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O tratamento cirúrgico e farmacológico da obesidade O tratamento do obeso com hipertensão e dislipoproteinemia
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O tratamento cirúrgico e farmacológico da obesidade
O tratamento do obeso com hipertensão e dislipoproteinemiaProfessora Dra. Bruna Oneda
O tratamento cirúrgico e farmacológico da obesidade O tratamento do obeso com hipertensão e dislipoproteinemia
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SUMÁRIO
Tratamento da Obesidade 3Tratamento medicamentoso 3
Tratamento não-medicamentoso 6
O tratamento cirúrgico 6
Prescrição dos exercícios para obesos 7
Exercícios aeróbios 8
Exercícios resistidos 9
Exercícios de alongamento 10
Exercícios pré e pós cirurgia bariátrica 10
Referências bibliográficas 11
O tratamento cirúrgico e farmacológico da obesidade O tratamento do obeso com hipertensão e dislipoproteinemia
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TRATAMENTO DA OBESIDADE
O tratamento da obesidade é dividido em medica-
mentoso, não-medicamentoso e cirúrgico.
Tratamento medicamentoso
LINK DA IMAGEM:http://bioqumicadaobesidade.blogspot.com.br/2011/01/o-controle-sobre-prescricao-da.html
O tratamento medicamentoso é indicado para IMC ≥
30kg/m2 ou para IMC ≥ 25 kg/m2 para situações que dieta,
exercícios intensos e mudanças de comportamento foram
realizadas sem sucesso9.
Segundo Halpern (2003)10 quando se fala em
tratamento medicamentoso, alguns pontos chaves devem
ser considerados:
1) O tratamento medicamentoso deve apenas ser
justificado quando combinado com dieta e mudanças no
estilo de vida. Os resultados com medicamentos aparecem
quando mudanças comportamentais ocorrem.
2) Os medicamentos não curam a obesidade. Quando o
uso é descontinuado, o reganho de peso pode acontecer.
3) A utilização de medicamentos anti-obesidade deve
ser feita sob supervisão médica contínua.
4) O tratamento e o uso do medicamento devem ser
aprovados pelo paciente. Os riscos associados ao uso
das drogas deve ser explicito levando em consideração
persistência da obesidade.
5) O tratamento deve ser introduzido apenas quando
for seguro e efetivo ao paciente.
Os medicamentos podem ser divididos de acordo com
o local que agem. Aqueles que agem periféricamente e
centralmente.
O Orlistat é um exemplo de medicamento que age
periféricamente. Ele atua no lúmen intestinal inibindo a
lipase pancreática que é uma enzima necessária para a
absorção de triglicerídeos. A inibição da lípase pancreática
faz com que ocorra uma diminuição em 30% a absorção
das gorduras e consequentemente o indivíduo elimina
essa gordura pelas fezes.
As drogas que agem no sistema nervoso central são
divididas em:
» Catecolaminérgicas,
» Serotoninérgicas e
» Combinadas
As drogas catecolaminérgicas normalmente inibem a
fome pois inibe a área hipotalâmica lateral no cérebro, que
é responsável pela sensação de fome.
As drogas serotoninérgicas agem no núcleo
ventromedial, também no hipotálamo, promovendo a
sensação de saciedade.
As drogas combinadas são associações de catecolaminas
com a serotonina que promovem a diminuição da fome e o
aumento da saciedade. Isso significa que o indivíduo tem
menos fome e come uma menor quantidade de alimentos
nas refeições.
Não se pode deixar de falar dos efeitos colaterais que as
drogas promovem. É comum a desistência do tratamento
medicamentoso em função dos efeitos colaterais.
As tabelas a seguir apresentam as características
de algumas drogas utilizadas no tratamento da
obesidade10,11.
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Tabela 1: Drogas CatecolaminérgicasSubstância Mecanismo de ação Dose (mg/dia) Efeitos colaterais Nomes comerciais
Fentermina
Diminuiem a Ingestão alimentar por mecanismo noradrenérgico
30 - 60
Boca seca, insônia,taquicardia, ansiedade
Ionamin, Adipex, Fastin, Banobese, Obenix, Zantril
Fenproporex 20 - 50 Desobesi-M, Inobesin, Lipomax AP.
Anfepramona(Dietilpropiona) 40 -150 Dualid S, Hipofagin,
Inibex, Moderine, Obesil
Fenilpropanolamina Atua aumentando a ação adrenérgica 50 - 75 Accutrim, Dexatrim.
Tabela 2: Drogas Serotoninérgicas
Substância Mecanismo de ação Dose (mg/dia) Efeitos colaterais Nomes comerciais
FluoxetinaInibição da recaptação da serotonina
20 - 60 Cefaléia, insônia, ansiedade, sonolência e diminuição do libido
Prozac
Sertralina 50 - 150
Tabela 3: Droga combinada (catecolaminérgica e serotoninérgica)
Substância Mecanismo de ação Dose (mg/dia) Efeitos colaterais Nomes comerciais
Sibutramina
Inibição da recaptação da serotonina e daoradrenalina, central e perifericamente, diminuindo a ingesta e aumentando o gasto calórico
5 - 20Boca seca, constipação, taquicardia, sudorese, eventualmente aumento da pressão arterial
Meridia, Reductil, Plenty
Em Janeiro de 2010 a Agencia Européia de Medicamentos
proibiu a venda do medicamento sibutramina na Europa.
A entidade alega que os riscos da droga superam os
benefícios, elevando a probabilidade de eventos cardíacos
não fatais, como derrame e infarto, enfarto12.
Nos Estados Unidos, a Agência e Alimentos e
Medicamentos (FDA) também alertou para os riscos
de enfarte e derrame em pessoas que sofrem de
problemas cardíacos.
Lá a droga não foi vetada, mas o órgão pediu
ao laboratório Abbot, fabricante do medicamento
emagrecedor, que intensifique o alerta sobre os
riscos do uso da sibutramina por pacientes com
problemas cardíacos.
No Brasil, a ANVISA obrigou que todos os
laboratórios colocassem nas bulas dos medicamentos
algumas condições:
» Pacientes que apresentem obesidade associada à
existência, ou antecedentes pessoais, de doenças
cardio e cerebrovasculares;
» Pacientes que apresentem Diabetes Mellitus tipo
2, com sobrepeso ou obesidade e associada a
mais um fator de risco para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, não deveriam usar o
medicamento.
Existem também as drogas chamadas de termogênicas
ou calorigênicos que aumentam o gasto energético.
Esses medicamentos são muito usados por praticantes
de exercícios e, normalmente atuam no sistema nervoso
simpático9:
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1. Agonistas α e β- adrenérgicos: A adrenalina e
noradrenalina estimulam esses dois tipos de receptores
adrenérgicos. A efedrina e a fenilpropanolamina causam
estimulação não-seletiva do sistema nervoso simpático,
levando ao aumento da termogênese.
2. Agonistas α e β- adrenérgicos associados a
metilxantinas: Quando as metilxantinas (cafeína, teofilina,
aminofilina, teobromina, etc) e/ou aspirina são combinados
com efedrina, há uma potencialização da termogênese,
resultando em perda de peso mantida e permitindo o uso de
doses menores de efedrina. O mecanismo de potencialização
da ação da efedrina pela aspirina e cafeína parece ser o
aumento da duração da atividade da noradrenalina.
A efedrina estimula a secreção de noradrenalina
pelas terminações nervosas simpáticas: a atividade da
noradrenalina é, por sua vez, reduzida por adenosina e
prostaglandinas (efeitos que são inibidos, respectivamente,
por cafeína e aspirina).
Além disso, a cafeína inibe a fosfodiesterase, responsável
pela metabolização do AMP cíclico, aumentando ainda
mais a ação da noradrenalina.
3. Antagonistas α2 – adrenérgicos: levam ao aumento
da lipólise por uma estimulação indireta β-adrenérgica. A
principal função dos receptores adrenérgicos do adipócito
é controlar a atividade da lípase hormônio-sensível e
regular o processo da lipólise.
A ativação do receptor α2 – adrenérgico leva a inibição
da adenilciclase e da produção do AMP cíclico pela ativação
de uma proteína G inibitória (Gi). O nível intracelular de
AMP cíclico controla a ativação da proteína-cinase A que
regula a fosforilação e ativação da lípase, que por sua vez
promove a lipólise.
4. Agonistas β3- adrenérgicos: Em 1981 um
medicamento foi anunciado como antiobesidade com
atividade termogênica e lipolítica. Em ratos prevenia o
desenvolvimento da obesidade sem diminuir o consumo
de alimento. Em 1983 outras drogas também verificaram
em animais, efeitos antiobesidade e/ou antidiabética
independentes de variações de peso corpóreo quando
administradas por via oral.
Algumas drogas favoreciam o aumento da massa
muscular, e a atividade metabólica observada em pequenos
animais de laboratório não foi observada em estudos com
animais maiores ou com homem.
Além dos medicamentos já citados, recentemente fala-
se muito em uma droga que é indicada para diabéticos
tipo 2 consegue promover a perda de peso. A Liraglutida
(nome comercial: Victoza) é um fármaco sintético que
tem ação semelhante ao hormônio humano glucagon-like
peptídeo (GLP-1).
Tem ação pancreática na modulação da insulina e
glucagon e porisso auxilia no tratamento do Diabetes tipo
2. Além destes efeitos, também têm ação sacietógena,
agindo tanto no sistema nervoso central (aumentando a
saciedade e reduzindo a fome) como no trato digestivo,
reduzindo o esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal
(o que também aumenta a saciedade).
Desta forma, os diabéticos em uso do medicamento
perdem peso porque comem menos. Os efeitos colaterais
são cefaléia, náuseas e vômitos nas primeiras semanas de
uso, efeitos estes que se atenuam com o tempo.
Este medicamento foi lançado recentemente no Brasil
para o tratamento de Diabetes do tipo 2. Os estudos em
obesos não diabéticos ainda estão em andamento e por
isso o medicamento não é recomendado para o tratamento
da obesidade.
Como já dito anteriormente, todo o tratamento
medicamentoso deve ser associado a mudanças no estilo
de vida, caso contrário, seus efeitos são reduzidos e há
reganho de peso quando a utilização do medicamento é
interrompida.
Além disso, a redução de peso via medicamentos e sem
a prática de exercícios físicos tende a reduzir a taxa de
metabolismo basal, o que faz com que cada vez mais a
pessoa tenha maior dificuldade em emagrecer.
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Tratamento não-medicamentoso
LINK DA IMAGEM:http://media.photobucket.com/image/garfield+lifting+weights+/BJ_BOBBI_JO8/Cartoon%20characters%20and%20people%20ect%20CLICK%20HERE/Garfieldweightliftingwithfood.gif
O tratamento não medicamentoso inclui dieta,
atividades físicas e exercícios físicos.
Sugere-se que o acompanhamento nutricional seja
feito por um nutricionista. Deve-se levar em consideração
as necessidades nutricionais do indivíduo e a partir daí
realizar um plano nutricional para o mesmo. O ideal é
que se trabalhe com o obeso no sentido da reeducação
alimentar e não apenas na restrição calórica.
As atividades físicas devem ser amplamente
recomendadas. Deve-se sugerir para que o obeso evite o
máximo o tempo diário de inatividade e qualquer atividade
física na vida diária deve ser muito encorajada, mas claro
que deve-se levar em consideração condição física do obeso.
Se ele estiver apto, deve-se encorajar que ele aumente
os deslocamentos a pé, como por exemplo deixar o carro
em casa ou evitar transporte público para pequenas
distâncias, subir alguns degraus ao invés de apenas usar
elevadores e escadas rolantes.
É muito comum observar obesos que passam o dia todo
nas posições sentada e deitada. Um mínimo de atividades
físicas que ele consiga inserir no seu dia-a-dia já pode
representar uma grande diferença.
Com relação aos exercícios físicos, falaremos das
recomendações mais adiante, mas é fundamental que o
obeso realize exercícios físicos regularmente. Sabe-se que
mesmo que ele não consiga uma redução considerável
de peso, através dos exercícios físicos ele pode reduzir,
significativamente o risco cardiovascular.
O tratamento cirúrgico
Esse tipo de tratamento é indicado para obesos de
idade entre 18 e 55 anos, com:
» IMC acima de 40 Kg/m2;
» IMC ≥ a 35Kg/m2 com mais duas comorbidades
associadas;
» Presença de 45 Kg acima do peso ideal por mais de
dois anos ou 100% acima do peso ideal;
» Um ou mais distúrbios médicos relacionados com a
obesidade refratária
» Falhas repetidas de outras abordagens terapêuticas;
» Ausência de causas endócrinas;
» Capacidade de tolerar bem a cirurgia;
Autorização prévia de um psiquiatra (pacientes suportar
transformações radicais de comportamentos impostas pela
operação)13.
A indicação cirúrgica é desaconselhada em condições
que tornem os riscos inaceitáveis ou impeçam a adaptação
pós-operatória, tais como:
» Pneumopatias graves, com enfizema avançado ou
embolias pulmonares repetidas;
» Insuficiência renal;
» Lesão acentuada do miocárdio;
» Cirrose hepática;
» Distúrbios psiquiátricos ou dependência de álcool e
drogas.
Existem três tipos de cirurgias bariátricas: restritivas,
malabsortivas e mistas.
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As cirurgias restritivas reduzem a capacidade de
armazenamento do estômago e como resultado há uma
precoce sensação de saciedade, levando a diminuição da
ingestão calórica.
Em geral procedimentos restritivos são mais simples
de serem realizados e são acompanhados de menores
complicações do que os procedimentos malabsortivos. Os
procedimentos mais comuns são gastroplastia vertical e
banda gástrica ajustável (feita por videolaparoscopia)14.
As cirurgias malabsortivas induzem diminuição na
absorção de nutrientes reduzindo o comprimento funcional
do intestino delgado. A redução do percurso feito pelos
nutrientes causa um balanço energético negativo e
consequentemente, perda de peso.
As cirurgias mistas englobam uma diminuição no
estômago e diminuição da absorção dos nutrientes.
Atualmente, a cirurgia Y-de-Roux (baypass gástrico) pelo
menos nos EUA é o procedimento mais realizado e engloba
aspectos restritivos e malabsortivos.
Uma bolsa gástica (restrita) é criada e separada
do estômago original. O final deste “novo” estômago é
conectado pelo Y-de-Roux ao jejuno. Durante uma refeição
o “novo” estômago rapidamente se enche, criando uma
sensação de saciedade.
O alimento entra no jejuno via Y-de-Roux. O
comprimento do intestino, que é inversamente relacionado
ao comprimento do Y-de-Roux, determina o grau da
má-absoção. Esta cirurgia vem sendo realizada por
videolaparoscopia numa escala crescente14.
Na média, o procedimento cirúrgico resulta em uma
redução de 20-40 Kg ou 10-15Kg/m2 de IMC.
Figura 1
Figura 1: Estômago tamanho normal, antes da cirurgia bariátrica
Figura 2
Figura 2: Estômago após a cirurgia Y-de-Roux. Em azul um anel que antigamente era colocado na parte superior do estômago para diminuir a entrada dos alimentos. Hoje em dia, nem todos os cirurgiões o utilizam. Observem que a parte do estômago que não recebe mais o alimento, permanece na cavidade abdominal.
Prescrição dos exercícios para obesos
Com relação aos exercícios físicos para obesos que não
são candidatos à cirurgia bariátrica, o Colégio Americano
de Medicina Desportiva aponta16:
Para prevenir aumento de peso maior do que 3%, a
maioria dos adultos de realizar de 150 a 250 minutos por
semana de exercícios com um gasto calórico equivalente
de 1200 a 2000 kcal por semana;
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A realização de 150 minutos semanais de exercícios
promove um mínimo de redução de peso. Mais do que 150
minutos resulta em perda de peso modesta (2 a 3kg).
Atividade física maior do que 225 a 420 minutos por
semana resulta em redução de 5 a 7,5kg.
De maneira geral, as recomendações de exercícios
físicos para obesos englobam exercícios aeróbios,
exercícios resistidos e exercícios de alongamento.
Exercícios aeróbios
LINK DA FIGURA: http://www.30epoucosanos.com/2011/03/mitos-sobre-o-acumulo-de-gordura-na.html
Os exercícios aeróbios promovem um gasto calórico
considerável e são responsáveis pela melhora do
condicionamento cardiovascular, além de atuar nos fatores
de risco cardiovascular como redução dos níveis de pressão
arterial, controle da glicemia nos diabéticos tipo 2, ou
resistentes à ação da insulina, redução lípides sanguíneos
como triglicérides e colesterol entre outros.
A intensidade dos exercícios aeróbios para obesos
deve ser leve à moderada: de 50% a 70% da Frequência
Cardíaca de reserva ou entre 50% - 65% do VO2 pico.
Existem alguns estudos mais recentes que observam
benefícios dos exercícios aeróbios de maior intensidade
para obesos. Sabe-se que quanto maior a intensidade
do exercício, maior será o gasto calórico no mesmo, no
entanto, deve-se primeiro avaliar se o aluno apresenta
condições cardio-respiratórias e mesmo músculo-
articulares para realizar exercícios mais intensos.
É importante avaliar o risco cardiovascular do aluno,
para garantir a segurança durante os exercícios. Além
disso, deve-se tomar muito cuidado com as articulações
dos alunos obesos. Muitos apresentam dores articulares,
que não favorecem a execução de exercícios aeróbios em
intensidades altas.
Além disso, mesmo que o aluno não apresente nenhuma
dor articular, deve-se evitar sobrecargas excessivas para
que esse aluno não desenvolva um problema que o
impossibilitará de realizar exercícios futuros. É importante
lembrar que o próprio peso aumentado do aluno já gera
uma sobrecarga em suas articulações.
Além da frequência cardíaca como parâmetro de
intensidade, pode-se utilizar a escala de percepção de
esforço subjetivo de Borg.
A duração dos exercícios aeróbios deve ser entre 20
a 60 minutos por sessão. Lembrando que exercícios de
curta duração promovem um menor gasto calórico, no
entanto, para obesos que apresentam baixa condição
cardiorespiratória, eles podem ser uma boa opção.
Para esses alunos, também costuma-se associar os
exercícios aeróbios com os exercícios resistidos.
Então por exemplo o aluno faz 5 minutos de exercício
aeróbio e 3 séries de exercícios resistidos, depois volta para
o exercício aeróbico. Sabe-se que os exercícios prolongados
promovem maior metabolização de substratos energéticos,
porém, deve-se levar em consideração o risco para obesos.
Uma estratégia é variar os ergômetros. Por exemplo o
aluno faz 10 minutos de esteira, 10 minutos de bicicleta
ergométrica e ainda 5 minutos de elíptico. Assim, garante-
se uma menor sobrecarga nas articulações e pode ser
mais motivante ao aluno.
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Com relação à frequência semanal, o ideal é que o obeso
realize exercícios físicos um mínimo de 3 vezes na semana.
Seis dias seria o ideal, mas caso o aluno faça diariamente,
deve-se sempre alternar os tipos de exercícios para evitar
sobrecargas excessivas.
A Frequência Cardíaca de Reserva é calculada da
seguinte maneira:
Um aspecto importante que deve ser levado em
consideração é a realização do teste ergométrico. Usa-
se apenas 220-idade para cálculo da frequência cardíaca
máxima nos obesos que não tiverem condições físicas para
realizar o teste ergométrico.
Nesses casos, deve-se aguardar o aluno melhorar a
capacidade cardiorrespiratória e então solicitar a realização
do teste. Para esses alunos, recomenda-se que a frequência
cardíaca de treino seja de 40% da frequência de reserva.
A frequência cardíaca de repouso, deve ser medida,
após 5 minutos de repouso sentado ou deitado. O ideal é
que o aluno meça logo após acordar, em sua casa e traga
para o professor o valor.
Exercícios resistidos
LINK da figura: http://profhudsonjunior.blogspot.com.br/p/adaptacoes-organicas-do-exercicio.html
Os exercícios resistidos são hoje muito utilizados em
indivíduos obesos. Eles auxiliam no fortalecimento muscular
e também promovem um gasto calórico significativo.
A recomendação é que o aluno realize pelo menos
duas vezes por semana exercícios resistidos. A duração
das séries de ser entre 20 e 40 minutos de uma sessão de
treinamento.
Recomenda-se séries de 15 a 20 repetições com carga
moderada para os alunos iniciantes e para alunos que
apresentam comorbidades associadas à obesidade.
Pode-se utilizar a escala de Omni para verificar a
intensidade do treinamento.
Figura 3 LINK DA IMAGEM:http://www.hygenicblog.com/2011/08/30/can-we-use-perceived-exertion-to-dose-elastic-exercise-intensity/
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Alunos mais avançados, podem realizar séries de 8, 10
ou 12 repetições, com cargas moderadas.
Alguns aspectos devem ser levados em consideração
na prescrição de exercícios resistidos para obesos:
Em primeiro lugar, deve-se observar quais as
comorbidades associadas à obesidade. Se o aluno for
diabético ou hipertenso, deve-se fazer pausas de pelo
menos 1 minuto entre as séries. Essas pausas não devem
ser ativas.
Deve-se também prestar muita atenção nas posturas
dos alunos. Alunos muito obesos tem dificuldades em se
deitar no chão e mesmo realizar exercícios deitados. Dar
referência a exercícios sentados e em pé e que sejam
confortáveis para o aluno.
As séries não devem ser muito longas. Muitas repetições
podem causar sobrecarga cardiovascular e também
sobrecarga nas articulações. Dê preferência a séries mais
curtas com cargas confortáveis aos alunos.
O aluno obeso diabético ou hipertenso não deve
interromper a respiração durante a realização dos
exercícios. Para que isso não ocorra, o professor deve
avisar seu aluno e também avaliar se as cargas estão
adequadas. Cargas muito altas levam a interrupção da
respiração durante os exercícios.
Exercícios de alongamento
Eles devem estar presentes nas sessões de treinamento
com obesos.
Apesar do alongamento não promover um gasto calórico
significativo, muitas vezes ele contribui para melhoras de
dores que os obesos apresentam.
Sugestão é de 5 a 10 minutos da aula, trabalhar
exercícios de alongamento em posturas que sejam
confortáveis para os obesos.
Exercícios pré e pós cirurgia bariátrica
Um estudo publicado em 200615 verificou que o baixo
nível de condicionamento físico (VO2 pico < 15,8 ml/kg/
min) estava intimamente relacionado a complicações
durante e após o procedimento cirúrgico.
Indivíduos com menor condicionamento tiveram
duração de cirurgia aproximadamente 28,4 minutos mais
longa, o tempo de entubação foi maior também a perda
sanguínea foram maiores.
Após a cirurgia, pacientes menos condicionados tiveram
maior tempo de internação e também retornos ao hospital
no primeiro mês após a cirurgia.
Figura 4: Gráfico com taxas de complicações entre obesos com VO2 pico menor e maior do que 15,8ml/kg/min.
Esses dados demonstram que o exercício físico para
pacientes pré-cirurgia deve ter como objetivo melhora
de condicionamento cardiovascular, com a realização de
exercícios aeróbios seguindo as recomendações do Colégio
Americano de Medicina Desportiva, porém, considerando
que muitos desses pacientes apresentam limitações físicas
como dores articulares que impedem a realização de
exercícios como caminhada.
Deve-se então realizar os exercícios dentro das
capacidades de cada aluno. Pensando em alternar
exercícios aeróbios com exercícios de resistência muscular
localizada.
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Muitos desses alunos não têm condições de realizar um
teste ergométrico e por isso, pode-se utilizar 220-idade
para estimar a frequência cardíaca máxima.
Para esses alunos, pode-se trabalhar entre 30% e 60%
da Frequência cardíaca de reserva.
Devem-se evitar exercícios na posição deitada que
muitas vezes é desconfortável para o obeso grave.
Exercícios respiratórios devem ser encorajados.
Após a cirurgia, caminhadas leves são recomendadas
a partir da liberação do médico. Exercícios mais intensos
e exercícios resistidos são recomendados após 90 dias
da cirurgia. Neste momento é importante a realização de
exercícios que contribuam para manutenção e aumento da
massa muscular, uma vez que a perda de massa magra é
substancial nessa população.
Após cirurgia, o trabalho aeróbio deve ser realizado
entre 40% e 70% da freqüência cardíaca de reserva.
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