l1_igi_enis_ta,serve
debase
ielaboraode
uin
_a
_i1
1te
rpre
ta .
.Pgsegtiiida
perguntadiz
regyeitoasaberO
quefaz
cientistasfac_ilm_enteiclei1t_i-_
ficadoscom
om
issionariosdo
piesso
-le
git
A+',
_i_.ogj_|
,___.__
__;_
uA
tificareinO
sertocom
ofbaseda
nacionalidadebrasileira,-
'Veio
oscientistascom
ointelectuais,no
sentidodefinido
porMannheim
,-Sciiills
eCoser.Aproxiino-os,nessem
ovimento,dos
etngrafos,emseu
conta-to
eobservaodo
outro,portadordeoutra
culturaeidentificado
comoutras
civilizaes.Aodiscutirom
ovimento
dereform
ada
sadepblicadoprim
ei-.ro
perodorepublicano,naqueles
aspectosmaispertinentes
interpretaoda
sociedadebrasileira,observo
especialmente
oigp_lom
ovimento
deconstru-
{-o~
do.hom
emdos
sertesedo
intelectualquecom
eletrava
contato.M
,.
z_
Com
oobserva
Mai'iZiiPeirano
(1931,p.25),foiEdward
blnlsquein
notou
quea
ambigidade,a
renunciaa
suastradies
e0
desconfortopsquico
fazeinparte
daidentidade
dointelectual,Assiin_corro
outrosintelectuais,os
cientistaspai-ti_ipai'ianidedois
mundos
noiiecessai'iam
ei1teexclucientes-
ode
seuspares,inclusivecom
relaesna
comunidade
internacional,eO
deci-
dadosde
seupas.Q
jema
daiclentidadenacionalseentrelaaria
aodaiden-
li ttia
is.
No
poracaso,oscientistastam
bmso
lembrados,
seinellianados
in-tel:cli_iiiis,coin
aexpresso
consagradana
obraeuclicliim
aoreportar
seaosertanejo
ou"detei'1'ado
naprpria
terra,naspa-i.
'_
,.
lavrasdc
SrgioBuarque
del-Iolanda,emRazesdo
Brasil.Voltain-se,assim,aum
stem
po,paraotem
ac_ia_dentidalenaci_o_i_ial_ede
si5_prpi'iaid_eiitilade.A
Neste
captulo,a_preseiito'asi`cl``iasquei1o1'teai'aiiiacam
panhado
sanea-_m
entorural,eseu
papelnaelaborao
deum
ainterpretaao
sobreo
pais,que
nemhigiene
como
cinciasocialaplicada.Sem
api'etensideiipim
i-iilarestu-do
comparativo,abordo
essedebate
emoutros
contextosnacionais.l`i.iiii.iizi~-_
pecialatribudareform
ada
sadepblicanosEstadosUnidos
daAin'~i'iil.i
do_l\lo1^te,tendoem
Vistaa
idiada
doenacom
oelem
entodistintivo,
i-iv.m
ovimentos
dereform
ada
sadepblica
einreas
rurais.Um
asegundaseodedicadaaapresentarocontextoemqpeseorganizou
Pm0Vf}i3949lZ;_sneamento
i-ura1,lest'acandoasidiasbsicasqueOorienta-
ramesua:mseraono
debatesobreoscaminhosdo
Estadoedanao,nm
nm
o-rnenlo
einque
aexperinciadig-qerra
colocavaonacionalism
ona
ordemdo
dia.A
terceirasea0_$1fLlI.D..d1scursohigienjsta
daslideranas
doinovinieigto
510Sa111'11101'U1'21l,1'1t1'G2ii'p_rincip_aiscgestes
d_is_c_utidaspelopensam
entoRiga
enatiireza=sQ_ex>s_adotados
paraacom
panhartalde-bate.Idias
como
excesso,exubernciada
natureza,fragilidadedo
homem
serodiscutidas
paraum
am
aiorcompreenso
doiderio
higienista.Do
pontode
vistado
discursocientfico,refiro-m
eaopapelda
bacteriologiana
rediscussodas
Clim
a,yzgare
doem;-_'
''
ff-~--~---
-z~
Einseqtincixziniiiio
aidiadosertocom
oessnciadavidanacional,
detendo-me
einduas
figurascentrais
eexpressivas
dodebate
entotravado:
1 D
iscu
to
aindaaproposta
apresen-N_'______W
___
I_
./
/
1tada
poresseultim
ointelectual,de
serealizarum
a'etnografia
sertaneja.__
_
4.]einterpretao
dasociedade
Pensaracinciacom
oum
ainstituio
promotora
decultura
consisteem
propostade
autoresclssicos
dascincias
sociais.Inclusive,antecedes
ten-dncias
recentesque
enfatizamas
possibilidadesde
examinaro
contedodo
coiiheciinentocientfico,enO
apenasocontexto,a
institucionalizaoeapr-
ticados
cientistas,luzde
pressupostosque
poderamos
qualificarcomo
socio-lgicos.Sem
mepreocuparcom
ointensodebateque,pelom
enosdesdeadca-dade
1960,divideposieseencontra
expressoeinnomescom
oosdeThomas
Kuhn,BarryBarnese,m
aisrecentem
ente,BrunoLatour,refiro-m
eaosestudos
sociaisda
cinciacom
oobjetivoespecficode
analisarasrelaesentre
odis-
_1
..
_"I_
_/
VM
Mb
*C1-}lc5Q..llgl-`_I'11Slgpensameiitosocialf'b1'asileii'o,
c''d
r'W
.W
-A-
.z.
.N
Qefflillllitflda
cienciaenqpanto
institi.i|t;ii_nrniotoi'a
decultii-
ra,p_i'e_te11d_o_9l__erva1'_coino__1i1nateoriacientificapode
infucnciarasrepresen-
iniluenciouseiisivclinente
Opensamento
social`l5i'asile1roeo
imaginario
sociatin
sentidom
aisamplo.
*lnicialm
enle,discutoO
papeldosdiscursoshigienistasna
elaboraode
interpretaessobreaisocicclai,retomandooargum
entodeautoresquecEfi-
_vz
._
.._...._
taessociaiseainstitiicioiializaopolticaem
Liinasociedade.Reio_-'niemais
LS,p_eciicai.11ente
produode
valoressociais
c,mesm
o,iii'es`olLiodecbli-
f1'(${__{Si1Spolt_ic_as
combase
numa
arguinentiocientfica.
Estaobserva-
o
particiilarnientevlida
noque
dizrespeito
iiumconhecim
entode
natu-reza
tonorm
ativacom
oahigiene.Assim
como
outrasreas
docontieciinento
mdico,pode-se
dizerque,muitas
vezes,higieneesade
pblicanos
dizemm,Li!`$:Pe'itoVdaordem
culturalesocialmaisaiila'do
quesobreseusobje-
tosespeciticosde
investigao.92
p
93I*
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dbaNYWWIQ
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WbcltUNo
seculoXIX,entendia-seporhigieneoestudo
dohom
emedosanim
ais`
iem
suasrelaes
como
meio,visando
aoaperfeioam
entodo
individuoe
daespcie
(cf.Latour,'l.9t4,p.75).Alcanandonotaveldesenvolvim
entona
Fran-a
antesmesino
doilesenvolvim
entoda
bacteriologia)a
tentativadeiiorm
atizarf
^`
_
_avidasocialapartirde
preceitosditadospela
higienefoium
tenomeno
tao_nQ-,
_ii
z.,
,_
,tvelune
levouPierre
losaiivalon(19911)a
falardeuin
I:stadohir1enista".
'(fls
mdicos
quese
dedicavuiiia.~zu'ilepblica
participaramativaniente
dodebateso.l:i.i.i_'1'eeiiei'zig[igz
|*`iila\,'.i-sedareiierieraodohomem
,enfatizando-*
..
A.
..
.v
V-__-se
oaprim
orainento
dam
oraledasolidariedade
social.Os
higienistaspartici-
pavamdessapi'eocLipi:ii,colocando~secom
ointerpretesdosentidoaserdadoapretendida
rc_f,eneraioda
sociedade.Identifica-se,elltao,como
obstaculoa
_
-
Hznf
4z_z,iltl
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_p_l.c_o1ier_deloztl,otrabalho
queaboidou
comm
aiorenfaseo
ternada
AG
uerraLivilcontribuiu
parao
aumento
daconsciencia
social.iu-11.1de_l=l.l.lll.9Calcomofatorrelevantfzmii-z-...,;.,ia.,iM,___
1..
..
-
z\J1P
rarclim
aou
moralidade.aos
maus
hbitos,entreeles
oalcoolism
o,iinputaclosSignifica
que0
Estado,inclusivecom
ACOHSUOde
agnciasfoflofooflenha
pelosm
dicosespecialm
entea
populaoescrava.
deixaclode
1.ep.eSem.m.P.PL,.uL,\.m,_.nahSt1a
daSade
pubhcano,-te-
ggove1'eiuosidiant;g,_p_zii'iomovim
entoSanitaristadoariiiieirosngsam@1i1.`.:!.1.'1..1_Cfl1lflzPGYCYCTSLQI-mm
_pas
fortemente
apoiadana
idiadas
doenasdizim
adorasda
nacionalidade,on_fis_;i__i_govern_oslocaleestadualem
detijiileiitodo
fo1-ralecimentode
aesdo5Cm.SD
higienistaParticipou
(10debatesobre
raae
natureza,doistem
ascen-
ol1".?ffdeml'Qblevo
P`CPa1df35
1de1'5do
moVm
1'\t05|1"\1`SfP0
_trais
nopeiisiainento
socialbrasileiro,ena
discussoe
propostasi'eferidas
asBrasil.Isso
nosignifica
queaes
coordenadasem
nivelfederalestivessemau-
CondigCieSadedo
pas.Trouxetam
bmum
!`t0\'0-lj=3`1"f1*3'loParaaidem
QQsentes.lronicam
ente,como
observaIolin
Duffy
(1990,p.163),osestados
sulistas,Sff,-Sitriando-o
claramente
como
uma
perspectivados
homens
deletras
edefluo
loE`1`Vm35Po5ot`~*f\\'oY\'@
SE105Cl1`05dos
esloo-5"/P95l`
-
1J-.
.1
\li...1.,_.._` /
i
Emtodo
opas,ocorreram
manifestaes
emtorno
dessetem
a.No
entanto,aideiade_a_tii'maodanacio_na_lidadeem
basesinilimresesbarravaem
obstculos b
ei'ta
deum
Brasilabandonado,comuiiiapgpulao
Consta,inclusive,quea
clebrefrase
"OBrasil
umim
ensolios|il'al,proferida
pelom
dicoM
iguelPereira,em1916,representou
urnareiio
adiscursos
queafirm
avamafora
dosertanejo
que,seconvocado,
farantiria.iintegridade
territorialepoliticado
pas(Lim
aeH
ocliman,1996).
(;`onsidei'iloinn
inarcodo
movim
entoSanitarista
daPrim
eiraR
epbli-ca,o
cliscui~soreportav.i-se
aoBrasildescrito
pelosrelatrios
dasexpedies
cientifirrasdo
InstitutoO
swaldo
Cruz,especialm
entea
dirigidaporBelisrio
PennaeArthurNeiva.M
osiravaum
aim
agemdas
regiesdo
interiorquese
Qpiiiil1ajL_exalt'aiida
natui'ezalhoii'iein
sertaneio,encontradanos
textosufanistas
iromnticos.lritensa
polmica
seseguiu
publicao
naim
prensaPereira.Q
sai'guin_e_1itosfavorveis
assinalavama
pre-sena
dasendem
ias,oabandono
doserteseanecessidade
deabordarra
'real-Os
criticosargum
entavamque
posiescom
oasdefendidas
porBelisrioPenna,A
rthurNeiva
eMiguelPereira
contribuampara
formarum
agerao
decticos
epessim
istas.D
oisanos
antes,0ainda
poucoconhecido
escritorpaulistaM
onteiroLo-
(1957e,pp.269~92)publicaraem
OEstado
deSoPaulodois,artigosem
ipe_pretendeu,apartirde
sua_ex2erinciacom
ofazendeiro
noiiitggm
i'deg_J
..
.-
f'
''
ao
sacu
oao
progiessodo
Brasil.Os
artigosVe//iap1a;a
el/1upcs,reuni-
dosno
seuprim
eirolivro
decontos
em1918,suscitar-am
intensapolm
icae
colocarainein
cenaum
dospersonagens
mais
conhecidosda
ficonacional,o
umcaipira
ou"_piraquaradoValedoParaba,segim
doexplicaodeLobato.
lCom
ooutros
estudosJaobservaram,oIeca
seriaposteriorm
enteolha-
docom
mais
indulgnciaporseu
criador,medida
queseintensificava
odebatesobre
asprecriascondies
desade
como
explicaopara
aapatiado
homem
dointerior(Skidm
ore,1976;CastroSantos,1987;Lim
aeHochm
an,1996).cam
panhapela
reforma
dasade
pblicaepelo
saneamento
dossertesrlcanou
repercussonzicional'_cc'aJaL`il5l'icao
deurna
seriede
artigosde,
Belisaiio.l
al
Co'1_'eoda[lJanhem
1917,reruiidosposteriorm
ente-
Ti_oTiVi'o5:mament~odoB1-asi!(1918).Tratava-sese5u1;ido_egpressodeMiguel
Co_uto(1917,p.13-7,apud
Britto,1995,p.23),presidenteda
Academia
Nacionald&'/Iedicirna,de
lanaruma
cruzadada
medicina
pelaptria;aom
dicocabia
sulistitriii'iiautoridadegovernam
ental,ausentena
n_i_a_i_gparte__doterrit_riona-cional.Nessa
cruzada,fazia-sesentira
c_;r`itligarqriiza___oRepblica,
eipccialmente
aoprincipio
daautonom
iaestadualem
unicipalqueiiiipdia
uma
=iSegiiiidolZd;ard
Cavallieiro(1955,p.19).essaspolinicas
tlescinpeiiliaramim
portantepapelna
consagraole
Mont
Lb
terro
oato.Destaca
oautor'o
discursode
RuiBarbosano
TeatroLrico
doRio
dejaneiro,em
queo
intelectualbaianoperguntou
se0pas"conheciaaquele
tipoderaaque,entre
asformadoras
denossanaciom-
1.
lilfl.SB|>fi'|:\elLiaaveizctarrlu
cocoras,incapaz.deevoluo
einipeiictrvelaoprogresso.
ltli
lvz flziitjtt. L
._',\...
i1:1'1,)
II:
zzL11.z-`_-_c.A..z-\
_J*^l1aulo,ietiatara
verdadeird?ace'docaboclo
5l"T51Tzeiro-~
adietivaglgporele
`_:oino
"aiollioda
terral,"parasita",quantidade1iegatH'a";emsum
a,oringi;
`P
~
~-._,(Si*r.sf
nocoordemda
emnivelfede
capazdePromoverocoiiil1aue_S,P-LemlsL
C1
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eendemiaseinelliorarascondiesdesauded
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dopas
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como
umdos
marcos
mais
significati-"
`.L
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1918em
se~vos
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daLiga
Pio-ban.anientodo
Biasilemfexeieiio
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SociedcleN
acionaldeA
gricultura.Aleitura
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lll sz.:-===s=.
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darappnasm
eiosol,ou
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alo-grado,o
solcoma
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luto.Deusnos
liaviadado
osbenefcios
dosoltropical.C
oinO
swaldo
Cruz
nosdeu
osda
cinciaque
ocorrige
(p.3111).
Entreos
mdicos
higienistas,mesm
oaps
oadvento
dabacteriologia,o
debatesobre
ainfluncia
doclim
ana
nosologiabrasileira
continuouintenso.
Nasprim
eirasdcadas
dosculo
XX,quandoganha
foraaidia
daraa
edoclim
acom
om
oinhosde
ventoaocultareinasverdadeiras
razesparaasdoen-
asqueassolavam
opas(Peixoto,1918),explicaes
climticascontinuamaser
apontadas,como
noexem
ploanteriorm
entecitado
dasobservaes
deCarlos
ChagasnaAm
aznia.Comovim
os,paraocientista,aquelaregioapresentava-
secheiade
surpresas,comum
apatologia
queescapava
aoconhecim
entoconso-
lidadosobre
vriasdoenas,devido
influnciadas
condiesclii'rih`cas.
l\li.iniafase
anterior,atraduo
dosprincpioshigienistas
parao
contex-to
brasileiro,atravs
daSociedade
deM
edicinado
Riode
Ianeiro,originouuina
espciede
"invenodos
problemas
mdico-sanitrios
dopais
combase
naavaliao
dasrelaes
entresociedade,natureza
edoenas
brasileiras(Ferreira,`l996,p.52).De
todaform
a,interessantepensarque
oBrasil,espe-
cialmente
ascidades
porturias,visto
nofim
dosculo
XIXcom
oum
pasm
arcadopordoenas
epidinicas,viveuboa
partedaquele
seculona
expecta-tiva
deque
chegassema
febream
arela,ocleraeapeste.A
primeira
epidemia
defebre
amarela
ocorreriaem
1849.Ataquela
data,muitos
mdicos
eintelec-tuais
discorriamsobre
ascondies
sanitriasfavorveis
dopas
(Hochm
an,op.cit.;Ferreira,idem
).Q
adventoda
bacteriologiareform
ulouos
termos
dodebate
soln;___g_Q_r'_izgem
dasdoenas,deslocandoa
inipoitiiciaatribuda,por
tantotenlpo,ao_
_l_1_na,,_namcleterijninaodeinm
er_a__l\losepode
falar,contudo,deum
aruptura
radicalcomrespeito
asexplicaes
denatureza
climtica,pois
essasno
apenascontinuavam
aorientardeterm
inadascontrovrsias,com
oassu-
miram
acondio
defatores
intervenientes.@
i;ep'_e_n_taesnegativas
danatureza
nose
resumem
aotem
adas
doenas.Anatureza
tropicalestpresente
nodebate
sobrea
viabilidadedo
pascorno
naode
vriasform
as,entreelas
aque
associaexuberncia
da11a_tiire_za
eiinprevidncia
dohom
embra;il';-riro.D
entreos
mais
expressivos,destaca-se
otexto
deR
uiBarbosa(1917),em
passagemalusiva
aserm
odo
padreAntnio
Vieira:
Dois
sculosemeio
vopassados,senhores;m
asonaturaldescuido
nossono
passou,nopassarain
"ospecados
doBrasil,no
seLhe
mudou
oclim
a.Eternamente
descuidad5`l.@lm
itesiii-dosatodos
osavisos...
Desleixo,imprevidncia,volubilidade.Noaprendem
osdopassado,no
Y"Aiinportiicia
daobservaodo
clim.1fic.ievidente.entreoutrostextos,nosrelatriosdas
viagenscientificas.Souza
Ara|.'io,porexem
plo,atribui);r.iiiiieiinpoiincia
aoesluplodacliiriatoltigiiindica.
.q
Ill..
'
/Y
`\.
__
Oseiindo,m
oinhode
vento_
L.I.a--foiteiiia
demUiiQs.tPxLQ.S_d.e_
nosincomodam
oscom
opresente,no
cogitainosdofuturo.Assim
vu-m
osvivendo
emedrando,com
ovive
em
edraznossa
natureza,despre-ocupada
nainconscincia
dascoisas
tp.319).
Tambmpiifa,_os_i11dicoshigienistasecientistas
dedicadossade
pblicano
Brasil,nasprim
eirasdcadas
dosculo
XX,odebate
sobreanatureza
nose
resume
iqL_iest_'i_clo_eii_a_s.Urnaforte
_a_queidentifica
uma
espciede
faseinterm
ediriaentrego
selvagmE
ol-civilizadg.Oprim
eiro,mais
prximo
natureza,teria
uma
vidam
aissaudvelelarm
oniosa;osegundo,queidentificam
comfreqnciaaocaboclo,revelaum
arelaopuram
entepredatriacom
anatu-reza,
almde
artefatosculturais
ecom
portamentos
sociaisque
indicariamim
previdncia.Issonaturalmente
trariaumim
pactosobreasadedessehomem
quedeixaraavida
selvagemmasnopoderia
serconsideradoumcivilizado.En-
treoutros
textos,orelatrioda
viagemde
BelisrioPenna
eArthurN
eiva(p.123)
refere-seem
mais
deurna
passagema
doenasque
apareceriam
medida
que"u1na
civilizaoatrasada
iriasubstituindoum
acondiosocialprim
itiva.
nafundamentawoliigieiiista.Toi-na-senecessriodiscernirduasquestesrelacio-
t.,J/Lc;,fz
/"1.4.'.,
v1..-I.
._-_';t
(-.
-
dadoena
muito
proxima
quelade
seuscolegas
norte-americanos
sobrea
transmisz`i
di
iet
vir'l
ti_
.so
eaoec
nn
oicincios
tmose.
No
casodesta
ltima
doena,ain
iasorigens
raciaisnoprocesso
detransm
issoeadoecim
entofoiproposta
duranteosculoXD(;contudo,noseesta-
beleceramilaes
tofortes
como
ocorreucom
afebre
amarela.O
conhecimento
mdico
dapoca
noapresentava
graum
nimo
deconsensosobre
suascausaseficava
dificilestabeleceratemesmo
odiagnstico.M
uitasvezes,identificava-se
adoena
porumdosseussintom
asmaiscaracterstico-
ageofagia,ouseja,ohbito
decom
erterra.Paraaquelesque
propuseramaexistncia
derun
agentepatognicoespecifico,refutando
explicaesclim
ticas,raciolgicasou
comportam
entais,adem
onstraoda
existnciade
umparasito
intestinalcomo
causada
doenaspo-dia
serfeita,napoca,valendo-se
deautpsias,que
geralmente
seram
admitidas
sefossemutilizados
cadveresdeescravosou
deindigentes.
(_)_s_mdicos
higienistasque
aderiram
campanha
dosaneam
entoru-
ralemfins
doano
de1910
reftitaraniwas'relaes'entreas
doenascujo
com-
batepriorizavam
-m
alria,ancilostomose
edoena
deChagas
-e
a__Q_rj-irem
racialdapopulao.Enfaticam
enteargum
entavamque
todospoderi-
aicontrair
adoena,que
norespeitava
limites
deraa
oucondio
soci-al.Um
deseus
mais
ativosm
ilitantesafirm
avaque
oestrangeiro
noBrasil
eranacionalizado
porforada
doenae,se
otrabalhadornacionalseguisse
ospreceitos
dehigiene,
apresentariaa
mesm
avitalidade
falsamente
atri-buida
aoestrangeiro
como
uma
condionatural
(Penna,1918).
Estardoente
ousersaudvelno
eradom
danatureza.
liteiatiira
sobreo
tema
indicaque
dificilmente
sepoderia
falarde_
pensamento
social'brisileii'oe
dapresena
dodisursoliigienistagsetl-_
terncia
noode
raana
elaboraode
interpretaesSQbJeo_l?u:asil,.3
liasde
iiifei*iorida_de-racialconipem'um
quadroexplicativo
sobreo
pas.T,specialm
entena
segundam
etadedo
sculoXIX,v-se
aexpressiva
influ-ncia,
entreas
elitespoliticas
eintelectuais,
dasteorias
europiassobre
inferioridaderacial.Para
algunsintelectuais,os
obstculosrepresentados
pelabase
racialeram
insuperveis.Sob
ainfluncia
detericos
como
Gobineau,Ag.:-issiz
eLeBon,apontavam
umprogram
aintenso
deim
igra-o
como
nicasaida
favorvel.Dentre
asdiversas
correntes,destacavam-
seosque
afirmavam
uma
sadam
aisotim
ista,encontrando-anum
proces-so
p_i1Qgi'essivodebranqueam
entodo
Bm,i]_,Emquaisquerdessasverses,
possivelidentificarcom
odiagnstico
comum
aqueleque
viao
principal
Istono
sigiiiticadizerque
estivessemausentesdiscusses
sobreabaseracialde
algumas
doenasem
esmo
preriiiiceiiosraciais
nndiscusso
sobreos
focosde
origemdas
epidemias.Durantenepidem
iade
gripeespa-
nhola.porexviiiplo.l.P.Fontenelle
(1919,p.46)discutiaa
verdadeiraorigem
geogrficada
doenae,ao
atribui-IiiaAsia,chegavaaairni:ii^'"l\`ada
debom
nosvein
duOriente."
'ICoiifcrirnalivro
organizadopor.\/larciis
Choi'Maio
eRicardoVenturaSantos(1996)viso
abrangente,apartirde
diiereiitesperspectivas
sobre:icentralidade
daquesto
racialnoperisainentrisocialbrasileiro.A
respeitodas
i-el.i;(vi:~entrequesto
incialuiiistiluies
cientficas,de18'/'U
a1930,vero
traballiode
LiliaM
.Scliwarcz
(1993).
1l~l
`/
Y"
HF
"`L
.`_V^\
~\.
za'
"*f._if`
problema
danacionalidade
nopovo,que,no
liinite,deveriasubstitudo
(Skidmore,1976;C
arvalho,1994;Lim
ae
Hochm
an,1996).l.ntre
osintelectuais
queaderem
cam
panhapelo
saneamento
dosser-
tesno
fii1al__de_1910,adespeito
depersistirem
esteretipose
afirmaes
emque
apiifeceinidias
associadasa
diferenasraciais,pode_-_se_z_ifirmaro
clarop1'edom
iniodeum
discursoquereftava_aatribuio
deinferioridadetnica
*polpiilao
brasileira.Oprprio
recursonoo
deraa
revelam
uitaim
preci-so,em
uitasvezes
oterm
oparece
indicaroconjunto
dopovo
brasileiro,ob-
do_litoral,pormeio
depolticas
desadeeeducao,representaria
uma
alter-nati_v_a____para0
pais.Ogrande
problema
encontrava-senas
doenase
asoluo
era_p9S,X21.co1iiosi-eiirsoslldlacincia.
_"OitQ__tgrn3_o__in_Liito_prestmteno
debatesobre_aquesto
racialdesdeo
fimde
1910_e_odaeugenia,ent_en_dicl1com
ooapriinoi'a1ne1ito
dasnovasgeraes.O.
-----r
..
.1-
Y*
`-'
J-,1--'~""debate
sobredeterm
inismo
racialconfunde-se,noseculo
XX,comate
ma
da
'4
eugenia,aindaque
taisideias
apresentemdiferenas.N
ancyStepan
(1991)ob-_
-1'i`
_`
,.
.c
Yserva
que,nos
paiseslatino-am
ericanos,verificou-se
aadoao
deteses
.i_`l__l
eaW.'
x..1
-ci.
Il
ti
neolamarkistas,com
nfaseem
variveisam
bientais,eomenorpeso
atribuidoao
determinism
oracial
Afrase
quem
elhorsintetizaessa
visoado
mdico
peruanoEnrique
PazSoldn:"Eugenizarsanear(1919,pp.95-6).Ele
referia-se
necessidadede
povoaraAmerica
comsuasprprias
raas,selecionando-asporm
eioda
salubridadeeda
lutacontra
asendemias
eosvcios.-1*
servadode
umponto
devista
biolgico.Aintegrao
dossertes
civilizao,tou-`.i'{,,,zz
Nagecada
de1920
e,principalmente,na
de1930,percebe-se
apresenado
'V_,
_.
`
`i~J./|.'J-'\-
quetem
sidodenom
inadoeugeiiia
negativa,centradano
controlesobre
casa;1_i_entosena
propostade
esterilizaaodos
"de_@nerados".,\l,Q-sobrasileiro,0
.\,;i;c.prgiriicipallpoi-ta-vozdessaposioom
dicoRenatoKehljpublicistaincansvel
z-
..,
..
-.
1'2~^/""das
tesesde
casamentos
mdeseiaveis
eda
necessidadedo
estabelecimento
de'-'
.cotas
raciaisde
imigrao.Noano
de1930,fez-se
sentirainflunciado
pensa-ingiito
eugenistagerm
nicoenorte-am
ericano.Aadoo
deum
aleirestritiva
im
igrao,combase
emcritrios
raciais,em1924,nos
EstadosUnidos,provo-
couintenso
debatenosmeiosintelectuaisepolticoslatino-am
ericanos.[H
OestudodeNancyStepan(op.cit.),um
adasprincipaisfontessobreotema,
estabelececorrelao
positivaentre
aadoode
teoriasneolamarkistas
eapriori-dade
atribuidaafatores
ainbientais.No
entanto,cornodem
onstraotrabalho
des-sa
autora,nopossvelestabelecerrelao
direaentre
aaceitao
dateoria
mendeliam
deliereditariedadeeadefesadeteseseugenistasradicais,comoasde
outroscientistasbrasileiros,RoquettePintoeO
ctavioDomingues
'JManoelBonfim
eAlberto'I'orresforamdoisautoresque,noinciodosculoXX,representaram
posiodissoniiitfrz
_.
._
,,.
.
.-
-i
dessetom
fatzilistae
decondennao
danacionalidade
pelascaracteristicas
etriicasdo
povobrasileiro.Am
bosenfatizaram
dimensesciiltiirriisepoliticasdopassadonacionaledeorganizaoda
sociedade.'Tambmaponta-
ramalteiruitivzisparaopais:nocasoiieAlberto
'torres(1982,1933),nrevisodopiincpiofedci-alista
eoincentivopequena
propriedadem
rril,edeM
anuelBonfim(1993),um
amplo
projetoeducacional.
"Tambm
noM
xico,acriticaiinoo
dainferioridiide
racialdosm
exicanosencontrouexpressoporinterm
-dio
deintelectuais
deformao
mdica,com
oocaso
deJosVasconcelosesua
defesade
uma
raacsmica
edo
idealdam
e-stiagem.
115
-
opuseram--seenfaticam
enteaelas,aom
esmo
tempo
emque
defendiamedivul-
gavama
concepom
endeiianasobre
hereditariedade.Dom
ingues,profes-sordo
InstitutoAgrcola
dePiracicaba,apelava
para0
conceitom
endelianode
hibridizaonorm
alesaudvel,eRoquettePinto
(1927)afirmava
quetodas
asraaspoderiam
desenvolverpadreseugnicos
eque,cientificamente,no
havianenhum
fundamento
emrestringiram
iscigenaoracial.
Asposies
nodebate
sobreraa
nopodem
serexplicadasapenas
comreferncia
steoriasde
hereditariedade.Toma-se
importante
perceberasvriasleituras
queessasteorias
tiveramno
Brasilesuasrelaescomim
portantesobras
clopensam
entosocialbrasileiro.Assim
,nocaso
deRoquette
Pinto,adefesa
deum
aseparao
entreeugenia
ehigieneno
levavaa
posiessem
elhantessde
RenatoKhel.Para
oautorde
ltozidma,ascontribuies
deEuclides
d_aCunha
eespecialm
ente,dAlbei'toTorres,desem
penliai-ampapelrelevante
nasua
ela-zl55ii'1'io`a'respeito
doscam
inhospara
anacionaliladebrasileira.
Os
debatesno
Primeiro
CongressoBrasileiro
deEugenia,realizado
em1929,so
indicativosdas
posiesque
dividiamos
intelectuaisbrasileiros.A
maiorpolm
icagirou
emtorno
doestabelecim
entode
cotasde
imigrao
parapovos
no~europeus,resultando
emvotao
emduas
etapas.N
aprim
eira,decidiu-se
sobrea
entradade
no-europeuse,na
segunda,especificaiiiite,sobre
avinda
denegros.l\lessa
segundavotao,uniram
-secontra
aimigrao
/vzevedoAm
aral,OscarFontenellee
opresidenteda
Academia
NacionaldeM
edicina,MiguelCouto.Q
pondo-seacritrios
restritivos
imigrao
basea-dosgern
ritriosraciais,estavain
RoquettePinto,presidente
docongresso,
ernandodeM
agalhes,oa3_tr_o_p_l_ogo_FresdaFonseca,Belisrio
Pennaeo
fisiologistaM
iguelOsrio.C
omo
enfaticamente
argumentou
Fresda
Fonse-ca,eles
noacreditavam
queeugenizaro
povobrasileiro
fosseum
aquesto
racial(Stepan,op.cit.,p.162).N
ohavia
nosm
eiosintelectuais
enocirculo
mais
restritoda
elitem
di-ca
doperiodo
consensoarespeito
questoracial.Percebe-se,no
entanto,des-de
finsda
dcadade
`i'91(l,maiornfase
atribudaaspossibilidades
deconstru-
oda
nacionalidadeno
lflmsil,contando
comsua
basetnica,e
aspolticas
paraasareas
deeducao
esade(Sl
-
/z/
J;, \_.
nistaBelisrio
Penna,oindico
eantropAlogo_l2_oq11e_tteP_into,oeducadorCar-
nei_r9___l__._edeoescrit'r'l\zionteroLobato.Ostrsprimeirosintelectuaispublica-
ramartigos
eparticiparam
intensamente
doperidico
oficialdaLiga
Pr-Sa-neam
entodo
Brasil,arevista
5azo'e.Monteiro
Lobatono
erapresena
tofreqente
narevista,m
aspublicarana
mesmapocaProblem
aVita./reunindo
osartigos
escritospara
OEstado
deSoPaulo
emtorno
datem
ticado
sane-am
entorural.Neste
captulo,preocupei-me
centralmente
coma
participaodeBel'
'__ennaeRoquettePinto,considerandoseupapelna
divulgaodg
41.=1ar1oP_-__
______
-,
t_1_maimagem
dossertes
bastanteinfluenciada
pelom
ovimento*sanitarista
da
--r'^~V
tz,Prim
eiraRe
blica.'
Oeditorialde
Sade(vil,n.2,1918,p.82)enuncia
oprogram
anaciona-
listaque
orientavao
movim
ento,assimcom
oacentua
aidiade
serumperi-
dicode
higieneeassuntos
econmicos
esociais.nessa
moldura
quedeve
serentendida
areferncia
freqenteaos
sertesbrasileiros:
No
osaneam
entoruralo
nicoponto
denosso
programa.Crem
osque
seest
abrindoum
anova
etapade
organizaogenuinam
entena-
cionalpara
nossaptria,ao
mesm
otem
poque
seest
definindoseu
va-lordentro
docontexto
internacional,trabalhamos
pararevelara
consci-ncia
doque
somos,os
males
curveisque
temos
enossas
virtudesj
consolidadase
fecundas.
Asteseshigienistas
participavamde
umdebate
sobreos
rumos
aseremseguidos
pelopas./\`referncias
constantesa
Euclidesda
Cunhae,especial-
mente,a
AlbertoTorres,tm
umsentido
quem
ereceserexam
inado.Ainda
quenem
sempre
deform
aexplcita,em
artigosdem
portantespublicistasdo
saneamento,as
idiasdos
doisintelectuais
soacentuadas
como
alternativapara
sepensaranacionalidade
eadotarprojetosde
organizaosocial.Ostex-
'fosde
BelisrioPenna,C
arneiroLeo
eRoquettePinto
contminm
erasevi-
dnciassobre
aim
portnciade
talcontribuio.As
alusesobra
deEuclides
daCunha
dizemrespeito
auma
tomada
deconscincia
diantedos
desafiosrepresentados
pelaacentuada
distnciaque
sj5a_i-tivaosbrasileirosdasdiferentesregiesgeogrficas.Qualificando
otema
euclidizfnodo
isolamento
dosertanejocom
oalild_cn_opretendia-secham
araateno
paraa
responsabilidadepolitica
deintegrao
dohom
emdo
interior.Ao
mesm
otem
po,aidia
deque
nossertes
encontrava-sea
rochaviva
danacionalidade"
(Cunha,1966),eque
osertanejo
tambm
tinhaalgo
aensinar
aspopulaesdo
litoral,influenciouostextos
elaboradosem
tornoda
campa-
nhado
saneamento.
[zeA
lbertoTorres
retm-se
particularmente
acrtica
idia
dainferioridade
tnicado
povobrasileiro
eaindicaode
causasfsicas,sociaise
"'U
mestudo
tlesseperidico
foirealizadoem
artigoelaborado
emcolaborao
comN
araBrito.
VerLim
aE
Brito.111%
l`l.H
_L-_-;-.z
.z;~.~~'.z.u.=-.z.\...zM
..e.z.z..-_z...-.......,-.-.\..._.,.-,.__.-..._..._.....,.____._
/.Jj. v1_/1
_/\Q.
^fz
1.3."_".,__
`...>~I-_
n"
f..t-fIi\. V... 1'.JirU
_quanto
aabordagemda
questaoracial,espe..
cialmcnte
comanfasenosproblem
asdegenerativosqueam
estiagempode-
nacausar,Tog(1933,pp.58-65)
tendea
valorizarasinfluncias
dom
eioe
doanibieiitesocial,aspossibilidades
dasraas
autctones,eaquestionaroproprio
estatutocientfico
doconceito
deraa.
'Opttiosvteniasim
portantes,retomadosporBelisrio
Pennaem
Saneamento
dOBHIS,consistem
nacrtica
iniitauodem
odelospoltico-administrativos
C0n_1Q~_ofederalismo
daCarta
Constitucionalde1891
ena
ausnciade
urnapolitica
agrcolaque
favorecesseo
pequenoproprietrio
rural.l\loque
dizres-
peitoaosensaios
interpretativossobre
oBrasil,ainda
quesem
revelaramesm
aelaborao,ostextos
deBelisrio
Pennaede
outrosintelectuais
reportavam-se
aargum
entosem
elhantea
doautorde
Ovzp_131ema11ac1'ona1b1'as1`1e1`'o.Viam-
ros,dessa
forma,
como
resultadode
apropriaoacritica
depostulados
mferidos
davida
edaevoluo
depovos
deexistncia
multisseculare
deseu
progressivodesenvolvim
entoem
regiesdensamente
povoadas,sobaodos
fatoresordinrios
daform
aoe
desenvolvimento
dasvelhas
sociedadeseci-
vilizaes(p.40).A
procurade
umprincpio
deorganizao
esolidariedadepara
asocie-
dadebrasileirafezcom
queBelisrio
Penna(1918)eCarneiro
Leo(1918)reto-
1nass'ei_nVoargum
entode
AlbertoTorres
sobreo
papeldaescravido
nahist-
riabrasileira.Trata-se
doelogio
propriedaderuraleao
tipode
solidariedadeporela
fundada,`a`lgoque
guardacerta
semelhana
comaidia
desolidarieda-
declnica
propostaporO
liveiraVianna
(1987).ParaA_lbe_rtoTorres
(op.cit.,p.67l:Socialeeconom
icamente,aescravido
deu:iTs:porlongos
anos,todoo
esforoetoda
aordemque
entopossuam
os,efundoutoda
aproduosocial
queainda
temos.
Aesse
argumento,som
ava-seo
fatode
seatribuiraos
contatosda
vidaurbana
como
campo,"
interpenetraoda
civilizao(idem
,p.67)ares-
ponsabilidadepela
dissoluosocial.C
ompararo
textode
Alberto
Torrescom
Ode
BelisrioPenna
podeserinteressante
como
evidnciada
tradiointelectuala
quese
filiavaa
campanha
dosaneam
ento.ParaA
lbertoTorres
(ibidem),
Aspraias,os
portos,asfronteiras,as
cidades
beira-mar
ecosm
opoli-tas,os
povoadosa
margem
dasgrandes
viasde
comunicao
--poiso
dem
arujos,deaventureiros
edeviajantes
emjornadas
deam
bio,eem
frias,pelom
enos,dadisciplina
socia
l-so,emtoda
parte,zonasm
is-tas
dedifuso
edesagregaosocial,areas
deinvaso
decostum
esfceis
edeperverso
doscaracteres.(p.68).
Dam
esma
forma,para
BelisrioPenna
(1919,p.225):
17''
_
'.
..
.Am
am''ff>
(1933P~53)fum
quea
raae,detodososelementosda
nacionalidade,talvezumenosruivo.
119
-
1fiiijl4;"'*i"'"'ll
Nossasindstrias,salvo
rarasexcees,so
fbricasde
extenuaodos
campos;deendem
iasurbanas(tuberculose,sfilis)do
perigosocongesti-onam
entodascidades;dasenferm
idadesprpriasdaaglom
erao,don-de
oarest
viciado,oasseio
clescuidado,aalim
entao
deficienteou
inaclequada....;de
vciosderivados
destascircunstncias
(alcoolismo,
prostituioe
imoralidade).
Tendoo
mesm
otom
dominante
emvrias
publicaesdo
movim
entoSanitarista,
o_r_t_u;a_l_i:;_ii1c'
deAlberto
Torrese
BelisrioPenna
nopode
servistq,ent1'etaiito,com
oponto
consensualentreos
intelectuaisque
participa-ram
dacanipaiiliafTrata\'a-s_A_l_Npepsarziincorporao
dasreas
ruraisa
ump_roje'to_c_ivilif1.atiiiifqiialificado
como
autnticopornossos
intelectuais."l`al`v''z,4'm
aisim
portantea
retersejaa
contestaoao
quese
viacom
ocivi-
lizaoartificial,que
levouo
socilogoG
uerreiroRam
os,porexemplo,em
suacrtica
dasociologia
brasileira,adestacaro
papelpositivodo
quecha-
mou
deespirito
euciidano,cujas
origensrem
ontariama
SlvioR
omero,e
estariapresente
emintelectuais
como
Alberto
TorreseO
liveiraVianna.Para
osocilogo
baiano.tratava-sede
proporuma
forma
autnoma
depensam
entosocial,que
lessecriticam
enteas
contribuiesdas
teoriasestrangeiras.Em
oposioa
essatendncia
teriamos
oque
Guerreiro
Ramos
(1995)chamou
"sociologiaconsular.
Nose
tratade
pensarosintelectuaisque
participaramda
campanha
dosaneam
entocom
om
erosdivulgadores
deteses
comraizes
mais
profundasno
pensamento
socialbrasileiro.Creio
queisso
tenhaficado
clarona
refernciaque
Gilberto
Freyrefaz
sobrea
importncia
danoo
dadoena
generalizadana
imagem
sobreos
cafuzosem
ulatosbrasileiros.As
idiasque
mobilizaram
,do
sertoenquanto
patologia,abandonoeessncia
danacionalidade
nopo-
demtam
bmserexplicadas
porumm
odelom
onocausal.Vimos,assim,ain-
flunciadas
teseshigienistas
nareinterpretao
danatureza
edo
homem
,ea
influnciade
autoresim
portantesna
tradiodo
pensamento
socialbrasileiro.Porfim
,gostariade
ressaltarqueintelectuais
como
BelisrioPenna
eRoquettePinto
sempre
fizeramquesto
deassinalarqueno
eraminform
antesde
oitivae
quetravaram
contatodireto
coma1'`-:ali:l,1_cig_ti'ieja.
Edifcil
avaliarat
queponto
asviagens
influenciarama
composio
dessaim
agemsobre
ossertes.De
todaform
a,ofato
deserem
mencionadas
como
aspectoim
portante,pornossosintelectuais,no
deveserdesprezada
ouvista
como
mera
figurade
retrica.com
ose
elessecolocassemna
posiode
etnoinafos,capazes
deobservara
vidados
sertes,comum
ainterferncia,no
mnim
o,atenuada,desuas
leiturase
deseus
valorese
sentimentos
prvios.Vejam
oscomo
cadaum
refletiusobre
essaexperinciade
contatocom
areali-dade
nacional,comossertesbrasileiros.
Sobre
oi'ur.1lisiuunu|1vn~.nm
-iilu-ncialluuisileiro,verntesede
EduardoGom
es(1980)
4.4.1.Om
dicocom
oetngrafo:Belisrio
Pennaeaconstrucao
da:imagem
doserto
como
patologiaeessnciada
vidanacional
Ostextosde
relatrios,osartigospublicados
naim
prensae
asimagens
fotogrficasque
registraramasviagens
cientificasdo
InstitutoO
swaldo
Cruz
nosfalamda
experinciade
"contatocom
aspopulaesdointerior.Falam
-nos
deposies
queoscilam
eiitrdistnciafsica
esociale
proximidade
el\7[inha
observaolilireesses
cientistasos
aproxima
deetngrafos,no
senticloatribudo
porIames
Clifford
(1988,p.9).Evidente-
mente,nosetrata
daprtica
acadmicaconsagrada
pelosantroplogos,mas
deum
aconcepo
abrangentede
etnografia,quea
entendecom
opossibili-
dadede
pensareescreversobre
cultura(s)apartirdeobservao
participan-te.
SegundoC
lifford,o
processode
construodo
objetode
estudodo
etngrafo,ao
mesm
otem
po,oprocessode
construode
suaprpria
iden-tidade,de
seuself.R
eportando-se
experinciade
l\/lalinowski.c
estabele-cendo
comparaes
entreesse
antroplogoeo
escritorJosephC
onrad,oau-
torchama
aateno
paraas
ambivalncias
darelao
entreo
etngrafoe
associedades
queestuda,m
uitasvezes
ocultadaspelos
textoscientficos
jfi-
nalizados,emque
taistenses
aparecemcom
freqnciaestilizadas
eapenasaparentem
enteresolvidas,porm
eiode
umprocesso
narrativoaltam
entese-
letivo.Adescoberta
dodirio
decam
pode
Malinow
skipermite
uma
outraleitura
daexperincia
docontato
entreoantroplogo
eostrobriandesesque,
seno
oposta,
abrepossibilidades
distintasda
que
oferecidaem
.-irgonazrms.As
ambivalncias
naviso
sobrea
sociedadepesquisada
ea
irritaodiante
dosinfonnantes
queno
queriamcooperarcom
apesquisaaparecem
deform
am
uitom
aisclara.C
lifford(p.10)observa
quea
identida-de,considerada
deum
aperspectiva
etnogrfica,sem
prerelacionale
in-ventiva.
Talobservao,
trazidapara
aanlise
dopapeldo
mdico
como
etngrafo,permite
uma
visom
aisprocessuale,am
euver,m
aisrica,sobre
zzim
portnciadas
viagense
docontato
comas
populaesdo
interiornaela-
boraode
uma
interpretaodo
Brasil.U
ma
hiptesepossvele
coerentecom
todaum
atradio
deestudos
sociolgicossobre
intelectuais,paraexplicaranfase
decientistas
emdicos
higienistasnas
populaesdo
interior,consisteemwassoci-la
aos_interessesd_e__Qp_stit'Lii1'_u1ncam
poespecifico
deinvesti_da`cesfavorecido
pelosinstitu-
tosde
pesquisa,eqiiedizr_e_sp_eito
schamadas
doenastropicais.C
ertamen-
te,'pesquisasnessaai'a'pe1n1itii'an'iaafirmao
dem
dicosbrasileiros,almdo
que,adescoberta
depatologias
especficascom
oa
dpipde
Chagasfoi
consideradam
arcode
consagraoda
medicina
nacional,durante
0trans-
cursode
1910.Um
crticocontem
porneodos
cientistasdo
InstitutoO
swaldo
Cruzafirm
ava,inclusive,que"as
viagensao
interiorapenasserviam
paraestreis
exercciosde
taxinomia
epara
satisfazera
vaidadee
asam
biespessoais
dos'sbiosde
Manguinhos(Peixoto,1938).Ainda
emfavordessa
tese,poderiaserdito
queo
vnculoainstitutos
diepesquisaera
muitas-Vvezes
..z
`121
-
J_\1"
i.
L
i
zAt\i.z
utilizadocom
ocredencialnos
annciosde
diversosservios
oferecidospelos
cientistas,especialmente
peloshigienistas.Dessa
forma,os
peridicosm
di-cos
ejornais
dagrande
imprensa
traziamanncios
delaboratrios
dirigidosporparticipantes
dacainpanlia
dosaneam
ento,novosm
edicamentos
reco-inendados
ep_rojet__os
desaneam
entopara
fazendas.Na
verdade,oque
istoatesta
ea
progi'essivaconstituio
deum
mercado
paraos
conhecimentos
eprticas
relativasiisade
pblica.N
oentanto,essa
perspectiva
pordemais
simplificadora
ese,emparte,
podeexplicaro
interessepelas
regiesdo
interior,poucoesclarece
sobreacons-
truode
uma
interpretaoda
sociedadebrasileiraque,com
ovim
os,tem_r_azesnum
atradio
dopensam
entosocialvoltada
paraa
idiade
autenticidadeda
experincianacional,da
representaodo
Brasilcomo
sociedadenova,distin-
tada
matriz
europia,enocontato
comaspopulaes
dointeriorporm
eiodas
viagensaque
me
referinosegundo
capitulo.Com
ooutros
estudosjobserva-
ram,o
tema
daidentidade
dosintelectuaisnopode
serresumido
aseusinte-resses
enquantocategoria
socialespecficae,m
esmo
esses,nopodem
serde-finidos
comclareza
aprioristicamente,sendo
tambm
passveisde
invenosocial(Pcault,1990;Resende
deC
arvalho,1991;Santos,1978).Desnecesszirio
tambm
dizerque,entreos
intelectuaism
obilizadosem
tornoda
campanha
dosaneam
ento,hntidas
diferenasquanto
imagem
doho`1in`do"in'te1'iore
defesa
dosaneam
entodos
sertes.Alguns,com
oe
ocaso
deC
arlosChagas
ede
Monteiro
Lobato(1957d),afirm
aram,j
nofinaldo
anode
1910,especialmente
sobo
impacto
dareform
asanitria
deSo
Paulo,empreendida
porArthurNeiva,quetalvez
fosseum
aquim
erasanearos
longnquossertes,m
asm
uitoera
possvelfazernaperiferia
dascidades.
Dadasua
importncia
nadivulgao
dasidiasda
campanha
dosanea-
mento,tanto
empublicaes
mais
elaboradas,como
empropaganda
entrepro-
prietriosrurais
eem
atividadesde
educaosanitria
realizadasnos
postosde
pr_o_filz_i35iarural,aatuao
deBelisrio
Pennam
erecealguns
comentrios,
aidaque
suciiitois.Como
observouLuiz
Antniode
CastroSantos
(1985),ohigienista
eraum
afigura
mpar
ea
campanha
dosaneam
entono
possuam
uitosbelisrios.Talvez,elesejaafigura
maisexpressivadafasecarismticado
movim
ento,antesquefossem
criadasasprimeirasagnciasestatais,influen-
ciadaspelo
ideriom
obilizadopela
campanha.
Conta-secom
pouqussimas
fontesbiogrficas
sobreo
higienista.Emgeral,acentuam
oam
bientearistocrtico
dacasa
deseu
pai,ovisconde
deC
aranda,em
Barbacena."Aps
osprim
eirosestudos
eo
cursosecundrio,
realizadosemSoIoo
DelReieBarbacena,ingressounaFaculdadedeM
edi-
"'Nolia
uma
bonbiogi-afia
deBelisrio
Penna.Aelaborada
porAlbertoDiniz
apresentam
uitaslaciuias
eescrita
notradicionaltom
Iaudaiorio.Recorritambm
aode
oiinentode
suafilha
Maria
Penim,restado
aP
ziniin
riaoutro-icsuisadorus,em
1990,eafontes
doArtuivo
BelisrioPenna,naCasa
deOswaldo
Cruz.i
1'"'O
viscondede
Carandaiocupouucargo
deprefeito
deBarbacenaem
maisde
umperodo.O
ambiente
aristo-r."itii'o
~iiluxoem
quevivia
nfamilia
acentuadoporseu
primo
ebigrafoAlberto
Diniz(1948).
Yi
i._..
,.
'
-
z..jvlli's1l.
tzI-\.~_.\
Emcarta
aMonteiro
Lobato,provavelmente
escritaein
1928,BelisrioPenna
reiterasua
crticaaspossibilidades
derealizarum
trabalhorelevantena
principalagnciade
sadedo
Estado,oDepartam
entoNacionalde
SadePblica
eleque
foraum
dosprincipais
militantes
dosaneam
entoe
defensor1
dacentralizaao
dasaoes
sanitrias:
I-lseis
anosabandoneioservio
pblicoe
traballioparticularm
entecom
resultadoscentuplicados
aosque
obtinhaoficialm
ente,despendendo
menor
esforo.Ainda
agora,diretamente
comprefeitos,
fazendeirose
industriasde
Pernambuco,conseguia
realizaode
serviosde
sanea-m
entode
cidades,fazendasefbricas,quea
repartiode
higieneoficial
noobtivera.O
mesm
oj
conseguirano
Parane
emM
inas.
Sigoagora,cham
adopelo
governodo
Rio
Grande
doSul,onde
voucom
ampla
autonomia,organizaroservio
dehigiene
doestado
ecriaraEsco-
lade
ProJa
andae
Educao
Sanitariana
Escolaeno
Larseum
dolano
lV
.
.z
.que
apresenteia1"Confernciade
EducaoN
acional...(ArquivoBelisario
Penna,Casade
Osw
aldoCruz).
Oobjetivo
principaldacarta
consistianum
pedidoa
Monteiro
Lobatopara
queeste
intermediasse
aindicaode
seunom
eaH
enryFord,com
quemo
governodo
Parhavia
assinadocontrato
visanclocultivar
aseringueira
eexploraraborracha,para
quedirigisse
ostrabalhosde
saneamento
naregio
aserexplorada.O
utrodado
significativoconsiste
napresidncia
doRio
Grande
doSulserocupada
naquelem
omento
porGetulio
Vargas.A
cartacontm
aindaum
asntese
datrajetria
profissionaldeBelisrio
Penna,quecom
eacom
oconcurso
paraa
Diretoria
Geralde
SadePblica,
ressaltasua
atuaona
erradicaoda
febream
arelano
Riode
Janeiroe
emBelm
,a
participaonas
misses
cientficasdo
InstitutoO
swaldo
Cruz
ea
intensaatividade
depublicista
daeducao
sanitria.Ohigienista
destacaain-
dao
papeldeM
onteiroLobato,com
apublicao
dosartigos
deProblem
aVital,na
ampla
repercussodeseuSaneam
entodo
5'ras1'1.Um
fatosignificativo
aqueacarta,porm
otivoscom
precnsveis,nose
refere,eiaade_sic_l_\B_elis1'ioPennaap
mpvim
entot_ep_entista
esuapriso,em
1924,duranteo
governotu::nia1:es,_fa`p's'aftigoel-cgioso
aatuao
delsidoro
Lopes.Emagosto
daqueleano,eleseria
exoneradodo
serviopblico,
situaoque
permaneceria
semsoluo
at,pelom
enos,1926.Suaadesoao
movim
entorevolpion_riole_1_93_Q_foi_Mt_a_ml_9_mim
ediata,comoatestam
ascar~tasabertas
diriidassForasArm
adas,aosmineiros
eaLuiz.CarlosPrestes.Pos_sivelmente,seufortenacionalism
oeastendnciasautoritriastomarcantesentre
oshigienistasfizeram
comqueele,senielliiia
detaiitosoutrosintelec-
tuais,aderisseao
integralismo,ltim
om
ovimento
polticodo
qualparticipou.A
fastadoda
cenapblica,comprouumafazendana
regiodoValedoParaba,
noEstado
doRio
deJaneiro,ondemorreu
em1939.
124
Uma
dasfrasesque
considereimais
opoitunaspara
sintetizaratrajetriade
BelisrioPenna
constada
correspondnciaentre
eleeOsw
aldoAranha.Em
cartade1929,apropsito
doltim
otraballio
doliigienista,O
swaldoAranha
observateraim
pressode
umapstolo
quese
transformara
emcaudilho,Diz:
aindaterdescoberto
0hom
emsob
ohigienista,apesarde
seassustarum
pou-co
comavigorosa
retricaporele
utilizada(ZO
mar.1929,Arquivo
BelisrioPenna,Casa
deO
swaldo
Cruz).
'Entre
suasm
emiias,Pedro
Nava
registraaspalestras
dohigienista
enzcinem
asde
BeloH
orizonte.Aim
agemdo
pregadortambm
sedestaca
nanai-~
rativado
mdico
eescritormineiro.Afinal,Belisrio
Pennarecorria
fortemenz
team
etforasreligiosas,chegando
aapresentarOsw
aldoC
ruzcom
oo
Cristc
dareligio
dosaneam
ento,dequem
naturalmente
secolocavacom
oapstolc
(Penna,'l9l8a,s.p).Emque
essaposiopode
sercomparada
adeum
etngrafo?N
uma
primeira
apreciao,pareceextrem
amente
dificilfaz-lo,dadatoda
uma
trajetriaem
quearelaocomaspopulaes
locais,nasvriascidadesepovoados
porquepassou
emsua
atuao,emviagens
cientficasou
emm
is-Ses
desaneam
ento,pareceto
distanteem
ediadaporpreconceitos
toagu~
dos.Afinal,eleafirm
ano
relatrioda
suaprincipalviagem
cientfica:opovo
erapobrissim
oem
folclore"0
vivia
margem
dacivilizao;o
sertoera
falsarnenteapresentado
como
Cana.Mas
aleiturado
prpriorelatrio,com
oade
outrostextos,revela
aimportncia
docontato
como
'outro',representado
pelohom
emdos
sertes,dointeriordo
Brasil.Imagens
mais
nuanadassobre
aorganizao
social,oshbitosealinguagem
localfazemparte
dodiscurso
queseconstridesseencontro
propicadopelasm
issesaointerior.A
leiturade
Satde,ondea
lideranade
BelisrioPenna
eraincontest-
vel,contribuiparaa
conclusodesse
argumento
epara
melhor
qualificara
idiade
encontroentre
litoral_esertoque
serevelavaem
muitos
textos.Umdos
artigospublicados
'p'articula1'1nenteexpressivo:trata-se
dedescrio
devisita
empresa
agroindustrialcriadaporD
elmiro
Gouveia
noserto
deA
la'goas.Aps
relataroaproveitamento
dopotencialhidreltrico
dacachoeira
dePaulo
Afonso,descrevearea
decultivo
dealgodo,as
instalaesda
fbricade
linhase
davila
operria,oautor
chama
a`atenopara
oque
viacom
oprincipalcaracterstica
doproprieta
rio:serum
"caboclogenuno,
emque
haviamse
reunidoas
qualidadesdo
sertanejosocializao
econhecim
entopropiciados
pelacivilizao
dolitoral(Cavalcanti,1918).Tratava-se,assim
,deaproveitaras"virtudesnacionaisrepresentadaspelo
sertanejo.Afigura
mo-
dernade
empresrio
nacionalemblem
atizadaporD
elmiro
Gouveia
podiaser
comparada
aopapelatribudoaoscientistas,vistos
como
uma
espciede
no-vosbandeirantes,quedeveriam
resgatarointerioreredescobriroBrasil(Lima
eBritto,op.cit.,p.157).
li_125
-
'.~l.2Roquette-Pintoeaproposta
deum
aetnografia
sertaneja
Certamente,o
mdico,antroplogo
eeducadorRoquette-Pinto
umdos
intelectuaisque
mais
sedestacou
entreosque
participaramda
campanha
pelosaneam
entodo
Brasil.Etngrafoe
antroplogodo
Museu
Nacionalno
perio-doein
queseorganizaaquelem
ovimento,reiteradam
entedefendeu
atesequeat1~ibLiai`i`.._cE_e-il_asniuitosrd
osmales
tr_adicionalmente
mputados
composi-
oracialElo
povobrasileiro.Foitam
bmativo
colaboradordeSaide,partici-
pandodo
C.`onselhoRedatordo
peridico,publicandoartigos
erespondendo
cartasna
seodedicada
aagricultura.
Asfontes
biogrficassobre
oantroplogo
som
aisnum
erosase
ricasdo
queas
quese
referema
BelisrioPenna.Destacam
,emsua
educaoe
formao
profissional,opapeldo
avm
aterno,advogado,ex-fazendeiroe
proprietriode
umcartrio
noR
iode
Janeiro.Seucurso
dem
edicina,se-gundo
essasfontes,foicusteado
comos
recursosdo
cartriodo
TabelioR
oquette.Na
Faculdadede
Medicina
doR
iode
_`|`aneiro,teria,possivelmen-
tepor
intermdio
doprofessor
Henrique
Batista,se
aproximado
dopositivism
oe
realizadoas
primeiras
leiturasda
obrade
AugustoC
omte,
uma
influnciasignificativa
emsua
formao
intelectual.Sua
adesoao
positivismo,com
oorientao
moralinclusive,
reiteradaem
discursolido
no(iflube
deC
ulturaM
oderna,em1935,portanto,num
afase
emque
jse
cmsigi*.-naprofissionalm
enteeatingira
amaturidade.A
firmando
serahoradas
definies,declarou
quetodos
osque
assumiram
comprom
issocom
seuspares
ediscpulos
nom
aispoderiam
"engrossaro
bandodas
almas
flutuantesde
quefala
Augusto
Com
te(1935,pp.
19~7).Desua
profissode
fe.valea
penadestacarum
pequenotrecho:C
reionas
leisda
sociologiaposiii\'.ie
porissocreio
noadvento
doproletariado,conform
efoidefinido
iiori\u_i1usto
Com
te...(freio,porisso,que
anobre
misso
dosintelectuais
iiioi~iii.'i'iteprofessores
_
oensino
ea
culturados
proletarios,prepa-r.1iiIo-os
paraquando
chegarasua
hora.Na
lfaculdadede
Medicina
doRio
delaneiro
iniciouainda
algumas
ami-
/.ili-sque
semantiveram
edesempenharam
importante
papelnosanosposte-
iiiires.esjieeialinentecom
osirm
osM
iguelelvaro
Osrio
(cf.Barbosa,1996;l\'il.i:,
1990).t`iiiiiparativam
ente
trajetriade
BelisrioPenna,a
deRoquette
Pintoi.irm
lei'i/.zi-sepelo
sucessoprofissionaldesdeum
aidade
maisjovem
.Em1905,
.io-.viiiii'edoisanos,ingressanuma
dasprincipaisinstituiesdepesquisado
|i.ii-\,ol\luseu
Nacional.D
urantealgum
tempo,acum
ulariaasatividades
nes-mii|istiliiiiiicom
adem
edicolegista,alm
deexerceratividades
tradicionaisiii'iiieiliviiiiiclinica.
Ni-w
ipi-~i'i'ioinicialda
carreira,participou
decongressos
internacio-iiiii
iiii|o||.intesnas
areasde
medicina
eetnografia,destacando-se
suapre-
nenaioiiiiiiilelegiiilo
lirasileiro,juntode
BatistaLacerda,diretordo
Museu
Nrliinal,rio(`iiiij;i'esso
Mundialdas
Raas,realizadoem
Londresem
1911.
llfi
Nesseevento,BatistaLacerda
defendeuteserelativa
aoqueidentificava
como
progressivobranqueam
entodapopulaobrasileira.
Paraospropsitos
dem
eutrabalho,opteipordestacaralgum
asquestoes*
referentesvida
ctrajetria
profissionaldoantroplogo.A
primeira,de
natu-reza
mais
geral,refere-seao
corte,estabelecidopor
algunsanalistas,entre
operodo
emque
aatividade
como
antroplogofoipredom
inantee
aquele,apartirde
1930,emque
ointelectualpassa
asededicara
variadasatividades
nocam
poeducacional,particularm
enteiradiodifuso
e,apartirde
1937,aoci-
nema
educativo(C
astroFaria,1959).Sugiro
queessas
duasfases
noindi-
camum
corteto
radical,percebendo-seam
esma
temtica
central--apreo-cupao
comaidentilgidee
amintegraonacionais.E
significativo0
fatode
Roquetteitom
dvdicai'-se_
ealitersidopioneiro
-a
umcam
poda
educa-o
emque
aquestodo
analfabetismo
erairrelevante.Poderatingirum
n-m
erom
aiordepessoas,de
diferentesregies
nacionais,desenvolverlingua-gens
inovadoras,pareceterconsistido
noobjetivo
principaldesua
obracom
oeducador.
Dam
esma
forma,um
aavaliao
dosfilm
esproduzidos
poca
doInstituto
doC
inema
Educativo,soba
consagradadireo
deH
umberto
Mauro,
revelavao
traodo
antroplogo:a
preocupaocom
oregistro
defolguedos,registros
sobrecidades
eatividadesprofissionais
tradicionaiscom
oa
dafiadeira,o
aboiardovaqueiro,entre
outras,ea
reconstituiode
fatose
_personagensliistoricos.
Asegunda
questodiz
respeito
participaode
RoquettePinto
node-
batesobre
raaeeugenia.]
me
referisuaatuao
noPrim
eiroCongresso
de.,
Eugenia,mas
me
pareceim
portantedestacara
posiodo
autornessedebate.
'A
indaque
portandoam
bigiiidades,como
oestabelecim
entode
uma
relaaode
causalidadeentre
certosatributos
culturaisou
psicossociaisetipos
raciais,r~.
..
..
,_
_-
J_
U';Roquette
Pinto,emseusprincipais
trabalhos,enfatizouaausencia
dequalquer
fundamento
paraque
seestabelecesse
urnahierarquia
entreraas
equalquer
ffpolitica
eugnicafundada
einidias
como
inferioridaderacial.Alguns
autoresressaltam
quetalposio
decorreriado
contatocom
FranzBoas
edaadeso
aum
fazerantropolgicom
aisprxim
oda
antropologiacultural(Stepan,1991;
Ribas,idem).Se
explorarmos
mais
talargumento,poderam
osver
RoquettePinto
como
umprecursorda
posiodefendida
posteriornienteporG
ilbertoFreyreflz
RicardoSantos
(1996)chama
aateno
paraa
originalidadeda
posiodo
autorque,a
despeitode
continuarligado
aoparadigm
ada
antropologia^
fsica,revelaum
aposiocritica
diantedosdefensoresdo
determinism
oracial.
Santosrelativiza
ainflunciade
Boasnatrajetria
intelectualdeRoquette
Pinto,destacando
outrasinfluncias,com
oado
movim
entosanitarista
daPrim
eiraR
epblica.Exemplo
dissoso
ostrabalhos
deM
anoelBonfimeAlberto
Torres,
41Como
deinonsiraRicardo
lleiizaquende
Arajo(1994),ainfluncia
deBoasna
obrade
Gilberto
Freyredeve
sermelhoravaliada,um
avez
queo
autorbrasileirono
teriaabandoriadn
oconceito
deraa
emsua
elaborao.Freyre
trab-alli.ir|.icomum
adefinio
iieoiimarckiaiin,atribuindo
grandeim
portncia
interaodos
homens
como
meio
fsico,particularmeiite
como
clima.
127 _f
-
especialmente
desteltim
o,repetidasvezes
citadoc
elogiado,inclusivepor
teravanadom
aisna
compreenso
dasrelaes
entreraa
enacionalidadedo
queEuclides
daC
unha.Os
trabalhosem
queesse
tema
mais
exploradoesto
reunidosnas
cole-tneas
.Z-n.;a1`osdeanrmpr/zg1'a
lmisaiia
(1933)e$e1lr'.sro/.idos
(1927).Em
Ensaiosde
tmtm
po/9g1`ab1'as1`1ana,raa
o
ternam
aispresente.
RoquettePinto
apresentaum
adefesa
daeugenia,definindo-a
como
oaprim
o-ram
entoda
heranaedistinguindo-a
deracism
oearianism
o.Outro
tema
pre-sente
aimigrao,inclusive
comaposio
doCongresso
deEugenia
de1929,
e11Tj'ic-`';`T:I``fi'iEle1'a1iicotasde
imigrao.Em
mais
deum
artigo,enfatizadaa
contribuiode
AlbertoTorres.
tambm
acentuadaa
crtica
dade-
gene1^a_t__dom
estiobrasileiro,
inclusivecom
ore`cu'r'so
aindices
Oartigo
mais
importante
em
aisconhecido
o
quetraz
adescrio
detalhadados
tiposantropolgicos
doBrasil.Para
alguns,esses'-fria
om
aisim
portantetrabalho
cientficodo
autor.Publicado
em1927,5'e`z\osrolar/os
reneos
seguintesartigos:'U
ma
in-form
antcdo
imperadord.Pedro
lI','Um
manto
realdeH
awai'(am
bossobre
peasdo
acervodo
Museu
Nacional),'A
histrianaturaldos
pequeninos','OBrasileaant1'opogeog1'apliia','O
segredodas
uiaras'(discursode
recepono
ll-IGB),'Aborgenes
eetn;rafos','As
leisda
eugenia','Ovalordas
figuras,']aponeses','Cinzas
deum
afogueira','A
poesiadas
estradas/,'VonM
artius','Euclides
daC
unhanaturalista','Vicente
deC
arvalho,om
eupoeta'e
'No
diada
grandesaudade'.
Detive-m
eem
algunsartigos,que
passoa
comentar.
Em'O
Brasilea
antropogeografia',oautorapresenta,com
baseem
principiosde
classificaoelaborados
porRatzel,uma
novadiviso
territorialparao
pais,representadaporzonas.l-lavei^ia`_Zona
doCaboclo,form
adaporM
atoG
rosso,Amazonas,
Pai:=T"ho1'tede
Goias.O
sestados
doN
ordesteat
asvizinhanas
dafoz
doSo
Franciscoconstituam
aZona
daInfluncia
Africana:Pernambuco,A
la-goas,Sergipe,Bahia,M
inas,suldeG
ois,EspritoSanto,Rio
de]'aneiro,norte
deSo
Paulo.AZona
deInfluncia
Europiacom
punhaa
fitalitornea
eos
estadosdo
Sul.Pormais
criticzivelqueseja
taldiviso,inclusivepela
suadifi-
culdadede
situarafortem
iscigenao,significativoque
RoquettePinto
(1927,p.62)reitc-re
suaposio
crticaem
relao
tesedo
branqueamento:"O
pro-blem
anacionalno
transform
ar-osm
estiosdo
Brasilemgente
branca.Onosso`p_ro~_blem
afeareducaodos
quealise
acham,claros
ouescuros.
Nom
efoartigo,afirm
aque,no
centrocia
Zonado
Caboclo,quecoin-
preenderiaaAm
azniaeo
GrandeSerto,teria
segeradoo
"tipotnico
mais
representativodo
Brasiltfidem,p.66).
aZonado
Sertanejointerm
edirioforado
entreosantigos
eosfuturoscolonizadores
dointerior.Destacam-se
aindaacritica
aocosm
opolitismo,identificado
comaZona
deInfluncia
Euro-pia,na
faixalitornea,
oproblem
ada
heterogeneidadeda
colonizaoe
a
"-*Paraaa||.ili.~cda
||\tt~i'pru|.iIidaobra
i:u:licIi.inafeita
porRoquettePinto
vertambm
Santos(1998)
128
.zn=~z.....\u_
--._-
l-.-.z,~.---..llir.liil
i
..-J.
poucaintdgrao
dosimigrantes.Esteltim
otema
retonzadoem
'Osegredo
dasuiaras':"...preciso
queessesangue
entreno
organismo
como
uma
transfu-soesem
istureaoque
existe.Scassimno
for,corpoestranho;tem
afunoda
'embolia'
(p.89).A
propostacentralapresentada
a
"nacionalizaodefinitiva
doBrasil
(p.87),oque
requeria,emsua
perspectiva,amiscigenao
comos
imigrantes
europeuseaes
queevitassem
aconstituiode
grupossegregados
einde-
pendentes.Osertanejo
deveriatersido
chamado
paraligaresses
grupos(....)
promovendo
oequilibrio;no
futuroseria
om
ediadorsalutar(p.91).
interessanteque
adefiniodesertanejo
noapresente
baseracialou
geo-grfica
mais
precisa,poisainda
quetnica
eculturalm
enteheterogneos,seria
possvel,naviso
doantroplogo,recorrerquela
identidadepara
situartipos
comoosdo
gachoedojagiuio,pois,noque
asuapsiqu
temdenacionaleles
sotodos
osmesm
os(p.92).Defendendoum
papelpolticopara
aetnografia,RoquettePinto
afirma
queessadisciplina
nopoderiam
aisseprenderaoaborge-ne,devendo
passartambm
aabrangeroestudo
dosertanejo
(p.92).Em
'Asleis
daeugenia',o
autordiscutea
leidahere
naancestrale
daregresso
filialoutendncia
mediocridade.Defende
ospostuladosde
Galton,
in_c_lpsivecomrestries
aocasam
entodos
menoscapazes,procurando,entre-
tanto,desvinculartaispostuladosde
qualquerclassificaoracial.O
problema
da`"`i"e`i`s`e`i'iacondicionar(positivam
ente)a
heranahum
ana.Na
mesm
alinha
deoutrosm
dicoseantroplogos
latino-americanos
queseopuseram
linha
mais
radicaldaassim
chamada
eugenianegativa,defendeu
uma
aopositiva
sobreasade
eascondiesde
vida,ressaltandoque:Ao
ladoda
eugeniafatalista
queprega:fora
daherana
noh
salva;o,constitui-se
aeugenia,preocupada
emfavorecer
aaquisio
dosm
elhorescaracteres
somticosporparte
dosque
estovivendo(p.203).Em
outroartigo,'japone-
ses',afirma
queabiologia
aplicadahigiene
daraa
devepedirapenas
queos
homenssejam
hereditariamente
sos.Identificandoainfluncia
decam
panhaam
ericanacontrria
aosjaponeses,defendeaim
igraojaponesa
porsuaca-
pacidadede
trabalhoe
elevadosenso
moral.Posio
semelhante
defendida
porseuam
igoO
lympic
daFonseca
Filhoque,com
oobservei,participou
dem
issodo
InstitutoOswaldo
Cruzao
Japo,coma
finalidadede
avaliarapertinncia
davinda
decorrentes
migratrias
dessepais.
Umdosartigosm
aisinstigantesdacoletnea'Euclidesda
Cunhanatu-
ralista',noqualoautorde
Ossertesapresentado
como
umtipo
especialdenaturalista
-um
ecologista.SegundoRoquette-Pinto,era
possvelaplicarachave
taxonmica
"ordem
dosnaturalistas,
classificando-osem
morfologistas,fisiologistas,biologistas,taxonom
istase
ecologistas.EuclidesdaCunha
pertenceriaaesseltim
ogrupo,poissuapreocupao
concentrava-senos
"entrelaamentos,nasinteraesdesereseam
biente;jamaisnosdeta-
lhesouno
isolamento
detipos
ecaractersticas.No
mesm
oartigo,0antroplogoobserva
quetalposio
deveriaservis-
taluz
dasuperao
deumdarwinism
oestreito,suportado
pelaidia
deluta
entreseresvivos,edo
surgimento
deum
neolamarkism
o,queresgatava
ain-
129
-
flunciado
meio,ede
uinneodarwinism
oque
destacavaoconceito
dem
uta-o.
Essasseriam
ascondies
paraa
aceitaoda
ecologiacom
ohistria
integraldanatureza(p.276).
Aterceira
questoque
ressalteiaom
evoltar
paraa
contril-ui;ode
Roquette-Pinto
dizrespeito
asuaatividade
como
etngrafoe,nesse
caso,avia-
gemjunto
aM
issoRondon,em
1912,cujorelato
apresentado
emRondnia,
consistenareferncia
maisim
portante.No
prefcioda
segundaedio,publicada
em1938,ele
(1938,p.14)afirma
queseu
objetono
eraapenaso
"homem
primi~
tivo",ondio
pareciounliam
biquara,mas
tambm
osresultados
daobra
fe-~cunda
dossertanejosdoBrasil,dirigidos
peloidealfeito
homem
.Dessa
forma,
almda
descriodos
hbitos,da
caracterizaoantropom
etrica,dacultura
material,da
lngua,dam
sica,dotrabalho
edas
condioesde
vidaesade
dosndiosda
Serrado
Norte,olivroretrata
apreo-cupao
como
que,em
umartigo
posterior,o
antroplogoviria
acham
aretnografia
sertaneja.Ressalta,entreoutros
pontos,oarcasm
oda
linguagein,'tem
aalis
bastanteenfatizado
nasviagens
cientficasdo
InstitutoO
swaldo
Cruz,especialm
entena
deBelisrio
Pennae
ArthurN
eiva.Ernpregarapala-
vraassistir
ncrlugardem
orar,curiosidadeque
fazo
antroplogolem
brar-sede
uinpoem
ade
Tomas
Antnio
Gonzaga,
um
dosexem
plosdo
tradicionalisinorevelados
naliiiguagein.
Emum
trechodo
livro,Roquette-Pinto
observaque
paradocum
entaravida
sertaneja,nadam
elhordoque
surpreenderpalestrasde
tropeiros,noite,no
pouso,aoredordo
fogo,pitandosossegadam
entepara
queimaro
tdio(p.151).Algum
aspginas
sodedicadas
adescries
menos
prosaicas:otrabalho
nosseringais,o
sistema
debarraco,asprecrias
condiesde
vidaesade.O
autorclietgaa
reproduzirarelaodos
itensde
alimentao,vesturio
ehigie-ne
fornecii_'los_,attulode
emprstim
o,acadaseringueiro.Era
o"preo
decada
homem
tp.155).
Comessanfase,no
pretendoignorarariqueza
dotrabalho
paraoconhe-
cimento
dastribos
indgenasda
regio.Talregistro,inclusivecom
fonogramas
traduzidosein
partituram
usicalporVilla~Lobos,foifundamentalpara
aconsa-grao
doantroplogo.A
experinciaparece
terrepresentadopapelrelevante
naconsti'uo
dosel
daidentidade
profissionalepessoalde
Roquette-Pinto.Em
mais
dum
relatobiogrfico
sobre0
autor,hreferncia
isuaidentificao,
emvrios
mom
entos,como
ndiofazendo
partede
suaexperincia
familiar,a
di'ainatizaoderitoseda
organizaosocialde
tribosindgenas.
l\les.~.ecaso,note-se
aindaque
ossertes
soos
sertesdo
Norte
edo
(lenti'o~Ocste,ossertesdeRondon,dom
inadospeloindgena
epelom
ameluco.
L)queparece
seroaspecto
mais
valorizadodo
sertanejoarelao
comanatu-
reza.Assim,apesardo
registrode
doenasedo
depauperamento
dosertanejo
emprejrado
nosseringais,alguns
conseguiamdriblaros
inimigos
invisveis.Roquette
Pintonarra
avidade
umseriiigueiro
doVale
dojuruena,em
Mato
trtisso,oqual,entre
outrascaractersticas,apresentava
uma
queconsiderava
fundamental:sabia
tirarpartidodas
riquezasda
inata.Nuncateve
sezes(idein,ihi;lem
,p.158).
130
m-L-
Aetiior'"ifi._>~~
.'-.
.
._
_.
5.z'iseilaneja
paieceiefeiii-se,assim
,aessaespecialrelaoentre
lioinemei'nt1ire2"ie
```
..
.`
A.z
j,.
adificuldadedo
obseixadoideoutra
culturade
capt-1,