Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

23
Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do Vale da Abrutiga RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS Fase de Pós-Implementação Novembro de 2010

Transcript of Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

Page 1: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

Obras de Remediação Ambiental da

Antiga Área Mineira do Vale da Abrutiga

RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO DA

QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E

SUBTERRÂNEAS

Fase de Pós-Implementação

Novembro de 2010

Page 2: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

i

Índice

I. INTRODUÇÃO...........................................................................................................2

II. ANTECEDENTES.....................................................................................................3

III. PROGRAMA DE MONITORIZAÇÃO.......................................................................3

III.1 LOCAIS DE AMOSTRAGEM .................................................................................................4

III.2 PARÂMETROS ANALISADOS E MÉTODOS DE ANÁLISE .........................................................4

III.3 COLHEITA DE AMOSTRAS ..................................................................................................6

III.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DADOS................................................................................6

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................7

IV.1 ÁGUAS SUPERFICIAIS .......................................................................................................7

IV.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ...................................................................................................9

V. MEDIDAS CORRECTIVAS IMPLEMENTADAS.....................................................20

VI. CONCLUSÕES .....................................................................................................22

Page 3: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

2

I. Introdução

As “Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do Vale da Abrutiga”,

concluídas em Outubro de 2008, tiveram como principais objectivos:

• Confinar os depósitos de resíduos desta área mineira, reduzindo-se os

elevados níveis de radiação gama e das emanações do gás radão a valores

admissíveis e eliminar a dispersão eólica de poeiras;

• Eliminar as escorrências ácidas geradas a partir das escombreiras com

elevadas cargas em metais pesados e radionuclídeos;

• Criar condições de segurança resultantes da estabilidade geomecânica de

taludes;

• Melhoria substancialmente significativa no enquadramento paisagístico desta

área;

Este relatório, correspondente a uma campanha trimestral de monitorização de águas

subterrâneas e superficiais do mês de Julho de 2010, foi elaborado de acordo com a

DIA. Esta monitorização visa avaliar a minimização dos impactes na qualidade das

águas superficiais e subterrâneas, permitindo obter informação de forma a caracterizar

e compreender a tendência de evolução deste descritor ambiental, quer espacial, quer

temporalmente.

São, ainda, objectivos da monitorização em curso:

• Verificar e avaliar a eficácia do projecto implementado para evitar ou reduzir os

impactes negativos gerados pela antiga área mineira de Vale da Abrutiga;

• Verificar a ocorrência de impactes em situações de incerteza e detectar a

ocorrência de impactes inesperados;

• Verificar a eficácia das medidas adoptadas e a eventual necessidade de

adoptar novas medidas mais eficazes.

No âmbito de aplicação deste plano e no que se refere à colheita das amostras

recorreu-se à empresa AMBICANAS, GEOTECNIA E AMBIENTE, LDA., tendo sido

este relatório elaborado por Helena Gomes e Rui Pinto (Eng. do Ambiente), de acordo

com a Portaria Nº 330/2001, de 2 de Abril.

Page 4: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

3

II. Antecedentes

O Projecto de Execução das Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira

do Vale da Abrutiga foi submetido a processo de Avaliação de Impacte Ambiental

(AIA), tendo obtido uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável

condicionada a 21 de Setembro de 2007.

Entretanto e na sequência de uma comunicação da EDM a 25 de Setembro de 2007 e

de uma reunião a 16 de Outubro, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) introduziu

as seguintes alterações ao Programa de Monitorização estipulado na DIA:

• A montante da corta, onde tinha sido proposta a construção de três novos

piezómetros poderá ser construído apenas um. O novo piezómetro poderá ser

instalado durante a fase de obra, não sendo obrigatória a sua construção na fase

de pré-construção.

• A jusante da corta, na fase de pré-construção, não será necessária a construção

dos dois novos piezómetros, desde que os piezómetros a jusante da cota P1 e P2

sejam executados imediatamente a seguir à remoção de todo o material da

escombreira.

Quanto à obra, decorreu em duas fases, a 1ª fase entre Outubro de 2007 e Abril de

2008 e a 2ª fase teve início em Junho de 2008, tendo os trabalhos sido concluídos em

final de Outubro de 2008.

III. Programa de Monitorização

Apresenta-se de seguida, os principais aspectos do Plano de Monitorização da

Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas, nomeadamente os locais de

amostragem, parâmetros analisados e métodos de análise, colheita de amostras e

critérios de avaliação de dados.

Page 5: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

4

III.1 Locais de Amostragem

Águas Superficiais

• Linhas de água: pontos WER 01, WER 02, WER 03, WER 04;

• Albufeira da Aguieira: WEA 01, WEA 02, WEA 03.

Águas Subterrâneas

• Furos WEF1, WEF2, WEF3 e WEF4 e os novos piezómetros WEF-Pz5 e

WEF-Pz6.

• Pares piezométricos WEF-PP1A, WEF-PP1B, WEF-PP2A, WEF-PP2B,

WEF-PP3A e WEF-PP3B;

Na Figura 1 apresenta-se a localização sobre a carta militar dos pontos de

amostragem. No CD que acompanha o relatório é enviada a sua localização em

formato digital, com a respectiva cartografia digital e georreferenciada (ficheiros jpg e

shapefile).

III.2 Parâmetros Analisados e Métodos de Análise

Aquando da colheita das amostras, foram determinados in situ os parâmetros: pH,

Condutividade, potencial REDOX e Temperatura, bem como o nível da água, no caso

dos furos e piezómetros.

As análises foram efectuadas pelos seguintes laboratórios: CONTROLAB - Laboratório

de Análises Químicas, Físicas e Biológicas, Lda. e IMAR – Instituto do Mar

(Universidade de Coimbra) tendo neles sido determinados os seguintes parâmetros:

sulfatos, manganês, 226Ra e Urânio total, de acordo com as alterações ao plano de

monitorização propostas em anteriores relatórios, na sequência dos resultados agora

obtidos e do histórico existente.

Page 6: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

5

Figura 1. Localização dos pontos de amostragem.

Na Tabela 1 apresentam-se os parâmetros analisados em laboratórios acreditados,

bem como os respectivos métodos de análise e limites de detecção.

Tabela 1 – Parâmetros analisados, método de análise e respectivo limite de detecção.

Parâmetros Método de análise Limite de detecção

Urânio total Espectrometria de cintilação líquida 1 µg.l-1

226Ra Espectrometria de cintilação líquida 0.01 Bq.l-1

Sulfatos Cromatografia iónica 1 mg/l

Manganês Espectrometria atómica - ICP 0.001 mg/l

Page 7: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

6

III.3 Colheita de amostras

As amostras foram colhidas trimestralmente nos pontos de amostragem já

identificados, não tendo sido possível a colheita em alguns dos locais de amostragem

previstos por dificuldade circunstancial de acesso ao local ou em consequência da

inexistência de água (locais secos).

III.4 Critérios de Avaliação de Dados

Os resultados das análises laboratoriais efectuadas, foram analisados tendo em

consideração os objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais

– Anexo XXI do Decreto Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, e as normas de qualidade das

águas destinadas à rega – Anexo XVI, do mesmo diploma.

Dado que a legislação nacional não contempla os parâmetros radiológicos analisados,

recorreu-se, numa posição conservadora, à norma USEPA CFR40 “Protection of

Environment – Part 141”, para água de consumo humano que contempla os

parâmetros Rádio-226 e Urânio Total, cujos limites são, respectivamente, 0,185 Bq/l

(para Ra-226 + Ra-228) e 30 µg/l.

Nos EUA, os valores limite estabelecidos para a descarga de efluentes da actividade

mineira de urânio (Norma USEPA CFR440.32 “Effluent limitations for mine drainage

from open pit and underground uranium mines”) para os parâmetros 226Ra e Urânio

são substancialmente mais elevados, 1.11 Bq/l e 4000 µg/l, respectivamente, para os

valores diários.

Page 8: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

7

IV. Resultados e Discussão

IV.1 Águas Superficiais

Na Tabela 2 apresentam-se os resultados dos parâmetros expeditos determinados in

situ aquando da colheita das amostras de águas superficiais.

Tal como exigido na DIA, no CD em anexo ao relatório são apresentados os dados da

monitorização em formato digital (ficheiro Excel), quer para as águas superficiais, quer

para as subterrâneas.

Tabela 2 – Parâmetros determinados in situ aquando da colheita das amostras.

Amostra Data pH Condutividade (µµµµS/cm)

T (ºC) Eh (mV)

WEA01 21-06-2010 8,60 124 231,0 -101 WEA 02 21-06-2010 8,36 81 23,8 -88 WEA 03 21-06-2010 8,32 78 24,2 -86

WER 001 21-06-2010 3,79 1984 17,6 175 WER 002 21-06-2010 Seco WER 003 21-06-2010 Seco WER 004 21-06-2010 Seco

Verifica-se que as amostras colhida em três locais diferentes na albufeira da Aguieira

apresentam valores semelhantes para todos os parâmetros analisados e consistentes

com os que têm vindo a ser registados em anteriores campanhas de monitorização,

revelando boa qualidade.

No caso das que se designam por linhas de água, que mais propriamente

correspondem a linhas de festo, conduzindo caudais reduzidos, de valores médios

inferiores a 10 l/s. Estas linhas de água têm carácter temporário, e devido ao regime

torrencial da precipitação, verifica-se a existência de caudal apenas no Inverno,

enquanto que no Verão estão secas. Na Primavera, de um modo geral, o escoamento

é relativamente uniforme e vai diminuindo à medida que se aproxima o Verão. Isto

apesar do confinamento e selagem dos materiais de escombreira, tornou menos

permeável a área, o que origina uma maior quantidade de água naquelas linhas de

festo relativamente à que anteriormente se registava.

Page 9: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

8

À data desta campanha, apenas uma das linhas de água amostradas WER01

apresentava caudal e revelava acidez. Ponderada a causa, e dado que esta acidez é

gerada ao longo do leito constituído por xisto piritoso, sem quaisquer sedimentos de

corrente, tudo indica que decorrera da limpeza destas linhas de festo produzida por

exigência das medidas de projecto da DIA.

Na Tabela 3 apresentam-se os resultados obtidos na determinação dos parâmetros

radiológicos e químicos monitorizados nas águas superficiais. Constata-se que nas

amostras recolhidas na albufeira da Aguieira (WEA) os valores de 226Ra e de Utotal se

encontram abaixo do limite de detecção. Por sua vez, na linha de água WER001, as

concentrações em urânio total mantêm-se muito elevadas, com um caudal residual.

Dada a natureza pirítica das rochas e expondo às condições atmosféricas os xistos,

geradores de acidez sob a forma de ácido sulfúrico (revelado pelas elevadas

concentrações de sulfatos) que, por sua vez, solubiliza o urânio e o manganês, que

também apresenta um valor elevado (Tabela 3). No entanto, os valores até agora

obtidos, quando comparados com os anteriores à obra, já evidenciam melhorias com

significado, como está patente na Figura 2, em que se evidencia uma notória descida

das concentrações, com excepção da última campanha de monitorização, em que o

menor caudal do mês de Junho corresponde a um ligeiro aumento das concentrações

(efeito de concentração).

Tabela 3 – Parâmetros radiológicos e químicos monitorizados nas águas superficiais.

Código Amostra Data 226Ra (Bq/l) U total (µµµµg/l) SO42- (mg/l) Mn (mg/l)

WEA 01 21-06-2010 < 0,01 < 1.0 5,4 < 0,05

WEA 02 21-06-2010 < 0,01 < 1.0 5,4 0,07

WEA 03 21-06-2010 < 0,01 < 1.0 7,2 < 0,05

WER 001 21-06-2010 < 0,01 1630 1100 10

Comparando os resultados obtidos com os objectivos ambientais de qualidade mínima

para as águas superficiais estipulados no Anexo XXI do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de

Agosto, verifica-se que na albufeira da Aguieira todos os objectivos são cumpridos,

sendo que a grande maioria dos parâmetros analisados apresenta valores inferiores

aos critérios estabelecidos.

Page 10: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

9

Vale da Abrutiga - Concentração de urânio e sulfatos em WER001

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

24-0

3-20

06

10-1

0-20

06

28-0

4-20

07

14-1

1-20

07

01-0

6-20

08

18-1

2-20

08

06-0

7-20

09

22-0

1-20

10

10-0

8-20

10

26-0

2-20

11

Data

U total (ug/l)

SO42- (mg/l)

Figura 2. Evolução das concentrações de urânio e sulfatos na linha de água WER001.

IV.2 Águas Subterrâneas

Relativamente às águas subterrâneas amostradas, optou-se por apresentar em gráfico

a evolução dos diferentes parâmetros e grandezas determinadas, antes, durante e

após a obra. Assim, nas figuras seguintes apresentam-se os dados de níveis de água,

pH, condutividade, urânio total, 226Ra, sulfatos e manganês relativos a furos e

piezómetros na envolvente da antiga área mineira de Vale da Abrutiga.

Relativamente à evolução dos níveis da água nos locais monitorizados, observa-se

que têm apresentado o comportamento expectável, com subidas nos níveis medidos

nos períodos de pluviosidade mais intensa.

Page 11: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

10

Vale da Abrutiga - Furos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mar

-06

Jun-

06

Set

-06

Dez

-06

Mar

-07

Jun-

07

Set

-07

Dez

-07

Mar

-08

Jun-

08

Set

-08

Dez

-08

Mar

-09

Jun-

09

Set

-09

Dez

-09

Mar

-10

Jun-

10

Set

-10

Data

NHE (m) WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 3. Evolução dos níveis nos furos existentes na antiga área mineira.

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Dez

-06

Fev

-07

Abr

-07

Jun-

07

Ago

-07

Out

-07

Dez

-07

Fev

-08

Abr

-08

Jun-

08

Ago

-08

Out

-08

Dez

-08

Fev

-09

Abr

-09

Jun-

09

Ago

-09

Out

-09

Dez

-09

Fev

-10

Abr

-10

Jun-

10

Ago

-10

Data

NHE (m)

WEF PP1A

WEF PP1B

WEF PP2A

WEF PP2B

WEF PP3A

WEF PP3B

WEF-Pz5

WEF-Pz6

Figura 4. Evolução dos níveis nos piezómetros existentes na antiga área mineira.

Page 12: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

11

Água de Mina - Vale da Abrutiga

0

5

10

15

20

25

30

35

Jan-

08F

ev-0

8M

ar-0

8A

br-0

8M

ai-0

8Ju

n-08

Jul-0

8A

go-0

8S

et-0

8O

ut-0

8N

ov-0

8D

ez-0

8Ja

n-09

Fev

-09

Mar

-09

Abr

-09

Mai

-09

Jun-

09Ju

l-09

Ago

-09

Set

-09

Out

-09

Nov

-09

Dez

-09

Jan-

10F

ev-1

0M

ar-1

0A

br-1

0M

ai-1

0Ju

n-10

Jul-1

0A

go-1

0S

et-1

0

Data

NHE (m)

WEM-01

WEM-02

Figura 5. Evolução dos níveis nos poços instalados na antiga corta da mina de Vale da

Abrutiga.

Relativamente aos valores de pH observados, é importante destacar a subida dos

valores de pH medidos na água no interior da antiga área mineira, conforme se

constata na Figura 9. Nos restantes locais, os valores medidos são idênticos, com

excepção do Furo 2 (WEF002), conforme já referido em relatórios anteriores, situado a

montante da área mineira que apresenta um aumento da condutividade e uma

redução do pH, a par de um aumento das concentrações em sulfatos e manganês.

Estes valores dever-se-ão a um escoamento sub-superficial e à acumulação de águas

de escorrência neste local, acidificadas devido à geologia subjacente.

Page 13: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

12

Vale da Abrutiga - Furos

0

2

4

6

8

10

12

14M

ar-0

6

Jun-0

6

Set

-06

Dez

-06

Mar

-07

Jun-0

7

Set

-07

Dez

-07

Mar

-08

Jun-0

8

Set

-08

Dez

-08

Mar

-09

Jun-0

9

Set

-09

Dez

-09

Mar

-10

Jun-1

0

Set

-10

Data

pH WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

VMA mín

VMA máx

Figura 6. Evolução do pH nos furos existentes na antiga área mineira.

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

2

4

6

8

10

12

14

Dez

-06

Fev

-07

Abr

-07

Jun-

07

Ago

-07

Out

-07

Dez

-07

Fev

-08

Abr

-08

Jun-

08

Ago

-08

Out

-08

Dez

-08

Fev

-09

Abr

-09

Jun-

09

Ago

-09

Out

-09

Dez

-09

Fev

-10

Abr

-10

Jun-

10

Ago

-10

Data

pH

WEF PP1A

WEF PP1B

WEF PP2A

WEF PP2B

WEF PP3A

WEF PP3B

VMA mín

VMA máx

Figura 7. Evolução do pH nos piezómetros existentes na antiga área mineira.

Page 14: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

13

Água de Mina - Vale da Abrutiga

0

2

4

6

8

10

12

14Ja

n-08

Abr

-08

Jul-0

8

Out

-08

Jan-

09

Mar

-09

Abr

-09

Mai

-09

Jun-

09

Jul-0

9

Ago

-09

Set

-09

Out

-09

Nov

-09

Dez

-09

Mar

-10

Jun-

10

Set

-10

Data

pH

WEM-01

WEM-02

VMA mín

VMA máx

Figura 8. Evolução dos valores de pH nos poços instalados na

antiga corta da mina de Vale da Abrutiga.

Vale da Abrutiga - Furos

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Mar

-06

Jun-

06

Set

-06

De

z-06

Mar

-07

Jun-

07

Set

-07

De

z-07

Mar

-08

Jun-

08

Set

-08

De

z-08

Mar

-09

Jun-

09

Set

-09

De

z-09

Mar

-10

Jun-

10

Set

-10

Data

Condutividade (µµ µµS/cm)

WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 9. Evolução da condutividade nos furos existentes na antiga área mineira.

Page 15: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

14

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

Dez

-06

Ma

r-07

Jun-

07

Se

t-07

Dez

-07

Ma

r-08

Jun-

08

Se

t-08

Dez

-08

Ma

r-09

Jun-

09

Se

t-09

Dez

-09

Ma

r-10

Jun-

10

Se

t-10

Data

Condutividade ( µµ µµS/cm)

WEF PP1A

WEF PP1B

WEF PP2A

WEF PP2B

WEF PP3A

WEF PP3B

Figura 10. Evolução dos valores de condutividade nos piezómetros existentes na antiga

área mineira.

Na Tabela 4 apresentam-se os resultados dos restantes parâmetros químicos nas

águas subterrâneas, na campanha de amostragem de Junho de 2010. Comparando os

resultados obtidos com os critérios de qualidade estipulados no Anexo XVI do Decreto-

Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, verifica-se que os valores de sulfatos e manganês

ultrapassam os limites legais nos locais de amostragem WEF002 e WEF-Pz5. No caso

dos parâmetros radiológicos, os valores agora medidos evidenciam uma melhoria da

qualidade das águas em relação às campanhas anteriores. Todas as actividades de 226Ra apresentam valores inferiores ao limite estabelecido para águas de consumo

humano e no caso do urânio total, apenas os pontos WEF-PP1A, WEF-PP1B e WEF-

Pz5 apresentam valores superiores ao limite de 30 µg/l definido para o consumo

humano.

Page 16: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

15

Tabela 4 – Resultados analíticos das águas subterrâneas.

Código Amostra

Data NHE (m) pH Cond. (µµµµS/cm)

T (ºC) Eh (mV)

226Ra (Bq/l)

U total (µµµµg/l)

SO42-

(mg/l) Mn2+

(mg/l)

WEF 001 21-06-2010 2,50 3,88 659 15,9 169 < 0,01 3 230 1,4

WEF 002 21-06-2010 3,47 3,26 1424 17,7 206 < 0,01 7 610 11

WEF 003 21-06-2010 29,00 6,34 195 16,4 30 0,03 2,40 11 0,61

WEF 004 21-06-2010 26,05 6,15 178 15,4 40 0,03 < 1 24 < 0,05

WEF - PP1A 21-06-2010 5,28 5,33 539 16,3 86 < 0,01 90 200 4,3

WEF - PP1B 21-06-2010 3,66 4,35 3790 16,0 142 < 0,01 177 270 53

WEF - PP2B 21-06-2010 29,30 5,49 157 15,8 78 < 0,01 < 1 27 0,3

WEF - PP3A 21-06-2010 13,50 5,64 170 17,2 70 < 0,01 < 1 25 0,82

WEF - PP3B 21-06-2010 13,74 6,40 215 17,7 26 < 0,01 6,1 35 0,37

WEF - Pz5 21-06-2010 6,25 3,88 3470 17,6 170 0,08 220 2300 86

Vale da Abrutiga - Furos

0

10

20

30

40

50

60

70

Abr

-06

Out

-06

Abr

-07

Out

-07

Jan-

08

Jul-0

8

Nov

-07

Fev

-08

Out

-08

Abr

-09

Dez

-09

Jun-

10

Data

Urânio total (µµ µµg/l)

WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 11. Evolução da concentração em urânio total

nos furos existentes na antiga área mineira.

Page 17: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

16

Vale da Abrutiga - Furos

0,00

0,15

0,30

0,45

0,60

0,75

Abr

-06

Out

-06

Abr

-07

Out

-07

Jan-

08

Jul-0

8

Nov

-07

Fev

-08

Out

-08

Abr

-09

Dez

-09

Jun-

10

Data

226 Ra (Bq/l)

WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 12. Evolução da actividade do 226Ra nos furos existentes

na antiga área mineira.

Vale da Abrutiga - Furos

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

Abr-06 Out-06 Abr-07 Out-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Mar-10

Data

Sulfatos (mg/l)

WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 13. Evolução da concentração em sulfatos nos furos monitorizados.

Page 18: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

17

Observa-se que não existem alterações significativas nos parâmetros monitorizados

ao longo de todo o período de monitorização, apresentando sim variações sazonais

dos parâmetros, que ocorrem naturalmente com a alternância de períodos de maior e

menor precipitação. Tal como observado nas campanhas pós-implementação

anteriores, a excepção é o ponto WEF 02, situado a montante da antiga corta da área

mineira que apresenta um aumento da condutividade e uma redução do pH, a par de

um aumento das concentrações em sulfatos e manganês. Estes valores dever-se-ão a

um escoamento sub-superficial e à acumulação de águas de escorrência neste local,

acidificadas devido à geologia subjacente aos solos existentes que ficaram expostos

após a remoção da escombreira. Os valores observados no par piezométrico mais

próximo PP3 assim o confirmam, uma vez que, nem no piezómetro superficial (A),

nem no piezómetro profundo (B), se observa esta tendência.

Vale da Abrutiga - Furos

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

Abr-06 Out-06 Abr-07 Out-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Mar-10

Data

Manganês (mg/l) WEF 001

WEF 002

WEF 003

WEF 004

Figura 14. Evolução da concentração em manganês nos

furos existentes na antiga área mineira.

Page 19: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

18

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Abr-07 Nov-07 Fev-08 Out-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Mar-10

Data

Urânio total (µµ µµg/l)

WEF PP1A

WEF PP1B

WEF PP2A

WEF PP2B

WEF PP3A

WEF PP3B

WEF-Pz5

WEF-Pz6

Figura 15. Evolução das concentrações em urânio total nos piezómetros existentes na antiga área mineira.

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

Abr-07 Nov-07 Fev-08 Out-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Mar-10

Data

226Ra (Bq/l)

WEF PP1A

WEF PP1B

WEF PP2A

WEF PP2B

WEF PP3A

WEF PP3B

WEF-Pz5

WEF-Pz6

Figura 16. Evolução das actividades de 226Ra nos piezómetros

existentes na antiga área mineira.

Page 20: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

19

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Abr-0

7Ju

l-07

Out

-07

Nov-0

7

Jan-

08

Fev-0

8

Jul-0

8

Out

-08

Jan-

09

Abr-0

9Ju

l-09

Dez-0

9

Mar

-10

Jun-

10

Data

Sulfatos (mg/l)

WEF PP1AWEF PP1B

WEF PP2BWEF PP3AWEF PP3BWEF-Pz5

WEF-Pz6

Figura 17. Evolução das concentrações em sulfatos nos piezómetros existentes na

antiga área mineira.

Vale da Abrutiga - Pares Piezométricos

0

20

40

60

80

100

120

Abr-0

7

Jul-0

7O

ut-0

7Nov

-07

Jan-

08Fev

-08

Jul-0

8O

ut-0

8Ja

n-09

Abr-0

9

Jul-0

9Dez

-09

Mar

-10

Jun-

10

Data

Manganês (mg/l)

WEF PP1AWEF PP1B

WEF PP2BWEF PP3AWEF PP3BWEF-Pz5

WEF-Pz6

Figura 18. Evolução das concentrações em manganês nos piezómetros existentes na

antiga área mineira.

Page 21: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

20

Tem-se verificado uma evolução claramente positiva no piezométrico PP1, que

sistematicamente apresentava concentrações mais elevadas em radionuclídeos,

sulfatos e manganês e, consequentemente, uma pior qualidade da água. Também o

novo piezómetro Pz5 apresenta valores elevados de urânio, sulfatos, alumínio, cobre e

zinco, consistentes com a natureza pirítica dos materiais geológicos.

V. Medidas Correctivas Implementadas

Uma vez que a limpeza das linhas de água, implementada na sequência das

exigências da DIA, a jusante da zona de antiga exploração mineira e dos trabalhos de

recuperação ambiental desenvolvidos, se revelou contraproducente, visto ter-se

introduzido um desequilíbrio nos solos naturalmente estabilizados, pela remoção de

vegetação autóctone, e tendo em conta os resultados obtidos nas anteriores

campanhas de monitorização da qualidade das águas, nomeadamente os valores de

acidez medidos nas linhas de água temporárias, já após esta colheita de amostras, foi

realizada uma intervenção nesta antiga área mineira (ver Figuras 19 e 20), com a

colocação de enrocamento calcário nas linhas de água que foram sujeitas a limpeza e

cuja rocha píritica está exposta à acção das águas da chuva, de forma a permitir uma

subida do pH e consequente melhoria da qualidade da água, estabilizando o solo, já

que permite represar os sedimentos gerados na corrente de águas pluviais e selar

progressivamente o bed-rock piritoso.

Page 22: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

21

Figura 19. Vista das linhas de água antes da colocação de enrocamento calcário.

Figura 20. Vista das linhas de água após a colocação de enrocamento calcário.

Page 23: Obras de Remediação Ambiental da Antiga Área Mineira do ...

OBRAS DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL DA

ANTIGA ÁREA MINEIRA DO VALE DA ABRUTIGA

Relatório de Monitorização da Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas Fase de Pós-Implementação

22

VI. Conclusões

Os resultados obtidos nas campanhas pós-implementação realizadas evidenciam uma

tendência para a melhoria da qualidade das águas superficiais e subterrâneas, após a

conclusão das obras.

As análises efectuadas evidenciaram águas superficiais na Albufeira da Aguieira com

boa qualidade de acordo com os critérios utilizados. Relativamente às linhas de água

monitorizadas, os resultados revelam problemas de acidez que resultam directamente

da lixiviação dos materiais geológicos naturais existentes pelas águas das chuvas,

mas com uma evolução positiva nos principais parâmetros, em comparação com os

valores medidos antes da execução da obra. Após a colocação do enrocamento

calcário nas linhas de água que foram sujeitas à limpeza, expondo a rocha-mãe,

espera-se subir, a médio prazo, o pH e melhorar a qualidade das águas. A vegetação

que se venha a estabelecer nas linhas de água permitirá a renaturalização destas

zonas.

Também em relação às águas subterrâneas se observaram melhorias nos principais

parâmetros monitorizados (urânio, rádio, sulfatos e manganês).