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RENATA CRISTINA JAMELLI FRANCO OBTENÇÃO DE MAIONESE DE IOGURTE PROBIÓTICA COM FITOSTERÓIS SÃO CAETANO DO SUL 2011

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RENATA CRISTINA JAMELLI FRANCO

OBTENÇÃO DE MAIONESE DE IOGURTE PROBIÓTICA COM FITOSTERÓIS

SÃO CAETANO DO SUL

2011

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RENATA CRISTINA JAMELLI FRANCO

OBTENÇÃO DE MAIONESE DE IOGURTE PROBIÓTICA COM FITOSTERÓIS

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos.

Linha de Pesquisa: Análise e Otimização de Processos Industriais e de Embalagem

Orientadora: Profa. Dra. Antonia Miwa Iguti

SÃO CAETANO DO SUL

2011

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Franco, Renata Cristina Jamelli Obtenção de maionese de iogurte probiótica com

fitosteróis - Renata Cristina Jamelli Franco – São Caetano do Sul,SP: CEUN-EEM, 2011.

73 p. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-

Graduação. Linha de Pesquisa: Análise e otimização de Processos Industriais e Engenharia de Embalagem - Escola de Engenharia Mauá do centro Universitário Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, SP, 2011.

Orientadora: Profa. Antônia Miwa Iguti 1.Maionese 2. Probióticos 3. Fitosterol 4. Vida-de-prateleira I. Instituto Mauá de Tecnologia. Centro Universitário. Escola de Engenharia Mauá. II. Título

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Dedico este trabalho

Ao meu marido Alexandre

Meus filhos Gustavo e Kauã

Meus pais, Carlos e Sueli

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AGRADECIMENTOS

À profa Antonia Miwa Iguti, pela orientação e incentivo durante a realização

deste trabalho.

Ao Centro Universitário Mauá, que forneceu condições para o

desenvolvimento do trabalho.

Ao meu marido Alexandre Lima Franco e meu filho Gustavo Henrique

Jamelli Franco, pela compreensão, carinho e apoio em todos os momentos.

À profa Cynthia Hyppolito Jurkiewicz pela ajuda no desenvolvimento do

trabalho.

À técnica e amiga, Rubia Ferreira, pela ajuda nas análises de

microbiologia.

À técnica Inês Santana pela ajuda nas análises de fitosterol e viscosidade.

À estagiária Fernanda Rodrigues Celan pela ajuda nas análises físico-

químicas.

À profa Edilene Amaral de Andrade Adell, pela orientação e auxílio no

desenvolvimento da etapa de análise sensorial.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 12

2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 15

2.1 MAIONESE ........................................................................................... 15

2.2 IOGURTE .............................................................................................. 21

2.3 PROBIÓTICOS ..................................................................................... 22

2.3.1 Lactobacillus Acidophilus ............................................................... 26

2.3.2 Bifidobacterium ................................................................................ 29

2.4 PREBIÓTICOS ...................................................................................... 29

2.5 SIMBIÓTICOS ....................................................................................... 30

2.6 FITOSTERÓIS ...................................................................................... 31

3. OBJETIVO .............................................................................................. 36

4. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 37

4.1. MATERIAIS .......................................................................................... 37

4.1.1 Ingredientes ...................................................................................... 37

4.1.2 Vidrarias ............................................................................................ 37

4.1.3 Equipamentos ................................................................................... 37

4.1.4 Demais materiais .............................................................................. 38

4.1.5 Coleta de amostras .......................................................................... 38

4.2 MÉTODOS ............................................................................................ 38

4.2.1 Produtos ............................................................................................ 38

4.2.2 Fluxograma de processo da maionese .......................................... 39

4.2.3 Condições de Incubação e enumeração de Lactobacillus

Acidophilus ................................................................................................. 40

4.2.3.1 Meio de cultura e condições de incubação ...................................... 40

4.2.3.2 Procedimento de análise microbiológica na cultura......................... 40

4.3.3.3 Procedimento de análise microbiológica na maionese ................... 41

4.2.4 Condições de Incubação e Enumeração de Bifidobacterium ...... 41

4.2.4.1 Meio de cultura e condições de incubação ...................................... 41

4.2.4.2 Procedimento de análise microbiológica na cultura......................... 42

4.2.4.3 Procedimento de análise microbiológica na maionese .................... 42

4.2.5 Análises Físico-Químicas e Instrumentais ..................................... 43

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4.2.5.1 Determinação de pH ........................................................................ 43

4.2.5.2 Determinação do teor de nitrogênio ................................................ 44

4.2.5.3 Determinação de Lipídeos ............................................................... 44

4.2.5.4 Determinação de Acidez Titulável ................................................... 44

4.2.5.5 Determinação de Viscosidade ......................................................... 44

4.2.5.6 Determinação de Cinzas ................................................................. 45

4.2.5.7 Determinação de Umidade .............................................................. 45

4.2.6 Fitosterol .......................................................................................... 45

4.2.7 Análise Sensorial.............................................................................. 46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 46

5.1 RESULTADOS MICROBIOLOGICOS ................................................... 46

5.2 RESULTADOS FÍSICO-QUIMICOS ...................................................... 50

5.3 ANÁLISE SENSORIAL .......................................................................... 56

5.4 ANÁLISE DE CUSTO ............................................................................ 58

6 CONCLUSÃO .......................................................................................... 59

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 60

ANEXOS ..................................................................................................... 67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição de vendas de maionese no Brasil ........................... 12

Tabela 2. Preços de maionese com baixo teor de gordura ......................... 12

Tabela 3. Preços de maionese tradicionais ................................................ 13

Tabela 4. Produtos funcionais no Brasil ...................................................... 15

Tabela 5. Fitosterol de alguns óleos e alimentos ........................................ 33

Tabela 6. Formulações usadas durante o desenvolvimento do trabalho .... 38

Tabela 7. Enumeração de L. e Bifidobacterium na cultura pura ................. 46

Tabela 8. Enumeração de Lactobacillus Acidophilus em meio MRS

(Murashige e Skoog), na formulação T1 ..................................................... 47

Tabela 9. Enumeração de Lactobacillus e Bifidobacterium, na maionese

(T1) .............................................................................................................. 47

Tabela 10. Valores médios encontrados nos ensaios feitos de Lactobacillus

Acidophilus e Bifidobacterium, em log UFC/12g, em maionese com inulina e

sem inulina ................................................................................................... 49

Tabela 11. Composição centesimal da maionese T3 (n=3) em base úmida 51

Tabela 12. Tabela nutricional da maionese T3 ............................................ 52

Tabela 13. Viscosidade da maionese no inicio e aos 36 dias de

armazenamento ........................................................................................... 53

Tabela 14. Tempo de retenção(TR) e % de área dos principais picos obtidos

das análises cromatográficas dos fitosterois do Vegapure e da maionese T3

aos 17 e 36 dias de armazenamento ........................................................... 54

Tabela 16. Estimativa de custo do produto...................................................58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição de vendas e preço médio ....................................... 14

Figura 2. Moinho Coloidal piloto usado na produção de maionese ........... 18

Figura 3. Fluxograma do processo de produção de maionese com amido

modificado .................................................................................................. 19

Figura 4. Fluxograma do processo de produção de maionese com amido

nativo ......................................................................................................... 20

Figura 5. Efeitos de ingredientes alimentares probióticos e prebióticos

sobre a microbiota intestinal e sua relação com a saúde .......................... 23

Figura 6. Estrutura química dos principais esteróis ................................. 32

Figura 7. Fluxograma de processo para a fabricação das maioneses (T1,

T2, T3) em multiprocessador ..................................................................... 39

Figura 8. Procedimento de análise microbiológica na cultura

Lactobacillus Acidophillus .......................................................................... 40

Figura 9. Análise de Lactobacillus Acidophillus na maionese ................... 41

Figura 10. Procedimento de análise microbiológica na cultura de

Bifidobacterium .......................................................................................... 42

Figura 11. Análise de Bifidobacterium na maionese ................................. 43

Figura 12. Gráfico viscosidade (cps) em função da velocidade (rpm) ....... 53

Figura 13. Gráfico de cromatografia para vegapure, maionese T3 com 17

dias e maionese T3 com 36 dias de armazenamento ................................ 55

Figura 14. Cromatogramas do Vegapure, Óleo de soja, Maionese T3 com

17 dias e 36 dias ........................................................................................ 56

Figura 15. Distribuição dos resultados na escala hedônica ...................... 57

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo obter uma maionese probiótica

com fitosteróis, como sugestão de produto que, embora originalmente possua

imagem associada a grande quantidade de óleo e que pode causar problemas

para saúde, traga benefícios a saúde. Avaliou-se a viabilidade dos

microrganismos probióticos adicionados e o perfil dos fitosteróis durante o

armazenamento da maionese. O produto, refrigerado, foi preparado com cepas

de Lactobacillus acidophillus e Bifidobacterim animalis (com e sem inulina) e

também adicionada de fitosteróis. O Bifidobacterium apresentou um maior

tempo de sobrevivência quando comparado ao Lactobacillus. A adição de

inulina na maionese não se mostrou vantajosa. As análises físico-químicas

revelaram um produto com alta umidade e com baixo valor de carboidratos e

de proteínas. O valor energético do produto foi 158 kcal/100 g, baixo quando

comparado aos produtos de mercado, com 22 g de gorduras totais/100 g. A

análise sensorial demonstrou que produto apresentou uma boa aceitação com

média global 8, correspondente a “Gostei Muito” na escala hedônica. As

análises cromatográficas indicam que os fitosteróis se mantiveram no produto,

sem alteração significativa da sua composição desde o inicio até o final do

armazenamento. No final, a composição foi de aproximadamente 48% de β-

sitosterol, 27% de campesterol, 18% de estigmasterol e 3% de brassicasterol.

De acordo com os ensaios microbiológicos e sensoriais, a maionese probiótica

permaneceu adequada para consumo até 36 dias de armazenamento sob

refrigeração.

Palavras chave: maionese, probiótica, fitosteróis.

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ABSTRACT

The objective of this study was to obtain probiotic mayonnaise with

phytosterols as a healthy alternative to a product that has its image associated

to high fat food, harmful to health. Phytosterols and cultures of Lactobacillus

acidophilus and Bifidobacterium animalis (with and without inulin) were added to

mayonnaise formulation and analyzed during storage. The tests showed that

Bifidobacterium had longer survival when compared to Lactobacillus. Addition of

inulin did not show technical advantage. Physical and chemical analysis

showed high humidity and low carbohydrate and protein in the sample. The

energy value of the product was 158 kcal/100 g and 22 g of total fat/100 g, low

when compared to market products. According to sensory analysis the product

was well received with an overall mean 8, corresponding to “Like Much” in the

hedonic scale. During storage, phytosterols remained in the product without

significant changes in its composition. At the end of storage period, the

composition 48% β-sitosterol, 27% campesterol, 18% stigmasterol and 3%

brassicasterol. Until 36 days of storage under refrigeration, the product was

good for consumption, considering microbiologic and sensorial characteristics.

Key words: mayonnaise, probiotic, phytosterol

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1.INTRODUÇÃO

O mercado de maionese no Brasil é extremamente expressivo. O produto

teve uma penetração de 83,6%, ou seja, atingiu 36,8 milhões de lares, em 2008

(REVISTA FATOR, 2008). A maionese é usada para "mergulhar" os vegetais e

legumes, podendo ser uma maneira atraente de estimular o consumo destes

alimentos. Pesquisas mostram que iniciar uma refeição com uma salada temperada

com maionese, molhos ou óleos vegetais resulta em uma menor ingestão calórica,

uma vez que proporciona maior saciedade (REVISTA FATOR, 2008).

A Tabela 1 apresenta dados sobre a divisão de vendas entre as marcas

mais representativas no Brasil. Verifica-se que a Hellmann´s (Unilever), vem

perdendo mercado, para marcas que apresentam preço e qualidade de acordo com

expectativas almejadas pelos consumidores (EUROMONITOR, 2010).

Tabela 1. Distribuição de vendas de maionese no Brasil

Fonte: EUROMONITOR, 2010

As Tabelas 2 e 3 apresentam preços praticados pelas diversas marcas no

mercado brasileiro (EUROMONITOR, 2010).

Tabela 2. Preços de maioneses com baixo teor de gordura

Marcas Empresa Ponto de venda Tamanho

da embalagem

Preço (R$)

Hellmann's Light Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 250 g 3,16

Hellmann's Light Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 500 g 4,8

Liza Light Cargill Agrícola Ltda Supermercado/ Hipermercado 250 g 1,71

Liza Light Cargill Agrícola Ltda Supermercado/ Hipermercado 500 g 2,45

TAEQ (Marca Pão de Açúcar)

Cia Brasileira de Distribuição

Supermercado/ Hipermercado 500 g 4,27

Fonte: EUROMONITOR, 2010

Brasil 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Unilever (%) 83,5 69 64,6 64 65 64 64,8 67,1 67,3

Bunge International Ltda (%) 12,2 15,6 15,3 20,5 20,9 20,5 20,5 20,3 20,2

Cargill Inc (%) - - - - - - - 2,2 2,3

Marcas próprias (%) 2,8 2,2 2 2,1 2,6 2,7 2,7 3 3,2

Outras (%) 1,5 13,2 18,1 13,5 11,5 12,7 12 7,4 7

Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100

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Tabela 3. Preços de maioneses tradicionais

Marcas Empresa Ponto de venda

Tamanho da

embalagem Preço (R$)

Arisco Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 196 g 0,99

Arisco Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 250 g 1,49

Arisco Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 490 g 2,49

Arisco Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 500 g 1,89

Gourmet Cargil Agrícola SA Venda pela internet 250 g 1,49

Gourmet Cargil Agrícola SA Supermercado/ Hipermercado 500 g 2,75

Hellmann's

Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 500 g 3,39

Hellmann's Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 250 g 3,16

Hellmann's Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 500 g 3,49

Hellmann's 0% Colesterol Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 250 g 2,29

Hellmann's 0% Colesterol Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 250 g 3,16

Hellmann's Deleite Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 400 g 4,48

Hellmann's Deleite Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 400 g 4,27

Hellmann's Limão Unilever Brasil Alimentos Ltda Venda pela internet 500 g 3,49

Hellmann's Limão Unilever Brasil Alimentos Ltda

Supermercado/ Hipermercado 250 g 2,29

Hellmann's com Sabor Unilever Bestfoods Brasil Ltda Venda pela internet 196 g 2,09

Hellmann's com Sabor Unilever Bestfoods Brasil Ltda

Supermercado/ Hipermercado 196 g 3,73

Jurema Brasfrigo SA Venda pela internet 500 g 2,69 Liza Cargill Agrícola Ltda Venda pela internet 250 g 1,69

Liza Cargill Agrícola Ltda Supermercado/ Hipermercado 500 g 2,79

Liza Receita Caseira Cargill Agrícola Ltda Supermercado/ Hipermercado 483 g 3,2

Quero Coniexpress SA Indústria Alimentícia

Supermercado/ Hipermercado 200 g 0,79

Fonte: EUROMONITOR, 2010

O cenário de comparação de maionese com a distribuição de vendas e

preço médio das mesmas do ano passado até abril/maio de 2011 é representado

pela Figura 1:

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Figura 1. Distribuição de vendas e preço médio (AC NIELSEN, 2011)

Atualmente há um grande interesse dos consumidores por uma alimentação

saudável, que favoreça o bem estar físico e auxilie na redução de riscos de doenças.

Para atender a essa demanda, a indústria de alimentos busca cada vez mais

inovações, sem deixar de lado a preocupação com características sensoriais do

produto, fato que tem ocasionado um aumento de alimentos funcionais no mercado.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins

Especiais e Congêneres, estima-se que o mercado de alimentos funcionais

movimente cerca de 60 milhôes de dólares no mundo e que esse mercado cresça

em torno de 20% ao ano e atinge 15% do mercado de alimentos. (AGÊNCIA

BRASIL, 2008 e GAZETA MERCANTIL, 2007).

Alimentos funcionais são aqueles que, além das funções nutricionais

básicas, quando consumidos na dieta usual, produzem efeitos metabólicos e/ou

fisiológicos benéficos à saúde. Os efeitos funcionais dos alimentos devem ser

referentes à manutenção geral da saúde, ao papel fisiológico dos nutrientes e à

redução de riscos de doenças, mas não à cura de doenças (SANDERS, 2003;

ANVISA, 1999).

Também o mercado de produtos probióticos, que são os que contêm

microrganismos vivos que administrados em quantidade adequada, conferem

benefícios à saúde do hospedeiro (FAO/WHO, 2002; SANDERS, 2003) vem

aumentando anualmente. Em 1998 o mercado de produtos funcionais representava

US$ 22 bilhões, em 2010 já alcançava US$ 250 bilhões, sendo representando por 2-

3% de produtos probióticos (LERAYER, 2009).

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A Tabela 4 apresenta a evolução de alguns ingredientes funcionais no Brasil.

Tabela 4. Produtos funcionais no Brasil

Fonte: EUROMONITOR, 2010

As características físico-químicas, a formulação, a matriz do alimento e o

processamento devem ser avaliados durante o desenvolvimento de novos produtos

probióticos de modo a permitir uma maior sobrevivência das bactérias. Além das

características do produto, muitas vezes é necessária a aplicação de tecnologias

que possam manter os microrganismos vivos, não só no processamento e

armazenamento do produto, como também durante a passagem pelo trato

gastrointestinal (KUSHAL et al., 2005).

Foi escolhida a maionese como tema desse trabalho, pois apesar do

mercado crescente, ainda é produto associado a alto teor de gordura e baixa

saudabilidade. Nesse sentido, buscou-se obter um produto probiótico, com menor

teor de gordura, contendo fitosterol (KOMATSU, et al., 2008).

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. MAIONESE

O consumo de alimentos industrializados tem aumentado significativamente

no Brasil desde a década de 70. Dentre esses alimentos, a maionese é um produto

que tem despertado o interesse de indústrias fabricantes (SALGADO et al., 2006).

A maionese foi inventada em 1756 pelo chef francês duque de Richelieu.

Depois que o duque derrotou os britânicos em Port Mahon, seu cozinheiro criou um

banquete de vitória que incluía um molho feito à base de nata e ovos. Percebendo

que não havia nata na cozinha, o chef a substituiu por azeite de oliva. O chef

apelidou o molho de “Mahonnaise” em homenagem à vitória do duque (LENNOX,

2007).

Produtos Funcionais 2006 2007 2008 2009

Cálcio (%) 6,1 5,2 4,6 4,5 Vitaminas(%) 0,2 0,2 0,2 0,2 Probióticos (%) 87 87,9 89,1 89,1 Outros(%) 6,7 6,7 6,2 6,2 Total 100 100 100 100

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A maionese é definida como uma emulsão semi-sólida, preparada com

gema de ovo, óleo vegetal comestível e ácido acético ou cítrico. Pode conter

também sal, especiarias ou óleo essencial de especiarias, além de vários

ingredientes flavorizantes naturais (HARRISON & CUNNINGHAM, 1985).

No passado, no Brasil, por legislação, a maionese era definida como uma

emulsão cremosa obtida com ovos e óleos vegetais, adicionada de condimentos e

outras substâncias comestíveis aprovadas. Não podia ser adicionada de corantes e

deveria ter no mínimo 3 gemas de ovos por litro e no mínimo 65% de óleo vegetal

comestível. Podia ter no máximo 0,5% de amido (BRASIL, 1978).

Atualmente a maionese é definida como um produto cremoso em forma de

emulsão estável de óleo em água. É preparada a partir de óleo(s) vegetal(is), água e

ovos, podendo ser adicionada de outros ingredientes que não descaracterizem o

produto. O produto deve ser acidificado (BRASIL, 2005).

Com essa definição mais ampla, existe uma resolução que regulamenta os

aditivos permitidos, assim como a sua quantidade máxima (BRASIL, 2007).

Na emulsão o componente em maior porcentagem é o óleo, que é forçado a

existir na fase dispersa. A emulsão é mais facilmente obtida quando os ingredientes

fluidos (óleo e água) são resfriados à temperatura de 12 a 15 °C. Para a produção,

primeiro faz-se um mix de componentes que contenham sólidos (ex: gema de ovo,

mostarda, condimentos) para então se adicionar a água. Finalmente, o óleo é

adicionado gradativamente, com vigorosa agitação (BECKER, 1966).

A maionese é um produto semi-perecível, estável, para ser mantida por um

considerável tempo sem refrigeração. Nela podem ocorrer alguns tipos de

alterações, entre as quais se inclui a separação das fases. Esta é acelerada pelos

seguintes fatores: choque mecânico, exposição às temperaturas muito baixas,

adição rápida de óleo na preparação e agitação desregulada durante a

emulsificação (SBRT, 2006).

Cada ingrediente da formulação da maionese tem uma função específica e a

quantidade de cada um deve ser cuidadosamente determinada e controlada para se

atingir as características desejadas (SBRT, 2006).

Como a maionese é uma emulsão óleo em água, ou seja, gotículas de óleo

estão dispersas em uma fase aquosa, a rigidez da emulsão depende parcialmente

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do tamanho das gotículas de óleo e da proximidade com que elas estão agrupadas.

A quantidade de óleo adicionado à maionese é de cerca de 65 a 70%. Quanto mais

óleo estiver disperso na emulsão, mais rígida ela será. Na faixa de 82% de óleo, o

sistema é sobrecarregado e as gotículas estarão muito próximas e qualquer choque

mecânico facilmente provocará a degradação da emulsão e o produto se

apresentará muito mais fluido do que cremoso. Abaixo de 60% de óleo, a emulsão

deverá ser estabilizada com adição de amido ou aumento da quantidade de gema

de ovos (HARRISON & CUNNINGHAM,1985).

A gema de ovo é o principal emulsificante da formulação da maionese. A

quantidade e o tipo de sólidos do ovo tem efeito pronunciado sobre a viscosidade e

a força da emulsão. A gema contém lecitoproteínas, fosfolipideos e colesterol, sendo

a proporção de lecitina /colesterol de 5,4:1 (POWRIE,1977).

Apesar de os ovos congelados serem eficazes contra a contaminação

bacteriana, dá-se preferência por ovos frescos ou desidratados, pois o

congelamento retarda reações físico-quimicas (BRUSCATTO, 1986).

O vinagre é o principal ingrediente com a função preservativa contra a

deterioração microbiológica do produto, embora alguns aditivos como o ácido cítrico,

ácido sórbico e ácido láctico, possam ser utilizados. O vinagre de álcool é o mais

usado e não prejudica a cor da maionese. O pH final da maionese deve ser em torno

de 3 (SBRT, 2006).

Com o uso de 0,35 a 0,5% de farinha de mostarda, a maionese alcança

ótima estabilidade, atribuída às interações de proteína e carboidratos os quais

possuem propriedades ativas de superfície. Além disso, contribui com características

sensoriais, o que inclui a coloração do produto (FISCHBACH & KOKINI, 1987).

O sal e o açúcar são adicionados em níveis baixos de acordo com o produto

que se quer desenvolver. Além disso, podem-se acrescentar condimentos,

dependendo das características almejadas para o produto (SBRT, 2006).

Em emulsões óleo/água geralmente utiliza-se moinho coloidal (Figura 2) ou

alta pressão de homogeneização. A mistura óleo/água, é passada através de um

espaço estreito entre um reator e um estator, no qual a força imposta à mistura é

suficiente para formar pequenas gotículas. As pequenas gotículas são importantes

para prevenir a formação de uma nata e a possível coalescência (SJOBLOM, 2001).

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Figura 2. Moinho coloidal piloto usado na produção de maionese (Planta piloto Griffith Laboratories, 2010).

O tempo e a temperatura utilizados no processo de obtenção da maionese

interferem na viscosidade do produto final. O óleo deve entrar no processo em uma

temperatura menor ou igual a 10 °C para garantir também a estabilidade da emulsão

(SJOBLOM, 2001).

A maioria dos sistemas de processos industriais de fabricação de maionese

consiste de dois misturadores em paralelo, unidos a um moinho coloidal, além de

bombas e tubulações necessárias. É organizado de tal forma que, enquanto um

misturador alimenta o moinho, outro lote de produto já está sendo preparado no

outro misturador (SBRT, 2006).

Um sistema de fabricação alternativo consiste em conectar um moinho

coloidal e um homogeneizador simultaneamente. O vinagre, o óleo vegetal, a água e

condimentos são adicionados neste moinho e o produto já sai pronto para

acondicionamento nas embalagens (SBRT, 2006).

Há também processo a frio para produção de maionese, em que se utiliza

amido modificado pré-gelatinizado. Utiliza-se um equipamento dotado de agitador e

à vácuo, para prevenir a incorporação de oxigênio atmosférico no processo de

homogeneização da mistura dos ingredientes com o óleo e a água. Um moinho tipo

coloidal é o que forma a emulsão propriamente dita. A seqüência e os tempos

médios de processo das fases de adição e mistura dos ingredientes, deve ser

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seguida rigorosamente para se obter uma maionese com boa textura e sabor

agradável. Após completar o processo de emulsão, a maionese pronta é

transportada para o tanque pulmão para o envase nas embalagens. A Figura 3

apresenta o fluxograma do processo de maionese pelo processo de amido

modificado pré-gelatinizado (SBRT, 2006).

Figura 3. Fluxograma do Processo de Produção de Maionese com Amido Modificado. FONTE: Tecnologia de Alimentos, 2011.

A maionese produzida com amido modificado normal pelo processo a

"quente", segue o mesmo procedimento básico de fabricação da maionese com

amido modificado pré-gelatinizado. A diferença está no preparo da massa

gelatinizada do amido que é preparada em separado em trocadores de calor (SBRT,

2006).

O amido modificado, o sal e o açúcar são enviados aos tanques para uma

pré-mistura inicial onde água é adicionada. Após a pré-mistura, a massa de amido é

enviada a um moinho coloidal com o objetivo de homogeneizar a dispersão coloidal

da massa de amido (esta homogeneização é importante, pois evitará a formação de

grumos na massa). Em seguida a massa é enviada a um trocador de calor para o

cozimento do amido. Neste trocador a temperatura varia de 75 a 85 °C, dependendo

da resistência do amido utilizado. O tempo de cozimento também depende da

resistência do amido e da eficiência do trocador de calor. Após o cozimento, isto é,

gelatinização do amido, a massa é enviada a outro trocador de calor com a função

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de resfriar até uma temperatura entre 22 e 28 °C, e enviada para o processamento

da maionese. A figura 4 apresenta um fluxograma do processo produtivo com amido

nativo, com a preparação da massa de amido a quente (SBRT, 2006).

Figura 4. Fluxograma do Processo de Maionese com Amido Nativo.

FONTE: Tecnologia de Alimentos, 2011.

A embalagem geralmente utilizada para maioneses é flexível e sua estrutura

é composta de poliéster, tintas, adesivos e polietileno. O poliéster atua como barreira

contra a umidade e possui alta resistência à ruptura e a altas temperaturas. As tintas

funcionam como barreiras contra a luz. O adesivo tem a função de unir as camadas

dos demais materiais e se está em contato com o alimento deve estar presente em

uma quantidade pequena. O polietileno é flexível e elástico, é uma barreira contra o

vapor de água, não tem odor nem sabor e é fácil de selar mediante o calor

(BALDIZÓN & CÓRDOBA, 2008).

Em uma maionese pode-se medir sua deterioração pelo índice de peróxidos,

que está diretamente ligado ao sabor de ranço que se percebe na maionese. Além

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disso, quanto maior a temperatura, menor é a vida útil do produto (BALDIZÓN &

CÓRDOBA, 2008).

2.2 IOGURTE

Segundo a FAO/OMS, entende-se por iogurte, o produto lácteo coagulado,

obtido através da fermentação láctica por ação de duas espécies: Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus e Streptococos salivarius subsp. thermophilus sobre o

leite e/ou outros produtos lácteos, com ou sem aditivos opcionais. Os

microorganismos no produto final devem ser viáveis e abundantes (CHANDAN,

2006).

A vantagem mais concreta sobre a saúde, associada ao consumo do iogurte,

é a redução da má absorção da lactose em casos de pessoas intolerantes a este

componente do leite, visto que existe a hidrólise da lactose durante o processo do

iogurte o que ajuda a sua absorção no organismo. O consumo de iogurte também

está associado a uma redução dos sintomas de alergia em pessoas idosas

(ALBUQUERQUE, 1997).

Lactobacillus bulgaricus é uma bactéria láctica homofermentativa (produzem

somente ácido láctico) que se desenvolve em temperaturas de 45 °C a 50 °C,

acidificando fortemente o meio. Streptococcus thermophilus se multiplica bem entre

37 e 40 °C, mas também se desenvolve a 50 °C. É uma espécie homofermentativa

termorresistente (VEISSEYRE, 1988).

Os dois microorganismos são microaerófilos e suportam bem meios ácidos

(pH de 4 a 4,5). Quando cultivados conjuntamente, produzem mais ácido láctico do

que quando isolados. O Lactobacillus bulgaricus favorece o desenvolvimento do

Streptococus thermophilus. A razão é que o primeiro, como é proteolítico, gera

aminoácidos da caseína capazes de ativar o desenvolvimento do segundo

microrganismo (VEISSEYRE, 1988).

O aroma característico do iogurte é atribuído ao princípio de

desenvolvimento do Streptococus thermophilus, sendo que o acetaldeído é o

principal responsável pelo aroma do iogurte (VEISSEYRE, 1988).

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2.3 PROBIÓTICOS

Os probióticos eram classicamente definidos como suplementos alimentares

à base de microrganismos vivos, capazes de afetar beneficamente o animal

hospedeiro, promovendo o balanço de sua microbiota intestinal (FULLER, 1989).

Diversas outras definições de probióticos foram publicadas nos últimos anos.

Entretanto, a definição atualmente aceita internacionalmente é que eles são

microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem

benefícios à saúde do hospedeiro (WORLD GASTROENTEROLOGY

ORGANISATION, 2008).

A influência benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana

inclui fatores como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos,

resultando em um aumento da resistência contra patogênicos. Assim, a utilização de

culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em

detrimento da proliferação de bactérias potencialmente prejudiciais, reforçando os

mecanismos naturais de defesa do hospedeiro (FULLER, 1989). A Figura 5 ilustra

esse efeito benéfico.

Os probióticos também têm papel importante na prevenção e/ou

recuperação da diarréia devido ao efeito inibidor sobre os microrganismos

causadores desses distúrbios. Essa inibição é basicamente provocada por 3

motivos. Em primeiro lugar, a diminuição do pH do intestino, devido a formação de

ácidos, inibe o crescimento de microrganismos indesejáveis. Em segundo lugar, há

produção de metabólitos com efeito antibiótico. Por fim, a concorrência pelos

nutrientes essenciais bem como pelo espaço físico disponível é outra forma de

inibição (SALOFF-COSTE, 1997).

Ainda sobre efeitos benéficos, acredita-se que alguns alimentos produzidos

com probióticos possam afetar a síntese de colesterol diminuindo sua absorção. Da

mesma maneira alguns lipídios também não seriam absorvidos (SALOFF-COSTE,

1997).

Algumas substâncias químicas conhecidas no intestino são enzimas fecais

que contribuem com o desenvolvimento de câncer de intestino (GOLDIN &

GORBACH, 1984). Através de consumo de L. acidoplhilus e Bifidobacteria a

formação dessas substancias é efetivamente reduzida (FRIEND & SAHANI 1984)

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Figura 5. Efeitos de ingredientes alimentares probióticos e prebióticos sobre a microbiota

intestinal, e sua relação com a saúde. Fonte: PUUPPONEM-PIMIA et al. (2002)

Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobaterium e, em

menor escala, Enterococcus faecium, são mais frequentemente empregadas como

suplementos probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de

todas as porções do trato gastrointestinal do ser humano saudável. Dentre as

bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se B. Bifidum, B. breve,

B. infantis, B. lactis, B. animalis, B. longum e B. thermophilum (PRASAD, 1998).

Bifidobactérias podem ser utilizadas sozinhas em produtos fermentados,

mas normalmente são associadas a outras bactérias ácido-lácticas por razões

organolépticas e tecnológicas, em particular com L. acidophilus. Bifidobactérias são

resistentes a acidez do estômago e a ação de sais biliares; sobrevivem ao trânsito

Modificações na microbiota -atividade microbiana -composição da microbiota

Metabólitos dos carboidratos -ácidos graxos de cadeia curta -gases -outros metabólitos

Efeitos fisiológicos -efeitos locais (no colón) -efeitos sistêmicos

Efeitos sobre a saúde

Probióticos -bactérias lácticas -bifidobacterias

Fermentação no intestino

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intestinal e chegam ao cólon em números significativos. Essas bactérias vivas

possuem a capacidade de influenciar a microflora endógena, provocando efeitos

fisiológicos desejáveis como a alteração de sua atividade enzimática e do trânsito

intestinal, uma vez que produzem, além do ácido láctico, o ácido acético, que possui

características bacteriostáticas, restringindo o crescimento de bactérias patogênicas

e putrefativas (MAZO et al., 2009).

Bifidobactérias são bacilos gram-positivo, anaeróbios restritos, imóveis,

heterofermentativos, produzindo ácido láctico e ácido acético como produtos finais

do metabolismo de carboidratos. Compreendem mais ou menos 25 espécies de

bacilos, cujas temperaturas mínimas e máximas de crescimento oscilam entre 25 °C

e 28° C e 43 a 45 °C, respectivamente. Crescem melhor em pH entre 5 e 8 (MAZO,

et al., 2009)

Dentre as bactérias lácticas pertencentes ao gênero Lactobacillus,

destacam-se Lb. acidophilus, Lb. Helveticus, Lb. Casei-subsp. paracasei e subsp.

tolerans, Lb. paracasei, Lb. fermentum, Lb. reuteri, Lb. johnsonii, Lb. plantarum, Lb.

rhamnous e Lb. Salivarius (PRASAD, 1998).

O potencial dos probióticos pode diferir até mesmo para diferentes cepas de

uma mesma espécie. Cepas de uma mesma espécie são incomparáveis e podem

possuir áreas de aderências distintas, efeitos imunológicos específicos e seus

mecanismos de ação sobre a mucosa saudável e inflamada podem ser distintos

(PRASAD, 1998).

Para a utilização de culturas probióticas na tecnologia de fabricação de

produtos alimentícios, além da seleção de cepas probióticas para uso em humanos,

através dos critérios mencionados anteriormente, as culturas devem ser

empregadas com base no seu desempenho tecnológico. Culturas probióticas com

boas propriedades tecnológicas devem apresentar boa multiplicação no leite,

promover propriedades sensoriais adequadas no produto e ser estáveis e viáveis

durante o armazenamento. Desta forma, podem ser manipuladas e incorporadas em

produtos alimentícios sem perder a viabilidade e funcionalidade, resultando em

produtos com textura e aromas adequados. Além disso, com relação às perspectivas

de processamento de alimentos, é desejável que essas cepas sejam apropriadas

para a produção industrial em larga escala, resistindo a condições de

processamento como a liofilização ou secagem por “spray drying” (SAAD, 2006).

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A sobrevivência das bactérias probióticas no produto alimentício é

fundamental, necessitando alcançar populações suficientemente elevadas

(tipicamente acima de 106 UFC/ml ou g) para ser de importância fisiológica ao

consumidor (THAMER, 2006).

Para que seja possível enumerar as células, o meio de cultura deve fornecer

todos os nutrientes essenciais para o crescimento dos microrganismos que, além

disso, devem ser inoculados em condições ótimas de temperatura, pH e potencial de

oxido-redução. A seleção de um meio de cultura apropriado deve considerar a

composição microbiológica que se deseja enumerar. Há dificuldades quando se trata

de mistura de bactérias lácticas de espécies diferentes (THAMER, 2006).

Inúmeros produtos contendo probióticos estão disponíveis comercialmente e

a variedade desses produtos continua em expansão. Os principais são iogurtes e

leites fermentados, tanto por serem os mais comercializados quanto pelo fato de

serem os principais alvos de pesquisas em termos de probióticos. Outros produtos

contendo essas culturas incluem sobremesas à base de leite, leite em pó destinado

a recém nascidos, sorvetes, sorvetes de iogurte e diversos tipos de queijo, além de

produtos na forma de cápsulas ou produtos em pó para serem dissolvidos em

bebidas frias, alimentos fermentados de origem vegetal e maioneses (THAMER,

2006).

Diversos tipos de queijos foram testados como veículos para cepas

probióticas de Lactobacillus e de Bifidubacterium, revelando-se apropriados entre

eles, o Cheddar, o Gouda, o Crescenza, o Arzua-Ulloa e os queijos frescos,

incluindo o Minas Frescal. Entretanto, é importante salientar que um produto

probiótico deve conter uma ou mais cepas definidas, uma vez que os efeitos

probióticos são específicos para cepas determinadas. Assim sendo, a validação da

função probiótica ou o monitoramento do impacto probiótico de uma preparação de

microrganismos com uma composição desconhecida é cientificamente inaceitável

(SAAD, 2006).

No Brasil, já existem algumas regras definidas pela Anvisa (Alegações de

Propriedade Funcional Aprovadas) para produtos probióticos e quantidades mínimas

no produtos, como segue na descrição abaixo, extraída do site da Anvisa (Alimentos

com Alegações de Propriedades Funcionais e ou Saúde/ Alegações de propriedades

funcionais aprovadas):

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Microganismos que podem ser usados: Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus

casei shirora, Lactobacillius paracasei, Lactococcus lactis, Bifidobacterium bifidum,

Bifidobacterium animallis, Bifidobacterium longum e Enterococcus faecium

Alegação permitida: “O (indicar a espécie do microrganismo) (probiótico) contribui

para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma

alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Requisitos específicos: A quantidade mínima viável para os probióticos deve estar

situada na faixa de 108 a 109 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) na

recomendação diária do produto pronto para o consumo, conforme indicação do

fabricante. Valores menores podem ser aceitos, desde que a empresa comprove sua

eficácia.

A documentação referente à comprovação de eficácia deve incluir:

- Laudo de análise do produto que comprove a quantidade mínima viável do microrganismo até o final do prazo de validade.

- Teste de resistência da cultura utilizada no produto à acidez gástrica e aos sais

biliares.

A quantidade do probiótico em UFC, contida na recomendação diária do produto

pronto para consumo, deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação.

Os microorganismos Lactobacillus delbrueckii (subespécie bulgaricus) e

Streptococcus salivarius (subespécie thermophillus) foram retirados da lista tendo

em vista que além de serem espécies necessárias para produção de iogurte, não

possuem efeito probiótico cientificamente comprovado (Alegações de Propriedade

Funcional Aprovadas).

2.3.1 Lactobacillus acidophilus

L. acidoplhilus são bactérias probióticas, obrigatoriamente bacilos gram-

positivos, não esporulados, homofermentativos, e, portanto, metabolizam a glicose

através da via de Embdem-Meyerhof, gerando como produto final, quase que

exclusivamente, ácido láctico. São anaeróbicos facultativos (HOLZAPFEL et al.,

2001).

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27

Ocorrem normalmente na forma isolada ou em pares (IDF, 1995). A

temperatura ótima de crescimento do Lactobacillus acidophilus está na faixa de 35 a

38 °C, não apresentando crescimento abaixo de 15 °C ou acima de 49 °C. Quanto à

necessidade de oxigênio, é aerotolerante, crescendo melhor em condições de

anaerobiose ou em pressão reduzida de oxigênio e 5 a 10% de CO2 (GOMES &

MALCATA, 2000).

As necessidades de crescimento de Lactobacillus acidophilus são bastante

complexas. O meio de cultura, a temperatura de incubação e a atmosfera gasosa

devem ser bem definidas para que o crescimento seja representativo. O meio de

cultura deve conter carboidratos fermentescíveis, aminoácidos, ácidos nucléicos,

ácidos graxos, minerais e várias vitaminas do complexo B (TRABULSI &

ALTERHUM, 2004).

Os meios normalmente utilizados para numeração de L. acidophillus são

Agar Rogosa, MRS (Murashige e Skoog) e APT (All Purpose Tween 80 Media) (IDF,

1995; SPECK, 1978). Os meios APT e MRS não são seletivos, portanto, a

recuperação de L. acidophilus nestes meios é elevada. Entretanto, não há inibição

do crescimento de outras espécies de lactobacilos que possam estar presentes no

produto analisado. O meio LBS é relativamente seletivo devido a alta concentração

de acetato e ao baixo pH (TRABULSI & ALTERHUM, 2004).

O pH de crescimento das culturas de L. acidophilus também pode influenciar

a viabilidade das células durante o posterior armazenamento. De modo geral, a

maioria das cepas de L. acidophillus sobrevive bem em alimentos com baixo pH

armazenados sob refrigeração. No entanto, em pH mais elevado a estabilidade das

culturas é maior (LEE E WONG, 1998).

A temperatura de armazenamento também influência a sobrevivência de L.

acidophillus no alimento. Por exemplo, em leite fermentado com pH de 3,6 após 15

dias de armazenamento a 5 °C, ocorre uma redução de 2 ciclos logaritmos da

população de L. acidophilus. A 25 °C, a mesma redução ocorre em 3 dias de

armazenamento (LEE E WONG, 1998)

Segundo estudos de barreiras antipatogênicas, o L. acidophillus protegeu a

membrana das células epiteliais de invasão pela Escherichia coli enteroinvasiva.

Além disso, a resistência elétrica das monocamadas celulares foi reforçada,

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sugerindo um efeito do L. acidophilus sobre a manutenção da função de barreira do

intestino (RESTA & BARRET, 2003). Quando isolado a partir da microflora

gastrointestinal de um humano adulto residente, junto com sua atividade

antimicrobiana, exerceu um efeito protetor contra lesões da borda em escova

ocasionadas pela cepa de E. coli diarréica C,1845 (LIEVIN-LEMOAL, et al., 2002).

Quanto às doenças diarréicas, o Lactobacillus acidophilus, em combinação

com o Lactobacillus casei, reduziu significativamente a duração de diarréia e vômitos

em crianças de 6 a 24 meses, que sofriam de diarréia persistente (GAON, et al,

2003). Além disso, adição de L. acidophilus inativado por aquecimento com

consumo oral diminuiu significativamente o tempo de vigência de tratamento em

crianças com diárreia aguda pela diminuição da duração da diarréia

(SIMAKACHORN, 2000).

Além disso, estudos do metabolismo intestinal demonstraram que a

atividade das enzimas bacterianas implicadas na carcinogênese do colón foi

diminuída pelo L. Acidophilus em estudos com seres humanos e animais (LIDBECK,

1992).

Ainda considerando os possíveis efeitos sobre a saúde, verificou-se que o L.

acidophilus aumentou as atividades fagocitárias e linfocitárias em camundongos

alimentados por meio de produtos de leite fermentado (PERDIGON, et al., 1988). Já

em camundongos alimentados com L. acidophilus ou B. lactis houve um aumento

significativo na atividade fagocitária dos leucócitos periféricos do sangue e

macrófagos peritoneais comparados com os camundongos de controle. Estes

resultados sugerem que a suplementação da dieta com L. acidophilus é capaz de

melhorar a imunidade natural e adquirida em camundongos saudáveis (GILL et al,

2000).

As espécies. L. acidophilus, L.casei, L. reuteri e L. rhamnosus são os

principais probióticos do gênero atualmente empregado em alimentos (GOMES &

MALCATA, 1999).

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2.3.2 Bifidobacterium

Bifidobacterium cria um ambiente favorável para o crescimento de bactérias

“amigáveis" no intestino grosso e trato vaginal. O Bifidobacterium impede ou evita a

invasão de bactérias patogênicas (SCHELL et al., 2002)

Acredita-se que as bifidobactérias sintetizem vitaminas que podem ser

usadas pelo corpo humano, incluindo tiamina, ácido fólico, ácido nicotínico,

piridoxina e vitamina B12. Produz ácido acético e láctico. Acredita-se que dietas

contendo bifidobactérias, de forma bem sucedida, colonizem o intestino grosso; pois

podem sobreviver as enzimas do estômago e intestino delgado (RASIC &

KURMANN, 1983).

O Bifidobacterium breve, primeiro microrganismo benéfico colonizador

durante o aleitamento materno, tem ação principalmente no intestino grosso. Os

ácidos láctico e acético, produzidos pelo Lactobacillus casei e pelo Bifidobacterium

breve, respectivamente, proporcionam ambiente levemente ácido no intestino e,

conseqüentemente, inibem a proliferação de bactérias patogênicas, melhorando o

ambiente intestinal (FOOKS & GIBSON, 2002).

2.4 PREBIÓTICOS

Os prebióticos são considerados ingredientes funcionais, uma vez que

exercem influência sobre processos fisiológicos no organismo, resultando em

melhoria da saúde e em redução no risco de diversas doenças, como por exemplo,

diarréias e câncer de colón, sem precisar de supervisão médica (KAUR & GRUPTA,

2002).

Prebióticos são definidos como ingredientes alimentares não digeríveis que

afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação

ou atividade de populações de bactérias benéficas no cólon. O consumo regular de

prebióticos pode reduzir a multiplicação de microrganismos patogênicos no intestino,

pois como é fermentado no intestino grosso, ele se converte em nutrientes que

serão utilizados por bactérias benéficas, proporcionando um aumento da microbiota

bacteriana e garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro. Além disso,

outros benefícios à saúde do hospedeiro são associados ao consumo de prebióticos,

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como por exemplo, maior absorção de cálcio e, possivelmente, o metabolismo

lipídico e redução do risco de câncer do cólon (GIBSON & ROBERFROID, 1995;

CHARALAMPOPOULOS et al., 2003; BIELECKA et al., 2002; SAAD, 2006).

Os prebióticos conhecidos atualmente são carboidratos não digeríveis,

incluindo oligofrutose, inulina, lactulose e galactooligossacarídeos (SAAD, 2006).

Outros dois prebióticos importantes, entretanto menos utilizados, são a goma acácia

e o amido resistente (MICHEL et al., 1998; PEREIRA, 2007).

Os critérios para um ingrediente ser classificado como prebiótico são:

ausência de hidrólise ou absorção no intestino delgado, capacidade de ser

metabolizado seletivamente por bactérias benéficas, capacidade de alterar

beneficamente a microbiota intestinal e indução do efeito fisiológico que seja

importante para a saúde (GIBSON&ROBERFROID, 1995; FOOKS et al., 1999)

Após a fermentação dos prebióticos, alguns metabolitos são liberados pelas

bactérias no trato intestinal, em especial os ácidos graxos de cadeia curta, como por

exemplo, o acético, o butírico e o propiônico. Esses ácidos podem atuar direta ou

indiretamente sobre as células intestinais participando do controle de processos de

inflamação, de carcinogêneses e eliminação de compostos nitrogenados, podendo

atuar, também, no alivio da constipação e na redução de infecções intestinais e na

redução do nível do colesterol sérico (SAAD, 2006).

2.5 SIMBIÓTICOS

São alimentos ou suplementos alimentares que contém microrganismos

probióticos e ingredientes prebióticos, resultando em produtos com as

características funcionais dos dois grupos que em sinergia vão beneficiar o

hospedeiro (GIBSON & ROBERFORD, 1995; FOOKS et al., 1999; SAAD, 2006).

O microrganismo probiótico pode apresentar uma melhor sobrevivência no

trato intestinal caso seu substrato específico esteja prontamente disponível para

fermentação. Portanto, o consumo de simbióticos pode aumentar a população de

microrganismos probióticos no trato intestinal do hospedeiro, tanto devido à ingestão

dos microrganismos, quanto por favorecer a multiplicação das bactérias endógenas

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através da ingestão dos prebióticos (GIBSON & ROBERFROID, 1995; FOOKS et al.,

1999; SAAD, 2006).

Autores sugerem que a seleção do probiótico e prebiótico é importante para

que haja a sinergia entre eles (SAAD, 2006). Özer et al. (2005) verificaram que a

adição de inulina e lactulose num iogurte suplementado com Bifidobacterium bifidum

e Lactobacillus acidophilus não afetou o crescimento das cepas características do

iogurte, mas estimulou o crescimento de Bifidobacterium bifidum no produto.

A associação entre o prebiótico e o probiótico pode favorecer a

sobrevivência dos microrganismos bem como aumentar os efeitos benéficos de cada

um deles, tanto no organismo do hospedeiro quanto no alimento. Isso se deve,

provavelmente, à interação entre eles anteriormente ao consumo, podendo, em

alguns casos, resultar em uma vantagem competitiva para o probiótico (FOOKS et

al., 1999, PUUPPONEN-PIMIÄ et al., 2002, SAAD, 2006).

Akin (2005) verificou que a inulina estimulou o crescimento de L. acidophillus

e B. lactis em sorvete fermentado aumentando a viabilidade destes microrganismos

no produto. Capela et al. (2006) observaram que a adição dos prebióticos

frutoligossacarídeo, inulina e amido resistente em iogurte aumentou a viabilidade

dos microrganismos probióticos quando comprado ao iogurte sem os prebióticos.

Cardarelli et al. (2008) mostraram que o uso de inulina associada ao probiótico

Lactobacillus paracasei subsp. paracasei em mousse de chocolate conferiu um

potencial simbiótico ao produto bem como propriedades sensoriais favoráveis.

2.6 FITOSTERÓIS

Os fitosteróis são compostos por 28 ou 29 carbonos, diferindo do colesterol

(27 carbonos) pela presença de um radical metila ou etila adicional na cadeia

carbônica. Os fitosteróis mais estudados, o sitosterol e o campesterol, apresentam

uma insaturação em sua estrutura, similar ao colesterol. Quando essa dupla ligação

não está presente ou é desfeita, temos os análogos β-sitostanol e campestanol. Os

estanóis são esteróis e fitostanóis insaturados e podem ser extraídos dos alimentos

ou produzidos artificialmente por meio de hidrogenação, sendo menos abundante

nos alimentos in natura do que os esteróis (DUTTA, 2002).

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32

A Figura 6 apresenta os esteróis mais comumente encontrados em vegetais:

Figura 6. Estrutura química dos principais esteróis. Fonte: ALMEIDA, 2009.

Na Tabela 5 pode-se observar a quantidade de fitosteróis em alguns óleo e

alimentos:

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33

Tabela 5. Fitosterol de alguns óleo e alimentos (Valenzuela, 2010)

Desde 1980 reconhece-se que os fitosteróis poderiam ser adicionados aos

alimentos. No entanto, a adição de fitosteróis e fitostenóis cristalinos a alimentos

industrializados não é a melhor opção, pois as alterações organolépticas destas

substâncias isoladas limitam seu uso. Esses componentes cristalinos, além de

deixarem um sabor “rançoso”, são também pouco solúveis quando adicionados aos

alimentos, ao contrário dos esterificados (fitosterol-éster). Por isso, os estudos mais

recentes têm avaliado a aplicação de fitosteróis e fitostanóis esterificados. Alguns

trabalhos utilizam o óleo de girassol como veículo, por promover boa solubilidade

junto à fase oleosa de margarinas e cremes vegetais. Como conseqüência, a

indústria alimentícia tem investido na adição de fitosteróis e fitostanóis em

margarinas, cremes vegetais e molhos para salada, incorporando fitosteróis em

maior quantidade na dieta humana (MARTINS, et al., 2004).

O relatório de estratégias, para redução do colesterol sanguíneo do

Programa Nacional Americano de Educação em Colesterol estima que para cada

1% de redução na concentração de colesterol sanguíneo, o risco de doenças

cardiovasculares diminuiria em 2%. Segundo essa estimativa, a terapia dietética é o

primeiro passo para a diminuição do colesterol sanguíneo, que pode favorecer uma

diminuição de 10-13% do LDL-colesterol (LDL-c) de forma lenta. Logo, um

suplemento à dieta que seja seguro e bem tolerado pode ser útil no manejo não

farmacológico da hipercolesterolemia visando uma redução mais rápida do LDL-c

(DUTTA, 2002).

Conteúdo de fitosterol de alguns óleos

Óleo de milho

Óleo de girassol

Óleo de soja

Azeite de oliva

Óleo de palma

Milho

Trigo

Alface

Banana

Maça

Tomate

69

49

38

16

17

7

e outros alimentos

Alimentos mg/100g

952

725

221

176

70

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A margarina contendo ésteres de fitostanol foi lançada na Finlândia em

1995. Naquele mesmo ano, resultados de um ensaio clínico realizado naquele país

mostraram que a margarina com ésteres de estanol vegetal efetuou uma redução

significativa no colesterol total e no LDL-c de 10 e 14%, respectivamente, em

pacientes com hipercolesterolemia leve (MARTINS, et al., 2004).

Avaliando-se a eficácia de margarinas com adição de fitosteróis e fitostanóis,

identificou uma diminuição média de 14% no LDL-c com uma dose diária igualou

maior que 2 g/dia, para indivíduos com idade entre 50 e 59 anos. Em pessoas com

idade de 40 a 49 anos, a diminuição do LDC-c foi de 9% (MARTINS, et al., 2004).

Um fator que aperfeiçoou a ação dos fitostanóis foi sua ligação com a

lecitina de soja. Este estudo sugere que a lecitina de soja, pode promover maior

solubilização do fitostanol na fase micelar da digestão, indicando um efeito sinérgico,

potencializando a ação hipocolesterolêmica (DUTTA, 2002).

No ano de 2000, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso

terapêutico dos ésteres de esterol ou estanol vegetal na redução do risco de

doenças cardiovasculares. Essa decisão permitiu que os alimentos adicionados com

estas substâncias, como margarinas, cremes vegetais, molhos cremosos para

salada, apresentassem a alegação de que ajudam a prevenir doenças

cardiovasculares. O fitosterol-éster deve estar presente na quantidade de 0,65 g por

porção, totalizando 1,3 g/dia. Portanto, a rotulagem dos alimentos que contenham

ésteres de fitosterol ou fitostanol, deverá incluir a seguinte informação: “uma porção

de (nome do alimento) fornece XX gramas de fitosteróis/fitostenóis”. O rótulo poderá

também, ser acompanhado da seguinte frase, exemplificada com fitostanóis:

“Alimentos que contêm pelo menos 1,7 g por porção de ésteres de estanol vegetal,

ingerido duas vezes por dia nas refeições, resultando em uma ingestão diária total

de pelo menos 3,4 gramas, como parte de uma alimentação com baixos teores de

gordura saturada e colesterol, poderão reduzir o risco de doenças cardíacas

(MARTINS, et al., 2004).

No Brasil a Anvisa (Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais

e/ou Saúde) já definiu algumas regras para produtos adicionados de fitosterol,

conforme descrito a seguir:

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Alegação: “Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol.

Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida

saudáveis”.

Requisitos específicos: A porção do produto pronto para consumo deve

fornecer no mínimo 0,8 g de fitoesteróis livres. Quantidades inferiores poderão ser

utilizadas desde que comprovadas na matriz alimentar.

A recomendação diária do produto, que deve estar entre 1 a 3 porções/dia,

deve garantir uma ingestão entre 1 a 3 gramas de fitoesteróis livres por dia.

Na designação do produto deve ser incluída a informação “... com

fitoesteróis”.

A quantidade de fitoesteróis, contida na porção do produto pronto para

consumo, deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação.

Os fitoesteróis referem-se tanto aos esteróis e estanóis livres quanto aos

esterificados.

Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da

substância, incluindo solventes e outros compostos utilizados.

Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).

Apresentar laudo com o grau de pureza do produto e a caracterização dos

fitoesteróis/ fitoestanóis presentes.

No rótulo deve constar as seguintes frases de advertência em destaque e

em negrito:

“Pessoas com níveis elevados de colesterol devem procurar orientação

médica”.

“Os fitoesteróis não fornecem benefícios adicionais quando consumidos

acima de 3 g/dia”.

“O produto não é adequado para crianças abaixo de cinco anos, gestantes e

lactentes”.

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3. OBJETIVO

O objetivo geral foi obter uma maionese probiótica de iogurte, contendo fitosteróis.

Os objetivos específicos foram:

• Formular uma maionese probiótica de iogurte contendo fitosteróis;

• Realizar a enumeração das bactérias probióticas durante o armazenamento;

• Analisar o teor de fitosteróis durante o armazenamento;

• Determinar as características físico-químicas da maionese;

• Verificar a aceitação do produto, por meio de análise sensorial.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAIS

No desenvolvimento do trabalho foram utilizados ingredientes, reagentes e

equipamentos:

4.1.1. Ingredientes

Óleo de soja (Cargill Agrícola S.A); vinagre (Castelo Alimentos); Gema de ovo

desidratada (ABB Brasil); Água potável; Açúcar refinado (Guarani); Sorbato de

potássio (Vogler); EDTA (Vogler) Cebola em pó (Penina Alimentos) Goma guar

(Vogler); Goma Xantana (Vogler); Ácido cítrico (Pluryquimica); Alho em pó (Penina

Alimentos); Amido modificado (Instant Clear gel - National Starch); Leite desnatado

(Paulista); cultura liofilizada de Lactobacillus acidophilus (Danisco, mantida

refrigerada – La 14 150b); culturas liofilizadas de Bifidobacterium (Danisco/CHR

Hansen - mantidas refrigeradas – Bb-02 15B e BB12, respectivamente); Sal (Cisne);

Iogurte desnatado (Paulista); Vegapure® (marca Cognis, representada pela Tovani

Benzaquen). As especificações técnicas de alguns ingredientes estão anexadas no

final desse trabalho.

4.1.2. Vidraria

Béquer; Balão volumétrico; Placas de Petri; Frasco diluição e outras comuns de uso

rotineiro em laboratórios.

4.1.3 Equipamentos

Homogeneizador de amostra Stomacher; estufa (BOD MA 415 Marconi) a 43 °C;

estufa 37 °C (estufa de cultura mod. 002CB Fanen); balança analítica (Mettler

Toledo, modelo AB 204-S); multiprocessador de alimentos (RI 7774 Philips);

cromatógrafo a gás Varian, modelo 3800, dotado de detector FID; viscosímetro

Brookfield LV DV-III; analisador de Nitrogênio (Rapid N Cube – Elementar

Analysensysteme, Alemanha); potenciômetro (Micronal, modelo 375).

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4.1.4 Demais materiais

Embalagens plásticas para Stomacher; Jarra para colocar placas de Petri; Envelope

de anaerobiose (Anaerogen OXOID); Alça de Drigalski.

4.1.5 Coleta de amostras

As maioneses foram armazenadas entre 4 °C e 7 °C, em frascos individuais e foram

retirados da refrigeração semanalmente para a realização de análises.

4.2 MÉTODOS

4.2.1. Produto

Formulação maionese:

A tabela 6 apresenta as formulações que foram usadas durante o desenvolvimento

do trabalho.

Tabela 6. Formulações usadas durante o desenvolvimento do trabalho

INGREDIENTES T1(%) T2(%) T3(%)

Óleo de soja 24,25 10,00 10,00 Gema de ovo 1,00 1,20 1,20 Água 42,00 41,65 46,65 Vinagre a 5% 8,00 4,00 4,00 Açúcar 1,00 1,00 1,00 Sorbato de potássio 0,10 0,10 0,10 Sal 1,70 1,70 1,70 EDTA 0,01 0,01 0,01 Cebola em pó 0,01 0,01 0,01 Goma Guar 0,55 0,10 0,10 Ácido citrico 0,05 0,03 0,03 Alho em pó 0,01 0,01 0,01 Instant Clear Gel 3,50 6,50 6,50

Vegapure® 95FF 0,83 11,50 11,50 Iogurte 10,00 10,00 10,00 Leite Desnatado 5,00 5,00 5,00 Lactobacillus acidophillus 1,00 1,00 1,00 BifidoBibacterium 1,00 1,00

Inulina 5,00 0,00

Goma Xantana 0,10 0,10

CMC 0,10 0,10

TOTAL 100,00% 100,00% 100,00%

A formulação T1 foi feita com Lactobacillus Acidophillus.

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Na formulação T2 foram utilizados Lactobacillus acidophillus,

Bifidobacterium e inulina. Além disso, a quantidade de vinagre, ácido e óleo de soja

foi reduzida enquanto aumentou-se a quantidade de Vegapure®.

Na formulação T3 foram utilizados Lactobacillus Acidophillus e

Bifidobacterium e não se utilizou inulina. Além disso, a quantidade de vinagre, ácido

e óleo de soja foi reduzida enquanto aumentou-se a quantidade de Vegapure®.

4.2.2 Fluxograma de processo das maioneses T1, T2 e T3

Para o preparo da maionese usou-se um multiprocessador de alimentos, na

velocidade máxima do equipamento, conforme ilustra a Figura 7:

Figura 7. Fluxograma de processo para a fabricação das maioneses (T1, T2 e T3) no multiprocessador

Mistura 1: Homogeneização do sal refinado, açúcar refinado, sorbato de potássio, EDTA, cebola em pó, alho em pó, ácido cítrico,goma guar, instant clear gel.

Mistura 2: Homogeneização iogurte refrigerado com Lactobacillus acidophillus refrigerado

Adição mistura 2

Adição mistura 3 e vinagre

Mistura da água com gema de ovo

Adição da mistura 1

Adição óleo lentamente

Adição Vegapure® líquido lentamente (aquecidos em microondas por 15 seg)

Homogeneização, em velocidade máxima, por 5 segundos

Mistura 3: Homogeneização leite com Bifidobacterium congelado

Homogeneização em velocidade máxima por 5 segundos

Homogeneização em velocidade máxima por 5 segundos

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4.2.3 Condições de incubação e enumeração de Lactobacillus acidophilus

4.2.3.1 Meio de cultura e condições de incubação

Avaliou-se o crescimento de L. acidoplhilus em meio de cultura MRS em

uma temperatura de incubação de 43 °C. Os microrganismos foram incubados em

anaerobiose, utilizando-se o sistema de Anaerogen (OXOID). Esse sistema produz

uma atmosfera com nível de oxigênio abaixo de 1% e 9-18% de CO2.

4.2.3.2 Procedimento da análise microbiológica na cultura

A Figura 8 apresenta o procedimento de análise microbiológica na cultura

Lactobacillus acidophilus.

Figura 8. Procedimento análise microbiológica na cultura Lactobacillus Acidophillus

Diluição em 100 mL de solução salina

Diluições decimais seriadas até 10-8

0,1 g de cultura L. acidophilus

Diluições decimais seriadas até 10-8

Plaqueamento de 0,1 mL da última diluição

Incubação nas jarras com Anaerogen por 72 h a 43 °C

Enumeração

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4.2.3.3 Procedimento das análises microbiológicas

Esses ensaios foram realizados em duplicata para cada maionese feita (T1,

T2 e T3). As formulações também foram feitas em duplicata.

Os ensaios foram feitos em duplicata, conforme ilustrado na Figura 9:

Figura 9. Análise de Lactobacillus acidophilus na maionese.

4.2.4. Condições de incubação e enumeração de Bifidobacterium

4.2.4.1. Meio de cultura e condições de incubação

Avaliou-se o crescimento de Bifidobacterium em meio de cultura MRS,

contendo os antibióticos A, B e C, nas diluições de 5, 10 e 5 mL respectivamente

para cada litro de meio utilizado, em uma temperatura de incubação de 37 °C. Os

microrganismos foram incubados em anaerobiose, utilizando-se o sistema de

Anaerogen (OXOID). Esse sistema produz uma atmosfera com nível de oxigênio

abaixo de 1% e 9-18% de CO2.

Homogeneização em Stomacher por 1 minuto

Diluições decimais seriadas até diluição desejada

Plaqueamento de 0,1 mL da última diluição na superfície do meio de cultura

Incubação nas jarras com Anaerogen por 72 h a 43 °C

Enumeração

10 g de maionese e 90 g de solução salina

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4.2.4.2. Procedimento de análise microbiológica na cultura

A Figura 10 apresenta o procedimento de análise microbiológica na cultura

Bifidobacterium.

Figura 10. Procedimento análise microbiológica na cultura Bifidobacterium

4.2.4.3. Procedimento de análise microbiológica na maionese

Esses ensaios foram realizados em duplicata para cada maionese feita (T1,

T2 e T3). As formulações também foram feitas em duplicata.

Os ensaios foram feitos, conforme descrito na Figura 11.

0,1 g de cultura Bifidobacterium

Diluição em 100 mL de solução salina

Diluições decimais seriadas até 10-8

Incubação nas jarras com Anaerogen por 72 h a 37 °C

Enumeração

1 mL da última diluição na placa

Movimentos circulares

Acréscimo do meio (já com antibióticos)

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Figura 11. Análise de Bifidobacterium na maionese

4.2.5. Análises físico-químicas e instrumentais

As análises descritas a seguir foram realizadas na maionese, durante o

desenvolvimento desse trabalho:

4.2.5.1.Determinação de pH

A medida de pH foi realizada diretamente nas amostras de maionese em

temperatura ambiente, utilizando potenciômetro Micronal, modelo 375.

Homogeneização em Stomacher por 1 minuto

Diluições seriadas decimais até diluição desejada

1 mL da última diluição na placa

Movimentos circulares

Enumeração

10 g de maionese e 90 g de solução salina

Incubação nas jarras com Anaerogen por 72 h a 37 °C

Acréscimo do meio (já com antibióticos)

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4.2.5.2. Determinação do teor de nitrogênio

O teor de nitrogênio foi determinado, em triplicata, em Analisador de

Nitrogênio (Rapid N Cube – Elementar Analysensysteme®, Alemanha). A análise é

fundamentada no método de Dumas. A amostra é colocada em uma cápsula de

estanho e selada. Em seguida, é colocada no equipamento, onde é submetida à

combustão e à oxidação a 960 ºC. O nitrogênio, na forma de óxido nítrico é liberado

da amostra e transportado, pelo dióxido de carbono, através de uma coluna de

tungstênio, que o reduz a nitrogênio molecular. A detecção do nitrogênio é realizada

por condutividade térmica (TCD). A quantificação do nitrogênio é realizada por

comparação com padrão de teor conhecido de nitrogênio, que no caso foi o ácido

aspártico. A conversão em proteína foi realizada pelo uso do fator 6,25.

4.2.5.3.Determinação de lipídeos

O teor de lipídeos foi determinado em duplicata, no produto final. Utilizou-se

o método descrito por BLIGH & DYER (1959).

4.2.5.4.Determinação de acidez titulável

A acidez titulável foi determinada em duplicata, através da titulação com

hidróxido de sódio (NaOH) 0.10mol/L, em presença de indicador fenolftaleína,

conforma descrito por ADOLFO LUTZ (1981). Resultados obtidos em % de ácido

láctico.

4.2.5.5. Determinação de Viscosidade

A análise foi realizada em reômetro da marca Brookfield, modelo DV-III Ultra,

dotado de banho termostatizado. Nesse equipamento, a viscosidade é medida pelo

torque necessário para girar uma haste (“spindle”) imersa no fluido analisado, a uma

velocidade constante. A análise foi realizada a 23,5 ºC. O “spindle utilizado” foi o

LV4.

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4.2.5.6 Determinação de Cinzas

A análise foi realizada por incineração inicial em Bico de Bunsen e posterior

em mufla (550 °C), até que o resíduo se tornou branco/cinza ou até que o peso se

torne constante.

4.2.5.7 Determinação de Umidade

A análise foi feita em estufa 100 °C e depois resfriamento em dessecador

até peso constante.

4.2.6 Fitosterol

A análise dos fitosteróis foi realizada conforme metodologia descrita por

ALMEIDA (2009). A amostra (0,3 g) foi pesada em balão de fundo chato. 10 mL de

KOH 3% em etanol foram adicionados e o frasco foi aquecido a 50 ºC por 3 horas.

Após resfriamento, foram adicionados 10 mL de água destilada. Foram realizadas

quatro extrações com 10 mL de hexano cada. Após secagem sob N2, foram

adicionados 3 mL de hexano e a solução foi injetada no modo split (50:1) em

cromatógrafo a gás Varian, modelo 3800, dotado de detector FID (detector de

ionização em chama). Para a separação, foi utilizada coluna capilar DB-1

(dimetilpolisiloxano) de 30 m, d.i. = 0,25 mm, espessura do filme = 0,25 µm, da J&W

Scientific. O gás de arraste foi o hélio, na vazão de 1 mL/min. A temperatura do

injetor foi de 250 ºC e a do detector, de 300 ºC. As temperaturas, inicial e final da

coluna, foram de 150 ºC (0,1 min) e de 300 ºC (10 min), respectivamente. Foi

aplicado um gradiente de temperatura, de 10 ºC por minuto. A identificação dos

picos foi realizada por meio de comparação com a ordem de eluição apresentada

nos cromatogramas do trabalho publicado por Almeida (2009), somada às

informações apresentadas no laudo fornecido pelo fabricante do ingrediente

Vegapure (Anexo 2).

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4.2.7 Análise Sensorial

A análise sensorial da maionese foi feita em cabinas individuais devidamente

iluminadas. A maionese refrigerada foi espalhada em torradas sem saborização e

servidas em bandeja, juntamente com um copo de água. Nesse teste 73 provadores

não treinados constituíram o painel sensorial para a realização de teste de

aceitação, em que a medida foi obtida por meio de uma escala hedônica de 9 pontos

(desgostei extremamente a gostei extremamente). A ficha sensorial será

apresentada no Anexo 1 desse trabalho.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 RESULTADOS MICROBIOLÓGICOS

Inicialmente analisou-se a cultura pura de microrganismos tanto de

Lactobacillus acidophius como de Bifidobacterium. O plaqueamento foi feito em

duplicata para cada cultura. Os resultados estão apresentados na Tabela 7:

Tabela 7. Enumeração de L. acidophillus e Bifidobacterium na cultura pura

Resultados encontrados na cultura de microrganismos Log (UFC/g)

Lactobacillus acidophilus 10,46

Bifidobacterium animallis 10,56

De acordo com o fornecedor, o Bifidobacterium animalis possui 1×1011 UFC/g,

enquanto o Lactobacillus acidophilus possui 1,5×1011 UFC/g. Os resultados obtidos

no laboratório revelaram valores um pouco inferiores, porém essa diferença pode

não ser significativa.

Na Tabela 8 estão apresentados resultados de enumeração de Lactobacillus

acidophilus da formulação T1:

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Tabela 8. Enumeração de L.acidophilus em meio MRS, na formulação T1.(MURASHIGE & SKOOG, 1962)

Resultados encontrados na porção de 12 g (log UFC)*

1 dias 8 dias 15 dias

Concentração de 0,1% 9,44 8,89 ----

Concentração de 0,2% ----- 9,36 <3

Concentração de 1% s/ refrigeração -----

Concentração de 1% refrigerado 10,14 8,86 6,98

* valores médios de duplicatas.

Os resultados apresentados na tabela 8 indicam a necessidade de

refrigeração do produto para manter a população microbiológica ativa. Pode-se

observar que o produto contendo de 1% de cultura, mantido sob refrigeração, após

15 dias de armazenamento já não poderia mais ser denominado probiótico, segundo

determinações da ANVISA.

Suco de uva, um produto que normalmente é conservado a temperatura

ambiente, quando adicionado de Lactobacillus acidophilus, com 107 e 108 UFC/mL,

para fazer jus à alegação de produto probiótico, exigiu refrigeração e apresentou

vida-de-prateleira de 8 dias (ODORISSI, et al., 2008).

Em vista da curta vida-de-prateleira obtida para a maionese, quando

comparada com o produto tradicional, acrescentou-se cultura de Bifidobacterium

Bifidum Bb-02 15B na formulação mesma formulação (T1). Os resultados estão

apresentados na Tabela 9:

Tabela 9. Enumeração de Lactobacillus e Bifidobacterium, na maionese (T1).

Na porção de 12 g (log UFC) - 1% de cada cultura (produto refrigerado)

1 dia 8 dias

Lactobacillus 9,80 8,96

Bifidobacterium 9,89 9,47

Esses resultados mostraram que Bifidobacterium sobrevive melhor que

Lactobacillus nas condições do produto. Esses resultados condizem com o estudo

feito por Phillips et al. (2006), no qual foi analisada a vida-de-prateleira de queijo

cheddar acrescentado de células livres e encapsuladas de Bifidobacterium e

Lactobacillus acidophilus. O resultado mostrou que em 32 semanas o resultado

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microbiológico de Lactobacillus acidophilus foi de 4,9×103, enquanto a enumeração

de Bifidobacterium resultou em 4×107 UFC/g. Embora não fosse mais um produto

probiótico, a contagem do Bifidobacterium foi maior do que de Lactobacillus. O

estudo mostrou dessa maneira, que o queijo cheddar é um bom veículo para a

variedade comercial probiótica, mas as condições para o Lactobacillus acidophilus,

ainda precisam ser melhoradas.

Estudos foram feitos também por OLIVEIRA e JURKIEWICZ (2009), nos

quais amostras de leite fermentado com diferentes concentrações de inulina foram

analisadas. O produto foi armazenado por 65 dias a 10 °C e foram determinadas as

populações dos microrganismos. A viabilidade de Lactobacillus Acidophilus não foi

influenciada significativamente pela presença de inulina. Por outro lado, o aumento

na concentração de inulina (maior que 1%) favoreceu significativamente a

viabilidade de Bifidobacterium animalis durante os 65 dias.

A aplicação de culturas probióticas em produtos que não são derivados do

leite representa uma inovação. A viabilidade de probióticos na matriz de alimentos

depende de muitos fatores como pH, temperatura de estocagem, presença de

microrganismos competidores e inibidores (OLIVEIRA et al., 2002)

A maionese foi reformulada para favorecer as condições microbiológicas e foi

aumentada a concentração de fitosteróis para que o produto pudesse conter o claim

estipulado por legislação. Desenvolveram-se as formulações T2 e T3, com e sem

inulina, respectivamente, para que se estudasse o efeito da inulina com a

possibilidade de tornar o produto simbiótico. Nessas formulações, foram utilizados

ambos microrganismos: Bifidobacterium BB12 e Lactobacillus acidophilus.

As maioneses T2 e T3 foram feitas em duplicata, e os resultados estão

apresentados na Tabela 10:

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Tabela 10. Valores médios encontrados nos ensaios feitos de Lactobacillus Acidophillus e Bifidobacterium, em log UFC/12 g, em maionese com inulina e sem inulina.

Tempo (dias)

Log UFC/12 g Com inulina

Sem inulina

La Bi La Bi

1 10,77 10,37 10,56 10,46 8 10,33 10,10 10,42 10,27

15 9,84 9,45 10,26 9,95 22 9,41 9,33 9,63 9,82 29 8,47 9,12 8,65 9,38 36 8,31 8,51 8,72 9,22 43 8,01 8,24 6,86 9,06 50 5,90 7,47 7,50

Por legislação, valores menores de 8 (em Log) (108 UFC/g), o produto já deixa

de ser probiótico, assim sendo, observa-se que o Bifidobacterium teve uma

sobrevivência melhor no produto. Considerando a exigência legal relativa ao aspecto

microbiológico, o Bifidobacterium foi capaz de manter-se viável por um tempo entre

43 e 50 dias.

Entretanto, aos 43 dias de armazenamento o produto apresentou-se

sensorialmente inadequado para consumo (avaliado por um grupo de 5 pessoas),

pois apresentou odor característico de rancificação. Como até os 36 dias o produto

manteve-se com as características sensoriais normais foi o prazo estabelecido para

as demais análises. É importante ressaltar que as formulações não incluíram

antioxidantes. Portanto, para evitar a rancificação da maionese, poderiam ter sido

usados aditivos como BHA (hidroxianisol butilado) ou BHT (hidroxi-tolueno butilado)

que interrompem os mecanismos da oxidação por radicais livres.

Conforme verificado por CERCACI, et al. (2007), os fitosteróis (que também

foram usados no desenvolvimento desse trabalho), apresentam um alto grau de

atividade na superfície o que lhes permite migrar para a interface óleo-água das

gotículas da emulsão, onde o estresse oxidativo é alto, portanto isso também

favoreceu a oxidação do produto estudado nesse trabalho.

Comparando os resultados das análises das maioneses resultantes das

formulações T2 e T3, pode-se perceber que os Lactobacillus apresentaram um

desempenho melhor na presença de inulina, ao contrário do que ocorreu com

Bifidobacterium. Sem inulina, Lactobacillus sobreviveram por um período entre 36 e

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50

43 dias, enquanto o Bifidobacterium, entre 43 e 50 dias. Já na presença do

prebiótico, ambos microrganismos sobreviveram por um período entre 43 e 50 dias,

sendo que a enumeração de Bifidobacterium resultou sempre em valor mais alto.

Nesse trabalho, o que limitou o shelf life do produto não foi a sobrevivência

dos microrganismos, e sim as características sensoriais. Nesse sentido, a inulina

não fez diferença, razão pela qual as análises, sensorial e físico-quimicas, foram

realizadas na maionese sem inulina, até por uma questão de custo do produto.

Estudos já foram feitos por MAZO et al. (2009), sobre a utilização de

Bifidobacterium bifidum e infantis adicionados também a maionese, como células

livres e encapsuladas. O resultado obtido indicou que a viabilidade das células livres

no produto desapareceu após 2 semanas de vida-de-prateleira, enquanto o

Bifidobacterium bifidum e infantis encapsuladas sobreviveram 12 e 8 semanas

respectivamente. Melhoras nas condições sensoriais também foram percebidas com

a adição de células encapsuladas se comparadas as células livres.

Outro estudo foi feito com iogurte saborizado de morango, suplementado

com Bifidobacterium animalis. Os consumidores se mostraram muito perceptivos às

mudanças sensoriais do produto, o que resultou em vida-de-prateleira de 38 dias, já

considerando 25% de rejeição entre os consumidores enquanto o mesmo produto

pode ter também 53 dias de vida-de-prateleira, porém nesse caso considerando

50% de rejeição entre os consumidores, pois com esse tempo, houve uma alteração

sensorial maior, o que causou maior rejeição do produto (CRUZ, et al., 2010).

5.2 RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

As análises foram feitas com a formulação T3, a que contém ambos

microrganismos e não contém inulina. Os resultados de umidade, proteínas, cinzas,

gordura e acidez titulável estão apresentados na Tabela 11.

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Tabela 11. Composição centesimal da maionese T3 (n=3) em base úmida

O alto teor de umidade pode ser explicado pela alta quantidade de água

adicionada no produto, somando-se a já presente em ingredientes como, por

exemplo, iogurte e leite.

Percebe-se um teor de lipídeos que condiz com a formulação, visto que o

óleo de soja é praticamente 100% de lipídeos e o Vegapure® também é composto

por 99,5% de lipídeos (incluindo esterol e esterol-éster, conforme especificação em

anexo). Somando-se a porcentagem dos dois ingredientes na formulação, obtém-se

21,5% de lipídeos totais, o que condiz com o resultado obtido experimentalmente.

Pela formulação é esperado um resultado baixo de proteínas, visto que a

maior parte da formulação composta por água, óleo e Vegapure®, que não possuem

proteínas em sua composição.

Os carboidratos, obtidos por diferença, também representam uma baixa

porcentagem da composição centesimal do produto, pois novamente os

componentes em maior porcentagem na formulação não possuem altas quantidades

de carboidratos.

Com os resultados de lipídeos, proteínas e carboidratos, calculou-se o valor

energético do produto, que resultou em 158 kcal = 661 kJ em 100 g de produto.

Quando esse produto é comparado com maioneses de mercado observa-se que seu

valor calórico é inferior, o que decorre do baixo teor de gordura. Atualmente as

maioneses de mercado com alto teor de óleo (50 – 60%) contêm aproximadamente

500 - 600 kcal/100 g de produto (ex: Liza caseira/ Hellmann´s Supreme). Já as com

menor teor de gordura (16 - 22%) contêm aproximadamente 180 - 230 kcal/100 g de

produto (ex: Liza Tradicional, Liza Light, Maria, Primor, Arisco).

A tabela nutricional simplificada da maionese T3 está apresentada na Tabela

12:

Média (%) CV(%)

Umidade 63,7 0,21 Cinzas 2,31 1,5 Lipídeos 21,8 1,2 Proteínas 2,22 0,38 Carboidratos 10,0

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Tabela 12: Tabela nutricional da maionese T3

O valor de sódio foi calculado teoricamente no produto, tomando como base

a quantidade de sódio de cada um dos ingredientes.

Obteve-se um valor de 0,86% de acidez, com coeficiente de variação de

2,3%. A acidez é importante para o aspecto de conservação do produto, pois

garante a segurança microbiológica durante a vida-de-prateleira de produtos

estáveis a temperatura ambiente. Geralmente para a produção de uma maionese de

mercado a ser armazenada sem refrigeração, busca-se uma acidez na faixa de 0,40

– 0,80% para uma maior segurança do produto, com o cuidado de não permitir que a

acidez excessiva torne o produto sensorialmente inaceitável.

Os resultados de pH ficaram na faixa de 4,20 – 4,30, valores que se

mantiveram ao longo do armazenamento do produto. O pH de segurança, para

maioneses de mercado sem refrigeração, varia entre 3,30 – 3,80. Nesse caso, como

se trata de um produto refrigerado, trabalhou-se com um pH mais alto, para

adequação da sobrevivência dos microrganismos.

Os resultados indicados na Tabela 13 referem-se à viscosidade do produto

analisado (formulação T3), em triplicata.

100g Porção de 12 g %VD(*)Valor energético 158 kcal = 661 kJ 19 kcal = 79 kJ 1Carboidratos 10 g 1,2 0,4

2,2 g 0,3 0,4Gorduras Totais 22 g 2,6 5Gorduras Trans 0 g 0g **

663 mg 80 3

** VD não estabelecido

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL

Proteínas

Sódio

de suas necessidades energéticas.

*% Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ.Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo

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Tabela 13. Viscosidade da maionese no inicio e aos 36 dias de armazenamento

Percebe-se um aumento significativo na viscosidade durante o

armazenamento do produto, que é comum em produtos similares (PEIXOTO &

TOLEDO, 2004).

Ao final do armazenamento estudou-se também o comportamento da

viscosidade em função da velocidade. A Figura 12 apresenta a variação da

viscosidade com o aumento da velocidade de rotação do ‘spindle’. Observa-se que

se trata de um fluido não-newtoniano (pseudoplástico), em que a viscosidade diminui

com o aumento da velocidade de cisalhamento. Trata-se de comportamento

reológico comum em maioneses (ATKINSON & MAVITUNA, 1991).

Figura 12. Gráfico viscosidade (cps) em função da velocidade (rpm)

A análise de fitosteróis foi realizada no ingrediente sozinho (Vegapure), na

maionese T3, com 17 dias de armazenamento e na maionese T3, com 36 dias de

armazenamento. Os principais resultados estão apresentados na Tabela 14:

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Viscosidade X VelocidadeViscosidade (cP)

Velocidade (rpm)

Viscosidade RPM 15

Média(cP) Desvio Padrão Inicial

27114 830

36 dias 47910 0

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Tabela 14. Tempos de retenção (TR) e % de área dos principais picos obtidos nas análises cromatográficas dos fitosteróis do Vegapure e da maionese T3 aos 17 e 36 dias de armazenamento.

Vegapure Maionese (17 dias) Maionese (36 dias) TR (min) (%) TR (min) (%) TR (min) (%)

10,944 2,969 10,942 3,082 10,938 3,258 Brassicasterol 11,370 27,411 11,343 26,644 11,365 27,473 Campesterol 11,552 16,763 11,530 17,999 11,550 18,117 Estigmasterol 11,932 49,069 11,891 48,577 11,926 47,664 β-Sitosterol

De acordo com as especificações técnicas do Vegapure (Anexo 2), os

fitosteróis que estão presentes em percentuais mais significativos são o β-sitosterol

(42,0 a 45,0%), o campesterol (20,0 a 29,0%), o estigmasterol (12,0 a 23,0 %) e o

brassicasterol (2,0 a 6,0%). Essas informações, somadas aos resultados

cromatográficos obtidos por ALMEIDA (2009), permitem deduzir que os picos mais

importantes referem-se a esses fitosteróis. É importante salientar que no trabalho

publicado citado a coluna usada para separação dos esteróis não foi exatamente a

mesma, razão pela qual os tempos de retenção não foram os mesmos. Entretanto,

como se trata de uma bastante similar, podemos afirmar que a ordem de eluição

deve manter-se.

As Figuras 13 e 14 apresentam cromatogramas comparativos dos três

produtos analisados. Observa-se a grande similaridade entre os resultados e a boa

qualidade das separações.

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Figura 13. Gráficos de cromatografia para vegapure, maionese T3 com 17 dias e maionese T3 com 36 dias de armazenamento.

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Figura 14. Cromatogramas do Vepapure, Óleo de soja, Maionese T3 com 17dias e 36 dias.

O processo de fabricação da maionese, interação com os outros

ingredientes ou até mesmo as condições da maionese de acidez, umidade, pH não

influenciaram na quantidade de fitosterol que se manteve igual as quantidades

presentes no vegapure 95FF.

Dessa forma, até o final do tempo de armazenamento, não houve alteração

na quantidade de fitosterol, de forma que, com 36 dias, o produto ainda manteve

suas características para receber, no rótulo, a alegação de fitosterol.

Trabalhos foram feitos com leite enriquecido com fitosterol que sofreu

aquecimento, em condições adversas das que foram utilizadas no decorrer desse

trabalho. Os resultados mostraram que o aquecimento por 24 horas a 65 °C,

equivalente a 1 mês a temperatura ambiente, reduziu a quantidade de fitosterol em

4%. Já em microondas ou por 15 minutos a 90 °C, a perda foi de 60% do total de

fitosterol presente no inicio. A estabilidade do fitosterol em óleos vegetais também foi

estudada com aquecimento a 200 °C, e a diminuição foi de 50-60% (CARRENO, et

al., 2008).

5.3. ANÁLISE SENSORIAL

No total de 73 provadores de maionese, na faixa etária entre 18-22 anos, 40

pessoas eram do sexo feminino. De acordo com os resultados, 56% dos provadores

comprariam o produto, sendo que 47% consomem ocasionalmente maionese.

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Graficamente, pode-se observar pela Figura 15 a distribuição dos resultados

dentre todos os provadores.

Figura 15. Distribuição dos resultados na escala hedônica

Observa-se que o produto teve em sua maioria uma boa aceitação. A média

global de aceitação foi de 8 na escala hedônica, correspondente ao “Gostei Muito”.

Esse é um ótimo resultado, por se tratar de produto com certa restrição de consumo,

por ser produzido à base de óleo, que pode conter gorduras saturadas, conhecidas

por serem maléficas ao organismo.

Muitos provadores manifestaram-se sobre a textura do produto, sugerindo

que deveria ser mais próxima à das maioneses disponíveis no mercado. Para que

essa manifestação possa ser atendida, seria necessário aumentar a viscosidade do

produto, o que poderia ser feito por meio do aumento de hidrocolóides na

formulação.

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%

Distribuição resultados aceitação provadores

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5.4. ANÁLISE DE CUSTO

A Tabela 15 apresenta uma estimativa de custo (R$/kg) para a maionese

estudada nesse trabalho (T3):

Tabela 15: Estimativa de custo do produto

CUSTO FORMULAÇÃO

% Custo (R$/kg) Custo T3

Óleo de soja 10,00% 3,00 0,30 Gema de ovo 1,20% 20,00 0,24 Água 46,65% 0,00 0,00 Vinagre a 5% 4,00% 2.36 0,09 Açúcar 1,00% 2.43 0,02 Sorbato de potássio 0,10% 9,15 0,01 Sal 1,70% 1.49 0,03 EDTA 0,01% 22,48 0,02 Cebola em pó 0,01% 5,50 0,01 Goma Guar 0,10% 6,58 0,01 Ácido citrico 0,03% 3,49 0,00 Alho em pó 0,01% 4,50 0,00 Instant Clear Gel 6,50% 7,60 0,49 Vegapure 95FF 11,50% 69,75 8,02 Iogurte 10,00% 7,00 0,70 Leite Desnatado 5,00% 2,46 0,12 Lactobacillus acidophillus 1,00% 567,9975 5,67 BifidoBibacterium 1,00% 350,556 3,51 Goma Xantana 0,10% 9,46 0,09 CMC 0,10% 15,50 0,02 TOTAL 19,36

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6. CONCLUSÕES

O produto obtido com Lactobacillus e Bifidobacterium, sem inulina,

diferentemente de maioneses comerciais, exige refrigeração durante o

armazenamento para sobrevivência dos microrganismos.

A cultura de Bifidobacterium sobrevive mais facilmente no produto analisado

quando comparada com a de Lactobacillus acidophilus.

Após 36 dias de armazenamento, sob refrigeração, a maionese pode ser

rotulada como probiótica e com fitosteróis, atendendo as exigências legais.

Nas condições estudadas, o produto formulado com inulina não apresentou

vantagem e, por isso, sob o ponto de vista comercial, a maionese feita sem inulina é

mais vantajosa.

A tabela nutricional do produto confirma que se trata de maionese que

contribui com menor quantidade de calorias quando comparada com maionese

tradicional, enfatizando ainda mais a questão da saudabilidade do produto.

O produto apresentou um aumento de viscosidade ao longo do tempo de

armazenamento, o que é esperado para maioneses.

A quantidade de fitosterol não sofreu alteração durante a vida-de-prateleira

do produto.

Sensorialmente o produto apresentou uma aceitação boa, porém

considerações sobre a textura indicam que o produto agradaria mais se fosse mais

viscoso.

Uma estimativa de custo para essa maionese está em torno de R$20,00/kg.

Trata-se de custo mais alto do que de produtos tradicionais comercialmente

disponíveis por se tratar de produto probiótico e com fitosterol. Por ser diferenciado,

é possível que o custo mais alto possa ser justificado pelo apelo de saudabilidade.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

FICHA SENSORIAL

Análise Sensorial de Maionese

Sexo: � Feminino Idade: ____ anos

� Masculino Você está recebendo uma amostra de maionese. Por favor, prove-a e assinale na escala abaixo a sua opinião sobre o produto. � Gostei extremamente

� Gostei muito

� Gostei regularmente

� Gostei ligeiramente

� Nem gostei, nem desgostei

� Desgostei ligeiramente

� Desgostei regularmente

� Desgostei muito

� Desgostei extremamente

O que você mais gostou na maionese?

___________________________________________________________

___________________________________________________________

O que você menos gostou na maionese?

___________________________________________________________

___________________________________________________________

Com que frequência você consome maionese?

� Diariamente � Pelo menos uma vez por semana � Ocasionalmente � Raramente � Nunca

Você compraria esse produto?

� Sim � Não � Talvez Comentários:________________________________________________

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ANEXO 2

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA – VEGAPURE 95FF

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ANEXO 3 Especificação Técnica BB-12

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ANEXO 4 Especificação Técnica La-14 150B

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ANEXO 5 Especificação técnica Gema de Ovo

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