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Castro Verde e a 1ª República Pacificamente a República foi instaurada em Castro Verde. Desde 1908 que os republicanos estavam à frente dos destinos do concelho, fruto da organização do Partido Republicano e dos conhecimentos e contactos de alguns castrenses. O programa “Castro Verde 2010” está a promover um conjunto de iniciativas e motivou a edição de publicações que nos dão a conhecer Castro Verde na 1ª República. P 10,11 OCampaniço Nº 85 agosto•setembro•outubro 2010 BOLETIM INFORMATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE Distribuição gratuita eDucação Novo ano lectivo em funcionamento O novo ano lectivo registou um ligeiro aumento de matrículas. Apesar das difi- culdades o regresso às aulas fez-se com normalidade. P 5 obras Investimentos em curso As obras e os concursos públicos a decorrer actualmente representam um investimen- to de 7,2 milhões de euros e pretendem melhorar a qualidade de vida no concelho. P 7 reportagem Emigrantes do concelho Partiram em busca de uma vida melhor. Hoje são emigrantes divididos entre duas realidades. A terra que os viu nascer e aquela que os acolheu para trabalhar. P 8,9 ambiente Compostagem Comunitária Castro Verde é das primeiras localidades a apostar na compostagem comunitária. É mais uma acção do projecto OrgânicaVerde e um passo importante na reutilização de resíduos orgânicos. P 20 + ambiente verde linha 800 208 626 Informac ¸a ˜o sobre ambiente e recolha de residuos Caˆmara Municipal de Castro Verde inauguração do edifício dos paços do concelho - 1913 Suplemento Sessão Solene da Assembleia Municipal comemorativa dos 500 anos da Doação dos Forais de Castro Verde e Casével.

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Castro Verde e a 1ª RepúblicaPacificamente a República foi instaurada em Castro Verde. Desde 1908 que os republicanos estavamà frente dos destinos do concelho, fruto da organização do Partido Republicano e dos conhecimentos e contactos de alguns castrenses. O programa “Castro Verde 2010” está a promover um conjunto de iniciativas e motivou a edição de publicações que nos dão a conhecer Castro Verde na 1ª República. p 10,11

OCampaniçoNº 85 agosto•setembro•outubro 2010 Boletim iNformativo da Câmara muNiCipal de Castro verde

Distribuição gratuita

eDucação

Novo ano lectivo em funcionamentoO novo ano lectivo registou um ligeiro aumento de matrículas. Apesar das difi-culdades o regresso às aulas fez-se com normalidade.

p 5

obras

investimentos emcurso As obras e os concursos públicos a decorrer actualmente representam um investimen-to de 7,2 milhões de euros e pretendem melhorar a qualidade de vida no concelho.

p 7

reportagem

emigrantes doconcelho Partiram em busca de uma vida melhor. Hoje são emigrantes divididos entre duas realidades. A terra que os viu nascer e aquela que os acolheu para trabalhar.

p 8,9

ambiente

CompostagemComunitária Castro Verde é das primeiras localidades a apostar na compostagem comunitária. É mais uma acção do projecto OrgânicaVerde e um passo importante na reutilização de resíduos orgânicos. p 20

+ambiente verdelinha

800 208 626Informacao sobre ambiente e recolha de residuos

Camara Municipal de Castro Verde

inauguração do edifício dos paços do concelho - 1913

Suplemento Sessão Solene da Assembleia Municipal comemorativa dos 500 anos da Doação dos Forais de Castro Verde e Casével.

Diálogo Intercultural em CastroVerdeEntre 7 e 11 de Setembro o Parque de Campismo de Castro Verde foi o local escolhido para a realização de um intercâmbio que acolheu 23 jovens de 13 nacionalidades diferentes, promovendo o diálogo intercultural

A iniciativa levada a cabo pela Associa-ção “Máquina do Mundo” (AMM) surge no âmbito do projecto “Partnership Building Activity” (PDA), do Programa Juventude em Acção da Comissão Europeia.

O projecto, trazido a Castro Verde, pro-curou proporcionar o diálogo intercultural e sensibilizar a juventude europeia e dos países não-europeus para o desenvolvi-mento da cidadania activa e do futuro dos seus próprios países. A discussão de temas importantes entre jovens, que permita desenvolver competências no sentido da reflexão sobre o seu desenvolvimento pes-soal e sobre temas directamente ligados ao Ano Europeu da Luta contra a Pobreza e Exclusão Social, foram o ponto fulcral deste encontro que coincidiu com a Planície Mediterrânica - Festival Sete Sóis Sete Luas.

A escolha do local assentou no facto do interior, além de esquecido e desertifica-do, não encerrar a diversidade cultural existente na grande Lisboa. É importante chegar perto de populações mais pequenas onde o preconceito ainda ocupa o seu lugar, bem como desmistificar algumas temáticas, pois existe ainda uma grande

dicotomia entre o interior do país e a grande cidade.

Fundada em Novembro de 2009, a Associação “Máquina do Mundo” é uma entidade sem fins lucrativos, que assenta em três áreas de actuação: a área local, em que os projectos são direccionados para as populações dos bairros sociais e

problemáticos nos arredores de Lisboa; a área europeia que abrange projectos de inclusão social, de diálogo e de partilha de boas práticas e a criação de projectos em rede com países europeus que tenham problemas de emigração, por exemplo; e na área internacional através de parcerias com África.•

Liga Portuguesa Contra o Cancropromove “Linha Cancro”

Da necessidade sentida pela Liga Por-tuguesa Contra o Cancro em criar uma Linha de Apoio a doentes oncológicos e seus familiares surgiu em 2008, o ser-viço “Linha Cancro”. Embora ainda não se encontre suficientemente divulgado junto da população, este serviço tem como objectivos gerais a promoção da educação para a saúde, a prevenção pri-mária e secundária da doença e presta apoio emocional especializado aos doen-tes oncológicos e seus familiares. Sendo uma referência nacional em termos de informação na área da oncologia, a “Linha

Cancro”, à qual pode aceder através do 808 255 255, destina-se a informar, sen-sibilizar, tranquilizar, esclarecer, educar, motivar, aconselhar e encaminhar tanto doentes oncológicos que careçam de apoio médico, como familiares que necessitem de alguma orientação relativamente à doença, público em geral e profissionais de saúde.

A linha funciona entre as 09h00 e as 22h00, de segunda a sexta-feira, sendo a equipa de atendimento composta por duas psicólogas e duas enfermeiras es-pecializadas na área de oncologia.

A Câmara Municipal de Castro Verde associa-se à Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo do Sul e promover, no próximo dia 7 de Novembro, a iniciativa “Vamos caminhar contra o cancro!”, na qual está prevista uma caminhada, que tem como objectivo angariar fundos para esta entidade.

A iniciativa, que conta ainda com a colaboração do Centro de Saúde de Castro Verde, começa no Parque Infantil, em Castro Verde, pelas 09h30. Todos os interessados em participar deverão comparecer no local e contribuir com 1 euro.•

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No programa que apresentámos a sufrágio, há exactamente um ano, a preocupação maior para os quatro anos de gestão passa pela criação de todas as condições neces-

sárias para o desenvolvimento e consolidação do crescimento económico do nosso concelho, pelo proporcionar duma qualidade de vida urbanística, social e cultural que nos permita viver melhor em Castro Verde, para além de preparar os caminhos necessários que nos permitam encarar o futuro com mais coragem. E dizemo-lo com mais cora-gem porque este último ano tem sido marcado por extraordinárias peripécias e manigâncias legis-lativas por parte do Poder Central que garrotam os municípios, legislação vestida com uma crise económica e financeira que nos traz apreensivos quanto ao futuro. E traz-nos apreensivos, porque o estado actual do país é fruto de um modelo de governação que não tem melhorado as condições de vida dos mais desfavorecidos e, acima de tudo, tem despejado incompetência, insensibilidade e incoerência governativa que, associadas ao des-pudor da mentira política, nos deixa perplexos quanto ao dia de amanhã.

Depois do famigerado PEC, que vinha resolver tudo e que afinal não foi suficiente para resolver coisa nenhuma, o Orçamento de Estado para 2011, funcionará como um verdadeiro descalabro para a economia nacional e a vida dos portugueses. Corte no investimento público, salários congelados aos funcionários da administração pública, retirar generalizado de apoios à actividade económica, cortes nas prestações sociais. Medidas estas que, directamente e indirectamente, afectarão as municípios. Mas as acções do Governo não se restringem apenas ao corte nas suas receitas directas. A sua política incide, igualmente, nos apoios aos investimentos, no estrangulamento do funcionamento dos municípios através da proibi-ção da contratação de pessoal, na limitação à sua actividade através do aumento de competências sem a respectiva compensação financeira. E esta política vai repercutir-se nas disponibilidades fi-nanceiras que os municípios dificilmente vão ter na continuação do apoio à Educação, nos apoios sociais aos mais carenciados; na redução drás-tica ao investimento; na obrigatoriedade de taxar serviços até aqui gratuitos, fruto das novas regras legislativas que a isso obrigam.

No entanto, a mensagem que o Governo e o poder central fazem passar é a de que todos gastam muito e que é necessário cortar, e que se devem aproveitar os fundos estruturais para majorar os investimentos e projectos a desenvolver. Mas o que o Governo não diz, é que a profunda carga burocrática afoga, completamente, os processos de candidatura, atrasando-os num eterno com-boio de perguntas, respostas e esclarecimentos. É que a assinatura dos contratos-programa se encontra atrasada, pendente, suspensa, por este ou aquele pormenor, não permitindo aos muni-cípios desenvolver os seus projectos no tempo e no espaço que desejariam.

À falta de competência apenas podemos res-ponder com os meios que temos. E esses são o de procurar contrariar esta inércia com trabalho. E é isso que estamos a fazer.

EDITORIAL Francisco Duarte

Grupo de trabalho

pubLicação Propriedade da Câmara Municipal de Castro Verde Director Francisco Duarte coorDenação Paulo Nascimento reDacção Carlos Júlio, Alexandra Contreiras, Miguel Rego, Teresa Nogueira Design GRáfICO Pedro Pinheiro APOIO fOTOGRáfICO Serviços Sócio-Culturais, Vitória Nobre reDacção e aDministração Câmara Municipal de Castro Verde - Praça do Município, 7780 Castro Verde. 286 320700 Depósito LegaL 287879109 tiragem 4200 exemplares impressão Gráfica Comercial Loulé // [email protected] * [email protected] * www.cm-castroverde.pt

O Campaniço

Caminhar por um coração mais saudávelSob o lema “Eu Trabalho com o Coração”,

Castro Verde assinalou, no passado dia 26 de Setembro, o Dia Mundial do Coração.

A Câmara Municipal de Castro Verde associou-se à Fundação Portuguesa de Cardiologia e organizou uma Caminhada e Passeio de Bicicleta, com percursos de

6Km e outro de 9,5Km, que contaram com a participação de cerca de 80 pessoas, de diferentes faixas etárias.

Paralelamente, decorreu na Praça da Re-pública, antes do início da Caminhada, um rastreio que teve como finalidade medir a tensão arterial, o IMC (Índice de Massa Cor-

poral) e os níveis de monóxido de carbono, que contou com a colaboração do Centro de Saúde de Castro Verde.

A actividade teve como finalidade reforçar a importância da prática desportiva em prol de um estilo de vida mais activo para um coração melhor e uma vida mais saudável.•

atL’s De Verão

Tempo de lazer para os mais pequenosActividades de lazer, ar livre e boa disposição são os ingredientes necessários para fazer dos ATL’s de Verão um sucesso. Na edição de 2010, a diversão foi garantida e o balanço bastante positivo

Setembro chegou e com ele o final do Verão, o regresso às aulas e o fim dos ATL’s destinados a entreter a pe-quenada durante os tempos mortos das férias grandes. À semelhança de anos anteriores, a edição 2010 decor-reu da melhor forma, promovendo o convívio e a ocupação dos tempos livres dos mais novos de uma forma animada e descontraída. Cerca de 170 crianças, na faixa etária dos 6 aos 12 anos, dividiram-se entre mergulhos refrescantes e brincadeiras na piscina, ateliers de culinária, passeios de BTT, ateliers de artes plásticas, tardes de cinema e teatro, ateliers de tecelagem e, o ponto alto do projecto – o tão ansiado acampamento. Esta edição contou, ainda, com uma visita ao Badoca Safari Park.

Os participantes foram acolhidos em dois turnos. O primeiro, a decorrer durante o mês de Julho contou com cerca de 90 crianças e, o segundo, que teve lugar durante o mês de Agosto

contabilizou 80 participantes. “A edição 2010 correu, em termos de

organização, sem falhas e sem contra--tempos. Fizemos todas as actividades que tínhamos programado, na data certa”, refere Maria João Dores, uma das coordenadoras do projecto. Os pais estão cada vez mais confiantes em deixar os filhos nos programas de ocupação de tempos livres. Alice Silva, psicóloga educacional e uma das monitoras que acompanhou as crianças durante os ATL’s, partilha da mesma opinião e refere que “o balanço deste ano é bastante positivo, reforçando a relevância dos mesmos, sobretudo, no que concerne ao ca-rácter educativo e pedagógico que os caracteriza”.

As actividades desenvolvidas, de um modo geral, foram do agrado das crianças que participaram activamen-te nesta edição de 2010. Segundo a monitora, o atelier de cozinha, onde aprenderam a fazer pizza que levaram

para casa para colocar no forno com a ajuda dos pais, foi das actividades mais esperadas. O acampamento é sempre o ponto alto do programa.

O Parque de Campismo de Castro Verde foi o local escolhido para o acontecimento que atribuíu à pe-quenada uma certa independência,

aquela liberdade de dormir fora de casa, nem que seja por uma noite e ficar na conversa e na risota até tarde depois da hora de recolher.

“Superou as minhas expectativas!” É esta a exclamação feita por Ana Matos, animadora sociocultural e outra das monitoras do projecto, relativamente ao funcionamento dos ATL’s de Verão. “Os miúdos eram bastante educados, deixavam-se envolver pelas activida-des, principalmente pelas actividades feitas na piscina e ao ar livre”, recorda. Segundo Ana, a tecelagem foi para os miúdos mais velhos, uma das activi-dades mais gratificantes.

A festa de encerramento decor-reu no passado dia 23 de Agosto, no espaço das Piscinas Municipais e contou com um variado leque de actividades desportivas, desfile de toalha de praia, concurso de dança e karaoke e, gelados para todos os que fizeram questão de terminar o Verão em beleza.•

rir em moVimento

um espaço de encontro e bem-estarA contar com a sua quarta edição, o programa RIR em Movimento – “Recrear, Integrar, Reabilitar” – cumpriu mais uma vez o objectivo proposto. Durante os meses de Verão a população com mais de 55 anos, pôde ocupar os seus tempos livres de forma dinâmica e divertida, participando em diversas actividades desportivas, de lazer e convívio, que promoveram o bem-estar destes cidadãos

O programa RIR em Movimento (“Recrear, Integrar, Reabilitar”), a cargo do município de Castro Verde, procura não só ajudar no aumento da capacidade motora da população acima dos 55 anos, mas também, proporcionar situações de convívio e bem-estar psíquico aos indivíduos que nele participam.

Em 2010, o RIR, que vai já na sua quarta edição, contabiliza um número bastante alargado de participantes. “Pela primeira vez houve pessoas em lista de espera”, refere Maria João Dores, coordenadora do projecto. “Este é um sinal bastante positivo. Significa que a população sénior em geral começa a compreender que não estão velhos, que têm ainda muito para viver e, que o RIR existe para os ajudar a ultrapassar determina-das barreiras físicas e psicológicas”, realça a técnica.

Nota-se, igualmente, diferença no número de homens a frequentar o pro-grama ocupacional de tempos livres. O sexo masculino começa a aderir a esta iniciativa que, primeiramente, pensavam ser «mais» direccionada às senhoras. O plano de actividades é minuciosamente preparado. Nada pode falhar. Normalmente as acções decorrem três dias por semana. Os participantes não são obrigados

a ir a todas as actividades, no en-tanto nota-se uma maior vontade em não faltar. “Muitas vezes digo às senhoras que vêm participar no RIR que o almoço e o jantar para os maridos não é desculpa. Têm o plano semanal mesmo para poderem orientar as suas tarefas domésticas de acordo com as iniciativas”, con-ta Maria João. Exemplo disso foi o Serão Literário protagonizado por Serafim e que contou com a ajuda dos participantes do programa RIR na concepção do jantar.

De todas as iniciativas pensadas, aquela que originou uma maior expectativa e satisfação no seio do grupo foi a Hipoterapia. Além da no-vidade, muitas das pessoas presentes puderam reviver tempos que já lá vão, de trabalho no campo, com os animais. Para outros, foi a vitória de conseguir subir para cima do cavalo, algo que, inicialmente, pensavam ser impossível. Os participantes com dificuldades motoras não foram es-quecidos e tiveram oportunidade de andar de charrette. Paralelamente à

Hipoterapia, a visita à Unidade de Compostagem foi uma mais-valia pela aprendizagem. “É muito difícil conseguir cativar a atenção destas pessoas por um tempo prolongado”, refere. “E neste caso, eles estavam encantados. Muitas destas pessoas não faziam ideia de que podem apro-veitar os seus resíduos orgânicos e transformá-los em adubo para os seus jardins e hortas”, conta Maria João.

Mas nada disto seria possível sem a ajuda de pessoal voluntário que se disponibiliza inteiramente a colmatar a solidão que muitas destas pessoas experimentam no seu dia-a-dia. É o caso de Manuel Branco. A fazer voluntariado desde Dezembro de 2009 na EB 2,3 de Castro Verde, o jovem propôs-se a acompanhar estas pessoas auxiliando-as em pequenas tarefas como subir para o autocarro, passar a estrada, entrar para dentro da piscina mas, acima de tudo, na tarefa de ouvi-las, compreendê-las e dar-lhes o afecto de que estão priva-das, ou porque são sozinhas ou, pelo simples facto de que os familiares mais próximos vivem distantes e não en-contram disponibilidade de visitá-los com regularidade. “Uma das coisas mais gratificantes que há na vida é sentir que estamos a ser úteis, que estamos a ajudar alguém”, refere o

jovem. “São ligações muito estreitas que se criam durante o tempo que decorre o programa. É como se eu fosse o neto e eles os meus avós”, realça. “Acima de tudo estas pessoas precisam de atenção”.

Segundo Manuel, o primeiro gru-po tinha pessoas mais novas, com menos dificuldades com o qual não foi necessário o rigor e o cuidado de que precisou o segundo grupo, mais envelhecido.

Outra das valências do programa “Recrear, Integrar, Reabilitar” prende--se com a questão da integração. Desde 2009 que o programa trabalha com a Associação ART (Associação de Re-cuperação de Toxicodependentes). O objectivo é desmistificar a ideia que as pessoas idosas têm relativamente a jovens com problemas de toxicode-pendência. Assim, a festa de encer-ramento do programa, que decorreu no passado dia 31 de Agosto, juntou os jovens da ART e os participantes do RIR para um dia de partilha de vivências e experiências.

“O balanço foi bastante positivo e esta é uma ideia que se poderia desen-volver durante todo o ano, claro que com outro formato que teria que ser pensado e desenvolvido”, desabafa a coordenadora do programa com um sentimento de objectivo cumprido.•

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Visita à boleira

Sessão de Hipoterapia

uniVersiDaDe sénior castrense

Do projecto à realidadeA Universidade Sénior Castrense arranca em Novembro contando, desde já, com cerca de 60 alunos inscritos em diversas disciplinas. Esta iniciativa, que pretende ser uma mais-valia para o desenvolvimento e desempenho da população sénior do concelho, vai ser apresentada ao público no dia 30 de Outubro.

A Universidade Sénior Castren-se, um projecto que tem vindo a ser pensado e desenvolvido há já algum tempo, vai finalmente tornar--se realidade. A Associação Sénior Castrense, entidade promotora do projecto conta, já neste momento, com mais de 150 sócios, dos quais cerca de 60 esperam ansiosamente pelo início das aulas. A Associação pretende não só proporcionar à po-pulação com mais de 50 anos uma aprendizagem pedagógica, mas organizar, também, actividades complementares de carácter cul-tural, recreativo, desportivo e de

convívio, das quais podem resultar outras valências como um grupo de voluntariado, um coral e um grupo de teatro. De entre as matérias a leccionar encontram-se Português, Inglês, Informática, Matemática, Música, Ambiente, Biologia, Direito, Saúde, Artes Plásticas, Dança, entre outras. As expectativas dos futuros alunos assentam, principalmente, na Informática e, na criação de um grupo de teatro. A primeira, porque é uma caixinha de surpresas pronta a ser explorada por estas pessoas que acompanharam o evoluir dos tempos à distância. O grupo de teatro porque lhes permite dar asas a uma imaginação há muito escondida.

As aulas serão leccionadas em regime de voluntariado sendo, já, vinte os docentes disponíveis para

o trabalho. Após um período de espera e pro-

cura, a Universidade Sénior terá, finalmente, a sua própria sede. A

SOMINCOR – Sociedade Mineira de Neves-Corvo, S.A. – cedeu um edifi-cio à Associação Sénior Castrense, situado na Avenida Zeca Afonso, n.º 14, em Castro Verde, que começará a ser utilizado já a partir do próximo mês de Novembro. Ainda assim, a futura sede não compreende espa-ço suficiente ao funcionamento de todas as aulas, pelo que se pretende que a Junta de Freguesia de Castro Verde, assim como a Escola EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço cedam algumas das suas salas, como é o caso da sala de informática cedida pelo estabelecimento de ensino acima mencionado.

Paralelamente a esta situação fo-ram realizados acordos entre a As-sociação Sénior Castrense, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de

Castro Verde que se disponibilizaram a conceder algumas verbas desti-nadas ao arranque deste projecto, que será apresentado no próximo dia 30 de Outubro, pelas 15h30, no Cineteatro Municipal de Castro Ver-de, local onde irá ser apresentada a peça de teatro “Auto do Ti Jaquim”, trazida a palco pelo Grupo de Teatro da Universidade Sénior de Loulé. Para este dia está ainda prevista a apresentação do coro da associação e uma visita às futuras instalações de Universidade.

Todos os interessados em obter informações, ou efectuar inscrição na Universidade Sénior devem con-tactar a Associação Sénior Castren-se na Junta de Freguesia de Castro Verde (telefone 286 327 277), onde funcionará até à abertura da sede.•

crba – secção De castro VerDe

novo ano lectivo no ensino artísticoAs Escolas do Ensino Artístico,

nas quais se insere o Conservatório Regional do Baixo Alentejo, tiveram o início do ano lectivo 2010/2011 marcado por um cenário de incer-tezas que viria a revelar a notícia: cortes nos apoios anunciados ante-riormente para o ensino articulado, ou seja, foi fechada a porta para o financiamento de novas turmas de alunos que articulam o ensino da música com o ensino oficial. Po-rém, mesmo perante este cenário, o Conservatório Regional do Baixo Alentejo decidiu manter as turmas entretanto criadas nas diferentes secções.

A secção de Castro Verde do CRBA, retomou a sua actividade no pas-sado dia 16 de Setembro depois de um período de férias. Para este ano

lectivo, a instituição de ensino conta com 124 alunos inscritos, um número em muito semelhante ao registado no ano lectivo transacto.

Os alunos que frequentam a Sec-ção de Castro Verde do CRBA têm à disposição, este ano, quatro cursos: dois direccionados para os mais pe-quenos, como é o caso do Curso de Música Pré-Escolar, composto pela disciplina de Iniciação Musical, que se destina a crianças com idades entre os 3 e os 5 anos que ainda não frequentam o 1º Ciclo do Ensino Básico, e o Curso de Música Iniciação Musical, composto pelas disciplinas de Iniciação Musical, Coro Infantil e Instrumento, direccionado a crianças dos 6 aos 9 anos de idade.

Para os mais crescidos, com ida-des superiores a 10 anos, o CRBA

disponibiliza o Curso Básico de Mú-sica Regime Articulado/Supletivo,

composto pelas disciplinas de For-mação Musical, Classe Conjunto e

Instrumento e o Curso Secundário Supletivo de Música, composto pelas disciplinas de Formação Musical, Classe Conjunto, Instrumento, His-tória da Música, Análise e Técnicas de Composição e outras disciplinas facultativas.

Para além dos cursos disponíveis, os alunos podem optar ainda por um instrumento, estando à disposição aulas de piano, viola dedilhada, flauta transversal, trombone, tuba, clari-nete, saxofone, trompete e trompa.

A Câmara Municipal de Castro Verde continua a apoiar os alunos através de uma política de apoio ao Conservatório, que permite es-timular a dinamização do ensino artístico, enquanto mais-valia da formação do indivíduo e da dinâmica comunitária.•

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escola Virtual continua disponível no 1.º ciclo À semelhança do que aconteceu

no ano lectivo de 2009/2010, as tur-mas do 1.º ciclo do ensino básico do concelho de Castro Verde continuam a usufruir da plataforma Escola Vir-tual. Depois da avaliação positiva feita pelo Agrupamento de Escolas, que considera esta ferramenta de ensino um recurso interactivo e motivador de aprendizagem para as crianças, a Câmara Municipal de Castro Verde renovou o contrato que detinha com a Porto Editora.

A Escola Virtual integra e disponibili-za, além de todas as funcionalidades avançadas de gestão do processo educativo, - com os programas cur-riculares do 1.º ciclo, desde a Língua Portuguesa, a Matemática, o Estudo do Meio e, este ano, também o Inglês das Actividades de Enriquecimento Curricular – conteúdos multimédia de última geração como animações, vídeos, interactividades, exercícios de feedback, entre outros. A pla-taforma tem acesso disponível,

não só para alunos mas, também, para professores, o que permite a sua utilização a partir de qualquer computador com ligação à internet. Deste modo, o serviço está disponí-vel em qualquer lugar e a qualquer momento. Os professores podem preparar as aulas do dia seguinte, bem como verificar trabalhos dos alunos a partir de casa e os alunos podem, igualmente, continuar os trabalhos iniciados em contexto de sala de aula, rever a matéria e tirar

dúvidas com os professores. Aqui, os alunos podem, ainda, através de milhares de perguntas disponíveis e, criadas para o efeito, estudar para testes e exames. Os professores têm a vantagem de lhes ser possível editar fichas de trabalho. Os resultados de cada aluno podem ser consultados através da plataforma de e-learning que dispõe de um serviço de registo de resultados que permite aos alunos ter uma maior consciência da sua evolução ao longo do ano lectivo.

Em última instância, a Escola Virtual permite à instituição de ensino uma melhor gestão do processo educativo, registando, regularmente, a progres-são de cada aluno, promovendo a comunicação entre docentes, dis-centes e encarregados de educação. Esta é uma forma diferente, divertida e interactiva de aprendizagem que permite aos professores rentabilizar as matérias escolares através de uma melhor administração do método educativo.•

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escoLas Do conceLho

Ano lectivo 2010/2011 em andamentoO novo ano lectivo registou um ligeiro aumento do número matrículas. A escola da Sete não abriu o 1º Ciclo do Ensino Básico por imposição do Ministério da Educação. Apesar das dificuldades, o regresso às aulas fez-se com normalidade em todos os ciclos de ensino.

8 De setembro

Dia nacional do DiplomaDecorreu no passado dia 8 de

Setembro, pelas 17h30, no espaço da Escola Secundária de Castro Verde, a entrega de diplomas a todos os alunos que concluíram, no transacto ano lectivo de 2009/2010, o ensino regular e profissional com sucesso; bem como uma bolsa de mérito às alunas com melhor aproveitamento escolar. As bolsas de mérito têm um valor de 500 euros cada e foram entregues à aluna Sofia Guerreiro Cruz, do ensino regular, e à aluna Ana Paula Inácio, do ensino pro-fissional.

A iniciativa vem dar cumprimento a um despacho normativo emiti-do pelo Ministério da Educação, que define o dia 8 de Setembro como o Dia Nacional do Diploma.

Em Castro Verde o acontecimen-to ficou marcado por uma Sessão Solene à qual presidiu o director da Escola Secundária, professor Augusto Candeias, e contou com a participação do presidente da Câmara Municipal de Castro Ver-de, Francisco Duarte. Estiveram, ainda, presentes na cerimónia ou-tras entidades que cooperam com a instituição no âmbito da formação em contexto de trabalho. Ao longo da sessão tiveram também lugar uma apresentação multimédia da Escola e do trabalho que desen-volveu no último ano lectivo, bem como alguns momentos musicais protagonizados pelos alunos, e um beberete de encerramento da ce-rimónia. •

Após o período das férias, as es-colas do concelho iniciaram o ano lectivo 2010/2011 a 10 de Setembro, dia de boas vindas aos que chegaram pela primeira vez a uma nova escola.

A Escola da Sete não abriu as portas ao 1º Ciclo do Ensino Bá-sico, por imposição do Ministério da Educação, na sequência da pu-blicação de resolução que aponta para o encerramento das escolas com menos de 21 alunos, apesar das posições contra das autarquias e do Conselho Municipal de Educação, processo que lhe demos conta nas últimas edições de “O Campaniço”. Actualmente, na escola da Sete fun-ciona apenas o ensino pré-primário, tendo os alunos da primária sido transferidos para o Centro Escolar de Santa Bárbara de Padrões. Apesar de ligeiramente abaixo dos 21 alunos em Casével e Entradas (20 alunos) e de um número mais reduzido em S. Marcos da Atabueira, as escolas das sedes de freguesia mantêm-se em funcionamento, respeitando assim a Carta Educativa do concelho.

Este ano lectivo regista no concelho um ligeiro aumento no número de matrículas se tivermos em conside-ração o número total de alunos da escola pública a frequentar os ciclos do pré-primário ao ensino secundá-rio. Assim, há a registar um total de 1082 alunos matriculados, mais 39 que no ano transacto.

Neste ano lectivo, 150 crianças frequentam os jardins-de-infância do concelho, repartidos por 10 salas. No 1º Ciclo do Ensino Básico há 300 alunos matriculados nas escolas das sedes de freguesia, pelo que 220 frequentam o Centro Escolar de Castro Verde.

O 2º Ciclo do Ensino Básico (5º e 6º ano) tem 159 alunos e funciona na Escola EB 2, 3 Dr. António Francisco

Colaço. O 3º Ciclo do Ensino Básico (7º, 8º e 9º ano), que se divide entre a EB 2, 3 e a Escola Secundária regista a frequência de 266 alunos.

O Ensino Secundário, nas áreas de Ciências e Tecnologias e Línguas e Humanidades, tem 94 alunos inscritos. Na Escola Secundária funciona ainda o Ensino Profissional, que regista 64 alunos, divididos entre os cursos de Técni-co de Gestão de Ambiente, Técnico de Multimédia e Técnico de Turismo. A Edu-cação e Formação de Adultos (Curso EFA) marca presença neste estabelecimento de ensino, com duas turmas de 24 alunos cada.

O Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF), uma experiência com resul-tados positivos nos anos lectivos anteriores, e que continua também a ser uma aposta nos estabelecimentos de ensino do concelho, funciona em articulação com o Instituto da Segurança Social permitindo a inclusão de crianças e jovens em risco.

No ensino particular, o Lar Jacinto Faleiro continua a dar resposta nas áreas de creche e jardim-de-infância, pelo que, neste ano lectivo, tem 62 crianças na creche e 41 a frequentar as salas de pré-primário.

Actividades de Enriquecimento Curricular

Tendo em consideração que as Actividades de Enriquecimento Cur-ricular no 1º ciclo do Ensino Básico representam um factor de extrema importância para o desenvolvimento

das crianças e seu posterior suces-so escolar, a Câmara Municipal de Castro Verde, entidade promoto-ra das actividades, em conjunto com o Agrupamento de Escolas de Castro Verde, definiu o Regimento que se aplica ao funcionamento das AEC’s, neste Agrupamento de Escolas, e que pode ser consulta-do no site da autarquia (www.cm--castroverde.pt – Menu Educação). As AEC’s encerram um conjunto de actividades, pedagogicamente ricas e complementares de apren-dizagens associadas à aquisição de competências básicas, que passam por domínios como a actividade física, educação musical, expres-sões plásticas e dramáticas. Estas, à semelhança de anos anteriores, funcionam durante o ano lectivo,

em horário compreendido entre as 15h30 e as 17h30, divididas em blocos de 45 ou 90 minutos, consoante o número de vezes que os alu-nos têm determinada ma-téria. Aqui, os alunos serão avaliados pela motivação e desempenho nas activida-des propostas pelo docente da disciplina, e bem como pela assiduidade e partilha de experiências, tal como normalmente acontece em contexto de sala de aula.

Neste ano lectivo pre-tende-se aprofundar a ex-periência realizada o ano passado, que passa pela ligação das actividades às dinâmicas comunitárias de Castro Verde, com destaque para as actividades cultu-rais e patrimoniais, onde a dinamização do Cante Alen-tejano continua a ser uma das apostas importantes,

reforçada presentemente pelo en-tusiasmo que criou nos diferentes actores da comunidade escolar e pelos resultados obtidos.

Financiamento Insuficiente

O regresso às aulas fez-se com normalidade graças ao enorme es-forço efectuado pelas direcções do Agrupamento de Escolas e da Escola Secundária, e autarquia, perante um cenário de falta de recursos huma-nos, tarefa dificultada pelas novas medidas em vigor na contratação pública.

No ensino pré-primário e 1º Ciclo do Ensino Básico, a autarquia continua a assumir responsabilidades, apesar dos financiamentos manifestamente insuficientes por parte do Ministério

da Educação para fazer face às despe-sas reais. No último ano lectivo, num total de despesa superior a 675 000 Euros (não incluindo investimentos em beneficiação de instalações), a autarquia recebeu de financiamento, até à presente data, 208 000 Euros, o que, perante as competências que se pretende que o município assuma e, de acordo com a situação actual, se revela um cenário complicado, po-dendo colocar em causa, num futu-ro próximo, algumas das respostas necessárias.

No início deste ano lectivo a au-tarquia garantiu a existência de 38 funcionários, Auxiliares de Acção Educativa e outros operacionais, para dar resposta ao 1º CEB e Jardins-de--Infância do concelho. A funcionar está também uma rede de transpor-tes escolares concelhia, garantindo a deslocação das crianças entre a sua residência e os estabelecimentos de ensino, onde se inclui o transporte urbano na vila de Castro Verde.

A Câmara Municipal continua a assegurar o fornecimento de refeições aos alunos, tarefa coordenada por uma técnica do Gabinete de Educação com formação na área da nutrição. A manutenção do parque escolar, a aquisição de equipamentos e materiais pedagógicos, a promoção das Activi-dades de Enriquecimento Curricular e o Apoio à Família, a atribuição de apoios sociais (alojamento, aquisição de material escolar e bolsas de estu-do, etc.) são outras áreas assumidas pela Câmara e Juntas de Freguesia do concelho, apesar da não subscrição de protocolos de delegação de compe-tências em algumas áreas sem que as regras dos mesmos estejam suficien-temente claras, um longo processo de discussão entre a administração central e as autarquias locais que ainda não se encontra clarificado. •

escolas de castro Verdeassinalaram Dia mundial da alimentação

Os alunos das Escolas do concelho de Castro Verde comemoraram, durante a semana de 11 a 15 de Outubro, o Dia Mundial da Alimentação que tem como data fixa, 16 de Outubro.

Neste âmbito, o Agrupamento de Escolas de Castro Verde, em parceria com a Câmara Municipal, delinearam um conjunto de iniciativas que teve como finalidade promover a adop-ção de uma alimentação mais equi-librada entre os alunos que, ao longo desta semana, puderam usufruir de pequenos-almoços saudáveis, fazer jogos com alimentos, construir a roda dos alimentos, etc, numa filosofia de educação para a alimentação.

Para além destas actividades, foi lançado um desafio às crianças: elabo-rar ementas saudáveis para posterior avaliação por uma técnica da área.

Da totalidade, foram seleccionadas as cinco melhores e a mais equilibra-da acabou por ser confeccionada na cantina da Escola EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço, em Castro Verde, no dia 15 de Outubro.

Ainda durante esta semana, os alunos que frequentam o 9º Ano visionaram, no âmbito da disciplina de Ciências Naturais, um filme sobre erros alimentares e promoveram um debate sobre a temática. •

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço autarquia 6

entrada dos aivados

Obras de reabilitação A entrada dos Aivados, nas imediações do lavadouro

sofreu, recentemente, obras de requalificação que envolve-ram o alargamento e respectiva iluminação da estrada de acesso à localidade. A obra contemplou também trabalhos de jardinagem e criação de um espaço de lazer, bem como a criação de um passeio pedonal de acesso ao parque.

A obra, orçada em 45 000 euros foi promovida pela Junta de Freguesia de Castro Verde, em colaboração com a Câmara Municipal, na sequência do Protocolo assinado entre as duas entidades.

assembleia municipal aprovouDerrama, imi e irs

A Assembleia Municipal de Cas-tro Verde, dando cumprimento aos termos legais, aprovou, em sessão ordinária do passado dia 29 de Se-tembro, a Derrama, o IMI e o IRS a aplicar pela Câmara de Castro Verde, no ano 2011.

A alteração mais relevante dá-se ao nível da Derrama que, no próximo ano, terá dois valores: 1% para as empresas com um volume de negócios abaixo dos 150 mil euros e 1,5% para as em-presas que superem esse valor. Esta

alteração não deixa de ter presente a necessidade de reforçar a capacidade financeira da autarquia perante o novo conjunto de investimentos e os cortes anunciados pelo Orçamento de Estado tem em atenção a realidade do tecido empresarial do concelho, constituído, maioritariamente, por micro e pequenas unidades, e as di-ficuldades que elas atravessam, em função da actual situação económica. As novas taxas da Derrama foram aprovadas por unanimidade dos

eleitos da Assembleia Municipal de Castro Verde. Em relação à fixação da taxa de participação no IRS em 2011, mantém-se o valor de 5%, já aplicado este ano. Uma medida que mereceu seis votos contra dos eleitos do PS. Já em relação às Taxas Municipais sobre Imóveis, não se registam quaisquer alterações de 2010 para 2011, com os prédios urbanos a serem taxados a 0,6% e os prédios urbanos novos a 0,3%, numa proposta aprovada também por unanimidade. •

meDiDas De austeriDaDe

Autarquia tomou posiçãoNa Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Castro Verde, do dia 13 de Outubro 2010, o Presidente da autarquia Francisco Duarte apresentou uma proposta de Tomada de Posição face às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, tendo a mesma sido aprovada por maioria, com a abstenção dos Vereadores do Partido Socialista.

“Face às medidas anunciadas pelo Governo para enquadramento do Orçamento de Estado de 2011 e ou-tras para reforço da consolidação orçamental de 2010 e das quais destacamos:•Congelamento das admissões e

redução do número de contratados; •Redução de salários e congelamen-

to de promoções e progressões na Função Pública;

•Redução das ajudas de custo, sub-sídios de transporte e horas extra-ordinárias;

•Redução das despesas com medi-camentos e meios complementares de diagnóstico no âmbito do SNS e redução dos encargos com a ADSE;

•Congelamento dos valores de todas as pensões de reforma;

•Aumento imediato em 1% da contri-buição dos trabalhadores para a CGA;

•Redução em 20% nas despesas com o Rendimento Social de Inserção;

•Eliminação do aumento extraordiná-rio de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminação dos 4º e 5º escalões desta prestação social;

•Aumento das taxas do IVA em mais 2%;

•Congelamento em 2010 e redução das despesas no âmbito do PIDAAC para 2011;

•Redução das transferências do Estado para o Ensino e outros sub-sectores da Administração, nomeadamente Autarquias e Regiões Autónomas, a Câmara Municipal de Castro Verde, reunida em reunião ordinária no dia 13 de Outubro de 2010, manifesta a sua profunda preocupação pelas con-sequências gravosas que daí poderão advir para o conjunto da população portuguesa, nomeadamente para os sectores mais desfavorecidos e carenciados e que irão afectar de forma inadmissível o normal fun-cionamento das autarquias locais.

Acompanhando as posições públi-cas assumidas pela ANMP, a Câmara Municipal de Castro Verde subscre-ve a posição da mesma onde que se refere “Os Municípios estarão, como sempre têm estado, ao lado das suas populações, solidários e activos na prossecução dos seus interesse e das suas legítimas preocupações.” e ainda “mais cortes nas receitas municipais não significarão o combate ao défice, como de resto a prática provou, mas tão somente a manutenção de uma política de entrave ao desenvolvi-mento das regiões, num momento crítico, em que, mais do que nunca, se deve privilegiar o investimento local, a educação das novas gerações e a criação de sinergias entre regiões para diminuição das assimetrias que urge esbater”.

O corte nas transferências do Orça-mento de Estado para as Autarquias, num contexto de incumprimento con-

tinuado da Lei das Finanças Locais e sem contar com outras medidas avulso que têm vindo a ser tomadas (SNS/ADSE/IVA e diminuição da receita própria por virtude da estagnação da economia) vão afectar em muito o cumprimento dos objectivos que definimos e a nossa capacidade de resposta aos problemas com que diariamente somos confrontados.Assim a Câmara Municipal de Castro Verde delibera ainda:•Solicitar à ANMP a convocação de

uma reunião do Conselho Geral com vista a analisar a situação decorrente das medidas anunciadas;

•Manifestar solidariedade para com os trabalhadores e a população em geral e apoiar as lutas que venham a ser prosseguidas em defesa dos seus direitos e no cumprimento da Constituição da República Por-tuguesa;

•Exigir que o Governo, nas áreas da

sua exclusiva competência (Educa-ção, Saúde, Economia, Emprego, etc.), assuma as suas efectivas responsabilidades;

•Assumir com empenhamento as competências das Autarquias Locais, que estão claramente inscritas na Lei, não assumindo e devolvendo ao Governo todas aquelas que não foram transferidas com os meios financeiros associados;

•Exigir a cabal aplicação da Lei de Finanças Locais e a transferência das verbas a que têm direito as Autarquias Locais para desta for-ma cumprirem os compromissos assumidos com as Populações e contribuir para o desenvolvimento económico e social dos seus ter-ritórios.”

Castro Verde, 13 de Outubro de 2010

O Presidente da Câmara Municipal

Francisco Duarte

monte do salto

Acesso melhoradoNo seguimento da acção de manutenção das vias

rodoviárias, a Câmara Municipal de Castro Verde pro-cedeu a uma intervenção na estrada municipal 550, que liga o Monte do Salto a São Marcos da Atabueira, orçada em 25 000 euros, e que contemplou a regula-rização do piso e a pintura das marcas de segurança.

EDITAL Nº. 28/2010CONCURSO PARA ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE ESTUDO PARA

CURSOS DO ENSINO SUPERIOR

Francisco José Caldeira Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde:Torna público que, decorre no período de 06 de Outubro a 03 de Dezembro o prazo para apresentação de candidaturas à atribuição de bolsas de estudo para cursos do ensino superior no ano lectivo de 2010/2011.Nos termos do Regulamento Municipal podem requerer a atribuição de bolsas de estudo os estudantes que satisfaçam as seguintes condições:

•Frequentem ou pretendam frequentar cursos do ensino superior que confiram os graus de licenciatura ou bacharelato;

•Não sejam titulares de licenciatura, bacharelato ou equivalente;•Residam no concelho há mais de dois anos;•Tenham tido aproveitamento escolar no último ano lectivo;•As candidaturas à atribuição de bolsas de estudos são requeridas mediante o preenchimento de boletim próprio fornecido pelo Gabinete de Educação e Apoio Social da Câmara Municipal de Castro Verde (sito no edifício dos Serviços Públicos).

•O boletim de candidatura deve ser acompanhado dos seguintes documentos:

- Fotocópia do Bilhete de Identidade e do Cartão de Eleitor (se maior de 18 anos);

- Declaração comprovativa de residência no concelho há mais de dois anos e da composição do agregado familiar, passada pela Junta de Freguesia da área da sua residência;

- Fotocópia da declaração de rendimentos para liquidação do Imposto sobre o Rendimento, referente a todos os membros do agregado familiar, bem como do último recibo dos respectivos vencimentos;

- Declaração dos bens patrimoniais do agregado familiar passada na Repartição de Finanças;

- Certificado demonstrativo do aproveitamento escolar relativo ao ano lectivo anterior;

- Certificado de matrícula;- Documento comprovativo da Candidatura a Bolsa de Estudo no Estabelecimento de Ensino que frequenta.

Para constar e devidos efeitos se publica o presente edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos do costume.

Paços do Município de Castro Verde, 04 de Outubro de 2010

O PresidenteFrancisco José Caldeira Duarte

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço obras 7

Obras em curso representam um investimento de3,5 milhões de eurosA Câmara Municipal de Castro Verde tem actualmente em curso obras no valor de 3,5 milhões de euros. Se somarmos a este valor os concursos públicos que estão a decorrer, o investimento ascende a 7,2 milhões de euros. Projectos para melhorar a qualidade de vida no concelho.

Apesar da situação de crise eco-nómica que o país atravessa, onde assistimos a uma quebra de receitas municipais impostas por via dos di-ferentes PECs, a Câmara Municipal de Castro Verde continua a trabalhar em prol das condições de vida das populações, tendo presente os pro-jectos inscritos no Plano Pulrianual de Investimentos, para o qual a cap-tação de financiamento dos fundos comunitários se revela fundamental, pelo que, paralelamente, têm sido apresentadas e negociadas no âm-bito das associações de municípios, candidaturas ao INAlentejo.

Presentemente, a autarquia tem em curso as seguintes empreita-das: construção do Centro Escolar nº2 de Castro Verde; construção de 16 fogos para habitação social em Castro Verde; obras de remodelação

de redes de iluminação integradas na candidatura de “Medidas de Eficiên-cia Energética nas infra-estruturas escolares do concelho”; pavimentação dos Caminhos Municipais 1132/1134 (acesso às Piçarras); a requalificação das instalações municipais cedidas à Delegação da Cruz Vermelha de Castro Verde e ao Clube Motard de Castro Verde, e a requalificação da Cafetaria “7ª Arte”. A autarquia con-tratou, ainda, em Março de 2010, a construção da estrada municipal 394 (troço entre Entradas e S. Marcos da Atabueira), cujas obras não foram iniciadas por falta do visto prévio do Tribunal de Contas. Este conjunto de obras representa um investimento na ordem dos 3,5 milhões de euros.

Em paralelo, estão a decorrer concursos públicos, prevendo-se a adjudicação das empreitadas ainda

durante o corrente ano ou princípios de 2011, para a remodelação da Fá-brica das Artes – Secção de Castro Verde do Conservatório Regional do Baixo Alentejo (recuperação do edifício da Antiga Fábrica Prazeres & Irmão) e a construção do Lar da 3ª Idade, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário de Sta. Bárbara de Padrões. Estes dois projectos repre-sentam um investimento superior a 3,7 milhões de euros.

Com vista a implementação poste-rior, foram encomendados e encon-tram-se em elaboração, os projectos do Centro de Iniciativas Empresariais de Castro Verde; de remodelação e requalificação do complexo das Pisci-nas Municipais (inclui a melhoria da respectiva eficiência energética) e a criação de um Skate Parque.

É importante referir, igualmente, o

trabalho que as Juntas de Freguesia desempenham no campo das obras. Uma acção potenciada pelos Protoco-los de Colaboração e de Delegação de Competências assinados com a Câmara Municipal, que permitiu, neste ano, efectuar ou terminar trabalhos em curso. Alguns exemplos disto são a requalificação do Centro de Convívio de Casével (no qual foi instalado o Pólo de Casével da Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca), a construção do Centro de Convívio em A-do-Neves, a ampliação do Cemitério de Santa Bárbara de Padrões, o acesso à Igreja e arranjo da área envolvente em Santa Bárbara de Padrões, a revalorização das instalações recreativas em Santa Bárbara de Padrões, o arranjo urbanís-tico da zona de entrada nos Aivados (incluindo prolongamento da rede de iluminação pública) e criação de zonas

verdes nas diversas freguesias. Para fazer face a estes investimentos, a Câmara Municipal já transferiu para as Juntas de Freguesia, no corrente ano, uma verba superior a 350 mil euros.

Durante o ano de 2010, a autar-quia procedeu ainda à conclusão de obras, algumas das quaistransitaram do mandato anterior, representando um investimento superior a 2 mi-lhões de euros, onde se destaca a remodelação do Cineteatro Munici-pal, a construção da primeira fase do Parque Comunitário de Castro Verde (Parque Infantil), a construção das infra-estruturas do Loteamento Mu-nicipal de Sta. Bárbara de Padrões e a requalificação das instalações desportivas do Estádio Municipal 25 de Abril em Castro Verde (criação de uma Pista Simplificada de Atletismo e de um Campo Relvado Sintético).•

obras em cursoConstrução do Centro Escolar nº 2 de Cas-tro Verde • Construção de 16 fogos para habitação social em Castro Verde • Obras de remodelação de redes de iluminação integradas na candidatura de “Medidas de Eficiência Energética nas infra-estruturas escolares do concelho” • Requalificação das instalações municipais cedidas à Delegação da Cruz Vermelha de Castro Verde e ao Clube Motard de Castro Verde • Requalificação da cafetaria “7ª Arte”• Pavimentação dos Caminhos Municipais 1132/1134 (acesso às Piçarras).nota: A construção da estrada municipal 394 (troço entre Entradas e S. Marcos da

Atabueira) não foi iniciada por falta do visto prévio do Tribunal de Contas.

Concursos públicos a decorrerRemodelação da Fábrica das Artes – Secção de Castro Verde do Conservatório Regional do Baixo Alentejo • Construção do Lar da 3ª Idade, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário de Sta. Bárbara de Padrões.

projectos em elaboraçãoCentro de Iniciativas Empresariais de Castro Verde • Remodelação e requalificação do complexo das Piscinas Municipais (inclui a melhoria da respectiva eficiência ener-gética) • Skate Parque.

obras concluídas este anoRemodelação do Cineteatro Municipal •Construção da 1ª fase do Parque Comu-nitário de Castro Verde (Parque Infantil) • Infra-estruturas do Loteamento Municipal de Sta. Bárbara de Padrões • Requalifica-ção das instalações desportivas do Está-dio Municipal 25 de Abril em Castro Verde (criação de Pista Simplificada de Atletismo e Campo Relvado Sintético).

obras Concluídas – delegação Juntas de freguesiaRequalificação do Centro de Convívio de Casével, no qual foi instalado o Pólo de Casével da Biblioteca Municipal Manuel da

Fonseca • Construção do Centro de Con-vívio das Neves • Ampliação do Cemitério de Santa Bárbara de Padrões • Acesso à Igreja e arranjo da área envolvente em Santa Bárbara de Padrões • Instalações desportivas e recreativas em Santa Bárbara de Padrões • Arranjo urbanístico da zona de entrada nos Aivados, incluindo prolon-gamento da rede de iluminação pública • Arranjo urbanístico nos Geraldos • Zonas Verdes e outras instalações de interesse público nas diversas freguesias.

obra 16 fogos - habitação social estádio municipal - pista de atletismo obra centro escolar n.º 2 de castro Verde

requalificação do estádio municipal 25 de abrilEstá terminada a primeira fase

de requalificação do Estádio Muni-cipal 25 de Abril, que contemplou a construção de uma pista de atle-tismo simplificada e que permitirá, a partir de agora, a realização de competições oficiais, bem como a prática do atletismo a nível regional, escolar e de treino desportivo. Na

intervenção, adjudicada por 577 000 euros, foi ainda criado um campo relvado sintético sob o antigo campo pelado, com a dimensão de 106x64m e marcações segundo os requisitos para a prática do futebol estabele-cidos pela Federação Portuguesa de Futebol. A parte da obra referente ao relvado sintético inclui ainda uma

bancada com 300 lugares. A abertura oficial destes dois equi-

pamentos vai ter lugar no dia 23 de Outubro, a partir das 10h30, con-tando, na parte da manhã, com um desfile dos atletas do Futebol Clube Castrense, seguido da Escolinha de Futebol do clube. Pelas 11h15 decorre uma demonstração de Aikido, que

termina com um jogo de futebol disputado entre o Futebol Clube Castrense e o Lusitano VR Santo António. Uma abertura que ficará ainda marcada pela realização do I Meeting de Atletismo Jovem Castro Verde 2010, que decorrerá durante toda a tarde.•

CARLOS JÚLIO

“Gostamos muito de Portugal, mas agora a nossa casa é lá”

O concelho de Castro Verde foi (é?) terra de emigração. Durante décadas muitos filhos de Castro tiveram que procurar no estrangeiro melhores condições de vida e de trabalho. Canadá, Alemanha, França, Suíça, Reino Unido têm sido os destinos mais comuns para muitas dezenas de famílias. Hoje, uns já regressaram, outros mantêm-se ainda no activo. Devido às dificuldades económicas e de trabalho, de novo, em Portu-gal, muitos jovens encontram, mais uma vez, na emigração uma forma de futuro.

Antigamente, os emigrantes es-tavam distantes das suas terras, os meios de comunicação eram mais escassos e muitos deles levavam grandes temporadas sem vir a Por-tugal. Agora, com os telemóveis, a internet, a televisão portuguesa, a comunicação está bem mais facilitada, assim como as viagens: a generali-dade dos emigrantes, sobretudo, os que estão em países da Europa, vem a Portugal já mais do que uma vez por ano, embora a grande altura de reunião dos emigrantes seja no Verão.

Este ano, isso voltou a acontecer. No Verão as aldeias do concelho enchem-se de gente nova, as festas sucedem-se e o concelho respira um ar renovado e mais movimentado.

Aproveitando a sua estadia em Por-tugal, o “Campaniço” falou com três emigrantes: dois (marido e mulher) estão na Suíça, outro na Alemanha.

Cristóvão e Madalena Chaves são de Entradas e habitam em Morges, na Suiça, há mais de 30 anos. Fize-ram um pouco de tudo. Hoje dizem estar confortáveis e ter uma vida sem percalços.

“Estou lá há 32 anos. Tinha 17 anos, fui lá para trabalhar 3 meses e ainda lá estou hoje”, diz Cristóvão Chaves, para quem a situação dos emigrantes se alterou, em muito, para melhor. “Isto alterou-se 95 por cento. Comparado com o que era a emigração na Suíça, hoje é um mar de rosas. Antes era muito duro, trabalhávamos muito, das 6 da manhã às 8 da noite”.

A língua também era sempre um problema. “Não falávamos francês, nem éramos muito bem recebidos. Os trabalhos eram sempre os mais pesados. Hoje, eu e o meu marido trabalhamos como porteiros num edifício chamado a Casa do Desporto, onde está a Federação Internacional Olímpica e outras federações des-portivas. É um trabalho bom, mais independente e estamos lá contentes” conta Madalena Chaves, para quem

“a integração foi muito fácil. Fui logo para a zona de Morges e, embora a vida lá fosse muito diferente, adaptei--me bem. Era triste deixar a família e irmos embora para o estrangeiro, mas se não recebêssemos o contrato para ir também ficávamos tristes”.

Quem ficava tinha, a maior parte das vezes, que se sujeitar aos trabalhos do campo, mal pagos e sem futuro. A miragem das grandes cidades, para a gente mais nova, também conta-va. Eram experiências novas que se tinham, horizontes que se abriam, novos olhares sobre o mundo e a vida.

Não havia trabalho em Portugal

Cristóvão Chaves diz que foram “motivos económicos” que os levaram para o estrangeiro, já que “o nosso país, nessa altura, não nos oferecia oportunidades nenhumas. Fomos para lá por questões meramente econó-micas, com a ambição de fazermos uma casa cá, e ao fim de um ano de estarmos na Suíça já tínhamos uma casa cá feita e paga em Entradas. Na altura canalizávamos quase todo o dinheiro que recebíamos para cá”.

Hoje é completamente diferente. Vêm a Portugal quatro vezes por ano e “é mais difícil economizarmos di-nheiro”, diz Cristóvão, acrescentando que “lá ainda se vive bem mas um bocadinho mais apertado do que há uns anos atrás, porque nós tam-bém fazemos uma vida diferente. Antigamente, juntávamo-nos só aos fins-de-semana e poupávamos muito dinheiro. Hoje a maioria de nós – e eu falo por mim – vivemos na Suíça

como se vivêssemos aqui em Portugal quando estou de férias. Ainda econo-mizamos, mas já não temos aquela ambição que tínhamos ao princípio. Agora vamos várias vezes por se-mana ao restaurante, compramos o que nos apetece. É quase uma vida com mais riqueza do que a vida de muitos suíços”.

Cristóvão e Madalena têm um filho com 25 anos e uma filha com 19 anos e esclarecem “a nossa ideia já não é voltar a Portugal. Quando nos reformarmos, vamos estar cá e lá. Mas voltar a Portugal não é uma ideia que nos passe pela cabeça”.

Madalena diz que “um dia até pode-mos vir, mas isso não se coloca agora e nem falamos disso. Eu gosto muito do meu país e temos condições de ir de férias para outros lados, mas vimos sempre de férias a Portugal, mas não me vejo a voltar para cá”.

Com a crise económica em Portugal, começa outra a vez a ida de muitos emigrantes para o estrangeiro. Em toda a região de Morges até Lausanne há muitos portugueses e, segundo Cristóvão, “não param de chegar, sobretudo do Norte do país. Está tudo a voltar à emigração, com contratos temporários, para a apanha da uva e para a construção civil, devido à falta de condições de trabalho em Portugal”.

No entanto, apesar de crise que se vive hoje no nosso país, consideram que há 30 anos as diferenças entre Portugal e a Suíça eram muito maiores. “Nem havia comparação nenhuma. Isto aqui desenvolveu-se muito mais do que a Suíça durante estes anos. A Suíça está igual ao que era, e não

houve um grande desenvolvimento: não há lojas grandes como cá, nem novas auto-estradas (agora é que começam a fazer), enquanto que Portugal deu um “grande pulo” e as condições que todas as terras têm são muito diferentes de antigamente.

Mas quando olham para Portugal, para além de todo o progresso, uma coisa salta-lhes à vista: “aqui a vida está muito cara. Vemos que está difí-cil. Nós estamos aqui de férias, mas vemos que Portugal está, em certos aspectos, mesmo na alimentação e nos produtos para a casa, mais caro do que a Suíça e os ordenados são muito mais baixos. E a mim mete-me um bocadinho confusão como é que certas famílias, com os ordenados que têm e com o nível dos preços que estão, conseguem viver”.

“Um passo acertado”

Cristóvão considera que os baixos salários em Portugal, quando tudo custa tão caro, desmotivam muito quem quer trabalhar. “Quem quer trabalhar a sério tem emprego na Suiça. É como aqui, acho eu. Só que aqui em Portugal os ordenados são muito baixos e não motivam ninguém. Quem é que pode andar motivado se

vai ganhar o salário mínimo que se paga em Portugal? Na Suiça, como os ordenados são maiores, as pessoas já se motivam mais. E há lá um acom-panhamento maior das pessoas no trabalho, para além de haver uma satisfação grande no que se recebe ao fim do mês. É por isso que se diz, muitas vezes, que os portugueses no estrangeiro produzem mais. Eu acho que é porque o trabalho é mais organizado e andam mais motivados com o dinheiro que recebem. Vêem que o esforço que fazem, afinal, vale alguma coisa”.

Em termos de balanço, passados todos estes anos, consideram ter dado “o passo acertado”. E Cristóvão Cha-ves recorda o “orgulho” de mostrar , nos primeiros anos, de cada vez que vinha de férias a Entradas, os carros que tinha. “Era normal, mostrava que os meus sacrifícios tinham dado

resultado. Para um jovem daquela idade era importante”.

Mas nem tudo foi fácil. Pelo con-trário. “Foi muito duro ao princípio. Passei mal. Eles só queriam a gente para trabalhar e jogavam-nos ali para o meio de um campo das 6 da manhã até às 8 da noite, quando nos iam buscar para comermos alguma coisa. Depois as coisas mudaram e hoje, posso dizê-lo, estou bem na Suíça. Na minha ideia valeu a pena o sacrifício que fiz e estou a ser recompensado por isso. Aqui em Portugal não sei que oportunidades podia ter tido. Até podia estar aqui bem, mas pelo que eu vejo que se está a passar hoje em Portugal, até pelos meus filhos, acho que fiz bem. É outra vida. Ainda é uma vida muito diferente”, afirma Cristóvão. Madalena corrobora. E diz que “nunca tive um dia de arrepen-dimento. Acho que foi o melhor que fiz, isto apesar de gostar muito do meu país”.

Isabel Vilão, emigrante na Alemanha

Essa é também a opinião de Maria Isabel Vilão. Tem 58 anos, nasceu nos Namorados e é emigrante na Alemanha desde os 20 anos.”Quando

casei, o meu marido já estava lá há um ano. Cheguei lá e não sabia nada de alemão. Nem uma palavrinha. É uma língua muito complicada, mui-to difícil de aprender, mas com um empurrão daqui e dali, ouvindo aqui e acolá lá, consegui fixar algumas palavras e começar a falar”.

O marido, já falecido, “trabalhou primeiro nos Altos Fornos (Siderur-gia), depois esteve no norte do país e, seguidamente, passou para Bremen, que é onde ainda eu vivo, e onde ele acabou por morrer. Lá fizemos o nosso ninho e sinto-me lá muito, muito bem. Tenho lá os meus dois filhos, uma netinha também, o meu trabalho. É a minha casa”.

Isabel Vilão é empregada de lim-pezas num escritório de arquitectos e faz as contas: “ainda me faltam 8 anos para a reforma e não penso voltar para cá quando me reformar.

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço reportagem 8

Com mais um Verão terminado, muitos são os emigrantes que regressam aos países que os acolheram depois de uma temporada de férias na terra que os viu nascer, para visitarem familiares e amigos. Antes de regressarem, “O Campaniço” falou com alguns destes emigrantes, para perceber as razões que os levou a deixar para trás as suas terras e partir.

emigrantes do concelho de castro na suíça e na alemanha

madalena e cristóvão chaves

Isabel Vilão

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço reportagem 9

FotoDestaque

Os feriados eram festejados em alvorada, ao som da música da Banda. Era assim na nossa terra, torra-da com essa cor com que o sol escaldante do Alentejo bronzeava os homens, que tratavam da terra. Tinham o mesmo tom na sua pele, que os tornava mais more-nos, sem irem à praia (porque ficava longe e as jor-nas mal davam para a miséria do naco de pão, a tira de toucinho, e o punhado de grão que recebiam em troca do seu trabalho).

Vamos esquecer essas mágoas e lembrar que nem só de pão vive o Homem e aí, em Castro Verde, sem-pre houve gente que lutava pela cultura. A música é cultura porque ajuda a desenvolver as faculdades do ser humano. Por assim ser, esses músicos desta-cavam-se pelas suas atitudes e competências. Todos eles artesãos; tais como sapateiros, alfaiates, ferrado-res, pintores, carpinteiros, latoeiros, etc. A música re-

fresca-lhes a mente, e faz deles pessoas mais bem-dis-postas.

Eram os intelectuais da época. Era isso que eu sentia, quando era pequena, ao ouvir o Alberto Veríssimo tocar o seu saxofone para os ensaios e, quando a Banda saía à rua ficava sempre comovida. Em miúda tive o privilé-gio de ter bons amigos e vizinhos, entre os quais a famí-lia Pinto que conseguiu juntar mais elementos à Banda como prova a foto onde está o Sr. Manuel Silvestre, os fi-lhos Fernando, José e Chico Pinto.

Aos que já partiram deixo a minha homenagem e o meu incentivo àqueles que, passados 60 anos, lhes se-guem o exemplo. Com bons costumes, com bons exem-plos, constroem-se bons Homens e nós estamos tão ca-rentes de amigos e vizinhos e, até familiares, que sejam fiéis até ao resto das nossas vidas

Mariana Palma - Barreiro

Por me parecer que se enqua-dra na intenção do nosso Campa-niço, de reavivar a memória da comunidade castrense, veio-me à ideia fazê-lo e ao mesmo tempo homenagear o meu pai e os meus irmãos que foram, em simultâ-neo, da Banda de músicos da So-ciedade Recreativa e Filarmóni-ca 1º de Janeiro. A rica história da colectividade e da sua Ban-da seria, certamente, motivo de análise mas, como é natural, dei-xo isso para quem sabe.

Recordo com saudade o meu pai, o ti Manuel Silvestre, os meus irmãos Fernando e José Pinto e, para o único que ainda se encontra entre nós, o meu mano Chico, vai um grande abraço.

Joaquim Manuel Nobre Pinto

Os feriados eram festejadosem alvorada…

Esta edição do FotoDestaque é feita através da participação dos nossos leitores Mariana Palma e Joaquim Pinto, que nos cederam as imagens e assinam os textos que se seguem.

Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro (1948) Manuel Silvestre, Franciso Pinto, José Pinto e Fernando Pinto

emigrantes do concelho de castro na suíça e na alemanhaA minha casa está lá. Posso é dividir o tempo, uns meses lá e outros cá”.

“Quando fui para a Alemanha, o meu marido dizia: vamos só lá ficar 3 ou 4 anos, mas não. Ficámos lá estes anos todos e passámos por tudo: o desemprego do meu marido, que chegou a estar com o fundo de de-semprego durante 4 anos, a doença dele, tudo isso. Alguns receberam a indemnização e voltaram, mas nós ficámos sempre ”, diz Isabel, acrescentando que volvidos todos este anos “o balanço que faço é po-sitivo. Como sou uma pessoa muito comunicativa não tive problemas de integração na Alemanha. Hoje sinto--me lá como se fosse a minha casa. Nos primeiros anos, quando vinha o Verão, aparecia também aquela saudade de vir ver a família, de vir ver este sol, e de comer as nossas comidas. Nessa altura, vínhamos cá de dois em dois anos. Depois o meu marido adoeceu, esteve 10 anos aca-mado, e eu estive 12 anos sem vir cá,

tinha saudades, é claro. Voltei cá há 2 anos, quando vim trazer o corpo do meu marido - o funeral foi cá – e cheguei a dizer ao meu irmão que não sabia se me voltaria a habituar, algum dia, a esta maneira de viver aqui. A vida lá, comparada com a vida aqui, é como compararmos o dia e a noite”.

E, surpreendentemente, considera que Castro Verde é uma terra muito mais barulhenta do que a cidade de Bremen, onde vive. “Aqui a vida é muito “aberta”, muito barulhenta, com todos estes cães a ladrarem, estes galos logo às 4 da manhã a cantarem, os apitos dos carros. Lá é mais sossegado, muito mais, do que cá. Eu vivo junto duma rua muito movimentada e não oiço barulho nenhum comparado com este ba-rulho aqui em Castro Verde. E isto faz-me confusão”.

Em Castro falta dinamismo económico

Relativamente a Castro Verde e ao concelho diz que as diferenças são grandes, comparativamente a quando emigrou para a Alemanha. Mas diz que o comércio, no seu conjunto, não é muito diferente do que era. “Isto está muito diferente de quando emigrei. Tudo isto está muito aumentado, mas também noto que está aumentado em construção para morar, mas no que diz respeito ao comércio não se encontra quase diferença nenhuma. Há pouca diferença entre o comércio que hoje aqui existe e o que havia antigamente. Há mais cafés e pouco mais. Há pouco desenvolvimento do comércio”.

E dá um exemplo: “ontem queria mandar um postal ilustrado aqui de Castro, andei à procura e em todo o lado disseram-me que não tinham, só no Posto de Turismo, onde havia muito pouca escolha. Na Alemanha

não entra na cabeça de ninguém que um quiosque ou uma loja não tenham postais ilustrados da cidade. Eu não me senti bem e até disse qualquer coisa como “ai que tristeza”, quase tipo envergonhada, desiludida”.

Como a generalidade dos emigran-tes Isabel Vilão está dividida entre duas realidades. A do concelho que a viu nascer, mas a que já não está habituada, apesar dos laços familia-res e das memórias, mas pelo qual nutre sentimentos de saudade, e a Alemanha, a sua cidade, a sua rua, os seu trabalho, porque é lá que tem a vida organizada, os filhos, os ami-gos e onde se sente verdadeiramente “em casa”. Muitas vezes este é um conflito que não deixa os emigrantes em paz: labutaram uma vida intei-ra para ter uma casa em Portugal, no fito de regressarem quando se reformassem, mas vinda a reforma não conseguem decidir-se: os filhos estão já nesses países, bem integra-dos e é lá também que têm a maior

parte das suas referências. Se antes regressavam a Portugal, hoje, cada vez mais, ficam nos países para onde emigraram, embora regressando a Portugal por períodos mais longos.

É assim que Isabel Vilão e o casal Chaves pensam fazer no futuro: nem cá nem lá. Mas nos dois sítios. Com duas casas. E duas vivências. Uma à alemã (ou à suiça). Outra à portuguesa. Ou à alentejana, como quiserem. Ou como diz Madalena Chaves, “dantes vínhamos de carro para cá. Eram via-gens muito cansativas. Agora vimos sempre de avião e cá alugamos um carro. É tudo mais fácil”.

Ou seja, até as distâncias “parece que encurtaram”. E o que era longe, quando se lançaram nos caminhos da emigração, tornou-se muito mais perto. Ou não fossem os novos meios de comunicação (Isabel Vilão diz que o “Campaniço” é lido por ela e pelos filhos de “ponta a ponta”) estarem a tornar, cada vez mais, o mundo numa verdadeira “aldeia global”.•

MIGuEL REGO

A instauração da República deu os primeiros passos em Lisboa na madrugada de dia 3 de Junho. A re-percussão da revolta trouxe para a rua um povo cansado de um regime político esgotado, onde a família real, mais do que fazer parte da solução, eram um problema acrescido para o desenvolvimento do Portugal pobre e maltrapilho de inícios do século XX.

A notícia dos acontecimentos na capital só começaria a correr o resto do país quase 48 horas depois. Em alguns casos, a novidade só aporta-ria aos confins do Portugal interior, muitos meses depois das nove horas da manhã do dia 5 de Outubro de 1910, momento em que Eusébio Leão, Secretário do Directório do Partido Republicano eleito em Setúbal e fu-turo companheiro de Brito Camacho na União Republicana, se abeira da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa e proclama a República em Portugal.

No entanto, nas terras de Castro Verde, as notícias parecem ter corrido mais céleres. Fruto da organização do Partido Republicano no concelho, aliado à extraordinária rede de co-nhecimentos e contactos que alguns castrenses republicanos tinham com o PRP em Lisboa, o dia 4 de Outu-bro já tem um respirar republicano. Assim como os revoltosos contra a monarquia saíram em Lisboa, para a Avenida, para combater o regime, nas terras campaniças, os republica-nos vão controlar as principais vias de comunicação e, em particular, o caminho-de-ferro, fazendo uma espécie de trabalho de retaguarda para impedir a chegada à capital de reforços que pudessem pôr em causa o nascimento da República. E não dão o seu tempo por inútil.

Datado de 4 de Outubro, o então presidente da Câmara, José Parreira, envia um ofício às forças da autori-dade, acompanhando um homem, feito prisioneiro pelos seus correli-gionários, na estação ferroviária de Casével.

“Com o presente officio será apre-sentado a Vª Exª o suposto conspirador Antonio Maria Pereira de Seixas que se diz residente na cidade de Lisboa e que foi capturado na estação de caminho de ferro de Casevel quando regressava da cidade do Porto, supondo-se fugido do movimento reacionário que ultimamente se deu n’aquella cidade. Este cidadão enquanto viveu no baixo alentejo a sua vida foi sempre de expedientes, por isso não me admirava que continue no mesmo mentir. È minha convicção que os jornaes que o deram como fazendo parte das hostes de Couceiro, disseram

unicamente a verdade, pois o seu tipo e o seu modo de proceder, levam-me a querer, que era capaz de proceder como um mau portuguez. Acompanha o prezo, os objectos que lhe foram apprehendidos e que são os seguintes: Uma pistola Browning’s, uma caixa com 25 cargas para a mesma, 100 libras em ouro, um manifesto assignado por um patriota, um livro com o titulo Meia Duzia de Notas, um Romance em Ferias, [sic], uma mala com roupa e uma bengala com castão de prata.”

A prisão deste monárquico apoiante de Paiva Couceiro, é o grande troféu dos republicanos castrenses, que desde muito cedo procuram estar ao lado da revolução. Este é, objectivamente, um documento fundamental para compreender as primeiras horas da República e processo de republicani-zação destas terras de Castro Verde. Mas, naturalmente, não é o único.

Desde muito cedo que encontramos aqui uma ambiência propícia à causa republicana. Resta saber, assente em quê.

Naturalmente, que a proximidade com as minas de Aljustrel e o facto de Castro Verde ser um dos locais onde semanalmente os mineiros dessa mina se vinham abastecer, é um factor preponderante. As ideias anarco-sindicalistas e republicanas de há muito que têm na velha Vipasca e nos ambientes mineiros, um dos seus pólos de propaganda e de expansão. Por outro lado, não podemos esque-cer, igualmente, que do concelho de Aljustrel é também Brito Camacho, um dos baluartes ideológicos da revolução republicana e, indubita-velmente, uma referência para as gentes campaniças, com quem ele tinha laços familiares e de amiza-de, em particular com os grandes

proprietários e seareiros, dadas as origens abastadas do insigne jornalis-ta, deputado e Ministro republicano.

Indubitavelmente, que as origens castrenses do regicida Costa trouxe-ram, a muitas destas gentes, uma referência partidária importante, reflexo afinal do generalizado ódio à Monarquia que se espalhava em particular, nas camadas mais po-bres da população, que viam nela a causa de todos os males. Importa aqui referir que não encontramos qualquer referência a iniciativas de pesar em Castro Verde após a morte do monarca Carlos e do seu filho Luiz Filipe, exceptuando uma missa que hipoteticamente terá sido feita no dia do 1º aniversário do Regicídio, cuja participação é uma incógnita.

No entanto, o republicanismo castrense vem de antes de 1908 e assenta, seguramente, numa outra premissa. Até porque, e ressalve-se desde já essa realidade, o principal

núcleo apoiante do PRP nestas para-gens são os grandes proprietários e os homens de ofícios e mestres cuja actividade depende muito dessas fa-mílias abastadas.

A resposta a esta importância do PRP em Castro Verde está, segura-mente, na figura de António Fran-cisco Colaço. O conhecido médico contacta, enquanto estudante, com algumas das mais importantes figuras do republicanismo, nomeadamen-te António José de Almeida e Brito Camacho, e imbuído desse espírito chega a Castro Verde onde lidera, pelo menos desde 1907, a direcção da Comissão Municipal do PRP, apoia os candidatos republicanos nas eleições às Cortes e assume também ele o papel de candidato, em 1908, para além de mobilizar toda uma geração de proprietários e profissionais de prestígio, em todo o concelho, para avocar o poder municipal e definir os destinos do concelho.

Contudo, tirando as questões di-rectamente relacionadas com o PRP, não encontramos António Francisco Colaço a ocupar lugar absolutamen-te nenhum. As questões municipais ficam nas mãos de José Parreira, pro-prietário, que em 1908 tem 63 anos, e um prestígio enormíssimo que o faz vencedor das últimas eleições municipais que ocorreram durante o regime monárquico e que, nas primeiras horas da República, se vê reconduzido no cargo e, ao mesmo tempo, assumindo o lugar de Admi-nistrador do Concelho, um lugar de confiança do Poder Central junto do Poder Local.

A confiança política que os novos habitantes do Governo Civil de Beja, e nomeadamente de Aresta Branco, o novo Governador Civil, natural da Amareleja, têm em José Parreira é tal, que para além de reconduzirem toda a vereação camarária, deixam a seu cargo a nomeação das novas equipas que irão gerir os destinos das Juntas da Paróquia das freguesias do concelho.

Na Câmara, com José Parreira, são reconduzidos: Manuel Guerreiro Fernandes, proprietário em Cas-tro Verde, e que se assumiu como uma figura ligada ao período da monarquia constitucional. Vereador do município entre 1894 e 1896 e vice-presidente entre 1908 e 1910, assume as funções de Presidente interino da Câmara, por Parreira ter à sua responsabilidade o lugar de Administrador do concelho;

José Alves da Costa: farmacêutico na vila de Castro Verde era um dos vereadores eleitos em 1908. Depois do 5 de Outubro de 1910, continuou ligado ao poder local tendo sido

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço destaque 10

Castro Verde e a 1ª República

o programa castro Verde 2010, a decorrer até final do ano, está a celebrar o centenário da república. um conjunto de iniciativas (teatro, música, conversas) aconteceu no início do mês de outubro. a banda da sociedade Filarmónica

1º de Janeiro tocou a república e castro Verde passou a ter uma rua evocativa do centenário. no vasto programa importa destacar a filosofia editorial que dá continuidade ao trabalho que visa documentar a história local,

valorizando a memória colectiva.

busto “república” (propriedade da sociedade recreativa e filarmónica 1º de Janeiro)

“ViVa a repÚbLica! … em Digressão”

praça do município acolhe exposição em viatura móvel De 8 a 9 de Novembro a exposi-

ção itinerante “Viva a República!... em digressão” vai estar na Praça do Município, em Castro Verde.

Promovida pela Comissão Nacional

para as Comemorações do Centenário da República, a exposição é cons-tituída por uma viatura adaptada, complementada com duas tendas de apoio. Nesta, o visitante é convidado

a acompanhar o percurso de evolução do ideário republicano, o processo de implantação da República, bem como os principais contextos e transforma-ções a que esteve associada. “Viva

a República!... em digressão” faz-se ainda acompanhar por uma equipa de mediação e pela distribuição de materiais e suportes pedagógicos e de divulgação. A exposição, que

teve início neste mês de Setembro, percorrerá cerca de 100 concelhos de todo o país, permanecendo du-rante aproximadamente um ano em itinerância.•

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço destaque 11

a Câmara municipal de Castro verde na 1ª república (1910 – 1926) e Castro verde 1910 – ano 2 da república

O assinalar do Centenário da República em Castro Verde, trouxe à estampa mais duas publicações sobre o tema, dando continuida-de à política editorial da Câmara Municipal de Castro Verde que, através dela, procura dar voz e valorizar o património cultural e histórico do concelho. Naturalmente que no contexto da evocação do Centenário da República, impunha-se uma reflexão sobre o tema. Desta feita, esse trabalho recaiu nas abordagens efectuadas pelo professor Arnaldo Pata e por Miguel Rego, técnico da Câmara Municipal de Castro Verde.

O trabalho de Arnaldo Pata dá-nos uma visão integrada da Câmara Municipal de Castro Verde durante a primeira República. Isto é, entre 1910 e 1926, quando uma ditadura mi-litar instaura o Estado Novo. Objectivamente, através de um trabalho prévio de contex-tualização histórica, Arnaldo Pata dá-nos uma visão da instituição “Câmara” e das alterações a que esta é sujeita ao longo de 16 anos, utilizando como cenário de fundo o país e as diversas alterações que o afectam

durante os primeiros passos da República. Actores e protagonistas da República em Castro Verde, são-nos aqui apresentados tanto nos cargos que ocuparam como nas diversas competências e cenários que os precederam.

De leitura fácil e muito bem documenta-do, o livro “A Câmara Municipal de Castro

Verde na 1ª Republica (1910 – 1926)” é um extraordinário contributo para a história da República, não apenas no nosso concelho, mas também em Portugal, dando-nos a co-nhecer a realidade da instauração do novo regime republicano fora das grandes urbes onde a organização e a implantação do Par-tido Republicano justificam a forma fácil e

organizada como a bandeira da República foi hasteada rápida e eficientemente.

Por outro lado, Miguel Rego, aborda a Re-pública em Castro Verde, no antes e duran-te o 5 de Outubro de 1910, surgindo como um complemento informativo do trabalho de Arnaldo Pata. Em “Castro Verde 1910 – Ano 2 da República”, o autor leva-nos pelo concelho de Castro Verde nos dois anos que antecedem a instauração do regime republicano em Lisboa, mas num concelho onde as forças republicanas dominavam o aparelho municipal desde 1908, ano em que venceram as eleições municipais.

Sem grandes preocupações de método, a abordagem procura-se que seja fácil e despretensiosa, mas elucidativa quanto à realidade social, política e urbanística do concelho à volta do 5 de Outubro de 1910, e cujas tradições republicanas têm a sua génese em figuras como António Francis-co Colaço, José Parreira ou Silvestre José Jorge, personagens maiores destes dias da Revolução.

eleito nas primeiras três eleições autárquicas da 1ª República;

Silvestre José Jorge: conhecido pro-prietário de ideais republicanos, vive em Casével e, com apenas 29 anos, é um dos personagens políticos mais activos deste princípio de século no concelho de Castro Verde. Primo do regicida Alfredo Luís da Costa, é a fi-gura maior da comissão republicana de Casével, cuja actividade política e social se destaca, de uma forma extra-ordinária, da das restantes freguesias.

Manuel Gonçalves Fialho: lavrador, foi um dos elementos ligados à vere-ação monárquica saída das eleições de 1908. Depois do 5 de Outubro con-

tinuou na vereação até às eleições de 1913. Morador na freguesia de Santa Bárbara de Padrões, procurou, logo após a revolução de Outubro, alterar alguma anarquia e combater a impunidade em que viviam alguns dos personagens da freguesia.

Para além de reconduzir a sua equi-pa municipal, José Parreira renova, genericamente, as juntas da Paróquia, com figuras ligadas ao republicanis-mo. Assim, em Casével, os lugares foram assim distribuídos: Presidente - António Pedro dos Santos. Vogais - Joaquim Appolinário e Francisco de Salles Romano. O Secretário passa a ser Manoel Joaquim Guerreiro e o

tesoureiro, o cidadão José da Roza. Em Entradas, o Presidente, é J. Revez Duarte, os vogais são Luís António da Silva e Joaquim Bento, o Tesoureiro é António Manuel dos Santos e o Se-cretário José Coelho. Em S. Marcos da Atabueira, assumem respectivamente os lugares, de Presidente, Secretário, Tesoureiro e Vogais da Junta, os ci-dadãos Francisco Revez, Francisco Baptista da Graça, José da Palma, Francisco José Baptista e Venâncio José Vicente. Em Santa Bárbara dos Padrões, Manoel Jacintho assume a presidência, Manoel Ambrozio e Fran-cisco Affonso os lugares de vogais, como Tesoureiro é nomeado Manoel

Vaz Collaço e, como Secretário, conti-nua Manoel Izidro. Em Castro Verde, a Junta da Paróquia é liderada por Belchior Afonso Parreira, também ele proprietário.

Pacificamente, a República é instau-rada em Castro Verde. As instituições mantém uma normalidade que se justifica pela força do aparelho re-publicano e, ao mesmo tempo, pela influência de António Francisco Co-laço e a inteligência política de José S. Parreira. E são essas duas forças juntas que culminam no hastear da bandeira portuguesa nos paços do concelho, no meio de uma festa única, conforme nos diz o primei-

ro Administrador do Concelho no regime republicano, em carta que dirige a Aresta Branco, o primeiro Governador Civil de Beja, saído do golpe de 5 de Outubro:

“Na tarde do mesmo dia [ 5 de Outubro] por telegramma official do Ilustre Cidadão Governador Ci-vil de Lisboa tive conhecimento da proclamação da Republica e hastiei a bandeira Republicana nos Paços do Concelho e na minha secretaria, no meio da manifestação a mais impo-nente a que tenho assistido apesar da minha avançada edade.”

Começavam aqui os dias da Revolu-ção da Primeira República Portuguesa.•

Ambas as edições estão disponíveis ao público no Posto de Turismo de Castro Verde. P.V.P - 10 Euros

EdiçõEs

medalha evocativa do Centenário da república

No âmbito das comemorações do Centenário da República, a Câmara Municipal de Castro Verde lançou, no passado dia 5 de Outubro, a medalha comemorativa da efeméride. Da autoria de Fernando Fonseca, a medalha, de duas faces, é em bronze patinado e tem 8 cms de diâmetro. No verso, uma figura da República traz ao colo uma criança e uma bandeira com as palavras de ordem herdadas da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

No reverso da medalha aparece um conjunto de 21 nomes que correspondem, respectivamente: à primeira Vereação da Câmara Municipal de Castro Verde na 1ª República - José Parreira, Manuel Guerreiro Fernandes, José Alves da Costa, Silvestre

José Jorge e Manuel Gonçalves Fialho; Aos primeiros presidentes das juntas das

paróquias do concelho: Belchior Affonso

Parreira (Castro Verde), António Pedro dos Santos (Casével), J. Revez Duarte (Entradas), Francisco Revez (S. Marcos da Atabueira) e

Manuel Jacintho (Santa Bárbara dos Padrões); a José Militão, funcionário do Governo Civil de Beja que entrega o lugar de Administra-dor do Concelho ao republicano Parreira, no dia 5 de Outubro;

Para além de um conjunto de republicanos que assumiram um papel preponderante no aprofundamento e desenvolvimento dos ideais republicanos na nossa região: António Francisco Colaço, António Gonçalves Cor-reia, Ezequiel do Soveral Rodrigues, Manuel de Brito Camacho, António Aresta Branco, Francisco Manuel Pereira Coelho, Manuel Duarte Laranja Gomes Palma, Aureliano Lopes de Mira Fernandes, Francisco Pedro Galinotti e Manuel Firmino da Costa.

No fim-de-semana de 10 a 12 de Setembro, a vila de Castro Verde foi anfitriã da multipli-

cidade de sons, cores e culturas que encerram o Festival Sete Sóis Sete Luas. Foram três dias marcados pela musicalidade de diferentes países, oficinas criativas e de dança, expo-sições e outras vivências com sabor a Sul. O encontro e a partilha foram, por isso, ferramentas fundamentais para a criação e experiências vividas durante o festival. A gastronomia serviu de mote. No restaurante fi-xado no Jardim do Padrão, a cozinha tradicional alentejana e marroquina foi, não só, o estímulo certo para o encontro entre as gentes que por aqui pararam, como também uma viagem por sabores únicos de duas gastronomias tão distintas.

A rua foi privilegiada nestes três dias de festa. As gentes circularam pelo espaço criado entre o Jardim do Padrão e rua D. Afonso. A meio, o Café Mediterrâneo convidou a entrar e saborear a calmaria deste lugar. Chás e doçaria. Alentejana e Marroquina.

De regresso à rua, a música apelou à dança e aos sentidos. A festa viveu dessa agitação. De gentes, de música, de arte e palavras. José Saramago, Nobel da Literatura, falecido em Ju-

nho passado, foi homenageado nesta Planície Mediterrânica. Ao longo da Rua D. Afonso I foram visíveis vários excertos de “Memorial do Convento”, uma das obras mais marcantes da sua carreira. E a par das palavras de Saramago, pôde ver-se e sentir-se o misto de criatividade, materiais reci-clados e soldagem trabalhados pelo andaluz César Molina. Esculturas que conferiram à rua – ponto de passagem obrigatório - uma atmosfera única. Na Galeria Municipal o italiano Fran-cesco Nesi expôs “Amami Ancora”.

O programa deste ano voltou a dar enfâse à componente local, sendo de destacar um conjunto de pequenas iniciativas como o almoço e o atelier de cante promovido pela Associação de Cante “Os Ganhões” - “Sopas e Cantorias na Horta”, ou a oficina de gastronomia “Vamos fazer uma Açorda e um doce com mel”. Uma forma de valorizar as raízes que nos ligam a esta terra e aproximar, em simultâ-neo, da nossa cultura e maneira de ser, aqueles que durante estes dias por aqui passaram.

No que toca à música, os ritmos chegaram de vários cantos do Me-diterrâneo. A Argélia presenteou a calma planície com a sonoridade do grupo “Les Boukakes”. A Grécia

fez-se representar através de “Kristi Stassinopoulou & Stathis Kalyviotis”.Grupos que encheram o espaço do Anfiteatro Municipal na noite de 10 de Setembro, espalhando o ritmo e a folia pelo público.

Ainda na mesma noite, “Fol&Ar e Mosca Tosca” uniram-se para um concerto de música tradicional e Dj Mati@s encerrou a noite com uma vasta colecção de temas dançáveis.

A noite de sábado encetou o pacote musical pela mão de “Korrontzi”, a grande revelação da música popu-lar basca e Castro Verde deixou-se envolver pela música folk e sons tradicionais bascos. Um concertou que encantou e surpreendeu o Anfi-teatro Municipal, repleto de público. Seguiram-se os “Extravanca” num convite para uma viagem às terras de sol, com aromas do Atlântico e do Mediterrâneo. A festa prolongou-se com “I Percussonici”.

Já diz o ditado que “o que é bom acaba depressa”! O Grupo de Violas Campaniças, filho desta terra, tocou os primeiros acordes de encerramen-to da Planície Mediterrânica 2010, pelas 16h00 de Domingo, dia 12 de Setembro, num concerto que encheu por completo a Igreja dos Remédios. Caminhando a passos largos para o

final do dia houve ainda tempo para actuação dos “Artesãos da Música”.

Ao fim do dia o Anfiteatro acolheu “Les Voix du 7Sóis” e despediu-se do festival. Um projecto idealizado pelo Sete Sóis Sete Luas, fruto da convivência colectiva de diferentes músicos. Um projecto onde sobressaiu a participa-ção de Pedro Mestre. Em palco, com

este, vozes oriundas de locais como Andaluzia e Israel. Vozes que actua-ram em harmonia com instrumentos provenientes do norte de África, Cro-ácia e Itália. Assim se misturaram os cantos hebraicos, as melodias do sul de Portugal e o flamenco. Um grande concerto que encerrou em beleza mais uma Planície Mediterrânica.•

No âmbito do Festival Sete Sóis Sete Luas, destaca-se também a partici-pação do pintor Joaquim Rosa na exposição colectiva de homenagem a José Saramago, “Zezito – As pe-quenas memórias”, organizada pela Rede. Depois de ter estado patente ao público em Ponte de Sôr, a expo-sição, viajará até Pontedera, Itália. A inauguração e apresentação pública decorreu em Julho passado, em Azi-nhaga do Ribatejo, terra natal de José Saramago, uma iniciativa que contou com a participação do Grupo Coral “Os Ganhões de Castro Verde”. Joaquim Rosa faz-se representar na exposição com a obra “Tia” (acrílico sobre tela [70x100]), inspirada no livro do Nobel da Literatura “As Pequenas Memórias”. Para além do pintor alentejano, muitos outros artistas de nacionalidade italia-na, espanhola e portuguesa, que integram a rede, participam nesta exposição de pintura e escultura, que pretende ser uma viagem ao mundo de Saramago através de quadros e esculturas a ele dedicados.

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço cultura 12

pLanície meDiterrânica 2010

7sóis 7Luas “brilhou” três dias

Três dias de culturas, diálogos, cores, sons, boa disposição e harmonia caracterizaram mais uma edição do Festival Sete Sóis Sete Luas. Em 2010, José Saramago foi homenageado, César Molina expôs obras esculpidas a partir de ferro velho e as sonoridades cheiraram a tradição, a ritmo e a Mediterrâneo. A Planície esteve em festa!

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço feira 13

a Banda sonora da feira

Outrora a Feira de Castro era um espaço privilegiado para determinadas manifestações culturais que aconteciam de forma espontânea. A mudança dos tempos acabou por calar essas sonoridades, por isso, de há uns anos a esta parte se iniciou uma programação cultural que procura trazer de volta à feira, já não de forma espontânea, aquela que foi a sua banda sonora de outros tempos.

Este ano, a Viola Campaniça voltou a ser rainha. Num espectáculo que teve lugar no Cineteatro Municipal, na sexta-feira 15 de Outubro, o Grupo de Violas Campaniças interpretou modas campaniças e os 4uatro ao Sul apresentaram polifonias do Alentejo e de outras regiões do Mediterrâneo.

No Sábado, a Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro invadiu as ruas da feira com uma arruada, enchendo o ar de festa. Na parte da tarde aconteceu mais uma edição da “Planície a Cantar”, encontro de cante alentejano que juntou dez grupos corais, que desfilaram pela rua D. Afonso I, terminando com uma actuação de palco na Praça da Liberdade, em plena entrada da feira. À noite, foi a vez da Cortiçol promover, no Fórum Municipal, mais um “Encontro de Cantadores de Baldão e Tocadores de Viola Campaniça”. Dando cumprimento ao habitual, o serão iniciou-se com uma homenagem ao cantador Marciano José Bárbara, como forma de agradecer e motivar os resistentes desta manifestação cultural que, durante décadas, marcou profundamente a Feira de Castro. Antes das duas dezenas de cantadores iniciarem o desafio, o poeta popular Manuel Mira deu o mote de saída, recitando umas décimas sobre a Feira e o Baldão.

No Domingo, no meio de um mar de gente, houve arruada de percussões com o grupo de percussão “Pias a Bombar”.

i mostra de aves de Castro verde

Durante o fim-de-semana da feira decorreu, na Galeria Municipal, junto ao Mercado, a I Mostra de Aves de Castro Verde. uma organização da Associação Ornitológica de Aljustrel (da qual fazem parte diversos criadores de Castro Verde), que expôs 850 aves de diversas espécies. A iniciativa, que contou com a colaboração da Câmara Municipal de Castro Verde, registou um balanço bastante positivo, e registou a presença de muitos visitantes, tendo sido vendidas mais de duas centenas de aves.

Há 389 anos que em cada terceiro fim-de-semana do mês de Outubro milhares de pessoas rumam a Castro Verde. Vêm à procura do que a Feira de Castro tem para oferecer. Um ritual que se renova. Este ano não foi excepção!

Vir à Feira de Castro tornou-se uma tradição. Há quase quatro séculos que assim o é, e este ano não foi excepção. Apesar do cenário de crise e das nuvens negras que pairam sobre o país, muitos foram os milhares de pessoas vieram a Castro Verde durante o fim-de-semana. Uns para comprar e para vender, outros para rever os amigos e familiares. A Feira de Castro é um espaço de encontro. Rua abaixo, rua acima, em pleno largo, lá vamos encontrando os Campaniços, tantas vezes tirando feições para quebrar a distância da ausência. Gente que nestes dias regressa para matar saudades e viver mais uma feira que marca profunda-mente o imaginário de todos os castrenses.

Quem cá mora e sente esta feira sabe quando dizer “Não tarda nada está aí a Feira de Castro!”. É o corte baixo do sol de Outono, as formigas-de-asa, as azeitonas verdeais, o ritual de pintar as casas. Por isso, tam-bém este ano se avivaram as barras e se preparam refinadas ementas tradicionais, tudo para receber os familiares ávidos de respirar esta terra.

A Feira de Castro é um orga-nismo vivo, rebelde, compos-to por um fervilhar de gente e mercadorias. Uma teia de rela-ções, que se tem moldado com o passar do tempo cumprindo o principal objectivo para que foi criada: a transacção comercial. É essa a grande verdade. Aqui se continua a fazer negócio. O mar de resíduos que cobriu o largo na segunda-feira é disso uma prova, apesar dos feirantes se queixarem de menos vendas neste ano de crise.

A sociedade encarregou-se de mudar a feira. Estamos mais distantes da ruralidade que, durante séculos, foi o seu grande alimento. Já não há Cor-redoura. As novas normas não se compadecem com a presença de gado que o espírito da Feira de Castro exige. Já não se nego-ceiam rebanhos inteiros, mas os ciganos vieram e assentaram arraiais nos arrabaldes da vila, e à sua maneira lá negociaram as suas bestas.

Apesar da mudança, e da efemeridade que a caracteri-za, com a feira a resumir-se a Sábado e Domingo, continuam a manter-se muitos dos gestos que atravessaram gerações,

acomprar os frutos secos aos algarvios, os chapéus de chuva e os agasalhos para o Inverno, a dar as feiras aos miúdos para que se iniciem no mundo dos carrosséis, a comprar polvo e a beber umas cervejas nos bares da feira.

No meio da imensidão de roupa e calçado, encontrámos pêros, alhos, pão, cajados, cho-calhos, vergas, loiça de barro, banha da cobra, Borda D’Água, santinhos, enfim, o diálogo ines-perado que contribui para que a feira continue a ser única. São muitos os que num tempo de feiras standartizadas e tranca-das em recintos, procuram esta genuinidade. Organizam-se em excursões e repetem um hábi-to que herdaram de familiares. Muitas dezenas de autocarros voltaram a encher os parques de estacionamento, repletos de gente que sabe o que cá pode encontrar. Vieram das grandes comunidades de alentejanos da margem sul, do Algarve e de outras bandas onde a Feira de Castro tem fama.

Uma parte dos feirantes tam-bém não hesita em dizer que esta feira, apesar de já não ser o que era, continua a ser diferente.

Não falham uma há décadas, os homens que no seu cresci-mento aprenderam a amizade à Feira de Castro, lideram hoje o negócio de família, mestres no apregoar e atentos às modas dos tempos, que trouxeram ven-dedores oriundos de paragens distantes. Africanos, Chineses e tantos outros, que voltámos a presenciar.

A feira acomodou-se no largo e estendeu os seus dedos pelas artérias da vila. Rua Fialho de Almeida, Rua de Almodôvar, Rua Nova da Feira. As associações locais montaram por aí os seus negócios e deram-lhe de comer e beber. Também os produtos locais (bolos, enchidos, pão, produtos hortícolas) se mis-turaram com as mercadorias vindas de fora, contribuindo para a descoberta da diversidade de ofertas.

Já não se ouve o burburinho das pessoas e a algazarra dos divertimentos. Esfumou-se o cheiro a castanha assada e a polvo. Já não há no ar bolas de sabão, nem a fuga de um balão pelos céus fora. Mas há dentro da cabeça dos castrenses uma feira colorida de sensações que querem que regresse depressa.•

Feira De castro 2010

milhares cumpriram a tradição

Vitória nobre

Alameda da feira de Castro

bombeiros De castro VerDe

nova equipa de intervençãoPermanente Dar resposta imediata a situações de incêndio e acidentes é o objectivo central da nova Equipa de Intervenção Permanente (EIP) dos Bombeiros Voluntários de Castro Verde, criada em Setembro passado no âmbito do protocolo assinado.

Está activa desde o passado mês de Setembro a nova Equipa de Inter-venção Permanente dos Bombeiros Voluntários de Castro Verde.

Fruto do acordo tripartido cele-brado entre a Câmara Municipal de Castro Verde, a Autoridade Nacional de Protecção Civil e a Associação Hu-manitária dos Bombeiros Voluntários de Castro Verde, esta equipa tem como finalidade dar resposta imediata a situações de incêndios e acidentes. Missões, que no âmbito do Sistema de Protecção Civil estão confiadas a esta corporação cada vez mais con-frontada com a falta de verbas ao nível da contratação de recursos humanos.

O protocolo, assinado pelas três en-tidades acima mencionadas pretende fazer face a esta problemática, ficando os encargos monetários da criação

desta nova equipa a cargo da autar-quia local, bem como da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

A nova equipa conta com cinco

elementos em permanência e sur-giu da falta de pessoal sentida para responder a todas as situações de emergência no concelho.•

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço protecção civil 14

castro VerDe + VerDe

Voluntariado Jovem contra incêndiosEm 2010 a Câmara Municipal de

Castro Verde volta a integrar o Pro-grama Voluntariado Jovem para as Florestas, do Instituto Português da Juventude, e no âmbito do projecto Castro Verde + Verde, que adapta o programa nacional à realidade de cada concelho.

O programa de voluntariado, que tem como principais objectivos o fomento do desenvolvimento do espírito solidário e voluntário dos jovens do concelho em temáticas como a Defesa da Floresta Contra Incêndios e ambiente, preservação e conservação da natureza assim como, a sensibilização da população para comportamentos adequados a esta temática, decorreu durante os me-ses de Julho e Agosto, dividindo-se em quatro quinzenas, ocupadas por quatro voluntários, num total de 16

voluntários com idades compreendi-das entre os 18 e os 30 anos.

Com o intuito de acompanhar o desenrolar da iniciativa o Governa-dor Civil de Beja, Manuel Monge, e o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Beja, fazendo-se acom-

panhar pelo Serviço Municipal de Protecção, deslocaram-se ao local de vigilância dos voluntários, no passado dia 25 de Agosto, prestando, desta forma, a sua solidariedade para com quem se preocupa com a conservação do meio ambiente.•

No período de Outono e Inverno as ocorrências de precipitação e ventos fortes são mais frequentes do que noutras estações do ano. Enquanto cidadãos é importante ter em consideração algumas precauções para diminuir o risco de cheias e inundações no nosso município, pois a “Protecção Civil é uma tarefa de todos e para todos”.

Neste período do ano os efeitos esperados pela precipitação intensa e ventos fortes são:

• Presença de piso escorregadio e eventual formação de lençóis de água ou mesmo o arrastamento de materiais sólidos para as vias, com o consequente aumento de acidentes de viação;

• Possibilidade de cheias rápidas nos meios urbanos, por insuficiência dos sistemas de drenagem e de acumulação de águas pluviais;

• Inundações por transbordo em linhas de água e inundações nas zonas historicamente mais vulneráveis;

• Movimento de massas em vertentes não consolidadas nos meios urbanos, provocando acidentes com pessoas e seus bens;

• Nos meios rurais com declives não consistentes ou terrenos debilitados por incêndios florestais ocorridos recentemente, pode ocorrer o arrastamento de objectos e movimento de massas que provoquem o entupimento e a obstrução de linhas de água, ribeiras e passagens hidráulicas, tais como, restos de silvicultura (ramos, pernadas de árvores), cercas desprotegidas e danificadas e entulhos e pastos abandonados no campo.

O Serviço Municipal de Protecção Civil de Castro Verde recomenda algumas medidas de prevenção e precaução para diminuir os riscos a que estamos expostos:

• Prestar a devida atenção às indicações da Protecção Civil, Forças de Segurança e informações do Instituto de meteorologia;

• Adoptar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade, com especial atenção, à diminuição da visibilidade do condutor e probabilidade de formação de lençóis de água nas vias.

• Não atravessar zonas inundadas e de cheia, de modo a precaver o arrastamento de pessoas e viaturas para buracos no pavimento, caixas de esgoto abertas, linhas de água e ribeiras.

• Desobstrução dos sistemas de drenagem e de escoamento das águas pluviais;

• Retirada de inertes e de outros objectos que possam ser arrastados e criem entupimento e obstáculo no livre escoamento das águas;

• Limpeza de caleiras, bueiros e algerozes;• Afixar adequadamente e eficazmente estruturas soltas,

nomeadamente, andaimes, placares e outras estruturas suspensas;

• Não deixar nas zonas rurais e florestais entulhos e pastos abandonados, ramos e pernadas de silvicultura realizada, cercas desprotegidas e qualquer tipo de objectos que possam ser arrastados pelo vento e precipitação intensa obstruindo e entupindo o livre escoamento das águas, nomeadamente, em linhas de água, ribeiras e passagens hidráulicas.

equipa de intervenção

Jovens voluntários

exercício de formação

www.cm-castroverde.pt

acção De Formação

formar para prevenirDesde o dia 14 de Outubro que

os trabalhadores da Câmara Muni-cipal de Castro Verde se encontram a participar em acções de formação de combate a incêndios com meios de primeira intervenção.

A iniciativa, da responsabilida-de da autarquia, em colaboração

com os Bombeiros Voluntários de Castro Verde, tem como objectivos formar os funcionários ao nível do manuseamento do extintor em caso de incêndio e, simultaneamente, informá-los dos diferentes tipos existentes.

Estas acções têm uma duração

de 7 horas e compõem-se de uma vertente teórico-prática. Na primeira formação participaram cerca de onze funcionários, estando já previstas mais seis acções deste tipo que de-verão decorrer às quintas-feiras de forma a abranger grande parte dos trabalhadores da autarquia.•

O Projecto Rural Value, da Liga Para a Protecção da Natureza marcou presença na British Birdwatching Fair 2010, a maior feira de birdwatching do mundo, que decorreu entre os dias 20 e 22 de Agosto, na Reserva Natural de Egleton, no Reino Unido.

Apostando na promoção das acti-vidades de birdwatching e fotografia de natureza na Zona de Protecção Especial de Castro Verde junto de operadores turísticos, esta oportuni-dade permitiu dar a conhecer além fronteiras o património natural do Baixo Alentejo, e aprofundar a relação com os operadores que reconhecem e divulgam o trabalho da LPN em prol da conservação da avifauna da região, encaminhando até ao Cen-

tro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho os grupos de turistas que acompanham.

Com uma afluência de aproxima-damente 20 000 visitantes, oriundos de todo o mundo e cerca de 300 expositores, a BirdFair promove não só as novidades relacionadas com a indústria do birdwatching, como divulga também, a importância da conservação da avifauna e habitats associados. Este ano contou com a participação de operadores turísticos, algumas unidades de alojamento e ONGs, maioritariamente da Europa, além de empresas de equipamento (material óptico, fotográfico e de som, roupa e calçado) e livros especiali-zados e de arte ligada à temática.•

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço ambiente 15

Autarquiadisponibiliza Linhaambiente + Verde

A Câmara Municipal de Castro Verde colocou à disposição dos munícipes uma linha telefónica gratuita, com funcionamento 24 horas por dia, que vem dar apoio na resolução de questões relacionadas com o ambiente.

Através de uma chamada para 800 20 86 26, os residentes no concelho de Castro Verde, no período entre as 9h00 e as 17h30, poderão obter informações acerca da recolha de resíduos e solicitar a recolha de “mo-

nos” e outros resíduos que não têm lugar de depósito nos Ecopontos, bem como apresentar sugestões sobre questões ambientais.

Fora deste horário, as chamadas serão registadas e, posteriormente, reencaminhadas para os Serviços de Ambiente.

A medida tem como principal fi-nalidade dar apoio ao circuito de recolha de “monos” e criar uma maior proximidade entre os Ser-viços Urbanos e os munícipes.•

10º aniVersário Do cea De VaLe gonçaLinho

uma década a defender boas práticas ambientais

O Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho, no concelho de Castro Verde, está a comemorar o seu 10º aniversário. Inaugurado em Setembro de 2000 pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), este Centro pretende ser um local dinâmico e interactivo, situado em pleno coração da estepe cerealífera alentejana e numa área onde a LPN tem diversos projectos de investigação em curso.

O Centro dispõe de um Auditório (com capacidade para 40 pessoas), um Centro de Documentação Ambiental com material multimédia, uma área de exposições ambientais e produ-tos tradicionais, e de uma Oficina do Ambiente para a realização de experiências ilustrativas da estepe cerealífera. O CEA dispõe ainda de uma área de apoio logístico para técnicos que realizam estudos científicos na região.

Ao longo destes 10 anos, num ba-lanço ainda que sumário, o Centro terá sido visitado já por cerca de 20 mil pessoas, entre grupos escolares e outro tipo de visitantes, e garante ocupação a 12 técnicos que, a partir dele, desenvolvem vários trabalhos de preservação e de investigação.

Rita Alcazar, coordenadora deste espaço, diz ao “Campaniço” que ele “tem sido um desafio muito grande, que tem vindo a crescer com o passar do tempo e que constitui, também já, um grande desafio em termos de futuro” .

Rita Alcazar refere que “os muitos projectos que têm decorrido aqui”, sobretudo nas áreas da educação am-biental e do eco-turismo, “já atraem

muitos visitantes”. Contudo há que ter também a noção de que é funda-mental melhorar alguns aspectos”, nomeadamente “a promoção da re-gião em termos de eco-turismo e, na educação ambiental, aumentar a componente tecnológica” à disposição dos visitantes.

A coordenadora deste projecto e também rosto mais visível da LPN em Castro Verde sublinha que, em termos de projecto futuro, existe a ideia da construção de um outro Centro, pa-ralelo a este, sobre a Ciência e a Vida, a instalar numa outra propriedade que a Liga possui no concelho.

Rita Alcazar refere também que a

existência do Centro se tem assumindo “como uma sede regional da LPN no sul de Portugal” e “polarizado muitos projectos, não só de Castro Verde, mas também de outras zonas do Alentejo, como Alqueva ou Mourão”.

Entre os projectos mais emblemá-ticos desenvolvidos ao longo destes anos a LPN destaca o Programa Life Estepárias, da Comissão Europeia, que visa a conservação das aves de zonas estepárias, como a de Castro Verde; o Programa Rural Value sobre o aproveitamento dos sistemas agrí-colas e o combate à desertificação e um terceiro, sobre as questões mais urbanas, como o tratamento de lixos,

o Programa Orgânica Verde, especial-mente vocacionado para a redução dos resíduos orgânicos a colocar em aterro, através da promoção da re-colha selectiva destes resíduos e da compostagem.

Rita Alcazar realça o facto do Centro se manter activo 10 anos depois da sua fundação, “atravessando períodos nem sempre fáceis e nem sempre com as melhores condições”, mostra que, apesar de tudo, é sempre melhor resistir e persistir do que acabar e depois recomeçar”.

Com a abetarda como imagem de marca (“continua a ser a espécie em-blemática deste eco-sistema”, refere

Rita Alcazar”) o Centro de Educação Ambiental e as práticas ali desenvol-vidas ao longo dos últimos 10 anos (apesar da Liga estar implantada, com projectos, em Castro Verde há 17 anos) permitiram, por exemplo, que o número de exemplares contados nas Planícies de Castro Verde, que em 1997 rondavam os 400, seja hoje da ordem dos 1 400. Ou seja, em pouco mais de 10 anos a população de abe-tardas mais que triplicou em Castro Verde, em parte devido também à educação ambiental e à motivação empenhada das populações, com quem o Centro está directamente em contacto.•

rui cunha

José aLho

centro de educação ambiental do Vale gonçalinho

Lpn promoveu Zpe de castro Verde na british birdwatching fair 2010

800 208626

birdwatching

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço lazer & utilidades 16

Marta Correia SiMõeS Dietista

a organização Mundial de Saúde definiu que 400g é a quantidade ade-quada de frutas e produtos hortícolas que um indivíduo adulto deve ingerir diariamente: através da ingestão de três peças de fruta, legumes cozidos ou saladas. a sopa pode fornecer-nos uma boa parte dessa recomendação, mas infelizmente, o consumo desta refeição tem vindo a baixar, uma tendência que deverá ser contrariada se o objectivo é desfrutar de boa saúde. Pelo que tenho observado, a sopa, por vezes é sinónimo de desagrado. talvez se deva ao facto de muitas pessoas não saberem fazê-la ou então fazerem--na sem muito esmero. existem vários tipos de sopa, com sabores e texturas bem diferentes. Claro que uma sopa que tenha como principal compo-nente a batata e apenas mais um ou dois legumes não é uma sopa muito apetecível, e há algumas realmente desagradáveis. Numa alimentação equilibrada, o início do almoço e do jantar deve ser feito sempre com sopa. Criar esse hábito, é ganhar saúde. Deve habituar-se a fazer sopa, e a variar na sua confecção. Não faça a sopa sem-pre da mesma forma. existem tantas diferentes! Sopa de agrião, creme de coentros, sopa de feijão verde, creme de feijão, sopa de alho francês, sopa de grão com espinafres, sopa juliana, creme de cenoura, caldo verde, etc. os ingredientes que compõem uma sopa podem ser vários: cenoura, abóbora, batata, courgette, cebola, nabo, feijão, grão, ervilhas, alho, coentros, espinafres, couve, etc. Se fizermos uma sopa à base de leguminosas, não é necessário colocar a batata, pois ficaremos com um excesso de energia. Por exemplo, um creme de feijão pode ser confeccio-nado com o feijão manteiga, abóbora, cenoura e cebola. No fim, podemos colocar uns coentros picados para dar sabor. Para a sopa de grão com espinafres podemos cozer os grãos, com abóbora, cebola e courgette, bater tudo muito bem, colocar espinafres frescos, e no fim deitar um raminho de hortelã para enriquecer o sabor. Para que não tenha a desculpa da falta de tempo, no inicio da semana faça uma base de sopa, com cenouras, batata e/ou courgettes, alho, abóbora, cebola (ou

o u -tros in-gredientes da sua preferên-cia), congele ou conserve no frigorifico, e ao longo da semana vá adicionando ingredientes diferentes. Por exemplo, a um pouco da base já pronta adicione uma lata de ervilhas, bata tudo, e ficará com um aveludado creme de ervilhas, ou então coloque agriões frescos e ficará com uma de-liciosa sopa de agriões. esta táctica permitir-lhe-á comer sopa durante toda a semana e diversificar os sabores. Para quem come fora de casa ou não tem mesmo tempo para fazer sopa, este produto, felizmente, está cada vez mais acessível em restaurantes e supermercados. a sopa, em geral, engorda pouco. o mito de que a sopa com batata engorda, é falso, pois se a porção de batata que se põe na sopa for pequena, 1 a 2 batatas médias, a sua proporção torna-se insignificante. Não é preciso fazer a sopa sem batata quando se quer emagrecer. No entanto se preferir sopa sem batata, a cour-gette, não possuindo no entanto as mesmas características nutricionais, é uma boa opção para substitui-la. as sopas, dependendo dos ingredientes, são mais ou menos calóricas. Para uma quantidade de cerca de 350ml, o puré de legumes tem cerca de 132 Kcal, a sopa juliana 144 Kcal, o caldo verde 166 Kcal, puré de feijão cerca de 186 Kcal e o creme de grão com espinafres 207 Kcal. Na mesma quantidade, a canja de galinha apresenta cerca de 181kcal. No entanto, a canja não é sopa e sim um caldo de carne, que não apresenta as características nutricionais de uma sopa de legumes. Podemos enriquecer a canja, se ao cozermos o frango/ga-linha e a massa/arroz, adicionarmos uns quadradinhos de cenoura e umas rodelas de alho francês, pois torná-la--emos mais saborosa e aumentaremos o

seu con-

t e ú d o nutricional.

atenção: canja sem frango ou galinha, confeccio-

nada apenas com cubos de caldo de carne, é pouco saudável, pois estamos a acrescentar ingredientes prejudiciais à saúde, como gorduras saturadas e gorduras trans, açúcar e sódio. a maioria das crianças vê a sopa como um castigo. acredito que o seja para algumas. Comer sopa sempre igual ou simplesmente não comer é uma boa justificação para recusá-la. Para que as crianças aceitem comer sopa, é necessário que em casa seja criado esse hábito diariamente. Por isso os pais e familiares devem comê-la no início das principais refeições para dar o exemplo. Será benéfico para todos, e as vantagens deste prato são várias. Vejamos algumas delas. Uma sopa rica em legumes apresenta um baixo valor calórico, é muito rica em vitaminas, minerais, antioxidantes, água e fibras alimentares. a cozedura dos legumes amolece as fibras e disponibiliza o aproveitamento superior de vitaminas e minerais. ao cozermos os legumes, os seus nutrientes dissolvem-se na água, e como na sopa, a água da cozedura é aproveitada, permite um aproveita-mento muito completo do conteúdo nutricional dos alimentos utilizados. todos estes nutrientes são fundamen-tais para o bom funcionamento do nosso organismo. as vitaminas e minerais são essenciais pois entram na composição de várias estruturas como órgãos, músculos, ossos e san-gue. os antioxidantes funcionam como protectores porque limitam o papel cancerígeno de algumas substâncias. a sopa é hidratante uma vez que con-tribui de forma significativa para a satisfação das nossas necessidades diárias de água, e se enriquecermos a sopa com outros alimentos, esta

poderá também fornecer-nos outros nutrientes. Uma sopa com maiores quantidades de batata ou leguminosas pode fornecer maior quantidade de energia, verificando-se o mesmo com a gordura. além disso se enriquecermos as sopas com carne, peixe, ovo ou queijo, aumentamos o seu conteúdo em proteínas, transformando-a num prato principal. Quanto às fibras, são um remédio natural: têm um efeito saciante, que permite controlar o ape-tite em relação a alimentos menos saudáveis; regulam o funcionamento do intestino e consequentemente ajudam na prevenção de doenças associadas; ajudam a controlar a tensão arterial e actuam na redução do colesterol, prevenindo doenças cardiovasculares; reduzem o risco de alguns tipos de cancro; auxiliam no controlo do peso e também a tratar e prevenir a obesi-dade; reduzem a absorção de glicose, pelo que podem ajudar a melhorar o quadro dos indivíduos diabéticos. Segundo um estudo realizado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e alimentação da Universidade do Porto (FNaUP) com adultos portugueses, a sopa diminui risco de obesidade: após avaliação de 40 mil indivíduos, chegou-se à conclusão de que a sopa de legumes reduz o risco da doença em 11% nos homens e em 14% nas mulheres. Uma porção de sopa no total, tem poucas calorias e como é volumosa, dá saciedade, “forrando” o estômago, o que ajuda a atenuar a fome e reduzir a quantidade que se irá ingerir do 2º prato. No inverno, a sopa ajuda a aquecer, só pela sua tempe-ratura. a sopa ainda tem uma grande vantagem: é um produto económico. Com pouco dinheiro, consegue-se um alimento saudável, saboroso e con-fortante. a sopa é um remédio natural que auxilia no bom funcionamento do organismo. Hipócrates, o homem que foi considerado o pai da medi-cina, disse um dia: “Faz do alimento o teu remédio, e não do remédio o teu alimento”. Por isso, previna em vez de remediar. adquira este hábito saudável e coma sopa diariamente, pois estará a tomar um eficaz elixir para a sua saúde. •

SOPA um elixir para a saúde

Açorda de Amêijoas

1 kg de amêijoasCerca de 1 dl de azeite3 dentes de alho1 pimento verde1 ramo de coentrosSal, águaPão caseiro em fatias

Num tacho, coloca-se água ao lume até ferver. Noutro tacho, abrem-se as amêijoas e passa-se a água da sua cozedura por um pano. retiram-se as cascas. Num almofariz, pisam-se os alhos com os coentros, o sal e um pouco de pimento aos bocadinhos até fazer uma papinha. Deita-se esta mistura numa terrina, junta-se o azeite e o resto do pimento.

Mexe-se e junta-se a água a ferver e a água das amêijoas. adiciona-se o pão e as amêijoas.

Coelho bravo com molho de vilão(para seis pessoas)

2 coelhos bravos1 fatia grossa de presunto comgordura1 cebola1 copo de vinho branco, sal

Para o molho:3 colheres de azeite1 colher se vinagre1 colher de massa de pimentão1 cebolinha1 dente de alho picadoSalsa, sal e pimenta

Dá-se uma entaladela aos coelhos abertos ao meio, em água com cebola, sal e um ramo de salsa. escorre-se, enxuga-se a carne e assa-se nas brasas. Serve-se com o molho que se faz juntando todos os ingredientes crus.

Bolo à lavradora

8 chávenas de farinha6 chávenas de açúcar1 chávena de azeite1 chávena de mel4 ovosraspas de limão ou de laranja1 colher de chá de canela1 mão cheia de passas ou mesmofigos secos miudamente cortados

Bata muito bem as gemas com o açúcar. Junte o azeite e o mel e, continue a bater. Seguidamente misture a farinha, a canela, os frutos secos e bata muito bem. Por fim, misture as claras em castelo, envolvendo levemente. Leve ao forno em forma untada com manteiga e polvilhada com pão ralado. este bolo fica bastante grande.

receitas retiradas dos livros “Cozinha tradicional do alentejo – a Memória dos temperos”, de Maria antónia Goes e, “À Nossa Mesa com…Mel”, de Maria José Palma.

Fases Da Lua Informações Borda-d’água

saúde

reCeitaSAgricultura, Jardinagem e Animais Novembro Pomares, estercá-los no Crescente, e podá-los no Minguante; protegê-los das geadas. Plantar cerejeiras, pessegueiros, pereiras e macieiras, no Crescente. Na Horta, semear agrião, alface, cenoura, couves (com excepção da couve-flor) e brócolos. Plantar batata (nas zonas secas), alho, couve temporã, tremoço. Semear fava, ervilha e em camas quentes, alface, beterraba, cebola, nabiça, nabo, rabanete e tomate. Semear cereais de pragana, como a aveia, centeio, cevada e trigo. Colher azeitona e beterraba. Na adega, verificar as vasilhas do vinho novo. Destilar bagulho para fazer a aguardente. No Jardim, estercar covas para a plantação na Primavera, de árvores ou arbustos, e estercar as plantas contra o vento. Plantar bolbos de flores. Podar roseiras e plantar novas. animais: o gado transita para o regime seco com feno, palha e grão.

PEDRO PIN

hEIRO

Lua NovaQuarto CrescenteLua CheiaQuarto MinguanteLua NovaQuarto CrescenteLua CheiaQuarto Minguante

6 Nov 13 Nov 21 Nov 28 Nov

5 Dez13 Dez21 Dez28 Dez

CARLOS JÚLIO

Vamos à história da Sociedade. Quando é que foi fundada? Tem muitos sócios?

A Sociedade “Asas Verdes” foi fundada na década de 50, julgo que em 1954, pelo doutor Francisco Alegre e pelo senhor Vicente Silva. Este ano a Sociedade encestou 29 equipas, embora tenhamos mais alguns sócios que, no entanto, este ano suspenderam a actividade e não estão a enviar pombos. Esta época, o número de equipas deve manter-se nas 30 e nos 750/800 pombos que enviamos todas as semanas para as provas de velocidade e de meio-fundo. Em termos distritais, temos uma boa actividade e alguns resultados posi-tivos ano após ano. A meteorologia também manda muito, a força dos pombos também. Tudo tem a ver com os resultados em si. Mas na zona sul, as “Asas Verdes” de Castro Verde é a colectividade que mais pombos envia todas as semanas e também com o maior número de associados, segundo julgo, porque todas as outras têm menos concorrentes.Como é que se processa o “ser-se” columbófilo? Criam pombos, esco-lhem-nos, treinam-nos e mandam-nos aos concursos?

Os treinos começam em Janeiro e Fevereiro e a época vai até ao final de Junho. Em termos mais gerais, tudo começa com o acasalamento dos pombos, depois tiram-se os bor-rachos. Há quem faça uma selecção mais rigorosa e outros menos. Depois eles começam a ser treinados, a 5, 10, 20 ou 50 quilómetros, depende de cada um. Há quem esteja mais a sério e outros estão de uma forma apenas participativa. E isso depois também se reflecte nos resultados. Depende da maneira como está na columbofilia. E estamos a falar de um desporto apenas amador ou há já interesses económicos fortes na prática desta modalidade?

Quando se trata de um pombo cam-peão ele já vale dinheiro. Há colum-bófilos que vendem alguns dos seus borrachos (mas antes já compraram também pombos para reprodução, muitas vezes caros), enquanto há outros que preferem não comprar, nem vender, e que vão fazendo as suas criações. Quando se fala de um pombo cam-peão depende de quê? Dos treinos, da linhagem?

Isso vai muito por questões de sangue, de linhas de pombos, mas também com a apresentação, a qualidade das penas e das asas, os músculos…Ao olhar para um pombo, você que é um especialista, consegue descobrir

se ele é um campeão? Ou não se vê assim à vista desarmada?

Isto é assim: nós nunca consegui-mos entrar dentro deles nem saber o que está ali, mas parte-se do princípio que todos os pombos bons têm que ser bem constituídos. Estes são pombos-correio, o que quer dizer que regressam sempre ao pombal de partida?

Sim, embora muitas das vezes também se percam, derivado das condições atmosféricas. E isso é uma das coisas que faz com que a colum-bofilia seja uma coisa ingrata. Quando perdemos pombos que são ruins, a coisa passa e até nos esquecemos deles, mas muitas vezes perdemos pombos bons e andamos sempre à espera que voltem.Mas há uma percentagem grande de perdas por ano?

Depende muito. Há quem comece com 100 e acabe com 30, uns mortos e outros perdidos, e há quem comece com 60 e acabe com os mesmos 30. Isso depende muito da forma como são tratados e preparados, porque muitas vezes nos campeonatos de velocidade (a que também se chama o campeonato da fome) as pessoas mandam os pombos sem estarem preparados, fracos, menos bem ali-mentados porque há quem se conven-ça que os atletas com fome poderão vencer nesse tipo de campeonatos, porque estão mais leves e querem chegar mais depressa; mas muitas das vezes as condições atmosféricas não o permitem e eles como estão mais fracos resistem menos. Para além de terem piores resultados, têm também muitas perdas.

“Isto é um bichinho que nos entra dentro”

Você é um columbófilo experiente, de há muitos anos. O que é que há

de atractivo nesta actividade?Isto é um “bichinho” que nos entra

dentro, uma responsabilidade que vamos tendo dia a dia, ano após ano, a tratar dos pombos, a voar os pombos, a alinhar os borrachos, a encestá--los. O contacto com os animais é o principal e é o que nos motiva.Cada pombo é um ser individual e específico?

É isso exactamente. Todos eles são diferentes. Nós, que lidamos todos os dias com eles, sabemos os cacifos de cada um, os poleiros, quem são os pais e os filhos, conhecemo-los todos muito facilmente, um a um.E é uma actividade cara e dispen-diosa em tempo, não é?

Sobretudo, é preciso tempo. As pessoas dizem que a columbofilia é cara e que os pombos fazem muita despesa, mas muitas dessas pessoas quando dizem isso esquecem-se que, se estiverem na esplanada de um café, bebem cinco ou seis cervejas e fumam não sei quantos cigarros, o que acaba por ficar muito mais caro do que a columbofilia em si.Quem queira começar agora o que é que deve fazer?

Inicialmente deve vir aqui à colec-tividade para serem propostos como sócios e depois têm que adquirir as anilhas. Mas temos alguns sócios que nem sequer têm pombos. As pesso-as podem-se associar, mesmo sem praticarem a modalidade.Mas para começar um pombal o que é que aconselha?

Eu, com a experiência que tenho, se acabasse com os pombos e se depois voltasse à actividade ia a meia dúzia de columbófilos adquirir atletas de qualidade, comprados ou dados..Mas um pombo de qualidade pode já ser caro…

Sim, há muitas pessoas a compra-rem pombos, muitas das vezes caros e com pouca qualidade.

Um pombo pode custar muito dinheiro

Quanto pode valer um pombo?É uma coisa muito subjectiva. Pode

valer mil euros, mil e quinhentos ou dois mil, como pode valer só 300 ou 500. Tenho amigos que têm compra-do pombos muito caros, um deles ainda recentemente comprou um pombo que lhe custou 25 mil euros. E é esta a realidade. Mas como é que pode compensar comprar um pombo por esse di-nheiro? Há prémios elevados nas competições ou são os filhos desses pombos que vão valer dinheiro?

Isto é como tudo. Se formos ver, o Cristiano Ronaldo também não vale assim milhões de euros. Na colum-bofilia é o mesmo: há pessoas que têm dinheiro e que preferem pagar esse dinheiro todo por um pombo do que ir ver um jogo de futebol. São gostos e gostos não se discutem.Vocês, columbófilos, são mais trei-nadores do que atletas…

Sim. Os atletas são os pombos. Eles é que voam. Claro que o tratador também tem mérito. Se se tratarem mal os atletas, claro que os resultados ao fim-de-semana não serão aqueles que nós gostaríamos que fossem.Portanto, nem tudo decorre do facto dos pombos terem boa ou má linhagem. O treinador também conta…

Não. Os resultados dependem muito também do tratamento, dos treinos, tudo tem a ver.Como se treina um pombo?

Têm que ser treinados diariamente. Começa-se com um voo livre, por exemplo à segunda-feira à tarde, só para eles saírem; depois na ter-ça voam 20 minutos, na quarta, 25 minutos e assim sucessivamente. Como os encestamentos geralmente são ao sábado, na sexta-feira devem

voar entre 40 a 45 minutos de ma-nhã e à tarde.

Soltas de centenas de quilómetros

Os pombos de Castro Verde são soltos muito longe daqui?

Há soltas muito grandes. A maior, este ano, acho que foi de 760 quiló-metros, foi de Espanha.Um pombo, em média, leva quanto tempo a percorrer esses quilóme-tros todos?

Depende. Depende das condições atmosféricas. Se apanhar o vento favorável, pode fazer médias de 85/90 quilómetros por hora. Se apanhar chuva e vento contra, essa média pode baixar para 55/60 quilómetros por hora.E aguentam muitas horas a voar?

Sim, há pombos que, quando bem preparados e chamados às linhas de fundo, que são as provas com esse tipo de quilometragem e a que correspondem pombos com cer-tas características, diferentes dos velocistas (seria o mesmo que pôr o Obikuelo a correr a maratona), aguentam muitas horas a voar.E como é que está a Sociedade Asas Verdes servida de campeões?

Nós temos tido muito bons resul-tados nestes últimos anos. O meu melhor ano foi em 2007, ano em que a colectividade teve também bons resultados. Como já tivera também em anos anteriores, com o sr. Nuno Silva. O João Coelho tem tido também bons resultados, o Carlos Rodrigues... Agora temos uma dupla de Entradas também com bons resultados. E é nisto que nós trabalhamos e há uma dúzia de columbófilos muito bons na nossa colectividade. Têm praticantes femininas ou isto é um mundo só de homens?

Temos uma menina inscrita, mas foi o pai que resolveu meter o nome dela, que é a Luana de Entradas, e que este ano suspendeu a sua par-ticipação. No norte vêem-se muitas senhoras a tratarem dos pombos. Aqui para baixo, nem por isso.E têm uma grande variedade de idade, relativamente aos tratadores?

Há pessoas que têm 60 anos e que têm pombos. Há miúdos que estão a começar. Há de tudo. •

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço desporto 17

Os atletas são os pombosAntónio Coelho é o presidente da direcção da Sociedade Columbófila “Asas Verdes” de Castro Verde. Em entrevista ao “Campaniço” explica os “segredos” da actividade e dá a conhecer esta colectividade já antiga no concelho, e uma das principais da Zona Sul neste sector.

antónio coelho

Zézinha

Há muito estou para escreverChegou hoje a ocasiãoVou fazê-lo pelo jornalPois não tenho a direcção.

A ti querida ZézinhaVou dedicar este poemaHá muito que não te vejoMas de ti nunca me esqueço.

Quando receberes esta cartaRepara, toma sentidoLeva um beijo para tiE também para o teu marido.

Eu lembro muito o LuísE o filho dele igualDiz-me lá minha queridaQuando vens a Portugal.

Falo nas tuas meninasE também no teu sobrinhoDá-lhes muitos abracinhos E da Hélinha um beijinho.

Toda a vida tens vividoNessa paragem distanteDiz-me se custa muitoA vida de emigrante.

Nessas paragens FrancesasDiz-me se gostas de estarE à tua terra de OuriqueQuando pensas voltar?

Eu falo com a tua primaE digo-lhe com tristezaMeus sobrinhos nunca voltamÀ pátria portuguesa.

Eu desejo para todosSaúde e muita alegriaCampaniço vai levar-teSaudades, até um dia.

Campaniço vai depressaNão te percas no caminhoE a todos os leitoresTe esperamos com carinho.

Júlia Rodrigues—Loulé

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço leitores 18

NECROLOGIA

•António Francisco Caetano, 89 anos, Santa Bárbara de Padrões

•Arlinda Caetano Cavaco, 83 anos, Castro Verde

•Catarina Maria da Lança Guerreiro, 81 anos, Castro Verde

•Cecília Maria dos Ramos, 87 anos, Casével

•Celeste da Cruz Fragoso Faustino, 81 anos, Monte da Sete

•Clara Caçapo Pereira, 75 anos, Entradas

•Elisa da Piedade de Sousa, 86 anos, Alcabideche

•Eusébio Afonso Pereira Ferreira, 84 anos, Ferreira do Zêzere

•Florbela Mestre dos Anjos, 35 anos, Castro Verde

•Ildo Manuel dos Santos, 61 anos, Entradas

•Jacinto Silvestre Coelho, 82 anos, Castro Verde

•João Fernandes Colaço, 79 anos, Neves da Graça

•José Marçal Diogo, 77 anos, Castro Verde

•Joaquim Silvestre Palma, 75 anos, S. Marcos da Atabueira

•José de Brito Justo, 91 anos, Monte do Salto

•José Camacho Bonito, 76 anos, S. Marcos da Atabueira

•José Maria Estevens, 73 anos, Castro Verde

•Lucília Maria Estêvão, 81 anos, Castro Verde

• Luciana Candeias Guerreiro, 74 anos, S. Marcos da Atabueira

•Lucinda Costa Gonçalves, 87 anos, Monte da Sete

•Luís Nobre Silva, 83 anos, Castro Verde

•Manuel Agostinho Slva, 62 anos, Entradas

•Manuel Francisco Lourenço, 80, Aivados

•Manuel Guerreiro Miguel, 62 anos, Geraldos

•Maria Fernanda Alho M. Lopes, 62 anos, Castro Verde

•Maria Inácia, 94 anos, Casével•Maria Inês Baguinho Chaveiro, 82

anos, Castro Verde•Maria José Guerreiro, 84 anos,

Entradas•Maria José Rosalina dos Santos,

69 anos, Rolão• Maria Luciana Carminho, 79

anos, S. Marcos da Atabueira•Maria Nobre da Luz Contreiras

Pereira, 84 anos, Casével•Natércia Gomes Rodrigues, 89

anos, Castro Verde•Umbelina da Soledade Costa, 81

anos, Almeirim

AnA COlAçO C. M. CArrilHO COstAFaleceu a 02/09/2010 – Castro VerdeA família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

AntóniO MEstrE sElOrindOFaleceu a 31/07/2010 – Castro VerdeA família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam ou que de qualquer outro modo manifestaram o seu pesar.

MAnUEl dA EnCArnAçÃO PErEirAFaleceu a 02-07-2010 – Castro VerdeEsposa, filho e cunhada participam o falecimento do seu ente querido, agradecendo a presença de amigos e familiares no seu funeral.

AntóniO riCArdO M. n. COElHOFaleceu a 22-06-2010 - GeraldosSua mãe e sobrinhos e demais família agradecem todos quantos as acompanharam na sua dor e também aqueles que directa ou indirectamente manifestaram o seu pesar. Muito obrigado.

EdUArdO rOsA FErrEirAFaleceu a 11/8/2010 - Castro VerdeAgradecemos a todos os amigos e familiares que manifestaram o seu apoio e tristeza neste momento de imensa dor.É com muita saudade e amor que recordamos o nosso pai, marido e avô, que estará sempre no nosso coração.

JEsUínA MAriA MEstrEFaleceu a 28/07/2010 – NamoradosA família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam, ou que de qualquer outro modo, manifestaram o seu pesar.

JOsé FrAnCisCO GUErrEirO CAMACHOFaleceu a 18/9/2010 - EntradasA família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

MAnUEl AlFrEdO dO nAsCiMEntO40 Anos - Castro VerdeA família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

sérGiO CAEtAnOFaleceu a 25/9/2010 – França / CasévelA família agradece a todos os que prestaram a sua última homenagem até à sua última morada, ou que de outra forma lhe manifestaram o seu pesar.

AntóniO ViCEntE MEstrEFaleceu a 19-08-2010 – Castro VerdeHomenagem de sua esposa e filhos, os quais o recordarão com eterna saudade. A família participa o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

O tempo que passa

Tudo, às vezes, se transformaE o tempo passa a correrHoras parecem minutosVejo o sol a desaparecer.

O ontem já passouHoje estamos a viverAmanhã o que Deus quiserE o dia passa sem querer.

Todo o mundo hoje correNem um segundo para atenderNem olham, nem reparamNão dá para perceber.

Para outros, tempo não existeVivem a correr sem pararDizem que o tempo é dinheiroPor isso só fazem é galopar.

Neste mundo não há tempoDe olhar de frente as pessoasHá tempo para tanta maldadeFalta tempo para coisas boas.

O tempo apaga tudoDesde que haja razãoMas o tempo também nos mostraO amor no coração.

Há pouco tempo para viverPara viver com dignidadeParece impossível que existaAinda tanta maldade.

Neste mundo ninguém ficaOnde não há tempo para viverNão vale a pena tanta vaidadeRico ou pobre vai morrer.

Quando um indivíduo é novoTudo lhe corre de feiçãoQuando começa a ser velhoÉ que é uma confusão

I

Perde noites a dançarVai para onde lhe apeteceE quando o sono apareceNão tem com que se preocuparVai para casa descansarEssa atitude é que eu louvoNão olha ao que diz o povoE não faz o que ele dizTem uma vida felizQuando um indivíduo é novo.

II

Bebe cerveja ou vinhoO corpo tudo devoraAnda bem a qualquer horaDepressa ou devagarinhoSe se engana no caminhoNão tem preocupaçãoSe tem uma desilusãoDepressa se recuperaNão precisa de estar à esperaTudo lhe corre de feição.

III

Mas quando tem mais idadeTudo começa a mudarÉ a vida a avisarQue já lá vai a mocidadeEsta é que é a verdadeQue não precisa de conselhoMostra-nos o cartão vermelhoA retracção é maiorMuda tudo para piorQuando começa a ser velho.

IV

Começa a ficar cansadoO corpo já não aguentaQuando passa dos sessentaÉ que a porca troce o raboTem dores em todo o ladoNas costas, no coraçãoAinda se arma em valentãoFinge uma certa alegriaMas quando perde a garantiaÉ que é uma confusão.

Manuel Colaço Pedro—Santa Bárbara de

Padrões

HéldEr MAnUEl dOMinGOs dA PAlMAFaleceu a 25/9/2010 – NamoradosPais, esposa, filha, sogros, cunhado, tias, tios, primos e restante família, cumprem o doloroso dever de participar o falecimento do seu ente querido ocorrido no dia 19/09/2010, e na impossibilidade de o fazer individualmente vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que o acompanharam à sua última morada ou que de qualquer outra forma manifestaram o seu pesar.

Caro Manuel,Criou um mote cheio de verdade. Obrigado pelas suas décimas. Mande sempre!

Cara Júlia,Esperamos efectivamente que “O Campaniço” cumpra a viagem e leve este abraço de amizade à sua amiga Zézinha.

Caro Fernando,Obrigade por estes versos sobre esse bem tão precioso: o tempo. É importante aproveitá-lo para as coisas boas da vida. Mande Sempre!

Fernando Revés

Pedaço de Chão Sagrado

A minha terra deixeiCom muita tristeza então,Mas comigo a leveiCá dentro do coração.

Coração que ainda choraCom saudades de ti,Saindo me fui emboraMas nunca me esqueci.

Eu volto de vez em quandoPrá minha terra abraçar,Ai quantas vezes lhe cantoPara saudades matar.

Dou-te um beijo com carinhoÓ minha terra querida,Tu fazes doce cantinho Ai parte da minha vida.

Terra quente abrasadoraDe ti eu tenho vaidade,Recordo-te a toda a horaE vivo cheio de saudade.

Alentejo és PortugalNo meu peito ancorado,És minha terra natalPedaço de chão sagrado.

Chico Bento - Suíça

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço leitores 19

APeSAr de me enCOnTrAr a alguns milhares de kms de Castro Verde e Portugal, não deixo de acompanhar através da leitura on-line dos principais órgãos de comunicação portugueses, incluindo o bi-mensário que V. Ex.ª superiormente dirige, as notícias sobre Portugal, e em especial sobre Castro Verde, vila e região à qual fiquei ligado por muitos e bons laços de amizade e também pelos momentos que aí vivi, mas que devido a razões da minha vida particular, fui forçado a deixar.

Numa dessas minhas leituras, ao ler a edição de Janeiro de 2009, e ao tomar conhecimento das festividades de Natal e Ano Novo, que tiveram lugar por todo o concelho de Castro Verde, li um relato feito ao, que como sempre ocorre, excelente concerto proporcionado pela Banda de Música da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro, na Basílica Real de Castro Verde.

Ao ler esta notícia, deparei-me com o seu teor, onde é realçado o profissionalismo demonstrado hoje em dia pelos seus actuais dirigentes e executantes, a qualidade e diversidade do repertório apresentado no presente momento pela Banda de Música da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro, baseado na variedade de estilos, épocas e até de uma certa erudição.

Como diz o nosso povo, na sua imensa sabedoria, “Quem não se sente, não é filho de boa gente”, eu, na qualidade de que fui dirigente durante 10 anos, senti-me atingido. Não só eu, mas penso que também todos aqueles que durante esses mesmo 10 anos me acompanharam nos diferentes elencos directivos dos corpos gerentes que dirigiram a Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro, e onde deram o seu melhor para que esta colectividade seja aquilo que é hoje, uma instituição respeitada.

Com esta carta não quero levantar qualquer polémica, mas única e simplesmente fazer notar algumas das bases do trabalho que é apresentado hoje, foram lançadas durante esses mesmos 10 anos, e passo a demonstrar, com alguns factos que me ocorreram na altura:

Quando tomei conta da colectividade, apesar de haver suporte financeiro acumulado, segundo o que me foi dado a conhecer na altura, a colectividade esteve em risco de fechar as portas. O instrumental era desajustado às necessidades da Banda de Música, os fardamentos passavam de elemento mais antigo para elemento mais novo, o salão de festas estava a cair, a colectividade fechada sobre si própria.

Com a entrada de uma nova geração de dirigentes, houve uma abertura a outro tipo de iniciativas para angariação de verbas, não só as tradicionais, pois o único apoio externo existente na altura era, como ainda se mantém, o Protocolo de Colaboração, assinado com a Câmara Municipal de Castro Verde, mas também o recurso a verbas disponibilizadas por diferentes organismos quer públicos, quer privados, através de candidaturas apresentadas, situação essa que era desaprovada por pessoas da altura. Foi com este tipo de ajudas que:- Foi modernizado o instrumental, apostando em instrumentos já

com alguma qualidade e que possibilitam um melhor desempenho aos executantes;- A renovação do fardamento, que era o que tinha saído à rua pela

primeira vez em Março do longínquo ano de 1983, aquando da formação da Banda de Música;- A remodelação do Salão de Festas;- A aposta na formação dos executantes, baseada na inscrição destes

na Academia de Música de Beja, que deu origem ao actual Conservatório Regional do Baixo Alentejo, e respectiva comparticipação no pagamento das mensalidades, formação essa que melhorou, consideravelmente, a qualidade de execução da Banda de Música.- A participação da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro

em todas as instituições, quer regionais, quer nacionais, que tivessem por fim a defesa da música em geral, e das filarmónicas em particular, como foi o caso de ter sido sócia-fundadora da actual Federação de Filarmónicas do Distrito de Beja, que originou a criação, muito recentemente, da Associação Regional de Bandas de Música do Alentejo, a Além-Tejo Música.

Não querendo ser juiz em causa própria, todo este trabalho, apesar de voluntário, era feito por todos nós com gosto, prazer e dedicação, porque não dizê-lo, com algum profissionalismo e também com muito tempo tirado às nossas famílias, e por vezes, às nossas obrigações profissionais.

Como disse atrás, não quero levantar polémicas. Servem estas palavras para mostrar um pouco do trabalho realizado por nós, dirigentes, e que por vezes sentíamos não ter a devida correspondência por parte de alguns executantes, demonstrada por algum desinteresse, e porque dizê-lo, com alguma falta de profissionalismo na sua participação nas actividades da Banda de Música, apesar de constantes apelos à alteração de atitudes e comportamentos por parte, quer de dirigentes, quer de maestro.

Depois de tudo isto, faço a pergunta, sem querer pôr em causa o trabalho dos actuais dirigentes e responsáveis, mas será que os dirigentes e responsáveis de hoje demonstram maior interesse, maior dedicação, maior entusiasmo pela vida da colectividade, para que haja, e congratulo-me com isso, mais qualidade no desempenho da Banda de Música?

Isaurindo Mourato

Caro António,Aqui fica a narrativa poética e sentida de um acidente que vitimou um amigo. E que desta situação possamos tirar os conselhos apropriados. Mande sempre. Obrigado.

Caro Zé,Obrigado por estes curiosos versos. Abraço.

Caro Chico,Uma vez que publicamos neste Campaniço uma conversa com emigrantes, os seus versos vêm mesmo a calhar. Obrigado.

I O senhor mestre veio à vilaA fim de umas compras fazerMas quem havia de dizerQue a viagem corria malA gasolina foi-lhe fatalSenhor mestre veio a morrer.

IIA motorizada explodiuLogo que foi o acidenteDespediu-se de toda a genteUm adeus para nunca maisO mestre não voltou maisA gasolina provocou o acidente.

IIIEu nunca vi coisa assimNão quero pensar em talUm acidente brutalVitimou o senhor guerreiroNão encontrou um parceiroQue o desviasse do mal.

IVAo patrão mandou um recadoAs ovelhas não têm pastorNinguém conheceu a dorMelhor que o senhor guerreiroA gasolina foi um erroPôs em chamas o pastor.

VDepois do acidente passar Todos ficaram a olharSem qualquer explicaçãoNinguém arranjou soluçãoViram o guerreiro a arderNinguém o pode defenderGasolina deu em azar.

VIUma ideia para quem ficaCom gasolina não se deve brincarVeja o que pode arranjarParece que é brincadeiraPois não caia na brincadeiraDe gasolina transportar.

VIITodos gostamos de dar conselhosÉ um não somos capazMas veja bem o que fazPara não se arrependerCom a gasolina veio a morrer Senhor mestre tão bom rapaz.

VIIINão conhecemos os nossos errosMas todos erramos na vidaTodos sabemos que a partidaO erro pode ser fatalSó quem brinca com o malPode assim perder a vida.

IX Esta vida sem retornoQue abrasou de pequeninoNunca sonhou o destinoO que lhe podia acontecerCom gasolina veio a morrerSenhor mestre tão mau destino.

XUma vida em cama duraE sempre a contar estrelasAs ovelhas suas companheirasO cão está sempre por pertoAgora já nada espertaCá deixou as suas ovelhas.

XIToda a vida foi pastorE não conheceu outra vidaPorque não teve outra saídaNem sequer aprendeu a lerÉ só o que sabia fazerSenhor mestre, triste despedida.

XIINão se pode despedirMas que morte tão severaSão coisas que ninguém esperaQue parecem de imprevistoUma coisa nunca vistoA morte está sempre à espreita.

António Leandro Santos—Entradas

O manuel e o Patrão

Tinha ali na herdadeMuita gente a trabalhar,Logo o Manuel SerpenteComeçou a namoriscar.

Vendo aquilo o patrãoO Senhor Manuel Louro,Disse aqui só há dois machosSou eu e mais o touro.

O Manuel atrapalhadoQue a vaca andava aluada,O touro estava doenteNão podia fazer nada.

Ao patrão telefonouEstá lá, Senhor Manuel,Vou-lhe contar este casoQue se passa com o pincel.

A vaca anda aluadaDisse o Manuel Serpente,Não sei o que hei-de fazerO pincel está doente.

Vá lá, resolva o casoSenhor Manuel por favor,Quer que solte o burro à vacaOu vai lá o Senhor?!

Zé Bento—Suíça

agosto•setembro•outubro 2010 O Campaniço notícias 20

Autarquiasubscreveu Campanha Mundial Contra a Fome

Num mundo em que a fome é cada vez mais uma realidade constante, a Câmara Munici-pal de Castro Verde procedeu à subscrição da petição para a Campanha Mundial Contra a Fome. Esta iniciativa é da respon-sabilidade das Nações Unidas, através da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO), e tem como objectivo a recolha de, pelo menos, um milhão de assinaturas online (e em papel) para uma petição contra a fome no mundo.

A subscrição da petição pode ser feita através do site www.1billionhungry.org/ana-mulher/.

Programa Actividade Com’Vida iniciou nova época

O Programa Actividade Com’Vida iniciou uma nova época, onde volta a promover um conjunto de projectos que visam envolver a população. O “Desporto Sénior”, abrangendo todas as freguesias, o “boccia”, a decorrer nos lares e Centros de Dia, o “Agita a tua vida!”, que apresenta propostas de ginástica de manutenção e futsal, já se encontram a funcionar. Tam-bém as Escolas de Natação e actividades aquáticas iniciaram a sua actividade, embora limita-da, na valência de Reabilitação, por falta de recursos humanos. Todas as informações para aderir ao Actividade Com’Vida devem ser solicitadas no Gabinete de Desporto da Autarquia.

Casa do Benfica forma Equipa de Futebol Feminino

A Casa do Benfica de Castro Verde formou, recentemen-te, uma equipa feminina de futebol de 7 que, nesta época desportiva 2010/2011, irá disputar o Campeonato da 2ª Divisão Distrital, a ter início no final do ano.

Nesta equipa encontram-se envolvidas cerca de 35 rapa-rigas, com idades compreen-didas entre os 13 e os 30 anos de idade, que no passado dia 9 de Outubro, disputaram um Torneio de Futebol Feminino, no Estádio Municipal 25 de Abril, em Castro Verde. A competição contou também com a presença das equipas de Futebol Feminino do Mineiro Aljustrelense e da equipa do Ourique Desportos Clube.

b r e v e s

rEFEr suspende obras

A REFER comunicou à autarquia que está a proce-der à revisão do seu plano de investimentos, onde se inclui o protocolo assinado com a Câmara Municipal de Castro Verde que tem como objec-tivo as obras de supressão e reclassificação das passagens de nível na Linha do Alentejo e Ramal de Neves-Corvo.

Segundo informações, por motivos do Plano de Estabili-dade e Crescimento, a REFER procederá, posteriormente, à apresentação de novas datas para realização das interven-ções.

Convívio de Pesca Anual integrou Campeonato de Achigã

No passado dia 26 de Setem-bro, os amantes da pesca despor-tiva reuniram-se na Barragem do Monte da Rocha, pelo terceiro ano consecutivo, para disputa-rem o Campeonato de Pesca do Achigã. Durante a manhã, os 38 participantes na iniciativa competiram entre si, tendo o convívio ficado para a parte da tarde, onde decorreu ainda a entrega de prémios. Os vence-dores do campeonato foram: 1º Manuel Cascalho (C. Pesca Arraiolos) 2º Samuel (Individual) e 3º Rui Matos (AMBB).

A iniciativa foi uma organi-zação da Equipa de Pesca da Associação de Moradores do Bairro dos Bombeiros e ficou marcada pelo número crescente de participantes.

A melhor época Balnear de sempre

A taxa de utilização das Pisci-nas Municipais de Castro Verde registou a maior frequência de utilizadores de sempre, durante a Época Balnear 2010. Os núme-ros revelam que, em relação ao ano de 2009, este Verão, cerca de mais 3258 pessoas utilizaram as Piscinas Municipais. Entre 15 de Junho e 15 de Setembro foram 16.659 as pessoas, crian-ças e adultos, a usufruir deste equipamento municipal.

Naquele que foi um dos Ve-rões mais quentes de que há memória, com os termómetros a registar cerca de 40 graus, a maioria dos dias, muitas crianças e jovens, em tempo de férias, aproveitaram para ir a banhos.

O equipamento serviu, igual-mente, para o desenvolvimento de algumas actividades aquá-ticas da responsabilidade dos ATL’s de Verão, do Programa “RIR em Movimento” e dos Jardins de Infância.

amaLga

Canil/Gatil já em funcionamento Já se encontra em funcionamento,

desde o passado dia 1 de Julho, o Ca-nil/Gatil Intermunicipal da AMALGA, um projecto conjunto dos municípios de Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Bar-rancos, Beja, Castro Verde, Moura, Serpa e Vidigueira.

O edifício que acolhe o Canil/Gatil comporta uma recepção, um escritó-rio, um gabinete para veterinários, uma sala de operações, farmácia, balneários, arrecadação e zona de isolamento de animais perigosos. Esta infra-estrutura vem, assim, res-ponder à problemática dos animais

errantes, tendo em conta os mais altos parâmetros ambientais e de

bem-estar ambiental. Numa fase de trabalho inicial, o Canil/Gatil Inter-municipal da AMALGA encontra-se centralizado na recolha de animais abandonados, retidos nas diferentes instalações municipais que integram o projecto. Desde que abriu portas o equipamento recolheu já 26 animais, na sua maioria caninos e assistiu a um processo de adopção.

Numa fase experimental de seis meses, a infra-estrutura vai funcio-nar com dois veterinários rotativos, que se encontram a dirigir o espaço durante dois meses cada.•

Castro Verde inova com compostores comunitáriosA população de Castro Verde é das primeiras do país a poder fazer compostagem comunitária.

Os munícipes que não tenham com-postor em casa podem agora colocar os resíduos orgânicos das suas cozi-nhas (como cascas de fruta, restos de vegetais crus, borras de café, sacos de chá e cascas de ovos) ou folhas secas, num dos compostores comunitários que se encontram na vila.

Através do Projecto Orgânica Ver-de, promovido pela LPN em parceria com a Câmara Municipal de Castro Verde (CMCV) e financiado pelo me-canismo de financiamento Europeu EEAGrants, foram colocados quatro compostores na vila de Castro Ver-de (Praça do Município, Rua da Urze (Bairro da Navarra), Rua Luís Vaz de Camões (Cerca dos Pinheiros), Av. Dos Bombeiros (em frente ao Aparthotel) e um na vila de Entradas, perto do Centro de Dia.

O composto produzido nestes com-postores será para usufruto dos que nele colocarem material e colabora-rem na sua manutenção. A ideia é que os moradores de cada bairro se organizem entre si para realizarem a manutenção do compostor, revolvendo e humedecendo o futuro composto, sempre que necessário. Pretende-se também que sensibilizem, nomea-damente os seus vizinhos para não colocarem materiais que não sejam adequados ao compostor, como sacos

plástico, comida cozinhada, lixo com destino a ecopontos ou outro não compostável, conforme descrito na placa do compostor.

Os munícipes que desejem partici-par podem solicitar à LPN ou à CMCV um manual de compostagem e um mini-balde do projecto, que poderão colocar na sua bancada de cozinha para depois despejarem directamente no compostor.

Relativamente a grandes quanti-dades de resíduos verdes resultantes de limpezas de jardins, estes deverão continuar a ser encaminhados para

a Unidade Municipal de Composta-gem. Para tal, os munícipes podem entregar estes resíduos directamente no espaço que se localiza ao lado da capela de S. Sebastião, no Rossio do Santo ou, em caso de impossibilida-de, solicitar a sua recolha através da Linha Ambiente + Verde.

Alerta-se, no entanto, que os mu-nícipes não colocar ferros, arames ou outro tipo de resíduos não orgânicos misturados com os resíduos verdes, pois estes poderão danificar as má-quinas usadas na Unidade Municipal de Compostagem.•

Compostor comunitário

Canil/Gatil Intermunicipal

Câmara editou livro “As Visitações daOrdem de Santiago”

No âmbito das Comemorações dos 500 Anos das Doações dos Forais de Castro Verde e Casével, por D. Manuel I, foi lançado, no passado dia 23 de Setembro, no Fórum Municipal de Castro Verde, o livro “As Visitações da Ordem de Santiago no concelho de Castro verde no século XVI”, da autoria do Professor João José Alves da Costa.

Uma edição da Câmara Municipal

de Castro Verde, que nos dá conta da realidade do concelho na época de Quinhentos, através das, descri-ções feitas pelos frades de Santiago. Através deste trabalho, o leitor entra na realidade social e religiosa do concelho; olha os espaços de de-voção e os rituais de oração; cola mais algumas peças ao puzzle da memória e constrói um pouco mais da história do nosso concelho.•