Obstetrícia vol. 1...nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para...

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Obstetrícia vol. 1 Principais temas para provas SIC OBSTETRÍCIA

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Principais temas para provas

SIC OBSTETRÍCIA

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Autoria e colaboração

Fábio Roberto CabarGraduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e em Direito pela Fa-culdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP). Mestre e doutor em Obstetrícia e Ginecologia pelo HC-FMUSP, onde é médico preceptor da Clínica Obstétrica e presidente da Comissão de Ética Médica. Advogado atuante na área de Direito Médico e Defesa Profissional. Membro da Comissão Especial de Direito Médico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção São Paulo.

Atualização 2018Fábio Roberto Cabar

Assessoria didáticaCarolina de Freitas Narciso Martins

Revisão de conteúdoDan Yuta Nagaya

Revisão técnicaCinthia Ribeiro FrancoDaniela Andrea Medina MacayaEdivando de Moura BarrosJoão Guilherme Palma UrushimaLuan FortiLucas Kenzo MiyaharaMariana da Silva Vilas BoasMatheus Fischer Severo Cruz HomemNadia Mie Uwagoya TairaPriscila Schuindt de Albuquerque SchilRyo ChibaViviane Aparecida QueirozWilian Martins GuarnieriWilliam Vaz de SousaYuri Yamada

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Apresentação

O ensino médico é desafiador por natureza, e o estudante que se decide pelos fascinantes caminhos da Medicina sabe disso. Fascínio advindo, em grande parte, justamente das inúmeras possibilidades e, até mesmo, obri-gatoriedades que se abrem para esse aluno logo que ele ingressa no ensino superior, a ponto de ser quase impossível determiná-las ou mensurá-las.

Dessa rotina faz parte, por exemplo, um inevitável período de aulas práti-cas e horas em plantões de vários blocos, não só o responsável por grande parte da experiência que determinará a trajetória profissional desse aluno, como também o antecedente imediato do seu ingresso em um programa de Residência Médica que seja referência, no mínimo, em todo o país – o que exigirá dele um preparo minucioso e objetivo.

Esse é o contexto em que toda a equipe de conteúdo da Medcel, forma-da por profissionais das áreas pedagógica e editorial e médicos das mais diferentes especialidades, preparou a Coleção SIC Principais Temas para Provas. O material didático destaca-se pela organização e pelo formato de seus capítulos, inteiramente voltado à interação, com recursos gráficos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamentos, temas frequentes em provas, leituras recomendadas e outros destaques, sem os quais o alu-no não deve prestar nenhum exame. Tudo isso somado às questões ao fi-nal, todas comentadas a partir de uma estrutura que lhe permite identificar o gabarito de imediato.

Com tudo isso, nossa equipe reforça o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa e lhe assegura um excelente estudo.

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Índice

Capítulo 1 - Fisiologia da gestação ................ 15

1. Fisiologia da gestação .............................................. 16

2. Diagnóstico de gravidez .........................................21

3. Fisiologia fetal ........................................................... 23

4. Sangue fetal ...............................................................27

5. Sistema respiratório ............................................... 28

Resumo .............................................................................32

Capítulo 2 - Modifi cações locais e sistêmicas no organismo materno ....................................33

1. Introdução .................................................................. 34

2. Modifi cações locais ................................................. 34

3. Modifi cações sistêmicas ........................................ 36

4. Metabolismo ............................................................. 43

Resumo ............................................................................ 46

Capítulo 3 - O trajeto ....................................... 49

1. Defi nição ..................................................................... 50

2. Bacia obstétrica ....................................................... 50

3. Bacia mole .................................................................. 54

Resumo ............................................................................ 56

Capítulo 4 - Relações uterofetais ..................57

1. Defi nição ..................................................................... 58

2. Atitude ........................................................................ 58

3. Situação ...................................................................... 58

4. Apresentação............................................................ 59

5. Posição ......................................................................... 61

6. Variedade de posição ............................................. 62

Resumo ............................................................................64

Capítulo 5 - Assistência pré-natal ................ 65

1. Defi nição ..................................................................... 66

2. Anamnese .................................................................. 68

3. Exame físico ................................................................72

4. Exames subsidiários ................................................77

5. Vacinação .................................................................. 82

6. Suplementação vitamínica ................................... 83

Resumo ........................................................................... 85

Capítulo 6 - O parto ......................................... 87

1. Mecanismo de parto ................................................88

2. Assistência clínica ao parto .................................. 95

3. Partograma ..............................................................101

4. Hemorragia puerperal ........................................ 105

5. Distocia de ombros ................................................ 112

Resumo ........................................................................... 115

Capítulo 7 - Tocurgia ....................................... 117

1. Cesárea ....................................................................... 118

2. Fórcipe ....................................................................... 130

Resumo ...........................................................................136

Capítulo 8 - Puerpério .................................... 137

1. Defi nição ................................................................... 138

2. Modifi cações locais ............................................... 138

3. Modifi cações sistêmicas .......................................139

4. Cuidados durante o puerpério...........................140

5. Amamentação.......................................................... 141

6. Recomendações de contracepção para mulheres lactantes ................................................ 144

Resumo .......................................................................... 149

Capítulo 9 - Infecção puerperal ................... 151

1. Introdução .................................................................152

2. Incidência ...................................................................152

3. Fatores predisponentes ........................................152

4. Etiologia .....................................................................153

5. Quadro clínico e diagnóstico ............................. 154

6. Propedêutica subsidiária .....................................155

7. Diagnóstico diferencial .........................................156

8. Tratamento ...............................................................156

Resumo .......................................................................... 158

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Capítulo 10 - Distúrbios psiquiátricos no puerpério ..........................................................159

1. Blues puerperal ....................................................... 160

2. Depressão puerperal ............................................ 160

3. Psicose puerperal ...................................................163

4. Transtorno bipolar, transtorno obsessivo--compulsivo e síndrome do pânico .................163

Resumo .......................................................................... 164

Capítulo 11 - Drogas e gestação ...................165

1. Introdução ................................................................ 166

2. Adoçantes artificiais ............................................. 166

3. Aminoglicosídeos ....................................................167

4. Analgésicos ...............................................................167

5. Androgênios .............................................................167

6. Anfenicóis ..................................................................167

7. Anorexígenos ............................................................167

8. Ansiolíticos e hipnóticos .......................................167

9. Antagonistas dos receptores de angiotensina .....168

10. Antiácidos .............................................................. 168

11. Antiagregantes plaquetários ............................ 168

12. Antiarrítmicos ....................................................... 168

13. Anticoagulantes.....................................................169

14. Antidepressivos ....................................................169

15. Antidiabéticos ........................................................169

16. Antidiarreicos .........................................................169

17. Antieméticos ...........................................................169

18. Antienxaqueca .......................................................169

19. Antiepilépticos .......................................................169

20. Antiespasmódicos ............................................... 170

21. Antifúngicos .......................................................... 170

22. Antiflatulento ....................................................... 170

23. Anti-helmínticos .................................................. 170

24. Anti-heparínico .................................................... 170

25. Anti-histamínicos ................................................ 170

26. Anti-inflamatórios ............................................... 170

27. Antimaláricos ......................................................... 171

28. Antipsicóticos ........................................................ 171

29. Antitireoidianos .................................................... 171

30. Antiulcerosos ......................................................... 171

31. Bloqueadores dos canais de cálcio .................. 171

32. Bloqueadores dos receptores alfa e beta-adrenérgicos ................................................ 171

33. Broncodilatadores ................................................172

34. Cefalosporinas ......................................................172

35. Diuréticos ................................................................172

36. Estrogênios ............................................................172

37. Hipolipemiantes .....................................................172

38. Hipotensores com ação inotrópica .................172

39. Hormônios tireoidianos ......................................172

40. Inibidores da enzima conversora de angiotensina ..........................................................172

41. Macrolídeos ............................................................173

42. Penicilinas ...............................................................173

43. Progestogênios .....................................................173

44. Quinolonas .............................................................173

45. Sulfas ........................................................................173

46. Tetraciclinas ...........................................................173

47. Tuberculostáticos ..................................................173

48. Vasodilatadores ...................................................174

49. Álcool ........................................................................174

50. Tabaco ......................................................................174

51. Cocaína .....................................................................174

52. Maconha ..................................................................175

53. Heroína ....................................................................175

Resumo ...........................................................................176

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Fisiologia da gestação

Fábio Roberto Cabar

A fecundação acontece a partir da fusão dos pró--núcleos, masculino e feminino, formando o zigoto. Esse ovo sofre divisões sucessivas, e as células formadas são chamadas de blastômeros, cuja massa é chamada mórula, que adentra a cavidade uterina no 5º dia após a fecundação, seguindo-se as divisões até a formação do blastocisto. A nidação acontece em torno de 1 semana após a ovulação, e continuam as divisões celulares com a formação da placenta com componentes embrioná-rios e maternos. Nas 4 primeiras semanas, o aumento da progesterona é de responsabilidade do corpo lúteo e posteriormente por células do sinciciotrofoblasto que formarão a placenta. A progesterona tem, como função, inibir a contratilidade uterina e a lactação, desenvol-ver as mamas e exercer atividade imunossupressora; já os estrogênios influenciam o crescimento do útero e aumentam o fluxo sanguíneo local. O diagnóstico de gravidez é realizado por meio de sinais, sintomas e exa-mes. Há certeza de gestação quando se auscultam os batimentos cardíacos fetais (ultrassonografia transva-ginal de 6 a 8 semanas, sonar de 12 semanas e Pinard de 18 a 20 semanas), movimentação fetal (16 semanas) e gonadotrofina coriônica humana (beta-HCG) de 1.000 a 2.000mUI/mL, que são os níveis em que a ultrassono-grafia transvaginal pode identificar o saco gestacional intraútero.

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1. Fisiologia da gestaçãoO ovário, mensalmente, gera um folículo dominante contendo um oó-cito. A eclosão desse folículo, chamada ovulação, libera esse precursor do gameta feminino. A tuba uterina capta o oócito, e, na sua porção distal, na região ampular, há o encontro dos gametas masculinos com o gameta feminino.

A fecundação é a fusão dos 2 pró-núcleos, masculino e feminino. Quando isso acontece, a estrutura celular resultante é denominada ovo ou zigoto. O ovo sofre uma série de divisões celulares sucessivas, processo chamado segmentação. A cada divisão, são formadas células denominadas blastômeros. O conjunto de blastômeros forma a massa denominada mórula, que alcança a cavidade uterina ao redor do 5º dia. As sucessivas divisões prosseguem, aparece certa diferenciação celu-lar, e é formada uma cavidade com as células formadoras do embrião concentradas em um dos polos dessa estrutura, o blastocisto.

DicaA implantação do em-

brião acontece na fase de blastocisto.

A nidação inicia-se cerca de 1 semana após a ovulação, entre o 6º e o 8º dias, e se completa alguns dias depois, quando encontra o endométrio em plena fase secretora. O 1º contato gera a destruição do epitélio e do estroma endometriais, ação causada por enzimas e pelo grande poder invasor das células trofoblásticas. Após breve período de edema, as células do estroma endometrial so-frem a transformação decidual. Esta se inicia ao redor dos vasos san-guíneos, sob o local da implantação, e se estende rapidamente. Por volta do 18º dia após a ovulação, todo o endométrio já apresenta re-ação decidual. As células deciduais são volumosas, poliédricas ou ar-redondadas, com núcleo arredondado e vesicular, citoplasma claro e circundado por membrana translúcida.

Figura 1 - Ovulação e formação inicial do zigoto: (1) ovulação ao redor do 14º dia do ciclo menstrual; (2) fecundação na porção ampular da tuba uterina; (3) chegada do ovo na cavidade uterina ao redor do 18º dia do ciclo menstrual – mórula; e (4) im-plantação do ovo no endométrio ao redor do 21º dia do ciclo menstrual – blastocisto

Até o 4º mês de gravidez, são reconhecidas várias divisões topográfi-cas na decídua: a decídua basal é aquela sobre a qual se deu a nidação; a decídua capsular é a parte que recobre o ovo; a decídua marginal é a que se encontra entre a decídua basal e a capsular e corresponde ao contorno equatorial do ovo; e, finalmente, a decídua parietal, que é a porção que reveste o restante da superfície interna do útero (Figura 2).

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As decíduas parietal e basal apresentam 3 camadas: a superficial ou compacta, a média ou esponjosa e a profunda ou basal. As 2 primeiras camadas representam a zona funcional e se destacam com a dequita-ção. A zona basal remanescente, no decorrer do puerpério, será res-ponsável por refazer o endométrio.

Atribuem-se várias funções à decídua. Ela protege o ovo da destruição e lhe assegura o alimento na fase inicial da placentação. Quando o endomé-trio não sofre a necessária deciduação, ocorre o acretismo placentário. Quando a barreira protetora da decídua está ausente, os vilos invadem demasiadamente a musculatura uterina e lhe corroem o travejamento.

O trofoblasto, componente embrionário, e a decídua, componente ma-terno, contribuem para a formação da placenta. As vilosidades coriôni-cas primárias, secundárias e terciárias, que originam os troncos coriais, surgem a partir do trofoblasto, derivadas diretamente do cório frondoso (ou viloso), na área de implantação do embrião. O potencial de invasão do tecido trofoblástico possibilita a destruição do tecido conjuntivo e dos vasos sanguíneos da decídua basal e do miométrio que os circunda. A formação dessas cavitações cria lacunas entre as vilosidades coriais, os espaços intervilosos, que se enchem de sangue materno proveniente dos vasos destruídos. Os septos deciduais, tecido preservado da invasão trofoblástica, delimitam os lobos placentários (Figura 3).

Figura 2 - Útero gravídico: tipos de decíduas e córios

Figura 3 - Trofoblasto e formação de vilosidades coriais

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O trajeto

Fábio Roberto Cabar

Este capítulo discorrerá sobre o canal do parto, sendo importante sedimentar a pelvimetria, que avalia as medidas internas dos estreitos da bacia e confere ao obstetra a capacidade de avaliar o prognóstico do parto. São avaliados, no estreito superior, o conjugado verda-deiro (obstétrico), o conjugado anatômico, o conjugado diagonal, os diâmetros transversos médio e máximo, os diâmetros oblíquos esquerdo e direito. Já no estreito médio, mede-se o diâmetro biciático; e, no estreito infe-rior, a conjugata exitus e o diâmetro bituberoso.

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1. DefiniçãoO trajeto, também conhecido como canal de parto, estende-se do útero à fenda vulvar. Nele, há 3 estreitamentos anulares: o orifício cervical, o diafragma pélvico e a fenda vulvovaginal. Ele é constituído por uma estrutura rígida e mais resistente, formada por ossos, articulações e li-gamentos, e por outra estrutura mais flexível, chamada “bacia mole” – que compreende o diafragma pélvico e o urogenital.

2. Bacia obstétricaA bacia obstétrica é constituída por 8 ossos: 2 ílios, 2 ísquios, 2 pubes, o sacro e o cóccix. É importante ressaltar que os ossos ílio, ísquio e pube se fundem e, juntos, formam o osso ilíaco.

Figura 1 - Bacia

Os ossos da bacia unem-se entre si pelas articulações: sínfise púbica (une os 2 pubes), sinostoses sacroilíacas (unem os ossos ilíacos ao sa-cro) e sacrococcígea (articula o cóccix com o sacro). Por ação hormonal, especialmente pela progesterona, essas articulações tornam-se mais frouxas durante a gestação (participação do fenômeno de embebição gravídica).

O estreito superior divide a pelve em grande e pequena bacia. A pe-quena bacia, também chamada escavação, está localizada abaixo do estreito superior e é de maior interesse para o obstetra, pois repre-senta o canal ósseo por onde o feto passa durante o parto.

A - Estreitos da baciaSão 3 os estreitos da bacia:

a) SuperiorApresenta configuração diversa conforme o tipo de bacia. Em 50% das vezes, tem a forma arredondada. É formado por promontório, asas do

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sacro, sinostoses sacroilíacas, linha arqueada do ílio, eminência ileo-pectínea, crista pectínea, margem superior do pube e da sínfise púbica.

b) Médio É formado pelo terço inferior do sacro, espinha isquiática e borda infe-rior da sínfise púbica.

c) Inferior Tem o formato de 2 triângulos com base comum: o bituberoso. O triân-gulo anterior é formado pela borda inferior da sínfise púbica e ramos isquiopúbicos. O posterior tem seu ápice na ponta do sacro, e os lados correspondem aos ligamentos sacrotuberosos.

B - Diâmetros da bacia óssea

a) No estreito superior - Conjugado verdadeiro (obstétrico): mede 10,5cm e vai do promontório ao ponto mais saliente da face interna da sínfise púbica (Figura 2 - B); - Conjugado anatômico: mede 11 a 11,5cm e vai do promontório ao meio da borda superior da sínfise púbica (Figura 2 - A); - Conjugado diagonal: mede 12cm e vai da borda inferior da sínfise pú-bica até o promontório. Pela medida do conjugado diagonal, pode-se estimar o conjugado obstétrico (este é geralmente 1,5cm menor do que aquele – Figura 2 - C); - Diâmetro transverso médio: mede 12cm e é equidistante do promon-tório e da face posterior da sínfise púbica (corta perpendicularmente o conjugado verdadeiro ao meio); - Diâmetro oblíquo esquerdo e direito: mede 12 a 12,5cm e se estende da eminência ileopectínea à articulação sacroilíaca do lado oposto.

DicaO conjugado obstétrico pode ser calculado a partir da medida do conjugado diagonal: basta medir o conjugado diagonal e subtrair 1,5cm do valor encontrado.

Figura 2 - Pelves falsa e verdadeira

b) No estreito médio - Diâmetro biciático: mede 10cm e está no sentido transverso, de uma a outra espinha isquiática; - Diâmetro anteroposterior: no nível das espinhas isquiáticas, mede 12cm.

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vol. 1

Principais temas para provas

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Fisiologia da gestação

2013 - UFMT - REVALIDA1. Os níveis de progesterona da fase lútea são respon-sáveis por:a) modifi cações proliferativas endometriais b) redução da pulsatilidade do LH c) fi lância do muco cervical d) extrusão do óvulo pelo ovário

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2017 - FMJ2. Do ponto de vista metabólico, para a mulher, a ges-tação é:a) anabólica durante todo o períodob) catabólica durante todo o períodoc) anabólica na 1ª metade e catabólica na 2ª metaded) catabólica na 1ª metade e anabólica na 2ª metadee) anabólica e catabólica durante todo o período

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Modifi cações locais e sistêmicas no organismo materno

2014 - UFMT - REVALIDA3. Na suplementação vitamínica para gestantes, um cui-dado especial deve ser tomado com a ação teratogênica de altas doses da vitamina:a) B1b) B6c) Ad) E

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2013 - UFMT - REVALIDA4. Com relação às modifi cações sistêmicas no organismo materno encontradas na gravidez com evolução normal, analise as afi rmativas a seguir: I - Ocorre aumento da taxa de fi ltração glomerular.

II - O volume plasmático encontra-se aumentado. III - A viscosidade plasmática encontra-se diminuída. IV - Ocorre aumento absoluto do volume eritrocitário. Está(ão) correta(s): a) I, II, IVb) III, apenas c) I, II, III, IV d) II, apenas

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O trajeto

2012 - UFMT - REVALIDA5. A distócia dos ombros é uma urgência obstétrica com elevadas morbidade e mortalidade perinatal, sendo necessárias manobras adicionais para a fi nalização do parto. A manobra de McRoberts é a intervenção que, aplicada isoladamente, apresenta altas taxas de êxito. Essa manobra consiste em:a) hiperfl exão e abdução das coxas em direção ao abdo-

me maternob) pressão suprapúbica contínua sobre o ombro ante-

riorc) colocação da paciente em posição genupeitoral, faci-

litando a apreensão do braço fetal, desprendendo o ombro anterior

d) desprendimento do ombro posterior, introduzindo a mão pela concavidade do sacro após suspender o polo cefálico

e) introdução da mão do obstetra até o cotovelo fetal e liberação do ombro anterior impactado

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2017 - FHEMIG 6. Uma paciente primigesta, com gestação a termo e concepto adequado para a idade gestacional e pré-natal, sem intercorrências, às 6 horas é internada no pré-parto em fase ativa do trabalho de parto, apresentando colo completamente apagado, médio na consistência e com 3cm de dilatação. Inicia-se a construção do partograma, com apresentação cefálica, bolsa íntegra, FCF = 140bpm e plano de DeLee -3. Na avaliação às 11 horas, detecta-

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ComentáriosObstetrícia

Fisiologia da gestação

Questão 1. A fase lútea é caracterizada por elevação aguda dos níveis de progesterona, e tem duração de 11 a 17 dias. Os níveis elevados de progesterona atuam supri-mindo um novo crescimento folicular, através da redu-ção da produção de LH. Analisando das alternativas:a) Incorreta. A fase proliferativa é a fase estrogênica, que antecede a ovulação, a qual se segue a fase secreto-ra, em que há predomínio da progesterona.b) Correta.c) Incorreta. A progesterona torna o muco mais espesso.d) Incorreta. Esse fenômeno se dá pelo pico de LH.Gabarito = B

Questão 2. Analisando as alternativas:a) Incorreta. A 2ª metade da gestação é marcada por au-mento do catabolismo. b) Incorreta. A 1ª parte da gestação é caracterizada por anabolismo e acúmulo energético.c) Correta. Conforme descrito, a 1ª parte é caracterizada por acúmulo energético e anabolismo, enquanto na 2ª metade predomina o catabolismo pelo aumento do con-sumo fetal e placentário.d) Incorreta. É o inverso do descrito.e) Incorreta. Não faz sentido pensar em catabolismo e anabolismo simultaneamente.Gabarito = C

Modifi cações locais e sistêmicas no organismo materno

Questão 3. A vitamina A em altas doses é teratogênica, pois interfere nos genes homeobox, que são envolvidos na embriogênese. Gabarito = C

Questão 4. Durante a gestação, ocorrem diversas modi-fi cações no organismo materno. As principais modifi ca-ções incluem: aumento da frequência cardíaca materna, aumento do débito cardíaco, aumento do volume plas-mático, diminuição da viscosidade sanguínea (hemodilui-ção), aumento no número de hemácias (30%), leucocito-

se relativa e aumento de agentes pró-coagulantes. As 4 afi rmativas estão corretas.Gabarito = C

O trajeto

Questão 5. A distocia de ombro ou do bisacromial é diagnosticada quando, após o desprendimento do polo cefálico, há difi culdade na extração dos acrômios. Diante desse quadro, há necessidade de manobras obstétricas para a ultimação do parto. A manobra de McRoberts é uma dessas manobras, e consiste na hiperfl exão e ab-dução das coxas, com consequente rotação cefálica da sínfi se púbica e retifi cação da lordose lombar, liberando--se o ombro impactado. Geralmente realiza-se a mano-bra de Rubin simultaneamente, que consiste em realizar pressão suprapúbica contínua sobre o ombro anterior do feto, que, então, desliza sob a sínfi se púbica. Analisando as alternativas:a) Correta.b) Incorreta, pois essa é a descrição da manobra de Rubin.c) Incorreta, pois essa manobra se chama manobra de Matthes.d) Incorreta, pois essa não é a descrição da manobra de McRoberts.e) Incorreta, pois essa não é a descrição da manobra de McRoberts.Gabarito = A

Questão 6. Analisando as alternativas:a) Incorreta. Fase ativa é quando há dilatação em veloci-dade inferior a 1cm por hora, o que não ocorre na questão.b) Incorreta. Segundo o enunciado, as contrações estão mantidas e efi cazes, traduzindo-se na modifi cação do colo uterino e em dilatação completa.c) Correta. A manutenção da posição fetal durante 2 ho-ras mantendo-se as contrações adequadas caracteriza parada secundária de descida.d) Incorreta. A dilatação ocorreu em sua totalidade, con-forme mencionado no enunciado.Gabarito = C

Relações uterofetais

Questão 7. A rotação foi de ODP até ODT, 45°, e de ODT para OP, mais 90°. Total: 135°. Gabarito = B

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