º Trimestre 2012 nº 183 Tudo Entregarei - Lições sobre ... · Lição 7 - Mordomia da Família...

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MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA

Ensinar a Palavra de Deus e

capacitar seus participantes a

cumprirem a missão que Jesus

nos deu.

Redação e preparação

de originais:

Redação:

Capa: Diagramação:

Atendimento e tráfego:

Gráfica:

Pr. Bernardo Ferreira Inácio Júnior, Clarice Geci Kollenberg Sommer, Pr. Claudir Oliveira, Daisy Moitinho, Pr. Daniel Miranda Gomes, Heloise Nunes Gonçalves Lemos, Pr. Jonas Sommer, Pr. Marcos de Oliveira, Marcia Ávila, Pr. Wesley Batista de Albuquerque

Pr. Jonas Sommer, Pr. Daniel Miranda Gomes

Robson Alves de LimaRevisão de textos:

Revisão teológica:

Rua Erton Coelho Queiroz, 50 - Alto Boqueirão - CEP 81770-340 - Curitiba - PRhttp://www.ib7.org / [email protected]

João Paulo Delfino da Silva

Marcelo Ângelo Negri Fone: (41) 3379-2980

Viena Gráfica e Editorawww.viena.ind.br

EXPEDIENTE

Copyright © 2012 – Conferência Batista do Sétimo Dia BrasileiraEstudos para a Escola Bíblica Sabatina. É proibida a reprodução parcial ou

total sem autorização da Conferência Batista do Sétimo Dia Brasileira.

Os Estudos Bíblicos e as Meditações Bíblicas Diárias estão baseados na International Bible Lessons for Christian Education (Lições Bíblicas

Internacionais para o Ensino Cristão).

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃDiretor: Pr. Jonas Sommer

João Paulo Delfino da Silva,Pr. Jonas Sommer,Cid Gonçalves

Tudo Entregarei

Abreviaturas ..................................................................5Editorial .........................................................................6

Lição 1 - Mordomia na Vida CristãMeditações Bíblicas Diárias ........................................8 Questões para Reflexão ..............................................12 Entendendo e Vivendo ..............................................14

Lição 2 - Mordomia e FidelidadeMeditações Bíblicas Diárias ......................................22 Questões para Reflexão ..............................................26 Entendendo e Vivendo ..............................................28

Lição 3 - Mordomia do TempoMeditações Bíblicas Diárias ......................................37 Questões para Reflexão ..............................................41 Entendendo e Vivendo ..............................................43

Lição 4 - Mordomia dos TalentosMeditações Bíblicas Diárias ......................................52 Questões para Reflexão ..............................................56 Entendendo e Vivendo ..............................................58

Lição 5 - Mordomia do CorpoMeditações Bíblicas Diárias ......................................65 Questões para Reflexão ..............................................69 Entendendo e Vivendo ..............................................71

Lição 6 - Mordomia da MenteMeditações Bíblicas Diárias ......................................78 Questões para Reflexão ..............................................81 Entendendo e Vivendo ..............................................83

S U M Á R I OLições sobre Mordomia Cristã

Lição 7 - Mordomia da FamíliaMeditações Bíblicas Diárias ......................................90 Questões para Reflexão ..............................................94 Entendendo e Vivendo ..............................................96

Lição 8 - Mordomia do TrabalhoMeditações Bíblicas Diárias ................................... 103 Questões para Reflexão ........................................... 107 Entendendo e Vivendo ........................................... 109

Lição 9 - Mordomia das FinançasMeditações Bíblicas Diárias ................................... 115 Questões para Reflexão ........................................... 119 Entendendo e Vivendo ........................................... 121

Lição 10 - Mordomia dos BensMeditações Bíblicas Diárias ................................... 129 Questões para Reflexão ........................................... 133 Entendendo e Vivendo ........................................... 135

Lição 11 - Mordomia dos DízimosMeditações Bíblicas Diárias ................................... 142 Questões para Reflexão ........................................... 146 Entendendo e Vivendo ........................................... 148

Lição 12 - Mordomia das OfertasMeditações Bíblicas Diárias ................................... 157 Questões para Reflexão ........................................... 161 Entendendo e Vivendo ........................................... 163

Encarte EspecialProclamando o Evangelho de Cristo..................... 171 Ordenações ao Ministério Eclesiástico ................. 173 Mulheres em Ação ................................................... 175 Promoção Especial .................................................. 177

Lição 13 - Mordomia da AdoraçãoMeditações Bíblicas Diárias ................................... 178 Questões para Reflexão ........................................... 182 Entendendo e Vivendo ........................................... 184 Página do Tesoureiro .............................................. 193

AA – Almeida Atualizada ARA – Almeida Revista e AtualizadaARC – Almeida Revista e CorrigidaACRF- Almeida Corrigida e Revisada Fiel AS21 – Almeida Século 21 ECA – Edição Contemporânea de Almeida

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MateusMarcosLucasJoão AtosRomanos1 Coríntios2 CoríntiosGálatasEfésios FilipensesColossenses1 Tessalonicenses2 Tessalonicenses1ª Timóteo2ª TimóteoTitoFilemonHebreus Tiago 1 Pedro2 Pedro1 João 2 João 3 João Judas Apocalipse

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1Ts2Ts1Tm2TmTtFmHbTg

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ABREVIATURAS DE

NOVO TESTAMENTOGênesisÊxodo LevíticoNúmeros DeuteronômioJosuéJuízesRute1 Samuel2 Samuel 1 Reis2 Reis 1 Crônicas 2 CrônicasEsdrasNeemiasEster Jó Salmos Provérbios Eclesiastes CânticoIsaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

ANTIGO TESTAMENTO

L I V R O S D A B Í B L I A

NVI – Nova Versão InternacionalKJA – King James Atualizada BV – Bíblia Viva BJ – Bíblia de Jerusalém TEB – Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje

ABREVIATURAS DAS VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS

6 | Estudos Bíblicos - 4° Trimestre de 2012

Editorial“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu,

como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. (1Pe 4:10)

O que vem à sua mente quando ouve a palavra “mor-domia”? Atualmente, mordomia tem sido entendida como sinônimo de uma vida boa e confortável, sem a responsa-bilidade de prestar contas dos seus atos. Mas, não é esse o sentido bíblico de mordomia. Uma expressão que melhor define a ideia de mordomia é a “administração responsá-vel”. Mordomia é administrar tudo que Deus nos dá com muita responsabilidade. É assim que Deus nos vê e deseja que sejamos: administradores responsáveis daquilo que Ele colocou em nossas mãos.

Deus nos confiou a administração de tudo que te-mos ou possuímos, ou pensamos ter, mas a grande reali-dade é que tudo pertence a Ele. Deus nunca entregou o direito de propriedade. Somos seus mordomos e Ele é o proprietário. Deus é o dono de tudo. Todo o universo e tudo que nele há pertencem a Deus. Mordomia é a dou-trina bíblica que reconhece Deus como Criador, Senhor e Dono de todas as coisas.

Neste trimestre focaremos nossos estudos neste im-portante aspecto da vida cristã. Abordaremos a mordomia da família, do corpo, da mente, dos talentos, das finanças, das contribuições e da nossa adoração.

A vida humana é plena de propósitos. Quem vive pensando que é fruto do acaso, engana-se. Cremos que somos resultado do ato criador de Deus e, por isso, temos não apenas o privilégio, mas também a responsabilidade diante do nosso Criador. A mordomia bíblica não fala só de ofertas de bens materiais, mas da entrega de toda a nossa vida com tudo o que somos e temos ao Senhor.

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Nosso desejo é que ao estudar essas lições você cres-ça na graça e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, tornando-se um bom despenseiro da graça de Deus.

Pr. Jonas SommerDiretor do Departamento de Educação Cristã


Domingo – Provérbios 3:9-10Antigamente era muito comum nas famílias, na hora

do jantar, a esposa servir o primeiro prato para o esposo e depois todos podiam se servir. Isto era uma forma da fa-mília honrar e reconhecer o patriarca como o mais impor-tante, pois ele recebia o melhor e não o resto. Nas festas de aniversário, quem recebe o primeiro pedaço é a pessoa mais importante para o aniversariante. Nos dois casos ve-mos que nós costumamos dar o primeiro ou o melhor para quem é o mais importante para nós. Se nós fazemos isso aos nossos semelhantes, imagine o que deveríamos dar a Deus, que é o nosso Pai celestial. Quando fazemos o nosso orçamento familiar devemos colocar Deus no topo e não no “se sobrar”. Lembremo-nos do exemplo que Jesus nos deu em Lucas 21:1-4: a oferta da viúva, mesmo sendo pou-ca quantia, foi aceita, pois ela ofereceu o melhor para Deus e não as sobras.

Segunda-feira – Colossenses 3:16-17É muito ruim quando pedimos um favor para uma

pessoa e ela nos atende com má vontade, murmurando e resmungando. Pensamos que seria melhor ela não fazer. Embora recebamos o que pedimos, sentimo-nos muito desconfortáveis. Por outro lado, é maravilhoso quando re-cebemos algo feito com amor, alegria e dedicação. Deus nos pede que tudo o que façamos seja feito com alegria, cantando e louvando a Ele. Isso também inclui quando va-mos dizimar e ofertar a Deus. Ele espera que entreguemos o melhor e, além disso, o façamos com o nosso coração fe-liz. Deus não quer que O sirvamos por obrigação ou medo, mas sim por amor e reconhecimento.

Meditações Bíblicas Diárias Heloise Nunes Gonçalves Lemos

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Terça-feira – 2ª Coríntios 8:1-11Paulo lembra aos irmãos da igreja de Corinto as áreas

em que eles eram os melhores em relação às demais igre-jas. Mas, ele os aconselha a serem os melhores também em ofertar. O apóstolo mostra àquela igreja que os irmãos da Macedônia eram mais pobres, mas não tinham dificuldades alguma em ofertar. Há um ditado que diz: “A parte mais di-fícil de converter é o nosso bolso”. Temos facilidade em ir à igreja, ter comunhão com os irmãos e participar de eventos religiosos, até mesmo de devolver o dízimo; mas muitas ve-zes negligenciamos o ofertar a Deus. O dízimo, conforme o próprio nome diz, corresponde a 10% de nossas rendas. Po-rém, quanto à oferta, Deus nos deixa livre para dar segundo o que propomos em nosso coração (2Co 9:7). Vamos seguir o conselho de Paulo e sendo os melhores em tudo. Jesus disse: “deveis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas” (Lc 11:42).

Quarta-feira – Salmo 8Nós somos mordomos do Senhor. Isso significa que

somos muito privilegiados e ao mesmo tempo temos uma enorme responsabilidade, pois como mordomos não admi-nistramos o que é nosso, mas, sim, o que é de Deus. Normal-mente, temos mais zelo pelo que é dos outros do que pelo que é nosso. Deus nos deixou esta Terra para administrar sobre a fauna e a flora, como está descrito nos versículos de 6 a 8. Não podemos negligenciar o nosso trabalho. Ele poderia ter colocado um arcanjo ou mesmo um anjo nes-ta função, pois com certeza seria muito bem administrado. Mas, Ele nos escolheu para essa tarefa. Que grande honra Deus nos concede! É maravilhoso saber que Ele confia em nós, mesmo com as nossas imperfeições. Vamos honrá-Lo administrando com eficiência tudo o que Ele nos tem dado.


Quinta-feira-feira – Salmo 24Muitas vezes nos esquecemos de quem é o Deus a

quem servimos. Nós O tratamos como nosso Pai, como Ele realmente é, mas esquecemos dos outros atributos. Este Salmo nos relembra a majestade e poder do nosso Deus. É-nos impossível imaginar tudo o que Ele domina, pois somos muito pequenos neste vasto universo ao qual per-tencemos. O nosso Pai reina com glória e majestade. Todos temem e tremem diante d’Ele. As condições para entrar na presença d’Ele é estar com as mãos limpas, o coração puro, não ser falso e nem jurar enganosamente. Como mordo-mos deste Rei, será que quando temos entrado em Sua presença temos atendido essas condições? Vamos meditar sobre a nossa vida e nos consertarmos, pois só assim sere-mos abençoados.

Sexta-feira – 2º Crônicas 29:13-18 Quando vamos à igreja, ela sempre está bem limpi-

nha e ornada. Parece-nos muito estranho imaginar a nossa igreja tão suja ao ponto de demorar 16 dias para ser to-talmente limpa. De acordo com Paulo, nós somos templo de Deus e, além disso, o Espírito de Deus habita em nós (1Co 3:16). E como será que anda esse templo? Será que ele está limpinho e ornado, como a igreja que vamos todos os Sábados? O templo, na época do rei Ezequias, necessitou de 16 dias para ser totalmente purificado. Quanto tempo nós precisamos para que o nosso templo seja totalmen-te limpo? Uma vida toda. Mas, isso não é motivo para nos acomodarmos e não sairmos da nossa zona de conforto, pois, de acordo com Paulo, o Senhor Jesus espera que nos aperfeiçoemos todos os dias para que sejamos maduros e alcancemos a altura espiritual de Cristo (Ef 4:12-13). Isso só pode ocorrer se atendermos a voz do Espírito Santo e nos purificarmos a cada dia.

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Sábado – 1ª Coríntios 4:1-2Nós, como fiéis mordomos do Senhor, temos em

nossa vida uma despensa repleta de bênçãos de Deus, pois a cada dia o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, tem-nos abençoado com inúmeras bênçãos, as quais mui-tas vezes nem percebemos. O texto diz que os despenseiros devem ser fiéis. A definição de despenseiro é: “o encarre-gado do compartimento onde se guardam os comestíveis. Como mordomos, nós também somos despenseiros. Será que temos administrado corretamente as nossas despen-sas? Será que temos reconhecido Deus como o Senhor da nossa despensa? Será que temos lembrado que tudo o que somos e temos provém Dele? E, temos dado a Ele o que Ele espera de nós? Vamos fazer como o servo fiel da parábola, para que possamos ouvir do nosso Senhor: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25:21).


Questões para Reflexão

Deus criou o universo e, como obra mais bem elabora-da de Sua criação, o ser humano. Ele o fez inteligente, confian-do-lhe a tarefa de administrar a Sua criação. Qual tem sido a nossa resposta, diante de tal incumbência? É importante que cada discípulo de Jesus atente para este aspecto de sua vida. Saber administrar bem aquilo que Deus coloca em nossas mãos é uma manifestação de fidelidade a Ele.

Núcleo da Lição

“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”. (1Co 4:2)

Estudo da Semana: 1ª Coríntios 4:1, 2; Lucas 12:42-48

Verso Áureo

01

1. Leia a primeira parte do “Entendendo & Vivendo” e res-ponda: Qual é o significado secular e bíblico de mordo-mo e mordomia? (Gn 24:2; 39:4-6)

R:.............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................2. Explique para a sua classe o princípio bíblico da proprie-

dade universal. Quais são as implicações deste princípio para a nossa vida? (Êx 19:5; Lv 25:23; 2 Cr 7:20; 1Co 10:26)

Mordomia na Vida Cristã

06 de Outubro de 2012

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R:............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................3. Quais são as três áreas em que se aplicam o princípio do

senhorio de Cristo sobre os crentes? (Is 42:5; At 17:28; 1Co 6:20)

R:................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................4. Qual a importância da doutrina da mordomia para a vida

cristã? Quais os três aspectos que devem ser devidamen-te compreendidos e praticados pelo fiel cristão?

R:.............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................5. Leia a parábola do mordomo fiel e prudente, proferida

por Jesus em Lucas 12:42-48, e responda: Quais são as li-ções que podemos extrair desta parábola no que diz res-peito à doutrina da mordomia cristã?

R:................................................................................................................................................................................................................................................................................ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6. Reflita juntamente com a classe e responda para si mes-

mo: Tenho agido como um fiel despenseiro da multifor-me graça de Deus? Em que áreas da minha vida eu pre-ciso melhorar?

R:.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................


Definição de MordomiaA palavra “mordomia” sofreu, ao longo dos séculos,

uma deturpação devido ao seu mau uso. Esta palavra é, atu-almente, usada para descrever uma vida com conforto ou certas regalias e favores concedidos, especialmente pelos governos e autoridades, a alguns funcionários públicos ou pessoas mais próximas. Ou, ainda, quando pensamos em mordomo, nos vêm à mente um refinado serviçal domés-tico que tem como função principal servir a seus senhores. Entretanto, estes não são o sentido bíblico da mordomia cristã.

As palavras “mordomo” e “mordomia” correspon-dem respectivamente aos termos gregos oikonomos e oi-konomia, esta composta pela raiz oikos e o verbo nemein. O primeiro sentido de oikos é “lugar de morar”, o que pode ser expresso no sentido geral de “casa”. Por sua vez, o verbo ne-mein significa “distribuir, ordenar, dividir, fazer, gerir”, vindo a significar, no grego clássico, o administrador de uma casa. A palavra “mordomo” tem a sua origem no latim majordo-mus. Major, em latim, é maior ou principal, e domus é casa, com tudo o que ela contém e significa. Assim mordomo é o principal servo, o que administra a casa do seu senhor.1

Mordomo, portanto, é aquele que está incumbi-do da direção da casa, o administrador. É aquela pessoa a quem é entregue tudo quanto o senhor possui para ser cui-

1 LAUTERT, Nelson. Mordomia cristã e a oferta: um enfoque evangélico. Canoas: Ed. ULBRA, 2004, p. 19-22.

Entendendo

V i v e n d o&

Daniel Miranda Gomes

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dado e desenvolvido. É aquele a quem o senhor incumbe o governo daquilo que lhe é mais precioso. Em linguagem bíblica isto quer dizer não só terras, dinheiro, joias e bens materiais em geral, mas também o cuidado da esposa e dos filhos, a reputação do senhor e até sua própria vida.2

Este conceito de mordomo tem suas raízes na insti-tuição da escravidão. O senhor nomeava um escravo para administrar seu lar e todo o seu patrimônio, inclusive dele-gando a ele a responsabilidade de ensinar e de disciplinar os membros da família, especialmente os outros escravos e as crianças. Um exemplo clássico desta situação é a posição de José na casa de Potifar (Gn 39:4-6). Essa pessoa devia, portanto, ser alguém de confiança, capaz de administrar os bens a ela entregues. Não era uma ocupação insignificante, mas o serviço de maior relevância na casa. O mordomo só era inferior ao seu senhor (Gn 24:2).

Princípios Bíblicos da MordomiaA Bíblia nos ensina que somos mordomos de Deus

e que Ele nos confiou, desde o princípio da criação, a admi-nistração de bens que lhe pertencem.

Desde os primeiros séculos da era cristã, crentes professos têm aberto as Sagradas Escrituras milhares de vezes, procurando aprender as verdades bíblicas. Porém, causa-nos certa estranheza verificar que a doutrina da mor-domia nunca chegou a ocupar, na vida e em seus escritos, o lugar que merecia. Só nas últimas décadas é que a Igreja tem dado uma ênfase maior ao estudo desta matéria.

Vejamos abaixo dois princípios bíblicos a partir dos quais se desenvolve a doutrina da mordomia cristã.

2 KASCHEL, Walter. Lições de mordomia: crescimento espiritual através de estu-dos bíblicos em grupo. Belo Horizonte: Betânia, 2010, p. 3.


1. O princípio da propriedade universal. Deus é o criador, o sustentador e o distribuidor de tudo. Ele é dono e senhor de todo o universo. Nada é realmente nosso; os bens materiais foram criados por Deus e dados ao homem para seu sustento e felicidade. De modo mais específico, o solo pertence a Deus (Êx 19:5; Lv 25:23; 2Cr 7:20; 1Co 10:26); tudo o que a terra produz (Gn 2:9; Sl 104:13-17); toda a vida animal (Gn 1:24; 9:2-3; Sl 50:10-11).

Depois de haver completado a obra da criação, Deus colocou Adão num jardim aprazível e a ele confiou todas as coisas criadas: “O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo” (Gn 2:15, NVI; Sl 8:7-8). Deus nunca entregou os títulos de propriedade da terra a Adão ou a outro qualquer representante da raça (nem mesmo a Satanás, como alguns pregadores ensinam), mas conservou-os para si mesmo como Criador. Adão era um simples mordomo.

O homem só poderia ter direito de propriedade so-bre aquilo que ele pudesse criar; entretanto nunca homem algum jamais foi capaz de criar qualquer coisa. Tudo que ele pode fazer é utilizar-se das coisas criadas, adaptá-las, e combinar as forças e os elementos criados por Deus.

2. O princípio do senhorio de Cristo sobre os crentes. O crente não pertence a si mesmo. Foi comprado pelo sangue de Cristo, tornou-se servo e seu corpo tornou--se morada do Espírito Santo (1Co 6:19,20).

Todos os seres humanos que existem na face da ter-ra pertencem a Deus por direito de criação (Gn 1:27; 2:7; Is 42:5; Ez 18:4). Na criação do homem, Deus formou o corpo do pó da terra com as substâncias que o compõem. A pala-vra hebraica “formou” (yatsar) indica o fato de que a criação do homem resultou de materiais preexistentes. A realidade dessa criação distinta está na seguinte declaração: “E lhe

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soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2:7). Aqui encontramos algo diferente de toda a criação material, que é a vida física e espiritual.

Também pertencemos a Deus por direito de preser-vação, pois é Ele quem dá o sustento da vida (At 17:28; Cl 1:16,17). O Senhor Deus não nos criou apenas, mas, tam-bém, nos sustenta na Sua providência. Ele não é um Deus que trouxe o mundo à existência e depois o abandonou à própria sorte. Pelo contrário, Ele está profundamente inte-ressado em tudo que se passa entre nós. Ele acompanha o desenrolar da história da humanidade e a orienta para que esta atinja os Seus propósitos eternos. Se Deus não fosse o sustentador do Universo, este mundo e a vida humana seriam uma impossibilidade.3

Diferentemente do restante da humanidade per-dida, o crente também pertence a Deus por direito de re-denção (1Co 6:20; Tt 2:14; Ap 5:9). O ser humano foi criado para glorificar a Deus (Is 43:7), mas o pecado o desviou des-se alvo. Por causa da queda pelo pecado, a humanidade perdeu a comunhão com o Criador. Era preciso que Deus restaurasse o homem caído, libertando-o do pecado que o separava dele (Is 59:2). Isso só se tornou possível com o sacrifício vicário de Jesus Cristo, que se ofereceu como pro-piciação pelos nossos pecados (Rm 3:25; 1Jo 2:2, 4:10). Nós, que antes éramos escravos do pecado, fomos resgatados pelo sangue de Jesus Cristo, o mais alto preço que Deus podia pagar pela redenção humana (1Pe 1:18,19). Uma vez remidos, foi reconquistado o alvo com que Deus nos criou, e nosso prazer constante deve ser buscar a Sua glória (1Co 10:31).4

O cristão fiel e dedicado aceita o fato de que Deus é o proprietário de tudo e de que Seus filhos são os adminis-

3 KASCHEL, Walter. Op. cit., p. 4.4 KASCHEL, Walter. Op. cit., p. 4.


tradores dessas dádivas (Mt 6:25-34). Como vimos no início do estudo, o mordomo é uma pessoa que supervisiona e administra em favor de seu proprietário. É justamente por isso que o apóstolo Paulo diz que a principal qualificação de um mordomo deve ser a fidelidade: “Além disso, requer--se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4:2). A palavra “despenseiro”, no grego, é oikonomos, e também pode ser traduzida como mordomo ou administrador. As-sim, todo crente deve ter consciência de que é apenas ad-ministrador e não dono dos dons ou de tudo aquilo que a graça de Deus pode proporcionar, como nos ensina o após-tolo Pedro: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4:10).5

Importância da Doutrina da Mordomia para a Vida CristãTalvez não haja outra doutrina capaz de influenciar

tanto a vida de um crente como a da mordomia. Para isso, contudo, deve ser devidamente compreendida e praticada pelo fiel cristão.

1. Precisamos vivê-la com a consciência do sa-grado. Antes de tudo, é preciso que deixe de existir em nossa vida a diferença que, em geral, fazemos entre ativi-dades religiosas e seculares. A verdadeira espiritualidade é aquela que nos leva para além da prática religiosa ao propósito da religião: a consciência do sagrado. A prática religiosa consiste apenas em mais uma atividade na qual investimos certos dias e horas. Por outro lado, a pessoa es-piritual é mais do que um devoto denominacional. A pes-soa espiritual é aquela que busca a sacralidade de toda a vida. Para ela, cada minuto de sua existência é considerado

5 BASTOS, Walter. 111 sermões para todas as ocasiões, v. 2. São Paulo: Naós, 2010, p. 104.

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sagrado, porque a vida pertence a Deus. A pessoa espiritual sabe que não existe diferença entre o sagrado e o secular, o material e o espiritual. Tudo é sagrado, pois tudo provém de Deus. Quando tivermos essa consciência, nosso traba-lho deixará de ser uma coisa mecânica e material para ser algo inspirado pela graça de Deus, porque ao trabalharmos estamos cooperando com o Senhor no desenvolvimento e progresso de um mundo que Ele mesmo criou e mantém.

O mordomo fiel, despertado por uma nova e am-pla visão, verá a Deus e a Sua mão em lugares e coisas que antes lhe pareciam despidas de caráter espiritual. Não só a igreja, mas o lar, o trabalho, o lazer e a escola participam dessa esfera sagrada, porque Deus está presente em toda parte como Criador e Preservador. Quando tivermos essa consciência, falaremos como Jacó, após despertar de uma visão onde via uma escada, cujo topo tocava o céu: “Na ver-dade, o Senhor está neste lugar, e eu não sabia” (Gn 28:16).

2. Precisamos vivê-la com senso de responsabili-dade. O conceito cristão de mordomia aumenta o senso la-tente na alma de nossa responsabilidade, posto que temos que prestar contas de toda a nossa vida em todas as suas manifestações. Temos diante de nós um mundo criado por Deus, com tudo quanto nele há, por cujo desenvolvimento e cuidado somos responsáveis. Nossa tarefa não é explorar e abusar da criação de Deus, mas estimá-la e protegê-la da destruição. Assumir que somos parte deste mundo criado por Deus leva-nos a assumir a responsabilidade de cuidar dele como fiéis despenseiros da multiforme graça de Deus (Gn 2:15).6

Essa verdade é bem ilustrada na parábola do mor-domo fiel e prudente, proferida por Jesus em Lucas 12:42-48, onde o Mestre enfatiza a verdade de que seremos res-

6 BATISTA, Israel (Org.). Graça, cruz e esperança na América Latina. São Leopol-do: Sinodal, 2005, p. 68.


ponsabilizados por Deus se falharmos em fazer o que é certo ou se fizermos o que é errado, mesmo que seja por ignorância. A terminar a sua parábola, Jesus citou um co-nhecido provérbio: “Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:48). Este provérbio fala da responsabilidade de usar o que temos recebido de Deus. É Deus quem dá e exige. Os verbos no passivo (“foi dado”, “será exigido”, “se confia”, “lhe pedirão”) descrevem a ação de Deus: dando e depois exigindo; confiando e depois pedindo. Justino Már-tir, um cristão do segundo século, entendeu este provérbio da seguinte forma: “Aquele a quem Deus deu mais, tam-bém exigirá mais” (Apologia I, 17.4).7

O que o Senhor espera do seu mordomo é descri-to em duas palavras: que ele seja fiel e prudente. De fato ele nos convida a sermos mordomos (administradores) fiéis daquilo que nos foi confiado; o modo de fazer isto é viver como se o dono estivesse para chegar a qualquer momen-to. O insensato é o homem que age como se não fosse mor-domo (Lc 12:20). Ele usa os bens que lhe foram confiados como se fossem seus para satisfazer aos seus próprios ob-jetivos egoístas. Ele supõe que pode agir como quiser, visto que o dono vai demorar a retornar. Por outro lado, o mor-domo fiel e prudente usa os bens que lhe foram confiados de acordo com os desejos de seu senhor, isto é, para cuidar e sustentar aqueles por quem ele é responsável. E qual será a sua recompensa? Mais responsabilidade! Portanto, ser mordomo do Senhor não é honra que se deva buscar, mas uma tremenda responsabilidade da qual se deve desin-

7 PESTANA, Álvaro César. Provérbios de Jesus. São Paulo: Vida Cristã, 2002, p. 109.

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cumbir “com temor e tremor”.8 O ensino desta parábola é claro: “temos de corresponder ao que Deus espera de nós”.

3. Precisamos vivê-la com a consciência da de-pendência de Deus. Tremendas são as nossas respon-sabilidades como mordomos de Deus e, ciente da nossa fragilidade e incapacidade para bem desempenhar nossa mordomia, o Espírito Santo veio habitar em nós, para con-duzir-nos à vida abundante de despenseiros da Sua multi-forme graça (1Pe 4:10). Ele nos esclarece quanto aos nossos deveres cristãos, fortalece-nos para o desempenho da tare-fa, purifica-nos para que sejamos vasos de honra, úteis ao nosso Possuidor, e prepara-nos para toda boa obra (2Tm 2:21).

Nenhum mordomo poderá servir com eficiência, se não viver uma vida orientada pelo Espírito Divino. Por isso, temos a promessa preciosa de Jesus, que nos garante a as-sistência do Espírito Santo a fim de nos orientar no bom exercício de nossa mordomia.

8 TOLBERT, Malcolm O. Lucas. In. ALLEN, Clifton J. (Ed.). Comentário bíblico Broadman. 2. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1987, p. 137.

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º Trimestre 2012 nº 183 Tudo Entregarei - Lições sobre ... · Lição 7 - Mordomia da Família...

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