O Sesimbrense - Edição 1155 - Outubro 2011

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Página 4 Página 9 Política Local Desporto Página 12 Página 13 ANO LXXXV • N.º 1155 de 25 de Outubro de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC) Filme sobre a pesca do ferrado premiado no Festival Art&Tour O filme sobre a pesca do ferrado, na Costa da Galé, arealizada a partir de aiolas transportadas a bordo da barca “Amor ao Ofício”, obteve um honroso 3º lugar no Festival Art&Tour, de Barcelos,na categoria Pessoas e Lugares. Produzido e realizado com escassos recursos pela produtora sesimbrense Filma- niac, teve de se confrontar com filmes de orçamento várias vezes superior. Autarquias obrigadas a reduzir funcionários e dirigentes A proposta de Orçamento de Estado para 2012 impõe uma série de restrições à actividade das Autarquias Locais: menos funcionários, menos cargos dirigentes, menos crédito, e reduções nas transferências financeiras do Estado: mas o corte nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários, pode acabar por por compen- sar essa redução, sobretudo no caso da Câmara Municipal de Sesimbra, onde as trans- ferências do Estado pesam pouco. Página 10 João Lagos homenageado pelo Clube Escola de Ténis de Sesimbra O CETS festejou o seu 12º aniversário com um jantar de convívio, onde, como é habitual, foram distribuídos troféus aos atletas que mais se distinguiram nos últimos 12 meses. Mas este aniversário teve um sabor especial, pois contou com a pesença de João Lagos, grande figura do desporto nacional, que como jogador de Ténis, quer como empresário que tem projectado Portugal em diversas modalidades desportivas, tal como foi re- ferido na deliberação tomada pelo Clube de Ténis sesimbrense. Página 5 Saúde Protesto contra encerramento nocturno do SAP No passado dia 3 de Ou- tubro uma concentração de mais de 300 pessoas pro- testou, junto ao SAP de Se- simbra, contra a decisão do seu encerramento durante o período nocturno. A manifestação foi convoca- da pelas Comissões de uten- tes de Sesimbra e Quinta do Página 3 Opções Participadas Obesidade Infantil: epidemia global Câmara Municipal de Se- simbra, levou a cabo, entre os dias 3 e 15 de Outubro, as três freguesias do concelho, Santiago, Castelo e Quinta do Conde, uma nova ronda de oito fóruns descentralizados que se destinaram a promover A obesidade infantil também afecta Sesimbra, pois 38% das crianças do concelho, com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos, sofre de excesso de peso. Para atacar este problema, surgiu em 2007 o projecto “Mexe-te”, que alia três verten- tes: educação física, nutrição e acompanhamento psicológico. momentos de debate entre o executivo municipal e os cidadãos. Estes fóruns, à se- melhança dos anos anteriores, destinaram-se, igualmente, a recolher os contributos dos moradores de cada zona para o orçamento municipal. Pesca ao Espadarte O XII Torneio de Pesca ao Espadarte - José Pinto Braz, que realizou-se dia 15 de Outubro, contou com a organização do Clube Naval de Sesimbra. Genny Braz foi a grande vencedora com o troféu fe- minino e primeira classificada do torneio. Segurança Multibanco assaltado Na madrugada de 11 de Outubro, uma caixa de Mul- tibanco na Quinta do Conde, foi assaltada com recurso a explosão de gás. Segundo testemunhas, foram dois os autores do assalto, e que se faziam transportar numa moto. Conde, Juntas de Freguesia e Câmara. Posteriormente a Câmara Municipal veio a tornar pública uma proposta alternativa de horário de funcionamento, com o objectivo de reduzir despe- sas mas sem encerramento nocturno. Página 15

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O Sesimbrense - Edição 1155 - Outubro 2011

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Política Local

Desporto

Página 12

Página 13

ANO LXXXV • N.º 1155 de 25 de Outubro de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)

Filme sobre a pesca do ferradopremiado no Festival Art&TourO filme sobre a pesca do ferrado, na Costa da Galé, arealizada a partir de aiolas transportadas a bordo da barca “Amor ao Ofício”, obteve um honroso 3º lugar no Festival Art&Tour, de Barcelos,na categoria Pessoas e Lugares. Produzido e realizado com escassos recursos pela produtora sesimbrense Filma-niac, teve de se confrontar com filmes de orçamento várias vezes superior.

Autarquias obrigadas a reduzir funcionários e dirigentes

A proposta de Orçamento de Estado para 2012 impõe uma série de restrições à actividade das Autarquias Locais: menos funcionários, menos cargos dirigentes, menos crédito, e reduções nas transferências financeiras do Estado: mas o

corte nos subsídios de férias e de Natal dos funcionários, pode acabar por por compen-sar essa redução, sobretudo no caso da Câmara Municipal de Sesimbra, onde as trans-ferências do Estado pesam pouco. Página 10

João Lagoshomenageado pelo ClubeEscola de Ténis de Sesimbra

O CETS festejou o seu 12º aniversário com um jantar de convívio, onde, como é habitual, foram distribuídos troféus aos atletas que mais se distinguiram nos últimos 12 meses. Mas este aniversário teve um sabor especial, pois contou com a pesença de João Lagos, grande figura do desporto nacional, que como jogador de Ténis, quer como empresário que tem projectado Portugal em diversas modalidades desportivas, tal como foi re-ferido na deliberação tomada pelo Clube de Ténis sesimbrense.

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Saúde

Protesto contra encerramento nocturno do SAP

No passado dia 3 de Ou-tubro uma concentração de mais de 300 pessoas pro-testou, junto ao SAP de Se-simbra, contra a decisão do seu encerramento durante o período nocturno.

A manifestação foi convoca-da pelas Comissões de uten-tes de Sesimbra e Quinta do

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Desporto

Opções Participadas

Obesidade Infantil: epidemia global

Câmara Municipal de Se-simbra, levou a cabo, entre os dias 3 e 15 de Outubro, as três freguesias do concelho, Santiago, Castelo e Quinta do Conde, uma nova ronda de oito fóruns descentralizados que se destinaram a promover

A obesidade infantil também afecta Sesimbra, pois 38% das crianças do concelho, com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos, sofre de excesso de peso.

Para atacar este problema, surgiu em 2007 o projecto “Mexe-te”, que alia três verten-tes: educação física, nutrição e acompanhamento psicológico.

momentos de debate entre o executivo municipal e os cidadãos. Estes fóruns, à se-melhança dos anos anteriores, destinaram-se, igualmente, a recolher os contributos dos moradores de cada zona para o orçamento municipal.

Pesca ao Espadarte

O XII Torneio de Pesca ao Espadarte - José Pinto Braz, que realizou-se dia 15 de Outubro, contou com a organização do Clube Naval de Sesimbra.

Genny Braz foi a grande vencedora com o troféu fe-minino e primeira classificada do torneio.

Segurança

Multibanco assaltado

Na madrugada de 11 de Outubro, uma caixa de Mul-tibanco na Quinta do Conde, foi assaltada com recurso a explosão de gás. Segundo testemunhas, foram dois os autores do assalto, e que se faziam transportar numa moto.

Conde, Juntas de Freguesia e Câmara.

Posteriormente a Câmara Municipal veio a tornar pública uma proposta alternativa de horário de funcionamento, com o objectivo de reduzir despe-sas mas sem encerramento nocturno.

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flagelo da pirataria.Por sua vez, o Comodoro Alberto

Silvestre Correia, completou a visão sobre a pirataria, ao descrever o papel da Força Naval da União Europeia. A operação ATALANTA, que visa proteger o abastecimento humanitário à popula-ção somali, também tem como missão proteger e reprimir as actividades de pirataria numa vasta área superior à do continente europeu. Apesar do suces-so quanto à redução dos ataques, há vários constrangimentos, que passam pelo insuficiente número de unidades navais, pela restrição do mandato ao plano marítimo, impedindo o ataque às bases piratas terrestres, pela dificuldade de penalizar legalmente os “piratas” e sobretudo, pelo elevado risco de perda de vida das pessoas sequestradas, que muitas delas são torturadas e violadas. O orador referiu ainda o facto destes indivíduos não terem “qualquer respeito pela vida humana”.

2O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 2011

Editorial

Pescas - Setembro

No âmbito das comemorações do Dia Mundial do Mar, dia 27 de Setembro, a APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, SA, participou de uma palestra intitulada “Pirataria- Or-questrando a Resposta”. Esta foi mais uma das palestras inseridas no ciclo de conferências e eventos sob este tema realizados em 2011, promovidos pela OMI – Organização Marítima Internacional.

Carlos Gouveia Lopes, o Presidente do Conselho de Administração da APSS, fez a introdução do tema e apresentou alguns dos oradores a participar esta palestra, como o Dr. José Carlos Santos, director da CMA CGM Portugal e Comodoro Al-berto Silvestre Correia, que comandou, de Abril a Agosto de 2011, a Força Naval da União Europeia - Operação Atalanta, com uma descrição dos respectivos percursos profissionais, dirigindo-se aos cerca de cinquenta participantes que marcaram presença na plateia.

O Dr. José Carlos Santos apresentou algumas características da pirataria no Oceano Índico, desde tempos mais anti-gos até à actualidade, dando a conhecer uma realidade que hoje afecta muito ne-gativamente o transporte marítimo global, quer ao nível económico, com os custos dos navios sequestrados, medidas de segurança a bordo e alterações de rotas, quer ao nível humano, com o número de marinheiros mantidos em cativeiro pelos piratas em condições muito precárias. Estima-se já em 12 mil milhões de dó-lares, por ano, o valor dispendido com o

Dia Mundial do Mar

Houve um sensível aumento de captu-ras neste mês de Setembro, nomeada-mente na Artesanal e no Cerco. O Arrasto teve uma ligeira alteração.

A Artesanal duplicou e o Cerco também, este em cerca de um milhão de quilos!... em relação ao mês de Agosto anterior.

Na Lota é que os valores não se equiv-aleram, enquanto a Artesanal teve uma subida de 210.000 euros, o Cerco só ob-teve 80.000 euros por tão alto rendimento de peixe pescado. Isto deve-se ao facto de a grande maioria da espécie capturada ser “Cavala”, que tem diminuto valor com-ercial. Porém, valha-nos o interesse dos espanhóis que nos compram a maior parte deste pescado para alimentação dos seus viveiros de atuns a um preço estabelecido

de 2 cêntimos por quilo!...Aquilo que sempre temos manifestado,

neste intercâmbio com a Espanha, revela-se o desinteresse que os nossos gover-nantes dedicam à pesca, pescadores e comércio de peixe.

Temos Mar, temos um litoral rico e produtivo de espécies e não temos GENTE capaz para preservar e desen-volver este potencial marinho de que dispomos!...

Enfim, temos “malhado em ferro frio” durante tantos anos neste jornal, ninguém nos ouviu e agora, embora tardiamente, tenta-se recuperar toda a RIQUEZA, desperdiçada que nos tornou os pedintes da EUROPA.

Pedro Filipe

Em 1910, logo após terem tomado posse da Câmara Municipal, na se-quência da Revolução Republicana, Lino Correia e os restantes vereadores encontraram os cofres municipais vazios e dívidas por pagar. Para enfrentar o problema propuseram a criação de um imposto que poderia render 8 milhões de reais por ano: uma soma substancial. Mas a sua proposta apresentava uma característica muito original: o novo imposto seria pago apenas pelos con-cessionários das armações de pesca: ou seja, a escassa dúzia de famílias que tinha dominado a vida política ses-imbrense durante as últimas décadas da Monarquia. Era uma espécie de versão do moderno slogan: “os ricos que paguem a crise”. Tratava-se de um imposto injusto, no sentido em que não tinha uma natureza universal: incidia apenas sobre uma parte do sector da pesca.

Nos tempos que correm também o Governo português enfrenta uma séria crise financeira desencadeada por uma dívida pública que as receitas habituais não permitem pagar. Para enfrentar o problema, começou por aumentar os impostos. Mais recentemente, sentindo necessidade de obter mais recursos, criou um novo imposto mas, desta vez, disfarçado de corte de subsídios de Férias e de Natal dos funcionários

Retórica políticapúblicos - corte a vigorar, pelo menos, durante dois anos. Trata-se também de um imposto injusto, na medida em que incide apenas sobre uma parte dos assalariados: os que trabalham para o Estado.

Contudo, há uma grande diferença entre estas duas medidas, com pouco mais de cem anos de diferença entre si. A proposta de Lino Correia, independente-mente da sua adequação, demonstrava uma grande coragem da parte do político recém empossado. Ou seria ingenui-dade? Afrontar a poderosa burguesia de Sesimbra não era brincadeira: não se tratavam de meros empresários de província: muitos eram investidores de nível nacional, com interesses em im-portantes ramos da economia do País (Alípio Loureiro era accionista da Casa Africana, José Pedro Frade no Banco de Portugal, a família Gouveia no ramos dos seguros, etc.)

Já a recente decisão do Governo demonstra tudo menos a coragem de que os próprios governantes, sem vislumbre de modéstia, elogiosamente se atribuem. Onde está a coragem em afrontar os mais pequenos, ao mesmo tempo que se reforçam os orçamentos das forças policiais, para precaver um previsível aumento da contestação social?

João Augusto Aldeia

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O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 20113

ONDULAÇÕESEduardo Pereira

Na madrugada de 11 de Outubro, uma caixa de Multibanco na Quinta do Conde, foi assaltada com recurso a explosão de gás.

O ataque deu-se pouco depois das 03:00 da manhã, e segundo alguns vizinhos, eram dois os ladrões que se faziam transportar numa moto, que agiram com rapidez e precisão, e no momento da fuga tomaram a direcção de Azeitão.

A explosão, para além do sobres-salto que causara nos vizinhos, casou também danos na dependência da agência imobiliária Century 21, onde se encontrava o ATM, evidentes para quem por ali passava.

A porta de vidro de entrada partida, as paredes e diverso material informáti-co no interior da loja danificados, foram alguns dos danos provocados.

Desde 4 de Maio, este é o 26º assalto com recurso ao método de injecção de gás, o que valeu aos ladrões a fuga com milhares de euros.

Os assaltantes, até à data, encon-

Caixa de Multibanco assaltada com explosão de gás

Um incêndio destruiu uma loja de venda de produtos económicos, na Quinta do Conde, pouco tempo depois

Incêndio destrói loja na Quinta do Conde

O primeiro número desta minha coluna, a que dei o nome de Ondula-ções, foi entregue na Redacção de “O Sesimbrense”, no dia 20 de Abril 2002. Este nome pretendia ser uma garantia dos esforços do autor para conseguir que esta coluna, para além de ser esclarecedora quanto à mensagem a passar aos leitores, não se pouparia, nos sucessivos relatos, por conseguir objectividade, transparência e verdade, fazendo para o efeito as ondas ne-cessárias para o conseguir. À data, a ideia que eu tinha e mantenho, era que os temas a tratar envolveriam, como não poderia deixar de ser, as neces-sidades das nossas populações – as sociais, as de emprego, as de saúde, as políticas de maior interesse, os temas regionais e de economia de Sesimbra e as questões nacionais de interesse das portuguesas e dos portugueses. Logo no seu primeiro número fui obrigado a alertar-vos para questões nacionais que, a serem mal resolvidas, poderiam vir a contribuir para uma situação de crise com destaque para a descida da competitividade externa, para a inflação e para o desemprego, gravidade que, afinal, acabámos por viver.

Resumindo, logo no primeiro número destas Ondulações, a crise ocupou o centro do palco.

Mas o que mais me preocupava e continua a preocupar era o valor da factura desta crise que ainda hoje não conhecemos, com exactidão, e que irá ser paga por todos os portugue-ses. Logo, então, iniciei a minha luta pela distribuição dessa factura pelas famílias portuguesas.Tem de ser feita justiça nessa factura. Vão longe os tempos em que se gritava pelas ruas e pelos campos, que deviam ser os ricos a pagar a crise. O que nunca sucedeu. Mas eu quero gritar das linhas desta coluna que por não se poder, nem se dever, serem só os pobres e os trabal-hadores a pagarem essa factura. Só a saldaremos se a pagarmos TODOS”.

Numas Ondulações de Dezembro de 2004, comentava eu e, com esse comentário, corrigia algumas declara-ções do senhor Governador do Banco de Portugal. Com o devido respeito pelo senhor Governador, a sua opinião não foi exacta, a situação financeira do país ainda não deixou de ser preo-cupante, desde 1974. O país quebrou os sonhos de Abril e tem vindo a viver, despreocupadamente, acima das suas possibilidades. A má governação do país é a regra, o bom desempenho governativo de um ou outro ministério, é a excepção. Os altos responsáveis vão-se mantendo, surdos às vozes nacionais e internacionais que os chamam à razão. Não se combatem as fraudes ao fisco como se impunha, não se põe fim à imoralidade e à corrup-ção na administração pública. A baixa de algumas produções e a qualidade de alguns produtos vão agravando o nosso já elevado défice do comércio externo, com reflexos directos na nossa dívida externa. Os desequilíbrios

regionais, a diminuição da poupança, o endividamento das famílias, o es-tado económico-financeiro do país e o desemprego podem aumentar, ainda mais, a relativização da independência nacional, de alguma forma já diminuída pela nossa posição de fraqueza numa União Europeia, alargada a vinte e cinco membros. Mas a tendência tem sido para delapidar grande parte dos proveitos dessas situações, como te-mos vindo a delapidar as contribuições da União Europeia, recebidas depois da nossa adesão às comunidades. A situação do país não é preocupante, é grave, com tendência para trágica.

E assim se cumpriu o vaticínio. Para sairmos dela, instalou-se em Portugal a célebre Troika que negociou com o governo Sócrates um documento de obrigações de que foi primeiro subscritor o Partido Socialista e que, posteriormente, foi subscrito pelo PSD e pelo CDS. Embora essa obrigação de cumprimento continue a ser garantida pelo actual governo, não o poderá ser. 1) sem ser profundamente alterado esse documento de obrigações, quer no que se refere a subscritores, quer no que se refere a algumas cláusulas danosas 2) sem alteração do prazo imposto à descida do nosso défice. 3) devendo ser subscrito pelos partidos auto-excluídos. 4) sem profundas al-terações na proposta de Orçamento para 2012.

Desde que a actual crise se instalou, as minhas Ondulações têm-lhe ofe-recido, com alguma frequência, boa parte da coluna, por força da gravidade da situação. A forma como sairmos da crise, marcará o nosso futuro, por muitos anos.

As negociações com a Troika guarda-ram o costumado segredo que, nor-malmente, afasta os portugueses da defesa dos seus interesses. Não me respondam que, apesar de tudo, foram conhecidas antes da sua as-sinatura porque, a realidade é que só foi conhecido quando já não se poderia acrescentar ou pedir para retirar algo às propostas na mesa.

A ajuda financeira que nos “vend-eram” foi bem-vinda mas a herança que nos deixaram irá continuar a preocupar-nos durante muitos e vários anos.

do proprietário abandonar o local.O fogo que teve inicio pelas 20:40

horas, do dia 29 de Setembro, destruiu todo o recheio que se encontrava na loja, causando um prejuízo que o pro-prietário estima no valor de 90 mil euros.

João Carido, proprietário da loja Alco-fina Económica I, de 63 anos, diz que o incêndio deflagrou “minutos depois de ter fechado a loja”, daí a surpresa do proprietário após deparar-se com aquele cenário de destruição, “fiquei sem nada no interior da loja”, conclui João Carido.

Os bombeiros de Sesimbra mobi-lizaram 16 homens e 5 viaturas, que segundo responsável “o incêndio não provocou feridos, apenas danos ma-teriais”.As origens do incêndio estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária de Setúbal.

Andreia Coutinho

tram-se a monte, desconhecendo-se ainda o montante roubado.

Andreia Coutinho

Mais um acidente da Estrada Nacional de Sesimbra. Um ferido ligeiro resultou de um aparatoso acidente, uma colisão entre dois veículos.

Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, no local esteve uma ambulância com dois indivíduos.

Andreia Coutinho

Mais um acidente na EN

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4O SESIMBRENSE | 25 OUTUBRO DE 2011

João Lagos homenageado pelo Clube Escola de Ténis de Sesimbra

O CETS festejou o seu 12º aniversário com um jantar de convívio, onde, como é habitual, foram distribuídos troféus aos atletas que mais se distinguiram nos últimos 12 meses. Mas este aniversário teve um sabor especial, pois contou com a pesença de João Lagos, grande figura do desporto nacional, quer como jogador de Ténis, quer como empresário que tem projectado Por-tugal em diversas modalidades desportivas, tal como foi referido na deliberação tomada pelo Clube de Ténis sesimbrense.

Augusto Pólvora, presidente da Câmara, apresentou as saudações iniciais ao convida-do de honra, destacando que a Câmara Municipal tem estado desde a 1ª hora ao lado do CETS, salientando o facto de ter vindo a crescer, acreditan-do que o mesmo continuará a acontecer nos próximos anos

Recordou que as instala-ções disponibilizadas pela Autarquia foram o embrião deste cescimento ao longo dos últimos tempos, e fez votos para que continuem a desempenar esse papel, “para que possamos ter cada vez mais praticantes, e re-sultados, como tiveram este ano os Veteranos, que foram campeões regionais.” Augus-to Pólvora anunciou que em breve a Câmara irá votar uma proposta para atribuição do Mérito Municipal a esta equipa dos Veteranos.

Agradecendo mais directa-mente a João Lagos, a “figura mais marcante do Ténis em Portugal e a pessoa que mais tem feito pelo Ténis no nosso País”, o Presidente da Câmara agradeceu a sua deslocação a Sesimbra, e pediu-lhe que dentro das suas possiblilida-des e capacidades, também ajude a fazer crescer o Ténis em Sesimbra,sendo certo “que esta sua presença já contribui-rá para isso”.

Profundamentesensibilizado

No final do jantar foram en-

tregues troféus e foi então feita a homenagem a João Lagos, com leitura da deliberação to-mada pelo CETS – que repro-duzimos integralmente noutro local desta página – após o que o homenageado dirigiu al-gumas palavras, manifestando estar “profundamente sensibi-lizado com a vossa simpatia, com a vossa generosidade em primeiro pelo convite, pela honra que me proporcionam em estar aqui no vosso 12º aniversário. Para mim é uma festa de família, porque o Ténis é toda a minha vida, eu levo 67 anos e praticamente todos eles com uma raquete às costas, e por isso estes ambientes são para mim de particular simpatia”.

Destacando a cordialidade com que era acolhido, con-fesou que “apesar de ser a primeira vez que me concontro com muitos de vós, é como se vos conhecesse há muitos anos e por isso o meu agra-decimento.”

Dirigindo-se directamente ao Presidente da Câmara, agradeceu o apoio que tem dado à modalidade: “quem ajuda o Ténis, seja de que forma for, é como se me esti-vesse a ajudar a mim também. Portanto, bem haja por tudo aquilo que tem feito e certa-mente continuará a fazer.”

O troféu de homenagem foi entregue a João Lagos por João Pedro Aldeia, sócio fun-dador nº 1 e que, na expres-são do presidente do CETS, Luís Esteves, “vive o Ténis como pouca gente viverá”.

“Na sua reunião de 11 de Setembro a Direcção do Clube Escola de Ténis de Sesimbra aprovou por unanimidade uma proposta no sentido de homenagear o sr. João Lagos, em reconheci-mento de uma carreira plena de êxitos a nível desportivo, e ainda como grande impulsionador do desporto no nosso País, nomeadamente na área do Ténis, elevando e promovendo a mo-dalidade em Portugal, e também internacionalmente, razão pela qual hoje também o temos como convidado de honra.

Jogador exímio, foi várias vezes Campeão nacional absoluto, e disputou, por mais de uma vez a Taça Davis. Para além de ser responsável por grandes eventos desportivos como o Lisboa-Dakar, o Masters-ATP em 2000 em Ténis, e mais recentemente a Volta a Portugal em bicicleta, entre muitos outros.

Com um brio e uma paixão incomensurável, dirige o maior torneio de ténis Português, o Estoril Open, um evento que tem, ao longo de 22 anos, desempenhado um papel de incentivo, e de difusão, de vários projectos e energias que têm sido determinantes para o desenvolvimento do Ténis nacional, proporcionando ainda, a adeptos e praticantes o prazer de ver e sentir ao vivo o Ténis ao mais alto nível, trazendo ao nosso País todos os grandes campeões da última década, que nos corredores do Jamor se misturam e convivem com os jovens jogadores e público em geral.

Hoje no seio da nossa família,e na presença de todos os nosso convidados, que testemu-nharão este facto, o Clube Escola de Ténis de Sesimbra, presta a sua devida e merecida homenagem ao sr. João Lagos.”

Uma carreira plena de êxitos

A empresa sesimbrense “AJBF - Engenharia e Habi-tação” foi galardoada com o prémio do Salão Imobiliário de Portugal de 2011, na ca-tegoria de “Eficiência Ener-gética”.

A empresa fundada por António Júlio Baeta Ferreira

tem dedica-do a maior parte da sua actividade à cons t rução de moradias na zona de Alfarim, e foi precisamen-te um destes empreendi-mentos, o

“Condomínio Praia de Alfa-rim”, que justificou a atribui-ção deste prémio.

A AJBF tem presença habi-tual no Salão Imobiliário, e no ano passado o destaque do seu pavilhão foi precisamen-te para o referido empreendi-mento de Alfarim.

A empresa AJBF também esteve em destaque na últi-ma edição do nosso jornal, a propósito da sua recente ini-ciativa de se lançar no sector da reabilitação urbana, com a recuperação integral de an-tigos edifícios de Sesimbra, sem alteração da respectiva estrutura ou número de pisos.

CondomínioPraia de Alfarim

Este empreendimento foi classificado, em termos ener-géticos, com um A+, a clas-sificação mais elevada na escala do Sistema Nacional de Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior dos Edifícios (SCE).

Em declarações ao Jornal da Construção, a projectista Inês Marques Ferreira, disse que “o elevado nível de con-forto” apresentado por todas as moradias de tipologia T3, com piscina e jardim indvi-duais, “decorre essencial-mente das soluções passivas que lhe foram aplicadas com vista a impedir e a regular a transferência de calor, desig-nadamente, das envolventes opacas e dos vãos envidra-çados”.

Outro aspecto salientado pelo Jornal da Construção é o da opção da empresa se-simbrense por “reduzir con-tinuadamente as necessida-des de consumo das suas

construções, tendo em vista a sua maior sustentabilidade”, procurando uma optimização da exposição solar”. Para isto, à escolha criteriosa dos envidraçados, somou a sua diferenciação conforme as exigências ambientais

Também ao mesmo jornal, António Júlio, sócio-gerente da AJBF, disse que o prémio vem comprovar a justeza dos principais lemas da sua em-presa: “conhecer as ciências, nomeadamente a física das construções, na execução das habitações, inovando nos sistemas dos edifícios, avaliando os critérios de de-sempenho de segurança, conforto e sustentabilidade”.

AJBF obtém prémio de eficiência energética

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urgências não têm hora mar-cada”, e que “o SAP é para se manter aberto 24 horas por dia, que é isso que todo o povo do concelho de Sesimbra merece, e é isso que a popu-lação que nos visita ao longo do ano merece”.

Acrescentou: “estamos aqui hoje e voltaremos a estar sempre que necessário, tal como há quatro anos. O povo merece o SAP aberto, o povo merece um serviço de saúde que dê resposta às suas ne-cessidades. Esta luta não é só em relação ao SAP e aos serviços de saúde em Sesim-bra, é também em relação à exigência da construção do hospital que sirva as popula-ções dos Concelhos do Seixal e de Sesimbra, tal como foi prometido pelo próprio Go-verno”.

«O que estão a fazer é imoral para as pessoas que descontam todos os meses e que precisam de uma urgência .»

Ana Cruz, presidente da Junta de Freguesia de San-tiago, disse ser “indecente o que estão a fazer. Vale cortar em tudo menos na Educação e na Saúde. O que estão a fazer é imoral para as pessoas que descontam todos os meses e que precisam de uma urgência mais próxima das suas casas.

A pricipal intervenção esteve a cargo do presidente da Câ-mara, que começou por clas-sificar o encerramento como uma “medida tomada de forma traiçoeira, nas nossas costas, sem nos ouvir”. Relatou que a numa quinta-feira a Câmara recebeu a comunicação oficial de que o encerramento noctur-no se daria a partir do sábado seguinte: “desde esse dia fizemos inumeras diligências para falar com responsáveis, sem qualquer sucesso, es-crevi uma carta ao ministro da Saúde, também sem resposta. Não podemos aceitar esta decisão, que revela falta de respeito para com os órgãos autárquicos.”

Fazendo um historial da luta de há 4 anos atrás, também contra o encerramento do SAP, lembrou que a decisão do Governo foi a de contratar uma empresa de segurança para manter o SAP aberto 24 horas, “e agora encerram à noite com o argumente da necessidade de reduzir esses mesmos custos”.

«Não podemos aceitar que à boleia da neces-sidade de reduzirdespesas, ve-nham dizer que têm de acabar com este serviço.»

Porém, segundo Augusto Pólvora, e de acordo com as próprias regras do tempo do ministro Correia de Campos, a população e localização de Sesimbra justificavam não um SAP, mas sim um Serviço de Urgência Básico: “Mais do que um SAP, com a falta de condi-ções que este tem, deviamos ter um Serviço de Urgência Básico, dotado, segundo a lei, com 2 médicos permanentes 24 h por dia, enfermeiros, serviços ede radiologia e labo-ratório. Não podemos aceitar que à boleia da necessidade de reduzir despesas, venham dizer que têm de acabar com este serviço.”

O Presidente da Câmara comparou esta decisão a “ou-tra vergonha que foi, depois do protocolo assinado com as Câ-maras, o Governo ter decidido o congelamento da construção do hospital do Seixal. Quan-do o hospital Garcia da Orta abriu há 20 anos, servia uma população que era metade da actual, mas o hospital é o mesmo e os serviços são cada vez mais deficientes.”

Para além das necessida-des dos residentes, Augusto Pólvora lembrou a população flutuante, “muito significativa, nomeadamente aos fins-de-semana, para além das 230 mil dormidas turisticas ao lon-go do ano.” Terminou fazendo votos para “que haja disponi-bilidade para o diálogo”.

Tomou também da palavra, Florindo Paliotes, em nome da Comissão de Utentes de Sesimbra, que fisse que “as

O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 20115

No passado dia 3 de Outubro uma concentração de mais de 300 pessoas protestou, junto ao SAP de Sesimbra, contra a decisão do seu encerramento durante o período nocturno.

A manifestação foi convocada pelas Comissões de utentes de Sesimbra e Quinta do Conde, Juntas de Freguesia e Câmara Municipal, estando também presente a presidente da Assembleia Municipal, ainda que aquele órgão não tenha tdo tempo de se pronunciar sobre a decisão.

Posteriormente a esta mani-festação, a Câmara Municipal de Sesimbra emitiu um comu-nicado propondo alternativas à redução de horário decidida pelo Governo: Referindo que no modelo atual, que vigora desde 1 de Outubro, a Autoridade Regional de Saúde paga a uma empresa para garantir médicos entre as 8 e as 22 horas, e que grande parte desse período (8 às 20 horas) coincide com o horário de funcionamento dos

Câmara apresenta proposta alternativamédicos de família e da Unidade de Saúde Familiar do Castelo, a Autarquia propõe “que os mé-dicos de família e enfermeiros façam o atendimento entre as 8 e as 20 horas, e que a referida empresa passe a funcionar em período nocturno, entre as 20 e as 8 horas da manhã, garantindo assim a abertura do SAP durante 24 horas nos dias úteis. O horário de fim de semana, que neste momento é das 10 às 16, passaria a ser de

24 horas por dia. No total, este modelo representaria apenas um acréscimo de 22 horas em relação ao regime implementa-do e permitiria manter o serviço permanentemente aberto.”

Para além disso, e conside-rando que no período de 1 de Ju-nho a 31 de Agosto o Concelho de Sesimbra recebe milhares de turistas, a Câmara cinsidera “que o serviço da empresa deveria ser prestado durante 24 horas por dia.”

Está fora de questão termos que percorrer 30 km para ter-mos de saber se a nossa gripe

está em estado muito avança-do ou não, é indecente termos de percorrer 30 km para cozer

uma cabeça ou para ver um dedo partido”.

Mais de 300 pessoas juntaram-se frente aos Serviço de Atendimento Permanente, no Largo 5 de Outubro, algumas das quais empunhando cartazes e bandeiras negras. Comentava-se que muita gente se iria inscrever para ser atendida, de tal forma que os serviços do SAP não conseguissem encerrar à hora prevista, mas às 10 horas as portas foram efectivamente encerradas, perante os protestos dos presentes.

Protesto contra encerramento nocturno do SAP de Sesimbra

No passado dia 15 de Outu-bro a Assembleia Municipal organizou uma Conferência, evocando os 100 anos da Constituição aprovada pela 1ª República, na qual participa-ram como oradores o profes-sor e constitucionalista dr. Vital Moreira, que falou sobre “ A República e o Conhecimento da Constituição Portuguesa”, e a professora dr.ª Margarida Louro Felgueiras, com uma

intervenção sobre as “Imagens do Professor na I República”.

Na segunda parte da Con-ferência, dois sesimbrenses abordaram aspectos mais di-rectamente relacionados com o mesmo período no Concelho de Sesimbra: o dr. Luis Ferreira apresentou uma comunicação sobre “Os Municípios e o Pa-trimónio Cultural”, e o dr. João Augusto Aldeia, outra sobre “A Go-vernação Municipal em Ses-

imbra na I República.”A cerimónia incluiu ainda

um concerto pela orquestra Bota Big Band que, entre out-ras composições, tocou uma peça do Pe. Fidelino Otelo Cardoso, bem como uma parte da Suite Alentejana de Luís de Freitas Branco, peça de difícil execução e que foi tocada com grande brilhan-tismo pela jovem orquestra sesimbrense.

Assembleia Municipal comemora 100 anos da Constituição de 1911

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Fotógrafos de Sesimbra (VII)

Carlos Manito Torres (1883-1961)

Depois de vários dias de au-têntico Verão - mas em pleno mês de Outubro! - a Meteoro-logia anunciou que em breve se passaria das temperaturas altas que se faziam sentir e de praias ainda convidativas à beira do mês de Novembro, para um acentuado agrava-mento das condições climaté-ricas. A previsões dos boletins meteorológicos anunciavam uma repentina descida de temperatura, chuva e vento forte, com rajadas na ordem dos 90 Km/h.

Inundações, árvores derru-badas, derrocadas de facha-das de prédios mais antigos, são algumas das ocorrências efectivamente provocadas

Mau tempo: ”Depois da Bonança a Tempestade”

pelo mau tempo que caíu, na noite de 23 para 24 de Outu-bro, em Sesimbra, a par do resto do país.

De acordo com o CDOS (Comando Distrital de Opera-ções de Socorro) de Setúbal, a chuva e o vento forte que se abateram sobre a região ocor-reu na sua maior força entre as 21:00 e as 24:00 de domingo.

Segundo fonte da Protecção Civil, não houve nenhum caso grave, para além de quedas de árvores e alguns danos em edifícios antigos, como ocor-reu no telhado de um edifico antigo ao lado do Restaurante Pasta Fina, na Rua Dr. Peixoto Correia.

Andreia Coutinho

As duas fotografias de Se-simbra que publicamos, da autoria de Carlos Manito Tor-res, foram reproduzidas de uma revista de 1904, pelo que não apresentam grande qualidade de impressão. No entanto, a sua raridade justi-fica a sua reprodução, e a in-clusão do notável engenheiro setubalense na galeria dos que fotografaram Sesimbra.

A fotografia da baía de Ses-imbra e da praia a poente da Fortaleza, mostrando a azá-fama da lota, parece igual a muitas outras fotografias conhecidas com o mesmo enquadramento, mas estas apresentam quase sempre os vestígios da fragata Numân-cia, denunciando uma data-ção posterior a 1916, ano do naufrágio daquela embarca-ção.

Mais rara ainda é a foto-grafia de lavadeiras na ribeira da Maçã - provavelmente a ribeira da Pateira, que dali segue em direcção à Apostiça - um tema que nunca mere-ceu a atenção dos fotógrafos, quase sempre atraídos pela actividade piscatória, mas ig-norando o labor das gentes da freguesia do Castelo.

A fotografia da Maçã apre-senta ainda a curiosidade de incluir um género de “mirones” que aproveitaram para ficar na película.

Carlos Manito Torres nasceu em Setúbal, tendo-se formado em Engenharia - estas fotografias datam pro-vavelmente dos anos em que estava a terminar os seus es-tudos superiores. Foi profes-sor do Colégio Militar, e tam-bém desenvolveu actividade como jornalista - sobretudo na Gazeta dos Caminhos de Fertro”. Estudou profunda-mente a problemática do Tur-ismo, sobre a qual escreveu, em 1934, o estudo “Bases do desenvolvimento e organiza-ção do turismo nacional”.

Manito Torres foi um ci-dadão activo na sua terra na-tal. Ali exerceu as funções de Governador Civil e de presi-dente da Comissão Municipal de Iniciativa e Turismo, tendo-se notabilizado pelo apoio que deu às actividades turísti-cas naquele concelho. Foi autor de um importante es-tudo analítico sobre “O plano de urbanização de Setúbal”, em 1945, sendo também de

sua autoria o projecto do bal-neário dr. Paula Borba.

Mas a principal actividade profissional de Carlos Manito Torres decorreria nos Camin-hos de Ferro Portugueses. Em 29 de Setembro de 1909, iniciou funções como engen-heiro praticante, na divisão do Movimento de Sul e Sueste da companhia dos Caminhos de Ferro do Estado; em 4 de Ja-neiro de 1911, foi promovido ao posto de engenheiro sub-chefe do mesmo departamen-to, e, em 31 de Julho de 1912, foi transferido para o Norte de Portugal, para assumir a fun-ção de chefe do Movimento do Minho e Douro, embora por poucos meses, regres-sando, a seu pedido, para a divisão de Sul e Sueste. Em 4 de Janeiro de 1913, encontra-va-se a exercer a posição de vogal-secretário da comissão remodeladora dos Quadros e Regulamentos dos Caminhos de Ferro do Estado, e, em 25 de Maio de 1916, torna-se, enquanto engenheiro da ex-ploração e oficial subalterno do Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro, vo-gal-secretário da Comissão Técnica do Serviço Militar de Caminho de Ferro.

Após assumir outras posições, como engenheiro vogal-secretário do Conselho Fiscal dos Caminhos de Ferro do Estado, tornou-se, em 3 de Junho de 1947, presidente da Comissão Administrativa do Fundo de Assistência e dos Sanatórios dos Caminhos de Ferro do Estado; no ano de 1949, foi vogal-secretário da comissão organizadora da reunião, em Lisboa, da Comissão Permanente da Associação Internacional do Congresso do Caminho de Ferro, tendo sido o principal promotor, assessor e orga-nizador desta iniciativa. Em 25 de Fevereiro de 1950, as-sume o posto de vogal-secre-tário da Comissão Adminis-trativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro.

Participou em vários con-gressos nacionais e interna-cionais, nos quais represen-tou o governo Português e a Companhia do Caminho de Ferro de Benguela, como o IX Congresso Internacional de Caminhos de Ferro em Roma, em 1922, razão pela qual foi homenageado com uma Co-

menda da Ordem Militar de Cristo. Publicou vários artigos na Gazeta dos Caminhos de

Ferro, e escreveu vários livros sobre o transporte ferroviário, sendo a sua obra mais im-

portante o livro “Caminhos de Ferro”, editado pela Empresa Nacional de Publicidade.

J.A.Aldeia

Dia 24 de Outubro: forte ondulação mas, com um Sol convidativo.

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Qual foi o objectivo, a ideia base que conduziu à produ-ção deste filme?Luis Alves - A ideia base surgiu com uma conversa nor-mal, com o Felix Rapaz, que na altura era o presidente da Junta de Freguesia de Santia-go, para a qual tinhamos feito

Amor ao OfícioUma das míticas barcas de pesca de Sesimbra, a “Amor ao Ofício”, protagonizou um documen-

tário com o mesmo nome, produzido por Luis Alves e Carlos Rodrigues, da empresa sesimbrense Filmaniac. Estreado com grande sucesso, já em 2011, no Cine-Teatro João Mota, o filme partici-paria depois nos Festivais Grande Angular (de Coimbra) e Art&Tour (de Barcelos), tendo obtido, neste último, um honroso 3º lugar, na categoria Pessoas e Lugares.

Realizado por Carlos Rodrigues, o filme retrata a denominada pesca do “ferrado”, especializada na captura de chocos e lulas. A pescaria é feita a partir de aiolas, mas estas são transportadas até aos pesqueiros (nos últimos anos, na Costa da Galé) em cima, ou a reboque, de uma barca “do alto: durante muitos anos na “Amor ao Ofício”, e actualmente na “Fenda na Muralha”. A hipó-tese de abate da barca apressou a realização do documentário. No entanto, o destino da “Amor ao Ofício” poderá ser mais risonho, já que o Clube Naval apresentou uma candidatura a fundos comunitários para a adquirir com destino a actividades marítimo-turísticas.

Para sabermos um pouco mais sobre a génese e a carreira do filme premiado, falámos com os seus produtores.

diversos trabalhos, nomeada-mente uma reportagem, em estilo de documentário, sobre a Festa das Chagas. A ideia original foi a de reco-lher umas imagens sobre a pesca dos chocos e do ferra-do, que estava para acabar, já que o barco iria para abate.Nós depois falámos, aqui na Filmaniac, sobre a ideia, que achámos interessante, e fomos uma noite com os homens ao mar - eu, o Carlos Rodrigues e o Humberto, e um técnico de som, com um barco de apoio de um amigo nosso, e fizemos a captação de imagens nessa noite, sem grandes objectivos iniciais, embora já com a ideia de fazer um documentário. Mas não havia uma história pensada, nem qualquer tipo de guião. Mas a verdade é que o filme acabpou por ter uma estru-tura bastante elaborada. Quando é que surgiu essa narrativa?Carlos Rodrigues - eu tenho uma forma própria de traba-lhar, evito escrever guiões, parto apenas com algumas linhas orientadoras, que me servem basicamente para

eu não me perder muito no tempo e nos custos, da pro-dução e do filme em si. O que aconteceu aqui não foi bem isso, foi mais uma questão de termos de ir gravar porque era algo que tinha de ser filmado num dia.Depois de termos o material é que comecei a olhar, a ver o que é que se poderia fazer a partir do que estava filmado, construindo a história e a nar-rativa depois de ter o material. Acontece isso frequentemente nos meus documentários.E não acontece, nessa fase, dizer: “que pena não ter fil-mado determinada cena...” ?Carlos Rodrigues - eu neste tipo de trabalho acho que não devo “chover em pano molhado”, questionar o que é que poderia ter feito e não fiz. No documentário, tal como eu o entendo, as coisas devem ser recolhidas no momento e não devem ser ficcionadas. Poderiam ser, mas nesse car-so perder-se-ia aquela magia, aquela expressão do momen-to. Prefiro tentar desenvolver a história a partir das imagens recolhidas.Mesmo assim, ainda houve

filmagens posteriores para fazer aquela narrativa para-lela entre a pesca do ferrado no passado e no presente....Carlos Rodrigues - Sim, como parte complementar. Embora uma noite e uma manhã de gravação tenham dado umas oito horas de ima-gem, dessas oito horas não se consegue tirar a história, e eu na fase de montagem achei que faltavam ali uns elos de ligação, e aí, sim, fui procurar, uma vez que um documentário não o vejo como um produto fechado, nem o deve ser. Senti que faltavamalguns eixos de ligação. Então fizemos a en-trevista ao proprietário da em-barcação, com aquelas ima-gens das fotografias antigas, que acabam por ilustrar tudo aquilo que estava a acontecer durante a pesca. Embora haja uma uma grande decalage en-tre a altura das fotografias e a altura do filme, o processo de pesca é todo igual, e os pes-cadores acabam por estar a fazer sempre a mesma coisa.Luis Alves - Nós sabiamos que o “Sucata” tinha umas fotografias para nos mostrar, tivemos depois essas fotogra-fias todas para digitalizar, e acabámos por filmar o próprio a mostrar e a comentar as fo-tografias. Mas mesmo quando fomos fazer essas filmagens, não sabíamos como iria ser incorporada no filme.Qual foi a difusão do filme, até agora?Luis Alves - foi estreado a 30 de Abril passado, no Cine-Teatro João Mota, depois esteve na competição oficial do Festival Grande Angular, em Coimbra, E esteve agora no Festival Art&Tour, em Bar-celos, onde acabou por ser premiado.Nestes festivais, o que se verifica, é que não têm compa-ração os custos de produção dos nossos filmes - quer o Amor ao Ofício, quer a Rota dos Vinhos da Península de Setúbal - e o das outras obras a concurso, nomeadamente as que obtiveram os primei-ros prémios, cujos custos de produção são várias vezes superiores. Por exemplo, no Art&Tour do ano passado, o filme que mais prémios

ganhou era produzido pelo National Geografic, tratam-se de mundos completamente diferentes! Creio que os gas-tos de produção poderiam ser também um critério de selec-ção, pois “omeletes sem ovos “ninguém faz.Carlos Rodrigues - Por outro lado, é prestigiante o facto do Amor ao Ofício ter sido premiado e ombrear ao lado de filmes como o da Cidade de Madrid, sobre os 100 anos da Gran Vía, feito por diversos realizadores convidados pelo Ayntamiento de Madrid, e que obteve o 1º prémio.Gostaria também de destacar que o filme tem uma banda sonora original, da autoria do compositor e cantor se-simbrense, Luis Taklin, uma pessoa que traduz bem os sentimentos das pessoas de Sesimbra, e por isso houve aqui um casamento justo para a banda sonora. Uma das primeiras perguntas que o pú-blico fez, e que o juri ressaltou foi precisamente o facto de termos colocado uma música original no documentário.E voltará a ser visto em Sesimbra?Luis Alves - Sim. Logo a seguir à projecção em Sesim-bra, fizemos um inquérito no Facebook, e detectámos que havia ainda muita gente que o pretendia ver, apesar da sala ter enchido para a estreia, e a maioria dos que o tinha visto manifestou interesse em vê-lo de novo. Contactámos as pessoas responsáveis pela programação do Cine-Teatro, que a princípio não manifesta-ram grande interesse, mas en-tretanto a Câmara já corrigiu essa posição, e julgamos que poderá voltar a ser projectado em breve.E há novidades quanto a novos projectos?Carlos Rodrigues - A novi-dade é que eu estou prestes a lançar o meu próximo filme, que se chama A Água da Ata-laia, e que tem precisamente a ver com o Círio da Azóia, e a sua peregrinação à Festa da Atalaia, filme que rodei em 2010, e que está agora quase na fase final.

João Augusto Aldeia

A barca Amor ao Ofício é única: em Sesimbra e no Mundo. Em primeiro lugar porque foi construída, não por um carpinteiro naval, mas sim por um pescador: António da Olímpia, um gé-nio sesimbrense, homem de muitos talentos e que, sem nunca ter abandonado a pro-fissão de pescador, se dedi-cou a construir os seus pró-prios barcos. E construia-os com um intuição magnífica. Muitos sesimbrenses ainda se recordarão da pequena canoa à vela que fez pelas suas mãos, e que utilizava para se deslocar da vila até ao Porto de Abrigo.

As barcas de Sesimbra da pesca do alto, que anti-gamente eram movidas à

António da OlímpiaUm génio sesimbrense

vela e a remos, sofreram uma pequena modificação no seu desenho, quando passaram a ter motores de explosão. Inicialmente eram motores de bom tamanho, e os bojos das barcas “engordaram” um pouco na zona do motor, característica que ainda é visível em barcas, como por exemplo a “Santiago”, preservada pelo Clube Naval de Sesimbra. É provável que, com esta mdificação do casco, as barcas não fossem tão eficien-tes na sua hidrodinâmica, mas esse facto era compensado pela maior potência proporcionada pelos motores.

O que é extraordinário é que António da Olímpia construíu a sua barca Amor ao Ofício à moda antiga, com as elegantes linhas dos cascos dos tempos

da navegação à vela e a remos, o que faz desta barca uma espécie de fóssil vivo das antigas barcas de pesca do alto.

A barca chegou a ter o destino marcado para abate. Felizmente que o Clube Na-val foi a tempo de apresentar uma candidatura a fundos comunitários para a sua aquisição, para que possa ser utilizada em actividades marítimo-turísticas.

Ainda não existe nenhu-ma decisão quanto a este financiamento comunitário, mas o Clube Naval está confiante de que poderá preservar uma das mais notáveis embarcações cons-truídas em Sesimbra e por sesimbrenses.

Carlos Rodrigues recebendo o prémio do Art&Tour

António Seráfim Neto, também conhecido como António da Olímpia, ao leme de uma barca de pesca,na costa de Sesimbra, ladeado por Brazinha (à esquerda da foto) e João Pereira Aldeia.

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2011 2012 em %

Transferências para a Câmara Municipal:

Fundo de Equilíbrio Financeiro 2.512.690 2.220.197 - 11,6 % Fundo Social Municipal 776.944 686.503 -11,6 % IRS 1.878.640 2.005.321 + 6,7 %

Totais 5.168.274 4.912.021 - 5,0 %

Transferências para as Freguesias:

Santiago 68.489 65.093 - 5,0 % Castelo 212.869 201.315 - 5,0 % Quinta do Conde 106.494 101.214 - 5,0 %

Totais 387.852 367.622 - 5,0 %

Autarquias locais com menos verbas, menos funcionários, menos dirigentesMas beneficiam dos cortes nos subsídios dos funcionários

A proposta de Orçamento de Estado para 2012 impõe uma série de restrições à actividade das Autarquias Locais, desde reduções de pessoas e de cargos diri-gentes, até reduções nas transferências financeiras – embora, neste último caso, o corte nos subsídios de Férias e de Natal dos funcionários, acabe por compensar essa redução, sobretudo no caso da Câmara Municipal de Sesimbra, onde as transferências do Estado pesam pouco.

Na nossa anterior edição já tinhamos apresentado a proposta do Governo para redução de cargos dirigentes que, no caso de Sesimbra, implicará passar dos actuais 7 Directores de Departamento para apenas um, e de 31 Chefes de Divisão para apenas 4. Esta proposta, que há um mês era apenas uma “fuga de informação”, já foi entretanto formalmente apresentada às Autarquias Locais, e deverá ser objecto de alguma negociação entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios.

No entanto, o Orçamento de Estado para 2012 apresenta já a obrigatorieda-de das Autarquias reduzirem, até final de Junho de 2012, um mínimo de 15% dos Cargos dirigentes – o que, no caso de Sesimbra, vai-se traduzir no corte de um Director de Departamento e de cinco Chefias de Divisão.

Outra norma do Oçamento de Estado é a da redução de 2% dos funcionários até ao final de 2012 – o que, no caso de Sesimbra, pode significar menos 20 funcionários. No caso de incumprimento deste último corte, “pode haver lugar a uma redução nas transferências do Oçamento de Estado para as autar-quias locais no montante equivalente ao que resultaria, em termos de poupança,

com a efectiva redução de pessoal no período em causa”.

Menos dinheiro – ou não?As transferências do orçamento de

Estado para a Câmara Municipal de Sesimbra vão sofrer, em 2012, uma redução de 5%: menos 256 mil euros do que no ano passado, conforme se pode vez no quadro ao lado. A verba total a receber em 2012 ficar-se-á pelos quatro milhões e novecentos e doze mil euros.

Analisando as transferências com maior detalhe, verifica-se que no Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF) e o Fun-do Social Municipal (FSM), a redução é da ordem dos 11,64 %. No entanto, a parcela do IRS recebida pela Câmara registará um acréscimo de 6,7 %.

Esta redução de verbas, no entanto, será largamente compensada pelo não pagamento de subsídios de Férias e de Natal aos funcionários municipais, o que poderá significar uma “poupança” para os cofres municipais de 2 milhões e meio de euros.

Freguesias

As três freguesias do Concelho de Se-simbra sofrem também uma redução de verbas da ordem dos cinco por cento, conforme se pode ver pelo quadro de baixo. No entanto, à semelhança da Câmara Municipal, esta redução será atenuada pelo corte dos subsídios de Férias e Natal dos respectivos funcionários.

Investimentos regionaise endividamento

Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o Governo deixa de pu-blicar a distribuição dos investimentos pelos diversos Distritos e Concelhos, pelo que deixa de ser possível fazer a comparação entre os dois anos.

Outra alteração com reflexo na vida dos Municípios é o aumento das res-trições ao endividamento embora, no caso de empréstimos, essa possibili-dade já esteja de momento bloqueada ,devido às dificuldades do próprio sis-tema bancário.

Transferências para Sesimbra (euros)

PS debateu saúde e Segurança

A Deputada do PCP na Assembleia da República, Paula Santos, visitou no passado dia 26 de Setembro a Fre-guesia da Quinta do Conde, para se inteirar de vários problemas existentes nas áreas da Educação, Segurança e Saúde. Na Escola Básica Integrada da Boa Água, em contactos com a Direc-ção da Escola e com a Comissão de Pais, foram referidas falta de pessoal não docente (faltam 28 assistentes operacionais e um assistente técnico), a superlotação da Escola, já que este ano existem mais 5 turmas do 9.º ano e um total de 27 turmas, para o máximo de 23.

Foi manifestada também a falta de autonomia em relação ao Ministério da Educação, tanto nos aspectos relacionados com o Orçamento como na admissão do pessoal docente. Foi valorizado o esforço da Autarquia para resolver os problemas. No contacto com a Associação de Pais, estes mostraram-se descontentes com a falta de Mapa de Pessoal, manifestando que as soluções encontradas não servem a Escola.

Nas instalações da Junta de Fregue-sia da Quinta do Conde, a Deputada Paula santos reuniu com um Grupo de Cidadãos que manifestaram o seu descontentamento relativamente ao agravamento das condições de segu-rança na Freguesia.

Na visita ao Posto da Guarda Na-cional Republicana, a Deputada foi informada pelo Director do mesmo e pelo Comandante do Destacamento Territorial das dificuldades existen-tes, que passam pelas degradadas condições do Posto e a necessidade da construção de novas instalações localizadas no Centro da Freguesia. Foram também referidas dificuldades relacionadas com a falta de agentes, existindo actualmente 22 Guardas e 2 Sargentos para uma necessidade míni-ma de 32 efectivos. Foi ainda referida a escassez de viaturas.

A visita terminou junto das obras do novo Centro de Saúde da Quinta do Conde, que se encontram novamente paralisadas, verificando-se a neces-sidade urgente da concretização da obra e que o Centro, depois de pronto, funcione com médicos e auxiliares, não aceitando à partida apenas a deslo-cação do insuficiente número pessoal existente no actual Posto de Saúde que não consegue dar resposta às neces-sidades da população da Freguesia.

No final da visita, e segundo uma nota de imprensa emitida pelo PCP, “ficou o compromisso da Deputada Paula Santos, conjuntamente com o Grupo Parlamentar do PCP, de questionar o Governo sobre os problemas verifica-dos e exigir a reparação dos mesmos.”

O Partido Socialista realizou mais uma vez o seu debate mensal, “Às 5as na Sede”. Os temas de Outubro foram a Saúde e a Segurança Pública.

No caso da Saúde, o tema do encer-ramento nocturno do SAP de Sesimbra dominou o debate, tendo sido recordado o papel do então vereador Socialista com o Pelouro da Saúde, Amadeu Penim, para se ter atingido, há 4 anos, a solução de compromisso, de manu-tenção do SAP em funcionamento 24 horas por dia, até que o Hospital Sei-xal/Sesimbra fosse construído. Desde então, “as condições de funcionamento do SAP de Sesimbra têm-se degradado, não causando total surpresa as notícias do seu encerramento”. Estes factos “tor-nam urgente a identificação de soluções alternativas”, segundo o PS, que decidiu auscultar profissionais e entidades da área da Saúde para identificar essas soluções alternativas, de modo a que se possa garantir o acesso a serviços de Saúde de qualidade.

No que diz respeito à Segurança Pública, foi destacado durante o de-bate o facto do Executivo Municipal ter proposto, em 2008, que se im-plementasse um serviço de Guardas nocturnos no Concelho, mas o que se verificou foi que “tal, como tantas outras propostas da coligação CDU/PSD, nunca chegou a ser concretizado”.

Vereador Américo GegalotoO Vereador do PS na Câmara Mu-

nicipal emitiu um comunicado sobre declarações de voto em reunião da Autarquia, onde manifesta a neces-sidade de “uma reflexão profunda quanto ao fundamento da atribuição de subsídios”, considerando que “é imprescindível discutir e aprovar um conjunto de regras” e adiantando algu-mas sugestões::

- Que o montante total de subsídios a atribuir em cada reunião de Câmara não seja superior a processos de obras ou de obtenção de receitas;

- Só deve ser agendados subsídios com cabimento certo e com previsão de data de pagamento;

- Ponderar a atribuição de alguns subsídios apenas de 2 em 2 anos;

- Estabelecer como prioritárias a área social; apoio escolar e, dentro deste, o alimentar; segurança e protecção civil.

Em relação à proposta do IMI para 2012, o Vereador considera que “é exactamente igual à dos anos anterio-res, quando verificamos no dia-a-dia o agravamento das condições econó-micas das famílias e das empresas”, aconselhando o Executivo a ponderar seriamente “se este é o momento económico adequado a penalizar os proprietários”.

Deputada do PCP em visita à Quinta do Conde

Carlos Sarge-das, em mais uma iniciativa, viu exposto o seu trabalho re-ferente à expedi-ção humanitária a Marrocos. A exposição “Atrás das Pedras” es-

teve disponível no hall da Biblioteca Municipal de Sesimbra, ente os dias 4 a 15 de Outubro.Ao longo da semana pôde ser visionado um pouco do trabalho da equipa que ru-mou a Marrocos, onde Carlos Sargedas ingressou, “carregados” de brinquedos e gestos solidários, roupa e calor humano. As fotografias mostram o que por entre

“Atrás das Pedras”“Não sou o mesmo desde que vim da expedição a Marrocos”

Carlos Sargedas

caminhos quase impossí-veis de ultrapassar estes homens e mulheres encon-traram, “crianças de tenra idade sozinhas no meio do deserto a quilómetros de distância de povoações, su-jas, descalças com sede e com fome, …”, conta Carlos Sargedas. A inauguração contou com alguns amigos do fotógrafo e comunicação social, tendo sido apresentado um filme da expedição.

Andreia Coutinho

Numa época em que as noticias fa-lam muito em ladrões, ainda há gente séria.

Na noite de 2 de Outubro, Domingo, perdi uma bolsa com carteira, docu-mentos, cartões de crédito, cheques e algum dinheiro na Estrada Nacional, na Cotovia.

Passada meia hora, tinha a bolsa em meu poder.

Quero agradecer publicamente ao casal - Odete David e João Cachão.

José João Pinto

AgradecimentoCarteira perdida

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O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 2011 11

José Manuel Vacas

Comissão: Angola 1966 a 1968Batalhão:Cavalaria 1883 e 1903AIdade: 70 anos

Francisco José Marques

Comissão: Moçambique 1966 a 1968Especialidade:Regimento de InfantariaBatalhão:1878Idade: 67 anos

Guerra Colonial: 50 Anos

Negativo

Positivo

Negativo

Positivo

A 15 de Abril de 1966, José Manuel Vacas partiu, no navio Niassa com destino a Angola. O jovem alferes meliciano, comandante de um grupo de combate, tinha como missão “fazer reconhecimento para evitar ataques ao aquartela-mento e localizar as forças inimigas”.

A sua primeira operação especial foi em Maria Fer-nanda Zala, com duração de dez dias. “Fomos de viaturas pelo Bico do Pato, curvas e contracurvas, uma zona onde normalmente éramos ataca-

dos. Deixámos as viaturas no aquartelamento de Zala e seguimos a pé para um morro”, onde os soldados permane-ceram durante uma semana. Segundo o ex-combatente, na véspera da partida, foram atacados com morteiros e rajadas de armas automáticas, mas não houve baixas.

Na segunda operação espe-cial, Canassala, com duração de oito dias, “era necessário limpar a área entre a Baixa e Nambuangongo, “deixaram-nos na Beira Baixa e começá-mos a caminhar pelo trajecto onde iria ser aberta a nova picada. Fomos atacados logo no primeiro dia, um dos guias ficou ferido. Pedimos apoio aéreo e continuámos. No fim do quarto dia verificámos que o outro guia estava a enganar-nos, levando-nos para zonas perigosas onde o capim era altíssimo e por conseguinte o raio de visão era reduzido”.

As condições não eram as melhores e o cenário não era animador, José Manuel Vacas refere a escassez de água, ou melhor, a inexistência mesmo de água e explica que, em mo-mentos mais aflitivos, “alguns soldados chegavam mesmo a urinar e, com um comprimido de Olozone, depois bebiam a própria urina…”

O rio Dange foi o cenário da terceira operação especial, uma operação conjunta com sete companhias, incluíndo comandos pára-quedistas e apoio dos F-16 da Força Aérea. Cada companhia avan-

çava por itinerários diferentes. “O primeiro ataque foi no primeiro dia, logo com fogo cerrado. Entretanto com estas caminhadas, o meu joelho in-chava e provocava-me dores diabólicas”.

No dia seguinte, José Ma-nuel, conta que os soldados foram avisados de que os F-16 “iriam bombardear algures à nossa frente. Cerca de duas horas após terem terminado os voos rasantes dos F-16, avançámos com a percepção de que a zona era perigosa”.

O perigo “espreitava” e todo o cuidado era pouco.

“No segundo dia caminhá-vamos por um trilho no meio da floresta quando avistámos uma lavra junto ao rio Dangue que terminava novamente na floresta. Dei ordens para as três G3 de cano reforçado ocu-parem as primeiras posições e entrámos em fila. Começou um tiroteio vindo de todo o lado”. Os soldados num sítio plano sem protecção, responderam mas não conseguiram evitar as duas baixas que deixaram até os mais fortes abalados… “O Praxedes, de Água de Moura teve morte imediata, provo-cada por uma bala que lhe perfurou o abdómen, roubando a vida ao melhor atirador de morteiros da companhia”. Um camarada seu de Sesimbra, viu igualmente, a sua vida ter-minada enquanto defendia as cores da sua bandeira, “uma bala apanhou também Elísio Bravo, entrou-lhe pelo orifício do ouvido esquerdo e ficou

alojada no crânio, falecendo dois dias depois, na véspera de Natal”.

Alguns dias mais tarde, o ex-combatente foi transporta-do para o Hospital de Luanda, pois “já não aguentava as dores no joelho, eram dores insuportáveis”.

Por fim, José Manuel Va-cas, refere que a segunda comissão foi para ele “uma segunda guerra, totalmente diferente. Fui para Cabinda, para chefe de secretaria do sector S, depois recebi ordem de marcha para Tomboco, na qualidade de oficial de reabas-tecimento, substituir o oficial que o comandante do Batalhão 1903 tinha dispensado. Depois fomos para Santo António do Zaire e, finalmente, Ambrizete, mês e meio antes de regressar a Portugal.

O ex-combatente refere de imediato as baixas dos dois camaradas, Praxedes e Elísio Bravo, “ficámos muito abalados”.

Manuel José Vacas, refere que em cenário de guerra, o aspecto mais negativo é sem dúvida as perdas sofridas de jovens soldados, que tal como ele defendem a sua Pátria.

“As amizades criadas no serviço militar é sem dúvida o que guardo de mais positivo nesta experiência. Ao fim de muitos anos continuamos a reviver estes momentos pas-sados, nos encontros anuais”.

Francisco José Marques assentou praça em Agosto de 1965 em Elvas, depois foi para Évora e antes de ser mobili-zado passou ainda por Santa Margarida onde o Inverno era muito rigoroso. A sua missão era atirador especial “sem saber dar um tiro”, refere o ex-combatente acerca da pou-ca experiência dos soldados portugueses, “o que é que ra-pazes novos com dois meses de recruta sabiam para serem enviados para uma Guerra Fria?” Esteve numa zona não considerada de guerra, “foi a

nossa sorte, no inicio não sa-bíamos nada e ficarmos num local mais calmo foi muito bom, ficava no distrito da Zambézia. Jogávamos à bola e andáva-mos por ali a mentalizarmo-nos e a preparamo-nos que um dia teríamos que ir par o Norte, onde o cenário já não era nada que se comparasse com aquela calmaria”. Ao fim de 11 meses, Francisco José e restante batalhão, foram para perto de Mueda, mais propriamente em Nacatar. “Nacatar ficava a 28 kms de Mueda, e era lá que tínhamos que ir abastecer, era lá que havia comida. Saiamos para o mato e em testes fazíamos emboscadas a nós próprios”. Francisco José conta-nos al-gumas das suas peripécias lá passadas, como que explican-do que a guerra não foi feita para ele, “neste tipo de exer-cícios assim que havia perigo nós tínhamos que nos baixar e sair dos carros e atirar para o chão, uma dessas vezes, assim o fiz, mas quando veio o comandante a minha arma tinha ficado em cima do carro. Atirei-me para o chão e nunca mais me lembrei da arma…”, conta o ex-combatente entre risos.

Quanto a baixas, o seu ba-talhão sofreu uma baixa, “um alferes que morreu, por ele ser maluco em termos dele provocar os chamados turras, ele chamava-os para os atingir e nós dizíamos-lhe sempre qualquer dia ficava lá e ficou mesmo, nas vésperas de Na-tal, quase a virmos para casa”.

O ex-combatente aproveita

ainda para mostrar as mar-cas numa perna, causadas por estilhaços. “Numa picada fomos apanhados por umas minas artesanais, feitas com vidros e pedaços de ferro, é armadilhada com uma série de fios que ao tropeçarmos accionamos de imediato as minas. Quando acontece uma coisa deste género a primeira coisa que temos que fazer é deitarmo-nos para o chão imediatamente”. Tal não o fez o alferes que acabou por falecer em missão como conta Francisco José, “eu não esta-va lá mas contaram-me que também foi numa sequência de arrebentamento de minas, a preocupação dele foi que todos se deitassem no chão de modo a protegerem-se. Enquanto ele gritava DEITAR naqueles segundos que ele próprio não se deitou foi atin-gido”.

“Nacatar era muito perigo-so, tanto que já passou um programa na televisão sobre o ataque a Nacatar (ataque que aconteceu depois da tropa portuguesa sair)”. O ex-combatente explica o porquê de Nacatar não ser atacado com sucesso enquanto a tropa portuguesa estava, “antes de jantar era sempre feita uma ronda, um reconhecimento pelo aquartelamento inteiro. E nunca estávamos em conjunto num único refeitório. Cada grupo ficava na sua caserna, de forma a evitar ataques e sermos surpreendidos pelo inimigo”.

Francisco José Marques embarcou a 12 de Janeiro na

embarcação Vera Cruz numa viagem que durou trinta dias…

Francisco José foi pai de dois gémeos enquanto estava na Guerra Colonial. “Quando descobrimos que ela estava grávida tentei tratar de tudo para não ir para a Guerra, mas não me deixaram ficar… Nunca tive processos discipli-nares nem problemas durante a missão, mas sempre fui um soldado revoltado. Se eu fazia mais falta em casa junto de minha mulher e filhos,porque estava eu ali, … recebia cartas mas não me diziam tudo. Uma rapariga com 20 anos, pensar que estava à espera de um filho e só no parto saber que eram dois, pois na altura não se sabiam estas coisas, não foi

fácil. O nascimento dos meus filhos foi sempre muito compli-cado para mim pois estava na guerra e isso fez com que eu me revoltasse bastante com a minha ida para lá, não me sentia bem ali…”

“A camaradagem…”, res-ponde prontamente Francisco, “arranjámos ali uma família que nunca deixou de conviver, exemplo disso são os encon-tros marcados anualmente, or-ganizados sempre no mês de Março, mês da nossa chegada a Portugal vindos de Moçambi-que. Adoro aqueles convívios, o ano ainda não terminou e eu já estou ansioso pelo Março seguinte para ir ao almoço”.

Andreia Coutinho

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12O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 2011

Dados recentes divulgados pela União Europeia indicam que, nos 27 países, 22 milhões de crianças têm excesso de peso, das quais 5 milhões sofrem de obesidade. Em todo o mundo os números são alarmantes, o que levou a Or-ganização Mundial de Saúde a designar a obesidade infantil como epidemia global.

Um estudo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimen-tação da Universidade do Porto chegou à conclusão de que Portugal é já o segundo país da Europa com mais prevalência de casos de excesso de peso e obesidade. Cerca de 30 por cento das crianças entre os 7 e os 9 anos são afectadas.

Sesimbra não é excepção, e perante os resultados de um estudo elaborado que apurou que 38% das crianças do concelho, com idades com-preendidas entre os 5 e os 12 anos sofre de excesso de peso, tomou medidas, tornando-se desta forma, um dos municí-pios pioneiros no combate a este problema.

Em 2007 surgiu o projecto “Mexe-te”, que alia três verten-tes: educação física, nutrição e acompanhamento psicológico. Projecto este que identifica e acompanha os casos que, após rastreio, são conside-rados problemáticos, sendo elaborado por profissionais, um plano que procura aliar a reeducação alimentar e o exercício físico. A iniciativa é totalmente gratuita, não acar-retando qualquer custo para os pais e/ou educadores destas crianças.

O Sesimbrense falou com os técnicos do projecto, José Lopes (Desporto) e Claúdia Cação (Psicologia).

Como se procede o rastreio?Após a divulgação do pro-

jecto qualquer encarregado de educação pode inscrever o seu educando através do site da Câmara Municipal. As infor-mações são automaticamente reencaminhadas para os téc-nicos afectos ao projecto, que remetem de imediato a criança/jovem para uma triagem onde são efectuadas medições e pesagens afim de aferir se a criança se enquadra no perfil que dá acesso ao projecto. Caso a criança se enquadre no perfil é feita a inscrição e pode-rá iniciar as aulas de educação física no dia indicado pelos técnicos. Os encarregados de educação são igualmente contactados para marcar um dia em que serão realizadas sessões de aconselhamento nutricional e psicológico.

A adesão a este projecto vai de encontro às expectativas?

Desde o início do projecto que sabíamos da dificuldade em conseguir “cativar” pais e crianças ou jovens para um projecto de prevenção e com-bate à obesidade infantil, uma vez que continua enraizada a ideia de que uma criança que come muito dá sinais de “vita-lidade”, assim como para os pais é difícil aceitar que o seu

Obesidade Infantil

“Mexe-te”, assim se chama o projecto contra a obesidade Infanto Juvenil iniciado em 2007 pela Câmara Municipal de Sesimbra

Epidemia Global

filho/a tem, ou está em via de ter, um problema de excesso de peso.

Quais as principais causas da obesidade infantil?

Embora se possa admitir uma predisposição genética, a expressão clínica da obesi-dade depende fundamental-mente de factores comporta-mentais. A influência determi-nante do ambiente, mesmo durante o período de vida intra-uterina ou a importância do aleitamento materno como factor protector de excesso de peso durante a infância vêm reforçar a importância dos factores externos na determi-nação do futuro das crianças. Contudo, o estilo de vida das crianças e jovens nos séculos XX e XXI, caracterizado pelo consumo excessivo de ali-mentos densamente energé-

ticos, o aumento das porções dos alimentos e o aumento do consumo de bebidas açu-caradas (em idades cada vez mais precoces), associado ao sedentarismo resultante da troca de actividades de lazer activas (jogos e brincadeiras de rua) por actividades cogni-tivas e de lazer de interior (ver televisão e jogos informáticos) têm sido os factores que mais contribuíram para que a obe-sidade fosse hoje considerada a epidemia do século.

“(…) rotinas sedentárias associadas ao aumento do consumo de calorias que não são gastas (…)

Qual a faixa etária das crian-ças que procuram o “Mexe-te”?

O projecto, no seu início (2007), admitia crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos. Contudo, pe-rante a tomada de consciência que o problema da obesidade infantil era transversal e muito abrangente, foi determinado

Causas

que a faixa etária teria de ser alargada, sendo hoje compre-endida entre os 5 e os 15 anos de idade.

A classe mais baixa já está consciencializada para este problema?

Considero que este pro-blema é transversal a todas as “classes”. O consumo de alimentos hipercalóricos está associado ao baixo preço dos mesmos e à falta de tempo para planear e preparar re-feições, como acontecia há alguns anos devido à presença assídua das mães e avós em casa. O facto de mães e avós trabalharem faz com que haja alteração de hábitos alimenta-res, substituindo muitas vezes o cozinhado caseiro por con-sumo de fast-food.

O facto das crianças e jovens terem hoje algum dinheiro no bolso faz com que sejam eles muitas vezes a determinar a sua alimentação (raramen-te equilibrada e saudável),

respondendo aos apelos da publicidade apelativa.

NutriçãoQuais os principais con-

selhos a nível de nutrição?É muito importante que as

crianças tenham horários para refeições e que estas sejam feitas em família, incentivando desta forma comportamentos alimentares mais saudáveis no seio da família. Deve ser deter-minado que alimentos devem ingerir e qual o melhor período do dia. Não levar as crianças às compras é uma estratégia a seguir.É importante que crianças com excesso de peso ou obesidade não tenham em casa alimentos com elevado teor de gordura ou açúcares (exemplo: bolachas, chocola-tes, bolos, manteiga, carnes vermelhas). Como dica para montar um prato de refeição equilibrado sugerimos que reserve metade dele para uma salada bem variada de folhas e para os legumes, enquanto a outra parte pode ser ocupada por uma opção de hidratos de carbono (arroz, batata ou massas), proteínas (soja, pei-xe, frango ou carne vermelha)

e leguminosas (feijão, grão de bico, ervilha ou lentilha). Não é recomendável se servir duas vezes. Nunca se esqueça que a água é preponderante duran-te as refeições.

PráticaDesportiva

ApoioPsicológico

Riscos

Em que medida a prática desportiva é essencial não só na vida destas crianças que frequentam o “Mexe-te”?

O excesso de peso é, sobre-tudo, o resultado da relação desequilibrada entre a inges-tão calórica (maior) e o gasto energético (menor). Para evitar o excesso de peso devemos equilibrar a relação ingestão/gasto de forma a mantermos um determinado peso dentro de um determinado perfil. Neste sentido, a actividade

física regular tem um papel fundamental uma vez que os hábitos de vida são cada vez mais sedentários. É hoje unanimemente aceite que a actividade física regular pode reduzir os factores de risco nas crianças e adolescentes da mesma forma que nos adultos. Assume-se assim, o desejo de transmissão de estilos de vida saudáveis (activos) como meio de prevenção de um conjunto de factores de risco de diferen-tes patologias, bem como ao aumento da qualidade de vida dos indivíduos.

A nível psicológico, quais as características comuns nas crianças que participam neste projecto?

Podemos encontrar a fre-quentar o projecto, crianças/jovens com diferentes níveis de sobrepeso e de obesidade.

Não existe, à partida, em termos psicológicos um “perfil tipo” para as crianças/jovens obesos, no entanto, existem sim padrões de comportamen-to e características que são

comuns.A grande maioria das crian-

ças obesas vive em constante sofrimento psicológico pelo facto de ser muitas vezes go-zada pelos colegas e menos aceite no grupo de pares, o que muitas vezes também se re-flecte no desempenho escolar.

Actualmente, na sociedade ocidental, sabemos que a bus-ca de uma magreza extrema está muito associada à beleza física e consequentemente o excesso de peso à falta de beleza física.

Estes jovens, ao serem con-frontados diariamente com comentários à sua imagem e à sua pessoa sentem-se muitas vezes discriminados e menos capazes, o que provoca uma diminuição dos seus níveis de auto-estima e auto-confiança, perturbações emocionais como a depressão ou a perturbação da ansiedade propriamente dita.

Os comportamentos desa-justados que muitas destas crianças apresentam, nome-adamente no que diz respeito à exagerada e desadequada ingestão alimentar, pode ser explicado pelo facto de estas crianças terem dificuldade em identificar e reflectir sobre as suas emoções utilizando a comida como estratégia para ultrapassar momentos mais difíceis.

È neste momento que a in-tervenção de um técnico, que ajude a criança a identificar quais são esses momentos, quais as emoções que sen-te, o que pensa e quais as estratégias adequadas para encontrar novas respostas mais ajustadas à realidade é extremamente importante.

Muitas vezes passa por ser feito um diário de registos com a criança sobre estas situa-ções até que ela reconheça a necessidade e a possibilidade de mudança.

Quais os principais riscos de uma criança obesa?

O crescente aumento na pre-valência de excesso de peso e obesidade na infância e na adolescência também se está a tornar num dos principais problemas de Saúde Pública no mundo (Glaner, 2005). O total de pessoas com exces-so de peso e obesidade em Portugal é de 52,4 por cento, tendo sido verificado na última década um aumento da pre-valência do excesso de peso e da obesidade (do Carmo, et al., 2006). A acumulação excessiva de gordura corporal pode acarretar prejuízos para a saúde do indivíduo, tais como, dificuldades respirató-rias, problemas dermatológicos e distúrbios no aparelho loco-motor até o aparecimento de doenças potencialmente letais como dislipidemias, cardiovas-culares, diabetes não-insulino dependentes e certos tipos de cancro.

Andreia Coutinho

Page 13: O Sesimbrense - Edição 1155 - Outubro 2011

Opções participadas para 2012

duas intervenções no espaço público - junto à Igreja da Cor-redoura e no Jardim de San-tana. Estas obras, segundo Augusto Pólvora, não podem ser interrompidas, uma vez que resultam de candidaturas a fundos comunitários e daí o interesse da autarquia em ca-nalizar todas as receitas para este tipo de obras.

Foi referido ainda pelo Presi-dente, a decisão de eliminar a iluminação em zonas isoladas e em monumentos históricos a partir de determinado horário, “de modo a reduzir o valor pago à EDP, cerca de 1,7 mi-lhões de euros”.

A escola básica do 1º ciclo da Aldeia do Meco foi palco da terceira reunião das Opções Participadas. Nesta estiveram presentes cerca de

meia centena de moradores da Aldeia do Meco e Azoia, que levou, entre tantas outras, a preocupação quanto à dimi-nuta iluminação na zona dos Fetais, as ruas sem alcatroa-mento que tem vindo a suscitar muitas queixas e desagrado por quem lá habita, a falta de sinalização na estrada do Cabo Espichel, … São vários os factores apontados para o desagrado destes munícipes, ao que Augusto Pólvora, res-pondeu que “há que definir prioridades”, e amenizando as queixas salientou ainda, o tra-balho que tem vindo a ser feito nos últimos anos na Aldeia do Meco, “o saneamento básico que era inexistente na aldeia, é um bom exemplo do trabalho desenvolvido nesta zona”.

A inexistência de um parque infantil foi outro ponto acres-centado à discussão pelos presentes, ao que José Polido, do Pelouro da Administração e Finanças, defendeu que será em breve construído…

Sérgio Marcelino, vereador do Pelouro das Obras Munici-pais, interveio na questão da iluminação em Fetais, expli-cando que esta situação posta na mesa pelos populares, está a ser analisada pela EDP.

Como era de se esperar, no fórum das Opções Participa-das de Alfarim/Caixas/Aiana e Lagoa de Albufeira, a maioria das intervenções prendeu-se com a ligação das habitações à rede de saneamento e com o assoreamento da Lagoa de Albufeira. No primeiro caso, o presidente da Câmara Muni-cipal explicou que, até ao final do ano, deverão começar a ser encaminhados para a ETAR da Lagoa/Meco os esgotos dos aglomerados com as redes concluídas. O mesmo proce-

dimento será seguido com as restantes, à medida que estas fiquem concluídas.

Quanto ao assoreamento da Lagoa, Augusto Pólvo-ra referiu, que a autarquia apresentou à Administração Regional Hidrográfica do Tejo a possibilidade de ser auto-rizada a extração controlada de areias, entre Novembro e Abril, à semelhança de anos anteriores.

A sinalização das passadei-ras e abrigos nas paragens da Lagoa de Albufeira fizeram parte, igualmente, das reivin-dicações dos munícipes, em que a resposta, mais uma vez, por parte do autarca, cingiu-se ao “esforço de poupança” de modo a fazer face aos vários investimentos de muitos mi-lhões de euros no concelho e, que “apesar de não existir qualquer verba afecta às OP, a Câmara Municipal decidiu manter o contacto directo com os munícipes”.

Andreia Coutinho

O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 201113

Na primeira reunião, os munícipes mostraram as suas preocupações quanto às obras na marginal poente que leva-rão o trânsito a circular apenas no sentido nascente, tal como o projecto Vila Amália e a construção de um abrigo de passageiros junto à Fortaleza.

Ao que, a resposta obtida, foi que não serão atribuídas verbas aos núcleos urbanos para a realização de pequenas obras. Segundo Augusto Pól-vora, presidente da Câmara Municipal de Sesimbra “nos próximos dois anos vamos ter um conjunto de obras muito significativas no nosso con-celho. Para além do dinheiro dos fundos comunitários os projectos a realizar, como a requalificação do Núcleo Urbano Antigo, contam com uma percentagem assumida pela autarquia, falamos de um empréstimo feito através da banca e das receitas munici-pais que vão estar canalizadas para estas obras e são milhões que estão em causa.”

Apesar das dificuldades económicas que o concelho atravessa a par de outros tantos concelhos do território nacional, o município garantiu estar consciente da impor-tância destas obras para o concelho, e que “vale a pena o sacrifício” na medida em que impulsionará o turismo na região e desta forma “tornar Sesimbra mais atractiva para os residentes e turistas”.

O presidente referiu ainda, a importância das intervenções dos munícipes, defendendo que mesmo perante a impos-sibilidade de responder com sucesso a todas as neces-sidades da comunidade, “a autarquia vai manter os níveis de prestações aos cidadãos”.

O executivo municipal, na segunda reunião, que decor-reu no Centro de Estudos Culturais e de Acção Social Raio de Luz, em Sampaio, apontou como principais pre-ocupações a construção da nova escola de Sampaio e da nova ETAR Lagoa – Meco e as

Depois dos bons resultados obtidos nas anteriores edições das Opções Participadas, a Câmara Municipal de Sesimbra, entre os dias 3 e 15 de Outubro, as três freguesias do concelho, Santia-go, Castelo e Quinta do Conde, receberam um conjunto de oito fóruns descentralizados que se destinaram a promover momentos de debate entre o executivo municipal e os cidadãos. Estes fóruns, à semelhança dos anos anteriores, destinaram-se, igualmente, a recolher os contributos dos moradores de cada zona para o orçamento municipal e para resolver pequenos problemas que afectam as suas áreas de residência.

Pretende-se com isto, incentivar o envolvimento na vida do concelho tendo como base um modelo de democracia participada.

Opções Participadas em Sesimbra

Opções Participadas em Santana, Cotovia, Maçã, Almoinha e Sampaio

Opções Participadas em Aldeia do Meco e Azoia

Opções Participadas em Alfarim

Como surgiu o Bom Preço aqui na vila de Sesim-bra?

Este espaço era uma galeria de um senhor inglês. Na altura, paguei 200 contos pelo trespasse e todas as pessoas diziam que eu era malu-ca…

O que começou por comercializar na sua loja?

Comecei a ven-der muitas peças de roupa, inclusive calças de ganga de marcas concei-tuadas.

Como eram as vendas em ou-tras épocas?

Vendia-se muita coisa… mas agora está tudo mal, não sou a única que me queixo, é geral não só pela crise como tam-bém pelos centros comerciais. Uma das características des-te tipo de estabelecimentos são alguns clientes fixos durante anos e gerações… Tenho clientes desde o inicio do estabelecimento e às vezes são essas as pessoas que nos mantêm a loja aberta.

Qual o público alvo?A maior parte dos clientes

são pessoas da vila mas ou-tros que vêm passear também aproveitam e compram e ainda há quem venha de outras zo-nas de propósito que já cá com-praram, gostaram e voltam.

“Tenho clientes fixos e de várias gerações

Quais as principais amea-ças para o comércio local?

Os centros comerciais sem dúvida… Os jovens desde que há os centros comerciais perderam o hábito de virem a este tipo de casas. As pessoas acomodam-se aos centros comerciais onde há tudo. Como se faz frente a este tipo de dificuldade?

Não há hipótese de se fazer frente aos centros comerciais porque é um sítio de lazer. Lamento é que em vez de visitarem museus e obras de arte estão nos centros comer-ciais. Quando vou a algum museu ou palácio vejo na sua maioria pessoas mais velhas,

os jovens esses são poucos...a cu l t u ra é f undamen ta l . E o fiado ou os pagamentos faseados?

Pagamento em prestações já se fez agora não… nem temos bases para tal.

Quais as perspectivas para o futuro para o comér-cio local?

Poucas...está muito com-plicado. Eu tenho dias que nem abro a caixa… Não tem nada a ver com o que era as vendas de antigamente. Não e possível vender uma peça por menos de 20 euros quando se trata de peças fabricadas em Portugal de boa qualidade e quando há um imposto a pagar, o IVA. E a venda ambulante?

É desleal, é uma concor-rência que jamais poderemos fazer frente, mas prefiro não comentar esta situação…

O poder local poderia to-mar alguma medida face a este problema?

Podia haver mais estacio-namento talvez ajudasse mas também não há espaço, não podem fazer muito mais... Por outro lado, antes da implanta-ção destes ferros por Sesimbra fora, até havia clientes que pa-ravam à porta até no próprio dia de um casamento ou festa… Quanto aos assaltos a lojas de comércio aqui da vila, o Bom Preço tem sido um dos alvos.

Já fomos assaltados 6 ve-zes…

As autoridades, na sua opinião, poderiam actuar de outra forma?

Até hoje não tenho razão de queixa da guarda pois são rá-pidos a chegar ao local assim que o alarme toca…

Não há muito mais a fazer quanto a isso.

Andreia Coutinho

Bom PreçoA arte de bem vestir

Margarida Carreira conhecida por Guida do Bom Preço, natural de Alcácer do Sal, veio com o seu marido e filho para Sesimbra há 37 anos, tantos quantos a sua loja. Tal como outros estabe-lecimentos comerciais locais, não atravessa bons momentos e os assaltos que tem sofrido, já pela sexta vez, não contribuem.

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14O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 2011

A acção levada a cabo pelo Margov no passado dia 12, no Auditório Conde Ferreira, sobre “Co-gestão – Experiências no terreno” e o Seminário Internacional, também promovido pelo Margov, subordinado ao tema “Sustentabilidade no século XXI: o poder do diálogo”, que decorreu em Lisboa durante os dias 13 e 14 de Outubro, trouxeram uma visão inteiramente diferente daquela que vinha sendo seguida até aqui.

O percurso do Margov, do meu ponto de vista, consistiu em trazer as partes interessadas ao diálogo, com base na adequação duma realidade imposta pelo governo de cima para baixo, de um parque marinho inteiramente orientado para o ambiente, o Parque Marinho Luís Saldanha que, a par com outras me-didas da CEE, aceites de modo subserviente pelos governantes, tem levado à destruição da comunidade piscatória, construída ao longo dos séculos, bem como da economia da pesca, que foi o motor para o desenvolvimento da população local.

O tema “Co-gestão – Experiências no terreno” trouxe a Sesimbra gestores de uma Fundação e pes-cadores de uma área protegida na região da Galiza, das comunidades piscatórias de Lira e de Muros, que transmitiram as suas experiências de uma área marinha protegida e do ordenamento pesqueiro para a pesca artesanal.

Confrontados com a escassez dos recursos mari-nhos na região, causada pela voracidade das captu-ras através dos mais diversos métodos de pesca e pelas consequências do empobrecimento das comu-nidades locais e o afastamento das novas gerações da actividade da pesca, foi formada a Fundação Lonxanet que, apoiada na comunidade piscatória, no envolvimento da comunidade científica e nos de-cisores políticos locais, lutaram em prol de uma área marinha protegida, que valorizasse a actividade da pesca artesanal.

A Fundação Lonxanet orienta a sua política base-ada nos seguintes critérios:

• Dignificar a profissão do pescador• Fomentar uma pesca sustentável• Impulsionar o comércio responsável• Trabalhar por um mar ambientalmente equilibrado, garantindo a biodiversidade.

A fase mais importante na criação das áreas pro-tegidas, consistiu na análise e discussão por todos os interessados, do plano de ordenamento das áreas marinhas, espécies e tamanhos de pescado.

Após recolha dos dados estabeleceram as normas para a exploração dos recursos, tendo como base o controlo e vigilância pelos pescadores, assente nas suas organizações representativas – as confra-

dias - nos resultados das análises científicas e na visão dos políticos para a promoção e decisão da área protegida.

O testemunho dos pes-cadores revelou-se rele-vante, com a convicção de que os resultados das áreas marinhas protegidas trouxeram os seguintes indicadores positivos: Eti-quetagem de origem do pescado; Peixe mais caro em lota; Autocontrolo da área; Comunidade pisca-tória aumentada.

O Seminário Interna-cional, “Sustentabilidade no século XXI: o poder do diálogo” contou com a presença de personalida-des importantes no estudo, implementação e desen-volvimento de áreas mari-nhas protegidas nacionais e estrangeiras, passando a referir as intervenções dos oradores chave.

O orador chave do primeiro dia, Stephen Olsen, deteve-se sobre a dificuldade de ultrapassada a fase de implementação, o que torna a implementação das áreas marinhas protegidas viável?

Do seu ponto de vista o projecto será concretizá-vel se for orientado por princípios duradouros e por objectivos claramente definidos, assentes em regras claras, compreendidas por todas as partes envolvi-das no processo e na capacidade dos decisores de influenciar e monitorar o processo de baixo para cima, no caso das áreas marinhas protegidas, assentes na preservação da comunidade piscatória, na libertação de recursos para garantir a dignidade social, e na sustentabilidade dos recursos marinhos.

O orador chave do segundo dia, Karl Bruckmeier, abordou o tema da governância adaptativa: uma nova abordagem para a conservação e sustentabilidade da gestão dos recursos.

Na sua intervenção focalizou a necessidade de garantir o equilíbrio entre os pilares social e ecológico, evidenciando a complexidade da tomada de decisões para a implementação de áreas marinhas protegidas para a preservação das comunidades piscatórias, por vias da dificuldade de obtenção de dados crite-riosos, normalmente incompletos que colocam um elevado grau de incerteza nos caminhos a percorrer para garantir o equilíbrio entre a consolidação das comunidades piscatórias e a sustentabilidade dos recursos pesqueiros.

Área Marinha Protegida: o suporte da pesca artesanal Opinião

Os principais aspectos evidenciados pelo orador para o insucesso da implementação e consolidação de áreas marinhas protegidas foram os seguintes:

• Falta de recursos disponíveis quer de competên-cias quer financeiros para apoio ao desenvolvimento do processo;

• Falha na liderança do processo por insuficiên-cia de envolvimento dos decisores políticos, sendo fundamental o empenhamento dos decisores locais para envolver os representantes das organizações interessadas e contribuir para superar as divergências que ocorrem na implementação do projecto;

• Promover a aprendizagem do processo de imple-mentação por todas as partes interessadas;

• Definir objectivos de curto prazo e de longo prazo adequando a velocidade de cada uma das organiza-ções representativas no processo.

Ficamos a saber que o projecto Margov vai conti-nuar e esperamos que com maior envolvimento das organizações interessadas, dos decisores políticos e da sociedade civil, de modo a inverter o ciclo de erosão da comunidade piscatória, valorizar a cultura e tradições locais, baseada nos pressupostos enun-ciados, garantia do desenvolvimento sustentado da economia da nossa terra.

Mário Chagas2011.10.22

Teve lugar o Seminário “Motivação, Renovado Desafio das Organizações”, dia 20 de Outubro, no Cineteatro Municipal João Mota, em Sesimbra. O Se-minário, iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Sesimbra, contou com a participação de autarcas, professores, técnicos da autarquia e representantes de várias entidades.

Os instrumentos de motivação nas organizações e a sua importância para o bom desempenho individual e colectivo foram alguns dos aspectos a abordar ao longo do dia.

A sessão de abertura, logo pela manhã, foi marcada pela intervenção do presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Augusto Pólvora, que se referiu às acções

Seminário sobre Motivação dinamizadas pela autarquia. “Temos feito uma aposta muito consistente, tanto na área da formação, como na qualidade, que são essenciais para o desempenho dos serviços e motivação dos funcionários”, frisou. O Presidente Augusto Pólvora defendeu ainda que “este é o caminho a seguir para ficarmos mais ricos e motivados, ainda mais numa altura em que o poder político toma decisões que afec-tam de forma profunda a vida dos portugueses”. Ao longo do dia foram vários os oradores, especialis-tas em várias áreas, que discursaram, apresentaram projectos desenvolvidos em vários locais, entre eles a atleta Susana Feitor, Carlos A. A. Neves - docente do Grupo Lusófona, entre outros.

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O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 201115

g Pesca ao Espadarteg Natação

Realizou-se no passado dia 5 de Outubro, em Sesimbra, entre as praias da Califórnia e Ouro, a edição de 2011 da Travessia da Baía de Sesim-bra, prova com 1500 metros organizada pela Câmara Mu-nicipal de Sesimbra.

Esta edição de 2011 fica registada pelo recorde al-cançado de participantes, foram 375 nadadores que ag i taram as águas ca l -mas da baía de Sesimbra. Os grandes vencedores desta prova foram Vasco Gaspar SFUAP com 17m59s e Joana Guerra CFB com 20m04s. Seguiram-se, em masculi-nos, André Marinho SFUAP (17m59s) e Diogo Gaspar SFUAP (18m23s) e, em femi-ninos, Júlia Mallen (20m23s) e Lara Pinhei ro SFUAP (20m24s).

Os mais entendidos que assistiram à prova apontam alguma desorganização quan-

Travessia da Baía Sesimbra 2011

Dias antes da “Traves-sia da Baía de Sesimbra 2011”, um nadador septu-agenário, que treinava Sá-bado de manhã na baía de Sesimbra para participar na Travessia, faleceu, ao que tudo indica, devido a uma paragem respiratória.

O INEM foi chamado ao local, a vítima que sofrera de pré-afogamento, foi levada para o Hospital Garcia da Orta que aca-bou por falecer.

to a uma prova deste nível, com um número elevado de participantes como acontecera nesta edição.

Andreia Coutinho

Treino termina mal!

O XII Torneio de Pesca ao Espadarte – José Pinto Braz, realizou-se dia 15 de Outubro, organizada pelo Clube Naval de Sesimbra, tendo como ob-jectivo manter viva a tradição da pesca ao espadarte, que se tornou num símbolo de Sesim-bra, homenageando a memória de José Pinto Bráz.

Mais uma vez Geny Braz, sua filha, foi a 1ª classificada do torneio, bem como no tro-féu feminino, na embarcação “Andalucia”, seguindo-se a “Jocanana” e o “Gosto Muito”.

A embarcação vencedora capturou sete blue sharks, o maior com 2m, capturado pela própria Genny. Os esqualos foram etiquetados, marcados, cada um com uma numeração, e devolvidos novamente ao mar em boas condições. As respectivas etiquetas. Segundo Genny Braz “as equipas rece-bem mais pontuação quando o peixe é devolvido vivo ao mar”.

XII Torneio de Pesca ao Espadarte – José Pinto Braz

g Pesca Desportiva

O Clube Naval de Sesimbra classificou-se em 4º lugar na prova realizada em Vilamoura para o apuramento das quatro equipas que irão disputar a final do campeonato de clu-bes. Esta final disputar-se-á no próximo mês de Novembro faltando a indicação da data exacta e do local, responsabi-lidade da Federação de Pesca Desportiva de Alto Mar.

Os atletas do Naval de Se-simbra conseguiram as se-guintes classificações: Tiago Ventura 4º. Lugar; Rafael Correia 5º; Ivo Machado 7º; Manuel Salgueiro 13º e Antó-nio Lourenço 14º. As equipas apuradas para a final são as seguintes: Clube Naval de Olhão, Os Amarelos de Setú-bal, CN da Ericeira e o CN de Sesimbra.

Naval de Sesimbra em 4º lugar

“A ideia da prova seria a de capturar espadartes, mas não se conseguiu, pois andaria mui-to longe: “Já não seria ao largo de Sesimbra nem teríamos condições para tal, portanto foi capturados tubarões entre 15 a 20 milhas da costa, bem como pargos e algumas sardas e carapaus, que serviram depois

como isco vivo”, esclareceu. Questionada sobre qual o

segredo para estas vitórias, Genny Braz responde que “o isco está directamente ligado à captura ou não captura, eu uso iscas especiais, engôdo, isco vivo, e para além disto, claro que também ajuda o amor e o orgulho com que faço isto.”

Genny lamentou que não se tivessem utilizado aiolas “como tradicionalmente o meu pai fazia”, referiu. O problema ocor-rido com a avaria dos motores atraiu a Polícia Marítima que, surpreendentemente, acabou por multar e apreender os do-cumentos da embarcação, que era alugada.

Na nossa anterior edição voltámos a errar na identifica-ção familiar de Maria Eugénia Pólvora Braz, filha de Abél Gomes Pólvora, viúva de José Pinto Braz - o patrono da pesca do Espadarte em Sesimbra - sendo Genny Braz a filha de ambos. Mais uma ve, apre-sentamos as nossas desculpas pelo erro.

Correcção

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16O SESIMBRENSE | 25 DE OUTUBRO DE 2011

O SESIMBRENSE

Em 1928 (e já lá vão uns larguíssimos 83 anos!) os meios desportivos lusitanos relatavam com intensidade as proezas da Seleção Nacional de “foot-ball” (era assim que se escrevia...) no decurso dos Jogos Olímpicos, decorrentes em Ams-terdão.

Exactamente a 27 de Maio (1928) Por-tugal estreava-se nos Jogos vencendo o Chile por 4-2, fazendo parte do “onze” vi-torioso o hábil interior esquerdo Armando Martins, do VItória de Setúbal - que viria a totalizar 11 internacionalizações entre 1926 e 1931, sempre a muito bom nível exibicional, com 3 golos obtidos e signifi-cativa popularidade na sua Setúbal.

Na sequência deste mini-intróito per-guntar-se-á a que propósito estamos hoje a evocar o tão bem cotado Arman-do Martins de há 8 décadas?

Tão somente pela curiosidade do ex-internacional sadino ser tio do Padre

O Tio Armando do Padre Manuel

Em jeito de curiosidade

Manuel, o nosso párioco de Santiago, filho da irmã mais nova do excelente fu-tebolista.

Desde muito novo o “menino Manuel”, sempre solícito e bem comportado, ou-viu falar elogiosamente do Tio Arman-do, conforme nos referiu, em breve e recente conversa domingueira. E não sendo, embora, um convicto adepto do futebol não deixa de evocar, com orgu-lho e carinho, a figura do seu tio Arman-do Martins, um dos melhores jogadores de sempre que envergaram a camisola do Vitória de Setúbal.

Para quantos - e muitos são - que apreciam o labor paroquial do Padre Ma-nuel fica a simples curiosidade de se sa-ber que tem um ascendente directo de fama extra-nacional - Armando Martins, um dos “craques” da epopeia olímpica de 1928, em Amsterdão.

David Sequerra

Equipa olímpica portuguesa de 1928. Armando Martins é o 2º a contar da esquerda, na fila de trás.