O valor da preservação - Viva o .mesmo lado em defesa do interesse da cidade. ... Foto:...
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Temas urbanos . Uma publicao da Associao Viva o Centro . ano XIII . no 51 . 3o trimestre 2009 . R$ 6
O valor da preservaoPatrimnio histrico, artstico e arquitetnico agrega valor econmico para a cidade
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Urbs uma publicao trimestral
da Associao Viva o Centro.
Editor: Jorge da Cunha Lima. Produo
e edio: LDC Editora e Comunicao Ltda.
Rua das Cinco Pontas, 1023. Cotia - SP.
Tel: 11 4702-8331. Diretor: Domingos Crescente.
Edio de texto e reportagem: Adilson Fuzo.
Jornalista responsvel: Adilson Fuzo (MTb: 44.698).
Projeto grfi co: LDC Editora e Comunicao Ltda.
Arte: Adriana Carrer e Maria Clara Sato.
Foto da Capa: Cristiano Mascaro.
Colaboradores desta edio: Cristiano Mascaro,
Francisco Zorzete, Katia Kreutz, Guilherme Leme
e Silvio Oksman.
Impresso: Garilli. Tiragem: 12.000 exemplares.
Redao, administrao, circulao e assinatura:
Rua Lbero Badar, 425 4o andar. CEP 01009-000
So Paulo SP, Fone: (11) 3556-8959. Redao:
redacao.urbs@vivaocentro.org.br. Assinaturas:
www.vivaocentro.org.br/assinaturas.
O contedo desta publicao no representa
o posicionamento da Associao Viva o Centro.
Os artigos publicados expressam to somente a
opinio de seus autores.
Patrocinadores desta edio:
sumrio26 EntrevistaUsar a nica maneira de preservar
32 ReportagemVila Itoror: o fi m de uma novela
36 PesquisaCaadores da memria paulistana
39 InternacionalBiblioteca Pblica de Nova York
44 Grande AngularUma cidade e dois olhares
56 ResenhaSo Paulo, da vila metrpole
60 Livros
7 EditorialPatrimnio histrico: um ativo da cidade
8 PreservaoO passado de uma cidade de futuro
14 ArtigoOs ns da preservao de bens histricos
20 EnsaioArquitetura moderna, patrimnio a ser preservado
Patrimnio histrico: um ativo da cidadePreservar o patrimnio histrico, artstico e arquitetnico da
cidade muito importante. Criar condies para que a ci-
dade se desenvolva tambm essencial. O desafi o est em
satisfazer a essas duas necessidades, que muitas vezes se
apresentam de forma confl itante.
Tomemos alguns exemplos:
Todos sabemos que imveis abandonados se deterioram
rapidamente e que prdios em plena atividade se mantm
mais facilmente. No entanto, muitos tombamentos acabam
por inviabilizar economicamente um prdio, induzindo seu
abandono e consequentemente acelerando a degradao
desse patrimnio.
Em So Paulo, com a entrada em vigor da lei Cidade Lim-
pa, que despoluiu visualmente a cidade, fachadas de cente-
nas de imveis tombados existentes no Centro, que abrigam
em seus trreos pujante atividade comercial e de servios,
foram rapidamente reformadas com pinturas ou revestimen-
tos que as descaracterizaram completamente.
sabido tambm que tombar prdios isolados, principal-
mente se no tiverem caractersticas excepcionais, pode le-
var a um processo de congelamento e eventual degradao
de seu entorno por poderem vir a se constituir em enclaves
que podem inviabilizar projetos de renovao urbana mais
ampla da rea onde se inserem.
Na realidade esse confl ito no existe. Preservao e desen-
volvimento caminham no mesmo sentido. Enfrentando a
questo sem preconceitos de parte a parte, perceberemos
que o desenvolvimento, se conduzido de forma sustentvel,
pode ajudar a preservar e a preservao, se conduzida sem
radicalismos, pode ajudar a desenvolver.
Primeiro preciso que se saiba que tombamento, por si
s, garante apenas a no demolio do imvel e no a
sua preservao.
O tombamento precisa ser visto como um prmio ao pro-
prietrio do bem tombado e no como castigo. Para isso
se faz necessrio estabelecer incentivos realmente atrativos
aos proprietrios que os conservarem. Dotar os rgos de
preservao de sufi cientes recursos materiais e humanos
para que possam dar respostas rpidas e assessoramento
tcnico efi caz aos proprietrios, que devem ser vistos e tra-
tados como guardies de bens de interesse pblico. pre-
ciso ainda que a esses rgos sejam reservadas as funes
mais importantes de analisar, autorizar e acompanhar pro-
jetos que prevejam intervenes, modifi caes, supresses
ou adies de elementos ou reas nos bens tombados. E
que arquitetos e tcnicos especializados sejam capacita-
dos e liberados para proceder a restauros e conservaes
simples sem depender de autorizao prvia, mediante
anotao de responsabilidade tcnica pela obra no CREA e
seu registro nos rgos de preservao.
Para que preservao e desenvolvimento caminhem juntos,
a deciso pelo tombamento ou no de um determinado im-
vel deve levar em conta uma criteriosa avaliao urbanstica
da regio onde se insere. No razovel que se tombem
imveis sem ter claro um plano para que sejam preservados
e que se analisem as consequncias dessa medida sobre os
imveis que os cercam.
A cidade quer crescer e se desenvolver com o imenso ativo
que constituem seus tesouros histricos, artsticos e arqui-
tetnicos. Isso implica mudar regras e rever equvocos para
que preservao e desenvolvimento fi nalmente joguem no
mesmo lado em defesa do interesse da cidade.
Marco Antonio Ramos de Almeida
Superintendente Geral da Associao Viva o Centro
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PRES
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OU
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O passado de uma
Pinacoteca do Estado de So Paulo
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cidade de futuroA polmica em torno dos tombamentos continua dividindo opinies. Afi nal, como solucionar a complexa equao que envolve a preservao do patrimnio histrico e o desenvolvimento da cidade?
Por Adilson Fuzo
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Sala So Paulo
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PRES
ERVA
OU
RBS
Quem diria que o tombamento de imveis se tornaria um
assunto to polmico? Sempre que uma nova ao anun-
ciada pelos rgos de proteo, um cabo de guerra se arma
em nome do interesse da cidade. Puxando uma das pontas
da corda, acadmicos, ONGs, artistas e os cidados mais
nostlgicos pedem por mais e mais proteo memria da
cidade. Do lado oposto do cabo, empresrios, especialistas
de mercado e proprietrios de bens tombados denunciam
as consequncias negativas desse tipo de ao. Os diversos
setores do poder pblico, por sua vez, tambm acabam di-
vididos nessa disputa.
Se hoje a discusso em torno desse assunto j divide tantas
opinies sobretudo no caso dos imveis , num passado
recente a polmica era muito maior. Talvez os nimos te-
nham esfriado um pouco depois que se percebeu que a ci-
dade sairia perdendo se qualquer um dos lados conseguisse
atingir radicalmente seus objetivos, afi nal tanto a preserva-
o como o desenvolvimento so necessrios. Dessa forma,
a disputa saiu do estgio em que se discutia o tombar ou
no tombar e evoluiu para como tombar?
A questo fundamental para a defi nio do futuro da ci-
dade. Um tombamento mal feito pode no s sufocar eco-
nomicamente uma determinada regio da cidade como
tambm acelerar a depreciao do prprio bem protegido.
Toda essa discusso passa pelas compensaes que o poder
pblico oferece aos proprietrios dos imveis tombados, a
redefi nio de regras para reas envoltrias e o estudo de
alternativas para proteger o patrimnio da cidade sem invia-
biliz-lo economicamente.
Ao contrria
No incio do ano, o jornal O Estado de S.Paulo fez um le-
vantamento nos 1.813 imveis tombados (ou em processo
de tombamento) at ento pelo Conselho Municipal de Pre-
servao do Patrimnio Histrico, Cultural e Ambiental de
So Paulo (Conpresp) e concluiu que cerca de 40% deles
estavam abandonados, destrudos ou desfi gurados. Segundo
o jornal, mais de 400 prdios nessa situao encontravam-
se na regio central.
Foto
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Praa do Patriarca
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O primeiro sinal de que algo est errado, nesse caso, o
fato de que alguns proprietrios abandonam seus imveis
protegidos. Esse desinteresse se d, normalmente, porque o
tombamento faz o imvel sofrer uma severa desvalorizao.
Alm disso, muitas vezes, o proprietrio no quer assumir
as despesas pela restaurao e conservao daquele bem.
Some a essa situao algumas pendncias jurdicas ou o pa-
gamento de impostos atrasados e voc ter mais um imvel
abandonado em So Paulo. Um alvo fcil para invasores.
Prdios nessa situao esto em acelerado processo de de-
gradao, principalmente se estiveram ocupados por corti-
os. Um exemplo bem apropriado para essa situao o que
acontece na Vila Itoror, que foi abandonada pelos seus pro-
prietrios pouco depois que passou pelo processo de tomba-
mento e, desde ento, fi cou sob os cuidados dos antigos in-
quilinos do local. (Veja mais sobre o assunto na pgina 32).
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