O Sesimbrense - Edição 1149 - Abril 2011

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ANO LXXXV • N.º 1149 de 30 de Abril de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC) Empresas Associativismo Página 4 Página 16 Página 12 Página 10 Página 13 Página 5 Liberdade e Responsabilidade Congresso sobre Turismo e Ambiente Liga dos Amigos de Sesimbra Página 4 Página 12 Página 10 Naufrágio no Espichel Hortas Urbanas: À espera que a moda pegue Página 8 Página 6 António Peixoto Correia: Uma forte trovoada caíu sobre Sesimbra ao fim do dia 18 de Abril, proporcionando imagens espectaculares, mas provocando igualmente danos em diversos equipamentos informáticos e de telecomunicações. Efeméride Em Abril de 1909, António Peixoto Correia participou no Congresso Municipalista, onde os republicanos exigiram ampla autonomia para as Câmaras. O presidente da Câmara de Sesimbra concordou, mas acrescentou: a esse aumento de liberdade, terá de corresponder um aumento de responsabilidade. Foi vencido no Congresso, mas o futuro acabaria por dar-lhe razão. Pescadores de Sesimbra salvaram dois camaradas de Setúbal, havendo a lamentar a morte de um terceiro pescador. São recomendadas por especialistas, são um sucesso em países desenvolvidos, mas em Portu- gal continuam a ser vistas como “coisas de gente pobre”. A verdadeira história do licor O Pescador Marcos Carvalho criou O Pescador mas, ao contrário do que se tem escrito, não foi ele o inventor da receita desta bebida, pois trata-se de um licor vendido há décadas em todo o país sob diversas designações: Eduardinho, Reizinho, Mulatinha, etc. O que ele criou foi a marca: o que é notável, atendendo aos poucos meios de que dispunha. Actualmente, duas outras marcas - Velho do Mar e Licor de Sesimbra - procuram capitalizar a criação de Marcos Carvalho, embora não possam usar a designação tradicional, registada noutra parte do País. Pedro Pires: doutoramento em robótica João Ferraria O conhecido dirigente do Tridacna encontra-se nos Bancos da Terra Nova como observador das pescas. Aprovados o Relatório e as Contas de 2010 Sociedade Musical Sesimbrense A SMS celebrou o 97º Aniversário, com estreia de um novo estardante oferecido pela ArtesanalPesca O 25 de Abril deste ano foi comemorado em nítido clima de contenção financeira, mas foi assinalado por diversos corcertos e provas desportivas e pela inauguração de dois importantes equipamentos; o Centro de Inovação e Participação Associativa e novas instalações da Junta de Freguesia do Castelo. A Assembleia Municipal aprovou dois novos empréstimos: um para reabilitação de 32 fogos municipais no Bairro do Zambujal, e outro para a construção da primeira fase do Bairro Infante D. Henrique. Na mesma sessão foi alterado o Regulamento Municipal de Águas Residuais. Hóquei O Torneio Internacional de Hóquei terminou com uma final entre o Benfica e o Tordera (Espanha). Ténis Página 15 Leonardo Maricato, vence o 1º Torneio do Mar, do Clube E. de Ténis de Sesimbra. Página 3 Política Desporto 25 de Abril ArtesanalPesca Com a aquisição da Tangerina Peixe, alargou a actividade à pesca de cerco. A Toca do Leão Leitaria, carvoaria, taberna, café, marisqueira e, finalmente, restaurante de referência. Página 14

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ANO LXXXV • N.º 1149 de 30 de Abril de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)

EmpresasAssociativismo

Página 4

Página 16

Página 12

Página 10

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Página 5

Liberdade e Responsabilidade

Congresso sobre Turismo e Ambiente

Liga dos Amigos de Sesimbra

Página 4 Página 12 Página 10

Naufrágio no Espichel

Hortas Urbanas:À espera que a moda pegue

Página 8 Página 6

António Peixoto Correia:

Uma forte trovoada caíu sobre Sesimbra ao fim do dia 18 de Abril, proporcionando imagens espectaculares, mas provocando igualmente danos em diversos equipamentos informáticos e de telecomunicações.

Efeméride

Em Abril de 1909, António Peixoto Correia participou no Congresso Municipalista, onde os republicanos exigiram ampla autonomia para as Câmaras. O presidente da Câmara de Sesimbra concordou, mas acrescentou: a esse aumento de liberdade, terá de corresponder um aumento de responsabilidade. Foi vencido no Congresso, mas o futuro acabaria por dar-lhe razão.

Pescadores de Sesimbra salvaram dois camaradas de Setúbal, havendo a lamentar a morte de um terceiro pescador.

São recomendadas por especialistas, são um sucesso em países desenvolvidos, mas em Portu-gal continuam a ser vistas como “coisas de gente pobre”.

A verdadeira história do licor O PescadorMarcos Carvalho criou O Pescador mas, ao contrário do que se tem escrito, não foi ele o inventor da receita desta bebida, pois trata-se de um licor vendido há décadas em todo o país sob diversas designações: Eduardinho, Reizinho, Mulatinha, etc. O que ele criou foi a marca: o que é notável, atendendo aos poucos meios de que dispunha. Actualmente, duas outras marcas - Velho do Mar e Licor de Sesimbra - procuram capitalizar a criação de Marcos Carvalho, embora não possam usar a designação tradicional, registada noutra parte do País.

Pedro Pires: doutoramento em robótica

João FerrariaO conhecido dirigente do Tridacna encontra-se nos Bancos da Terra Nova como observador das pescas.

Aprovados o Relatório e as Contas de 2010

Sociedade Musical SesimbrenseA SMS celebrou o 97º Aniversário, com estreia de um novo estardante oferecido pela ArtesanalPesca

O 25 de Abril deste ano foi comemorado em nítido clima de contenção financeira, mas foi assinalado por diversos corcertos e provas desportivas e pela inauguração de dois importantes equipamentos; o Centro de Inovação e Participação Associativa e novas instalações da Junta de Freguesia do Castelo.

A Assembleia Municipal aprovou dois novos empréstimos: um para reabilitação de 32 fogos municipais no Bairro do Zambujal, e outro para a construção da primeira fase do Bairro Infante D. Henrique. Na mesma sessão foi alterado o Regulamento Municipal de Águas Residuais.

HóqueiO Torneio Internacional de Hóquei terminou com uma final entre o Benfica e o Tordera (Espanha).

Ténis

Página 15

Leonardo Maricato, vence o 1º Torneio do Mar, do Clube E. de Ténis de Sesimbra.

Página 3

Política Desporto 25 de AbrilArtesanalPescaCom a aquisição da Tangerina Peixe, alargou a actividade à pesca de cerco.

A Toca do LeãoLeitaria, carvoaria, taberna, café, marisqueira e, finalmente, restaurante de referência.

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com algum dinheiro. Para além do valor material do

equipamento roubado, o furto não teve mais consequências pois não ha-

via informação relevante nos equipamentos informáticos furtados.

A ABAS, As-sociação de Beneficência, A m i z a d e e Solidarieda-de, s i tuada no Largo do Município, foi assaltada na madrugada de dia 11 de Abril. “Levaram-nos um telemóvel, um LCD e pior: dinheiro que tínhamos para

pagar algumas despesas, pa-gamentos de

pessoas, dinheiro de reformas e pen-sões de idosos”, refere a presidente da Associação, Maria João Vargas, en-quanto nos mostrava a desordem em que os ladrões deixaram a Associação.

Os assaltantes dirigiram-se, em pri-meiro lugar, ao espaço de convívio da instituição, de onde levaram a chave da secretaria, que se situa no mesmo largo.

Na secretaria os estragos foram maiores, “aqui andaram à procura de dinheiro, remexeram em tudo, as ga-vetas estão no chão, até uma prenda embrulhada abriram para verem”.

Era com tristeza e revolta que as pessoas que por ali passavam teciam comentários, “isto está a ficar perigoso, até já assaltam casas que vivem para fazer o bem.” E houve também quem dissesse que : “quem fez tal coisa conhecia bem o sítio e sabia onde procurar”. Andreia Coutinho

2O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

Editorial LAS e ABAS assaltadas

Turismo e Ambiente

Pescas - Março

Em plena Primavera, esperávamos mais acentuada produção de pesca. Houve, realmente, melhoria sobre-tudo no Arrasto e Cerco. A Artesanal equilibrou-se em relação a Fevereiro. Embora houvesse mais 300 mil quilos pescados, no totais gerais, os valores vendidos em lota só excederam 200 mil euros. Isto devido aos peixes miúdos (ainda magros) neste período, terem baixos preços.

A crise nas pescas continua e a não se

vislumbrar luz ao fundo do longo tunel desta ancestral actividade. O desinter-esse por esta profissão diminui dia a dia sem que “alguém” olhe por “ELA” com olhos de ver e consiga tirá-la deste ma-rasmo que a todos penaliza, mormente Sesimbra e a sua gente, oriunda de um mar, rico e maravilhoso, cuja mais valia é olvidada por quem não a entende como tal; E, antes se obstina em criarem leis adversas ao labor quotidiano dos pesca-dores da pesca local. Pedro Filipe

Instalações da Liga dos Amigos de Sesimbra após assalto no dia 5

Durante o Congresso Nacional de Turismo e Ambiente foi repetidamente afirmado que “Turismo e Ambiente não são incompatíveis”. A expressão não é isenta de ambiguidade. O que se pode afirmar sem ambiguidade é que “Turismo e Ambiente não são necessa-riamente incompatíveis”. Mas “podem ser incompatíveis”: uma lógica empre-sarial pura, no Turismo, pode prejudicar o Ambiente, assim como uma lógica conservacionista pura pode prejudicar as potencialidades de desenvolvimento daquele sector. Há uma grande diferen-ça entre as duas formulações. No pri-meiro caso, o absolutismo da afirmação (“não são”) pode fazer-nos baixar as cautelas face a possíveis conflitos entre as duas lógicas. No segundo caso (“po-dem não ser”) torna-se mais evidente a necessidade de procurar as soluções para possíveis, e prováveis, conflitos entre as duas racionalidades - soluções que exigem diálogo entre os agentes de ambas estas lógicas de valorização da actividade humana: um diálogo difícil, trabalhoso, demorado, feito de paciência e persistência e, sobretudo, com a humildade de reconhecer que ninguém tem a solução óptima para os problemas, e que essa solução, ou soluções, exigem que cada um aceite compreender a lógica dos outros: algo que não é muito vulgar.

A classificação de Portugal como o 4º país com maior risco de falência em todo o mundo, no contexto do ataque especulativo dos mercados interna-cionais, obriga-nos a negociar com o FMI e, consequentemente, a transferir para o exterior, durante alguns anos, as decisões de política sobre a nossa organização económica e social. Trata-se de uma perda de soberania que, embora parcial e temporária (alguns anos…), não pode deixar de ser con-siderada como muito negativa. Mas há uma outra consequência, com impacto difícil de avaliar, que se pode revelar

igualmente grave: a degradação da imagem do País no estrangeiro, com reflexos negativos na procura de Por-tugal como destino turístico.

A ideia que os povos fazem uns dos outros é baseada em muito pouco: po-demos fazer uma ideia reflectindo sobre a ideia que cada um de nós faz dos outros povos: espanhóis, franceses, in-gleses, americanos, etc. É por isso que nas campanhas de promoção turística de Portugal no estrangeiro se utilizaram as imagens de ícones tais como José Mourinho, Cristiano Ronaldo ou Mariza.

Porém, a imagem que agora circula com maior visibilidade, sobre os por-tugueses, é a de um povo que não se consegue governar, que se endividou, que estende a mão à ajuda externa, etc. É verdade que nem todos os portugueses são assim, tal como nem todos são Mourinhos, CR7s ou Marizas: mas se os clichés funcionam nos casos que nos são mais favoráveis, também funcionam para os outros

Os especialistas apontam como um critério muito importante para escolha do destino turístico, a Reputação des-se mesmo destino. Ora a Reputação, como sabemos, pode ser boa ou má. Ela nasce, precisamente, da identifica-ção com determinadas generalizações: “o povo que fez os Descobrimentos”, o povo que “gerou” os Mourinhos e as Marizas – exemplos simpáticos. Nós próprios nos encarregamos de valorizar essas narrativas edificantes, sabendo muito bem que os Descobrimentos também tiveram um “lado negro”, e que o País também gera muito oportu-nismo e incompetência. Como se não bastassem as previsíveis dificuldades empresariais com as medidas de aus-teridade que se anunciam para corrigir os desequilíbrios financeiros do país, a inevitável deterioração da nossa reputação no estrangeiro pode ter um efeito muito negativo no nosso turismo. Que fazer então? Qual a estratégia a adoptar?

João Augusto Aldeia

Na madrugada do dia 5 de Abril foi a vez da Liga dos Amigos de Sesimbra, cuja sede se situa na rua da República. O alarme foi dado às 8:30 horas da

Nas últimas semanas ocorreu em Sesimbra uma vaga de assaltos a residên-cias particulares e instituições, normalmente com o objectivo de furtar dinheiro e objectos de venda fácil no mercado negro.

manhã, pela funcionária da Liga que se deparou com gavetas abertas, do-cumentos espalhados, algum dinheiro em falta e material informático roubado.

A porta não apresentava sinal de ar-rombamento e, apesar de ali existirem mais computadores, “não foi levado mais nenhum material informático. Talvez por se tratar de materiais mais antigos do que os que foram roubados”, referiu-nos a funcionária. A GNR, cha-mada de imediato ao local, tomou os devidos procedimentos.

As instalações onde funcionam os serviços administrativos datam da fundação do jornal em 1926, onde funcionou durante décadas a redacção d‘O Sesimbrense. O espaço pertencia ao fundador do jornal, Abel Gomes Pól-vora, que tinha residência no primeiro andar. Não é a primeira vez que a Liga foi assaltada, já tendo sido na década dos anos 90, onde levaram um cofre

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 20113

ONDULAÇÕES Um monumento ao Padre Carlos

Na edição 1148 de Março de 2011 do Jornal O Sesimbrense, no artigo com o título acima indicado, escrevemos involuntariamente um erro que queremos rectificar. No referido artigo, onde se lê Câmara Municipal de Peniche deve ler-se Câmara Municipal de Sesimbra.

Pelo sucedido, apresentamos as nossas desculpas a todos os leitores do Sesimbrense e de um modo especial à Câmara Municipal de Sesimbra.

Joaquim Jorge

Rectificação

Há uns meses, um órgão de comuni-cação social solicitou a minha opinião sobre as razões que terão imposto a anterior intervenção do FMI em 1983, e sobre a inevitabilidade desta terceira intervenção a que estamos obrigados, tais os caminhos que os sucessivos governos nos impuseram.

Este pedido obrigou-me a rever o que se tinha passado em 1983 e a comparar os sentidos de responsabilidade dos dois governos, o governo socialista de Mário Soares em 1983 e o de José Sócrates em 2010 e a comparar a acção serena, técnica, social e política de Hernâni Lopes com a acção confusa e sem rumo de Teixeira dos Santos.

No que à primeira intervenção res-peita, pedi à minha interlocutora que me acompanhasse a recuar no tempo, para analisarmos a influência da ditadura, vivida em Portugal de 1926 a 1974, na vida política dos primeiros anos de democracia. Após quase meio século de ditadura, deu-se a revolução dos cravos, levantamento popular e mili-tar que nos restituiu a liberdade e que empossou os governos provisórios que puseram em funcionamento os órgãos democráticos que prepararam a realiza-ção de eleições democráticas e livres.

De Maio de 1974 a Julho de 1976, foram empossados, sucessivamente, seis governos provisórios que gov-ernaram durante vinte e seis meses, com uma média de pouco mais de quatro meses, cada um, governos que nem tinham tempo para ler as pastas que recebiam dos governos anteriores. Posteriormente, realizadas as eleições legislativas, foram empos-sados, sucessivamente, os primeiros governos constitucionais, todos eles sem maioria parlamentar, com uma média de vida inferior a dez meses, cada um. Quer num caso, quer noutro, este tempo médio de governação foi, insuficiente para a normal marcha dos negócios políticos.

Só em Junho de 1983, com a tomada de posse do nono governo constitucio-nal, foi possível conseguir um governo de coligação partidária socialista/social-democrata, que veio a dispor de maioria absoluta, e que poude governar vinte e nove meses. A democracia fora ga-rantida no primeiro momento possível, antes que pudessem ser abalados os magros alicerces conseguidos.

Estes resultados só puderam ser alcançados porque as direcções dos dois maiores partidos, PS e PSD, fortemente amparadas pelos seus militantes, aceitaram a formação de uma coligação, empenharam-se em conseguir uma maioria absoluta par-lamentar e apresentaram um governo

sólido e unido. Formado o governo, este foi célere a “solicitar” a intervenção do FMI que, para além de nos ajudar a resolver as dificuldades financeiras her-dadas, avalisasse, perante os países europeus, a nossa entrada na grande Comunidade. O FMI, fundo monetário, não faz milagres mas, sem o seu apoio, as dificuldades para que as Comuni-dades nos aceitassem podiam tornar-se intransponíveis. Eram conhecidos os nossos problemas com a exagerada dimensão da nossa administração pública. Eram conhecidas as nossas dificuldades de poupança interna, fa-miliar e pública. Era conhecida a nossa propensão para gastar muito acima das nossas possibilidades. Era conhecida a baixa produtividade dos nossos meios de produção. O costume. Dificuldades que são do conhecimento dos leitores e que nos acompanham há séculos.

Passados cerca de vinte e cinco anos, aqui estamos de novo à procura de uma nova bengala.

Como é possível que o governo, que os partidos políticos, que todas as nossas forças democráticas, não se empenhem numa solução política semelhante à que resultou em Junho de 1983?

Em 1983, a dimensão humana, social e partidária dos políticos portugueses era considerável. O suporte que os militantes ofereciam a esses políticos e aos directórios dos partidos era dife-rente e havia sido, forjado no período de luta contra a ditadura. Esta dimensão e este suporte e a familiaridade que ia “abraçando” dirigentes, militantes e sim-patizantes mantiveram-se muito altos entre 1976 e 1990. Importa reconhecer que, até os partidos, já não são o que eram antes.

Como o afirmei nas minhas últi-mas Ondulações de fim de Março, tenho sentido muitas dificuldades em compreender as linhas de rumo que Sócrates traçou ao seu governo e as formas de que se têm revestido algumas das posições e decisões por si assumidas, com destaque para as económicas, financeiras e políticas. A sua política tornou inevitável a presença da “troika”. O tempo perdido antes do pedido de intervenção e a “mendiga-gem” junto das bancas ainda hoje me parecem inaceitáveis e erradas.

Nos últimos dois meses, o governo passou do erro para a cambalhota. Sócrates que durante anos não neces-sitou, nem desejou qualquer tipo de ajuda externa e, muito menos do FMI, demite-se e de seguida solicita a sua in-tervenção. Sem quaisquer explicações. Vá lá entendê-lo.

Eduardo Pereira

A procissão do “Senhor para Cima”, que acompanha a imagem do Senhor Jesus das Chagas desde a capela da Misericórdia até à Igreja Matriz, teve lugar no dia 9 de Abril. Com esta pro-cissão dá-se início às Festas do Senhor das Chagas, cujo tema, este ano, é o “grelhador”, procurando, de acordo com o Padre Manuel Martins da Silva, “en-volver nele a restauração que nos serve o peixe do nosso mar, tão apreciados por residentes e turistas”. A grelha com peixe aparece igualmente no cartaz da festa e as tradicionais novenas, que decorrem de 24 de Abril a 2 de Maio,

às 21:30, fazem referência, cada uma delas, a uma das letras da palavra “gre-lhador”. Também têm lugar os habituais peditórios: dia 30 de Abril na freguesia do Castelo e dia 1 de Maio a “tirada”, pelas ruas da vila, acompanhada pela Banda da Sociedade Musical. No dia 3 de Maio, pelas 18:30, será celebrada a Missa das Cinco Chagas do Senhor, culminando com a grande procissão do dia 4 de Maio, a partir das 17h. No final da procissão haverá Sermão na Matriz, com Te Deum, regressando depois a sagrada imagem à Capela da Misericórdia.

Festa das Chagas

Faleceu no passado dia 17 de Abril, Paulo Jor-ge Horta da Silva Marta, de 42 anos de idade. O falecido era filho de Jorge Marta, o conhecido mem-bro da Liga dos Amigos da Lagoa de Albufeira e

que tem desenvolvido bastante acti-vidade de voluntariado no domínio da rede social de apoio às pessoas com carências alimentares.

Ao senhor Jorge Mata e restante família, O Sesimbrense e a Liga dos Amigos de Sesimbra apresentam sentidas condolências.

Em Assembleia-Geral da Liga dos Amigos de Sesimbra, no passadod ia 31 de Março, foram aprovados os documentos da gestão do ano trans-acto, tedo sido igualmente aprovado, por unanimidade, um voto de louvor à Direcção.

Entra as actividades realizadas em 2010 mereceu destaque o ciclo de Conferência sobre o Centenário da República, bem como a alteração es-tatutária. Foi ainda referida a renovação da certificação da Liga como micro-empresa.

No domínio das contas, foi apresen-tado um resultado positivo de 7.136 euros. Há contudo alguma excepcio-nalidade neste resultado, pois em parte ficou a dever-se ao não pagamento de salários num período em que o jornal esteve sem jornalista estagiária, e também sem uma das funcionárias ad-ministrativas: situação que não deverá

repetir-se, nos mesmos moldes, em anos seguintes. Sem essas “medidas extraordinárias”, o resultado seria ainda positivo, na ordem dos 2.528 euros.

Verificou-se uma quebra nas receitas de publicidade, face ao ano anterior, que se explica pela excepcionalidade da publicação, em 2009, de diversas escrituras notariais. A publicidade as montras registou um ligeiro aumento.

Ainda assim, a Liga mantém em dia os pagamentos aos Estado e aos seus fornecedores, e conseguiu em 2010 realizar um importante investimento numa fotocopiadora de alta resolução, bem como de 3 novos computadores.

No seu relatório a Direcção mani-festou uma lembrança de gratidão para com dois associados: a Eduardo Pereira que desde “há vario anos nos tem enriquecido com as suas “Ondula-ções”, e a Pedro Filipe pela constância na análise das estatísticas das Pescas.

Liga dos Amigos de Sesimbra:Aprovação do Relatório e Contas de 2010

Expedição humanitária a Marrocos

Carlos Sargedas, fotógrafo sesim-brense, ingressou na expedição huma-nitária a Marrocos, que durou 12 dias.

A expedição visitou a escola de M Habib onde foi montado um parque infantil e entregue material escolar.

Estiveram ainda numa escola situada no deserto, onde foram distribuídos igualmente, materiais escolares e brinquedos.

Segundo Carlos Sargedas “levar sor-risos a Marrocos foi a nossa missão!”

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4O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

Tiveram lugar a 19 de Abril as comemorações do 97º aniversário da Sociedade Mu-sical Sesimbrense, que con-tou com uma sessão solene onde estiveram presentes o Presidente da Câmara, Au-gusto Pólvora, o Governador Civil, Manuel Malheiros, a presidente da Freguesia de Santiago, Ana Cruz, além de representantes da Assembleia MUnicipal e outras entidades e associações.

Um dos pontos altos das comemorações foi a oferta de um novo estandarte para a Banda, oferta feita pela organização de pescadores ArtesanalPesca, com a pre-sença dos respectivos diri-gentes, Manuel José Pólvora

97º Aniversário da Sociedade Musical Sesimbrense

Santos e Manuel José Pinto Alves. O novo estandarte foi abençoado pelo pároco de Santiago, Padre Manuel José

Silva.A sessão contou ainda com

um excelente concerto pela Banda da Sociedade.

Durante os dias 8 e 25 de Abril, decorreram várias actividades organizadas pela Ond@Jovem com o objectivo de fomentar o convívio entre os jovens. Designada Quinzena da Juventude, acolheu vá-rios jovens entre as 80 iniciativas que fizeram parte do programa desta 6ª edição, entre as quais espectáculos de música e teatro, uma mostra de curtas, passeios pedes-tres, baptismos de voo em parapente e diversos workshops, dinamizadas na grande maioria pelo movimento associativo local.

A Ond@Jovem 2011 é uma iniciativa da Câmara Municipal em parceria com as juntas de freguesia e organizações aderentes.

Ond@Jovem2011

A história do licor O Pescador tem sido um pouco mal con-tada: teria sido uma criação de Marcos Carvalho, em meados do século passado, quando era proprietário do estabelecimento O Nosso Café, no Largo da Marinha. Mas não é bem assim. Marcos Carvalho criou, sim, a marca “O Pescador”, mas não o licor. Este não é senão um licor muito vulgarizado em Portugal, e que teve grande notoriedade com o nome de “Eduardinho”, a conhecida casa lisboeta da rua do Coliseu. O sucesso do Eduardinho despoletou uma série de cópias, com nomes tão sugestivos como Reizinho, Mulatinha, etc., e O Pescador foi mais uma dessas criações duma marca.

Esta realidade não tira mérito à iniciativa de Marcos Carv-alho: a criação de uma marca é algo muito valorizado pela

A verdadeira história do licor O Pescadorteoria económica. Criar uma marca e torná-la conhecida do público, pode ser tão importante como criar o produto que essa marca repre-senta. Para além de criar a designação, o empreendedor ses-imbrense começou a engarrafar o licor com meios artesa-nais, em garrafas reutilizadas e com rótulos desenhados à mão: só mais tarde seriam impressos em tipografia. O mesmo licor, produzido em fábricas especial-izadas e adquirido em garrafões, tanto por Marcos Carvalho como por outros es-tabelecimentos, era vendido por toda a Sesimbra - mas só

Marcos Carvalho é que o podia, obvia-mente, vender sob a designação que ele próprio criara.

Um momento cru-cial da propagação

da marca ocorreu aquando da visita a Sesimbra de uma Miss Mundo. Acompanhada da im-prensa e televisão, a “vampe” esteve no largo da Marinha, assistiu à lota e foi ao café de Marcos Carvalho, onde provou O Pescador. A divulgação desta visita trouxe então grande noto-riedade à marca sesimbrense.

Mas os tempos passaram, e quando o seu estabelecimento - então o Barca Delta, na rua Serpa Pinto - passou a restau-rante, deixou de produzir o licor: “A quantidade que se vendia no restaurante não compensava o engarrafamento”, revela-nos o filho, José Augusto, actual proprietário.

O “renascimento” da marca

Foi Vasco Alves quem se lembrou de voltar a produzir o O Pescador. Mandou até

fazer a análise química de uma das garrafas ainda existentes, análise que veio provar que se tratava da mesma receita ven-dida sob outras tantas designa-ções. Basicamente, para além da água e da base alcoólica (aguardente vínica, no volume de 20%), a bebida leva aniz, caramelo de açúcar e pouco mais. É claro que se pode pe-dir ao fabricante para colocar um pouco mais, ou menos, de aniz, ou de caramelo, e dessa forma alterar um pouco o sabor da bebida, mas continua a ser o mesmo licor, eventualmente mais doce, eventualmente mais anizado.

Mas surgiu um problema com esta marca sesimbrense: quando Vasco Alves a quis regi-star, em 1986, descobriu que já um comerciante de Castelo Branco se tinha antecipado: não podia ser usada. Vasco Alves resolveu então o problema da seguinte forma: deu à bebida a designação ofical de Velho do Mar, e colocou no rótulo, por baixo: Pescador. E quando o promove na sua loja, chama-lhe Pescador, e não Velho do Mar - uma marca quase desconhecida.

O que é interessante é que um outro comerciante sesim-brense, o sr. Tomé, do café

Marzul - e que durante muitos anos também vendeu o mesmo licor no seu estabelecimento, começou a engarrafá-lo, crian-do uma outra designação: Licor de Sesimbra, mas colocando também no rótulo, bem visível, a marca O Pescador. Dois licores que, no fundo, são a mesma bebida, com a mesma forma de garrafa, ambas vindas da mesma fábrica (o sr. Tomé não nos quis confirmar este facto, mas é o mais provável), ambas aproveitando-se de uma marca que, afinal, não é propriedade de nenhum deles, nem sequer da família de quem a criou.

J. A. Aldeia

“Velho do Mar” e “Licor de Sesimbra”: com mais ou menos açúcar, mais ou menos aniz, trata-se da mesma bebida.

O Sesimbrense resolveu fazer uma prova “cega” dos dois licores. Comprámos as duas garrafas e, à temperatura aconselhada, fomos até à Sociedade Musical Sesimbrense, e pedimos a vários pescadores - quem melhor para testar O Pescador? - que provassem as duas bebidas, em copos que não identificavam qual delas era. Há de facto alguma diferença entre as duas bebidas, de-tectada por todos os que a provaram, mas que não fazem delas duas bebidas diferentes: trata-se da mesma bebida, com a mesma composição, diferindo apenas na maior ou menor quantidade de açúcar: a maioria considerou que o licor Velho do Mar era mais doce.

Esclarecido este “mistério”, deve destacar-se, uma vez mais, o mérito de Marcos Carvalho na criação desta “marca”, com meios tão limitados e numa época em que a importância dos activos imateriais (é essa a natureza duma qualquer marca comercial) não era tão conhecida. Infelizmente, não é uma marca que tenha “pernas para andar” e para se propagar muito para além de Sesimbra, dada a limitação imposta pelo facto do registo estar na posse de outra entidade. A não ser que pudesse ser “comprada” para Sesimbra...

A “prova dos nove”

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Comemorou-se no dia 13 de Abril, o 90º aniversário de Ma-ria Eugénia Monteiro Caldeira Alvim Pólvora Braz, com um jantar no restaurante Ribamar onde estiveram numerosos familiares e amigos da aniver-sariante.

Maria Eugénia Braz tem na sua linha de ascendência fami-liar importantes figuras da his-tória sesimbrense, tais como Carlos Caldeira da Costa e António Gomes Pólvora, seus bisavôs materno e paterno, respectivamente, e era filha de Maria Eugénia Monteiro Cal-deira e Abel Gomes Pólvora, este último fundador do jornal O Sesimbrense.

Maria Eugénia casou com José Pinto Braz, e, juntamente com o seu marido, partilhou a responsabilidade na fundação e gestão do Hotel Espadarte, com relevantes serviços pres-tados ao turismo sesimbrense. Parece manter-se nos nossos dias o tabu que determinava a

ocultação do papel da Mulher quando colaborava com o marido em qualquer iniciativa de mérito. O papel de Maria Eugénia Braz continua, ainda hoje, a não ser salientado ou sequer referido, mas contri-buiu significativamente para o investimento naquela unidade hoteleira e administrou o res-pectivo pessoal e serviços de alojamento, sendo de assinalar que vários dos antigos fun-cionários do Hotel Espadarte marcaram ontem presença no seu aniversário. Maria Eugénia acompanhou também o marido na criação da empresa Turi-pesca, em 1975, na Madeira

A filha de ambos, Geny Braz, foi a grande organizadora da festa, e solicitou-nos que agradecessemos a todos os presentes, bem como aos que não puderam estar por motivos diversos, pedindo ainda des-culpa a quem não foi possível convidar, dada a limitação da sala onde se realizou a festa.

Maria Eugénia Braz 90º aniversário

Quais são as suas funções a bordo?

Eu sou observador e as minhas funções a bordo são as de reportar as artes de pesca utilizadas a bordo (se cumprem ou não os requi-sitos), e quantificar o pescado por espécie, processamento e área de pesca.

C o m o e s t i v e r a m a s condições atmosféricas ao longo da missão? Houve momentos difíceis?

Apanhámos 40 dias de mau tempo mal chegamos à Terra Nova. As condições clima-téricas eram muito incertas: podiamos ter bom tempo de manhã e uma tempestade enorme durante a tarde. Os momentos dificeis estão sem-pre presentes no nosso dia a dia, nunca vivemos momentos dramáticos, mas sim compli-cados. Mas tivemos ventos na ordem dos 70 a 80 nós e ondas de 13 a 14 metros. Foi

João Ferraria nos bancos da Terra Nova

muito duro.É um trabalho solitário,

ou há um ambiente de ca-maradagem a bordo? Há muitas nacionalidades entre a tripulação?

O trabalho é uma mistura de solitário e social, andamos com a tripulação en-quanto estão a fazer as mano-bras, processa-mento de pesca-do, reparações, acompanhamos as operações na ponte, etc. E é solitário porque estamos isola-dos do mundo e a nossa vida quo-tidiana resume -se ao navio. E-xiste um espirito de camarada-gem e entreajuda muito forte entre a tripulação: afi-nal dependemos todos uns dos outros. A nossa tripulação era de 29 portu-gueses, 2 ucranianos e um

espanhol.Há também barcos por-

tugueses naquela zona? E pescam o quê?

Existem várias naciona-lidade a pescarem naquela

área. Nós contactamos todos os dias com portugueses, desde que estejam lá a pes-

João Ferraria, o conhecido sesimbrense, dirigente da Tridacna, mudou há alguns meses a sua residência para os Açores, e começou a participar em acções de monitorização a bordo de bar-cos pesqueiros, nos bancos da Terra Nova. Sesimbra tem podido

car. Os navios da nossa frota fazem arrasto de fundo com portas a popa. Os outros bar-cos, depende, arrasto pelágico etc. E os portugueses ainda continuam a ter uma presença

em St. Johns. Eu fiquei com uma boa impressão da cidade, é muito agrádavel, existe lá

No dia 20 de Abril, após a reunião Ordinária da Câma-ra Municipal de Sesimbra, foi assinado o protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Sesimbra e o Agrupamento de Centros de Saúde Península de Setúbal II – Seixal e Sesimbra, repre-sentado pelo director executivo Luís Amora.

Este protocolo visa a cons-tituição do BEAT, Banco de Equipamentos e Ajudas Téc-nicas, que prestará apoio a pessoas em situação de de-pendência e/ou dificuldades de mobilidade temporária ou definitiva, a nível de equipa-mentos, tais como, cadeiras de rodas, camas ortopédicas, bengalas, andarilhos, e ou-

tros instrumentos hospitalares oriundos de clínicas e hospitais escandinavos.

Esteve presente como re-presentante do Rotary Interna-cional, Teresa Mayer, e o pre-sidente da empresa DAGOL, José Manuel Vacas, parceiros importantes para a realização desta ajuda humanitária, tal como a fundação AGAPE, uma organização não governamen-tal sueca, que disponibiliza os equipamentos. O Rotary e DAGOL co-financiaram uma verba de 13 mil euros para o transporte dos equipamentos vindos da Suécia

Augusto Pólvora, Presidente da Câmara Municipal de Se-simbra refere a importância de uma entidade individual e

Banco de Equipamentos e Ajudas Técnicas

uma igreja que foi feita por portugueses se não estou em erro, pelo que me disseram a bordo.

Também vimos fotos suas com a embarcação no meio de vagas enormes. Con-segue-se comer, ou sequer dormir, nessas condições?

Quando existem vagas grandes, tudo f ica muito mais dificil, as tarefas mais banais, como lavar os den-tes, tomar banho, comer, caminhar,escrever, etc., tem tudo que ser feito com muito cuidado e dormir, só mesmo vencidos pelo cansaço, porque o balançar do navio, os ruídos constantes da chapa a ranger e as ondas a baterem no casco é um bocado complicado. Foram muitas noites passadas de olhos abertos.

E a próxima missão vai durar até quando?

Em relação à minha nova missão só recebo a data de embarque, porque o desem-barque é sempre uma incóg-nita: pode demorar desde poucas semanas até 4 ou 5 meses.

acompanhar a actividade deste conterrâneo através da Internet, e nomeadamente do Facebook, onde João Ferraria tem publicado belíssimas fotos da sua aventura marítima. Aproveitámos a sua recente vinda a Sesimbra para lhe fazer uma pequena entrevista.

isenta como o Agrupamento de Centros de Saúde de Se-simbra e Seixal, para a atri-buição de forma correcta, dos equipamentos a quem mais necessita. À Câmara Munici-pal compete a armazenagem destes equipamentos e o seu transporte quando necessário.

A cerimónia foi aproveitada para a distinção de Augusto Pólvora e José Manuel Vacas, com o título Paul Harris. Esta distinção (uma das mais dis-tintas do movimento rotário), entregue por Teresa Mayer em nome do Rotary Internacional, visa reconhecer a contribuição dos homenageados perante a sociedade.

Andreia Coutinho

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6O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

A embarcação sesimbrense “Nosso Ideal” salvou dois dos três tripulantes da embarcação que naufragou na madrugada de 7 de Abril, ao largo do Cabo Espichel. Tratava-se de uma pequena embarcação de Setúbal, “Pérola do Bom Sucesso”, assim se chamava o barco com 9 metros que levava a bordo 3 tripulantes, apenas dois foram salvos com vida.

O barco “Nosso Ideal” foi o primeiro a che-gar ao local, proceden-do de imediato aos primeiros socorros. Francisco José San-ches, mestre desta embarcação, con-ta-nos que ao sair para o mar nessa madrugada, jun-tamente com mais quatro companheiros de pesca, Henrique Amigo da Cruz, Se-bastião Simões e José Malhado, já se falava num naufrágio, “diziam que 6 pescadores tinham morrido mas ninguém sabia pormenores.” Francisco Sanches e sua tripulação fize-ram-se ao mar, “nisto ouvimos uma grande algazarra que ecoava pelas rochas. Acendemos as luzes, volta-mos atrás e apontei um projector na direcção do ruído.” Qual o espanto de Francisco e os seus companheiros quando se depararam com uma pessoa agarrada a uma bóia de esferovite, “mandámos de imediato uma bóia de salvamento mas tal era o estado do homem que teve dificuldade em agarrá-la”. Segundo Francisco Sanches, o salvamento do primeiro náufrago deu-se por volta das 05:45 horas, tendo sido, pouco depois, resgatado o segundo tripulante com vida.

Os pescadores contam-nos o estado do primeiro tripulante a ser socorrido, de 73 anos: “já não aguentava muito mais tempo, quando entrou no barco estava já a entrar num estado de hipotermia, coloquei rapidamente o meu casaco pelos ombros”, conta um dos presentes

“Nosso Ideal” salva náufragosainda em choque. “O outro pescador de 41 anos não estava perto, tivemos que rumar para leste”, apontam ainda o facto de estar vestido e por ser mais novo não estava tão debilitado.

O mestre Francisco conta que na noite anterior cruzou-se com a embarcação agora naufraga-

da. Francisco fez uma pausa, a voz falha-lhe e os olhos brilham quando recorda a trágica noite. “Na noite anterior cruzamo-nos e cum-primentamo-nos, quis o destino que, na noite

a seguir, salvássemos dois daqueles três homens.” A polícia marítima acabou

por chegar quando a embarcação que os salvara vinha a caminho para terra, de forma a diminuir o tempo de socorro, principalmente, ao homem de 73 anos que se

e n - contrava em estado crítico.Segundo declarações ao Se-

simbrense, o Sr. Comandante Duarte Cantiga, Capitão do porto de Setúbal, o socorro foi pedido

pelas 4:55 h da manhã, pelas 7:40h, foi encontrado já sem vida, o corpo do terceiro tripulante. A vitima mortal tinha 63 anos de idade.

A operação de resgate contou com uma lancha da Polícia Marítima,

uma lancha do Instituto de Socorro a Náufragos, uma fragata da Marinha Portuguesa e ainda um helicóptero da Força Aérea.

Andreia Coutinho

Na noite de 18 e madrugada de 19 de Abril, regis-taram-se períodos de chuva forte e de trovoada no concelho de Sesimbra.

Durante longas horas foram várias as descargas eléctricas admiradas por uns, temidas por outros. Alguns relâmpagos tinham apenas intervalos de

segundos que anteviam ou acompanhavam os fortes trovões. Esta ocorrência agitou muitos populares, que afirmaram nunca terem visto nada assim.

Segundo a Protecção Civil Municipal e os Bombei-ros Voluntários de Sesimbra, apesar do mau tempo sentido, não foram registados danos materiais.

No entanto, O Sesimbrense apurou que se verifi-caram danos em algumas instalações electricas dos serviços da câmara, tendo ficado danificados alguns computadores.

Andreia Coutinho

Mau tempo: trovoada atingiu concelho de Sesimbra

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 20117

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8O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

A Câmara do Seixal pro-moveu, no início de Abril, um Congresso Internacional de Agricultura Urbana e Sus-tentabilidade, onde vários especialistas apresentaram comunicações sobre as inú-meras vantagens das hortas urbanas: são ecológicas, con-tribuem positivamente para a economia familiar, tal como po-dem contribuir para melhorar a balança alimentar do nosso País (que importa a maior parte da comida), podem ter objectivos solidários, podem diminuir o impacto poluente do transporte de alimentos, ajudam a aliviar o stress da vida urbana, promovem a ma-triz identitária – pois Portugal foi um país agrícola durante a maior parte da sua existência. De todas as nossas “tradi-ções” que podem ser objecto de valorização, a agricultura caseira, tal como a pesca artesanal, são certamente das mais antigas – e, no entanto, são ignoradas, enquanto se destacam outras “tradições”, por vezes meras superficiali-dades com ar “antigo” mas que nem cem anos têm.

Em muitos paises europeus e da América do Norte, são os municípios que promovem a instalação de pequenas cou-relas, alugadas normalmente a um preço simbólico. Nalguns casos os “hortelãos urbanos” nem sequer consomem os pro-dutos que cultivam: oferecem-nos para fins sociais.

O arquitecto Ribeiro Teles foi pioneiro – e tem sido insisten-te – na promoção das hortas urbanas. Há várias décadas que muitos Planos Directores Municipais apontam a neces-sidade de se promover este tipo de uso da terra, utilizando embora designações dife-rentes: hortas sociais, hortas comunitárias, etc. O PDM pioneiro de Setúbal, de 1978, já as previa, localizadas numa determinada zona da Várzea de cidade, mas nunca viram a luz do dia.

No entanto, as hortas ur-banas existem em Portugal: desprezadas pelo “português médio”, são realizadas por emigrantes de baixos rendi-

Hortas urbanas:à espera que a moda pegue

mentos e outras franjas da sociedade, ou então por (es-cassos) cidadãos que ainda mantêm uma forte ligação com a Terra e a Agricultura. Porém, em geral, são encara-das de modo preconceituoso: parece haver vergonha em começar uma pequena horta nas próximidades de casa, por se associar à pobreza. Será que o País se considera rico e acima dessas necessidades ? Mas, quem sabe, talvez o País não seja tão rico como pensa...

***Em Sesimbra, também há

hortas urbanas: meio escon-didas, tentam passar desper-cebidas, pois há a conciência de que não são projectos va-lorizados pela sociedade. Não há muito tempo que o conhe-cido Touguia foi “expulso” da hortinha que tinha começado no morro do Alcatraz, sobre a Prainha.

Nos terrenos a seguir ao edi-fício do Tribunal, ́ sobranceiros à praia da Califórnia, onde há décadas existiu uma mina de gesso, fomos encontrar Antó-nio Moura Glórias, com uma pequena horta onde se des-taca uma pequena plantação de favas, mas onde também tem alfaces e cebolas, que ele próprio semeou e depois transplantou. Tem também uma pequena construção de apoio à horta, e desde que ficou desempregado da cons-trução civil – há cerca de ano e meio – viu-se na contigência de ter de residir ali. Os adubos outros materiais, compra-os em Santana: “Esta altura de calor não é muito favorável para produtos hortículas, mas ao longo do ano planto um pouco de tudo: cebolas, alfa-ces, couves, uns tomateiros, batatas, hortelã, aipo, e até uma erva boa para fazer chá.”

Também José da Costa Ribeiro, funcionário, público reformado, tem horta nos ter-renos sobre a praia da Califór-nia. Apresenta como principal razão o facto de “sempre ter lidado com a agricultura”, pois é da Serra da Azoia, onde o

pai era agricultor, e também pescador. Chegou a trabalhar com o pai, mas vive há mais de 20 anos em Sesimbra. O objectivo é “arranjar mais qual-quer coisinha para a barriga”. Mas não é o único destino da produção: “Ainda há pouco tempo apanhei umas favas: foi para o mealheiro da neta. Tem de ser assim!”

José da Costa Ribeiro la-menta que tenha havido quei-xas por causa da lixo existente junto ao edifício do Tribunal, mas afirma que não são as hortas as responsáveis: “Isso foi alguém que foi deitar para ali. Nós, pelo contrário, até limpamos o terreno de arbus-tos secos”.

Na Rua do Moço Chama-dor (Boiças da Alfarrobeira) encontra-se uma das zonas mais bonitas do Vale de Se-simbra: nesta altura, luxuriante de verdura, que ainda se apresenta mais bela quando as várias árvores, dispersas pela encosta, dão flor. Há ali, mesmo junto à estrada, uma pequena horta, que foi durante anos tratada pelo sr. Jorge, ali residente, mas que por moti-vos de saúde não tem podido cuidar dela, apresentando-se algo abandonada; mas ainda ali tem umas favas, umas alfaces e o que parecem ser rebentos de cebola.

Frente a esta horta chama-nos a tenção um pequeno arranjo floral feito na beira da estrada. Com aspecto arte-sanal, mas bem arranjado e com grande diversidade de plantas, é obra do sr. João Domingos, ali residente, e já reformado. Tudo resultou da obra de asfaltamento da rua, feita pela Câmara – uma luta antiga dos moradores, que só no ano passado se concreti-zou. Existia ali um volumoso canavial, que começaram logo a rebentar junto à estrada pou-co depois da obra concluída. Foi isso que motivou João Domingos: começou por cortar os rebentos de canas e colocar uns cactos, mas foi alargando a outras plantas: “O mal foi começar”, diz a sorrir, acres-centando que tem tido ajuda de vizinhos, nomeadamente na rega.

Com as flores, seixos e conchas da praia, delineou diversos desenhos e palavras: “Sorrir com flor alivia a dor“, “Nosso jardim” (“Não é pro-priedade minha”, esclarece) são algumas das mensagens desenhadas, bem como o nome da rua.

As vantagens das hortas urbanas têm sido apregoadas há décadas em Portugal: e elas existem, só que são socialmente desvalorizadas. Em países como a França, a Inglaterra ou os Estados Unidos, constituem um importante contributo comunitário para o Ambiente e para o bem-estar de quem as promove. Mas em Portugal o preconceito comum associa-as à pobreza e a uma certa marginalidade.

José da Costa Ribeiro vive e trabalha há muitos anos em Sesimbra, mas continua a sentir o apelo da Terra, que conhece desde a infância, na Serra da Azóia.

Por causa do desemprego, António Moura Glórias teve de passara viver na construção precária de apoio à horta: mas tem esperança de arranjar novo emprego em breve.

João Domingos começou por cortar os rebentos das canas que ameaçavam destruir a berma, depois colocou uns cactos, mas a diversidade de plantas foi crescendo: “O mal é começar!”

- Quais os motivos por-que, em Portugal, há um número crescente de no-tícias sobre investigações científicas realizadas por mulheres?

Penso que é coincidência na investigação científica não há essa descriminação. Talvez no passado esta área estivesse mais reservada aos homens face a terem nessa altura al-gum domínio. Hoje em dia com ambos os sexos no activo em termos profissionais isso não se coloca. Mais uma vez acho que é coincidência.

- Há uma “marca” de gé-nero na investigação cientí-fica? (isto é, algo diferencia

o trabalho científico feito por homens ou mulheres?)

Penso que não. Um bom

investigador ou cientista pelo facto de ser bom não tem nada a ver com o género.

Elvira Fortunato

© P

aulo

Ale

xand

rino

Elvira Fortunato nasceu em Almada em 1964, é casada e tem uma filha de 13 anos.

Actualmente é Professora da FCT-UNL e Directora do Centro de Investigação de Materiais da mesma universidade.

Licenciou-se em 1985 em Engenharia Física e dos Materiais, tendo-se doutorado e agregado em Microelectrónica e Optoelectrónica em 1995 e 2005, respectivamente.

É pioneira a nível Europeu na área da electrónica transparente, nomeadamente

Transístores de Filme Fino (TFTs) e co-inventora do primeiro transístor e memória de papel. Estes trabalhos estão mencionados na Wikipedia.

Nos últimos 10 anos submeteu em autoria e co-autoria 16 patentes, das quais 5 Internacionais (uma em parceria com a SAMSUNG).

Curriculum Vitae

Altamente valorizadas noutras culturas urbanas, as hortas urbanas sofrem, em Portugal, do estigma de estarem associadas à pobreza.

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011 9

A “Foto Cabecinha” in-stalou-se em Sesimbra no iní-cio de 1945, nessa altura ap-enas como sucursal da casa homónima que existia em Setúbal desde 1893. O novo estabelecimento fotográfico de Sesimbra foi uma inicia-tiva do pai de Idaleciano, o sr. Apolónio Cabecinha, que rev-elou ser essa uma aspiração já com uns 20 anos, que de-clarou venerar Sesimbra, “por ter sido berço de seus avós”.

A casa entretanto autono-mizou-se e, sob a direcção de Idaleciano, tornou-se numa referência da vila piscatória, fotografando gerações de sesimbrenses, quer para as simples “fotos de passe”, quer para fotos de família. Mas

Fotógrafos de Sesimbra (I)

Idaleciano CabecinhaIdaleciano Cabecinha foi um dos mais profícuos fotógrafos

de Sesimbra, tendo acumulado uma impressionante colecção de fotografias que retratam a evolução de Sesimbra ao longo da segunda metade do século XX. Muitos dos negativos dessas fotografias encontram-se actualmente no Arquivo Municipal de Sesimbra, doados pelo fotógrafo Valdemar Capítulo, que os “herdou” quando adquiriu a casa fotográfica que a família Cabecinha manteve na rua Dr. Peixoto Correia, já com vista para o Largo da Marinha.

são as imagens de rua, teste-munhos da vibrante Sesimbra dedicada ao labor da pesca e do comércio de peixe, que mais profundamente marcam o legado do fotógrafo.

A família Cabecinha era uma família de artistas, tendo igualmente alguns músicos de grande qualidade. Ida-leciano Cabecinha também tocava violino, como alguns dos seus familiares. Chegou a ser dirigente do Grupo De-sportivo de Sesimbra. Cabe também referir aqui a sua es-posa, Alda Cabecinha, com a profissão de parteira, que desempenhou durante algum tempo essa função na Casa dos Pescadores, e depois em termos particulares.

Anúncio de Janeiro de 1945, assinalando a abertura da nova casa fotográfica. Vários elementos da família Cabecinha de-senvolveram em Setúbal actividades de natureza artística, no-meadamente no domínio da música e da fotografia. Idaleciano Cabecinha, para além de fotógrafo, era também músico, como se pode ver na foto de cima. O estabelecimento manteve-se sempre na mesma localização, até que foi trespassado para o fotógrafo Valdemar Capítulo.

Apesar de ter retratado temas comuns a outros fotó-grafos de Sesimbra, as ima-gens de Idaleciano Cabecinha são inconfundíveis, reflectindo os seus dotes criativos e a sua sensibilidade artística. Quer o seu espólio fotográfico,

quer o de Américo Ribeiro (de quem falaremos na próxima edição) têm sido divulgados sem o cuidado, por vezes, de referir o respectivo autor; por uma questão de justiça e de cultura, julgamos que essa identificação deverá ser

feita sempre que possível. As obras fotográficas destes autores sobre Sesimbra foram doados por Valdemar Capí-tulo – a quem agradecemos as cedência das imagens que hoje publicamos – ao Arquivo Municipal de Sesimbra.

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A Assembleia Municipal reuniu no dia 1 de Abril tendo como principal ponto da Or-dem de Trabalhos a aprovação de dois novos empréstimos: um para reabilitação de 32 fogos municipais no Bairro do Zambujal, e outro para a construção da primeira fase do Bairro Infante D. Henrique. Qualquer dos empréstimos foi aprovado por unanimidade.

Na mesma sessão fo i aprovada uma alteração ao Regulamento Municipal de Águas Residuais, para que o pagamento da tarifa de sane-amento seja exigida apenas a partir do mês seguinte ao da ligação, e não com base no valor anual, como estava regulado. Também esta vota-ção recolheu unanimidade dos deputados municipais, mas

a sua discussão foi bastante acalorada, porque na origem da alteração estavam queixas feitas pelo Provedor de Jus-tiça, que por sua vez quase intimou a Câmara a proceder à referida alteração.

A questão cuja discussão foi mais acesa reportava-se a uma resposta dada pela Câ-mara ao Provedor, em que se afirmava que a alteração seria

apresentada “na próxima ses-são da Assembleia Municipal”; no entanto, esta só tomaria conhecimento do assunto mui-tos meses depois. O deputado Henrique Guerreiro, do Bloco de Esquerda, considerou ter sido “negada à Assembleia informação a que ela tinha direito” e pediu ao presidente da Câmara “que não volte a ter este comportamento para

com a Assembleia Municipal”. Augusto Pólvora recusou estas acusações, referindo que a carta ao Provedor tinha um erro, pois o que deveria estar escrito era que o assunto seria apresentado “numa próxima sessão da AM”.

Outra divergência, sobre o mesmo assunto, nasceu do facto da oposição PS, BE, CDS e deputado independen-te, considerar como incons-titucional a cobrança desta taxa feita em anos anteriores, propondo à Câmara que “rea-lize com a urgência possível o estudo necessário para resti-tuição das quantias cobradas em excesso”. A Câmara - e a bancada da CDU - embora aceitando alterar o regulamen-to, não consideram que tenha havido inconstitucionalidade na cobrança, não encontrando por isso fundamento para tal restituição. Esta proposta foi recusada pela Assembleia.

Assembleia Municipal aprova novos empréstimos

A Câmara Municipal já conseguiu do Governo o desbloqueamento parcial de alguns dos empréstimos que estavam pendentes da autorização do ministro das Finanças, autorização que se arrastava há meses, conforme o nosso jornal noticiou em anos anteriores. O condicionamento destes empréstimos continua, no entanto, muito apertado, havendo mesmo outas Câ-maras que, apesar de não se terem endividado grande-mente, ficam agora sem ca-pacidade de contrair novos empréstimos. Já as Câma-ras que mais recorreram a empréstimos, e que os estão a pagar - como é o caso de Sesimbra - conseguem al-guma folga no “rateio” feito pelo governo, o qual leva em conta as amortizações realizadas para desbloquear novos empréstimos.

Governo desbloqueia empréstimos

Sesimbra recebeu, ao longo de 3 dias, entre Março e Abril, os trabalhos do Congresso Internacional de Turismo e Ambiente, uma organização do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências de Lis-boa. Recheada de comunica-ções de muito interesse, não nos é possível fazer eco de todas elas: referimos, pela sua relevância para Sesimbra uma sobre os problemas que Albu-feira enfrenta, semelhantes aos nossos, de compatibilizar o Turismo e uma vida urbana equilibrada, e uma outra so-bre o processo de erosão das zonas costeiras, que torna inevitável quem um dia, também a praia de Sesimbra tenha de desaparecer: não por erros humanos, mas porque a erosão costeira é uma cons-tante ao longo dos séculos.

Particularmente interes-sante foi o painel sobre a Mata de Sesimbra, com uma exposição do arquitecto Paulo Silva, do empreendimento turístico para ali previsto, que apresentou as opções de de-senvolvimento e localização dos edifícios, e outra do en-genheiro Diogo Caupers, que demonstrou a espectacular criação de flora e fauna na zona dos areeiros desactiva-dos, dentro do projecto que a Herdade da Mesquita tem para rentabilização turística dos seus terrenos, vocacio-nando-os para o lazer e a fruição da Natureza. O que a Casa Mesquita tem vindo a realizar metodicamente, ao longo dos últimos anos, mesmo sem que se tenha dado início ainda a qualquer construção, é digno de refer-ência, pelo risco do referido investimento, mas sobretudo pela novidade de se estar a valorizar o Ambiente natural, com uma visão perfeitamente integrada num Turismo Sus-tentável: um conceito muito referido, mas poucas vezes aplicado com a determinação e a dimensão que a Casa Mesquita está a fazer.

Já a referida apresentação do arquitecto Paulo Silva des-pertou alguma contestação,

Congresso NacionalTurismo e Ambiente

com referência, da parte da assistência - particularmente do geólogo Paulo Caetano - de que o Estudo de Impacto Ambiental feito para o em-preendimento fora aprovado, mas sujeito a “fortes condic-ionamentos”, nomeadamente no caso dos campos de golfe e em toda a parte construtiva, pelo que “terá de haver nova Avaliação de Impacto Ambi-ental”. Paulo Silva contestou estas afirmações, dizendo que o que foi submetido a avalia-ção foram os estudos prévios de todas as infraestruturas, e que “tudo isso foi aprovado”; as fases subsequentes, no-meadamente os projectos de arquitectura das vivendas e dos hotéis, isso é que terá de ser também submetido a aval-iação, segundo o arquitecto do promotor do empreendimento.

O problema dos areeiros e pedreiras também gerou algum debate, tendo Diogo Caupers afirmado que até há um ano atrás, os limites imp-ostos à exploração coincidiam com a respectiva capacidade, mas com o desacelerar da ac-tividade económica, “possivel-mente poderá ficar lá alguma massa mineral”, e apelou para algum bom-senso numa futura avaliação desta realidade. Augusto Pólvora salientou que enquanto o PDM de Ses-imbra proibia expressamente o alargamento da exploração de areias, e que por isso es-tava, em algumas situações, a ser feita de forma ilegal, já fora das áreas licenciadas, e foi o plano de pormenor da Mata que veio alargar esses limites, impondo ao mesmo tempo regras mais claras, que incluiram planos de recupe-ração, solução que está a ter resultados muito positivos e de acordo com os objectivos do Plano de Gestão Ambiental - e isto apesar de não haver ainda nenhuma construção no terreno.

Ainda durante o Congresso foi feita a apresentação, pela vice-presidente da Câmara e vereadora do Turismo, Felícia Costa, do Plano Estratégico do Turismo de Sesimbra.

Foi inaugurado na Quinta do Conde, no passado dia 23 de Abril, o Centro de Inovação e Participação Associativa, um conceito inovador que tem como objectivo funcionar como uma incubadora do as-sociativismo: um conceito mais conhecido no domínio do apoio a novas empresas.

O novo espaço dispõe de numerosas salas e de uma zona exterior bastante ampla, com um pequeno auditório ao ar livre.

Em declarações a’O Sesim-brense, o presidente da Câma-ra, Augusto Pólvora, admitiu que estas instalações podem vir a ter um papel importante na renovação do associati-vismo e na ultrapassagem de alguns problemas actuais: “as necessidades que os jo-vens têm são muito diferentes daquilo que as associações tradicionais oferecem, e por vezes há quase um choque de gerações naquelas asso-ciações mais antigas, onde os sócios originais têm dificuldade em conviver com aquilo que são as pretensões dos jovens.” Augusto Pólvora destacou ai-

CIPA: Centro de Inovação e Participação Associativa

nda um aspecto importante: o baixo custo deste investimen-to: “Inicialmente isto tinha um investimento superior a 200 mil euros, mas acabou por se fazer com cerca de 10 mil eu-ros: havia muita coisa prevista, como substituição de telhado, remodelar todos os interiores, melhorar o conforto técnico, etc, e seria uma obra a adju-dicar, enquanto que agora foi feita só a conservação mínima, e tudo com a “prata da casa”.

Quanto ao funcionamento do espaço, o vereador do pelouro da Juventude, José Polido, referiu-nos que a gestão será feita pela Câmara e pelas associações ANIME e MGBOOS: “A Câmara vai ter aqui um funcionário, vai garan-tir a limpeza e manutenção do espaço”.

José Polido espera que o CIPA funcione como uma base de lançamento de no-vas associações: “Cada as-sociação ficará aqui por um período que será de 4 anos, que pensamos ser o adequado para que dêem o salto para crescerem, ou então para se extinguirem. Aqui terão um

espaço, pequenino como sendo a sua sede, e podem usar os espaços partilhados e os serviços comuns”.

Paulo Rato, que é o “pai” deste conceito e o grande impulsionador desta iniciativa detacou que, para além da simples ajuda ao nascimento de associações, esta iniciativa poderá fomentar um novo tipo de associativismo: “Esse é verdadeiramente o grande desafio. Mesmo o modo como tudo está organizado é para que haja um constante con-tacto e intersecções entre as diferentes organizações, para que possam surgir no-vos projectos”. Também está prevista formação específica sobre associativismo: “Já a partir de Maio vão-se iniciar acções de formação nesse sentido, nomeadamente sobre os novos modelos de gestão associativa, e vamos também tentar fomentar projectos internacionais: o desafio é que antes de 2003, duas ou três associações do nosso concelho tenham intercâmbios com outras organizações de outros países europeus.”

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011 11

Manuel Garrau

Comissão: Moçambique 1972 a 1974Força: Força Aérea - Polícia AéreaIdade: 59 anos

Florindo Paliotes

Comissão: Guiné 1966 a 1968Força: Marinha PortuguesaIdade: 68 anos

João Russo Baeta

Guerra Colonial: 50 Anos

Negativo

Positivo

Negativo

Negativo

Positivo

Positivo

Comissão: Guiné 1965 a 1966Força: Companhia de Cavalaria 787Batalhão:Cavalaria 790Idade: 68 anos

Manuel Garrau assentou praça em Viseu a 8 de Maio de 1972, acabando por em-barcar a 12 de Novembro deste mesmo ano, com rumo a Moçambique. Manuel foi praça na Força Aérea, mais precisamente na Polícia Aérea e esteve em duas zonas dis-tintas de Moçambique, Moeda e Nacala. Era o fotógrafo da unidade e por isso “era dos praças mais conhecidos, não só por estar na secção de material de guerra e por onde tinham todos que passar para levantar armamento, mas também por todos querem tirar fotografias e iam à minha procura”. Acrescenta ainda que “nunca tinha utilizado uma máquina fotográfica mas gostava muito do que fazia”. Muitos eram os soldados que em tempo de guerra procu-ravam Manuel para serem fotografados e “matarem, as saudades das namoradas, dos pais, das madrinhas de

guerra, …”, conta-nos o ex-combatente orgulhoso do seu papel que desempenhava na sua base.

Manuel não foi mobilizado para o mato, não passou fome, o seu serviço era guardar a unidade e os aviões, contudo, “éramos atacados, principal-mente em Moeda”.

O ex-combatente, aquan-do da nossa pergunta sobre o lado menos bom da sua experiência, não quis dar pormenores, referindo apenas que “marcou-me o dia que a unidade recebeu os militares da FRELIMO quando a região foi entregue depois do 25 de Abril”.

Quando regressou a 4 de Novembro de 1974, depois de “vários convites para seguir fotografia, não aceitei e voltei para o mar, a ser pescador como já era antes da tropa”.

“Foi uma experiência muito bonita”, disse Manuel repeti-das vezes, “ainda hoje tenho amigos de Norte a Sul do país, um deles é padrinho do meu filho mais velho.” A amizade

volta aqui a ter relevância. Refere ainda o convívio que mantêm os ex-combatentes e os almoços organizados anu-almente, “no primeiro almoço quando nos reencontrámos até chorámos, não dá para descrever os laços criados”.

Em 1966 chegou a vez de Florindo Paliotes embarcar rumo à Guiné, ingressando num entre outras tantos desta-camentos militares portugue-ses que representavam a sua Pátria no teatro de operações na Guerra Colonial. Florindo pertence à Marinha Portu-guesa desde 1963, estando reformado desde 2003, e por-tanto, habituado a navegar, “já conheci meio mundo”. Perma-neceu dois anos na região da Guiné, no navio denominado por Hidra. A sua missão era de apoio às tropas terrestres, aos fuzileiros, aos pára-quedistas, e de combate, se assim fosse necessário. Recorda esta experiência como sendo “um ensinamento para toda a vida apesar de estarmos num meio de conflito”, salientando o ponto de vista das relações pessoais, “éramos 30 pessoas a conviver diariamente num navio com 30 metros de com-primento, 10 de largura, com espaços restritos, sob pressão

psicológica permanente.” Ex-plica que o facto de viverem nestas condições, durante dois anos, enriqueceu-o a nível de força mental e a nível de valo-res humanitários.

“Não valorizo a parte ne-gativa, o aspecto positivo supera todos factos menos bons, como estar longe da família.” Florindo aproveita para contar que em 1967 veio a Portugal casar e regressou passado um mês para a Gui-né, “recém-casado, tive que deixar a minha esposa, não foi fácil, mas quando estamos predispostos a cumprir uma missão e não um serviço, tudo se torna mais fácil.” Consegui-mos deslindar talvez o mais negativo desta experiência, mesmo que não o afectando directamente, “preocupa-me a situação dos meus camaradas de armas que sofrem de stress de guerra e de problemas pós-

traumáticos, há falta de apoio por parte do Estado e o não reconhecimento em relação a estas pessoas”.

É difícil sintetizar todos os adjectivos que Florindo Palio-tes apresentou para descrever

o que esta experiência lhe conferiu de mais positivo, “be-neficiei sem dúvida a nível in-telectual, moral, força mental. Aprendi a ver o lado humano das pessoas inclusivé a ter a percepção das dificuldades das populações que me ensi-naram e transformaram numa pessoa melhor.”

João Baeta, em 1963, fez a sua recruta na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, quando terminou foi para Tavira onde tirou o curso de Atirador de Infantaria, que por motivos de saúde teve que interromper a especialidade, ficando a aguardar nova cha-mada. Em 1964 foi chamado afim de frequentar um estágio em Santarém, passando ainda pela Póvoa de Varzim onde se especializou em alimentação. Por fim foi mobilizado para a Guerra Colonial com destino à Guiné.

O ex-combatente foi des-tacado para diversos locais onde a Companhia estava se-diada, entre a zona de Teixeira Pinto e Cacheu.

Primeiro as suas funções passavam por deslocações com frequência ao mato para comprar géneros alimentícios, como vacas, galinhas, porcos, entre outros. Quando passou a desempenhar as funções de atirador, João Baeta teve

alguns problemas, “numa noite sofremos um ataque do inimi-go e por sorte não morremos todos, tendo ficado na parede do meu quarto a cabeça de uma granada de morteiro.” No dia a seguir, 4 de Maio, sofreram uma emboscada de onde resultou 1 morto e vários feridos, “era dia da festa das Chagas e quis o destino que nada me acontecesse, a não ser ter ficado com o corpo co-berto de formigas Baga Baga e ter que me despir durante o tiroteio, tornando-me um alvo fácil pois estava de pé e bem visível”.

Para João Baeta o mais negativo desta experiência é “o problema de reumatismo que contraí na Guiné e agora o Estado trata-nos como por-tugueses de segunda, pois nem me consideram deficiente das Forças Armadas, para me conferirem uma pensão.”

Este ex-combatente retira da experiência de guerra como mais positivo “a amizade que existia entre todos nós, pois tí-nhamos que ser como irmãos, pois a nossa família estava a km de distância.” Refere ainda que “o contacto com novas

culturas, novas gentes, novas paisagens e sons,” tornam esta experiência inesquecível. Acrescenta que “ter-me salvo com vida durante o tempo em que lá estive, pois tive de ser evacuado para a Metrópole, por causa do reumatismo que lá contraí devido ao clima.”

Andreia Coutinho

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João Duarte Leão, Mª de Lurdes Leão e João Paulo Leão

12O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

Nasceu, com sede no Con-celho, mais uma empresa de dinamização turística. Este apa-recimento fez com que se criasse a oportunidade do Sesimbrense falar com a sua gerente, Fátima Paiva, sobre a origem e os planos de mais uma unidade de divulga-ção da região no pais e no mundo.

Como nasceu a ideia da cria-ção desta empresa?

A Get Around Tours que é uma marca da empresa ENGIMAD, consultadoria na Industria da Madeira Lda, nasceu da vontade dos sócios e de uma amiga (Ana Rasteiro) em desenvolver uma actividade ligada ao turismo em Sesimbra. De muitas conversas desenvolvidas chegámos à con-clusão de que a terra necessitava de ter uma oferta de actividades para que os turistas que a visitam pudessem ter uma escolha mais diversificada e muito para além do sol e mar.

Em que áreas então, a GET AROUND TOURS se pretende implantar?

Temos essencialmente três vectores de oferta: Turismo cultural, com um conjunto de Percursos, neste momento são sete, abarcando a Península de Setúbal, Lisboa, Sintra e Região Oeste. De salientar que estes percursos têm como objectivo não só o património construído como o património gastronómico, não descurando ainda o artesanato das áreas visitadas; Turismo de contacto com a natureza disponi-bilizando cinco percursos, dentro da Península de Setúbal, com uma oferta de percursos pedes-tres; Temos ainda uma oferta de Birdwatching na região, no pais e na Península Ibérica que tem como propósito servir aficiona-dos e promover esta actividade junto das várias camadas etárias. Consideramos este hobby como uma óptima oportunidade de fazer exercício dentro da natureza, ao mesmo tempo que se fica a co-nhecer a fauna e flora, criando um espírito de protecção ambiental muito profundo.

Para além destas actividades têm alguma outra que estejam a desenvolver?

Sim, na verdade e apesar de sermos uma empresa muito re-cente estamos interessados em dar à luz projectos novos e mais do que isso, inovadores. Estamos neste momento a desenvolver uma área de Turismo Acessí-vel. É nossa intenção promover percursos e actividades para pessoas com algumas limitações, essencialmente físicas. No nosso site (www.getaroundtours.com) , e desde já, disponibilizamos saídas de Birdwatching para pessoas com limitações de mobilidade,

na Península de Setúbal, no Algarve e em Espanha. Parece-nos ser uma activi-dade muito interessante e francamente bem adaptada a cidadãos com este tipo de limitação. Estamos a trabalhar noutras vertentes mas não tem sido fácil. Faltam equi-

pamentos e a oferta de quartos adaptados. Uma unidade com 50 quartos raramente tem mais do que dois com as características necesárias.

Para além dessas dificulda-des quais são os principais entraves à vossa actividade neste momento conturbado?

No início enfrentámos o pro-blema da legalização, o que nos atrasou muito o arranque da ac-tividade, isto porque nem sequer equacionamos a possibilidade de estar no mercado de forma ilegal. Não consideramos socialmente justo e promove uma concorrên-cia desleal com que não pactu-amos. No que diz respeito aos custos, o valor dos combustíveis pode ser eleito como o aumento de custo mais difícil de absorver, sobretudo em percursos feitos de automóvel, e mais quando não se consegue fazer reflectir no cliente esse aumento. O facto de con-tarmos com guias devidamente encartados também onera um pouco os nossos custos podendo

levar a um preço final um pouco mais elevado, mas com outra garantia de qualidade. A promo-ção e divulgação, da empresa e da sua oferta, a velocidade não são aquelas que desejávamos, contamos, no entanto, com algu-mas parcerias que, acreditamos, alavancarão estas tarefas.

Têm alguma sugestão a apresentar no âmbito da vossa actividade?

Podemos dizer que conside-ramos essenciais serem criadas duas estruturas no centro de Se-simbra que ajudariam em muito as empresas ligadas ao turismo: A criação de dois ou três lugares de estacionamento para viaturas de até 9 lugares devidamente credenciadas para o efeito e onde se pudesse fazer promoção dos produtos e horários; e a existên-cia de um quiosque, com custos reduzidos, onde se vendessem todos os produtos turísticos do concelho. É normal em cidades (nomeadamente de Espanha) podermos num mesmo local, e ao mesmo tempo, comprar per-cursos, espectáculos, bilhetes de transportes e mesmo fazer mar-cações para eventos de entrada livre. Verdade seja dita que esta ideia já foi lançada à terra pelo Carlos Sargedas, no entanto parece-nos que a sua boa ideia devia ser um pouco mais ama-durecida e provavelmente mais emagrecida. A GET AROUND TOURS está disponível para aju-dar a construir um projecto deste tipo, que nos parece ser uma forma de “vendermos” turismo em Sesimbra com mais facilidade, so-bretudo em tempos difíceis como os que se aproximam.

Desde quando existe a casa?

É uma casa com muita his-tória, já existe há mais de cem anos. Começou por ser dos meus bisavós, depois dos meus avós, passou para os meus pais e finalmente hoje com 37 anos, estou à frente do negócio. Eu e os meus pais já estamos a exercer este tipo de actividade há cerca de 25 anos.

Tratou-se sempre de um restaurante ou estava aberto noutras áreas?

Começou por ser uma lei-taria, carvoaria e taberna, depois passou a ser um café/marisqueira e por fim, como é hoje, um restaurante.

O espaço sempre teve como nome “A Toca do Leão”?

O nome existe desde que os meus pais ficaram com o estabelecimento, sempre foi da família mas antigamente não tinha qualquer nome, era chamado simplesmente pela casa da “Ti Estrudes e do João d’Arroz”.

Ao longo dos anos foram feitos investimentos?

Sim, vários, até porque no início era só uma casa, hoje “A Toca do Leão” ocupa 3 casas. No r/c era a leitaria, carvoaria e taberna e o 1º andar servia de habitação dos meus avós,

Leitaria, carvoaria, taberna, café e, finalmente, restaurante: João Paulo Leão fala-nos da “A Toca do Leão”, uma casa centenária.

A Toca do Leão

quando o meu pai em jovem pegou no negócio, comprou as duas casas do lado e na altura alargou o r/c, onde se encontra e encontrava-se na altura o estabelecimento. Há 12 ou 13 anos voltamos a alargar o espaço para a tal 3º casa que meu pai tinha comprado. A casa foi sempre crescendo e a par deste crescimento fomos fazendo vários investimentos.

Sente diferença em termos de negócio comparativamen-te com anos anteriores?

Na altura épica dos pesca-dores de Sesimbra no peixe de espada branco na faina de Marrocos e Mauritânia traba-lhávamos muito bem, tínhamos bastante clientela. Era uma das casas que mais trabalhava na altura. Acontece que acabou esse tipo de pesca, fomos para a Comunidade Europeia, aca-baram as licenças. Hoje em dia todos sabemos que estamos em crise.

Como vê o futuro do seu negócio?

O negócio tem vindo a decair e vamos ver onde vai parar… há muita casa que vai fechar, nós temos muita dificuldade como todos os outros, porque dependemos do dia-a-dia para honrar as nossas responsabili-dades e compromissos e sem clientes não há “ganha-pão”.

As despesas mantêm-se: au-tárquicas, electricidade, há muita inflação em quase tudo, a existência de esplanadas na via pública é um exemplo, tudo o que se trata de impostos foram inflacionados. Estou a vender mais barato hoje do que há 10 anos.

Uma vez que fala deste negócio como sendo da família gostaria que os seus descendentes continuassem com ele?

Sim claro, quem sabe um dia a minha filha que tem agora 18 meses poderá ficar à frente do negócio, isto se ainda for possí-vel, por até aqui com menos ou mais dificuldade sempre con-seguimos sobreviver, mas co-meça a ser muito complicado. Há muitas casas deste género e cada vez menos clientes que não têm o dinheiro que tinham noutras alturas.

E os clientes mais fixos deixaram de vir com tanta frequência?

Quem está bem localizado, frente ao mar, dentro da zona turística, digamos assim, algum negócio vai tendo, agora quem está mais para cima como é o meu caso só os clientes que já conhecem a casa é que con-tinuam a vir se bem que vêm com menos frequência e com pouco dinheiro. Os clientes regulares continuam a vir mas o bolso é que não tem a mesma “força”.

Como encara a situação económica do país?

Muito difícil, apesar de não querermos ser pessimistas e baixar os braços não se vê nada de positivo, a realidade é difícil de enfrentar. Todos os dias vamos sorrindo mas a verdade é que não se avistam melhorias. Antigamente sem-pre se amealhava no verão com a vinda dos turistas. A rea-lidade é esta: deixo aqui o meu património e o que eu vou fazer para sustentar a minha família? Para onde vou trabalhar?

Andreia Coutinho

Restaurante

25 de Abril e condecorações Este ano as comemorações

do 25 de Abril realizam-se com evidente economia de meios, justificada pela apertada situa-ção financeira do País, das famílias, e da Autarquia. A inauguração da CIPA - que noticiamos noutra página - terá sido uma das iniciativas de maior simbolismo desta efeméride. Tiveram igual-mente lugar espectáculos e concertos, como os da Banda da SMS e o grupo Realejo, além de diversas iniciativas culturais.

Integrada nas comemora-ções, realizou-se a inaugura-ção das renovadas instalações da Junta de Freguesia do Cas-telo, em Santana: trata-se de uma segunda fase, que com-plementa a zona inaugurada há um ano. Instalada no piso inferior do mesmo edifício, as instalações agora inauguradas incluem um pequeno auditório

e sala polivalente, uma sala de reuniões, gabinetes do Executivo da Junta e gabinete de contabilidade, para além de uma zona de arquivo. Contan-do também com acesso para o público, as novas instalações constituem uma melhoraria significativa das condições de trabalho e contacto com a população

CondecoraçõesNo dia 4 de Maio serão

atribuídas, como é usual, as condecorações municipais, quer a funcionários municipais, quer a diversas individuali-dades e entidades. Os “irmãos Filipe” (José, Pedro, Hermene-gildo e Alfredo, os dois últimos já falecidos) serão agraciados pela sua actividade na nata-ção, mas também pela sua participação no associativismo local e actividades profission-ais. A firma Ramada Crespo &

Irmãos será agraciada como “uma das mais antigas do Con-celho” (fundada em 1926) e atendendo ao profissionalismo da gerência familiar. A Arte-sanalPesca será des-tacada pela importância do seu valor comercial, bem como pelo seu dinamismo económico.Outra cooperativa medalhada será a Castelo-Zimbra pelo seu trabalho de promoção das explorações agrícolas dos seus associados. A Dagol, outra empresa de Sesim-bra, no ramo dos acrílicos e similares, é agraciada pela sua capacidade empresarial, mas igualmente pelo seu apoio ao movimento associativo e cau-sas solidárias. No domínio do associativismo, será o Grupo Coral Voz do Alentejo, da Quinta do Conde, a receber a medalha municipal, pela sua actividade cultural e as-sociativa.

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011 13

Como começou o seu ca-minho na área da robótica?

Foi natural, descobri a auto-mação e robótica, entretanto surgiu a oportunidade para ir trabalhar para uma área que eu nem sabia que estava tão desenvolvida, a área da robó-tica médica e acabei por fazer a minha tese de mestrado na área da robótica flexível.

Pode explicar-nos de que se trata?

A robótica flexível veio da era espacial, mais precisamente tendo origem no Canadá, aque-le braço robótico que aparece no Space Shuttle, e tentou-se transportar para a medicina, por ter dimensões mais reduzidas, e ser mais “user-friendly” para o cirurgião.

A crise actual também afec-ta este tipo de inovações?

Agora com esta recessão a indústria em si está pouco re-ceptiva em implementar novas tecnologias, contudo o mercado nessa área é muito maior. Se nós pensarmos num mercado de serviços, passamos de vá-rias centenas de clientes para muitos milhares de clientes. O caso das farmácias é o caso mais “próximo” de nós como tal, com os armazéns auto-matizados e aqueles braços mecânicos que vemos a irem buscar os medicamentos.

É neste tipo de robótica

Pedro Pires é natural de Sesimbra e tem 27 anos. Estudou no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, licenciando-se em Engenharia Mecânica, acabou o mestrado integrado em 2007, inician-do de seguida o doutoramento do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico com uma bolsa financiada pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Como parte do seu plano de trabalhos de doutoramento, Pedro está envolvido em dois projectos financiados pela FCT, o HipRob e o SurgRob, e num projecto europeu no âmbito do programa ECHORD (European Clearing House for Open Robotics Development direccionado para a área de cirurgia, mais especificamente em ortopedia, no ramo da robótica e automação.

Pedro Pires“Eu gostaria de permanecer em Portugal”

que está a trabalhar?Sim, estou a trabalhar nos

braços robóticos. Para dar uma ideia do que é este tipo de braços, posso dizer que é idêntico ao braço que aparece no anúncio publicitário do carro Xsara Picasso.

Na vida real o que fazem estes equipamentos?

Quando falamos em robots temos tendência em pensar em humanóides, como os que vemos no filme Guerra das Es-trelas, mas isso é ficção, o que eu uso são os tais braços robó-ticos que ajudam um cirurgião a fazer uma cirurgia, por exemplo, quando se perfura o osso para introduzir uma prótese. Com a ajuda deste braço queremos

que este robot guie o cirurgião para o sítio exacto mas, ao mesmo tempo, que o cirurgião sinta e que tenha as mãos no dispositivo. Estamos ainda nos primórdios: em Agosto do ano passado foi introduzido pela primeira vez em Portugal um robot para cirurgia.

Onde pretende trabalhar no futuro? Portugal ou es-trangeiro?

Eu gostaria muito de traba-lhar cá. A tecnologia pode sair mas a criação ser nossa, ou seja, vender a tecnologia. Ape-sar de ser muito difícil em Portu-gal, pois nós produzimos muito pouco em termos de materiais e além disso a indústria não investe muito na investigação, as empresas fazem aquilo que o vizinho faz.

E temos capacidade?Temos muita capacidade.

O que fazemos cá é tão bom como o que se faz na América, a diferença é os meios que têm e a nível de mentalidade que estão muitos anos á nossa frente em termos de investimen-tos em investigação. Penso e quero acreditar que sim, que é uma questão de geração; na minha, penso que irá ser dife-rente. Muitas empresas a nível mundial saíram de projectos de universidades, portanto quem sabe se não tenho essa sorte também...

No fim deste seu projecto irá ser concebido um robot funcional?

O objectivo é fazer um protó-tipo, um robot cirúrgico mas que não servirá para fazer cirurgia, apenas para comprovar o con-ceito de que se conseguiria fazer, pois qualquer material deste género necessita de cer-tificação médica, certificação esta que demora anos.

Qual a diferença destes robots para os já existentes nas salas de cirurgia?

Os que já existem são rígi-dos, pesam 200 quilos para uma carga útil de 5 quilos, o que até é perigoso para o próprio doente e cirurgião.

Hospitais privados ou Hos-pitais Públicos?

É uma batalha quase perdi-da, embora se contabilizarmos a estadia de uma pessoa num hospital, e se for utilizado um ro-bot, a estadia é de menos dois dias, acabando por compensar o investimento.

Daqui a 20 anos o que estará Pedro a desenvolver?

Na área de investigação é difícil responder a essa ques-tão e cá as expectativas são renovadas de 4 em 4 anos, que é a duração de cada Bol-sa. Mas gostaria de ficar em Portugal e dar continuidade a este projecto.

Andreia Coutinho

“O que fazemos cá é tão bom como o que se faz na América

A primeira sequência de imagens (à esquerda) re-presenta a aquisição de imagens de ultra-sons du-rante a fase de pré-cirurgia, para a reconstrução tri-dimensional do fémur. A segunda sequência de ima-gens (em cima) é o uso do Robô HipRob como objecto de auxilio ao cirurgião na realização de um furo para a correcta colocação da pró-tese de “Hip Resurfacing”. Está disponível, em video, no nosso site.

Pedro Passos Coelho, líder do partido Social Democrata, esteve na manhã de dia 20 de Abril, no porto Sesimbra, numa vis i ta à ArtesanalPesca e Docapesca, onde salientou a importância da pesca e da agricultura a ní-vel nacional, “es-tes sectores são fundamen ta i s para diminuir o desemprego e as importações”.

Esteve reunido com a direcção da ArtesanalPes-ca que se quei-xou das regras impostas ao sec-tor da pesca, ao que Passos Coelho defendeu que é preciso mais “bom sen-so” na legislação em geral. Quando se preparava para visitar as instalações, cum-prindo as regras de higiene e segurança, referiu-se à touca como sendo “a primeira touca de campanha”, contudo quan-do confrontado com os motivos da sua visita, respondeu que

esta não fazia parte de uma campanha eleitoral para as próximas eleições legislativas a 5 de Junho, mas sim de uma

espécie de “trabalho de casa, que o PSD anda a fazer há já algum tempo, para apresentar um programa ao país que es-teja de acordo com a realidade nacional. Sesimbra temos o exemplo desta cooperativa que pode ser difundido e uti-lizado como uma forma muito eficiente de resolver proble-mas desta natureza noutros

locais em Portugal e, portanto, quis inteirar-me de uma forma mais directa e perceber como conseguiram fazer este investi-

mento e quais as principais dificuldades de maneira a convencer outras pes-soas a inves-tirem nesta área tão críti-ca para o país nos próximos anos”.

Acrescen-tou ainda que esta visita se i n s e r e n o espír i to de trazer alguns c o n s e l h o s que se jam

relevantes para a feitura do programa do PSD. Questiona-do sobre se já sabe a quem vai entregar a pasta das Pescas, Passos Coelho respondeu: “Já tenho o Governo na minha cabeça, sim.” Não queren-do, contudo, adiantar nomes respondeu que “não ficaria bem; quando for o tempo pró-prio conhecerão o Governo.”

Passos Coelho em Sesimbra:À procura de ideias para o programa eleitorial

Apesar das más condições atmosféricas, Passos Coelho teve ainda tempo para cum-primentar e conversar com alguns pescadores que che-gavam da faina, dirigindo-lhes algumas palavras de respeito para com as gentes do mar, “tenho muita admiração por estas pessoas, é uma vida difícil e têm que fazer disto a sua vida porque não têm outro tipo de apoios.”

Andreia Coutinho

“Em Sesimbra temos o exemplo desta cooperativa que pode ser difundido e utilizado

Mariscada de Sesimbra

a um passo das 7 Maravilhas da

Gastronomia

A especialidade de maris-cada de Sesimbra está entre os 70 Pré-finalistas das 7 Maravilhas da Gastronomia. Este prato - que não é um prato tradicional de Sesimbra - foi apresentado a concur-so pela Câmara Municipal, tendo sido um dos 10 pratos seleccionados na área do marisco, passando à fase seguinte, dia 7 de Maio, onde se conhecerá os 21 finalistas.

A candidatura sesim-brense contou ainda com a especialidade de Espa-darte de Cebolada, a Fari-nha Torrada e o tão apre-ciado pão caseiro confec-cionado em forno a lenha. O site das 7 Maravilhas dispõe de mais pormeno-res acerca do concurso e dos pré-finalistas http://www.7maravilhas.sapo.pt/

Andreia Coutinho

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Liliana Santos, atleta da Casa do Benfica na Quinta do Conde, obteve o 10º lugar no Campeonato da Eu-ropa de Séniores em Luta Feminina, em Dortmund, na Alemanha.

Nos Oitavos de Final defrontou a francesa Melanie Lesaffre e após empate a 0, dominou a adversária e coloca-a fora do tapete. O árbitro dá a vitória a Liliana Santos, mas após protesto do treinador fran-cês e após visionamento do vídeo, dão razão aos franceses e a derrota por 0-1 para a Portuguesa. O seu desempenho permitiu-lhe também aumentar o nível de apoios para a tentativa de apuramento para os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. Em termos colectivos e com o ponto ganho por Li-liana Santos por ter ficado em 10º Lugar, Portugal classifica-se em 27º Lugar num total de 51 Países.

As atletas portuguesas foram dirigidas pelo Profes-sor Luís Fontes - Seleccionador Nacional da Equipa de Luta Feminina.

14O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

Campeonato da Europa de SénioresLuta Feminina

Lutas

Realizou-se no dia 17 de Abril de 2011, no Pavilhão Municipal da Quinta do Conde, o Campeonato Nacional Individual de Luta Greco-Romana e de Luta Feminina.

Prova organizada por esta colectividade em conjunto com a Federação Portuguesa de Lutas Amadoras e com os apoios da Câmara Municipal de Sesimbra, Junta de Freguesia da Quinta do Conde e vários comerciantes da Quinta do Conde. A Casa do Benfica na Quinta do Conde participou com nove atletas e obteve seis campeões nacionais e três vice-campeões nacionais.

Campeonato Nacional Individual de Luta Greco-Romana e de Luta Feminina

A ArtesanalPesca continua a revelar grande dinamismo: acaba de adquirir a empresa Tan-gerinaPeixe, para deste modo entrar também na comercialização da sardinha e da cavala, de modo

a aproveitar a oportunidade de congelação em que a empresa fez recentemente um importante investimento. Ao mesmo tempo a empresa absorve os trabalhadores da TangerinaPeixe. De momento a Artesanal emprega já 42 pessoas.

Este dinamismo ainda é mais surpreendente por es-tarmos numa altura de crise, e num sector económico como o da Pesca, tão sujeito a flutuações de produção.

As capturas de peixe-espada preto, bem como as de polvo, têm estado algo fracas neste início de ano, e por isso a ArtesanalPesca decidiu “devolver” aos seus associados 10 cêntimos por cada quilo de peixe-espada capturado no último trimes-tre; mais um sinal revelador da capacidade financeira da ArtesanalPesca, e uma acção coerente com a sua natureza de empresa coop-erativa.

Recentemente tiveram

ArtesanalPesca: dinamismo e novo investimento

lugar eleições para os corpos sociais, logicamente com continuidade de dirigentes. Segundo Manuel José Pólvora, a empresa mantém a sua estratégia de valorizar os produtos oriundos do mar de forma

artesanal, diminuindo igualmente o número de intermediários, benefi-ciando assim tanto o consumidor final como o produtor.

Uma das máximas da coopera-tiva é garantir uma total frescura e qualidade do peixe comercializado e para isto todos os produtos são controlados pela Direcção-Geral de Veterinária que atribuiu, inclu-sive, um número referente a este mesmo controlo de qualidade alimentar.

Em dias de crise, a Artesanal-Pesca pode dizer que não se sente ressentida, pois continua a apostar na qualidade dos seus produtos oferecidos, nunca descuidando este ponto tão importante para o sucesso ou insucesso das mais va-riadas áreas de comercialização, reafirmando que o grande objecti-vo da empresa é a valorização das

pescarias realizadas pelos pescadores de Sesimbra.Manuel José Pólvora aproveitou a conversa com

o nosso jornal para referir alguns dos problemas que se mantêm e que ameçam o sector das pescas,

nomeadamente a subida do preço do gasóleo, e falta de mão-de-obra no sector, pois cada vez há menos incentivos e, por isso, as pessoas, principalmente os jovens, não querem ir para esta área da pesca, mesmo estando desempregados;

Outra limitação são as quotas de pescado, não no caso do peixe-espada preto, onde as quotas se mantiveram, mas sim as referentes aos tubarões de profundidade, cujas quotas são zero. Este peixe está a cerca de 1 km de profundidade, é pescado por anzol e não por arrasto (ao contrário da maior parte das zonas de pesca no país), e portanto não se pode escolher o peixe que é pescado, e quando chega cá acima já ele está quase morto para que seja largado novamente ao mar.

Segundo Manuel Pólvora, “Há uma má orientação política quanto às pescas, visto que não podemos ter a mesma lei para a pesca de anzol e para a pesca do arrasto. As medidas da UE são para a Europa inteira e não para determinadas zonas consoante as suas características, como deveriam ser.”

As multas da Segurança Social e as novas regras do Código Contributivo foram outro aspecto referido pelo responsável da ArtesanalPesca. António Luz

Liliana Santos

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O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 201115

Realizou-se no fim de se-mana de 16 e 17 de Abril no Centro Municipal de Ténis de

TénisLeonardo Maricato alcança primeiro título

Sesimbra o 1º Torneio do Mar organizado pelo Clube Escola de Ténis de Sesimbra. Esta prova que integra o calendário oficial da Federação da Por-tuguesa de Ténis disputou-se nos escalões de Sub-12 e Sub-16, nas variantes de sin-gulares e pares, nos géneros masculino e feminino.

Leonardo Mar icato do CETS, ainda com catorze anos, alcançou o título no escalão de Sub-16, vencendo na final Luís Graça do C. T. da Amadora por 6/2 - 4/6 e 7/5 num encontro dramático que se prolongou por três horas. O jovem sesimbrense que se iniciou na modalidade aos sete anos, tornou-se no primeiro atleta juvenil do CETS a ven-cer um torneio a contar para o ranking nacional.

No sector feminino ainda nos Sub-16, Beatriz Gaspar a representar o CETSesimbra alcançou o 2º lugar do pódio e Leonor Duarte também do CETS, quedou-se pela 5ª posição.

O Grupo Desportivo de Ses-imbra organizou entre 21 e 23 de Abril o XXVI Torneio Internacional de Hóquei, o qual terminou com uma final muito disputada entre a equipa de juniores do Benfica e os espanhóis do C. P. Tordera. A equipa espanhola era a única a justificar o título internacional da prova, na qual participaram ainda equipas do GDS, da Juventude Azeitonense e do C. N. Setubalense, equipas de Sintra, Beja, Parede, Oliveira do Hospital, e ainda selecções da Associações de Patinagem de Setúbal e do Alentejo. Os jogos, que abrangeram es-calões de Iniciados, Escolares, Infantis, Juvenis e Juniores. As outras equipas vencedoras foram, respectivamente: Paço de Arcos (Juvenis), Sintra (Ini-ciados), Sesimbra (Infantis), Benfica “A” (Escolares).

Torneio Internacional

Hóquei em Patins

Simão Pinto, do Surf Clube de Sesimbra, foi o vencedor do “Victoria Skimboards Pro”, 1ª etapa do Circuito Nacional de skimboard, que decorreu na praia da Lagoa de Albufeira,

nos dias 9 e 10 de Abril. Prova esta, organizada pelo Surf Clu-be de Sesimbra em parceria com a Federação Portuguesa de Surf que contou com 50 inscritos.

Simão ganhou, ainda, o troféu dos sub-18.

Diogo Abrantes distinguiu-se como vencedor no escalão de

SkimboardVictoria Skimboards Pro

sub-16 e o jovem Luís Ferreira venceu a prova no grupo dos sub-14.

Na competição feminina, a vencedora foi Sofia Lopes, do Clube Recreativo Quinta

dos Lombos, batendo Maria Pinto (SC Sesimbra), Maria Inês Fontain (SC Sesimbra) e Sara Curado (CR Quinta dos Lombos).

O Circuito Nacional de Skim-board continua nos próximos dias 16 e 17 de Julho em Es-pinho, numa prova organizada pelo Clube Skim Norte.

O Complexo Desportivo Municipal da Maçã foi palco durante a manhã do dia 8 de Abril, da 4.ª edição do Dia do Guarda-Redes.

O evento destinou-se aos alunos do 2.º e 3.º Ciclo da Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho e da Escola Básica 2,3 de Santana. Uma acção promovida pelo Desporto Escolar e Federação Portuguesa de Futebol com o apoio da Câmara Munici-pal de Sesimbra, que visou sensibilizar os jovens para a prática regular de desporto, e neste caso, cativar os jovens praticantes para a posição es-pecífica de futebol, a posição de Guarda-redes.

Como já é hábito a presença de figuras conhecidas do mun-do do futebol em anteriores edições, Tiago, Guarda-Redes do Sporting Clube de Portu-gal, marcou presença nesta actividade.

Futebol4ª Edição do Dia do Guarda Redes

Page 16: O Sesimbrense - Edição 1149 - Abril 2011

16 O SESIMBRENSE | 30 DE ABRIL DE 2011

O SESIMBRENSEEfeméride

Os Bombeiros Voluntários de Sesimbra deram início à publicação de um boletim mensal, destinado a divulgar as actividades daquela Associação. Da responsabi-lidade de Joaquim Diogo (membro dos corpos sociais dos BVS) e do sub-chefe Pedro Santos, o novo periódico ostenta o título de “Presente!”, exactamente a mesma designação do quinzenário dos BVS cuja publicação teve início em 1946, nessa altura realizado por Zé Preto e Manuel José Pereira. O Sesimbrense saúda a nova publicação, a quem dirige votos de sucesso e longa vida.

Bombeiros reeditam boletim

Em Abril de 1909 realizou-se em Lis-boa um Congresso Municipalista, con-vocado pela vereação republicana da Câmara lisboeta. Aderiu ao Congresso grande número de municípios, embora variasse o número de delegados por cada um. Sesimbra fazia-se represen-tar pelo seu presidente, António Peixoto Correia, e ainda por Alberto Torres e Emílio Fragoso.

O Congresso veio a revelar-se uma poderosa manobra partidária dos re-publicanos, procurando capitalizar o descontentamento dos municípios face à apertada tutela do Governo, de quem dependia a aprovação prévia de prati-camente todos os actos das Câmaras.

As teses apresentadas pelos re-publicanos visavam, afinal e apenas, abalar o regime monárquico, pois quando chegaram ao poder, ano e meio depois, não aplicaram nenhuma delas. Um exemplo: partindo do princípio, que diziam “científico”, de que “A Pátria deve ser a Federação dos Municípios livres e autónomos”, e estes uma “Federação de Paróquias”, colocavam os municípios no centro da política nacional, relegando o Governo para um papel secundário: “o Estado apenas exercerá as funções de regular-izador e concatenador da obra comum municipal.”

De acordo com as suas teses, qualquer deliberação dos municípios entraria imediatamente em vigor, in-dependentemente de qualquer tutela, e apenas as deliberações relativas a empréstimos e aumentos de impostos

Uma administração municipal “larga, empreendedora e fora da rotina”

careciam de ser aprovadas em refer-endo popular.

Apesar de dominarem a grande maio-ria dos municípios, os monárquicos não se prepararam devidamente para o Congresso. As teses foram entregues sempre à última hora, sem possibili-dade de estudo prévio e concertação política. O número de delegados por município era algo arbitrário, e muitos municípios monárquicos faziam-se

representar por delegados lisboetas - e republicanos!

António Peixoto Correia teve um pa-pel de relevo no Congresso, intervindo amiúde. Argumentou abundantemente

no sentido do Congresso não possuir competência para aprovar a maioria das teses propostas. Contudo, a mais importante e inovadora intervenção de Peixoto Correia deu-se na defesa da municipalização dos serviços, ou seja, de que os serviços públicos pudessem ser prestados directamente pela Câmara: uma ideia que acabaria, muitos anos depois, por se mostrar visionária, mas que, na altura, era vista com desconfiança por muitos repub-licanos, e também por monárquicos, que viam nessa solução a influência das ideias socialistas e comunistas. Já nessa altura estava em adiantado estado de execução, em Sesimbra, o investimento de abastecimento de água como um serviço municipal, um exemplo concreto daquilo a que o presi-dente sesimbrense classificava como uma administração municipal “larga, empreendedora e fora da rotina”.

Mas Peixoto Correia afirmaria ainda outro importante princípio: o de “uma maior sanção penal e civil para os membros dos corpos administrativos locais, correspondente ao maior alar-gamento de funções, que o pedido da autonomia local necessariamente im-porta”. Esta proposta foi ruidosamente contestada pelos republicanos, que conseguiram a sua rejeição, embora por poucos votos.

As propostas de Peixoto Correia respondiam perfeitamente ao dilema que se colocava então à sociedade Portuguesa: a autonomia local insti-tuída pelos liberais no século XIX fora

António Peixoto Correia:

um fracasso, pois muitas Câmaras se tinham endividado para além do razoável e, em consequência disso, essa autonomia fora sendo gradual-mente reduzida. Dê-se então de novo essa autonomia - propunha Peixoto Correia - e aumente-se até o campo de intervenção das Câmaras, mas responsabilizando ao mesmo tempo os titulares de cargos políticos nas Câmaras pelos seus actos! Solução a que o futuro veio dar razão, pois é esse o modelo que vigora no regime da actual autonomia local.

João Augusto Aldeia

“O meu nome ea minha dignidadepessoal exigem, para mostrar a boa-fé com que reinvidico amáxima autonomia local, que a este aumento de liberdade corresponda umaumento deresponsabilidade.