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APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA II Curso: Ciências Contábeis Profa. Msc. Rejane da Silva Marques

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APOSTILA DELÍNGUA PORTUGUESA II

Curso: Ciências Contábeis

Profa. Msc. Rejane da Silva Marques

JUIZ DE FORA

2011.2

UNIDADE I – TEXTOS

1. RESUMO

É um texto reduzido às suas ideias principais, sem a presença de comentários ou julgamentos. Um resumo não é uma crítica, assim como a resenha o é; o objetivo do resumo é informar sobre o que é mais importante em determinado texto.

Para Platão e Fiorin (1995), resumir um texto significa condensá-lo à sua estrutura essencial sem perder de vista três elementos:

1. as partes essenciais do texto;

2. a progressão em que elas aparecem no texto;

3. correlação entre cada uma das partes.

Se o texto que estamos resumindo for do tipo narrativo, devemos prestar atenção aos elementos de causa e sequências de tempo; se for descritivo, nos aspectos visuais e espaciais; caso o texto for dissertativo, é bom cuidar da organização e construção das ideias.

Existem, segundo Van Dijk & Kintsch (apud FONTANA, 1995, p.89), basicamente 3 técnicas que podem ser úteis ao escrevermos uma síntese. São elas: o apagamento, a generalização e a construção.

1.1 APAGAMENTO

Como no nome já diz, o apagamento consiste em apagar, em cortar as partes que são desnecessárias. Geralmente essas partes são os adjetivos e os advérbios, ou frases equivalentes a eles. Vamos ver um exemplo.

O velho jardineiro trabalhava muito bem. Ele arrumava muitos jardins diariamente.

Sendo essa a frase a ser resumida através do apagamento, poderia ficar assim:

O jardineiro trabalhava bem.

Cortamos os adjetivo “velho” e o advérbio “muito” na primeira frase e eliminamos a segunda. Ora, se o jardineiro trabalhava bem, é porque arrumava jardins; a segunda informação é redundante.

1.2 GENERALIZAÇÃO

A generalização é uma estratégia que consiste em reduzir os elementos da frase através do critério semântico, ou seja, do significado. Exemplo:

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Pedro comeu picanha, costela, alcatra e coração no almoço.

As palavras em destaque são carnes. Então, o resumo da frase fica:

Pedro comeu carne no almoço.

1.3 CONSTRUÇÃO

A técnica da construção consiste em substituir uma sequência de fatos ou proposições por uma única, que possa ser presumida a partir delas, também se baseando no significado. Exemplo:

Maria comprou farinha, ovos e leite. Foi para casa, ligou a batedeira, misturou os ingredientes e colocou-os no forno.

Todas essas ações praticadas por Maria nos remetem a uma síntese:

Maria fez um bolo.

Além dessas três, ainda existe uma quarta dica que pode ajudar muito a resumir um texto. É a técnica de sublinhar.

Enquanto você estiver lendo o texto, sublinhe as palavras ou frases que fazem mais sentido, que expressam ideias que tenham mais importância. Depois, junte seus sublinhados, formando um texto a partir deles e aplique as três primeiras técnicas.

Exemplo de resumo:

ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 284 p.

O trabalho examina 1.500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981 e objetiva caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem escrita, particularmente desses indivíduos.

A autora usou redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de uma possível crise da linguagem e, através do estudo, estabelecer relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos, de continuidade e quantidade de informações, ausência de originalidade.

Também foram objeto de análise condições externas como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. Um dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de coesão. A autora preocupa-se ainda com a progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o nonsense, os clichês, as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos. O uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69,0% dos textos. Somente em 40 textos verificou-se a presença de linguagem criativa. Às vezes o discurso estrutura-se com frases bombásticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.

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Leia, agora , o texto de Sérgio Ávila publicado no Caderno Folhateen da Folha de S.Paulo, em 5 de julho de 2004.

Fast food taz bem ou mal? O McDonald's está no centro da discussão há 25 anos como mostra o filme Super Size Me.

"Odeio muito tudo isso." A frase que enfeita a comunidade "Eu odeio o McDonald's!" no Orkut e inverte o slogan brasileiro da rede de fast food norte-americana pode ser rápida, mas dá uma ideia do estado de espírito de parte de jovens internautas em relação à marca de hambúrgueres e a fast food em geral.

Há 14 comunidades criadas exclusivamente para discutir a rede no ambiente de relações sócio-virtuais. Destas, oito são francamente críticas e, entre essas, seis são majoritariamente brasileiras. O que se depreende dos depoimentos é que as restrições mais comuns são de natureza distintas: nutricional e ideológica.

São os "verdes" e os "vermelhos". No primeiro caso se encaixa o niteroiense Felipe Muller, 23, que trabalha numa

agência de publicidade e mantém o blog Blog'Burguer, que ele assim batizou por defender que os textos colocados nos diários virtuais, os web logs, ou blogs, são o fast food da literatura, e não por apreciar a iguaria. "Não tenho nada ideologicamente contra eles, mas já fui gordo e sei que preciso comer alimentos saudáveis que não encontro em fast foods', disse ao Folhateen.

Eles não são necessariamente contra uma marca específica, e sim contra um tipo de comida oferecida. O estudante Rodolfo Freitas Ribeiro, 18, é vegetariano há um ano e meio. "Depois que comecei a praticar yoga, parei totalmente com este tipo de alimentação, pois a carne deixa resíduo nos órgãos e atrapalha a técnica."

O produtor de moda Fernando Luís Cardoso, 20, só entra para comer em um restaurante de fast food "se for no desespero". Frituras, "só de ver" já passa mal. "A última vez que comi fast food, um misto-quente, foi há dois anos, quando visitava parentes em Avaré [interior de São Paulo]", contabiliza. "Hoje, tenho dificuldade de escolher um restaurante para o almoço."

No escaninho da ideologia, está a estudante paulistana Clara Martins, 14: "Na época da Guerra do Iraque, eu não comia no McDonald's por ser contra a invasão norte-americana. Hoje, eu continuo não comendo por ser um símbolo do imperialismo dos Estados Unidos", disse.

A relação de amor e ódio com a rede de hambúrgueres no Brasil é quase tão velha quanto a primeira loja tupiniquim, inaugurada em Copacabana em 1979, seguida pelo primeiro posto na avenida Paulista, em São Paulo, mas foi reavivada recentemente pela doutrina Bush, no campo ideológico, e por uma obra polêmica, o documentário Super Size Me, na área de nutrição.

O filme ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Sundance e estreou no Brasil em agosto de 2004, depois de ser exibido no Festival Internacional de Cinema de Brasília (FIC), com a presença do diretor, Morgan Spurlock. O norte-americano passou 30 dias alimentando-se exclusivamente de alimentos vendidos pelo McDonald's, aceitando todas as vezes que lhe era oferecido o tamanho super ( o super size do título, que por sua vez quer dizer "me aumente", não "eu gigante").

É um cacoete dos funcionários de lá, parecido com "fritas acompanham o pedido?" do Brasil. Em quase todas as compras alguém oferece: "Do you want to super size it?" (você quer aumentar o tamanho?). Nessa categoria, um "quarteirão com queijo" duplo

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tem 280 g e responde por 56% de todo o colesterol, 75% do total de gordura geral e 100% do total de gordura saturada a ser consumida por uma pessoa num dia inteiro segundo os parâmetros de dieta saudável sugeridos pelo FDA, o órgão que controla alimentos e medicamentos nos EUA.

Pois o documentarista engordou, teve problemas no fígado, depressão e disfunção sexual, entre outros efeitos. Seu filme virou bandeira num país que sofre uma epidemia de obesidade, segundo o mesmo FDA, causada principalmente pela explosão do consumo de fast food entre jovens,

"Curto e grosso: comer nesse tipo de fast food todo dia ou frequentemente faz mal", disse à Folha o médico Carlos Augusto Monteiro, professor titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP. "Equivale a comer uma feijoada: uma vez por mês, o.k., mais que isso se torna prejudicial."

Já o caso ideológico é anterior e não diz respeito à qualidade do que oferecem as redes, mas ao que representam no imaginário coletivo, algo como se fosse a versão sólida da Coca-Cola ou a cozinha do Tio Sam. Vem da reação que o governo do presidente George W. Bush teve ao ataque terrorista de 11 de setembro, explicitada na Doutrina Bush, que defende ataques preventivos contra países potencialmente ameaçadores aos EUA ou que apóiem grupos terroristas e que resultou na Guerra do Afeganistão e na invasão do Iraque.

"Nós ainda não temos a real dimensão da perda de solidariedade, de simpatia que o american way of life tem sofrido desde o ataque terrorista de 11 de setembro", dis- se Maria Aparecida de Aquino, professora de história contemporânea da Universidade de São Paulo (USP). "É avassaladora, e muito rápida, principalmente no Brasil."

Para a acadêmica, o jovem repete chavões como "abaixo o imperialismo norte-americano" ou "fora com os ianques" um pouco por cópia, mas no fundo percebe que "um boicotezinho, por menor que seja", pode ser bem-vindo e fazer diferença no estado das coisas. "É até saudável", acredita.

No meio do caminho, estão os contemporizadores. Aí se encaixa o webmasterpaulistano Roberto Nogueira, 21. "Adoro o Bob's, seus lanches com peru e frango", disse. "Eu vou ao McDonald's quando estou com amigos e todos resolvem comer lá, pela praticidade."

O fato é que, saudável ou não-saudável, símbolo do imperialismo ou não, no Brasil, só no ano passado, a rede teve 500 milhões de consumidores. Além disso, o McDonald's gera 66 mil empregos diretos e indiretos e, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgado no mês passado, é a empresa que mais oferece a oportuni- dade do primeiro emprego - 70% de seu quadro é formado por jovens em seu primeiro trabalho com carteira assinada.

Leia, a seguir, o resumo do texto apresentado. Perceba que, do texto dado, muitos depoimentos foram excluídos, mas foi mantida a referência superficial às ideias neles contidas. Evitaram-se também os detalhes, como especificar os sanduíches ingeridos e os cacoetes utilizados nas lanchonetes.

O filme Super Size Me discute a velha polêmica dos Fast foods e, como não

poderia deixar de ser, o McDonald’s. Há comunidades criadas para discutir a rede. Dentre elas existem aquelas extremamente críticas que se dividem quanto à restrição nutricional e à questão ideológica. No primeiro caso, são pessoas que buscam uma alimentação e, por conseguinte, uma vida mais saudável. No segundo grupo, estão aqueles que vêem o

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McDonald's como símbolo do imperialismo americano e se opõem ao american way oflife. O diretor de Super Size Me, Morgan Spurlock, passou 30 dias alimentando-se

apenas de alimentos vendidos no McDonald's, todas as vezes aceitando o tamanho super (o super size do título, que também significa "me aumente"). Ele engordou, teve pro- blemas de fígado, disfunção sexual, entre outros distúrbios. A frase chave da rede nos EUA, "Do you want to super size it?" como no Brasil "acompanha fritas?" deu título ao filme, que já arrecadou bons prêmios.

Verdade é que, polêmica, prejudicial à saúde, símbolo do americanismo, a rede teve no ano passado meio milhão de consumidores no Brasil, gerou empregos e ofereceu oportunidades a milhares de jovens brasileiros.

2. PARÁFRASE

Segundo o dicionário Houaiss é uma interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto do que a letra; explicação, interpretação ou nova apresentação do texto que visa torná-lo mais inteligível; maneira diferente de dizer algo que foi dito; frase sinônima de outra.

Observe os textos abaixo:

TEXTO 1Álcool fatal

Que bebidas alcoólicas podem matar já se sabe. A novidade é que o estão fazendo em ritmo acelerado. Pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) feita com atestados de óbito emitidos no Estado de São Paulo entre 2000 e 2002 mostra que as doenças do fígado já são a segunda causa de morte de homens entre 35 e 59 anos, perdendo apenas para as patologias do coração. E o álcool responde por pouco mais da metade dessas moléstias hepáticas.

Entre 1996 e 2002 as mortes por doenças do fígado provocadas pelo álcool subiram 14,8%, enquanto as patologias motivadas por causas não-alcoólicas caíram 21 ,4%.

Outro dado surpreendente diz respeito a diferenças na mortalidade por regiões de Estado. Enquanto na zona administrativa de Ribeirão Preto, no triênio 2000-2002, doen- ças do fígado de etiologia alcoólica mataram 44,3 em cada grupo de 100 mil homens de 35 a 59 anos, na área de São José do Rio Preto a taxa foi de 15,4. A diferença está so- bretudo no maior número de alambiques e no baixo preço da aguardente vendida na região de Ribeirão Preto.

Esses dados devem servir como um sinal de alerta para o governo. Já passa da hora de tratar o álcool como uma droga. Não se trata, é claro, de proibi-Io. Os norte-americanos já tentaram bani-Io nos anos 20 e o efeito mais notável da medida não foi a redução do alcoolismo, mas o incentivo ao gangsterismo. A exemplo do que se fez com o

cigarro, porém, é preciso cercear a propaganda de bebidas e dar início a programas de esclarecimento, além de apoio à recuperação de dependentes.

Outra proposta a considerar é o aumento de impostos sobre bebidas, principalmente as de alto teor alcoólico. O caso de Ribeirão Preto sugere uma correlação entre baixo preço e mortalidade por doenças hepáticas.

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Agora observe o texto acima parafraseado:

TEXTO 2

O álcool leva o ser humano à morte mais rápido do que antes se imaginava. Segundo a Pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), realizada a partir de atestados de óbito emitidos no Estado de São Paulo entre 2000 e 2002, depois das doenças cardíacas, as doenças hepáticas já são as que mais causam a morte de homens na faixa dos 30 aos 60 anos, sendo que mais da metade delas é causada pelo álcool.

Nos últimos anos aumentaram em 14,8% as mortes causadas pelo álcool, ao contrário das mortes causadas por outras doenças, que diminuíram 21,4%.

Vale a pena ressaltar também as diferenças nos índices de mortalidade por regiões de Estado. Em Ribeirão Preto, por exemplo, morrem muito mais homens vítimas de doenças do fígado provocadas pelo álcool do que em São José do Rio Preto. Tal fato está relacionado ao maior número de alambiques e ao baixo preço da aguardente vendida na região de Ribeirão Preto.

Estes fatos alarmantes comprovam que se faz necessário tratar o álcool como uma droga, o que não significa proibi-lo, pois nos EUA tal experiência, nos anos 20, não foi bem-sucedida. Todavia, é urgente limitar as propagandas de bebidas e, como ocorreu com o cigarro, conscientizar e cuidar dos dependentes.

Outra alternativa é taxar as bebidas alcoólicas com altos impostos. Ribeirão Preto indica uma relação entre o baixo custo dessas bebidas e as mortes que elas provocam.

Observe que o número de parágrafos do texto inicial foi mantido, assim como as ideias presentes nele. Note também que algumas palavras foram copiadas, mas não há cópia de um período todo, por exemplo.

Então, parafrasear é manter as informações presentes no texto a ser parafraseado, redigindo-as de nova maneira, com palavras próprias, diferentes das do primeiro texto.

Diferença entre resumo e paráfrase

Se a paráfrase mantém todas as ideias do texto original, o resumo traz apenas os principais enfoques sem referir-se às minúcias.

Assim, na paráfrase mudam-se as palavras sem nenhuma alteração do conteúdo. No resumo, sintetiza-se o conteúdo.

Para reforçar a relação entre resumo e paráfrase, vale a pena observar a tabela abaixo:

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É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião.

O que deve constar numa resenha:

O título A referência bibliográfica da obra Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada O resumo, ou síntese do conteúdo A avaliação crítica

3.1 O TÍTULO DA RESENHA

 O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme o exemplo, a seguir:

Título da resenha: Astro e vilão Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael JacksonLivro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995

3.2 COMO SE FAZ UMA RESENHA

É importante saber que não existem fórmulas mágicas, receitas prontas sobre como fazer uma resenha. Como todos os outros tipos de texto, é algo que aprendemos fazendo e treinando.

Para aqueles que, apesar de tudo, ainda não sabem por onde começar, seguem algumas dicas:

a) Leia o texto que serve de ponto de partida para a resenha. É o primeiro fundamental passo. A qualidade de sua resenha depende, em grande parte, da qualidade da leitura que você fizer do texto.

b) Se necessário, faça um resumo do texto. Selecione as ideias principais do autor do texto e leia mais de uma vez.

c) Todo texto contém várias ideias, que estão postas em uma hierarquia. Há ideias principais e ideias secundárias. Depreenda qual é a ideia principal.

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d) Analise a ideia escolhida e procure traçar quais são os pressupostos do autor e a sua fundamentação para formular a ideia.

e) Emita um julgamento a respeito da ideia. Ela é verdadeira ou não? Ela é verdadeira, por quê? Se é falsa, por quê?

f) Faça tudo isso antes de começar a redigir o texto. Use um rascunho, se necessário. Apenas depois de resolvidos os passos de A até E é que você estará pronto para escrever o texto e decidir sobre sua organização.

g) É importante que seu texto tenha organização e unidade.

3.3 COMO SE INICIA UMA RESENHA

Pode-se começar uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser resenhada. Veja os exemplos:

      "Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112 páginas), do gramático Celso Pedro Luft, traz um conjunto de ideias que subvertem a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veementemente, o ensino da gramática em sala de aula.

 Mais um exemplo:

"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Record: tradução de Alves Calado; 540 páginas, 29,90 reais), que chega às livrarias nesta semana, é o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de outubro, 1995).

      Outra maneira bastante frequente de iniciar uma resenha é escrever um ou dois parágrafos relacionados com o conteúdo da obra.

      Observe o exemplo da resenha sobre o livro "História dos Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilário Franco Júnior (Folha de São Paulo, 12 de julho, 1996).

O que é ser jovem

Hilário Franco Júnior

      Há poucas semanas, gerou polêmica a decisão do Supremo Tribunal Federal que inocentava um acusado de manter relações sexuais com uma menor de 12 anos. A argumentação do magistrado, apoiada por parte da opinião pública, foi que "hoje em dia não há menina de 12 anos, mas mulher de 12 anos".

     Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredicto como a aceitação de "novidades imorais de nossa época". Alguns dias depois, as opiniões foram

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novamente divididas diante da estatística publicada pela Organização Mundial do Trabalho, segundo a qual 73 milhões de menores entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para alguns isso é uma violência, para outros um fato normal em certos quadros sócio-econômico-culturais.

     Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem pretender orientar comportamentos e transformar a legislação se contextualizadas, relativizadas. Enfim, se historicizadas. E para isso a "História dos Jovens" - organizada por dois importantes historiadores, o modernista italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza, e o medievalista francês Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études em Sciences Sociales - traz elementos interessantes.

Exemplo de resenha:

GARCEZ, Lucília H. do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para escrever bem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

IMPORTANTES ASPECTOS RELACIONADOS AO ATO DE LER

Em sua obra, Garcez (2002) apresenta um amplo panorama sobre o processo de leitura, destacando aspectos que, se bem trabalhados, podem contribuir para que os alunos aprimorem sua competência textual.

Partindo do princípio de que o ato de ler está diretamente relacionado ao ato de escrever, a autora ressalta que, para que o aluno possa compreender melhor aquilo que lê, ele deve sempre estar atento a procedimentos específicos de seleção e hierarquização das informações, como, por exemplo, observar títulos e subtítulos, analisar ilustrações, destacar palavras-chave etc. Além disso, seriam fundamentais processos de simplificação das idéias do texto – como construir paráfrases mentais e estabelecer relações lexicais/morfológicas/sintáticas – e processos de coerência textual – como, por exemplo, identificar a que gênero pertence o texto.

A autora destaca, ainda, um outro ponto extremamente relevante: a importância de se definir o objetivo a partir do qual lemos um texto. Segundo ela, quando definimos claramente nosso objetivo diante do texto, podemos definir se realizaremos uma leitura ascendente (do particular para o geral) ou descendente (do geral para o particular).

Através de exemplos concretos, representados por fragmentos textuais, Garcez (2002) ainda ressalta, de forma bastante clara, algumas estratégias que podem contribuir para compreendermos aquilo que lemos. Para a autora, portanto, seria relevante: a) estabelecer um objetivo claro em relação ao texto lido; b) identificar as palavras-chave que compõem o texto; c) tomar notas dos pontos importantes discutidos no texto; d) estudar e compreender o vocabulário; e) destacar divisões do texto, o que certamente facilitará seu entendimento; f) simplificar aquilo que lemos, a partir da realização de paráfrases mentais; g) identificar a coerência textual que subjaz àquilo que lemos; h) perceber a intertextualidade, identificando em que medida o texto lido dialoga com outros discursos; i) apresentar um monitoramente durante o processo de leitura, o que contribuirá para nossa concentração.

Garcez (2002) estabelece, ainda, um paralelo entre a memória de longo prazo e a memória de curto prazo, destacando que, na memória de curto prazo, ficam as informações novas, às quais acabamos de ter acesso. Segundo ela, para que possamos

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internalizar aquilo que lemos, devemos, portanto, sempre atribuir sentido ao processo de leitura, pois ele se tornará significativo para nós somente dessa forma.

Destarte, observamos que a autora trata de questões cruciais, que podem realmente tornar o processo de leitura mais proficiente e significativo.

EXERCÍCIOS

1) Selecione as principais ideias do texto a seguir e escreva um resumo de, no máximo, 25 linhas sobre cada uma delas. Lembre-se de que, ao resumir, deve-se desprezar o que não for primordial.

Saudade para quê?

Existem jovens que sentem nostalgia por não terem sido jovens em gerações passadas. Saudade do enfrentamento com os militares dos anos 70, da organização estudantil nas ruas, do sonho socialista-comunista-anarquista-marxista-Ieninista. Ter saudade da ditadura é ter saudade de conhecer a tortura, o medo, a falta de liberdade e a morte. Ser jovem naquela época era coexistir com a morte, ver os amigos ser tirados das salas de aula para o pau-de-arara, para o choque elétrico, para as humilhações. Da mesma forma, quem sente nostalgia dos anos 80 se esquece do dogmatismo limitante das tribos daqueles tempos, fossem punks, góticos ou metaleiros. Hoje é a vez dos mauricinhos-patricinhas-cybermanos-junkies, das raves, do crack, da segurança dos shoppings e do Beira-Mar. Um cenário que pode parecer aborrecido ou irritante para muita gente que tem uma visão romântica de outras décadas. Mas nada melhor que a liberdade que temos hoje para saber qual é a real de uma juventude e de uma sociedade. Hoje, a juventude é mais tolerante com as diferenças. Hoje, existem ferramentas melhores para a pesquisa e a diversão. Hoje, a participação em ONGs é grande e isso mostra um país que trabalha, apesar do Estado burocrático. O país está melhor. Falta muito, mas o olhar está mais atento, e até o sexo está mais seguro. Não temos hinos mobilizadores, mas nem precisamos deles.

O jovem de hoje não precisa mais lutar pelo fim da tortura ou por eleições diretas, pois outras gerações já fizeram isso. Se o país necessitar, é verdade, lá estarão eles de cara limpa, pintada, o que for. Mas é bobagem achar, como pensam os nostálgicos, que tudo já foi feito. Há muito por realizar pelo país. Seria bom, por exemplo, se a ju- ventude participasse de forma mais efetiva na luta pela educação e pela leitura. Sim, porque lemos pouco, muito pouco. Ler mais vai fazer a diferença. Transformar a chati- ce da obrigação de ler Machado de Assis no prazer absoluto de ler Machado de Assis.

Repensar a escola também é fundamental. Dar ao aluno mais responsabilidade pelo próprio destino e a chance de se autoavaliar e avaliar seus professores. Reformular o sistema de avaliação e transformar a escola numa atividade de prazer: trazer para dentro dos colégios os temas da atualidade, além de transformar numa atividade doce o trinômio física-química-biologia.

Vivemos num país que mistura desdentados com marombados, famintos com bad boys, motins em prisões com raves na Amazônia, malabares nos cruzamentos com gatinhas tatuadas, crianças com 15 anos na Febem e outras com 15 na Disney. É

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Macunaíma dando passagem aos tropicalistas, numa maçaroca que é o samba-enredo chamado Brasil. É um país com muitas diferenças ─ e acabar com elas é papel dos jovens. A juventude deve acima de tudo, saber desconfiar das verdades absolutas. Desconfiar sempre é ser curioso, pesquisador, renovador, transgressor. Seja intransigente na transgressão. Sempre diga não ao não ─ e desafine o coro dos contentes.

Serginho Groisman. Veja. Edição Especial, p.82, jun. 2004.

2) Faça uma paráfrase do texto abaixo:Droga pesada

[ ... ] A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o coração e, através do sangue arterial, se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Estes, uma vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais do que álcool, cocaína, morfina e crack. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida.

A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. [ ... ]

Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre a vida e a morte e não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca. [ ... ]

Mais de 95% dos usuários de nicotina começam a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas, compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoção do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e a ânsia de liberdade. [ ... ]

O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Afinal, que pais e mães somos nós?

Dráuzio Varella (www.drauziovarella.com.br. acesso em 25 ago. 2004).

3) Leia o texto abaixo e elabore uma resenha sobre ele.

Filhos do capitalismo

Desde a aurora da civilização, há a percepção de que o perfil de uma sociedade é intrínseco ao modelo político-econômico vigente. Tanto é que, ao analisar a sociedade de uma determinada região em um dado período histórico, consideram-se primeiro os aspectos políticos e econômicos. Dessa maneira, não é de extrema complexidade apon- tar os valores que norteiam a atualidade, por isso é que é preciso avaliar o processo de globalização, ou seja, da internacionalização do capitalismo e do que circunda o atual estágio da sociedade. Nada mais sensato que constatá-Ios na juventude, para onde todos esses valores convergem.

A competitividade de mercado e os ideais capitalistas de acumulação de bens materiais emprestam ao jovem certo individualismo, já que o árduo trabalho dos pais tem

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como objetivo o desfrute dos filhos. Tal constatação revela mais um valor importante, o hedonismo, que nada mais é que uma forma de demonstrar “status” atualmente: o tempo de lazer é proporcional ao nível de riqueza.

O consumismo exagerado, também como maneira de alcançar “status”, o maior sonho burguês, desde os tempos da Revolução Francesa, impele os jovens a se dedicarem a inúmeras atividades simultâneas, o que, muitas vezes, nada contribui para o desenvolvimento intelectual. A discrepância entre a aparência e a essência, esta lacônica e alienada, dos jovens, torna-se nítida. No entanto, o valor máximo é alcançado, segundo a máxima maquiavélica. Em outras palavras, a aparência é essencial; a artificial idade é uma constante.

Na mesma linha de pensamento, percebe-se uma profunda dissolução da estrutura familiar pelo excesso de trabalho, que marginaliza a formação de uma base moral e psicológica dos filhos. Suscetíveis a distorções de personalidade, aproximam-se das drogas e compõem outro valor capital da juventude: a transgressão de leis e diluição de autoridade.

Uma análise crítica desses valores é exposta no filme Kids, produzido no centro difusor capitalista, os EUA, em que valores como a xenofobia e o racismo são discutidos.

Os filhos do capitalismo não poderiam ser diferentes: valorizam o material, são indiferentes à causa social e ao coletivo, visam ao benefício próprio, não importando os meios para tal, mesmo que se tenha que transgredir as leis e subjugar autoridades e têm a alienação como característica preponderante.

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UNIDADE II – PROCESSOS SINTÁTICOS

1. PROCESSOS SINTÁTICOS: COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

1.1 COORDENAÇÃO

Orações coordenadas sindéticas e assindéticas: As orações coordenadas podem estar simplesmente justapostas, isto é, colocadas uma ao lado da outra sem qualquer conectivo que as enlace (assindética) ou ligadas por uma conjunção coordenativa (sindética). Exemplos: "Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para trás." (A. Abelaira)"A Grécia seduzia-o, mas Roma dominava-o." (Graça Aranha)

As orações coordenadas sindéticas classificam-se em:

Aditivas: se a conjunção é coordenativa aditiva.

Ex: "Insisti no oferecimento da madeira, e ele estremeceu." (G. Ramos)

Adversativas: se a conjunção é coordenativa adversativa.

Ex: "Estava frio, mas ela não o sentia." (M. J. de Carvalho)

Alternativas: se a conjunção é coordenativa alternativa.

Ex: "Ou eu me engano muito ou a égua manqueja." (C. de Oliveira)

Conclusivas: se a conjunção é coordenativa conclusiva.

Ex: "Ouço música, logo ainda não me enterraram." (P. Mendes Campos)

Explicativa: se a conjunção é coordenativa explicativa.

Ex: "Um pouquinho só lhe bastava no momento, pois estava com fome." (A. M. Machado)

1.2 SUBORDINAÇÃO

As orações subordinadas funcionam sempre como termos essenciais, integrantes ou acessórios de outra oração. Classificam-se em substantivas, adjetivas e adverbiais, porque as funções que desempenham são comparáveis às exercidas por substantivos, adjetivos e advérbios.

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As orações subordinadas adverbiais funcionam como ADJUNTO ADVERBIAL de outras orações e vêm, normalmente, introduzidas por uma das CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS. Classificam-se em:

• Causais: se a conjunção é subordinativa causal.

Ex: "Não veste com luxo porque o tio não é rico." (Machado de Assis)

• Concessivas: se a conjunção é subordinativa concessiva.

Ex: "Ainda que não dessem dinheiro, poderiam colaborar com um ou outro trabalho." (O. Lara Resende)

• Condicionais: se a conjunção é subordinativa condicional.

Ex: "Tudo vale a pena / se a alma não é pequena." (F. Pessoa)

• Finais: se a conjunção é subordinativa final.

Ex: "Fiz-lhe um sinal que se calasse." (Machado de Assis)

• Temporais: se a conjunção é subordinativa temporal.

Ex: "Quando estiou, partiram." (C. de Oliveira)

• Consecutivas: se a conjunção é subordinativa consecutiva.

Ex: "Era uma voz tão grave, que metia medo." (A. Meyer)

• Comparativas: se a conjunção é subordinativa comparativa.

Ex: "Jurou-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer." (Machado de Assis)

• Conformativas: se a conjunção é subordinativa conformativa.

Ex: "Conforme declarei, Madalena possuía um excelente coração." (G. Ramos)

• Proporcionais: se a conjunção é subordinativa proporcional.

Ex: "Choviam os ditos ao passo que ela seguia pelas mesas." (Almada Negreiros)

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1. 3 QUADRO DAS CONJUNÇÕES

A) COORDENATIVAS:

Classificação Sentido Principais conjunções

Aditivas adição, soma e, nem, mas também

Adversativas oposição, contraste

mas, porém, contudo, todavia, entretanto

Alternativas alternância, exclusão

ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...

Conclusivas conclusão quer logo, pois (posposto ao verbo), portanto

Explicativas explicação pois (anteposto ao verbo), porque, que

B) SUBORDINATIVAS:

Classificação Sentido Principais conjunções

Integrantes sem valor semântico específico, apenas ligam orações

que, se

Causais causa, motivo porque, como, já que, visto que

Condicionais condição se, caso, desde que, contanto que

Consecutivas conseqüência que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que

Comparativas comparação como, que (precedido de mais ou menos), assim como

Conformativas conformidade como, conforme, segundo

Concessivas concessão embora, se bem que, mesmo que, ainda que

Temporais tempo quando, assim que, antes que, depois que

Finais finalidade para que, a fim de

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que, que

Proporcionais proporção à medida que, à proporção que

EXERCÍCIOS

1) Identifique a relação semântica estabelecida pelas orações coordenadas a seguir:

a)Eu gostava de ajudar, mas não sei como.b)Ora chove, ora faz sol.c)É o mais rápido, portanto, vai à frente.d)Levantou-se e saiu.e)Acende uma luz, que não se vê nada.

2) Substitua os conectivos em destaque por outros que sejam equivalentes e que mantenham o mesmo sentido. Faça as devidas adequações nas sentenças quando necessário.

a) Marisa é tão boa digitadora quanto Teresa.

b) O Plano de Estabilização Econômica foi tão cercado de flores de todos os lados que não percebemos suas consequências menos interessantes.

c) Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

d) Nilo Lusa deixou o magistério porquanto sua saúde era precária.

e)Antônio Carlos falou baixinho a fim de que não fosse percebida sua revolta.

f) Conforme as últimas notícias, o mundo corre risco de uma guerra generalizada.

g) Caso tivesse realizado as obras necessárias, não teria perdido a eleição.

h) Enquanto leio poesia, recupero o equilíbrio emocional.

i) O barulho de algazarra aumenta à medida que se aproxima das crianças.

3) Utilize, em cada caso, o conectivo adequado para manter as relações de sentido entre as orações abaixo:

a) A alfabetização é uma das questões mais graves da educação no país, cuja deficiência explica boa parte da crise do ensino ______________o estudante tem dificuldades de ler e escrever.

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b) O sindicato dos professores conseguiu barrar, na Justiça, a determinação da Secretaria da Educação de que as notas servissem como critério _______________os temporários escolhessem aula na rede pública.

c) _______fosse para levar a sério a educação, provas desse tipo deveriam ser periódicas em toda a rede (assim como os alunos também são submetidos a provas).

d) Após um sequestrador trocar de carro e levar a garota, a babá foi solta em Aparecida do Norte, por volta das 12h. Ela, _________, só conseguiu avisar a família da garota por volta das 17h.

e) Em seu livro Linguagem Jornalística (Ática, 1998, R$12,90), Lage diz que o texto jornalístico precisa suprimir usos linguísticos de valores referenciais pobres.

_________________, ele não compartilha mais desta visão: “o forte da linguagem jornalística é sua referencialidade, ela é formalmente referencial.”

f) É indiscutível o poder da língua e a versatilidade de pensamento do indivíduo que a domina. É necessário,_____________ , despertar no aluno o interesse em conhecer e manipular as palavras.

g) A informação tornou-se demasiado importante para ser um monopólio do jornalista, ao mesmo tempo em que, graças à web, a arena da comunicação começa a ser invadida por uma multidão de novos protagonistas.________________, é possível afirmar que a imprensa como a entendemos hoje (sistema de mídia impressa) não desaparecerá da face da Terra mesmo depois de a internet deixar de ser um privilégio de poucos.

h) A obrigação do poder público é divulgar as listas com as notas ___________________os pais saibam na mão de quem estão seus filhos.

i) "Foi um técnico de sucesso ____________nunca conseguiu uma reputação no campo à altura da sua reputação de vestiário."

4) O enunciado seguinte está de acordo com a norma culta da língua portuguesa:

“Estarei lá, quer chova ou faça sol.”?

5) Segundo reza a Constituição, todos os cidadãos têm direito à saúde.

Na frase acima, a oração destacada expressa ideia de:

a) comparação b) proporção c) finalidade

d) consequência e) conformidade

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6) Baseando-se na tirinha abaixo, a afirmação incorreta é:

a) A 1ª fala do primeiro quadrinho apresenta ambiguidade.b) Na 1ª fala do primeiro quadrinho, há omissão de termo.c) A última fala (2º quadrinho) expressa ideia de finalidade.d) Ao fazer a pergunta (1º quadrinho), a personagem Hagar entendeu que o amigo enfrentava conflitos conjugais.e) Em ambas as perguntas, constata-se a chamada pergunta retórica (recurso característico da oratória clássica), ou seja, interrogação que não espera resposta do interlocutor.

7) ABASTECIMENTO

120 mil moradores de Sumaré devem ficar sem água hoje por quatro horas.

Cerca de 120 mil pessoas vão ficar sem água hoje em Sumaré (26 km de Campinas), devido à interrupção do abastecimento da ETA (Estação de Tratamento de Água) por quatro horas. A suspensão ocorrerá por causa do corte de energia que será feito pela CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). No final da semana passada, em decorrência da seca e do excesso de poluição, a interrupção da captação do rio Atibaia, que abastece 50% da cidade, já havia deixado os 120 mil moradores sem água.

Ontem, o Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico informou que a região corre risco de enfrentar uma crise de abastecimento nos próximos meses. Os técnicos dizem que a região enfrenta a pior estiagem do século e começam a adotar medidas para conscientizar a população para economizar água.

(Adaptado de Folha de S. Paulo, 13 maio 2000.)

Considere que os eventos anunciados na notícia de fato ocorreram como previsto. Indique, então, a(s) alternativa(s) que expressa(m) adequadamente relação(ões) de causa e consequência identificável(eis) nessa notícia.

( ) 120 mil moradores de Sumaré ficaram sem água no dia 13/5/2000 porque a Estação de Tratamento de Água interrompeu o abastecimento durante quatro horas.

( ) A Estação de Tratamento de Água em Sumaré interrompeu o abastecimento em 13/5/2000 porque a Companhia Paulista de Força e Luz cortou a energia.

( ) Na semana anterior, a captação do rio Atibaia foi interrompida porque 120 mil moradores ficaram sem água.

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( ) A região de Sumaré enfrentava a pior estiagem do século porque o rio Atibaia estava excessivamente poluído na época.

( ) Os técnicos começaram a adotar medidas para conscientizar a população da necessidade de economizar água porque havia risco de uma crise de abastecimento nos meses subsequentes.

8) Observe, nos seguintes períodos, as orações que contêm verbo no gerúndio:

- Estando as meninas em Araxá, foi Ronaldo ter com elas.

- Sendo o aluno um jovem estudioso, deverá facilmente obter aprovação.

- Sendo brasileiro o advogado, poderei atendê-lo; caso contrário, não.

Essas orações são subordinadas adverbiais. Indique respectivamente a circunstância de cada uma. Leve em conta que a oração pode indicar mais de uma circunstância.

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UNIDADE III - COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

1. COESÃO TEXTUAL

"A coesão não nos revela a significação do texto, revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico." M. Halliday

A metáfora acima representa de forma bastante eficaz o sentido de coesão, assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de uma frase devem se apresentar bem “amarradas”, para que o texto cumpra sua função primordial : veículo de articulação entre o autor e seu leitor.

A coesão é essa “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento significativo entre declarações e sentenças. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical e a gramatical.

A coesão lexical é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas elididas. Já a coesão gramatical é conseguida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.

1.1. MECANISMOS DE COESÃO

A língua possui amplos recursos para realizar a coesão. Eis os principais:

a) Coesão por referência

Exemplo:João Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, ele disse que a Igreja continua a favor do celibato.

      Os elementos de referência não podem ser interpretados por si mesmos; remetem a outros itens do texto, necessários a sua interpretação.

     São elementos de referência os pronomes pessoais (ele, ela, o, a, lhe, etc.), possessivos (meu, teu, seu, etc.), demonstrativos (este, esse aquele, etc.) e os advérbios de lugar (aqui, ali, etc.)

b) Coesão por elipse

Exemplo:João Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, disse que a Igreja continua a favor do celibato.

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c) Coesão lexical

  1. Coesão lexical por sinônimo

Exemplo:João Paulo II esteve em Porto Alegre. Na capital gaúcha, o papa disse que a Igreja continua a favor ....

      A coesão lexical permite àquele que escreve manifestar sua atitude em relação aos termos, Compare as versões:

João Paulo II esteve em Porto Alegre. Aqui, Sua Santidade disse que a Igreja ...João Paulo II esteve ontem em Varsóvia. Lá, o inimigo do comunismo afirmou ...

       A substituição de um nome próprio por um nome comum se processa muitas vezes mediante a antonomásia. Trata-se de um recurso que expressa um atributo inconfundível de uma pessoa, de uma divindade, de um povo, de um país ou de uma cidade. Veja os exemplos:

Castro Alves - O Poeta dos Escravos

Gonçalves Dias - O Cantor dos Índios

Jesus cristo - O Salvador, o nazareno, o Redentor

Jerusalém - O Berço do Cristianismo

Egito - O Berço dos Faraós

Ásia - O Berço do Gênero Humano

José de Alencar - O Autor de Iracema

2. Coesão lexical por hiperônimo

     Muitas vezes, neste tipo de coesão, utilizamos sinônimos superordenados ou hiperônimos, isto é, palavras que correspondem ao gênero do termo a ser retomado.

Exemplo:

Mesa           ─ móvelFaca           ─ talherTermômetro ─ instrumentoComputador ─ equipamento

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Enceradeira ─ eletrodoméstico

Exemplo:

Acabamos de receber 30 termômetros clínicos. Os instrumentos deverão ser encaminhados ao Departamento de Pediatria.

3. Coesão lexical por repetição do mesmo item

Exemplo:

O papa viajou pelo Brasil. O papa reuniu nas capitais grande multidão de admiradores.

4. Coesão por substituição

     A coesão por substituição consiste na colocação de um item num lugar de outro segmento.

Exemplo:

O papa ajoelhou-se. As pessoas também.

O papa é a favor do celibato. Mas eu não penso assim.

O papa ajoelhou-se. Todos fizeram o mesmo.

d)Coesão por conectivos

É estabelecida através dos conectivos que estabelecem relações semânticas entre os enunciados.

Principais conectivos e suas relações semânticas

1) Causa e efeito:

Ex: O aluno tirou belas notas, uma vez que estudou muito para a prova.

2) Consequência:

Ex: Estudou tanto e com tanta vontade que passou em primeiro lugar.

3) Conclusão;

Ex: O sinal já tocou, logo ele deve estar vindo para o pátio, aguarde-o!

4) Finalidade:

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Ex: Você veio aqui só para me contrariar.

5) Condição:

Ex: Caso ganhe na loteria, comprarei um helicóptero novo.

6) Oposição:

Ex: Por mais que ele me convide, não vou aceitar ir à festa.

7) Tempo:

Ex: Quando chega o verão, as praias inflamam de turistas.

2. COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se complementar, é o resultado da não-contradição entre as partes do texto.

Coerência está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Assim, a coerência é decorrente do sentido contido no texto, para quem ouve ou lê. Uma simples frase, um texto de jornal, uma obra literária (romance, novela, poema...), uma conversa animada, o discurso de um político ou do operário, um livro, uma canção ..., enfim, qualquer comunicação, independente de sua extensão, precisa ter sentido, isto é, precisa ter coerência.

A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar:

o conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores;

o domínio das regras que norteiam a língua - isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos;

os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto.

Portanto, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo pré-estabelecido, que pressupõe limites partilhados por eles e um domínio comum da língua.

Na verdade, quando dizemos que um texto é incoerente, precisamos esclarecer que motivos nos levaram a afirmar isto. Ele pode ser incoerente em uma determinada situação, porque quem o produziu não soube adequá-lo ao receptor, não valorizou suficientemente a questão da comunicabilidade, não obedeceu ao código linguístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto.

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Embora nosso objetivo não seja teorizar em demasia o conceito de coerência, achamos necessário retomar algumas afirmações feitas por Koch e Travaglia (1989), como pontos de partida para o trabalho com textos que se segue: "A coerência é profunda, subjacente à superfície textual, não-linear, não marcada explicitamente na estrutura de superfície. (...) Ela tem a ver com a produção do texto, à medida que quem o faz quer que seja entendido por seu interlocutor. (...) A coerência diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos. (...) A coerência, portanto, longe de constituir mera qualidade ou propriedade do texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores, numa situação de interação dada, pela atuação conjunta de uma série de fatores de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e interacional."

Observando o grupo de frases abaixo, consideradas do ponto de vista estritamente referencial,

O homem construiu uma casa na floresta. O pássaro fez o ninho.O lenhador derrubou a árvore.O trabalhador acompanhou o noticiário criticamente. As árvores estão plantadas no deserto. A árvore está grávida.

podemos notar que as quatro primeiras não oferecem qualquer problema de compreensão. Dizemos, então, que elas têm coerência. Já não ocorre o mesmo em relação às duas últimas. Em As árvores estão plantadas no deserto, há duas ideias opostas, uma contraria a outra. Em A árvore está grávida, há uma restrição na combinatória ser vegetal + grávida, o que não ocorre em A mulher está grávida, em que temos a combinatória possível ser racional + grávida.

Examinemos agora as frases:

a) O pássaro voa.

b) O homem voa.

A frase a tem um grau de aceitação maior do que a frase b, que depende de uma complementação para esclarecer qual o meio utilizado pelo homem para voar - O homem voa de asa delta, por exemplo. A combinação de homem com voa tem outras significações no plano da conotação: O homem sonha, o homem delira, o homem anda rápido. Neste plano, muitas outras combinações são possíveis:

     As nuvens estão prenhes de chuva.

     Sua boca cuspia desaforos.

Observe os três pares que se seguem:

1.     a) Todo mundo destrói a natureza menos eu.

b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.

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2.     a) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não.

b) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar.

3.     a) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive.

b) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores.

       as frases de letra a de cada par são facilmente compreendidas, têm coerência;       as frases de letra b de cada par apresentam problema de compreensão.

2.1 TIPOS DE COERÊNCIA

2.1.1 Coerência Semântica

Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. Exemplos:

Ex: ... ouvem-se vozes exaltadas para onde acorreram muitos fotógrafos e telegrafistas para registrarem o fato.

O uso do vocábulo telegrafista é inadequado neste contexto, pois o fato que causa espanto será documentado por fotógrafos e, talvez, por cronistas, que, depois, poderão escrever uma crônica sobre ele, mas certamente telegrafistas não são espectadores comuns nessas circunstâncias.

Ao lado deste, há um outro problema, de ordem sintática: trata-se do emprego de para onde, que teria vozes exaltadas como referente, o que não é possível, porque esse referente não contém ideia de lugar, implícita no pronome relativo onde.

Cabe ainda uma observação quanto ao tempo verbal de ouvem-se e acorreram, presente e pretérito perfeito, respectivamente. Seria mais adequado os dois verbos estarem no mesmo tempo.

2.1.2 Coerência Sintática

Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes, etc. Exemplos:

Ex: Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular. Onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.

A coerência deste período poderia ser recuperada se duas alterações fossem feitas. A primeira seria a troca do relativo onde, específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no qual/ em que há métodos ...), e a segunda seria a substituição do ponto por vírgula, de maneira que a oração relativa não ocorresse como uma oração completa e independente da anterior. Teríamos a seguinte oração, sem problemas de compreensão: Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular, no qual há equipamentos e até professores melhores.

2.1.3 Coerência Estilística

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Este tipo de coerência não chega, na verdade, a perturbar a interpretabilidade de um texto; é uma noção relacionada à mistura de registros linguísticos. É desejável que quem escreve ou lê se mantenha num estilo relativamente uniforme. Entretanto, a alternância de registros pode ser, por outro lado, um recurso estilístico.

Ex: extraído de uma aula gravada:

... isso aí é um conceitozinho um pouco maior, é que nós sabemos que os cloretos, por decoreba, aquele negócio que eu falei, os cloretos e prata, chumbo são insolúveis, todos os outros cloretos são solúveis. Agora pergunto: aquilo lá não é uma cascata muito grande? Quando a gente agora está por dentro do assunto? O que o cara quer dizer com solúveis, muito solúveis, pouco solúveis? Apenas um conceito relativo. AgCl é considerado insolúvel porque o que fica de AgCl é um troço tão irrisório que a gente não considera ... Entendeu qual é a jogada? O que tem na solução daqueles íons não vai atrapalhar ninguém. Você pode comer quilos desse troço que a prata não vai te perturbar. (Corpus do Projeto NURC/RJ - UFRJ- Informante: Homem, 31 anos, Professor de química numa aula para o terceiro ano do segundo grau.)

Nesta exposição, chamada, dentro do corpus do projeto, de elocução formal, o professor emprega uma grande variação de registro, movendo-se todo o tempo entre o formal, para explicar o conceito de solubilidade, e o informal, servindo-se de gírias (troço, cascata, estar por dentro, jogada, decoreba, cara), talvez com o objetivo de tornar a explicação menos pesada e a exposição mais interessante para os alunos, aproximando-se deles ao usar essa maneira de falar. Portanto, nesta passagem, a mistura de registros, sem causar incoerência, pode ter uma causa objetiva.

2.1.4 Coerência Pragmática

Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Quando uma pessoa faz uma pergunta a outra, a resposta pode se manifestar por meio de uma afirmação, de outra pergunta, de uma promessa, de uma negação. Qualquer uma dessa sequências seria considerada coerente. Por outro lado, se o interlocutor não responder, virar as costas e sair andando, começar a cantar, ou mesmo dizer algo totalmente desconectado do tema da pergunta, estas sequências seriam consideradas incoerentes.

Exemplo: A: Você pode me dizer onde fica a Rua Alice?

B: O ônibus está muito atrasado hoje.

EXERCÍCIOS

1) Leia o texto a seguir completando as lacunas, de forma a manter o sentido:

1.O papa João Paulo II disse ontem, dia de seu 77º aniversário, que seu desejo 2. é "ser melhor". ................. reuniu-se na igreja romana de Ant'Attanasio com 3. um grupo de crianças, uma das quais disse: "No dia do meu aniversário4. minha mãe sempre pergunta o que eu quero. E você, o que quer? ................. 5. respondeu: "Ser melhor". Outro menino perguntou a ..................... que

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6. presente gostaria de ganhar neste dia especial. "A presença das crianças me 7. basta", respondeu ............................ . Em seus aniversários, ............... 8. costuma compartilhar um grande bolo, preparado por irmã Germana, sua 9. cozinheira polonesa, com seus maiores amigos, mas não sopra as velinhas, 10. pois este gesto não faz parte das tradições de seu país, a Polônia. Os 11. convidados mais frequentes a compartilhar nesse dia a mesa com................ 12. no Vaticano são o cardeal polonês André Marie Deskur e o engenheiro 13. Jerzy Kluger, um amigo judeu polonês de colégio. Com a chegada da primavera,14..................... parece mais disposto. .............. deve visitar o Brasil na 15. primeira quinzena de outubro.

2) No textos abaixo, foram retirados diversos elementos responsáveis pela manutenção da coesão. Você deverá completar as lacunas com elementos a seguir de maneira que possam restabelecer a coesão sem alterar o sentido original.

o primeiro ; o segundo ; ambos; um e outro; Tanto o rei do crime; em Chicago;

o ex-presidente; Capone ;Collor; legendário Scarface ; gânster

Duas trajetórias nada edificantes

Augusto Nunes - (Zero Hora, 11/04/1996)

Não são poucas as semelhanças entre Alphonse Capone e Fernando Collor de Mello - a começar pelo prenome inspirado no mesmo antropônimo originário do Latim. ............ nasceram em famílias de imigrantes ............... teve ascendência italiana, o ............... descende de alemães, .............. sempre apreciaram charutos, noitadas alegres, uísque, verões em Miami, ternos bem cortados, companhias suspeitas e largos espaços na imprensa.

............... quanto .................... chegaram ao poder muito jovens. E dele acabaram apeados por excesso de confiança: certos de que as asas da impunidade estariam eternamente abertas sobre seus crimes, não trataram com o devido zelo da remoção de todas as pistas.

Mais de 60 anos depois da prisão de Al Capone, Fernando Collor acaba de tropeçar na mesma armadilha que destruiria a carreira e a fortuna do ............. .

Dono de um prontuário escurecido por assassinatos, sequestros, roubos e outras violências, .............. foi trancafiado num catre pela prática de um delito bisonho para um .................. do seu calibre: sonegação de impostos. Dono de uma folha corrida pontilhada de proezas nada edificantes, ............... enredou-se nesta semana na malha fina da Receita Federal. Depois de ter driblado acusações bem mais pesadas, ................ irá para a cadeia se não pagar R$ 8 milhões de impostos atrasados. Caso consiga o dinheiro, seguirá em liberdade. Mas terá fornecido outra evidência de que saiu do Palácio do Planalto muito mais rico do que era quando ali chegou.

3) Observe o texto abaixo completando as lacunas com:

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- Ribamar

- O autor de "Marimbondos de Fogo"

- ex-presidente da República

- as beldades

Erva e marimbondos

(Zero Hora, 18/04/1996)

A rainha e princesas da Feira Nacional do Chimarrão, de Venâncio Aires, animaram a manhã do presidente do Senado, José Sarney, ontem.

................... é convidado especial da Fenachim, que se realiza de 3 a 12 de maio.

Ciceroneadas pelo governador Antônio Britto, ................. entregaram um pacote de boa erva ao .......... .

Não será de grande proveito. Natural do Maranhão e eleito pelo Amapá, ...................... está mais acostumado com água de coco.

4) Leia com atenção o texto abaixo. Posteriormente, indique a que termos ou expressões os recursos de coesão textual marcados no texto se referem.

Com estreia marcada para sexta-feira, o filme O Menino da porteira chega aos cinemas com a expectativa de repetir o sucesso de 2 filhos de Francisco, com público superior a cinco milhões. "A comparação entre os dois filmes é natural porque ambos falam de um mundo sertanejo, o Brasil rural. Porém, são filmes bem diferentes: 2 filhos é a história de Zezé Di Camargo e Luciano, O Menino da porteira é ficção, história baseada na música", explica Daniel, que agora, além de cantor, virou também ator. Protagonista da história como o peão Diogo, ele confessa que cresceu sua vontade de ser pai após a proximidade com o pequeno João Pedro Carvalho, de 6 anos. No filme, o menino da porteira, Rodrigo, e o boiadeiro desenvolvem uma bela amizade. Daniel também afirma que é impossível comparar seu trabalho com o de Sérgio Reis, que fez o papel de Diogo na primeira versão do filme, em 1976. "Ele (Sérgio Reis) é mestre, um ídolo para mim." Daniel também está no elenco da novela Paraíso, onde viverá o peão Zé Camillo. "O convite foi feito pelo autor Benedito Ruy Barbosa e me pareceu mais um desafio para minha carreira. Não sou ator, mas o filme me deu uma base e gosto de desafios", comenta. Mas ele garante que, apesar de todas as atividades diante das câmeras, não vai se afastar da música. "Continuo com os shows, estamos lançando agora também a trilha sonora do filme, a música é minha vida, não mudarei o foco. Esses são apenas projetos paralelos", destaca.

Retirado de http://www.parana-online.com.br/colunistas/. Acesso em 28 de fevereiro de 2009.

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5) Identifique qual o tipo de coerência ou incoerência encontrada nos trechos abaixo:

a) _________________________________

Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você e te jurar uma paixão do tamanho de um bonde Se ele chorar Se ele ajoelhar Se ele se rasgar todo Não acredita não Teresa É lágrima de cinema É tapeação Mentira CAI FORA

Manuel Bandeira

b) ________________________________________________

Na verdade, essa falta de leitura, de escrever, seja porque tudo já vem pronto, mastigado para uma boa compreensão, não precisando pensar.

c) _______________________________________________

O governo principalmente não corresponde de uma maneira correta em relação ao nível de condições que para muitos seriam uma decisão óbvia.

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UNIDADE IV – O USO DOS PRONOMES:COLOCAÇÃO PRONOMINAL

1. CLASSIFICAÇÃO

Em função da posição do pronome em relação ao verbo, classifica-se:

a) próclise: antes do verbo (Nada se perde.)

b) mesóclise: no meio do verbo (Dirigir-lhe-emos a palavra.)

c) ênclise: depois do verbo (Fugiram-nos as palavras.)

A regra geral diz que se deve colocar o pronome enclítico, desde que não haja fator

de próclise, ou seja, um dos futuros do indicativo, com atenção aos casos especiais.

1.1 SÃO FATORES DE PRÓCLISE:

I - Palavras atrativas:

- palavras negativas.

a) Ninguém se mexe.

b) Nada me abala.

Obs: Se a palavra negativa preceder um infinitivo não-flexionado, é possível a

ênclise:

Calei para não magoá-lo.

- advérbio (não seguido de vírgula) e o numeral ambos.

a) Aqui se vê muita miséria.

b) Aqui, vê-se muita miséria.

c) Ambos se olharam profundamente.

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- conjunção subordinativa.

a) Preciso de que me responda algo.

b) O homem produz pouco, quando se alimenta mal.

A elipse da conjunção não dispensa a próclise: Quando passo e te vejo, exalto-me.

- pronome indefinido, demonstrativo e relativo.

a) Alguém me ajude a sair daqui.

b) Isso te pertence.

c) Ele que se vestiu de verde está ridículo.

Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será facultativa. Este fator,

entretanto, não pode quebrar o princípio dos fatores de próclise.

Ele se feriu ou ele feriu-se.

a) O homem se recupera ou o homem recupera-se. Ninguém me convencerá.

b) Tudo se fez por uma boa causa.

Por questão de eufonia, pode-se preferir a próclise ao invés da ênclise, quando o

sujeito vier antes do verbo.

"Cada dia lhe desfolha um afeto."

Você viu-o.

Você o viu.

II – Orações:

- pronome ou palavras interrogativas.

a) Quem me viu ontem?

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b) Queria saber por que te afliges tanto.

- frases exclamativas (começadas por palavras exclamativas) e optativas

(desejo).

a) Deus te guie!

b) Quanto sangue se derramou inutilmente!

III – Verbos:

- gerúndio acompanhado de preposição.

a) Em se tratando disso, irei.

- infinitivo pessoal acompanhado de preposição.

a) Por se acharem inteligentes, não estudam.

1.2 O USO DA MESÓCLISE:

Respeitados os princípios de próclise, far-se-á mesóclise caso o verbo esteja nos

tempos futuros do indicativo.

Dar-te-ia = daria + te.

dar-te-ei = darei + te.

a) Diante da platéia, cantar-se-ia melhor.

b) Os amigos sinceros lembrar-nos-ão um dia.

1.3 USO DA ÊNCLISE:

- em início da frase ou após sinal de pontuação.

Tratando-se disso, irei.

- nas orações imperativas afirmativa.

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Procure suas colegas e convide-as.

- junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição a, em se tratando

dos pronomes o/a (s).

a) Todos corriam a escutá-lo com atenção.

b) Ele começou a insultá-la.

c) Nem sei se nos tornaremos a vê-los novamente.

Estando o infinitivo pessoal regido da preposição para, é indiferente a colocação do

pronome oblíquo antes ou depois do verbo, mesmo com a presença do advérbio não.

a) Silenciei para não irritá-lo.

b) Silenciei para não o irritar.

1.4 PARA AS LOCUÇÕES VERBAIS:

- auxiliar + infinitivo (podem os pronomes, conforme as circunstâncias, estar

em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora à forma nominal.)

Devo calar-me / devo-me calar / devo me calar

- Auxiliar + preposição + infinitivo

Há de acostumar-se / há de se acostumar - Não se há de acostumar / não há de

acostumar-se.)

- Auxiliar + gerúndio (podem os pronomes, conforme as circunstâncias, estar

em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar, ora à forma nominal.):

Vou-me arrastando / vou me arrastando / vou arrastando-me

Não me vou arrastando / não vou arrastando-me.

Com fator de próclise, o pronome não pode aparecer entre os verbos.

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- Auxiliar + particípio (os pronomes se juntam ao auxiliar e jamais ao particípio,

de acordo com as circunstâncias.

a) Os amigos o tinham prevenido.

b) Os amigos tinham-no prevenido.

EXERCÍCIOS

1) Assinale a alternativa inadequada quanto à colocação pronominal.

a) Ele se manteve irredutível diante dela.b) Ele manteve-se irredutível diante dela.c) Ele não manteve-se irredutível diante dela.d) O ministro não foi convincente e se estendeu longamente sobre o assunto.e) O ministro não foi convincente e estendeu-se longamente sobre o assunto.

2)Assinale a alternativa errada.

a) Aqui se faz, aqui se paga.b) Lá se foi nosso dinheiro.c) Logo se saberá o resultado.d) Ele certamente a viu.e) Fi-lo porque qui-lo.

3) Justifique a reposta dada à questão anterior.

4) Assinale a alternativa correta:

a) Eu te amo muito, meu bem, não vivo sem você.b) Eu a amo muito, meu bem, não vivo sem ti.c) O presente que te dei não serviu para você.d) Ele lhe deu o recado que te mandei.e) Ele lhe deu o recado que lhe mandei.

5) O texto a seguir é parte de uma correspondência e apresenta falhas quanto à uniformidade de tratamento, falhas de coesão, além de outras. Faça as correções, adequando o fragmento à norma padrão da língua portuguesa.

(xxx...), 12 de novembro de 2005 Ao Dr. Felício Diniz, D. Diretor

Por meio desta viemos a presença de V. Exa. Requerer-te atenção para o que passo a expor.

Há alguns dias atrás, em uma das principais ruas da cidade,pude observar cidadãos reunidos, discutindo formas de colaborar com a limpeza da cidade, que se encontram num estado de verdadeira calamidade pública. Da nossa parte, acredito que essa situação tem passado desapercebida para a maioria da população, pois (...)Dr. Gero C. Telles

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6) Assinale a alternativa errada.

a) Devo-lhe entregar os livros.b) Não se deve jogar dinheiro fora.c) Haviam-me ofertado muito dinheiro.d) “Não sei sentir, não sei ser humano.”e) Te contarei um grande segredo.

7) Os períodos apresentam diferenças de pontuação. Identifique a alternativa que corresponde ao período de pontuação correta.

a) Ninguém duvida de que, solucionada a questão, ele voltará à vida de sempre.b) Ninguém duvida de que, solucionada a questão, ele voltará, à vida de sempre.c) Ninguém duvida: de que solucionada a questão ele voltará, à vida de sempre.d) Ninguém duvida de que solucionada a questão ele, voltará à vida de sempre.e) Ninguém duvida de que: solucionada a questão, ele voltará, à vida, de sempre.

8) “Quando meninote, eu devorava livros com este título: O que se não deve dizer.” Mário Quintana.

Quanto à colocação do pronome oblíquo átono, pode-se dizer que:a) está errada; o certo seria: O que não deve-se dizer.b) está errada; o certo seria: O que não se deve dizer.c) está correta e seria correto também: O que não se deve dizer.d) está correta e seria correto também: O que não deve-se dizer.

9) Assinale a alternativa em que a colocação pronominal contraria a norma culta escrita.a) Chegou-se até a temer coisa pior, falou-se em calamidade pública, mas felizmente tudo acabou bem.b) Ela telefonou, desejando-me felicidades e cumprimentando-me pelo sucesso já alcançado.c) Por favor, daqui a uma semana me telefona, me dá teu currículo e me procura daqui um mês.d) Não era necessário preocupar-se tanto com o prazo ou apressar-se para entregar o trabalho antes do dia 30.e) O prazo esgotou-se, tomou-se a decisão e esse fato prejudicou-nos.

10) Reescreva o período a seguir, confirmando ou corrigindo a colocação dos pronomes. “Ana, amanhã farei-lhe uma visitinha e contarei-lhe tudo o que sei a respeito dele. Me espere às 9 horas e não me faça esperar muito, por favor.”

11) Nada ............... como eu .............., mas sequer ............... atenção.

a) se passou – dissera-lhe – deu-meb) passou-se – lhe dissera – deu- mec) se passou– lhe dissera – me deud) passou-se – lhe dissera – me deue) se passou – dissera-lhe – me deu

12) Complete convenientemente as lacunas:Logo que ............., ............. cientes de que não ..............

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a) os vir – os farei – os poderemos contratarb) os ver – fá-los-ei – podemo-los contratarc) vê-los – fá-los-ei – podemos contratá-losd) os vir – fá-los-ei – podemos contratá-lose) os ver – far-lhes-ei – podemos contratá-los

13) Assinale a alternativa correta.

a) Jamais importunei-te com minhas crises econômico-financeiras!b) Jamais te importunei com minhas crises econômicas-financeiras!c) Jamais importunei-te com minhas crises econômica-financeiras!d) Jamais te importunei com minhas crises econômico-financeiras!

14) Foram divididos .............. próprios os trabalhos que ............ em equipe.

a) conosco – se devem realizarb) com nós – devem-se realizarc) conosco – devem realizar-sed) com nós – se devem realizare) conosco – devem-se realizar

15) O uso e a colocação dos pronomes estão corretos na frase:

a) Ver-lhe nos contenta a nós todos.b) Ajudemo-lo, ainda que ele não nos seja grato.c) Estenderão-se até a noite as discussões entre tu e mim.d) Os erros são muitos; convém que corrijamos-lo.e) Impedir-lhe de falar não parece-nos justo.

16) “Os projetos que ..............estão em ordem; ..............ainda hoje, conforme ...............”

a) enviaram-me – devolvê-los-ei – lhes prometib) enviaram-me – os devolverei – lhes prometic) enviaram-me – os devolverei – prometi-lhesd) me enviaram – os devolverei – prometi-lhese) me enviaram – devolvê-los-ei – lhes prometi

17) Segundo as regras da gramática normativa, a colocação pronominal está correta em:

a) Todos os alunos já tinham esquecido-se das regras gramaticais quando ingressaram na faculdade.b) Já não lembro-me do enredo do filme a que assisti ontem.c) Sempre queixarei-me de meus pais que não souberam me entender.d) Janaína quer casar-se na igreja, mas se nega a vestir-se de noiva.e) O homem que preza-se a si mesmo não propõe-se a servir de instrumento para o crime.

18) Assinale a alternativa em que, segundo os preceitos da norma culta, haverá alteração na posição do pronome oblíquo se a frase for transposta para a forma negativa.

a) Me declare tudo, franco...b) Fosse lhe contar...

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c) ... por estúrdio que me vejam...d) Lhe agradeço!e) ... é alta mercê que me faz...

19) Assinale a alternativa em que todas as formas verbais e pronominais estão corretas.

a) Dá-lo-ei; di-lo-ei; fazê-lo-ei.b) Não lho direi; trazê-lo-ei; fi-lo.c) Trouxera-o; puseram-o; contar-lhe-ia.d) Trá-lo-ei; viram-no; conhecemo-lo.e) Põe-na; bendizê-lo-ia; recompô-lo-ei.

20) O pronome pessoal oblíquo átono está bem colocado em um só dos períodos. Qual?

a) Isto me não diz respeito! Respondeu-me ele, afetadamente.b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos apresentem-se na hora conveniente.c) Me entenda! Lhe não disse isto!d) Os conselhos que dão-nos os pais, levamo-los em conta mais tarde.e) Amanhã contar-lhe-ei por que peripécias consegui não envolver-me.

Texto para as questões 21 e 22.

– Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?– Esquece.– Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Mo diga. Ensines-lo-me, vamos.– Depende.– Depende. Perfeito. Não o sabes.Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.– Está bem. Está bem. Desculpe. Fale como quiser.

L. F. Veríssimo, Jornal do Brasil, 30/12/94

21) O texto tem por finalidade:

a) satirizar a preocupação com o uso e a colocação das formas pronominais átonas.b) ilustrar ludicamente várias possibilidades de combinação de formas pronominais.c) esclarecer pelo exemplo certos fatos da concordância de pessoa gramatical.d) exemplificar a diversidade de tratamentos que é comum na fala corrente.e) valorizar a criatividade na aplicação das regras de uso das formas pronominais.

22) “Ensinar-me-lo-ias, se o soubesses, mas não sabe-os.”A frase estaria de acordo com a norma gramatical, usando-se, onde estão as formas destacadas:

a) ensinar-mo-ias – o soubesses – o sabes.b) ensinarias-mo – soubesse-lo – sabe-lo.c) ensinarias-mo – soubesses-o – o sabes.d) ensinar-mo-ias – soubesses-o – sabe-lo.e) ensinarias-mo – soubesse-lo – o sabes.

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23) A colocação do pronome oblíquo está incorreta em:a) Para não aborrecê-lo, tive de sair.b) Quando sentiu-se em dificuldade, pediu ajuda.c) Não me submeterei aos seus caprichos.d) Ele me olhou algum tempo comovido.e) Não a vi quando entrou.

24) Se ___________, creio que ________ com prazer.

a) tivessem me pedido – teria-os recebidob) me tivessem pedido – os teria recebidoc) tivessem pedido-me – tê-los-ia recebidod) tivessem me pedido – teria os recebidoe) me tivessem pedido – teria recebido-os

25) O pronome pessoal oblíquo átono está bem colocado em um só dos períodos. Qual?

a) Me causava admiração ver aquela turma se dedicando com tanto afinco aos seus estudos, enquanto os outros não esforçavam-se nada.b) Apesar de contrariarem-se, não farão me mudar de resolução.c) Já percebeu que não é este o lugar onde deve-se colocar os livros?d) Ninguém falou-nos, outrora, com tanta propriedade e delicadeza.e) Não se vá tão cedo; custa-lhe ficar mais?

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UNIDADE V – OS PARÔNIMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA

1. DEFINIÇÕES

1.1 PARÔNIMOS e HOMÔNIMOS

 Parônimos são palavras diferentes no sentido, mas com muita semelhança na escrita e na pronúncia.

Exemplos :

Infligir infrigir

Retificar ratificar

Vultoso vultuoso

 

Homônimos são palavras diferentes no sentido, mas que têm a mesma pronúncia. Dividem-se em homônimos perfeitos e homônimos imperfeitos.

a) Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronúncia.

Exemplos :

Homem são (adj.) São João São várias as causas.

Como vais ? Eu como feijão.

 B) Homônimos imperfeitos, que se dividem em :

1. Homônimos homógrafos, quando têm a mesma escrita e a mesma pronúncia, exceto a abertura da vogal tônica.

Exemplos:

Almoço (verbo)

Almoço (substantivo)

2. Homônimos homófonos, quando têm a mesma pronúncia mas escrita diferente.

Exemplos :

Apreçar apressar

Sessão seção cessão

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2. LISTA DE HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS

Acender –Ascender –

Acento –Assento –

Acessório –Assessório –

Acidente –Incidente –

Amoral –Imoral –

Caçado – Cassado –

Cédula –Sédula –

Censo –Senso –

Cessão – Sessão – Secção ou seção –

Cível –Civil –

Comprimento –Cumprimento –

Concelho –Conselho –

Concerto –Conserto –

Concílio –Consílio –

Conjetura –Conjuntura –

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Deferir – Diferir –

Descrição –Discrição –

Descriminar –Discriminar –

Despercebido –Desapercebido –

Elidir –Ilidir –

Emergir –Imergir –

Eminente –Iminente –

Espectador –Expectador –

Espiar –Expiar –

Flagrante –Fragrante –

Fluir –Fruir –

Infligir –Infringir –

Incipiente –Insipiente –

Mandado –Mandato –

Normalizar –Normatiizar –

Prescrever –Proscrever –

Ratificar –Retificar –

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Tráfego – Tráfico –

Vultoso – Vultuoso -

Trás –Traz -

EXERCÍCIOS

1) O significado das palavras está incorretamente indicado nos parênteses em:

a) cessão (ato de doar) / sessão (reunião)b) conjectura (hipótese) / conjuntura (situação)c) comprimento (extensão) / cumprimento (saudação)d) deferir (distinguir-se) / diferir (conceder)e) acender (pôr fogo) / ascender (subir)

2) Veja:

O humor do cartum resulta especialmente:

a) da introdução da palavra “falta” que modificou totalmente o sentido de “senso”.b) do erro gráfico na palavra “censo” significando “capacidade de julgar”, usada pelo primeiro interlocutor.c) da inadequação do emprego de palavras com duplicidade de sentido.d) do aproveitamento do jogo de sentido entre as palavras homônimas “censo e senso”.e) da variação fonética das palavras “censo e senso”, já que o humor só é percebido na comunicação oral.

3) Marque o item em que houve erro quanto ao significado de uma ou das duas palavras destacadas em cada alternativa.

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a) pôr – forma do verbo pôr; por– preposição.b) descrição – ato de descrever; discrição – ato de ser discreto.c) secção – parte, segmento; seção – o mesmo que secção.d) despercebido – não ser notado; desapercebido – o mesmo que despercebido.e) eminente – o que se destaca; iminente – o que está para acontecer.

4) Aponte o sentido da palavra cabeça em cada um dos contextos abaixo.

a) A cabeça é a extremidade anterior ou superior do corpo.b) Marilena Chauí é uma cabeça privilegiada.c) Conhecia de cabeça todos os versos de Os lusíadas.d) Brasília é a cabeça político-administrativa do país.e) Ela estava à cabeça do grupo de manifestantes.f) Cortou a cabeça do polegar esquerdo.g) Gastamos vinte reais por cabeça.h) Seu argumento não tinha pés nem cabeça.i) Prendeu-se o cabeça da quadrilha.j) Cada cabeça, uma sentença.l) Deu-me na cabeça escrever um romance.m) Os jogadores perderam a cabeça.

5) Leia atentamente o folheto (distribuído nos pontos de ônibus e feiras de Campinas) e as definições de simpatia extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

1. afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima duas ou mais pessoas. [ ... ] • 3. impressão agradável, disposição favorável que se experimenta em relação a alguém que pouco se conhece. [ ... ] • 6. atração por uma coisa ou uma idéia. [ ... ] • 9.

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Brasileirismo: usada como interlocutório pessoal (– qual o seu nome, simpatia?). • 10. Brasileirismo: ação (observação de algum ritual, uso de um determinado objeto etc.) praticada supersticiosamente com finalidade de conseguir algo que se deseja.a) Dentre as definições do Dicionário Houaiss mencionadas, qual é a mais próxima do sentido da palavra simpatia no texto?

b) Há no texto duas ocorrências de “desvendar”, sendo que uma delas não coincide com o uso-padrão desse termo. Qual é e por quê?

c) Independentemente do título, algumas características da segunda parte do texto são de uma oração ou prece ou reza. Quais são essas características?

6) Assinale a alternativa correta para completar o enunciado a seguir.

O diretor resolveu afinal _____________ o pedido do funcionário e permitir que ele entrasse em licença.a) defirir b) deferir c) diferir d) indeferir e) indefirir

7) Aponte os itens em que as acepções entre parênteses estão invertidas.

a) imergir (mergulhar) emergir (elevar-se)b) imigrar (sair da pátria para residir noutro país) emigrar (entrar num país estranho

a fim de estabelecer-se nele)

c) lúbrico (sensual) lúgubre (triste)d) proeminência (saliência) preeminência (primazia)

e) delação (denúncia) dilação (adiamento do prazo)

f) tráfego (trânsito de veículos) tráfico (comércio)

g) apreçar (tornar rápido) apressar (avaliar)

h) soar (emitir som) suar (transpirar)i) enfestar (exagerar) infestar (assolar)j) estância (paragem) instância (jurisdição)l) esterno (osso do peito) externo (do lado de fora)

m) dessecar (dividir em partes) dissecar (secar completamente)

n) discriminar (tirar a culpa de) descriminar (discernir)

o) torvar (tornar-se carrancudo) turvar (escurecer)

p) extirpar (extrair) estripar (tirar as tripas)

q) afear (tornar feio) afiar (aguçar)r) chácara (quinta) xácara (narrativa popular em

verso)s) sedente (que cede) cedente (sequioso)t) diferir (adiar) deferir (conceder)

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8) Aponte os itens em que as acepções entre parênteses estão invertidas.

a) sessar (peneirar) cessar (parar)b) inserto (inseguro) incerto (incluído)c) vadiar (levar vida ociosa) vadear (passar a vau)

d) cervo (veado) servo (criado)e) cela (arreio) sela (aposento religioso)f) cruciante (que tortura) crucial (com forma de cruz)

g) lustro (espaço de cinco anos) lustre (brilho)

h) bucho (planta) buxo (estômago de animais)

i) taxa (imposto) tacha (prego pequeno)j) sexta (relativo a seis) sesta (hora de descanso)

l) ruço (grisalho) russo (da Rússia)m) empossar (dar posse) empoçar (formar poça)

n) lasso (cansado) laço (laçada)o) censual (relativo aos sentidos) sensual (relativo ao censo)

p) círio (vela grande de cera) sírio (da Síria)

q) expiar (espreitar) espiar (sofrer castigo)r) fuzil (carabina) fúsil (que se pode fundir)s) luxar (desarticular) luchar (sujar)t) anticético (contrário aos céticos) antisséptico (desinfetante)

u) insipiente (insensato) incipiente (principiante)

v) açudar (represar água) açodar (instigar)

9) Assinale os números em que o significado não corresponde à palavra dada.

a) tráfico = circulação de veículosb) infringir = transgredirc) conjectura = suposiçãod) vultoso = de grande vultoe) iminente = pendente, que ameaça cair

10) No último __________ da orquestra sinfônica, houve __________ entre os convidados, apesar de ser uma festa __________ .

a) conserto – flagrantes descriminações – beneficenteb) concerto – fragrantes discriminações – beneficientec) conserto – flagrantes descriminações – beneficiented) concerto – fragrantes discriminações – beneficentee) concerto – flagrantes discriminações – beneficente

11) Assinale a alternativa em que o significado não corresponde à palavra dada.a) expiar = pagar (a culpa), remirb) secção = corte, divisãoc) sela = arreiod) hera = planta trepadeirae) concertar = remendar, tornar certo

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12) Assinale a alternativa em que as palavras apresentam os sentidos trocados.a) Acender = pôr fogo/ ascender = subirb) Retificar = confirmar/ ratificar = corrigirc) Censo = recenseamento/ senso = juízod) Eminente = ilustre/ iminente = próximoe) Dilatar = aumentar/ delatar = denunciar

13) Se você não arrumar o fogão, além de não poder cozinhar as batatas, há o perigo próximo de uma explosão.As palavras sublinhadas podem ser substituídas por:a) concertar / coser / iminente.b) consertar / cozer / eminente.c) consertar / cozer / iminente.d) concertar / coser / eminente.e) consertar / coser / eminente.

14)Lembrei, agora, sabe lá Deus por quê.Apenas uma das orações seguintes será preenchida com por quê, idêntico em ortografia e de mesma classe gramatical que a expressão destacada no exemplo mostrado. Assinale-a.a) Ele abandonou a faculdade __________ ?b) O motivo __________ ele abandonou o curso de Letras é evidente.c) Foi este o __________ de ele ter desistido da faculdade de Letras.d) Ele não acabou o curso __________ não quis.e) __________ ele alegou motivos pessoais, abandonou a faculdade de Letras.

15) Leia a tira abaixo:

Crock e os Legionários – Rechin & Wilder

Os termos onde e aonde foram corretamente empregados na tira acima. Justifique essa afirmação.

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UNIDADE VI – O TRABALHO ACADÊMICO: PARTE I

Estrutura completa do trabalho acadêmico:

Estrutura Elemento - capa (*) - folha de rosto - folha de aprovação - dedicatória (*) - agradecimentos (*) - epígrafe ("')

Pré-textuais - resumo em língua portuguesa

- resumo em língua estrangeira - lista de ilustrações (*) - lista de tabelas (*) - lista de abreviações e siglas (*)

- sumário

- introdução

Textuais - desenvolvimento

- conclusão

- referências

Pós-textuais - glossário (*)

- anexos (*)

(*) - Elementos adicionados de acordo com as necessidades (opcionais). Os demais elementos são obrigatórios.

48

1. A ELABORAÇÃO DA CAPA

Deve conter:

- Instituição onde o trabalho foi executado - Nome do autor - Título (e subtítulo, se houver) do trabalho - Cidade e ano de conclusão do trabalho

2. A ELABORAÇÃO DA FOLHA DE ROSTO

Deve conter:

- As mesmas informações contidas na Capa - As informações essenciais da origem do trabalho

A seguir, serão apresentados, respectivamente, um modelo de capa e um de folha de rosto.

49

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Claudinei da Silva Rocha

UMA ANÁLISE DAS REGIÕES DO BRASIL:os caminhos cruzados

JUIZ DE FORA2006

50

Nome da instituição (em letras

maiúsculas, tamanho 12, centralizado e

negritado)

Título (no meio da folha, em letras

maiúsculas, fonte 12, centralizado e

negritado)

Local e ano (nome da cidade onde se localiza a instituição e ano em que o trabalho é realizado / fonte 12, centralizada e sem negrito)

Nome do autor (em letras normais, tamanho 12,

centralizado e negritado)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Claudinei da Silva Rocha

UMA ANÁLISE DAS REGIÕES DO BRASIL:os caminhos cruzados

Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão de Coordenação do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestrado em Geografia. Área de Concentração: Geografia Física. Orientador Acadêmico: Professor Doutor Robson Pedro Abreu de Oliveira.

JUIZ DE FORA2006

51

Título (no meio da folha, em letras

maiúsculas, fonte 12, centralizado e

negritado)

Título (um pouco acima do meio da folha, em letras maiúsculas, fonte 12, centralizado e negritado)

Informações essenciais da origem do trabalho, em letras normais, fonte 12, justificadas e sem negrito

Local e ano (nome da cidade onde se localiza a instituição e ano em que o trabalho é realizado / fonte 12, centralizada e sem negrito)

Nome da instituição (em letras

maiúsculas, tamanho 12, centralizado e

negritado)

UNIDADE VII – O TRABALHO ACADÊMICO: PARTE II

ARTIGO CIENTÍFICO / CITAÇÃO / REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARTIGO CIENTÍFICO

Artigo científico é o trabalho acadêmico que apresenta resultado sucinto de pesquisa realizada de acordo com a metodologia de ciência aceite por uma comunidade de pesquisadores. Por esse motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido ao exame de outros cientistas, que verificam as informações, os métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou resultados obtidos.

Seu objetivo é divulgar os resultados de um estudo realizado procurando levar ao conhecimento do público interessado, as novas ideias e abordagens.

Em geral, é produção de 40 páginas ou menos. Pode ser resultado de sínteses de trabalhos maiores ou elaborados em número de três ou quatro, em substituição às teses e dissertações; são desenvolvidos, nesses casos, sob a assistência de um orientador acadêmico. São submetidos às comissões e conselhos editoriais dos periódicos, que avaliam sua qualidade e decidem sobre sua qualidade relevância e adequação ao veículo.

2. ORIENTAÇÕES BÁSICAS NA ELABORAÇÃO DO ARTIGO CIENTÍFICO*

Clarides Henrich de Barba**

RESUMO:

Este texto trata a respeito das Normas da ABNT com a finalidade de orientar os acadêmicos da Graduação e pós-graduação sobre a publicação de Artigos Científicos procurando estabelecer, de forma sintética, os principais cuidados a ter na escrita do texto científico. Neste sentido, descreve-se sequencialmente, os sucessivos componentes para a construção do texto cientifico.

PALAVRAS-CHAVE: Artigo. Pesquisa. Ciência.

1. CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados

de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo

fundamental de um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar

conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida

investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviam de base para orientar a * Texto elaborado a partir das Normas da ABNT para as aulas de Metodologia Científica e Metodologia da Pesquisa Científica nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação** Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria- UFSM e Prof. Adjunto do Departamento de Sociologia/Filosofia da Fundação Universidade Federal de Rondônia- UNIR.

52

pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as principais

dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma questão.

Assim, os problemas abordados nos artigos podem ser os mais diversos: podem fazer

parte quer de questões que historicamente são polemizadas, quer de problemas teóricos

ou práticos novos.

2. ESTRUTURA DO ARTIGO

O artigo possui a seguinte estrutura:

1.Título2. Autor (es)3. Epígrafe (facultativa)4. Resumo e Abstract5. Palavras-chave;6. Conteúdo (Introdução, desenvolvimento textual e conclusão),7. Referências.

2.1 - TÍTULO

Deve compreender os conceitos-chave que o tema encerra, e ser numerado para

indicar, em nota de rodapé, a finalidade do mesmo.

2.2 - AUTOR (ES):

O autor do artigo deve vir indicado do centro para a margem direita. Caso haja

mais de um autor, os mesmos deverão vir em ordem alfabética, ou se houver titulações

diferentes deverão seguir a ordem da maior para a menor titulação. Os dados da titulação

de cada um serão indicados em nota de rodapé através de numeração ordinal.

2. 3 - EPÍGRAFE

É um elemento facultativo, que expressa um pensamento referente ao conteúdo

central do artigo.

2.4 - RESUMO e ABSTRACT

53

Texto, com uma quantidade predeterminada de palavras, onde se expõe o objetivo

do artigo, a metodologia utilizada para solucionar o problema e os resultados alcançados.

O Abstract é o resumo traduzido para o inglês, sendo que alguns periódicos aceitam a

tradução em outra língua.

2.5 - PALAVRAS-CHAVE:

São palavras características do tema que servem para indexar o artigo, até 6

palavras.

2. 6 - CORPO DO ARTIGO:

1. INTRODUÇÃO:

O objetivo da Introdução é situar o leitor no contexto do tema pesquisado,

oferecendo uma visão global do estudo realizado, esclarecendo as delimitações

estabelecidas na abordagem do assunto, os objetivos e as justificativas que levaram o

autor a tal investigação para, em seguida, apontar as questões de pesquisa para as quais

buscará as respostas. Deve-se, ainda, destacar a Metodologia utilizada no trabalho. Em

suma: apresenta e delimita a dúvida investigada (problema de estudo - o quê), os

objetivos (para que serviu o estudo) e a metodologia utilizada no estudo (como).

2. DESENVOLVIMENTO E DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS:

Nesta parte do artigo, o autor deve fazer uma exposição e uma discussão das

teorias que foram utilizadas para entender e esclarecer o problema, apresentando-as e

relacionando-as com a dúvida investigada;

- apresentar as demonstrações dos argumentos teóricos e/ ou de resultados que

as sustentam com base dos dados coletados;

Neste aspecto, ao constar uma Revisão de Literatura, o objetivo é de desenvolver a

respeito das contribuições teóricas a respeito do assunto abordado.

O corpo do artigo pode ser dividido em itens necessários que possam desenvolver

a pesquisa. É importante expor os argumentos de forma explicativa ou demonstrativa,

54

através de proposições desenvolvidas na pesquisa, onde o autor demonstra, assim, ter

conhecimento da literatura básica, do assunto, onde é necessário analisar as informações

publicadas sobre o tema até o momento da redação final do trabalho, demonstrando

teoricamente o objeto de seu estudo e a necessidade ou oportunidade da pesquisa que

realizou.

Quando o artigo inclui a pesquisa descritiva apresentam-se os resultados

desenvolvidos na coleta dos dados através das entrevistas, observações, questionários,

entre outras técnicas.

3. CONCLUSÃO

Após a análise e discussões dos resultados, são apresentadas as conclusões e as

descobertas do texto, evidenciando com clareza e objetividade as deduções extraídas dos

resultados obtidos ou apontadas ao longo da discussão do assunto. Neste momento são

relacionadas às diversas ideias desenvolvidas ao longo do trabalho, num processo de

síntese dos principais resultados, com os comentários do autor e as contribuições trazidas

pela pesquisa.

Cabe, ainda, lembrar que a conclusão é um fechamento do trabalho estudado,

respondendo às hipóteses enunciadas e aos objetivos do estudo, apresentados na

Introdução, onde não se permite que nesta seção sejam incluídos dados novos, que já

não tenham sido apresentados anteriormente.

2. 7 - REFERÊNCIAS:

Referências são um conjunto de elementos que permitem a identificação, no todo

ou em parte, de documentos impressos ou registrados em diferentes tipos de materiais.

As publicações devem ter sido mencionadas no texto do trabalho e devem obedecer as

Normas da ABNT 6023/2000. Trata-se de uma listagem dos livros, artigos e outros

elementos de autores efetivamente utilizados e referenciados ao longo do artigo.

3. LINGUAGEM DO ARTIGO:

55

Tendo em vista que o artigo se caracteriza por ser um trabalho extremamente

sucinto, exige-se que tenha algumas qualidades: linguagem correta e precisa, coerência

na argumentação, clareza na exposição das ideias, objetividade, concisão e fidelidade às

fontes citadas. Para que essas qualidades se manifestem é necessário, principalmente,

que o autor tenha um certo conhecimento a respeito do que está escrevendo.

Quanto à linguagem científica é importante que sejam analisados os seguintes

procedimentos no artigo científico:

- Impessoalidade: redigir o trabalho na 3ª pessoa do singular;- Objetividade: a linguagem objetiva deve afastar as expressões: “eu penso”, “eu acho”, “parece-me” que dão margem a interpretações simplórias e sem valor científico;- Estilo científico: a linguagem científica é informativa, de ordem racional, firmada em dados concretos, onde se pode apresentar argumentos de ordem subjetiva, porém dentro de um ponto de vista científico; - Vocabulário técnico: a linguagem científica serve-se do vocabulário comum, utilizado com clareza e precisão, mas cada ramo da ciência possui uma terminologia técnica própria que deve ser observada;- A correção gramatical é indispensável, onde se deve procurar relatar a pesquisa com frases curtas, evitando muitas orações subordinadas, intercaladas com parênteses, num único período. O uso de parágrafos deve ser dosado na medida necessária para articular o raciocínio: toda vez que se dá um passo a mais no desenvolvimento do raciocínio, muda-se o parágrafo. - Os recursos ilustrativos como gráficos estatísticos, desenhos, tabelas são considerados como figuras e devem ser criteriosamente distribuídos no texto, tendo suas fontes citadas em notas de rodapé. (PÁDUA, 1996, p. 82).

Para a redação ser bem concisa e clara, não se deve seguir o ritmo comum do

nosso pensamento, que geralmente se baseia na associação livre de ideias e imagens.

Assim, ao explanar as ideias de modo coerente, se fazem necessários cortes e adições

de palavras ou frases. A estrutura da redação assemelha-se a um esqueleto, constituído

de vértebras interligadas entre si. O parágrafo é a unidade que se desenvolve uma ideia

central que se encontra ligada às ideias secundárias devido ao mesmo sentido. Deste

modo, quando se muda de assunto, muda-se de parágrafo.

Um parágrafo segue a mesma circularidade lógica de toda a redação: introdução,

desenvolvimento e conclusão. Convém iniciar cada parágrafo através do tópico frasal

(oração principal), onde se expressa a ideia predominante. Por sua vez, esta é

desdobrada pelas ideias secundárias; todavia, no final, ela deve aparecer mais uma vez.

56

Assim, o que caracteriza um parágrafo é a unidade (uma só ideia principal), a coerência

(articulação entre as ideias) e a ênfase (volta à ideia principal).

A condição primeira e indispensável de uma boa redação científica é a clareza e a

precisão das ideias. Saber-se-á como expressar adequadamente um pensamento, se for

claro o que se desejar manifestar. O autor, antes de iniciar a redação, precisa ter

assimilado o assunto em todas as suas dimensões, no seu todo como em cada uma de

suas partes, pois ela é sempre uma etapa posterior ao processo criador de ideias.

4. NORMAS DE APRESENTAÇÃO GRÁFICA DO ARTIGO

4. 1 PAPEL, FORMATO E IMPRESSÃO

De acordo com a ABNT “o projeto gráfico é de responsabilidade do autor do trabalho”. (ABNT, 2002, p. 5, grifo nosso).

Segundo a NBR 14724, o texto deve ser digitado no anverso da folha, utilizando-se

papel de boa qualidade, formato A4, formato A4 (210 x 297 mm), e impresso na cor preta,

com exceção das ilustrações.

Utiliza-se a fonte tamanho 12 para o texto; e menor para as citações longas, notas

de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas. Não se deve usar, para efeito

de alinhamento, barras ou outros sinais, na margem lateral do texto.

4.2 MARGENS

As margens são formadas pela distribuição do próprio texto, no modo justificado,

dentro dos limites padronizados, de modo que a margem direita fique reta no sentido

vertical, com as seguintes medidas:

Superior: 3,0 cm. da borda superior da folha

Esquerda: 3,0 cm da borda esquerda da folha.

Direita: 2,0 cm. da borda direita da folha;

Inferior: 2,0 cm. da borda inferior da folha.

4.3 PAGINAÇÃO

57

A numeração deve ser colocada no canto superior direito, a 2 cm. da borda do

papel com algarismos arábicos e tamanho da fonte menor, sendo que na primeira página

não leva número, mas é contada.

4.4 ESPAÇAMENTO

O espaçamento entre as linhas é de 1,5 cm. As notas de rodapé, o resumo, as

referências, as legendas de ilustrações e tabelas, as citações textuais de mais de três

linhas devem ser digitadas em espaço simples de entrelinhas.

As referências listadas no final do trabalho devem ser separadas entre si por um

espaço duplo. Contudo, a nota explicativa apresentada na folha de rosto, na folha de

aprovação, sobre a natureza, o objetivo, nome da instituição a que é submetido e a área

de concentração do trabalho deve ser alinhada do meio da margem para a direita.

4.5 DIVISÃO DO TEXTO

Na numeração das seções devem ser utilizados algarismos arábicos. O indicativo

de uma seção secundária é constituído pelo indicativo da seção primária a que pertence,

seguido do número que lhe foi atribuído na sequência do assunto, com um ponto de

separação: 1.1; 1.2...

Aos Títulos das seções primárias recomenda-se:

a) seus títulos sejam grafados em caixa alta, com fonte 12, precedido do indicativo

numérico correspondente;

b) nas seções secundárias, os títulos sejam grafados em caixa alta e em negrito,

com fonte 12, precedido do indicativo numérico correspondente;

c) nas seções terciárias e quaternárias, utilizar somente a inicial maiúscula do

título, com fonte 12, precedido do indicativo numérico correspondente.

Recomenda-se, pois que todos os títulos destas seções sejam destacados em

NEGRITO. É importante lembrar que é necessário limitar-se o número de seção ou capítulo

em, no máximo até cinco vezes; se houver necessidade de mais subdivisões, estas

devem ser feitas por meio de alíneas.

58

Os termos em outros idiomas devem constar em itálico, sem aspas. Exemplos: a

priori, on-line, savoir-faires, know-how, apud, et alii, idem, ibidem, op. cit. Para dar

destaque a termos ou expressões deve ser utilizado o itálico. Evitar o uso excessivo de

aspas que “poluem” visualmente o texto;

4.6 ALÍNEASDe acordo com Müller, Cornelsen (2003, p. 21), as alíneas são utilizadas no texto

quando necessário, obedecendo a seguinte disposição:

a) no trecho final da sessão correspondente, anterior às alíneas, termina por dois

pontos;

b) as alíneas são ordenadas por letras minúsculas seguidas de parênteses;

c) a matéria da alínea começa por letra minúscula e termina por ponto e vírgula; e

na última alínea, termina por ponto;

d) a segunda linha e as seguintes da matéria da alínea começam sob a primeira

linha do texto da própria alínea.

4.7- ILUSTRAÇÕES E TABELASAs ilustrações compreendem quadros, gráficos, desenhos, mapas e fotografias,

lâminas, quadros, plantas, retratos, organogramas, fluxogramas, esquemas ou outros

elementos autônomos e demonstrativos de síntese necessárias à complementação e

melhor visualização do texto. Devem aparecer sempre que possível na própria folha onde

está inserido o texto, porém, caso não seja possível, apresentar a ilustração na própria

página.

Quanto às tabelas, elas constituem uma forma adequada para apresentar dados

numéricos, principalmente quando compreendem valores comparativos.

Consequentemente, devem ser preparadas de maneira que o leitor possa entendê-

las sem que seja necessária a recorrência no texto, da mesma forma que o texto deve

prescindir das tabelas para sua compreensão.

Recomenda-se, pois, seguir, as normas do IBGE:

a) a tabela possui seu número independente e consecutivo;

b) o título da tabela deve ser o mais completo possível dando indicações claras e

precisas a respeito do conteúdo;

c) o título deve figurar acima da tabela, precedido da palavra Tabela e de seu

número de ordem no texto, em algarismos arábicos;

d) devem ser inseridas mais próximas possível ao texto onde foram mencionadas;

59

e) a indicação da fonte, responsável pelo fornecimento de dados utilizados na

construção de uma tabela, deve ser sempre indicada no rodapé da mesma, precedida da

palavra Fonte: após o fio de fechamento;

f) notas eventuais e referentes aos dados da tabela devem ser colocadas também

no rodapé da mesma, após o fio do fechamento;

g) fios horizontais e verticais devem ser utilizados para separar os títulos das

colunas nos cabeçalhos das tabelas, em fios horizontais para fechá-las na parte inferior.

Nenhum tipo e fio devem ser utilizados para separar as colunas ou as linhas;

h) no caso de tabelas grandes e que não caibam em um só folha, deve-se dar

continuidade a mesma na folha seguinte; nesse caso, o fio horizontal de fechamento deve

ser colocado apenas no final da tabela, ou seja, na folha seguinte. Nesta folha também

são repetidos os títulos e o cabeçalho da tabela.

4.8 CITAÇÕES

4.8.1 Citação Direta

As citações podem ser feitas na forma direta ou na indireta.

a) Citação direta curta: devem ser transcritas entre aspas, quando ocuparem até

três linhas impressas, onde devem constar o autor, a data e a página, conforme o

exemplo: “A ciência, enquanto conteúdo de conhecimentos, só se processa como

resultado da articulação do lógico com o real, da teoria com a realidade”.(SEVERINO,

2002, p. 30).

As citações de mais de um autor serão feitas com a indicação do sobrenome dos

dois autores separados pelo símbolo &, conforme o exemplo: Siqueland & Delucia (1990,

p. 30) afirmam que “o método da solução dos problemas na avaliação ensino-

aprendizagem apontam para um desenvolvimento cognitivo na criança”.

b) Citação direta longa: Quando a citação ultrapassar três linhas, deve ser

separada com um recuo de parágrafo de 4,0 cm, em espaço simples no texto, com fonte

menor:

Severino (2002, p. 185) entende que:

A argumentação, ou seja, a operação com argumentos, apresentados com objetivo de comprovar uma tese, funda-se na

60

evidência racional e na evidência dos fatos. A evidência racional, por sua vez, justifica-se pelos princípios da lógica. Não se podem buscar fundamentos mais primitivos. A evidência é a certeza manifesta imposta pela força dos modos de atuação da própria razão.

No caso da citação direta, deve-se comentar o texto do autor citado, e nunca

concluir uma parte do texto com uma citação.

No momento da citação, transcreve-se fielmente o texto tal como ele se apresenta,

e quando for usado o negrito para uma palavra ou frase para chamar atenção na parte

citada usar a expressão em entre parênteses (grifo nosso). Caso o destaque já faça

parte do texto citado usar a expressão entre parênteses: (grifo do autor).

5.8.2 Citação Indireta

A citação indireta, denominada de conceitual, reproduz ideias da fonte consultada,

sem, no entanto, transcrever o texto. É “uma transcrição livre do texto do autor

consultado” (ABNT, 2001, p. 2). Esse tipo de citação pode ser apresentado por meio de

paráfrase quando alguém expressa a ideia de um dado autor ou de uma determinada

fonte. A paráfrase, quando fiel à fonte, é geralmente preferível a uma longa citação

textual, mas deve, porém, ser feita de forma que fique bem clara a autoria.

Observe um exemplo de citação indireta:

Nascimento (1996) fala da responsabilidade do profissional da informação, da

importância dele estar habilitado para o acesso da informação em qualquer suporte.

5.8.3 Citação de citação

A citação de citação deve ser indicada pelo sobrenome do autor seguido da

expressão latina apud (junto a) e do sobrenome da obra consultada, em minúsculas,

conforme o exemplo Freire apud Saviani (1998, p. 30).

Veja outro exemplo:

Segundo Berlinger (1975 apud FREITAS, 1998), no que diz respeito ao ensino da

área de saúde, as propostas de reformulação de Abraham Flexner em 1910 e Bertran

Dawson em 1920 influenciaram diversas partes do mundo.

61

5.9 Notas de Rodapé

As notas de rodapé destinam-se a prestar esclarecimentos, tecer considerações,

que não devem ser incluídas no texto, para não interromper a sequência lógica da leitura.

Referem-se aos comentários e/ou observações pessoais do autor e são utilizadas para

indicar dados relativos à comunicação pessoal.

As notas são reduzidas ao mínimo e situar em local tão próximo quanto possível ao

texto. Para fazer a chamada das notas de rodapé, usam-se os algarismos arábicos, na

entrelinha superior sem parênteses, com numeração progressiva nas folhas. São

digitadas em espaço simples em tamanho 10. Exemplo de uma nota explicativa: A

hipótese, também, não deve se basear em valores morais. Algumas hipóteses lançam

adjetivos duvidosos, como bom, mau, prejudicial, maior, menor, os quais não sustentam

sua base científica. 1

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretendeu-se neste trabalho proporcionar, de forma muito sintética, mas objetiva e

estruturante, uma familiarização com os principais cuidados a ter na escrita de um artigo

científico. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrição sequencial dos

componentes típicos de um documento desta natureza. O resultado obtido satisfaz os

requisitos de objetividade e pequena dimensão que pretendia atingir. Ele também

constituirá um auxiliar útil, de referência frequente para que o leitor pretenda construir a

sua competência na escrita de artigos científicos. Faz-se notar, todavia, que ninguém se

pode considerar perfeito neste tipo de tarefa, pois a arte de escrever artigos científicos

constrói-se no dia-a-dia, através da experiência e da cultura.

7. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, Rio de Janeiro. Normas ABNT sobre documentação. Rio de Janeiro, 2000. (Coletânea de normas).

FRANÇA, Júnia Lessa et alii. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. 6ª ed., rev. e aum., Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14ª ed., Petrópolis: Vozes, 1997.

1 Contudo nem todos os tipos de investigação necessitam da elaboração de hipóteses, que podem ser substituídas pelas “questões a investigar”.

62

MÜLLER, Mary Stela; CORNELSEN, Julce. Normas e Padrões para teses, dissertações e monografias. 5ª ed. Londrina: Eduel, 2003.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª edição, São Paulo: Cortez, 2002.

Obs: Abaixo vai a elaboração de referências bibliográficas

Nas referências bibliográficas, alinham-se as obras, dispondo-as em ordem

alfabética do nome do autor, quando se usar o sistema alfabético de notas.

I – LIVROS livro com um autor

SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Edição (se houver). Local de publicação: Editora, data de publicação da obra. (Coleção ou série se houver)

ZAGURY, T. Limites em trauma: construindo cidadãos. 18. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

OBS: Quando há autoria repetida, o nome do autor é indicado por um travessão equivalente a seis espaços. Observe o exemplo:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Apresentação de citações em documentos. (NBR 10520). Rio de Janeiro:1989._______ Apresentação de livros e folhetos. (NBR 6029). Rio de Janeiro: 1980._____

livro com dois ou três autores - para cada autor usa-se: SOBRENOME, Prenome abreviado na mesma ordem que aparecem na publicação, separados, entre si, por ponto e vírguIa.

MARCHESI, A; MARTíN, E. Qualidade do ensino em tempos de mudança. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. (Coleção Tendências em Educação Matemática)

Mais de três autores: menciona-se o primeiro autor seguido pela expressão et aI.

LIBÂNEO, J. C. et aI. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005.

63

II – REVISTAS

TÍTULO DO PERIÓDICO./ Título do fascículo ( se for o caso).// Local de publicação: / editora,/ volume, número, mês,/ ano.VEJA. São Paulo: Abril, v. 30, n. 40, jan., 1997.

Artigo de revista

SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Nome do periódico, Local de publicação, volume (único ou fascículo), páginas inicial final, data de publicação do periódico (mês e ano).

SILVA, E. A C. A febre do planeta. Carta na Escola, São Paulo, n.14, p.16 e 17, mar. 2007.

III - JORNAL Artigo de jornal

SOBRENOME, Prenome abreviado. Título: subtítulo (se houver). Nome do jornal, Local de publicação, data( dia, mês e ano). Descrição física (número ou título do caderno, seção. Suplementos, páginas do artigo e número de ordem das colunas).

a) (com autor)ALVES, C. Os animais também pensam e têm consciência. Jornal da Tarde, São Paulo, p.4, 15 abr. 2001.

MACHADO, P. C. Atendimento médico rural. O Estado de São Paulo, São Paulo, 30 ago. 1971. e cad., p.24.

_______b) sem autor

ENTRE 600 telas, artistas em fases raras. O Globo, Rio de Janeiro, 3 jun. 1991. e cad. p.1

IV - INTERNET

AUTORIA. Título: subtítulo (se houver) Disponível em: <endereço da URL>. Data de acesso.

HEINECK, D. T. A interdisciplinaridade no processo ensino-aprendizagem. Disponível em <http://www.unescnet.br/pedagogia/direito9.htm>. Acesso em: 20 novo 2007.

SILVA, Ives Gandrada. Pena de morte. O Estado de São Paulo. 19 set. 1999. Disponível em: http://www.providafamilia.com.br Acesso em: 20 set. 1999.

64

Veja a seguir, um exemplo de artigo científico:

IMPACTOS DA LIDERANÇA SOBRE O POTENCIALCRIATIVO DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES DE TRABALHO2

Clotilde Maria Ternes CECCATO3

Deborah RIGGENBACH4

Ramiro ZINDER5

RESUMOEm uma era do conhecimento e da velocidade de mudanças, torna-se essencial a discussão acerca do papel do líder nas organizações. Assim, este artigo foi elaborado pelo interesse em relação a estas temáticas. O objetivo do trabalho consistiu em analisar os impactos positivos e negativos que a liderança exerce sobre o potencial criativo das pessoas nas organizações. Para isto, utilizou-se da investigação de obras de autores clássicos na área em questão por meio da pesquisa bibliográfica e exploratória. Identificou-se que é necessário que a liderança atue nos colaboradores com a postura facilitadora, delegando a estes responsabilidades, de forma a estimulá-los e motivá-los, assim a criatividade poderá emergir. Caso isto não ocorra, com a presença de um líder autoritário, que cultive a rigidez e crie barreiras comunicacionais, inúmeros obstáculos poderão impedir os colaboradores de se desenvolverem plenamente no que corresponde ao seu potencial criativo.

Palavras-Chave: Liderança. Criatividade. Organizações.

1 INTRODUÇÃO

A realidade atual no âmbito das organizações, nos últimos anos, tem sido

caracterizada pela crescente competitividade, resultado da intensa globalização que

promoveu modificações profundas na estrutura dos mercados de produção e de consumo.

2 Publicado na Revista Agathos (ASSEVIM) ISSN 1808-85543 Especialista em Gestão de Recursos Humanos (UFSC) e Mestranda em Engenharia do Conhecimento (UFSC). Pesquisadora do Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (INPEAU/UFSC).4 Especialista em Gestão de Recursos Humanos (UFSC) e Mestranda em Psicologia (UFSC). Professora do ICPG.5 Especialista em Psicologia (PUC/PR) e Mestre em Lingüística (UFSC). Professor da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina (FESSC).

65

Cada vez mais, a sociedade globalizada exige conhecimentos e habilidades por

parte de seus cidadãos, introduzindo a denominada sociedade de conhecimento ou

sociedade em rede. Esta sociedade é essencialmente marcada pela globalização das

atividades econômicas, por sua forma de organização em redes, pela flexibilidade,

instabilidade do emprego e a individualização da mão-de-obra. Esta nova forma de

organização social, segundo Castells (1999), penetra em todos os níveis da sociedade e é

difundida em todo o mundo.

Sendo assim, os reflexos da globalização e da sociedade do conhecimento se

estendem diretamente à realidade organizacional, que necessita enfrentar o desafio de se

adaptar às novas tecnologias, pois o conhecimento tem se tornado obsoleto em um

período de tempo muito curto, exigindo uma aprendizagem contínua e permanente. A

aceleração de todos os processos de tomada de decisão, por exemplo, é uma

consequência direta desse processo.

As organizações buscam administrar seus diversos recursos – materiais,

tecnológicos, financeiros e humanos – de forma produtiva e otimizada. Embora todos os

recursos sejam relevantes para o desenvolvimento organizacional, são os recursos

humanos (gestão de pessoas) que administram todos os demais, direcionando-os rumo

ao sucesso da empresa e alcance dos objetivos do negócio. Portanto, os recursos

humanos colocam todo seu conhecimento a serviço da empresa, no intento de alcançar

objetivos organizacionais e satisfazer necessidades pessoais.

Ressalta-se que muitas organizações praticamente se igualaram em termos de

recursos tecnológicos e materiais e encontram na gestão de pessoas seu diferencial

competitivo. Desta forma, é fundamental que uma empresa invista nas pessoas, focando

o desenvolvimento de processos criativos para solucionar os problemas existentes.

Em outras palavras, em um cenário marcado por rápidas e intensas mudanças,

riscos e incertezas, verifica-se, nas organizações, a relevância do desenvolvimento de

habilidades que possam contribuir para a sua adaptação à nova realidade. A criatividade

se estabelece como um grande diferencial competitivo, assumindo proporções ilimitadas

tanto para indivíduos quanto para as organizações.

Para tanto, o líder empresarial (gestor) torna-se uma peça-chave. Ele deve ter a

capacidade de influenciar os demais colaboradores, formando uma equipe voltada para

solucionar os conflitos organizacionais de forma criativa. Ao líder cabe influenciar de

forma positiva os funcionários, estimulá-los e valorizá-los de forma aproveitar o potencial

de cada indivíduo, ou seja, descobrir o que cada funcionário tem para oferecer à

organização em termos de criatividade.

66

Tendo em vista o contexto atual discutido até o momento, o presente artigo foi

desenvolvido com o objetivo de verificar a influência tanto positiva quanto negativa que

um líder exerce no desenvolvimento do potencial criativo das pessoas, em organizações

de trabalho. Para que este objetivo fosse alcançado sentiu-se a necessidade de identificar

questões relacionadas à liderança, no que diz respeito à sua conceituação, importância e

estilos, além de apresentar conceitos relacionados ás competências essenciais e, por fim,

de descrever aspectos relacionados à criatividade.

2 IMPACTOS DA LIDERANÇA SOBRE O POTENCIAL CRIATIVO DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES DE TRABALHO

Neste ponto do trabalho, serão desenvolvidos aspectos relevantes para o

entendimento do tema em debate. Para tanto, será realizado um levantamento teórico de

assuntos como liderança e criatividade para que, em seguida, realize-se uma discussão

sobre a relação existente entre estes dois tópicos.

2.1. Liderança

O termo liderança leva a diferentes conotações e percepções. Muitas vezes,

associam-na com um “dom” mágico que é responsável por uma atração exercida entre as

pessoas. O grande interesse por este tema resultou em incontáveis conceitos dificultando

um delineamento mais preciso e real, uma vez que a palavra liderança reflete conceitos

diversos em diferentes pessoas (BERGAMINI, 1994).

De acordo com Drucker (1967) liderar é ter imaginação, conhecimento e

inteligência, e, somente sua eficácia, poderá converter estas qualidades em resultados.

Um líder deverá tomar decisões, não somente obedecendo a ordens. É parte de uma

organização, e só é eficaz na medida em que contribui com as outras pessoas, conhece

seu tempo e suas necessidades, trabalhando sistematicamente. Percebe também com o

que pode contribuir, olha seus objetivos e desempenho, buscando uma comunicação

eficaz, trabalho de equipe, o autodesenvolvimento e o desenvolvimento dos outros. Um

líder transforma a força produtiva, uma vez que nada se constrói sobre a fraqueza,

focaliza a força e faz exigências para a realização de determinado objetivo.

67

Conforme Predebon (1999) os líderes são agentes de mudança, pelas suas

capacidades de fazerem as coisas acontecerem, “catalisando energias de um grupo para

a conquista, ou para superar desafios” (p.15). Ser um agente de mudança implica em ter

sensibilidade, determinação e idealismo. Líderes transformam as pessoas, devendo ser

mais construtivos que normativos, se desejarem estimular o potencial criativo das

pessoas. As chefias treinam e exercem autoridade, os líderes eficazes agem pelo

exemplo, combatendo o medo do erro através deste, expondo-se, também respeitam à

diversidade e à pluralidade de ideias.

Um líder pode recorrer a diversos instrumentos ou ferramentas, bem como fazer

uso de estilos de lideranças diversos, fazendo com que os liderados o reconheçam como

líder. Como fora visto, ao líder também são indispensáveis algumas características como

imaginação, conhecimento e inteligência, sendo que apenas sua eficácia, poderá

converter estas qualidades em resultados.

O futuro de uma organização depende diretamente do apoio dos funcionários, que

vão transformar as estratégias propostas em ações concretas. Por sua vez, a motivação e

o comprometimento dos integrantes de uma empresa com as estratégias da mesma

depende, em grande parte, de uma liderança “inspiradora”. Segundo Goffee e Jones

(2001), os grandes líderes precisam ter visão, energia, coragem e direção estratégica,

entre outras qualidades que necessitam ser desenvolvidas para que a pessoa se torne um

líder eficaz.

Assim, são inúmeros os impactos que um líder pode exercer sobre seus

colaboradores, uma vez que, como já foi apresentado, o líder atua como agente de

mudança, pela sua capacidade de fazer as coisas acontecerem, “catalisando energias de

um grupo para a conquista, ou para superar desafios” (PREDEBON, 1999, p.15). As

energias que este estiver catalisando, poderá influenciar positivamente ou negativamente

sobre seus colaboradores.

O maior de todos os desafios de um líder eficaz é viabilizar o potencial de sinergia

dos colaboradores, deverá estar atento às necessidades de cada pessoa e valorizar as

características individuais. Ignorar a individualidade significa impedir que as pessoas

existam de forma plena, ameaçando assim sua integridade. Sendo assim, o líder deverá

perceber quais as motivações dos funcionários e expectativas destes no ambiente de

trabalho, aceitando as diferenças motivacionais de cada um e compreendendo o estilo

próprio de cada colaborador. (BERGAMINI, 1994).

A atividade de liderança significa, sobretudo, capacidade de influenciar e de

direcionar os liderados para o alcance de objetivos e metas organizacionais. A influência

68

de um líder pode variar em conformidade com o estilo de liderança adotado e suas

características. Dependendo da intensidade da capacidade de influência, um líder pode

se constituir com um verdadeiro agente de mudanças, seja incentivando o

desenvolvimento da criatividade, seja bloqueando a criatividade de seus liderados. O líder

oferece um ponto focal convincente logicamente e emocionalmente gratificante para os

sujeitos. Exerce uma influência simbólica e não coercitiva para dirigir e coordenar as

atividades dos membros de um grupo para o alcance dos objetivos. Segundo Mitzenberg

(apud HOLLENBECK e WAGNERILL, 2004) liderança diz respeito à orientação e

motivação dos funcionários.

Os gestores devem perceber as particularidades de cada um para que possam

motivar seus colaboradores. Assim, haverá a compreensão e o comprometimento em

atingir uma meta com o máximo potencial de cada um (GONDIM e SILVA apud ZANELLI

et al, 2004).

A liderança eficaz percebe as peculiaridades de cada um e procura fazer com

que todos atinjam a perfeição, dentro das limitações e possibilidades de todos. E é dentro

destes limites existentes em cada indivíduo que a criatividade deverá ser promovida. O

ambiente organizacional, também se torna fundamental como fator ou estimulante ou

proibitivo do potencial criativo.

2.2. Criatividade

Em relação à criatividade Alencar (1996) traz que esta diz respeito a pensar de

forma diferente, tendo a ver com “os processos de pensamento que se associam com

imaginação, insight, invenção, inovação, intuição, inspiração, iluminação e originalidade”

(p. 3). É um fenômeno complexo com inúmeras facetas, envolvendo uma interação

dinâmica com características da personalidade da pessoa, habilidades de pensamento,

com o ambiente, com valores e normas da cultura e com a oportunidade de expressão de

ideias inovadoras.

Os desafios gerados no novo milênio exigem que já no contexto escolar as

crianças sejam estimuladas a serem autoconfiantes, independentes, persistentes e

capazes de aprenderem com seus próprios erros. Nas organizações em decorrência das

constantes mudanças, da globalização, avanço tecnológico, reestruturações vêm

ocorrendo, crescendo assim o interesse e a busca pela inovação e criatividade

(ALENCAR, 1996).

69

Conforme De Bono (1994) o pensamento criativo está crescendo de forma rápida

e adquirindo importância. “Virá a ter uma posição tão proeminente quanto finanças,

matérias-primas e pessoas” (p. 293). A medida que as organizações forem atingindo um

espectro de competências, somente as melhores ideias, as mais criativas poderão

oferecer a vantagem competitiva.

Portanto, no estabelecimento de metas para favorecer a criatividade, é

necessário observar se a cultura organizacional está propiciando ou bloqueando a

inovação. Muitas organizações enfatizam o cumprimento de regras e procedimentos já

estabelecidos do que novas perspectivas. Uma cultura que deseje promover a criatividade

deverá permitir a experimentação e a possibilidade do fracasso (HOLLENBECK e

WAGNERILL, 2004).

A liderança encorajadora não exagera no controle dos funcionários, sendo isto

fator-chave na tradução do talento criativo em produtos inovadores. A criatividade brota

do esforço coletivo, sendo essencial a promoção da diversidade. Outro aspecto relevante,

é que a exposição das pessoas às mais variadas experiências auxiliam a abalar as

decisões rotineiras. (HOLLENBECK e WAGNERILL, 2004).

Assim, tornam-se necessários líderes que catalisem as energias positivas de sua

equipe e que aceitem o fracasso e os erros procurando torná-los em aprendizado. A

criatividade, desta forma estará sendo promovida, pois como já fora visto, é preciso de

espaço para sua manifestação, sendo este livre de restrições e padronizações. O líder

poderá atuar disponibilizando um ambiente e favorecendo relações que tenham em vista

a criatividade.

Os itens a seguir buscam esclarecer aspectos relevantes acerca dos impactos do

líder sobre o desenvolvimento da criatividade dentro das organizações, salientando tantos

os impactos positivos, quanto os negativos.

2.3. Impactos positivos

Para uma empresa ser bem sucedida necessita de uma liderança forte, disposta a

fazer escolhas e encarar os conflitos que virão em função disso. Segundo Porter (1999),

isso não significa que os líderes tenham que inventar a estratégia. Em algum momento,

em todas as organizações, é preciso que haja um ato fundamental de criatividade em que

70

alguém intui em uma nova atividade na qual ninguém mais se acha envolvido. Alguns

líderes são ótimos nisso, mas não é um talento universal.

Conforme Nonaka (1991, apud ALENCAR, 1996) no âmbito das organizações, o

conhecimento é fator decisivo. Em uma economia em que a única certeza é a incerteza, a

vantagem competitiva duradoura é o conhecimento. Vive-se em uma época marcada pela

proliferação de tecnologias, multiplicação de concorrentes e aonde os produtos tornam-se

obsoletos quase que instantaneamente.

Pode-se inferir, visto o que fora acima mencionado, que as organizações

necessitam de pessoas inovadoras e que saibam explorar o potencial existente nas

pessoas. Face às inúmeras mudanças ocasionadas no mundo contemporâneo, as

empresas vêm sofrendo o reflexo disto, necessitando de originalidade e adoção de novos

valores.

Predebon (1999) traz que para que a liderança exerça um impacto positivo nas

pessoas no que tange à criatividade das mesmas, é necessário primeiramente

desvencilhar-se do estereótipo do “chefe”, mais responsável por sua mediocridade do que

por um trabalho eficiente de equipe. Não se lidera sem que haja um reconhecimento dos

liderados, assim sendo, capacidade é a base imprescindível.

Nesse sentido, vale ressaltar que nem todas as pessoas têm a habilidade de

liderança. Dizer que qualquer um pode ser líder é, segundo Goffee e Jones (2001), um

mito, uma vez que nem todos têm capacidade de liderança. Uns não têm interesse em

assumir essa responsabilidade, enquanto outros não têm autoconhecimento e

autenticidade suficientes.

Um “bom líder” estimula a sua equipe para que assuma decisões. Sem trabalhar

com o coração nos objetivos, Predebon (1999) escreve que os colaboradores não

conseguirão usar plenamente suas competências, em especial no que diz respeito à

criatividade.

Assim, a verdadeira liderança se manifesta quando os seguidores decidem dar

crédito a seus líderes, por acreditar neles e na articulação de suas visões. Conforme

Drucker (1996), quando uma pessoa tende a influenciar outra, o provável seguidor

empenha-se em uma avaliação ao mesmo tempo consciente e inconsciente do provável

líder. Ele somente seguirá o líder caso o julgue como fidedigno.

Para realizar seu julgamento, o liderado baseia-se nos “Seis Cs da Credibilidade”6

6 BORNSTEIN, Steven M. e SMITH, Anthony F. Os enigmas da liderança. In: DRUCKER, Peter F. O líder do futuro: visões, estratégias e práticas para uma nova visão. São Paulo: Futura, 1996.

71

Convicção Entusiasmo e o compromisso que o líder demonstra por sua visão.

Caráter Demonstração de integridade, honestidade, respeito e confiança.

Cuidado Preocupação com o bem-estar pessoal e profissional dos liderados.

Coragem Defender as crenças dos liderados, desafiar, admitir erros e mudar o próprio comportamento.

Compostura Manifestação coerente de reações emocionais.

Competência Habilidades tangíveis (técnicas funcionais) e intangíveis (interpessoais).

Fonte: BORNSTEIN e SMITH (apud DRUCKER, 1996).

O líder que apresentar todas essas credibilidades certamente irá conquistar a

confiança do liderado, podendo influenciá-lo de forma positiva, proporcionando um

ambiente adequado ao desenvolvimento da criatividade por parte do liderado.

Se o líder almeja um desempenho criativo de sua equipe, deverá criar um

ambiente aberto à participação. Esta abertura pressupõe um foco nos objetivos e não nas

normas. Neste ambiente aberto, todos têm sua importância, suas opiniões são válidas, há

a democracia. Um líder que crie o entusiasmo para que sua equipe atinja seus objetivos

colaborará para que emerja a “energia mágica” da motivação. Somente pela via afetiva

que líder poderá despertar a criatividade de sua equipe, gerando motivação e entusiasmo

(PREDEBON, 1999).

Liderar uma equipe é mais simples quando todos estão a par dos objetivos

organizacionais e de seu trabalho. O líder deverá promover um clima de transparência,

comunicação aberta e pessoal. Com sua habilidade interpessoal, procurará fazer com que

as pessoas se completem através de suas diferenças, lidando eficazmente com grandes e

pequenos problemas de relacionamento entre os integrantes. Para difundir a criatividade

e trabalhar a cultura do grupo, aperfeiçoando os posicionamentos pessoais para a

harmonia se torne produtiva, o líder deverá demonstrar, pelo exemplo, como as

diferenças podem ser complementadas, pois, a soma dos “diferentes” é mais

enriquecedora do que a dos semelhantes. A ‘consciência da convivência’ deverá ser

trabalhada, bem como a tolerância na admissão de erros. “Para que uma equipe funcionar

criativamente, é preciso atenuar o natural egocentrismo dos integrantes” (PREDEBON,

1999, p. 61).

Assim, percebe-se que o líder eficaz estimula a criatividade de sua equipe

fazendo com que esta se aceite e tenha a real vontade trabalhar junta. As diferenças na

perspectiva do autor são complementares, uma vez que enriquecem o trabalho das

72

pessoas e alcance de objetivos em comum. Pessoas semelhantes trazem respostas

semelhantes, e pessoas diferentes, trazem a diversidade, a pluralidade de ideias e

consequentemente a criatividade. Covey (2002) cita que é necessário maturidade para

considerar os sentimentos e convicções alheias para a obtenção de resultados e para o

bem-estar dos outros.Esta maturidade leva à expansão e ao desenvolvendo novas

habilidades e interesses. Pessoas assim, são líderes que irradiam energia positiva e

dirigem-na, autorrealizando-se.

A criatividade de uma equipe aperfeiçoa-se pela mobilização pessoas dos

integrantes da equipe de trabalho. Para isto, a harmonia é necessária, uma vez que

viabiliza a cooperação e a complementaridade. A liderança atua na equipe no sentido

promover a democraticidade, abrindo as portas para a informalidade e fechando as portas

para as normas e procedimentos (PREDEBON, 1999).

O líder tem influencia sobre as pessoas, porém, não pode desvirtuar-se focando

somente no desempenho das pessoas em relação à tarefa, mas deverá procurar não

somente beneficiar a empresa, mas as pessoas. É necessário que este seja capaz de

formar uma real equipe de trabalho. Exercer esta função na atualidade não é simples,

segundo Vieira (2005), pois, executar, planejar, ser eficaz, eficiente, comunicador, saber

liderar grupos, delegar tarefas, ser gestor de talentos humanos, estar constantemente

atualizado, torna-se dificultoso. O essencial para que se alcance isto é superar as

barreiras de lidar com pessoas.

Muitas barreiras emocionais dificultam o desenvolvimento das potencialidades

criativas das pessoas, dentre estas, estão a apatia, a baixa tolerância à mudança, o

desejo em excesso de segurança e ordem, a inabilidade de tolerar a ambiguidade, a

insegurança, o medo de parecer ridículo, medo do fracasso e dos erros, a relutância em

experimentar o novo e consequentemente correr riscos e o sentimento de inferioridade. O

líder para promover mudanças e estimular a criatividade das pessoas, deverá procurar

fazer com que as pessoas se libertem destes bloqueios, que por vez impedem que as

pessoas utilizem o potencial quase que ilimitado de suas mentes (ALENCAR, 1996).

Amabile (1993, apud ALENCAR, 1996) cita que se as pessoas percebem que

estão trabalhando em um ambiente onde os objetivos são claros, desafiadores e

interessantes, havendo autonomia ao decidirem que rumos tomarão para o alcance de

suas metas, sem pressão com prazos inacessíveis, trabalharão em altos níveis de

motivação intrínseca e produzirão ideias criativas.

Pode-se perceber que a cultura organizacional, bem como seu clima, são fatores-

chave para a estimulação da criatividade das pessoas. Se há uma cultura organizacional

73

aberta às mudanças, inovações e a participação, e, uma liderança que propicie um clima

organizacional favorável entre as pessoas, o potencial criativo será estimulado de forma

positiva e benéfica para a equipe. Caso contrário, as pessoas serão reproduções do

sistema social vigente, não inovadoras, mas atuarão repetindo ou meramente executando

o que lhes é solicitado.

O líder deve desempenhar um papel de educador, auxiliando as pessoas a

serem, fazerem, conviverem e aprenderem, conforme Delors (1999). Estas competências

compreendem quatro pilares para a educação, em uma sociedade do conhecimento com

perfil tecnológico, onde se torna necessária uma aprendizagem permanente. Estes quatro

pilares, ou seja, competências essenciais a serem desenvolvidas pelas pessoas, são:

- Aprender a conhecer: É necessário tornar prazeroso o ato de compreender,

descobrir, construir e reconstruir o conhecimento. A curiosidade, autonomia e atenção

devem ser valorizadas. É preciso aprender a pensar, pensar também o novo, reinventar o

pensar. Em termos organizacionais, é essencial adquirir conhecimentos voltados às novas

tecnologias nesta “era de conhecimento”, buscando além de estar constantemente

atualizado, aprimorar-se, aperfeiçoar-se e ler sempre.

- Aprender a fazer: É indissociável do aprender a conhecer. É essencial saber

trabalhar coletivamente, ter iniciativa, gostar de uma certa dose de risco, saber

comunicar-se, resolver conflitos e ser flexível. Em uma organização, isto significa não ser

especialista demais, procurando conhecer temas paralelos e buscar constantemente ser o

mais criativo possível.

- Aprender a viver juntos: É essencial aprender a viver com os outros,

compreendê-los, desenvolver a percepção da interdependência, administrar conflitos,

participar de projetos comuns e ter prazer no esforço comum. Tanto em uma organização

de trabalho quanto em qualquer outro local, é essencial que as pessoas criem relações

que gerem negócios e que consequentemente aumentem seus conhecimentos. Para isto,

deve-se saber conviver com as diferenças, aceitando o outro e percebendo-o em sua

singularidade.

- Aprender a ser: É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético,

responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade,

iniciativa e desenvolvimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem

necessita ser integral não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada

indivíduo. A pessoa em seu ambiente organizacional deverá buscar ser empreendedora,

buscando alternativas e fontes para a execução de seu trabalho, assumindo assim

responsabilidades por seus atos, ideias e iniciativas.

74

A partir destes quatro pilares, o ensino-aprendizagem voltado apenas para a

“absorção” do conhecimento, poderá dar lugar ao pensar e ao saber comunicar-se. Isto se

torna essencial no ambiente organizacional e nos gestores que desejem influenciar

positivamente seus colaboradores. Necessitam saber pensar e repensar e principalmente

saberem se comunicar, se fazerem entender e serem entendidos.

Liderar implica em fazer as pessoas conhecerem, descobrirem novos

conhecimentos, possibilitando a estas a oportunidade, fornecendo autonomia. O trabalho

coletivo torna-se essencial e o líder deverá estimular sua equipe ao máximo para que isto

ocorra, pois, assim as pessoas aprenderão a fazer, buscando constantemente através de

meios criativos e em equipe, procurar soluções para possíveis problemas. Para que

convivam juntas, as pessoas não podem vir a negligenciar as potencialidades,

competências e singularidades de cada um. Desta forma, ocorrendo o trabalho coletivo, o

grupo apresentará uma sinergia positiva que o auxiliará a criar e inovar em ideias e

propostas para a organização.

O clima criativo somente ocorrerá caso o líder apóie e valorize novas ideias. O

modo como os dirigentes conduzem a organização, tomam decisões e lideram as

pessoas, é elemento determinante da atmosfera do ambiente de trabalho. Para a

criatividade ser estimulada positivamente deve haver a motivação à produção de ideias, a

tolerância ao fracasso e o encorajamento para correr riscos, a pessoa deverá sentir que

sua empresa confia nela, podendo esta expressar suas opiniões. Um dirigente que

imprime confiança, que apoia novas ideias, valoriza a competência de seus colaboradores

e facilita o aproveitamento do potencial destes, “cria” consequentemente uma organização

criativa (ALENCAR, 1996).

Conforme Bennis (1999) nas “alianças criativas, o líder e o grupo estão aptos a

alcançar algo que nenhum dos dois poderia alcançar sozinho. O líder encontra a

grandeza no grupo. E então ajuda os membros a encontrá-la em si próprios” (p.3). A

genialidade está diretamente associada ao esforço concentrado para alcançar resultados

que melhorem a vida das pessoas. As empresas do futuro dependerão cada vez mais da

criatividade de seus participantes para sobreviverem. Os líderes são aqueles que

encontram meios de manterem seus talentosos colaboradores independentes, dando a

estes liberdade para que realizem seu melhor e mais inovador trabalho. “Grandes Grupos”

segundo autor, são aqueles singulares, que raramente apresentam problemas de

motivação. São extraordinários, há a colaboração criativa, a liberdade e a visão objetiva.

Os líderes eficazes devem ser capazes de transformarem grupos comuns em “Grandes

Grupos”.

75

Kidder (apud BENNIS, 1999) descreve que estruturas organizacionais que

resultam de colaboração criativa são compostas por rede de responsabilidade mútua e

voluntária bem como um modelo mais flexível de liderança. Estes grupos tornam-se

direcionados aos seus objetivos e não há preocupação com o organograma. Bennis

(1999) traz que líderes eficazes permitem que os membros de sua equipe trabalhem do

modo que desejam, encorajando a criatividade e removendo o estigma do fracasso.

Compreendem as verdades mais básicas sobre os seres humanos, dando sentido a

estes.

Predebon (2002) traz que quem delega multiplica seu valor. A pessoa criativa que

abre espaço para seus liderados, exerce suas competências gerando uma equipe

motivadora, realizada e feliz. O entusiasmo e a capacidade de atingir o que parecia

inatingível é uma característica de grupos com este perfil de liderança. A liderança criativa

emerge da segurança e do desapego. O líder conhecendo seu valor se sente seguro, não

temendo a ascensão de um colaborador, abrindo espaço para sua equipe crescer e obter

vitórias. Em relação ao desapego, esta é uma qualidade rara, relacionada à grandeza de

caráter, no encorajamento do próximo e na alegria sincera de participar do crescimento de

alguém.

Assim, não basta somente a equipe ser criativa, mas há a necessidade de uma

liderança criativa que promova segurança e satisfação em sua equipe. Para isto, é

necessária maturidade do líder para que perceba o potencial presente nas pessoas e

deseje de forma sincera estimulá-lo.

2.4. Impactos negativos

Conforme Predebon (1999) um líder com características autoritárias poderá atuar

negativamente no potencial criativo das pessoas nas organizações. Esta postura ocasiona

no lugar da motivação a obediência, não se conseguindo assim extrair “boas ideias” de

sua equipe. Isto, não é um caminho válido para que a criatividade seja acessada, pois,

gera medo nas pessoas.

Um líder não deverá administrar os conflitos de sua equipe do modo mais cômodo

e primário se deseja estimular a criatividade, procurando um meio para segregar os

funcionários que não se entrosam. Ideias inovadoras não surgem de consensos fáceis,

mas da troca de informação, que na maioria das vezes não é pacífica (PREDEBON,

1999).

76

Algumas barreiras podem vir a impedir o potencial criativo das pessoas. Algumas

destas são as estruturais, sociais e políticas, processuais, de recursos e individuais,

atitudinais. As barreiras estruturais, dizem respeito à estrutura organizacional.

Dependendo do nível de formalização em que a organização se encontrar, suas regras e

procedimentos e a introdução de inovações poderão ser prejudicadas. A centralização

também pode ser um fator adverso à inovação, pois, o poder é geralmente estendido aos

altos níveis hierárquicos, sendo restritiva. Líderes centralizadores inibem abertura e a

diversidade de ideias (ALENCAR, 1996).

As barreiras sociais e políticas correspondem às normas e impactos de poder nas

organizações. As normas reforçam o conformismo, o medo generalizado da crítica e,

limitam a expressão da criatividade pessoal. Procedimentos e regulações que inibem a

inovação denominam-se barreiras processuais. Há a ênfase no status quo e o

desestímulo ao atingimento de metas e formas inovadoras, uma vez que devem ser

executadas da maneira usual. Um outro tipo de barreira é a de recursos, que dizem

respeito à carência de recursos financeiros, humanos e de tempo que possam subsidiar a

introdução da inovação. Por fim, as barreiras individuais e atitudinais, incluem o medo das

pessoas de correrem risos, a intolerância à ambiguidade, o dogmatismo, a acomodação,

o conformismo, a inflexibilidade e a resistência ao novo (ALENCAR, 1996).

Um líder que exclui os indivíduos diferentes e dá importância ao status quo,

desvaloriza o subjetivo. As barreiras ao novo e ao diverso, criam desajustes e apresentam

caráter repressor. O pensamento rígido, a busca de soluções rápidas e imediatas estão

relacionadas à incapacidade de agir criativamente. (Wechsler, 1998).

Segundo Alencar (1996) alguns fatores podem desfavorecer o potencial criativo,

são eles: a intransigência e o autoritarismo, protecionismo e paternalismo, a falta de

integração entre os setores, a falta de apoio para colocar novas ideias em ação e a falta

de estímulo aos colaboradores.

Talbot (apud ALENCAR, 1996) constatou que as principais fontes externas que

inibem a criatividade são as chefias, os colegas e o sistema de forma geral. Em especial,

os ‘chefes’ foram fortemente mencionados, podendo apresentar comportamentos como o

de ausência de apoio, indecisão, autoritarismo em excesso, relutância à delegação e

jogam uns contra os outros. O autor, também constatou em sua análise que a forma como

os colaboradores caracterizavam as chefias, era distinta da forma como estas se

percebiam, pois, acreditavam ser mais adaptáveis e dispostas a apoiarem sua equipe do

que esta última apontou.

77

Predebon (2002) traz que os inimigos da inovação da empresa, são líderes com

posturas sérias e contidas. Estes apresentam uma concepção antiga e formal dos

negócios, policiando o colaborador, impedindo-o de vivenciar suas atividades de modo

mais agradável e motivador. O clima na organização torna-se ‘pesado’ e limita as ações

individuais e inovadoras.

Líderes apegados à normatização para a solução de qualquer tipo de problema,

que cobram dados fundamentados e informações exatas, inibem a intuição na tomada de

decisões e a iniciativa pessoal. A necessidade de manter todos os procedimentos dentro

de parâmetros já estabelecidos, também dificulta o pensamento criativo, uma vez que não

permite a expressão de ideias que já não estejam devidamente estabelecidas

(PREDEBON, 2002).

Tendo por base o que fora mencionado, a liderança pode impactar de forma

negativa no potencial criativo das pessoas quando fomenta políticas autoritárias de

liderança e cultiva a rigidez, a falta de diálogo e a individualidade. Não permitindo que

ocorram consensos de ideias de liberdade de expressão, acaba criando uma sinergia

negativa, que reprime o potencial das pessoas de pensarem e agirem criativamente.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho é um fator inerente à vida das pessoas, sendo muitas vezes, o

elemento que atribui sentido a própria vida. As pessoas passam grande parte de suas

vidas dedicando-se a este dentro das organizações, interagindo e convivendo com outros

indivíduos. É por meio do trabalho que as pessoas procuram se realizar profissionalmente

e alcançar seus objetivos materiais e pessoais. Dessa forma, a empresa representa um

espaço de interação social, na qual um conjunto de papéis convergem para alcançaram

objetivos e metas, tanto pessoais quanto organizacionais.

Ao mesmo tempo, dentro da organização podem existir diversos objetivos

divergentes, o que torna a organização um ambiente complexo, onde interesses diversos

podem entrar em conflito. Além da complexidade, uma organização é caracterizada pela

crescente especialização das atividades desenvolvidas em seu contexto, pela

padronização de rotinas e atenção centrada em tarefas e não em pessoas.

A criatividade, como observado ao longo da realização da pesquisa, constitui-se

realmente em um elemento essencial para o sucesso de uma empresa. A competitividade

78

que se apresenta no mundo dos negócios exige criatividade, eficiência e busca por

soluções rápidas para os problemas que se levantam dentro de uma empresa.

Entende-se por criatividade aqui a capacidade de uma pessoa ou um grupo de

pessoas encontrarem soluções inovativas para dirimir os problemas que emergem de

forma constante no ambiente organizacional. É um processo que envolve a interação

dinâmica com características da personalidade da pessoa, habilidades de pensamento,

com o ambiente, com valores e normas da cultura e com a oportunidade de expressão de

ideias inovadoras. Pressupõe ainda intenso envolvimento no trabalho realizado, atitude

otimista aliada à coragem para correr riscos, flexibilidade pessoal, abertura à experiência

e tolerância à ambiguidade, autoconfiança e iniciativa e persistência.

Porém, na maior parte das situações as pessoas precisam de incentivo e de um

ambiente propício para se sentirem motivadas a desenvolverem sua criatividade. Assim,

no que tange a criatividade no âmbito organizacional, é relevante que exista um líder com

capacidade de influenciar os demais funcionários, de modo a induzi-los a processos

criativos.

A pessoa que não consegue influenciar as pessoas de seu grupo, de modo a

conduzi-las a um objetivo comum, não obterá sucesso enquanto líder. A liderança é

essencialmente uma questão de envolvimento de pessoas e pode ser conceituada como

a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida por intermédio do processo da

comunicação humana à consecução de um ou diversos objetivos.

Dessa forma, por meio da realização deste artigo foi possível inferir que a

liderança de fato influencia na criatividade das pessoas, de forma positiva, propiciando e

impulsionando a mesma, ou de forma negativa, esgotando suas possibilidades de se

manifestar.

Isso significa que, a partir do momento em que a liderança é bem trabalhada, por

meio de um estilo de liderança adequado à personalidade de líderes e liderados,

reconhecendo as habilidades, competências e necessidades de cada pessoa, pode-se

influenciar na criatividade das pessoas de modo a criar um ambiente onde as pessoas

possam se manifestar.

Em outras palavras, o líder influencia de forma positiva o desenvolvimento da

criatividade quando cria um ambiente adequado à inovação, ou seja, conquista os

liderados por meio de sua credibilidade, incentiva a responsabilidade mútua, a

participação e o trabalho em grupo, estimule e ofereça incentivos às equipes, apoiando as

ideias desenvolvidas, enfim, administre seu liderados dando-lhes autonomia e sendo

79

flexível. Um líder com essas habilidades pode desenvolver um trabalho com excelentes

resultados dentro de uma organização.

Ao contrário, quando o líder é essencialmente autoritário e cultiva uma política de

rigidez, falta de diálogo e individualidade dentro da empresa, pode impactar de forma

negativa no potencial criativo das pessoas. Em um ambiente assim configurado, inibe-se

ideias de liberdade de expressão, terminando por criar uma sinergia negativa,

responsável por reprimir o potencial das pessoas de pensarem e agirem de forma criativa.

Dessa forma, torna-se fundamental para o líder possuir determinadas

competências que aumentarão suas possibilidades de obter o comprometimento por parte

dos liderados. Dentre essas competências destaca-se o autocontrole emocional, a

empatia com os liderados, a capacidade de comunicação, a flexibilidade, a atitude de

mostrar-se humano frente aos liderados, evidenciando que também possui pontos fracos,

a confiança em suas intuições, entre outras.

Tendo por base as considerações apresentadas, vale ressaltar que a elaboração

deste artigo encontrou dificuldades no que diz respeito à validade e consistências das

obras encontradas. Embora, encontrem-se inúmeros escritos e obras tratando sobre a

liderança e a criatividade, questiona-se inúmeras vezes a veracidade das informações ali

dispostas. É essencial seriedade, comprometimento e cientificidade quando se trata de

questões relacionadas ao ser humano, por isto, foram abordados conceitos de autores

clássicos da Administração e Psicologia.

Para finalizar, torna-se necessário dar continuidade aos estudos envolvendo a

temática aqui apresentada, pois, sabendo-se que a liderança impacta na estima e

motivação dos colaboradores, este aspecto deve ser permanentemente estudado e

analisado de modo que se encontrem sempre formas benéficas para obter o

comprometimento das pessoas com os objetivos organizacionais, desenvolvendo suas

competências e permitindo sua autorrealização. Sugere-se ainda que posteriores estudos

sejam efetuados acerca da liderança e da criatividade de forma empírica, procurando

assim associar teoria e prática dos conhecimentos produzidos.

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80

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DRUCKER, Peter. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. Desafios Gerenciais para o Século XXI. São Paulo: Thomson, 1999.

__________. Tradução de William Heinemann.O Gerente Eficaz. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1967.

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PORTER, M. Competição: estratégias competitivas essenciais. São Paulo: Campus, 1999.

PREDEBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente: um caminho para o exercício prático dessa potencialidade, esquecida ou reprimida quando deixamos de ser crianças. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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ZANELLI, J. C., BORGES-ANDRADE, J. E., BASTOS, A. V. B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

81

UNIDADE VIII – ANÁLISE DE TEXTOS

TEXTO 1

Desempregados. E armados

Por Fernando Canzian7 em 05/04/2009

Já havia contabilizado pelo menos quatro casos idênticos nos últimos três meses. Num país como os EUA, onde o fato não é incomum, não dava para julgar até mesmo como leve tendência.

Mas dois novos eventos idênticos ocorreram na semana passada: recém desempregados abriram fogo contra ex-colegas de trabalho. Ou saíram atirando a esmo contra pessoas inocentes.

Nos dois últimos casos, em Pittsburgh (PN) e Binghamton (NY), onde houve um brasileiro entre as 13 vítimas fatais, os atiradores não só estavam bem armados como usavam coletes a prova de balas nos locais dos massacres. Ambos haviam acabado de ser demitidos.

Em Pittsburgh, Richard Poplawski teve uma discussão com a mãe, que acabou chamando a polícia. Ele esperou pelos oficiais ao lado da porta de entrada da casa. Matou três deles, dois com tiros na cabeça, antes de se entregar.

Em Binghamton, Jiverly Wong matou 13 pessoas (entre eles o pernambucano Almir Alves) antes de também tirar a própria vida em um centro para imigrantes.

Wong mal falava inglês até a semana passada, mas ganhou o direito de andar armado em 1996. Estima-se que existam cerca de 250 milhões de armas em circulação nos EUA, para uma população de pouco mais de 300 milhões.

Um colega do antigo local de trabalho de Wong contou tê-lo visto diariamente, e por horas, batendo uma bola de tênis contra uma parede próximo ao cenário do massacre. Wong mantinha essa rotina desde que foi dispensado de uma linha de produção da IBM.

Existem hoje 13,2 milhões de desempregados nos EUA, país onde ser considerado um "loser" (um perdedor) é a pior das ofensas. Do total, mais de 4,4 milhões perderam seus empregos na atual recessão, elevando o nível de desemprego para 8,5%.

Mas a taxa é muito maior entre os que não são brancos (de olhos azuis ou não) e entre as pessoas menos escolarizadas. Ela sobe a 13,3% entre negros; 11,4% entre hispânicos; e 13,3% entre os que não concluíram o equivalente ao ensino médio no Brasil.

Os dois atiradores da semana passada estavam em um ou mais desses grupos.

7 Fernando Canzian, 42, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006. Escreve às segundas-feiras.

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Tirando as doenças graves e a morte de entes queridos, talvez não exista nada pior para uma pessoa normal do que perder o emprego. Especialmente numa crise deste tamanho, onde não há muito para onde ir.

Com a perda, vai junto não apenas o dinheiro para as contas, mas autoestima e dignidade. Em muitos casos, a pessoa deixa de ser o que era.

Na literatura, uma descrição desconcertante desse sentimento está no conto quase metafísico "O espelho", de Machado de Assis. Nele, um oficial não é demitido, mas perde completamente seu "chão" ao ser obrigado pelas circunstâncias a ficar muitos dias longe de sua rotina, e fora de seu uniforme.

A inquietação é resolvida quando ele se coloca por algumas horas diariamente na frente de um espelho. Vestindo o uniforme, consegue recordar quem realmente é, restabelecendo a calma interior.

No caso do desemprego, o espelho é o pior dos mundos.

Retirado de http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/fernandocanzian/ult1470u546332.shtml. Acesso em 17 de maio de 2009.

TEXTO 2

Governo vai criar um vale-desperdício?

Por Gilberto Dimenstein8 em 10/04/2009

Leio na coluna da Mônica Bergamo que deve chegar a R$ 800 milhões o tamanho da renúncia fiscal do vale-cultura --é o modelo do ticket refeição, fornecido pelas empresas, mas agora usado para que os empregados tenham mais acesso a cinema, teatro, shows, exposições, concertos. Quem pode, afinal, ser contra essa ideia tão simpática e civilizada?

Venho participando de uma experiência que me faz suspeitar que esse vale-cultura pode ser mais um daqueles desperdícios brasileiros, movidos à boa intenção.

Um grupo de jornalistas recém-formados, outros ainda na faculdade, decidiu montar um guia cultural e educativo (www.catracalivre.com.br) com as atividades gratuitas ou a preços populares da cidade de São Paulo. Eles passam o dia garimpando essas atividades não só nas áreas centrais, mas nas periferias − ou até lugares não convencionais como um bar que promove sarau ou um cinema numa laje ou num beco. São tantas as opções que, muitas dias, é como se a cidade tivesse uma espécie de Virada Cultural.

Por causa disso, comecei a prestar a atenção ao fato de que eventos de ótima qualidade em museus, teatros, salas de concertos, não atraem muita gente − e muitas vezes

8 Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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apenas pela falta de informação. Escolas e faculdades ao lado de museus ou centros culturais, por falta de informação, não estimulam seus alunos a ir aos eventos, apesar de gratuitos.

Meu receio, portanto, é que, com esses R$ 800 milhões se estimule, com dinheiro público, acesso à cultura exclusivamente comercial.

Se é para gastar esse dinheiro, seria melhor usado se facilitasse o transporte e monitoria para as pessoas visitarem o que já existe e é pouco usado. Sei de muitos professores frustrados porque não têm como levar seus alunos a uma exposição.

Retirado de http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u548920.shtml. Acesso em 20 de maio de 2009.

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