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Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI 24 e 25 de novembro de 2014 • Londrina, PR O uso da iconografia e da iconologia para a análise de fotografias e recuperação da história de Londrina 1 The Iconography and iconology uses to analise photos for Londrina’s historical recovery Rosana Aparecida Reineri Unfried 2 Resumo: Os termos iconografia e iconologia foram descritos como proposta metodológica por Erwin Panofsky para serem utilizados em análises de obras de arte. Mais tarde, os termos foram adaptados por Boris Kossoy, que manteve as definições iniciais de Panofsky e introduziu elementos específicos do universo fotográfico, tornando-os utilizáveis para a análise de fotografias. Com base nos escritos de Kossoy, este trabalho demonstra a aplicabilidade desta metodologia para a análise de fotografias e para a recuperação de informações históricas. Para tanto, serão utilizadas imagens tomadas pelo fotógrafo Oswaldo Leite, responsável pelo registro de importantes transformações pelas quais Londrina passou entre as décadas de 1950 e 1980. As imagens aqui analisadas correspondem a seus registros da década de 1960, período marcado pelo aumento da população urbana e pela verticalização da cidade. Palavras-chave: História de Londrina (PR); Iconografia e iconologia; Fotografia e memória; Oswaldo Leite. Abstract: The terms Iconography and iconology, were described by Erwin Panofsky as a methodology proposal to analyze works of art. Later, those terms were adapted by Boris Kossoy, who keeped the original concepts and introduced specifical elements of the photography universe, to become them useful to analise photographies. According to Kossoy´s publications, this paper shows the aplicability of his methodology to analise photographies and to recover historical informations. In order to that, photos which were taken by Oswaldo Leite during the 1960’s, will be used in this paper, considering that this is period Londrina growed up very quickly. Oswaldo Leite registered important changes that happened in Londrina during the 1950’s, 60’s, 70’s and 80’s. Key-words: History of Londrina (PR); Iconography and iconology; photography and memory; Oswaldo Leite. Introdução Os termos iconografia e iconologia foram relançados no universo da história da arte durante as décadas de 1920 e 1930. Relançados porque, ainda em 1593, 1 Trabalho apresentado no GT 7- Fotografia, do Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI. 2 Graduada em Comunicação Social Habilitação Jornalismo e mestranda em Comunicação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e História do CNPq. Coautora do livro Memórias fotográficas: a fotografia e fragmentos da história de Londrina. E-mail: [email protected]

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Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI 24 e 25 de novembro de 2014 • Londrina, PR

O uso da iconografia e da iconologia para a análise de fotografias e recuperação da

história de Londrina1

The Iconography and iconology uses to analise photos for Londrina’s historical

recovery

Rosana Aparecida Reineri Unfried2

Resumo: Os termos iconografia e iconologia foram descritos como proposta

metodológica por Erwin Panofsky para serem utilizados em análises de obras de arte.

Mais tarde, os termos foram adaptados por Boris Kossoy, que manteve as definições

iniciais de Panofsky e introduziu elementos específicos do universo fotográfico,

tornando-os utilizáveis para a análise de fotografias. Com base nos escritos de Kossoy,

este trabalho demonstra a aplicabilidade desta metodologia para a análise de fotografias

e para a recuperação de informações históricas. Para tanto, serão utilizadas imagens

tomadas pelo fotógrafo Oswaldo Leite, responsável pelo registro de importantes

transformações pelas quais Londrina passou entre as décadas de 1950 e 1980. As

imagens aqui analisadas correspondem a seus registros da década de 1960, período

marcado pelo aumento da população urbana e pela verticalização da cidade.

Palavras-chave: História de Londrina (PR); Iconografia e iconologia; Fotografia e

memória; Oswaldo Leite.

Abstract: The terms Iconography and iconology, were described by Erwin Panofsky as

a methodology proposal to analyze works of art. Later, those terms were adapted by

Boris Kossoy, who keeped the original concepts and introduced specifical elements of

the photography universe, to become them useful to analise photographies. According

to Kossoy´s publications, this paper shows the aplicability of his methodology to analise

photographies and to recover historical informations. In order to that, photos which

were taken by Oswaldo Leite during the 1960’s, will be used in this paper, considering

that this is period Londrina growed up very quickly. Oswaldo Leite registered important

changes that happened in Londrina during the 1950’s, 60’s, 70’s and 80’s.

Key-words: History of Londrina (PR); Iconography and iconology; photography and

memory; Oswaldo Leite.

Introdução

Os termos iconografia e iconologia foram relançados no universo da

história da arte durante as décadas de 1920 e 1930. Relançados porque, ainda em 1593,

1 Trabalho apresentado no GT 7- Fotografia, do Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e

Imagem - ENCOI. 2 Graduada em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo e mestranda em Comunicação pela

Universidade Estadual de Londrina (UEL). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e História

do CNPq. Coautora do livro Memórias fotográficas: a fotografia e fragmentos da história de Londrina.

E-mail: [email protected]

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foi publicado pelo escritor italiano Cesare Ripa um livro renascentista de imagens sob o

título Iconologia. Este livro, composto como uma espécie de enciclopédia ilustrada, foi

elaborado com o objetivo de servir aos artistas da época e orientá-los na representação

de subjetividades, tais como virtudes, vícios, sentimentos e paixões humanas. Para isso,

apresentava, em ordem alfabética, alegorias correspondentes a esses temas, seguidas por

descrições detalhadas das particularidades de cada imagem e por definições baseada em

textos clássicos e contemporâneos. Essa obra foi considerada um tratado de arte e uma

referência para o estudo da iconografia, cujo termo, só começaria a ser utilizado no

início do século XIX. (UNIVERSITÀ DI BERGAMO, 2008).

A volta desses dois termos, ao cenário artístico, se deu como forma de

reação à análise formal de pinturas, que preponderava à época e privilegiava a

composição ou a cor das telas, em detrimento do tema retratado. Burke (2004, p.44)

explica que os iconografistas - como eram chamados os historiadores da arte que se

opunham à superficialidade na interpretação das imagens, feitas pela análise formal -

pregavam a ideia de que “as pinturas não são concebidas simplesmente para serem

observadas, mas também para serem lidas”. Portanto, esses historiadores buscavam

enfatizar o conteúdo intelectual das obras de arte, bem como sua filosofia ou teologia

implícita.

O grupo mais famoso de iconografistas, de que se tem registro, seria

encontrado na Escola de Warburg, em Hamburgo, anos antes da ascensão de Hitler ao

poder na Alemanha. Esta escola, fundada por Aby Warburg, em torno da biblioteca

criada por ele, foi posteriormente transferida para Londres em decorrência da ascensão

nazista (CATALÀ DOMÈNECH, 2011, p.79).

Além de Warburg, faziam parte desse grupo

[...] Fritz Saxl (1890-1948), Erwin Panofsky (1892-1968) e Edgar Wind

(1900-1971), estudiosos com boa educação clássica e grande interesse por

literatura, história e filosofia. O filósofo Ernst Cassier (1874-1945) era outro

membro desse círculo de Hamburgo e compartilhou o interesse por formas

simbólicas. (BURKE, 2004, p.45).

A principal ideia defendida por esses estudiosos é que as obras de arte,

mais do que a imagem representada na tela (explícito ou visível - iconografia), pode

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esconder uma série de mensagens de cunho religioso ou moral por meio de simbolismos

disfarçados nas cenas do cotidiano (implícito ou invisível - iconologia).

Erwin Panofsky: a descrição dos termos

Dos iconografistas empenhados em desvendar o conteúdo implícito das

obras de arte, destacaremos Erwin Panofsky, que sintetizou as ideias discutidas na

Escola de Warburg em um famoso artigo, intitulado Iconografia e Iconologia: uma

introdução ao estudo da arte da renascença.

Neste artigo, Panofsky (2011, p.50), classifica três níveis de interpretação

que correspondem a três níveis de significado. O primeiro, voltado ao significado

primário ou natural, é o da descrição pré-iconográfica. Esta descrição consiste na

identificação de formas puras, bem como de objetos e eventos presentes na imagem. O

segundo nível, voltado ao significado secundário ou convencional, é o da descrição

iconográfica. Diferente do nível anterior, este consiste não somente na descrição pura e

simples dos objetos retratados, mas na ligação das composições da imagem com

assuntos e conceitos. O terceiro e último nível, voltado ao significado intrínseco ou

conteúdo, é denominado descrição iconológica. Esta descrição é definida pela

descoberta e interpretação dos valores simbólicos presentes na imagem.

Sobre as diferenças desses dois últimos níveis, Panofsky (2011,

p.53) explica que o sufixo “grafia” deriva do verbo grego graphein, que significa

escrever. Relata o que está “escrito” na imagem. Trata-se, portanto, de um método

puramente descritivo, ou seja, “coleta e classifica a evidência, mas não se considera

obrigada ou capacitada a investigar a gênese”. Já o sufixo “logia” deriva de logos, que

significa pensamento (razão). Iconologia, portanto, é um método

[...] de interpretação que advém da síntese mais do que da análise. Assim

como a exata identificação dos motivos é o requisito básico de uma correta

análise iconográfica, também a exata análise das imagens, estórias e alegorias

é o requisito essencial para uma correta interpretação iconológica.

(PANOFSKY, 2011, p.54).

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Panofsky acreditava, portanto, que a partir da análise das formas

identificáveis presentes na imagem - tais como objetos, situações e gestos - seria

possível resolver o problema do desvelamento do conteúdo que esta imagem carrega

consigo, ou seja, por meio dos elementos oferecidos pela imagem, seria possível buscar

a realidade a qual ela faz menção. (CATALÀ DOMÈNECH, 2011, p.243).

Boris Kossoy: adaptação à fotografia

Baseado na termologia e na aplicabilidade descrita por Panofsky, o

pesquisador brasileiro Boris Kossoy adaptou a iconografia e a iconologia para as

especialidades do universo fotográfico. Ele manteve, basicamente, as mesmas

definições empregadas na análise das obras de arte e introduziu elementos e conceitos

próprios, e específicos, para a análise de fotografias.

Partindo da premissa de que toda imagem carrega dentro de si um

enigma, independentemente do tipo que for e para que ela será utilizada e, que este

mistério se esconde por trás da aparência pura e simples, pois está alocada em uma

dimensão além da visibilidade registrada, Kossoy (1999, p.58) sugere a iconografia e a

iconologia como duas linhas de análise capazes de decifrar as informações explícitas e

implícitas no documento fotográfico. A iconografia seria a responsável pela

reconstituição dos elementos visíveis que compõem a fotografia, enquanto ficaria a

cargo da iconologia uma minuciosa recuperação das informações codificadas

(invisíveis) dentro desta imagem.

Ele explica que, no caso da representação da imagem fotográfica, “ver,

descrever e constatar não é o suficiente”. Neste momento, no qual a iconografia se torna

insatisfatória à apreensão da mensagem, se faz necessário o mergulho na cena

representada, para a compreensão do fragmento retratado em sua interioridade. Para

tanto, é necessária

[...] uma reflexão centrada no conteúdo, porém, num plano além daquele que

é dado ver apenas pelo verismo iconográfico. É este o estágio mais profundo

da investigação, cujos limites não são cristalinamente definidos. Não raro, o

pesquisador se surpreende refletindo neste plano pós-iconográfico, buscando

os elos para a compreensão da vida que foi. (KOSSOY, 2001, p. 95-96).

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De acordo com o pesquisador (2001, p.96) a análise iconográfica

corresponde à investigação da “realidade exterior”, ou seja, da segunda realidade - do

documento - criada a partir do instante do clique. Por meio deste mecanismo torna-se

possível a recuperação de informações preciosas para a reconstituição histórica. Já a

análise iconológica corresponde à investigação da “realidade interior”, ou primeira

realidade, anterior à tomada. Trata-se de desvendar a trama histórica e social da

imagem, bem como avaliar sua dimensão cultural e ideológica.

Portanto, se a análise iconográfica

[...] situa-se no nível da imagem, a interpretação iconológica tem aí seu ponto

de partida e estende-se além do documento visível, além da chamada

evidência documental. Trata-se da recuperação de diferentes camadas de

significação. A interpretação iconológica se desenvolve na esfera das idéias,

das mentalidades. (KOSSOY, 2007, p.55-56).

Seguindo este raciocínio, no qual explicita o caráter interpretativo

da análise iconológica, Kossoy - que dedica suas pesquisas à fotografia e memória e se

tornou referência para estudos de fotografias documentais - deixa clara a necessidade de

contextualização das imagens selecionadas pelo pesquisador, pois, segundo ele, a

fotografia não consegue, sozinha, oferecer as informações sobre o passado. Neste caso,

o sucesso nas investigações desses documentos depende diretamente das informações

iconográficas e de informações escritas de diferentes naturezas.

No entanto, para a recuperação desses dados acerca do momento

histórico retratado, a fim de compreender melhor o contexto ao qual a fotografia se

insere, Kossoy (2001, p.87) aponta para a importância do bom relacionamento do

pesquisador com a comunidade. Pessoas idosas ou contemporâneas aos assuntos

retratados possivelmente terão a capacidade de identificar lugares, pessoas e discorrer

sobre o contexto que envolvem as imagens tomadas. No entanto, no caso de pessoas

idosas, tais depoimentos devem ser colhidos com urgência, caso contrário, serão

“incontáveis os cenários e personagens que permanecerão desconhecidos e anônimos

nas fotografias do passado”.

Tomando como base os conceitos de iconografia e iconologia adaptados

à fotografia, bem como os conselhos de Kossoy acerca da recuperação histórica de um

determinado lugar e em uma determinada época - com o auxílio de pessoas idosas ou

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contemporâneas às imagens tomadas aliado à pesquisa de registros escritos acerca da

época retratada - o presente trabalho irá apresentar a aplicação desses conceitos às

fotografias, do fotógrafo Oswaldo Leite, tomadas em Londrina na década de 1960.

Londrina na década de 1960

A década de 1960 foi marcada por muitas transformações no cenário

urbano de Londrina. Em seu início, a cidade já contava com um número expressivo de

prédios altos, decorrentes das grandes safras de café, que trouxeram alegrias e fortuna

aos agricultores. O investimento em construções suntuosas era resultado desta

agricultura próspera que se materializava em forma de edificações.

No entanto, a partir de 1965, o café, base da economia londrinense, até

então, estava entrando em decadência por conta de constantes secas, geadas frequentes e

baixa nos preços alcançados pelos produtores no ato da venda dos grãos. Neste

momento, em decorrência do declínio da cafeicultura e da necessidade da economia

externa por diferentes produtos, teve início a diversificação de culturas, impulsionando

a introdução do cultivo da soja e da criação de gado em território paranaense. (ARIAS

NETO, 2008, p.149).

Desta forma, ao longo desta década a cafeicultura foi sendo substituída

por novas culturas, ao mesmo tempo em que indústrias começaram a se instalar na

cidade. Segundo Arias Neto (2008, p.182), em 1970, já havia 442 indústrias em

Londrina, “a maioria absoluta de pequeno porte, voltada para a produção de bens de

consumo não-duráveis”.

Em decorrência do êxodo rural que começava a atingir a região, neste

período, por conta da mecanização da terra para o cultivo da soja e para a criação de

gado, e da necessidade de mão-de-obra para fomentar o emergente – e crescente – setor

industrial, a cidade também cresceu. Passou de 77.382 pessoas residindo na área urbana

em 1960 para 163.528 em 1970, ao mesmo tempo em que a porcentagem de habitantes

da área rural diminuiu de 43% para 28%. (JANUZZI, 2005, p.87).

O acelerado crescimento da cidade propiciou o surgimento de novos

edifícios na cidade, fazendo de 1960 uma década marcada pela verticalização. Entre

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1960 e 1969 surgiram 12 novos edifícios em Londrina, (SUZUKI, 2011, p.52), além de

novas vilas, bairros e até favelas. Tudo retratado pelas lentes de Oswaldo Leite.

Oswaldo Leite: o fotógrafo das construções

Oswaldo Leite acompanhou e registrou o crescimento de Londrina nas

décadas de 1950, 1960 e 1970. Como chefe da Secretaria de Obras da Prefeitura do

Município de Londrina, em suas andanças, para fiscalizar as obras em andamento,

fotografava-as em seu início, meio e fim, para que servissem como registro dos

trabalhos realizados pela Prefeitura.

Este trabalho se iniciou de forma despretensiosa, mas a riqueza

documental de suas fotografias o levou, após a aposentadoria por tempo de serviço (25

anos de trabalho), a ser convidado pelo então prefeito Dalton Paranaguá (1969-1973)3

para ocupar o cargo de fotógrafo oficial da Prefeitura até que aposentasse novamente,

desta vez por idade, e se afastasse de suas funções.

Ele foi o responsável pela tomada de mais de 20 mil imagens, em preto e

branco, de cenas que marcaram o desenvolvimento da cidade. Cuidadoso, Oswaldo

Leite anotava atrás de suas fotografias informações referentes à data e ao local retratado,

o que conferiu ainda mais importância histórica a suas imagens e permitiu que elas

servissem como norteadoras para pesquisas futuras.

Parte deste acervo permaneceu armazenado em baús, sem as mínimas

condições de preservação, em um depósito da Prefeitura, aguardando ser incinerado.

Sensibilizado com o prejuízo à história da cidade que esta incineração poderia causar, o

fotógrafo Hélio Silva - que havia substituído Oswaldo Leite após sua aposentadoria -

entrou em contato com o Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss para

intermediar a doação deste acervo. Desta forma, foi assinado em 7 de junho de 1990,

um convênio de cooperação cultural entre a Universidade Estadual de Londrina, por

meio do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss e a Prefeitura do Município

de Londrina, para a transferência do acervo de Oswaldo Leite para as dependências e

cuidados do museu.

3 Período de mandato como prefeito de Londrina.

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A outra parte das imagens, guardadas com cuidado na casa do fotógrafo

até sua morte em 28 de agosto de 1995, foi entregue em doação ao museu pelas mãos de

seu filho mais novo, Otacílio Leite, no dia 26 de março de 2006, depois de serem

recuperadas quando a irmã mais velha, dona Maria de Lourdes Leite Lima, pretendia

jogá-las fora. (LEITE, 2013).

Todo o acervo doado encontra-se guardado e preservado no Museu

Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, que, de posse desse material, deu início, em

maio de 2003, ao processo de higienização, catalogação, digitalização e

disponibilização para pesquisa. As imagens referentes às décadas de 1950 e 1960 já

estão disponíveis para pesquisa, no entanto, as da década de 1970 ainda estão em

processo de catalogação. Esse processo continua sendo desenvolvido pelos funcionários

do Setor de Audiovisual do Museu Histórico sob a supervisão da servidora Célia

Rodrigues de Oliveira, técnica em assuntos culturais. (OLIVEIRA, 2013).

Estas imagens estão sendo pesquisadas pela autora, que se debruçou

sobre as correspondentes à década de 1950 para o desenvolvimento de seu Trabalho de

Conclusão de Curso para graduação em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo.

Para o TCC, foram pesquisadas, analisadas e contextualizadas, 21 imagens, seguindo o

critério de importância do fragmento retratado para o desenvolvimento de Londrina,

bem como seu impacto no cenário urbano da cidade. Essas fotografias juntamente com

outras 29 – que estão sendo pesquisadas – farão parte de um livro a ser publicado em

2015. Por sua vez, as imagens do acervo de Oswaldo Leite relativas à década de 1960,

serão estudadas como objeto de estudo da dissertação de mestrado que, pretende-se,

também seja transformado em livro, com publicação estimada para 2016.

Componentes do objeto de estudo e do recorte temporal propostos para a

dissertação de mestrado, serão analisadas, neste trabalho, iconográfica e

iconologicamente três imagens da década de 1960, que retratam o crescimento

econômico e o desenvolvimento social pelos quais Londrina estava passando à época. A

figura 1 retrata a verticalização da região central, evidenciada na década escolhida, a

figura 2 traz a pavimentação da Avenida Bandeirantes e a construção do Hospital

Evangélico, enquanto a figura 3 retrata um dos problemas sociais causados pelo êxodo

rural, a primeira favela instalada em Londrina.

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Análise do objeto: iconografia e iconologia aplicada

Figura 1: Vista de edifícios da área central, vendo-se em primeiro plano a Avenida Paraná - 10/11/1964.

Fotografia: Oswaldo Leite. Fonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Uma vez que a análise iconográfica, proposta por Kossoy, está situada no

campo da descrição, ao descrever a imagem da figura 1, iconograficamente, podemos

afirmar que trata-se de uma rua movimentada - já que existem carros estacionados em

fila dupla (canto inferior direito) - de uma cidade em crescimento e relativamente

vertical, pela presença de diversos prédios em construção. Podemos notar, ainda, que a

imagem foi tomada de um ângulo mais alto em relação à rua, provavelmente do alto de

algum prédio situado nas proximidades.

No entanto, ao abordarmos a mesma imagem, buscando a identificação

dos elementos expostos na descrição iconográfica, a fim de contextualizá-los, entramos

no campo da interpretação iconológica. No caso da imagem acima, trata-se do centro de

Londrina, uma cidade que se constituiu em 1934, no norte do estado do Paraná.

Pelo ângulo, provavelmente, tenha sido feita de algum apartamento do

edifício Panorama - Avenida Paraná esquina com a Rua Prefeito Hugo Cabral - que fica

próximo ao primeiro edifício que aparece à esquerda da fotografia. A rua retratada pode

ser identificada como sendo a Avenida Paraná (atual calçadão). Nesta análise, pode-se

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inferir a década da tomada como sendo a de 1960, uma vez que a fotografia mostra os

edifícios Gonçalves (número 2), Comendador Caminhoto (número 5) e Willie Davids

(número 6) em fase de construção (iconografia) o que evidencia o processo de

verticalização do centro da cidade (iconologia), própria da década de 1960.

No período desta tomada (Figura 1) - feita pelo fotógrafo da Prefeitura do

Município de Londrina, Oswaldo Leite, com o objetivo de registrar o crescimento da

cidade para divulgação posterior - Londrina passava por um período de grandes

transformações urbanas, decorrentes da transferência de pessoas da área rural para a

cidade, como consequência da mecanização do solo e da instalação de novas indústrias.

A década de 1960 foi, portanto, marcada pelo crescimento urbano e pela verticalização,

com o surgimento de 12 novos edifícios entre 1960 e 1969.

Isto não significa que Londrina não possuía edifícios antes de 1960.

Alguns dos principais prédios, existentes na região central já estavam construídos nesta

época. O edifício Santo Antônio (número 1), foi construído na Avenida Paraná, no final

da década de 1940; o edifício Bosque (número 9), na Rua Piauí, no início da década de

1950; o Hotel São Jorge, atual edifício Sahão (número 4), na Avenida Paraná em 1952 e

o edifício América (número 3), na esquina das avenidas Paraná e Rio de Janeiro, em

1957. (SUZUKI, 2011).

O Cinzia (número 7), construído na Alameda Miguel Blasi e o Centro

Comercial (número 8), na Rua Piauí, foram construídos no início da década de 1960. Já

o edifício Comendador Caminhoto (número 5), na Praça Gabriel Martins, o edifício

Gonçalves (número 2) e o Willie Davids (número 6), estavam em processo de

construção no dia 10 de novembro de 1964, data em que foi registrada a imagem.

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Figura 2: Avenida Bandeirantes – Hospital Evangélico – 1960.

Fotografia: Oswaldo Leite. Fonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

Partindo da análise iconográfica pode-se observar nesta imagem (Figura

2) a abertura de uma avenida ainda em fase inicial, sem meio-fio, sem pavimentação,

sem calçadas e sem a presença de um canteiro central bem delimitado. Pode-se afirmar

que provavelmente trata-se de uma região que se encontra em início de expansão, uma

vez que existem prédios novos sendo construídos, os postes de transmissão de energia

elétrica ainda são feitos de madeira e não há iluminação pública.

Pode-se notar que a via da direita, de quem observa a fotografia,

encontra-se em fase de abertura mais avançada que a da esquerda, provavelmente por

conta das diversas edificações que estão sendo erguidas daquele lado da via e por conta

da construção de um imponente prédio que, provavelmente, precisava de uma estrada

por onde pudessem passar os caminhões carregados com materiais de construção para a

realização da obra.

Aprofundando-se na história, por meio da interpretação iconológica, é

possível tomar conhecimento que a imagem (Figura 2), tomada na década de 1960 pelo

fotógrafo Oswaldo Leite, retrata a abertura da Avenida Bandeirantes, na Vila Ipiranga,

com a construção do Hospital Evangélico ao fundo.

As atividades do Hospital Evangélico tiveram início na década de 1950,

primeiramente com o nome de Ambulatório São Lucas. Posteriormente, com o aumento

da população a ser atendida, as instalações do ambulatório se tornaram insuficientes.

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Desta forma, foi inaugurado em 1956 um prédio maior, para abrigar o hospital, na

esquina das ruas Pernambuco e Alagoas (onde hoje funciona a Companhia de Habitação

de Londrina - Cohab). (ALEGRO, 2012, p.29). Em 1960 foram iniciadas as construções

do novo prédio do Hospital Evangélico, maior e mais moderno, na Avenida

Bandeirantes - com auxílio de uma instituição evangélica da Alemanha. Neste novo

endereço o atendimento aos pacientes teve início em 1971. O prédio sofreu algumas

melhorias e ampliações desde a abertura, no entanto, continua funcionando até hoje.

Nesta imagem (Figura 2) a abertura da Avenida Bandeirantes

(iconografia) indicia o crescimento da cidade e a abertura de novos bairros para atender

a população que se transferia do campo para a cidade (iconologia), enquanto pode-se

inferir que a construção de um prédio maior e mais moderno para abrigar o Hospital

Evangélico (iconografia) tenha sido pensada provavelmente para atender à crescente

demanda por atendimentos médicos decorrentes do aumento da população urbana de

Londrina, já que a cidade crescia em um contexto de desvalorização da cafeicultura -

principal atividade da região - mecanização do solo para diversificação de culturas e

pecuária, e do apelo por mão-de-obra por conta da instalação de novas indústrias

(iconologia).

Figura 3: Favela Pito Aceso” - 18/03/1965.

Fotografia: Oswaldo Leite. Fonte: Acervo do Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss

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Ao analisarmos a imagem (Figura 3) iconograficamente, podemos

observar uma série de barracos construídos com restos de madeira, plástico e telhas, em

um terreno acidentado, cheio de mato e com a presença de um córrego na parte mais

baixa. Como pode-se ver na fotografia, não existem ruas. Assim, para se deslocar em

meio aos barracos, os moradores tinham de subir pequenas escadas que eram escavadas

no barranco e que aparecem na imagem.

Sem localização espacial torna-se difícil de ser identificada, no entanto,

quando se buscam mais informações - próprias da interpretação iconológica - a fim de

identificar os elementos visíveis e de contextualizar a imagem, é possível observar que

esta favela tem suas peculiaridades. Por meio de uma pesquisa histórica da urbanização

de Londrina pode-se afirmar que a fotografia retrata a favela do “Pito Aceso”, a

primeira a surgir na cidade no início da década de 1950.

O “Pito Aceso” teve seu início em 1953, quando 15 famílias procedentes

de áreas rurais dos estados do Paraná, de Minas Gerais e, principalmente, do Nordeste,

se instalaram de maneira irregular nas encostas do Córrego Água Fresca (atual

Cemitério João XXIII). (FRESCA; POSTALDI, 2008). O fato de as pessoas se

instalarem nas encostas do córrego se dá por conta da necessidade de água, uma vez que

nesses terrenos irregulares não existe água encanada e os poços, quando perfurados,

muitas vezes não dão conta do abastecimento de todas as famílias ali assentadas.

A imagem (Figura 3) é datada de 18 de março de 1965, período em que

provavelmente este assentamento aumentou por consequência do êxodo rural que

acometia a cidade. Podemos inferir que isso se deu porque a indústria não estava

conseguindo absorver a quantidade de migrantes que Londrina estava recebendo

advindos do campo, ou que a Prefeitura não estava conseguindo se adaptar a contento à

nova realidade que a região estava vivendo. O fato é que a existência de favelas

(iconografia) nos remete ao problema de habitação e absorção de mão-de-obra

(iconologia).

Segundo Victor Hugo Teixeira Martins (2007, p.76), a partir da década

de 1960 ocorreu em Londrina a anexação de áreas de uso rural à cidade, em diversas

direções, até porque a cidade crescia descontroladamente e havia necessidade da

construção de novos bairros. Este processo ganhou impulso com a criação do Banco

Nacional de Habitação – BNH, “que tinha por finalidade acalmar os ânimos da

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população urbana, amenizando o problema crônico da habitação nas cidades brasileiras,

criando os caminhos para a construção de moradias”. Em Londrina foi criada em 1965,

a Companhia de Habitação de Londrina (Cohab), que passou a tratar das questões

habitacionais relacionadas à cidade.

De acordo com Asari e Tuma (apud MARTINS, 2007, p.91), na gestão

do prefeito Dalton Paranaguá (1969-1972) houve uma dinamização da Cohab em

Londrina, com a construção de diversos conjuntos habitacionais de aproximadamente

100 casas cada um, construídos nos chamados “vazios urbanos”. Esses conjuntos foram

utilizados, em alguns casos para a realocação de famílias assentadas em favelas. Foi o

caso do Conjunto Habitacional Pindorama I - localizado onde hoje é a Vila da

Fraternidade – que, construído em 1972, acolheu as famílias da favela “Pito Aceso”.

Diante das análises realizadas, como objeto de estudo, por meio da

iconografia foi possível analisar os elementos explícitos da imagem -visíveis - que são

oferecidos à priori, sem a necessidade de esforço para eficiente apreensão.

Posteriormente, tomando esses elementos como ponto de partida, foi possível iniciar

uma interpretação iconológica acerca dos elementos implícitos na imagem - invisíveis -

que se encontram ocultos e que necessitam de reflexão, pesquisa e contextualização

para serem desvendados.

Desta forma, pode-se concluir que a metodologia da iconografia e

iconologia, adaptada à fotografia por Boris Kossoy, pode ser aplicada de maneira

eficiente para a leitura e análise das imagens de Oswaldo Leite - tomadas na década de

1960 - e se apresenta como uma importante ferramenta na recuperação de fragmentos da

história de Londrina.

Considerações finais

A iconografia e a iconologia foram descritas por Erwin Panofsky para

serem utilizadas para analisar obras de arte. Mais tarde, o pesquisador brasileiro Boris

Kossoy adaptou esses termos ao universo fotográfico.

Kossoy propõe a iconografia para a investigação dos elementos

circunscritos à imagem. A iconografia atua no campo descritivo. Refere-se à segunda

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realidade, a realidade do documento após a tomada. A iconologia, por sua vez, atua no

campo das interpretações. Remete à realidade anterior ao registro, ou seja, à primeira

realidade.

Nas páginas anteriores, este trabalho apresentou análises de três

fotografias tomadas por Oswaldo Leite - responsável por importantes registros das

transformações urbanas pelas quais Londrina passou ao longo da década de 1960. Tais

análises foram realizadas com base na aplicabilidade, dos termos, proposta por Kossoy.

Para tanto, foram escolhidas imagens registradas pelo fotógrafo no

decurso da década de 1960, marcada pelo aumento da população urbana. A figura 1

mostra a verticalização do centro de Londrina; a figura 2, a abertura de novas ruas com

a construção de um novo prédio para abrigar o Hospital Evangélico e dessa forma

melhorar a qualidade dos serviços médicos prestados à população, enquanto, a figura 3

retrata, por fim, os problemas sociais - decorrentes do êxodo rural causado pela

decadência do café, pela mecanização das lavouras que se diversificavam e pela

insuficiente absorção de toda essa mão-de-obra pelas indústrias da cidade.

Por meio desta pesquisa foi possível atestar a aplicabilidade da

metodologia da iconografia e iconologia para o estudo de fotografias, recuperar dados e

informações importantes para da história de Londrina, bem como perceber a carência de

informações escritas acerca das construções e alterações sofridas pela cidade nas

décadas mais recentes. Neste período de busca de material, para a contextualização das

imagens selecionadas para o estudo de caso, foi comum encontrar, nos poucos escritos

disponíveis, a reprodução de uma mesma informação diversas vezes feitas por pessoas

diferentes sem o acréscimo de novos dados e, muitas vezes, sem o compromisso com a

veracidade da informação passada adiante.

Desta forma faz-se necessária a desconfiança do pesquisador diante dos

dados e a checagem das informações levantadas. Neste momento, conforme Kossoy

aconselha, é imprescindível o bom relacionamento do pesquisador com a comunidade

para que se possa recorrer à memória dos contemporâneos a cena retratada.

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