Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.

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TÉCNICAS DE PESQUISA: OBSERVAÇÃO, QUESTIONÁRIO E ENTREVISTA 1 Anna Buy ‐ PUC‐Rio Departamento de Artes & Design OBSERVAÇÃO É uma técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar. É um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa. Ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Obriga o pesquisador a um contato mais direto com a realidade. Com esta técnica devem ficar claro o grau de participação do observador e a duração das observações. Para isso, é preciso planejar O QUE e COMO observar. Uma observação é considerada científica quando: É sistematicamente planejada É registrada metodicamente e está relacionada a proposições mais gerais, em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades interessantes. É sujeita a verificação e controles de validade e precisão Serve a um objetivo formulado de pesquisa Os fatos são percebidos diretamente, reduzindo a subjetividade. O REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES Toda observação deve ser registrada, o difícil é saber quando, como e onde fazer as anotações. Vale ressaltar que quanto mais próximo do momento da observação, maior sua acuidade. E a forma de registro estará diretamente relacionada com o papel do pesquisador em relação ao grupo observado. Durante o registro é importante deixar bem visível as diferentes informações: as falas, as citações e as observações pessoais. Uma boa dica é mudar de parágrafo a cada nova situação. 1 Disponível em: http://wwwusers.rdc.puc‐rio.br/imago/site/metodologia/textos/anabuy.htm . Acesso em: 15/fev/2011.

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TÉCNICAS DE PESQUISA: OBSERVAÇÃO, QUESTIONÁRIO E ENTREVISTA1 

Anna Buy ‐ PUC‐Rio 

Departamento de Artes & Design 

OBSERVAÇÃO 

É uma técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar. É um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa. 

Ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Obriga o pesquisador a um contato mais direto com a realidade. 

Com esta técnica devem ficar claro o grau de participação do observador e a duração das observações. Para isso, é preciso planejar O QUE e COMO observar. 

Uma observação é considerada científica quando: 

∙       É sistematicamente planejada 

∙       É registrada metodicamente e está relacionada a proposições mais gerais, em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades interessantes. 

∙       É sujeita a verificação e controles de validade e precisão 

∙       Serve a um objetivo formulado de pesquisa 

∙       Os fatos são percebidos diretamente, reduzindo a subjetividade. 

O REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES 

Toda observação deve ser registrada, o difícil é saber quando, como e onde fazer as anotações. Vale ressaltar que quanto mais próximo do momento da observação, maior sua acuidade. E a forma de registro estará diretamente relacionada com o papel do pesquisador em relação ao grupo observado. 

Durante o registro é importante deixar bem visível as diferentes informações: 

as falas, as citações e as observações pessoais. Uma boa dica é mudar de parágrafo a cada nova situação. 

                                                             1 Disponível em: http://wwwusers.rdc.puc‐rio.br/imago/site/metodologia/textos/anabuy.htm . Acesso em: 15/fev/2011. 

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Em relação ao material de registro, este dependerá do estilo de cada pesquisador. Podem ser usados: papel de tamanho pequeno, fichário, folhas avulsas ou um material que mantenha junto todo o conjunto de observações para fazer consultas às informações já obtidas sempre que necessário.Toda observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva. 

Descritiva 

∙       descrição dos sujeitos ‐ aparência, modo de agir, de falar. 

∙       reconstrução de diálogos ‐ gestos, depoimentos, frases. 

∙       descrição de locais ‐ o ambiente, espaço físico. 

∙       descrição de eventos especiais ‐ o que ocorrem e como foi 

∙       descrição das atividades ‐ atividades gerais e comportamentos 

∙      comportamentos do observador ‐ suas ações e atitudes, conversas. 

Reflexiva 

São as observações pessoais, suas especulações, sentimentos, problemas, idéias, impressões, pré‐concepções, dúvidas, incertezas, surpresas e decepções. As reflexões podem ser de vários tipos: 

∙       reflexões analíticas ‐ o que está sendo aprendido 

∙       reflexões metodológicas ‐ procedimentos e estratégias metodológicas 

∙       dilemas éticos e conflitos ‐ relacionamento/conflitos entre a responsabilidade profissional do pesquisador e o compromisso com os sujeitos 

∙       mudança na perspectiva do observador ‐ expectativas, opiniões, preconceitos e decepções do observador e sua evolução durante o estudo. 

∙      esclarecimentos necessários ‐ esclarecer aspectos que parecem confusos, elementos que necessitam de maior exploração. 

VANTAGENS DA OBSERVAÇÃO: 

∙       chegar mais perto das perspectivas dos sujeitos 

∙       ser útil para descobrir aspectos novos de um problema 

∙       importante quando não existir uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados 

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∙       permite a coleta de dados em situações em que formas de comunicação são impossíveis 

∙       possibilita meio direto e satisfatório para estudar uma ampla variedade de fenômenos 

∙       exige menos do observador do que outras técnicas 

∙       depende menos da introspecção ou da reflexão 

∙       permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários. 

LIMITAÇÕES DA OBSERVAÇÃO: 

∙       o pesquisador pode provocar alterações no comportamento do grupo observado 

∙       o observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no pesquisador, favorecendo a interpretação pessoal ‐ juízo de valor. 

∙       envolvimento que leva a uma visão distorcida ou a uma representação parcial da realidade 

∙       fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador 

∙       a duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados 

∙       vários aspectos da vida cotidiana, particular podem não ser acessíveis ao pesquisador. 

A observação possui métodos que variam de acordo com as circunstâncias. 

Segundo os meios utilizados 

1.       Observação não estruturada 

2.       Observação estruturada 

Segundo a participação do observador 

1.       Observação não participante 

2.       Observação participante 

Segundo o número de observações 

1.       Observação individual 

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2.       Observação em equipe 

Segundo o lugar onde se realiza 

1.  Observação efetuada na vida real 

2.  Observação efetuada em laboratório 

OS MÉTODOS SEGUNDO OS MEIOS UTILIZADOS 

1. Observação não estruturada 

Também chamada de simples, assistemática, espontânea, informal ou não planificada. Neste caso o pesquisador é um espectador. 

Essa observação é muito indicada para conhecimento de fato ou situação que tenham certo caráter público, como hábitos de compra, de vestuário, de conveniência social, de freqüência a lugares públicos, etc... Não é adequada para testar hipóteses ou descrever com precisão as características de uma população. 

Vantagens da observação simples: 

∙       Possibilita elementos para delimitação de problemas 

∙       favorece a construção de hipóteses 

∙      obtenção de dados sem interferir no grupo estudado 

Limitações da observação simples: 

∙       o pesquisador coloca seus gostos e afeições 

∙       o registro depende da memória 

∙       gera grande interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado 

Para o registro também podem ser utilizados recursos como: gravadores, câmaras fotográficas, filmadoras, etc... 

             

2. Observação estruturada 

Também chamada de sistemática, planejada ou controlada. Tem por objetivo responder propósitos pré‐estabelecidos, o pesquisador sabe o que procura. Deve ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que vê ou recolhe fornecendo descrições precisas dos fenômenos ou o teste de hipóteses. 

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É preciso que um plano de observação seja elaborado previamente que estabeleça as categorias necessárias à análise da situação. Para isso é necessária a realização de estudos exploratórios. 

SEGUNDO A PARTICIPAÇÃO DO OBSERVADOR 

1. Observação não participante 

Também conhecida como observação passiva. O pesquisador não se integra ao grupo observado, permanecendo de fora. Presencia o fato, mas não participa dele, não se deixa envolver pelas situações, faz mais o papel de espectador. O procedimento tem caráter sistemático. 

2. Observação participante 

O pesquisador é ativo, pode assumir duas formas distintas: natural (quando pertence à mesma comunidade) ou artificial (quando se integra ao grupo). E pode ser classificado em quatro diferentes tipos de observador: participante total ‐ não revela sua identidade, participante observador ‐ revela apenas parte dela, observador como participante ‐ identidade e objetivos revelados e observador total ‐ não interage com o grupo faz sua observação sem ser visto. 

Vantagens da observação participante: 

∙       rápido acesso a dados sobre situações habituais 

∙       acesso a dados que são considerados privados 

    captar palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados. 

Limitações da observação participante: 

∙       Sua observação é restrita a um estrato da população pesquisada. 

SEGUNDO O NÚMERO DE OBSERVAÇÕES 

1. Observação individual 

Possui somente um pesquisador, em conseqüência a pesquisa pode vir a ser distorcida pela limitação em controlar uma situação. 

Vantagens da observação individual: 

∙       intensificação da objetividade de suas informações 

Limitações da observação individual: 

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∙       a personalidade do pesquisador se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou distorções. 

2. Observação em equipe 

Um grupo de pesquisadores observando por vários ângulos, utilizando as seguintes formas de observação: 

∙       todos observam o mesmo grupo 

∙       cada um observa um aspecto 

∙       uns observam e outros registram 

∙       formação de uma rede de observadores ‐ técnica denominada de observação maciça 

SEGUNDO O LUGAR ONDE SE REALIZA 

1. Observação efetuada na vida real 

Esse tipo de observação é sempre feito em ambiente real. É uma observação espontânea e sem preparação. O registro é feito no local. 

2. Observação efetuada em laboratório 

Observação para descoberta de ação e conduta em condições dispostas e controladas. Tem um caráter artificial. 

QUESTIONÁRIO 

Técnica de investigação composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, etc. 

Também conhecido como enquête (reunião de testemunhos sobre determinado assunto), tese (quando a pesquisa é psicológica) ou formulário (qualquer impresso com campos para anotação de dados). 

VANTAGENS DO QUESTIONÁRIO 

∙       possibilita atingir um grande número de pessoas 

∙       menores gastos com pessoal ‐ não exige treinamento 

∙       garante o anonimato das respostas 

∙       as respostas podem ser dadas em qualquer momento 

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∙       os pesquisados não são influenciados 

LIMITAÇÕES DO QUESTIONÁRIO 

∙       exclui os analfabetos  

∙       impede o auxílio a esclarecimentos 

∙       impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido 

∙       perdem‐se ou não são respondidos por completo 

∙       número restrito de perguntas 

∙       os itens podem ter significado diferente para cada pesquisado. 

A CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO 

As perguntas devem ser bem redigidas e traduzir os objetivos da pesquisa, para isso deve‐se levar em conta: forma, conteúdo, escolha, formulação, quantidade, ordem e deformações. 

ASPECTOS 

A Forma das Perguntas 

∙       aberta ‐ o interrogado responde com suas palavras. Adequada para estudos formuladores ou exploratórios 

∙       fechada ‐ todas as respostas possíveis são pré‐fixadas (múltipla escolha). 

∙       dupla ‐ inclui uma pergunta fechada e outra aberta sendo que a aberta sempre utilizando o “por quê?”. 

O Conteúdo das Perguntas 

∙       Perguntas sobre Fato ‐ utilizada para descobrir fatos concretos: idade, sexo, nacionalidade, etc. 

∙       Perguntas sobre Crenças ‐ utilizada para descobrir dados sobre preconceitos, ideologias, religiões, etc. 

∙       Perguntas sobre Sentimentos ‐ utilizada para descobrir reações emocionais perante fatos, fenômenos, instituições, etc. 

∙       Perguntas sobre Padrões de Ação ‐ utilizada para descobrir o reflexo de predominância de opiniões, futuros comportamentos em determinadas situações. 

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∙       Perguntas Dirigidas a Comportamento Presente ou Passado ‐ tem por objetivo prever um comportamento futuro. 

∙       Perguntas Referentes a Razões Conscientes de Crenças, Sentimentos, Orientações ou Comportamentos ‐ perguntas simples para descobrir os “porquês”.  

A Escolha das Perguntas 

Dependerá da natureza da informação desejada, do nível sócio‐cultural dos interrogados, etc. 

Regras para escolha das perguntas: 

∙       perguntar somente sobre o problema pesquisado 

∙       não incluir perguntas cujas respostas podem ser obtidas de forma mais precisa com outros métodos 

∙       devem ser fáceis de se responder 

∙       evitar perguntas sobre intimidades 

∙       devem ter uma relação direta com as tabulações e análises de dados 

A Formulação das Perguntas 

O conteúdo da resposta está diretamente relacionado com a maneira como foi formulada a pergunta. 

∙       devem ser claras, concretas e precisas. 

∙       levar em consideração o sistema de referência e o nível de informação do interrogado 

∙       não usar perguntas dúbias 

∙       a pergunta não deve sugerir respostas 

∙       usar uma pergunta para cada idéia 

O Número de Perguntas 

Dependerá do interesse do interrogado em relação ao tema. O ideal é não ultrapassar a trinta. 

A Ordem das Perguntas 

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Tomar cuidado para que uma resposta não influencie a outra e cuidar para que não haja uma mudança muito brusca de temas. 

A Prevenção de Deformações 

Deve‐se tomar cuidado com os mecanismos de defesa social que são inconscientemente utilizados pelos interrogados e acabam distorcendo as respostas. Os mais freqüentes são: 

1. A defesa de fachada ‐ quando o interrogado acha que pode vir a ser julgado, utiliza respostas defensivas, estereotipadas ou socialmente desejáveis.  

Dica: evite perguntas que levem a esse tipo de resposta, formular respostas articuladas para testar a autenticidade de uma resposta a partir de outra. 

2. A defesa contra a pergunta personalizada ‐ “o que você pensa a respeito de...”, “na sua opinião...” tendem a provocar respostas de fuga. Nesses casos as respostas são sempre negativas: “não sei”, “não estou seguro” e “não tenho opinião”. 

Dica: evitar perguntas que levem a esse tipo de respostas e utilizar perguntas indiretas em temas delicados. 

3. A deformação conservadora ‐ resistência a mudanças. Tendência a responder “sim” ao invés de “não”, fornecimento de respostas conformistas. 

Dica: tomar cuidado com o “tom” das perguntas. 

4. O efeito de palavras estereotipadas ‐ palavras chocantes como: comunista, nazista, vermelho, crente, burguês, podem provocar distorções devido a sua carga emocional. 

Dica: evitar essas palavras substituindo‐as por equivalentes mais neutros. 

5. A influência da referência a personalidades de destaque ‐ a utilização de uma personalidade em destaque pode gerar respostas positivas ou negativas. 

Dica: evitar referências a pessoas que provocam simpatia, autoridade moral ou desprezo público. 

A Apresentação do Questionário 

É muito importante, porque será utilizado sem a presença do pesquisador, devem estimular os interrogados a responderem. Tomar cuidados em relação a: 

∙       apresentação gráfica ‐ tipo de papel, diagramação, espaçamento entre questões, etc. 

∙       instruções para preenchimento ‐ explicar da melhor maneira possível. 

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∙       introdução do questionário ‐ todo questionário deve trazer uma introdução, através de uma carta separada ou com um destaque especial. Informar qual a entidade pesquisadora e as razões desse estudo. 

O PRÉ‐TESTE DO QUESTIONÁRIO 

Antes de aplicar o questionário deve‐se testar para identificar possíveis falhas como: complexidade, imprecisão na redação, desnecessidade das questões, constrangimento ao informante, exaustão, etc. 

O pré‐teste deve ser aplicado em um grupo de 10 a 20 pessoas da mesma população que se pretende pesquisar. E depois se deve entrevistá‐las para que possam comentar suas dificuldades. 

O pré‐teste tem por objetivo assegurar validade e precisão de um questionário que deverá estar bem elaborado em relação a: clareza e precisão dos termos, forma das questões, desmembramento das questões, ordem das questões e introdução do questionário. 

ENTREVISTA          

Técnica de investigação social pode ser utilizada para qualquer tipo de assunto: pessoal, íntimo, complexo. É a mais flexível de todas as técnicas, também usada para aprofundar pontos levantados por outras técnicas de coleta. 

O bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar e saber buscar algo de preciso. 

O pesquisador deve ter o maior cuidado no processo de seleção e treinamento dos entrevistadores ‐ o sucesso desta técnica está diretamente relacionado com a relação entrevistador e entrevistado. 

OBJETIVOS 

∙       obtenção de informações sobre determinado assunto ou problema 

∙       averiguação de fatos 

∙       determinação de opiniões 

∙       determinação de sentimentos 

∙       descoberta de planos de ação 

TIPOS DE ENTREVISTA 

∙       Padronizada ou Estruturada ‐ quando segue um roteiro. 

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∙       Despadronizada ou Não Estruturada ‐ informal. Divide‐se em: focalizada ‐ roteiro com tópicos; clínica ‐ para entender os sentimentos, não dirigida ‐ liberdade total do entrevistado e painel ‐ repetição de perguntas para estudar mudanças de opiniões. 

VANTAGENS DA ENTREVISTA 

∙       captação imediata da informação 

∙       pode atingir pessoas com qualquer nível de instrução 

∙       fornece uma amostragem muito melhor da população geral 

∙       maior flexibilidade ‐ o entrevistador pode esclarecer perguntas 

∙       maior oportunidade de avaliar condutas 

∙       oportunidade para obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais 

∙       os dados podem ser quantificados e submetidos a tratamento estatístico. 

LIMITAÇÕES DA ENTREVISTA 

∙       dificuldade de expressão e comunicação 

∙       fornecimento de respostas falsas por razões conscientes e inconscientes 

∙       dificuldades do entrevistado em responder ou por falta de cultura ou por problemas psicológicos 

∙       o entrevistado pode ser influenciado pelo entrevistador 

∙       custos de treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas 

∙      ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada 

PREPARAÇÃO DA ENTREVISTA 

O pesquisador deve ter uma idéia clara da informação que necessita, algumas medidas são fundamentais: 

∙       planejamento da entrevista ‐ ter um objetivo 

∙       conhecimento prévio do entrevistado ‐ saber o grau de familiaridade dele com o assunto 

∙       oportunidade da entrevista ‐ marcar hora e local 

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∙       condições favoráveis ‐ garantir que as respostas serão confidenciais 

∙       contato com líderes ‐ maior entrosamento e variabilidade de informações 

∙       conhecimento prévio de campo ‐ evitar desencontros e perda de tempo 

∙       preparação específica ‐ organizar formulário com perguntas importantes. 

CLASSIFICAÇÃO DAS ENTREVISTAS 

As entrevistas podem ser classificadas em: informais, focalizadas, por pautas ou estruturadas. Essa classificação é feita de acordo com o grau de estruturação, quanto mais estruturada maior o grau de respostas a serem obtidas, quanto menos estruturada mais espontânea. 

Entrevista Informal 

∙       menos estruturada ‐ fornece uma visão global do “problema” 

∙       identificação de aspectos da personalidade do pesquisado 

Adequada para estudos exploratórios, entrevistar pessoas especializadas no tema. Existe também uma outra vertente da entrevista informal denominada de entrevista clínica ou profunda, utilizada para investigações de problemas psicológicos. 

Entrevista Focalizada 

∙       é livre como a informal, porém aborda um tema específico 

∙       pesquisador hábil para respeitar o tema sem uma base estruturada 

Adequado para estudos de situações experimentais ou em grupos de pessoas que passaram por uma mesma experiência. 

Entrevista por Pautas 

∙       apresenta certo grau de estruturação 

∙       devem ser ordenadas 

∙       com poucas perguntas diretas 

∙       entrevistado com liberdade de fala em relação às pautas 

Adequada para situações em que os entrevistados não se sintam à vontade para responder a indagações formuladas com maior rapidez. 

Entrevista Estruturada ou Formalizada 

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Também conhecida como questionário de contato direto. 

∙       relação fixa de perguntas, com ordem e redação invariável 

∙       grande número de entrevistados 

∙       tratamento quantitativo dos dados. 

Adequada para o desenvolvimento de levantamentos sociais, tem como vantagens à rapidez, não exige exaustiva preparação dos pesquisadores, possibilita a análise estatística dos dados através das respostas padronizadas, porém sua limitação é o fato de não possuir um maior aprofundamento em perguntas pré‐fixadas. 

CONDUÇÃO DA ENTREVISTA 

Para maior êxito deve‐se observar algumas normas: contato inicial, formulação de perguntas, estímulos a respostas completas, registro de respostas, término da entrevista e requisitos importantes. 

ASPECTOS 

O Estabelecimento do Contato Inicial 

∙       o entrevistador deve ser bem recebido 

∙       o entrevistador deve explicar a finalidade de sua visita 

∙       deixar claro que a entrevista é de caráter confidencial 

∙       criar um ambiente de cordialidade e simpatia 

∙       respeitar o entrevistado 

∙       terminar antes que o entrevistado esgote o interesse pela conversa. 

A Formulação das Perguntas 

∙       fazer perguntas padronizadas 

Algumas recomendações para formulação de perguntas: 

∙       perguntas diretas somente para entrevistado que esteja pronto para dar a informação 

∙       evitar perguntas que geram respostas negativas logo no início 

∙       fazer uma pergunta de cada vez 

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∙       as perguntas não devem sugerir respostas 

∙      perguntar até esgotar um tema para depois passar para outro 

Estímulos a Respostas Completas 

Geralmente algumas perguntas levam a respostas incompletas ou obscuras. O entrevistador deve estimular o entrevistado a fornecer uma resposta mais precisa usando indagações neutras: “Poderia contar um pouco mais a respeito?”, “Qual a causa no seu entender?” “Qual a sua idéia com relação a este ponto?” “Qual o dado que lhe parece mais exato?”. 

O Registro das Respostas 

∙       fazer anotações ou gravações 

∙       evitar anotações de memória que criam distorções 

∙       anotar na hora 

Criar um plano de Registro 

∙       dispor o formulário sobre a mesa ou superfície lisa 

∙       situar na mesma linha visual o formulário e o entrevistado para poder observar a um e a outro sem movimentos bruscos 

∙       anotar somente depois que o entrevistado começar a responder 

∙       usar ponto de exclamação se o tom da resposta pedir 

∙       anotar atitudes do entrevistado que tenham algum significado 

∙       utilizar as mesmas palavras do entrevistado 

∙       incluir tudo em relação aos objetivos da pergunta e sintetizar as digressões mesmo que não se refiram diretamente ao assunto 

Término da Entrevista 

Terminar como começou ‐ cordial, deixando uma porta aberta para novas entrevistas. 

Requisitos Importantes 

∙       validade ‐ comparação com fonte externa (outro entrevistador) 

∙       relevância ‐ ter relação aos objetivos da pesquisa 

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∙       especificidade e clareza ‐ referência a dados, data, nomes, lugares, etc. 

∙       profundidade ‐ relacionada aos sentimentos, pensamentos e lembranças do entrevistado, sua intensidade e intimidade. 

∙       extensão ‐ amplitude da resposta 

BIBLIOGRAFIA 

1. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1989. 

2. LÜDKE,M; ANDRÉ,M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986. 

3. MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 2ed. São Paulo: Atlas, 1990.