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O TRADICIONAL E AS METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA Nilson Sergio Peres Stahl Patrícia Maria dos Santos UENF- Programa de Cognição Linguagem 28013-602, Campos dos Goytacazes, RJ E-mail: [email protected] , [email protected] Vera Lucia da S.S. Gregório Edson dos Anjos Silva UENF- Programa de Cognição Linguagem 28013-602, Campos dos Goytacazes, RJ E-mail: [email protected] , [email protected] Palavraschaves: Ensino, Metodologias Alternativas, Modelagem Matemática, Interdisciplinaridade, Educação Matemática. Resumo: Este trabalho investiga a metodologia utilizada pelo professor de Matemática em sua práxis com especial atenção a Modelagem Matemática. Foram entrevistados educadores do ensino fundamental e médio de várias escolas municipais, estaduais, federais e particulares no município de Campos dos Goytacazes. Foram utilizados questionários como meio para coleta de dados. Os resultados da pesquisa apontam para o fato que o professores acreditam nas vantagens da utilização de metodologias alternativas frente à tradicional, porém se mostram relutantes em utilizá-las em sua práxis. 1-Introdução O aprendizado de matemática tem sido por muito tempo, uma das maiores dificuldades para os educandos. No ensino fundamental e médio é comum observar, entre os alunos, discussão de como a disciplina é “difícil de entender, abstrata e sem sentido”. Naturalmente, tais dificuldades podem decorrer de inúmeras ações pedagógicas. No entanto, uma possível causa pode ser a utilização das aulas expositiva, em que os conteúdos são passados para os alunos de modo a enfocar essencialmente o rigor Matemático com pouca ou nenhuma aplicação de ordem prática dos conceitos, quando de sua apresentação. Esta tendência traduz o pensamento da escola tradicional, caracterizado por valorizar o ensino universalista, sem se preocupar, contudo, com o dia-a-dia do aluno, onde a função do professor é dominar o conhecimento, selecioná-lo e ministrá-lo, de forma lógica e progressiva, num clima de ordem, obediência e de forma acabada e inquestionável. CAMPOSDOS GOYTACAZES MEDIA DAS NOTAS DA PROVA BRASIL MATEMÁTICA ( 6 AO 9 ANO) 232,5 233 233,5 234 234,5 235 235,5 Nota Prova Brasil - 2005 Nota Prova Brasil - 2007 Nota Prova Brasil - 2009 ANOS MEDIA Figura 1- Média das Notas da Prova Brasil das Redes Municipais e Estaduais do Município de Campos. Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira- 2010. A figura I apresenta a média de matemática nos três anos em que ocorrem reais aplicações das provas 5º e 9º ano do ensino fundamental no Município de Campos. De acordo com análise das figuras I, média de matemática, obtida no ano de 559 ISSN 2317-3300

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O TRADICIONAL E AS METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NO

ENSINO DA MATEMÁTICA

Nilson Sergio Peres Stahl Patrícia Maria dos Santos

UENF- Programa de Cognição Linguagem

28013-602, Campos dos Goytacazes, RJ

E-mail: [email protected] , [email protected]

Vera Lucia da S.S. Gregório Edson dos Anjos Silva

UENF- Programa de Cognição Linguagem

28013-602, Campos dos Goytacazes, RJ

E-mail: [email protected] , [email protected]

Palavras–chaves: Ensino, Metodologias Alternativas, Modelagem Matemática,

Interdisciplinaridade, Educação Matemática.

Resumo: Este trabalho investiga a metodologia utilizada pelo professor de Matemática em sua práxis com especial atenção a Modelagem Matemática. Foram entrevistados educadores do ensino fundamental e médio de várias escolas municipais, estaduais, federais e particulares no município de Campos dos Goytacazes. Foram utilizados questionários como meio para coleta de dados. Os resultados da pesquisa apontam para o fato que o professores acreditam nas vantagens da utilização de metodologias alternativas frente à tradicional, porém se mostram relutantes em utilizá-las em sua práxis. 1-Introdução

O aprendizado de matemática tem sido por muito tempo, uma das maiores dificuldades para os educandos. No ensino fundamental e médio é comum observar, entre os alunos, discussão de como a disciplina é “difícil de entender, abstrata e sem sentido”. Naturalmente, tais dificuldades podem decorrer de inúmeras ações pedagógicas. No entanto, uma possível causa pode ser a utilização das aulas expositiva, em que os conteúdos são passados para os alunos de modo a enfocar essencialmente o rigor Matemático com pouca ou nenhuma aplicação de ordem prática dos conceitos, quando de sua apresentação.

Esta tendência traduz o pensamento da escola tradicional, caracterizado por valorizar o ensino universalista, sem se preocupar, contudo, com o dia-a-dia do aluno, onde a função do professor é dominar o conhecimento, selecioná-lo e ministrá-lo, de forma lógica e progressiva, num clima de ordem, obediência e de forma acabada e inquestionável.

CAMPOSDOS GOYTACAZES MEDIA DAS NOTAS DA PROVA

BRASIL MATEMÁTICA ( 6 AO 9 ANO)

232,5

233

233,5

234

234,5

235

235,5

Nota Prova Brasil - 2005 Nota Prova Brasil - 2007 Nota Prova Brasil - 2009

ANOS

ME

DIA

Figura 1- Média das Notas da Prova Brasil das Redes Municipais e Estaduais do Município de Campos. Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira- 2010.

A figura I apresenta a média de matemática nos três anos em que ocorrem reais aplicações das provas 5º e 9º ano do ensino fundamental no Município de Campos. De acordo com análise das figuras I, média de matemática, obtida no ano de

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ISSN 2317-3300

2007 apresentam resultado entre 233,5 e 234 menor que a média nacional 247,4. A escala da Prova Brasil / Saeb vai de 0 a 500. Verificando assim que o ensino necessita passar por uma reformulação em sua estrutura física (prédio, sala, material de apoio, etc.) e na estrutura pedagógica (metodologia de ensino), foi dada especial atenção quanto à utilização e conhecimento da modelagem matemática enquanto metodologia alternativa de ensino 2- Procedimentos e Resultados Foram realizadas entrevistas contendo questões fechadas com uma amostra de 34 professores dos Ensinos Fundamental II e Médio das escolas municipais, estaduais, federais e particulares. As questões contemplam perguntas sobre a formação do professor, metodologias de ensino, materiais didáticos e a aceitação dos educandos quando da utilização, pelo professor, da Modelagem Matemática enquanto metodologia de ensino.

Quando perguntado sobre o material utilizado, 28 professores (82%) responderam que só utilizam o livro didático como livro texto, 4 professores (12%) utilizam apostilas e 2 deles (6%) baseiam em notas de aulas. Estes dados estão representados na figura 2.

MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO PELO PROFESSOR

82%

6%

12%

LIVROS TEXTOS

NOTAS DE AULAS

APOSTILAS

Figura 2 - Material didático utilizado pelo professor

Ao se referir sobre a metodologia utilizada na sala de aula, 4 professores (11%) responderam que só utilizaram o metodologia tradicional em sua sala de aula, mas os 30 professores (89%) utilizam em vários momentos a metodologia de problematização (17%),jogos(32%), investigação(14%) em atividades de Matemática e projetos(26%) durante o período letivo. A figura 3 apresenta estes resultados.

A METODOLOGIA UTILIZADA NA SALA DE AULA

11%

26%

32%

14%

17% TRADICIONAL, COM QUADRO

NEGRO E LIVRO TEXTO

PROBLEMATIZAÇÃO

JOGOS

INVESTIGAÇÃO

PROJETOS

Figura 3 - Metodologias utilizadas em sala de aula pelos professores.

Diante desses dados, 9 professores (26%) já utilizaram projetos como metodologia, 42% deles desenvolvem na sala de aula as metodologias de Jogos(32%), investigação(14%) e problematização(17%), paralelamente à metodologia tradicional (11%). Foi questionado, também, se os professores conhecem a modelagem matemática enquanto metodologia de ensino. Do total somente 10 professores (32%) a conhece. A figura 4 apresenta esses dados.

Figura 4– Porcentagem de professores que conhecem Modelagem Matemática.

PROFESSORES QUE CONHECEM A MODELAGEM MATEMÁTICA ENQUANTO

METODOLOGIA DE ENSNO

32%

68%

SIM NÃO

560

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A figura 5 apresenta o quantitativo de professores que além de conhecer a Modelagem matemática, efetivamente a utilizaram na sala de aula. Destes 6 (19%) já a utilizam e 28 (81%) não o fizeram.

Figura 5 - Utilização, em algum momento, da Modelagem Matemática em sua práxis.

3- Conclusão Os professores, de uma maneira geral, acreditam na necessidade de mudança em sua prática diária. Mostraram-se interessados e receptivos a implementação de metodologias alternativas ao uso do método/ensino tradicional. Reconhecem as vantagens dessas metodologias como facilitadoras na construção do conhecimento em Matemática, entretanto os dados não apontam sobre uma preferência significativa para a utilização específica de uma determinada metodologia ou mesmo de um ideário que norteie seu plano de curso.

Com relação à Modelagem Matemática, os resultados indicam uma aparente relutância por parte dos docentes na sua aplicação. Esta, entre outras questões envolvendo essa metodologia e também as outras mencionadas neste trabalho, serão objetos de novas e futuras investigações.

O trabalho de campo, apesar de envolver uma amostra pequena de professores, indica que existe uma preocupação por parte dos educadores não só com relação à melhoria do ensino da Matemática em curto prazo, mas também uma receptividade a novas idéias com conseqüente mudança de atitude docente. 4 – Bibliografia BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-Aprendizagem com Modelagem Matemática. São Paulo: Contexto, 2002.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Da Realidade à Ação: Reflexão sobre Educação Matemática. Sammus Editorial. São Paulo: Editora Unicamp, Campinas, 1986.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática. Summus Editorial. São Paulo: Editora Unicamp, Campinas, 1997.

MENDONSA, M. C.D., Problematização: um caminho a ser percorrido em Educação Matemática, Tese de Doutorado, Faculdade de Educação, Unicamp, 1993.

MEYER, João Frederico C. A.; STAHL, Nilson Sergio Peres. Modelos Computacionais em Sistemas Ambientais: O Desafio de Criar uma Nova Disciplina. XXII Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional, Santos-SP, 2000.

MEYER, João Frederico C. A.; STAHL, Nilson Sergio Peres. Determinação da Vazão de um Córrego Via Pesquisa de Campo, Modelos Matemáticos e Computacionais. XXIII Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional, Santos-SP, 2001.

UTILIZAÇÃO DA MODELAGEM MATEMÁTICA.

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81

SIm

Não

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MEYER, João Frederico C. A.; STAHL, Nilson Sergio Peres. Aprendizagem Escolar e Qualidade de Vida via Modelagem Matemática e Simulações. Revista Biomatemática. Vol.15. IMECC, Campinas, SP, 2005.

STAHL, Nilson Sergio Peres. O Ambiente e a Modelagem Matemática no Ensino do Cálculo Numérico. Campinas-SP, 2003. Tese de Doutorado em Educação Matemática. - Faculdade de Educação, Unicamp.

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ISSN 2317-3300