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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana Nº 232 JUL/AGOS/SET - 2012 site.: www.pastoraloperaria.org.br Reflexão para as eleições 2012 O objetivo da reflexão sobre as elei- ções não é só pensar a eleição, mas o projeto de uma nova sociedade de vida digna para todos. Outro objetivo é pensar sobre os problemas sociais e como resolvê-los. A POLÍTICA é a arte de organizar o povo para o bem da coletividade e não para o bem de si próprio, porque isso é POLITICAGEM. O Papa Paulo VI, para afirmar a im- portância do processo político, disse que a Política é a forma melhor para amar a Deus e ao próximo, porque jun- tos somos capazes de fazer milagres para o bem dos outros como criação de hospitais, escolas e outras coisas se- melhantes. Ninguém pode fazer tudo isso sozinho. A existência de milhões de empobrecidos é a negação radical da ordem democrática. A situação em que vivem os pobres é critério para medir a bondade, a justiça, a moralidade, enfim, a efetivação da or- dem democrática. Os pobres são os juízes da vida democrática de uma na- ção. 1989-EXIGÊNCIAS ÉTICAS DA ORDEM DEMOCRÁTICA (CNBB 42). Pastoral Operária e Pastoral do Mundo do Trabalho - Diocese de Mogi das Cruzes M ais uma eleição chegou, e com ela a chamada festa da democracia. O povo irá, por livre e espontânea vontade, escolher quem vai governar nos próximos anos. Depois há uma rotatividade do poder. Muitos deram a vida para que pudésse- mos chegar até aqui. Isto tudo é verdade mesmo? Claro, mui- tos deram a vida para que chegássemos a ter o direito de votar e outras questões que envolvem participação política. Começan- do pelos franceses que criaram este mo- delo para controlar o rei absolutista, até a “derrubada” do regime militar e a criação da constituição de 1988. Foram vitórias... e não gostaríamos de ver retrocessos nes- te processo. O sangue e o suor derrama- dos não merecem isto. No entanto, não é possível tampar o sol com a peneira. Percebe-se que existem muitas lacunas neste modelo político e que vão contra a chamada democracia. Algu- mas dessas brechas poderiam ser conserta- das com uma reforma política. Outras, só com outro modelo. Mas quais são estas lacunas? Vamos co- meçar por votar em um e eleger outro. Veja só: você vota num candidato (seja de que sexo for, que partido for) aquele que você escolheu. O seu voto pode ajudar a eleger outro, que você não escolheu. Pela atual legislação, o voto dado a um candidato soma com a votação de outros do mesmo partido e serve para eleger o que for da escolha do partido. Assim você vota no “A” e ajuda a eleger o “B”. Isto é democracia? Com uma reforma política, isto estaria resolvido. Porém, existe um vício sistêmico que pa- rece ser mais entranhado neste sistema vi- gente. Para se eleger é preciso dinheiro para custear a campanha, seja ela honesta ou só marketing. Quem tem dinheiro (os grandes empresários e banqueiros) investe pesado em seus candidatos. Eles investem e que- rem retorno do investimento, é a lógica ca- pitalista. Qual o retorno? A melhoria na qualidade de vida da população? Óbvio que não, pois se fosse assim, os salários seriam de primeiro mundo. Eles querem obras que possam beneficiar suas empresas, e se pos- sível, uma corrupçãozinha de leve, às vezes bem pesada. Assim, candidatos se elegem com o “rabo preso” e depois fazem o que o cabresto manda. O sistema permite isto, afinal ele foi pen- sado para controlar o rei absolutista na França. Temos que dar os parabéns aos franceses que deram este passo histórico. Mas não está na hora de darmos outro pas- so? Não está na hora de pensarmos um modelo político que realmente represente a população? Que escute a maioria, mas res- peite as minorias? Veja, pelo modelo atual, que chance têm os povos indígenas na de- fesa dos seus direitos? Apesar de serem os primeiros habitantes desta terra, são mino- ria e só conseguiram um ou outro deputa- do no Congresso Nacional, sem força junto aos 513 deputados federais. Pergunte para as pessoas se elas se sentem representadas pelos políticos atuais. E se há um descon- tentamento, então porque não pensarmos em outro modelo? Não dá mais para ficar- mos brincando de democracia. ORAÇÃO DA ROMARIA DOS TRABALHADORES Mãe Aparecida, recebe seus filhos e filhas. Trazemos preces e pedidos de dor, de esperança e de alegria. Nós somos trabalhadores, construtores desta grande casa. Mãe de todas as mães, das mães dos trabalhadores, Das mães trabalhadoras. Seu canto ecoa forte: Derruba do trono os poderosos, despede os ricos de mãos vazias. Seu Filho mostrou o caminho: amar a quem mais precisa, Não existe maior mandamento, Sem amor não tem romaria. A vida tem a última palavra, é assim que tudo se realiza, Por mais que pese o sofrimento, tem sempre uma nova alegria. De encontrar quem acredita, num mundo novo a cada dia. AS ELEIÇÕES E A FESTA DA DEMOCRACIA

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana Nº 232 JUL/AGOS/SET - 2012

site.: www.pastoraloperaria.org.br

Reflexão para aseleições 2012

O objetivo da reflexão sobre as elei-ções não é só pensar a eleição, mas oprojeto de uma nova sociedade devida digna para todos. Outro objetivoé pensar sobre os problemas sociais ecomo resolvê-los.

A POLÍTICA é a arte de organizaro povo para o bem da coletividade enão para o bem de si próprio, porqueisso é POLITICAGEM.

O Papa Paulo VI, para afirmar a im-portância do processo político, disseque a Política é a forma melhor paraamar a Deus e ao próximo, porque jun-tos somos capazes de fazer milagrespara o bem dos outros como criaçãode hospitais, escolas e outras coisas se-melhantes. Ninguém pode fazer tudoisso sozinho. A existência de milhõesde empobrecidos é a negação radicalda ordem democrática. A situação emque vivem os pobres é critério paramedir a bondade, a justiça, amoralidade, enfim, a efetivação da or-dem democrática. Os pobres são osjuízes da vida democrática de uma na-ção. 1989-EXIGÊNCIAS ÉTICAS DAORDEM DEMOCRÁTICA (CNBB 42).

Pastoral Operária e Pastoral do Mundo do Trabalho -Diocese de Mogi das Cruzes

Mais uma eleição chegou, e com ela achamada festa da democracia. O

povo irá, por livre e espontânea vontade,escolher quem vai governar nos próximosanos. Depois há uma rotatividade do poder.

Muitos deram a vida para que pudésse-mos chegar até aqui.

Isto tudo é verdade mesmo? Claro, mui-tos deram a vida para que chegássemos ater o direito de votar e outras questões queenvolvem participação política. Começan-do pelos franceses que criaram este mo-delo para controlar o rei absolutista, até a“derrubada” do regime militar e a criaçãoda constituição de 1988. Foram vitórias...e não gostaríamos de ver retrocessos nes-te processo. O sangue e o suor derrama-dos não merecem isto.

No entanto, não é possível tampar o solcom a peneira. Percebe-se que existemmuitas lacunas neste modelo político e quevão contra a chamada democracia. Algu-mas dessas brechas poderiam ser conserta-das com uma reforma política. Outras, sócom outro modelo.

Mas quais são estas lacunas? Vamos co-meçar por votar em um e eleger outro. Vejasó: você vota num candidato (seja de quesexo for, que partido for) aquele que vocêescolheu. O seu voto pode ajudar a elegeroutro, que você não escolheu. Pela atuallegislação, o voto dado a um candidato somacom a votação de outros do mesmo partidoe serve para eleger o que for da escolha dopartido. Assim você vota no “A” e ajuda aeleger o “B”. Isto é democracia? Com umareforma política, isto estaria resolvido.

Porém, existe um vício sistêmico que pa-rece ser mais entranhado neste sistema vi-gente. Para se eleger é preciso dinheiro paracustear a campanha, seja ela honesta ou sómarketing. Quem tem dinheiro (os grandesempresários e banqueiros) investe pesadoem seus candidatos. Eles investem e que-rem retorno do investimento, é a lógica ca-pitalista. Qual o retorno? A melhoria naqualidade de vida da população? Óbvio que

não, pois se fosse assim, os salários seriamde primeiro mundo. Eles querem obras quepossam beneficiar suas empresas, e se pos-sível, uma corrupçãozinha de leve, às vezesbem pesada. Assim, candidatos se elegemcom o “rabo preso” e depois fazem o que ocabresto manda.

O sistema permite isto, afinal ele foi pen-sado para controlar o rei absolutista naFrança. Temos que dar os parabéns aosfranceses que deram este passo histórico.Mas não está na hora de darmos outro pas-so? Não está na hora de pensarmos ummodelo político que realmente represente apopulação? Que escute a maioria, mas res-peite as minorias? Veja, pelo modelo atual,que chance têm os povos indígenas na de-fesa dos seus direitos? Apesar de serem osprimeiros habitantes desta terra, são mino-ria e só conseguiram um ou outro deputa-do no Congresso Nacional, sem força juntoaos 513 deputados federais. Pergunte paraas pessoas se elas se sentem representadaspelos políticos atuais. E se há um descon-tentamento, então porque não pensarmosem outro modelo? Não dá mais para ficar-mos brincando de democracia.

ORAÇÃO DA ROMARIA DOS TRABALHADORESMãe Aparecida, recebe seus filhos e filhas.

Trazemos preces e pedidosde dor, de esperança e de alegria.

Nós somos trabalhadores, construtores desta grande casa.Mãe de todas as mães, das mães dos trabalhadores,

Das mães trabalhadoras.Seu canto ecoa forte:

Derruba do trono os poderosos, despede os ricos de mãos vazias.Seu Filho mostrou o caminho: amar a quem mais precisa,

Não existe maior mandamento,Sem amor não tem romaria.

A vida tem a última palavra, é assim que tudo se realiza,Por mais que pese o sofrimento, tem sempre uma nova alegria.

De encontrar quem acredita, num mundo novo a cada dia.

AS ELEIÇÕES E A FESTADA DEMOCRACIA

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2 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Informes de PO

Colegiado Nacional em ManausNos dias 14, 15 e 16 de setembro, em Manaus, a PO realizou a

reunião do Colegiado Nacional. Além de discutir a vida da PO do Brasil,visitamos a Casa da PO de Manaus, onde fica o “Gager Mulher” (Grupode economia popular solidária de costura acompanhado pela PO). Tam-bém visitamos o grupo “Gager Construindo Sonhos”, no bairro Montedas Oliveiras também acompanhado pela PO. Em seguida, visitamos ogrupo de reciclagem “Reciclando Vidas” que tem uma parceria com aPO de Manaus.

As mulheres de Manaus relataram a bela história da PO de lá e suarelação com o restante da igreja. Tivemos a visita de Guadalupe (coor-denadora das Pastorais Sociais de Manaus), de Dom Mario Antonio daSilva (Bispo auxiliar de Manaus) e do Deputado Estadual José Ricardo.Foram dois dias de muita acolhida e de aproximação ainda maior entrea PO Nacional e a PO de Manaus. Encerramos a reunião conhecendoo encontro das águas (a junção das águas do Rio Negro com o RioSolimões, formando o Rio Amazonas).

Testemunho de serviço“MEU PAI TRABALHA ATÉ AGORA,

E EU TRABALHO TAMBÉM” (João 5,17)Esta frase do evangelho sintetiza

que o trabalho se inicia a partir derelações pessoais

No livro que conta a vida da missionária Anna Sironi,no Nordeste de Amaralina nos anos de 1964, encontra-mos um exemplo de serviço.

Por exemplo, em sua ação pastoral, Anna iniciou apartir das relações pessoais, indo nas casas, medindoa pressão e sendo um pouco enfermeira. Nunca agia apartir das construções materiais, mas do cuidado comas pessoas. E quando chegou o momento de cons-truir, não começou pela igreja, mas por um centro co-munitário, porque dizia: “Importante termos um salãopara festas, para passar filmes, e depois ele pode serutilizado como igreja. Mas, se construo uma igreja, estanão pode ser usada para outra coisa. Assim, priorizandoa vida do povo, devemos Servir e Praticar na comuni-dade da grande família de CRISTO”.

Um Abraço Fraterno,

Eval, Roque, João e Gilson -Pastoral Operária de Salvador/BA

Encontros sobre Grupos de BaseNos dias 14 de julho e 15 de setembro, a PO Me-

tropolitana de São Paulo realizou encontros de forma-ção para refletir sobre Grupos de Base. No dia 14/07,estudaram o método “revisão de vida operária”. Nodia 15/09, aprofundaram a questão de como criar no-vos grupos de base. Teve a presença de pessoas dequase todas as 10 dioceses/regiões que compõem aPO Metropolitana. Cada Região e Diocese colocou asdificuldades, avanços e perspectivas de sua realidade.Na troca de experiências se observou que já nasceumais um grupo na Região Brasilândia, Que o grupo daRegião Sé está se fortalecendo e que na Região Belémhá conversas para surgir um novo grupo. Haverá ou-tro encontro com data a ser marcada para continuaras discussões.

2º Encontro de Jovens da PO da ParaíbaDe 21 a 23 de setembro em Campina Grande /PB, foi realizado

o encontro de Jovens da PO da Paraíba, com a presença de 30jovens das dioceses de Guarabira, Campina Grande e João Pessoa.Também presentes pessoas da PO de Recife e Natal. Neste encon-tro eles refletiram a vida do jovem trabalhador, através das ofici-nas: saúde, trabalho e cultura, tiveram momentos de trocas deexperiências e conhecimentos. Todos saíram animados e fortaleci-dos, aponto da PO de Guarabira estar articulando um encontro dosjovens da PO de lá.

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 3

Espiritualidade

O Concílio Vaticano IIe a Comunidade

Política

Mística da PO

Palavra do Bispo

como estamos nos fazendo presente nosconselhos comunitários, nos comitês de

combate a corrupção, incentivando aaplicação da lei 9840, e nos vários espaçosque permitem a participação da sociedadena gestão dos interesses do bem comum?

E A LUTA CONTINUA!“As causas que não morrem

são aquelas pelas quaisdamos a vida!”.

O irmão, amigo, operário Santo Dias daSilva deu a vida pela libertação da classe

operária. Fiel discípulo missionário de Jesus,vibrante apóstolo da Pastoral Operária,

Santo Dias, com simplicidade, lutou contra aditadura militar, contra o sistema capitalistae somou, decididamente, forças na luta por

melhores condições de vida, dignidade eliberdade de organização, dos trabalhadores.

A bala assassina da Polícia Militar, a serviçoda ditadura militar, o atingiu no dia 29 de

outubro de 1979, mas ele continua vivocomo exemplo para todos quantos continu-

am lutando por um Brasil justo, solidário,onde todos possam ter “vida em plenitude,”

conforme sonho de Jesus!Ainda hoje, Governos Estadual, Municipal,

Juízes, colocam forças policiais contratrabalhadores, moradores de rua, favelados,

dependentes químicos... Aí estão os abusosde poderes constituídos contra trabalhadores

no Pinheirinho em São José dos Campos,drogados na cracolândia e moradores de rua

no Largo São Francisco, no centro de SãoPaulo. É um horror: graves problemas sociaisestão sendo “resolvidos” pela truculência da

Polícia a mando de juízes, Governador ePrefeito.

Diante disto tudo, unidos na esperança,empenhados na construção do Reino de

Deus, feito de justiça, verdade, amor e paz,continuamos lutando-cantando como em

1979: “Companheiro Santo, você está pre-sente, no coração do Povo, na voz de nossa

gente!”.

Dom Angélico Sândalo BernardinoBispo emérito da diocese de Blumenau (SC)

É tempo de eleições em nossos municípios.Tempo de uma luta ferrenha entre diversos gru-pos de interesse, forças sociais, religiosas e eco-nômicas para ter o domínio do poder político mu-nicipal. Creio ser importante para nossa atuaçãopastoral, refletir sobre algumas orientações que oConcílio Vaticano II apresenta sobre a comuni-dade política, especificamente na ConstituiçãoPastoral Gaudium et Spes, que é um dos docu-mentos mais importantes do Concílio.

Quando o documento faz referência à nature-za e ao fim da comunidade política, afirma queela “existe por cau-sa do bem comum enisto encontra a ple-na justificação esentido, (...) O bemcomum compreendetodas as condiçõesda vida social, quepermitam aos ho-mens, às famílias e àsociedade conseguirmais facilmente aprópria perfeição”(Gaudium et Spes 74). A comunidade política é oespaço privilegiado onde deve se buscar dirigiras energias de todos os cidadãos para o bem co-mum e não para os grupos de patrocinadores dascampanhas com interesses corporativos, comoestamos testemunhando tão abertamente na vidapolítica atualmente.

E o documento ainda dá um reforço a essaideia: “Os partidos políticos devem promovero que julgam ser exigido pelo bem comum, semque jamais seja lícito antepor o próprio inte-resse ao bem comum” (Gaudium et Spes 75).Entre os membros que representam o poder polí-tico se faz necessário lembrar o dever de prestarà sociedade os serviços materiais, pessoais, exi-gidos pelo bem comum. Como está sendo efeti-vado esse critério do bem comum apresentadono documento pelos partidos políticos de nossascidades?

Outro ponto importante é que a Gaudium etSpes instiga a todos a participar livre e ativamen-te da vida política. Vejamos: “(...) todos os cida-dãos tenham a possibilidade efetiva de parti-cipar livre e ativamente, dum modo cada vezmais perfeito e sem qualquer discriminação,tanto no estabelecimento das bases jurídicasda comunidade política, como na gestão dacoisa pública e na determinação do campo efim das várias instituições e na escolha dosgovernantes. Todos os cidadãos se lembrem,portanto, do direito e simultaneamente do de-ver que têm de fazer uso do seu voto livre emvista da promoção do bem comum”.

Aparece nessa citação, uma contribuição im-portante para nossa atuação pastoral: a partici-pação dos cidadãos, proposta pelo documento, não

pode ser apenas na hora de apertar o botão daurna, como propaga tão intensamente o SupremoTribunal Eleitoral nas campanhas midiáticas como slogan “Agora você decide”, “agora chegousua vez”, mas, em primeiro lugar, no estabeleci-mento das bases jurídicas de funcionamento davida política. Parece que é só nesse momentoque somos considerados cidadãos. No entanto, aescolha dos governantes é apresentada como oúltimo passo de um processo que inicia já com aparticipação efetiva na construção do modelo

organizacional de toda a vida política.Esse elemento pode nos inspirar, enquanto

Igreja Povo de Deus, a contribuir na realizaçãode uma verdadeira reforma política em nosso país.Nesse sentindo vale nos perguntar: como estamosnos fazendo presente nos conselhos comunitári-os, nos comitês de combate a corrupção, incenti-vando a aplicação da lei 9840, e nos vários espa-ços que permitem a participação da sociedadena gestão dos interesses do bem comum?

Estamos comemorando os 50 anos do Concí-lio Vaticano II, mas as pistas para nossa atuaçãopastoral são de extrema atualidade nos váriosespaços sociais e eclesiais dos quais fazemosparte. Que o documento possa continuar nos ins-pirando e iluminando para uma ação pastoraltransformadora da realidade em que estamos in-seridos!

Pe. Antonio Carlos PortesAssessor eclesiástico da Pastoral Operária Nacional

Espírito de corpoA mística da solidariedade é muito forte na PO. Esta solidariedade se expressa

de várias formas, seja entre as pessoas dentro da PO, seja entre os grupos ecoordenações diocesanas, seja entre a PO e os movimentos. Há milhares de exem-plos concretos: desde ajuda financeira ou moral a uma pessoa do grupo de base,até contribuições para cobrir gastos com encontros e assembleias. Isto tudo semmuita propaganda. Isto cria um ambiente bom dentro da PO, formando um espíri-to de corpo. Por outro lado, a solidariedade entre a PO e outros movimentossociais e pastorais também é grande e segue em muitos casos o mesmo espíritoque se observa dentro das estruturas da PO.

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4 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Ana Dias – companheira de sempreNo dia 30 de outubro, celebramos a memória de 33 anos de Santo Dias da

Silva. Ana Dias, viúva de Santo, atuou na militância com ele, mas jamaiscomo coadjuvante e sim, como protagonista, incentivadora e companheira desempre. O casal tem dois filhos: Luciana e Santo Dias Filho.

Ana Dias, militante e companheira de Santo

Na luta com garra, na luta com encanto

Atravessou fronteiras da discriminação

Derrubou barreiras da repressão

Integrando sempre, a luta popular

A ajudou a organizar o povo

Segurou e organizou um lar

Grito 2012O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de

simbolismo. É um espaço de animação e profecia, sempre aberto eplural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais,comprometidos com as causas dos/as excluídos/as.

O Grito dos(as) Excluídos(as), como indica a própria expressão,constitui-se numa mobilização com três sentidos: denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo

tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pes-soas à exclusão social; tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos

grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e dafome; propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal,

de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com aparticipação de todos.

O Grito se define como um conjunto de manifestações realizadasno Dia da Pátria, 7 de setembro. Não é um movimento nem umacampanha, mas um espaço de participação livre e popular, em queos próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que osdefendem, trazem à luz o protesto e, ao mesmo tempo, o anseiopor mudanças.

As atividades são as mais variadas: atos públicos, romarias, cele-brações especiais, seminários e cursos de reflexão, blocos na rua,caminhadas, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, acam-pamentos – e se estendem por todo o território nacional.

Em 2012 o Grito dos/as Excluídos/as traz como tema:”Queremosum Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”

Em Campina Grande, o Grito ocorreu em 06 de setembro, naPRAÇA DA BANDEIRA – Centro da cidade.

SANTO,C O N T I N U A M O S L U TA N D O !

Este ano faz 33anos do assassinatodo nosso companhei-ro operário Santo Dias.De lá para cá, algumascoisas mudaram. Aquestão ambientalestá sendo levadamais a sério, acorrupção está sendomais denunciada –não há militares es-condendo os roubos...Por outro lado, algu-mas questões perma-necem as mesmas.Os direitos dos traba-lhadores continuamsofrendo perigo; a ex-ploração da classe tra-balhadora fica maior eos salários cada vezmais baixos; a grandemídia burguesa seguemanipulando as infor-mações. Enfim, a lutade classes continua.

Neste momento, pode até parecer que a situação está favorávelaos trabalhadores, mas vemos que os direitos estão ameaçados eisto atinge a classe trabalhadora em todas as suas faixas etárias.Vejamos:

Para a infância, o direito à saúde preventiva está relegado a se-gundo plano, afinal há dinheiro público para estádios, mas não parasaneamento básico. O trabalho infantil, ainda que venha diminuindo,representa uma chaga neste país. Hoje em dia, em torno de 4,8milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estão traba-lhando no Brasil, segundo PNAD 2007. Desse total, 1,2 milhão estãona faixa entre 5 e 13 anos. Isto tira o direito a um futuro, ainda quepequeno, nesta sociedade tão excludente.

A Juventude sofre em várias situações. Recebe um salário menor,pelo mesmo trabalho de adultos. A alegação é a falta de experiência.A nova lei do estágio permite as empresas conseguirem força detrabalho por um custo muito reduzido. O pior é que os jovens nãotêm saída, já que para receber seu diploma, precisam passar pelosestágios. A eles, sobram trabalhos muito penosos. Hoje, o telemarktingestá abarrotado de jovens recebendo um salário mínimo.

Em todas as faixas etárias, os benefícios conquistados continuamsendo tirados aos poucos. A terceirização cria trabalhadores de se-gunda categoria, reduzindo os direitos e a organização de classe. Aobrigação de se transformar em PJ (Pessoa Jurídica), que várias em-presas de jornalismo estão impondo aos trabalhadores, também éoutra forma de retirada dos direitos.

Já aos aposentados, o descanso não é sagrado. Muitos têm quevoltar a trabalhar para complementar a renda e poder sobreviver. Seisto não bastasse, há projetos de lei que querem aumentar o tempode trabalho e outros querem reduzir a entrada de recursos da Previ-dência.

Se Santo Dias estivesse vivo, com certeza estaria na trincheira edo lado da defesa dos direitos dos trabalhadores.

Assim, dizemos: Santo, Continuamos e Continuaremos na Luta!Pois só organizados e lutando, iremos garantir os direitos conquista-dos com suor e sangue da classe trabalhadora. Sangue como o deSanto Dias da Silva. Foto: Mônica Fidelis

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 5

Romaria reúne religiosidade e luta popular“Os pés que caminham revelam e escondem um mistério. Reabastecidos de sombra, água epão, os peregrinos encontram-se fortalecidos para retomar a estrada. Retornam a casa onde

lhes espera os embates do cotidiano.”

Há 25 anos, acontece no dia 7 de setembro, a Romaria dos trabalhadores e das trabalhadoras. Milhares de pessoas saem dosestados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e várias cidades do estado de São Paulo, para chegarem ao Santuário deNossa Senhora, no município de Aparecida. O tema deste ano foi “Mãe, 25 anos semeando saúde, moradia e trabalho digno”,

lembrando as lutas populares por melhorias na saúde, por habitação decente e pelos direitos como classe trabalhadora.O evento é preparado pela Pastoral Operária e Serviço Pastoral dos Migrantes.

A Romaria dos trabalhadores e das trabalhado-ras, que acontece anualmente, tem no municípiode Aparecida uma programação que se inicia noPorto Itaguaçu, onde segundo a história, foi encon-trada a imagem original de Nossa mãe negraAparecida, por pescadores. A mística realizada noPorto é uma simbologia que denuncia e anuncia.

Denuncia a exploração e a discriminação, poisos pescadores eram trabalhadores muito explora-dos pelos senhores da época (1717) e por seremnegros e discriminados, seu sofrimento aumentava.E isto acontece ainda hoje, mas com direitos já con-quistados pela classe trabalhadora e por movimen-tos de consciência Negra.

Anuncia a esperança e incentiva a perseve-rança, pois nosso símbolo maior de fé, Nossa Senho-ra, a Padroeira do Brasil é uma mulher negra, o quereforça além de tudo, a luta da mulher por igualdade.

Neste ano, no local, foi apresentada uma “cartade Nossa Senhora a seus filhos e filhas”.

CaminhadaApós a mística simbólica no Porto Itaguaçu, os ro-

meiros trabalhadores põem-se a caminhar, lembrandoa história do povo de Deus no Êxodo, rumo à TerraPrometida, que hoje também é buscada e represen-tada pela sociedade igualitária, que seja totalmentecontrária ao sistema capitalista. Por isso, em meioà caminhada, são feitas paradas, em que os cami-nhantes gritam por direitos e transformação.

1ª.parada – Representantes do movimentopor moradia revelaram o sofrimento de todos osque não possuem habitação digna.

2ª. parada – O grito por trabalho digno e di-reitos misturou-se ao grito dos desempregados.

3ª. parada - denunciaram o sistema de saúdeque prioriza o lucro e abandona os mais necessi-tados; e louvaram a medicina alternativa e popu-

O povo de Deus e suas lutas de ontem e de hoje

4ª. parada – Representante da Campanha Jubi-leu explicou que a dívida não terminou e se encontrano valor de aproximadamente 3 trilhões, por isso épreciso acabar com o sistema capitalista, que colocao dinheiro em primeiro lugar e não a vida.

Grito dos Excluídos e das excluídasA peregrinação dos romeiros chega à frente da

Basílica de Nossa Senhora, onde acontece o Grito dosexcluídos que em sua 18ª. edição, trouxe como tema:Queremos um Estado a serviço da nação, que garantadireitos a toda população. As pessoas foram entrevis-tadas para divulgarem seus gritos e clamores.

Missa dos romeiros trabalhadoresAo final de tudo, foi celebrada, a Missa dos tra-

balhadores na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.Na entrada, 25 estandartes carregados por traba-lhadores com as imagens de todos os cartazes dos25 anos de Romaria. No encerramento, mensagemda Pastoral Operária a todas as pessoas que lotarama grande Basílica.

Foto: Mônica Fidelis Foto: Mônica Fidelis

Foto: Mônica Fidelis

Foto: Mônica Fidelis

Foto: Mônica FidelisFoto: Mônica FidelisFoto: Mônica Fidelis

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

lar que usa remédios naturais.

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6 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Ação Sindical Economia Solidária

Por que a Pastoral Operária se ocupacom o tema da economia solidária?

Com o objetivo de conhecer mais sobre economia solidária, foi realizado um encontro sobre o assunto, emnível estadual, na diocese de Santo André, São Paulo.

Os/as participantes, interessados/as em saber como atuar com economia solidária, procuraram conhecer oque a Pastoral Operária já produziu sobre aquestão. Foi preparado um resumo dos mate-riais da PO que tratam sobre o tema e umdos textos estudados foi o seguinte:

“Uma das prioridades da PO é atuar juntoaos desempregados. A opção pela economiasolidária faz parte desta atuação. A econo-mia solidária pode ser um espaço concreto apartir do qual vai se questionando o modelode desenvolvimento capitalista. Também vaise ensaiando e construindo uma economia euma sociedade em que se cultive os valoresda solidariedade, do respeito aos outros e domeio ambiente. Assim, contribui para a refle-xão sobre uma nova cultura do trabalho.

De que maneira a Pastoral Operária pode contribuir com a economia solidária?Esta questão foi apresentada com as seguintes propostas, do que a PO poderá fazer:• Realizar formação humana e política: formação humana integral, para resgate da pessoa. Estudos ereflexões para estimular a crítica ao sistema dominante.• Fortalecer a utopia, com a realização de momentos de mística e estudos, assumindo um papel profético,de anunciar a nova forma de trabalhar.• Fornecer assessoria, elaboração de subsídios (cartilhas, vídeos etc...).Elaborar projetos de captação derecursos.• Articulação: estimular a união entre os grupos, para a formação de uma rede nacional. Estimular aparticipação nos fóruns de economia solidária e na luta popular em geral.• Apoio e exemplo: consumir os produtos da Economia Popular Solidária.• Divulgar os produtos da economia solidária e estimular o desenvolvimento sustentável.

Fórum de economia solidáriaO Fórum de Economia Solidária de São Bernardo do Campo é formado por pessoas que trabalham em

economia solidária; e entidades que apoiam este trabalho. Foi lançado em janeiro de 2009 e se reúne mensal-mente, para planejar ações em conjunto, dos grupos de trabalho. O elemento mais aglutinador, porém, é aformação desenvolvida com seus membros no início de todas as reuniões. Isto faz a diferença, porque promo-ve a cidadania e desenvolve o protagonismo nos/as participantes.

Formação em economia solidáriaA proposta de se realizar um momento de formação em todas as reuniões demorou cerca de um ano

para se concretizar, mas hoje os/as participantes não abrem mão desse momento. Temas como ‘Ideolo-gia”, “Capitalismo” e “Globalização” já fizeram parte da formação. Por conta disto, as trabalhadoras(costureiras, artesãs...) passaram a participar de reuniões e movimentos de articulação da economiasolidária.

ConquistasCom o objetivo de representar o movimen-

to da Economia Popular e Solidária frente àsociedade e aos poderes públicos, uma das pri-meiras ações do Fórum foi apoiar os/as tra-balhadores/as em economia solidária, na bus-ca de pontos de venda para comercializarseus produtos. Esses pontos foram conquis-tados e entre eles um local fixo, que leva onome de Espaço Solidário e já está comple-tando um ano. O espaço abriga uma loja deartesanato e uma lanchonete, ambas geridaspelos próprios trabalhadores e trabalhado-ras. Neste Espaço Solidário, além das ven-das, realiza-se também momentos de con-fraternização e oficinas de artesanato emgeral realizados pelas próprias artesãs dos grupos que integram o Fórum.

Ministro Guido Mantega(Observação necessária: quando este artigo foi escrito,

as Universidades Federais estavam em greve.)

Diante da prolongada greve dos professo-res de 57 das 59 Universidades Federais

(desde 17 de maio), além dos docentes dosInstitutos Federais, o Ministro Guido Mantegasoltou essa pérola cultural: “Investimento em

educação vai quebrar o Brasil”.E as negociações para resolver o

“imbróglio” grevista até agora deram em nada,porque o governo Dilma insiste em rebaixar osistema de ensino brasileiro, pondo em práticaorientações vindas do Consenso de Washing-

ton: reduzir o Estado, poupar e retirar dinheirodo orçamento federal para fazer superávit

primário. Isto é, tirar dinheiro que atende aosinteresses e à vida do povo para cumprir comos acordos da agiotagem internacional – sem

falar das privatizações em curso e daterceirização de inúmeros serviços públicos.

Aliás, a mesma agiotagem que vem quebrandotradicionais países europeus.

Não se pode esquecer que Dilma eMantega, que é o chefe da economia

tupiniquim, sacanearam a nação em 2011retirando 45% do orçamento, destinando R$

708 bilhões para banqueiros nacionais einternacionais, “credores” do país através dachamada Dívida Pública (interna e externa).

Ainda assim, a Dívida Pública atingiu osincríveis R$ 3 TRILHÕES, sobre os quaispagamos juros altíssimos e nos endividamos

sempre mais. (*)O que, de fato, está quebrando o Brasil,

senão o cumprimento da Carta aos Brasileiros,de Lula? O que quebra um país, senão a

entrega das empresas estratégicas rentáveispara o capital internacional explorar ao máxi-

mo? O que quebra um país, senão a concessãode redução de impostos às grandes e altamen-te lucrativas empresas nacionais e internacio-

nais, em prejuízo da Seguridade Social? O quequebra mais o país do que obras faraônicas,

extraordinariamente superfaturadas paraatender às exigências de uma FIFA corrupta e

corruptora, apenas para abrigar jogos defutebol, que, assim como no carnaval “tudo se

acabar na quarta feira”, sem mudar umnadinha na estrutura política, econômica e

social do país?Brigamos muito com o governo tucano por

causa do criminoso rebaixamento do padrão deensino no Brasil, de modo especial no Estado

de São Paulo, que ostenta um dos pioresíndices de educação entre todos os estados. E

agora, nos vem um ministro petista querendojustificar o injustificável, defendendo práticas

financeiras que estão criando gerações egerações de semialfabetizados, enquanto

contribui para aumentar a gigantesca concen-tração de dinheiro e poder nas mãos de

especuladores nacionais e internacionais!

(*) Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida, com dados doMinistério da Fazenda /Banco Central

“Investimento emEducação vai

quebrar o Brasil”

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 7

5ª Semana Social brasileira

SimSimSimSimSim quero assinarNome:.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Endereço:................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ nº ..................... Data Nasc.: ............../ ................/ ..........................

Bairro............................................................................................................................................................................................................................................................................ Cep.: ....................................-...................

Cid.:.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... Est.: ...............................Tel.: .................................................................................................................... E-mail: .......................................................................................................................................................................................................................

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A luta recomeça.Os novos tempos

exigem

Há uma clara percepção nas Pastorais Sociaisda Igreja Católica que uma era de construções polí-ticas e sociais está se esgotando.

Ela não foi toda perdida. Conquistas sociais im-portantes como a moradia, água, energia, educação,superação da fome, superação da miséria por tan-tos brasileiros, tem que ser efetivamente respeita-das e até celebradas. Essas conquistas ainda estãoem processo e devem ser cultivadas até chegar àsua plenitude.

As Semanas Sociais brasileiras contribuíram deforma decisiva para essas conquistas sociais e polí-ticas, como o próprio alargamento da democracia.A derrota da Alca (Área de Livre Comércio dasAméricas), o Grito dos Excluídos, a união das Pas-torais Sociais do Nordeste com a Articulação doSemiárido para construção da captação da água dechuva, são alguns exemplos de lutas que produzi-ram seus frutos.

Mas, vários sinais indicam que estamos esgo-tando esse período histórico. As mudanças estrutu-rais não acontecem. A reforma agrária, a reformaprofunda na educação, na saúde, caminha a passoslentos, quando não inexistentes.

Para piorar, um conceito de desenvolvimento pre-dador e antissocial tem invadido os territórios indí-genas, quilombolas e de comunidades tradicionais,assim como santuários ecológicos à semelhança doXingu, que nos faz olhar de forma crítica os novosdesdobramentos dessa política comandada por gen-te que até ontem falava em nome dos mais pobres,excluídos e indefesos. Mudam os governos, mas nãomudam as políticas fundamentais que as elites cha-mam de “políticas de Estado”.

Agora, voltamos novamente a uma era de con-frontos. É verdade que o exercício de discernimentoscontinua fundamental. Não se pode jogar fora a baciacom a água. Mas, não podemos concordar com sa-crifício humano e da natureza em nome de um pro-gresso que não passa da acumulação capitalista nasmãos de alguns.

A pergunta é: onde estão os entraves que impe-dem as mudanças estruturais? Claro que as respos-tas são muitas, na mesma quantidade que as leitu-ras possíveis. Mas há um consenso que o EstadoBrasileiro é um fator fundamental no emperramentodas mudanças estruturais. Ele foi criado pelas e paraas elites. Nossas conquistas na Constituinte estãosendo desmanteladas rapidamente, tanto no camposocial, dos direitos como do meio ambiente. Por isso,a 5ª Semana Social Brasileira está iniciando um de-bate sobre o Estado Brasileiro. O lema é: Estadopara que e para quem?

Não é fácil. Mas, no último encontro acontecidoem Brasília, além das Pastorais Sociais houve a pre-sença de Movimentos Sociais, aliados históricos nes-sa luta, como de outros setores da sociedade. Todossentem que é um momento de começar a reagir.

O desafio é enorme e para todos. A proposta éampliar e aprofundar esse debate até o ano que vem.Os desdobramentos virão conforme nossa capaci-dade de articulação e de mobilização social. Os no-vos tempos exigem.

Roberto Malvezzi,Gogó é da Equipe CPP/CPT do São Francisco, Músico,

Filósofo e Teólogo

Opressão e reaçãoMais um encontro da série de formação de formadores da PO de São

Paulo foi realizado; desta vez, com o tema “novas relações de trabalho”.

Na história das relações de trabalho (conflito entre capital e trabalho) percebe-se que quando a exploraçãobatia forte, a classe trabalhadora sempre explodia em revoltas e dos movimentos daí nascidos, resultaramconquistas históricas e importantes.

É uma história de opressão e reação.Hoje, vemos essas duas faces.

Por um lado, a opressão: o grito do opri-mido que fica abafado. A ideologia que brotada televisão, internet e outros meios é tãoforte, que as pessoas não sentem que es-tão sendo enganadas, compradas. Os che-fes amenizam a insatisfação, para os em-pregados (que são chamados de colabora-dores) não explodirem em revolta. Até ossindicatos andam segurando os trabalhado-res, repreendendo... e até desencorajando.

Por outro lado, a reação: a parcela quenão se deixa abater. Muitas greves estãoacontecendo, com grandes e importantes ca-tegorias e por tempo prolongado. Causam al-guns impactos na sociedade. No entanto, para que os trabalhadores consigam derrotar os capitalistas e tomar contada economia, precisam unir-se mais. Cada categoria faz suas movimentações, mas ainda muito separadas.

Além disso, a imprensa não divulga os movimentos de reação com a importância que têm. Pelo contrário,quando divulga, é para colocar a população contra os grevistas.

É aí que entendemos que a classe operária é muito criativa e só precisa ser melhor informada, ter os olhosabertos. Essa é uma função da Pastoral Operária: “cutucar os trabalhadores. Lembrar da sua importância.Lembrar que toda riqueza só vem do trabalho, seja das mãos de empregados formais, informais ou da econo-mia solidária. E mostrar sempre, as conquistas e sua relevância para a história da humanidade.

Dentro da nossa missão de agentes pastorais da classe trabalhadora, também nos cabe promover relaçõesentre os movimentos, criar fóruns, fazer os militantes perceberem que não estão isolados, para estabelecer aunidade que fortalece aqueles que constróem a sociedade igualitária. E além de tudo, formar lideranças,porque nós da PO não temos que ser líderes de nada. Temos que acordar o povo, para serem líderes!

Telemarketing causa depressão?Aruanda Mathias Pereira trabalhou poucos meses em uma empresa detelemarketing e já foi o suficiente para ela perceber que, como outros

trabalhos que conhecemos, esse também é prejudicialAruanda tem 19 anos de idade. Trabalhava seis horas por dia, durante seis dias por semana, recebendo

ligações. Segundo ela, há uma fraseologia própria para empregar com os clientes e não se pode errar aspalavras exigidas, porque assim perde-se pontos. Cada funcionário precisa ter 200 pontos.

A jovem nos conta que as chefias tudo fazem para que os empregados trabalhem o máximo possível, poisembora haja uma jornada determinada, trabalha-se um tempo a mais para depois compensar; mas estacompensação demoramuito para acontecer e seo trabalhador descuidar,nem acontece.

O telemarketing éuma área que quase sem-pre tem vagas abertas aquem está desemprega-do; no entanto Aruandaviu jovens como ela, comsintomas de depressão, oque claramente ocorrepor causa do tipo de ser-viço. E também presen-ciou irregularidades e su-jeira no local de trabalho.Ela mesma apresentoualergia por conta de umcarpete e o ar condicio-nado sujos.

Formação de Formadores/as

Por dentro dos locais de trabalho

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8 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

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EXPEDIENTE:EQUIPE DE COMUNICAÇÃO.Jornalista: Antonia Carrara/MTB 13746-SP • Revisão: André Langer, João Pedro BaresiDiagramação: Maria do Amparo • Colaboradores: Eduardo Paludette, Monica Helena Fidelis

SECRETARIA NACIONAL DA PASTORAL OPERÁRIARua Guarapuava, 317 - Moóca • São Paulo-SP • CEP 03164-150

Tel.: (0xx11) 2695-0404 • Fax: (0xx11) 2618-1077

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Mundo Urgente Conquistando o Conquistar

Calendário de Luta

O PIB DO BRASIL CRESCEU MENOS.QUE COISA BOA!

Antes que alguém me chame de antipatriota, ou que soudaqueles que acham que quanto pior melhor por causa do

título acima, peço que leia com atenção os argumentosabaixo. Depois pode dizer o que quiser, afinal queremos

viver numa sociedade democrática, embora vivamosnuma sociedade de informações manipuladas

PIB (Produto Interno Bruto) é uma forma de calcular riqueza, que aceita a produção debombas, armas e agrotóxicos como riqueza, mas não considera o trabalho da trabalhadorado lar. Assim, apenas dizer que o PIB cresceu, não quer dizer que foi o melhor para o país.Veja historicamente no mundo, que nas crises capitalistas anteriores, uma das saídas foi aprodução de armas. Para vender mais armas, provocou-se mais guerras.

O PIB voltou a crescer... Mas ninguém questiona como cresceu, apenas se cresceu ounão, de acordo com a vontade dos investidores. Aqui no Brasil, a derrubada de floresta eraconsiderada valorização da terra e, portanto, crescimento do PIB. Apesar de destruir averdadeira riqueza, que é a vida e sua diversidade, isto entra como coisa boa. Afinal, paraeste modelo econômico, o que vale a vida, a não ser para gerar lucro para poucos?

Por outro lado, no sistema capitalista, crescimento do Produto Interno Bruto é equivalen-te a aumento de consumo, não necessariamente para toda a população. Nunca tivemos umPIB mundial tão grande, porém temos um bilhão de pessoas passando fome. Nesta lógica,para aumentar o PIB é preciso aumentar a produção e o consumo. OPS... Aumentar consu-mo? Mas o planeta já grita em dores! Já consumimos 65% mais do que o planeta podeoferecer. Todos falam do modo de consumo dos estadunidenses, e muitos almejam estemodelo. Porém, se quisermos levar este nível de consumo aos 7 bilhões de seres humanosvamos precisar de 5 planetas terra. OPS... Só temos um. E se continuarmos assim, nãoteremos nem este. Então, por que festejar aumento do PIB?

A lógica atual diz que este crescimento pode acabar com a pobreza, mas não pode. O queacaba com a pobreza é a partilha da riqueza.

É possível resolver a pobreza com as riquezas que geramos hoje?Sim, é possível. Vejamos alguns dados. A FAO (organismo da ONU responsável pela

alimentação) nos diz que há um excedente de 10% de alimento no mundo. Claro, isto estádiminuindo, porque os carros estão começando a competir com os seres humanos pela comi-da (veja o milho nos Estados Unidos, a cana e a mamona no Brasil...). Ora, se há excedentede alimento, porque existe fome? Falta de partilha.

Outro dado importante é que os 1% mais ricos do mundo têm riqueza igual aos 50% maispobres. Sobre o crescimento do PIB, lembro do discurso bonito do ex-ministro da economiado Brasil – Defim Neto: “O bolo tem que crescer, para depois se dividir.” Pois é.. o bolo jáestá bem grande, mas a divisão não aconteceu!

E ... falando mais sério sobre partilha. Não dá para achar que o mundo acaba daqui a 2anos e que não existirá vida humana depois de nós. Se aumenta o PIB, aumenta o consumo,diminuem os recursos para os 10 bilhões de seres humanos que vem depois e impera osistema de destruição em massa, por guerra, por destruição do meio ambiente, por fome...

Por tudo isto, contradigo a lógica do crescimento econômico. O PIB do Brasil cresceumenos. Que bom!

O Jornal Conquistar e suaimportância

O Nosso Boletim Conquistar é um instrumento de co-municação da Pastoral Operária do Brasil. Ele traz notíci-as da PO pelo Brasil afora. Também serve para levar asdiscussões de nossos encontros e assembleias e divulgarnotícias que a grande mídia costuma esconder. Com ele,conseguimos trocar experiências e democratizar nossasinformações.

Muitos podem se perguntar: por que investir numboletim escrito, em plena era da informação digital? Aresposta é simples. Porque muitos ainda não têm aces-so a estes outros meios de informação. Na nossa sedenacional ainda recebemos cartas escritas à mão ou amáquina datilográfica. O que pode ser um absurdo éuma realidade presente em nosso meio e de outros mo-vimentos e pastorais. Apesar do avanço significativo dainformação digital, uma parcela considerável de nossapopulação ainda está excluída. Os motivos: analfabetis-mo digital, falta de acesso a um computador com linhatelefônica e internet, medo...

Assim, o boletim Conquistar é uma forma de incluiros que estão excluídos. É dar oportunidade a muitos deter acesso às informações que a Pastoral Operária vemdiscutindo.

No entanto, para manter o jornal temos um custo(confecção, impressão, correio, envelopes...). Para co-brir as despesas estamos fazendo uma campanha deassinaturas do Conquistar, são apenas R$ 15,00 porano. Você terá cinco boletins por ano, entregue emsua casa. Se você já é assinante faça a renovação desua assinatura. Queremos tornar o Conquistar susten-tável. Se não puder fazer a assinatura sozinho, façauma coleta em seu grupo de base e assine em nome dogrupo. Os textos do Conquistar vêm servindo de fontereflexão para vários grupos de base.

Participe desta campanha, faça ou renove sua assina-tura, convide seu amigo/a para fazer também. Se acre-ditarmos que podemos, vamos torná-lo sustentável.

Abaixo os dados que você precisa nos enviar para quepossamos despachar o Conquistar. Não se esqueça deenviar uma cópia do depósito na conta:

Banco Bradesco S/A:Agência: 500-2 (Praça da Sé)Conta: 47591-2Nome: Instituto Nacional Santo Dias

14 de outubro de 2012 – Encontro de Formação deformadores (FLTD).

30 de outubro - 33 anos do assassinato do Operário SantoDias da Silva.

de 09 a 11 de novembro de 2012- Encontro de Articulaçãoda PO do Norte/Nordeste em Teresina/PI.

17 de novembro de 2012 - Reunião de avaliação daRomaria dos Trabalhadores / Articulação do Sudeste em SãoPaulo.

23 de 25 de novembro de 2012 - Colegiado Nacional daPO em São Paulo/SP.

Dia 25 de novembro - Dia Internacional da erradicação daviolência contra a Mulher.