Ocupação Humana no actual Concelho de Alenquer, no II Milénio a. C.

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Calcolhitic and Bronze Age research

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Desta fonna singela mas nem por isso menos sentida, agradeço a todos aqueles que de fonna consciente ou involuntaria contribuiram de alguma fonna para a conclusào deste trabalho:

Àminha màe Arq. Abilio Narciso Ana Carolina Gomes Dr.' Andreia Costa Ant6nio Coelho Beatriz Matos Pires Doutora Conceiçào Lopes Dr.' Cristina Esteves Doutor Domingos Cruz Dr.' Eunice Araujo Fatima Espirito Santo Fernando Gamboa Dr. Filipe Rogeiro Idalina Esteves Jaime Gomes Joào Miguel Gomes José Ant6nio Gomes Dr. José Luis Madeira Arq. J osé Augusto Maria Eugénia Pacheco Eng." M6nica Esteves Paulo Carvalho Paulo Machado Pedro Pires Rosario Espirito Santo Saul Pancadares

E também às empresas:

Embapac, Lda. Paviquer, Lda.

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indice

l. Introduçao .............................................................................................. 5

2. o ambiente e os recursos ...................................................................................................... 6 2.1 Geografia e geologia ................................................................................. 6 2.2 Os recursos naturais ................................................................................. 6

3. O Calcolitico .......................................................................................................................... 9 3.1 Caracterizaçào geral. ................................................................................. 9 3.2 O Calcolitico Final e a transiçào para a Idade do Bronze ........................................ 9 3.3 O Calcolitico em Alenquer ......................................................................... 10

4. A Idade do Bronze .............................................................................................................. 13 4.1 Os recintos de habitat ............................................................................... 13 4.1.1 Breve introduçào cronologica .................................................................. 13 4.1.2 Sobre a terminologia utilizada .................................................................. 13 4.1.3 A funçào habitacional. .......................................................................... 14 4.1.3.1 O Alto daPeça ................................................................................. 14 4.1.3.2 O Castro das Curvaceiras / AmaraI. ........................................................ 15 4.1.3.3 O Castro da Pedra do Ouro. . ..... . ..... . . . . . . .. .. . . . . . . .. . .. . . . . . . . .. . .. .. . . .. .. . ......... 16 4.1.3.4 O Castro de Ota ............................................................................... 16 4.1.4 lnterpretaçào ....................................................................................... 17 4.1.5 A "invisibilidade" dos locais de habitat ........................................................ 18

4.2. As necropoles ......................................................................................... 18 4.2.1 Visibilidade ou invisibilidade da morte na Idade do Bronze ................................ 18 4.2.2 A necropole da Pedra do Ouro ................................................................... 19 4.2.3 A gruta de Refugidos ............................................................................. 20 4.2.4 O Cabeço da Raposa .............................................................................. 20 4.2.5 Hipoteses ............................................................................................ 20 4.3. Os achados ocasionais ............................................................................... 21 4.3.1 Acerca dos achados ocasionais ....................................................................................... 21 4.3.2 Os achados ocasionais em Alenquer ............................................................ 22 4.3.2.1 O problema da localizaçào dos achados ..................................................... 22 4.3.2.1.1 A espada do Moinho do Raposo .......................................................... 22 4.3.2.1.2 O machado da Quinta da Escota .......................................................... 23 4.3.2.1.3 O achado dos Casais das Pedreiras ou da Serra da Neve .............................. 24

4.3.3 Tentativa de interpretaçào ........................................................................ 24

5. A emergencia de elites ............................................................................... 26 5.1 A alteraçào social. ................................................................................... 26 5.2 Os artefactos de poder ............................................................................... 26 5.3 A ocupaçào do espaço ............................................................................... 27

6. O territorio de Alenquer no contexto da Idade do Bronze ................................... 28

7. Conclusao ............................................................................................... 31

Bibliografia ................................................................................................ 32

Anexos ...................................................................................................... 36

Glossario ................................................................................................... 37

indice de figuras ....................................................................................................................... 38

indice de mapas ........................................................................................................................ 39

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1. Introduçao

Este trabalho realizado no ambito do seminano de licenciatura de Historia - variante de Arqueologia da Universidade de Coimbra surge como forma de conclusào da mesma.

A escolha do Concelho de Alenquer como objecto deste estudo é urna escolha voluntaria, fomentada por urna grande nostalgia das paisagens vividas que actualmente estào em grande transformaçào.

O concelho de Alenquer é urna entidade politico-administrativa contemporanea, como tal, nào é correcto pretender estudar este espaço adrninistrativo actual como urna realidade diferenciada do seu espaço circundante.

O facto do espaço escolhido ser um concelho nào limita o conhecimento de urna determinada regiào natural - que nào conhecia fronteiras administrativas no II milénio a.c. - porque o estudo apresenta simultaneamente perspectivas micro, macro e trans-regionais. Na actualidade a existencia de fronteiras adrninistrativas nào obsta a urna certa uniformizaçào geografica, economica e cultural de toda a Estremadura Portuguesa.

O estudo dos Homens que habitavam a regiào escolhida, na ldade do Bronzee, e a sua relaçào com: o espaço, a paisagem, os recursos e os seus semelhantes - tanto os locais como os exteriores, sào os objectivos principais a que me proponho.

É objectivo desta investigaçào, perceber toda a interacçào humana, com os meios que lhe estào disponiveis: naturais, humanos e tecnologicos.

Compreender como é que a localizaçào geografica da Estremadura Portuguesa - situada a meio carninho entre o Sul Mediterranico e o Norte Atlantico, servida por dois dos mais importantes rios do territorio Portugues, autenticas "auto-estradas" para o interior do territorio: o Tejo e o Sado; potenciou o desenvolvimento destas sociedades e promoveu um estimulo economico às sociedades do interior do territorio.

É também um objectivo deste trabalho fazer um inventario exaustivo do espolio metalico do Museu Municipal de Alenquer "Hipolito Cabaço" (MMAHC), no sentido de aferir a existencia ou a ausencia de materiais, provenientes de sitios inéditos eque possam ser atribuidos cronologicamente à ldade do Bronze; assim como da existencia de materiais inéditos dos locais ja estudados.

No àmbito da investigaçào foi feita urna prospecçào em alguns sitios pré-definidos com o intuito de perceber a sua inserçào ou exclusào do periodo cronologico a estudar.

Contudo importa referir que qualquer estudo do passado é sempre· urna reconstituiçào condicionada pela forma como o arqueologo pensa o mundo que o rodeia. A sua formaçào, ideologia e convicçòes, sào sempre factores que influenciam a torma como este percepciona aquilo a que se propòs estudar. Nenhum ser humano é imune à forma como a sociedade que o rodeia interage com ele proprio, e a forma como ele interage com a sociedade envolvente. Como tal, qualquer reconstituiçào representa sempre urna imagem idealizada pelo investigador.

Assim sendo, o trabalho do arqueologo visa fundamentalmente por questòes, que possam promover urna maior investigaçào no futuro; e nunca dar por concluida a investigaçào.

Os limites temporais escolhidos sào urna tentativa de melhor perceber a ldade do Bronze. Para perceber este periodo é importante compreender como vivia o Homem nos periodos cronologicos anterior e posterior. O Il milénio a.c. é um periodo de cambios em que se assiste ao desmembramento do Ca1colitico·, ao desenrolar da ldade do Bronze, e à emergencia dos primeiros artefactos sidéricos· .

Vanas limitaçòes se impòem quando se pretende fazer urna investigaçào; desde logo o caracter acidental dos achados ocasionais, e a localizaçào imprecisa dos mesmos, o que originou a tentativa da sua localizaçào geografica.

Outras limitaçòes sào as condiçòes em que os "povoados" toram escavados, as informaçòes extraidas e os métodos de escavaçào utilizados na prime ira metade do séc. XX, o que reduziu a informaçào recolhida; felizmente a arqueologia e todas as ciencias evoluiram e hoje as informaçòes e os registos de urna escavaçào dariam urna intormaçào muito mais completa.

E ainda as limitaçòes proprias do autor deste trabalho: limitaçòes de tempo e as limitaçòes de caracter técnico-cientifico.

Ao estudar os vestigios arqueologicos do concelho, deparamo-nos sempre com o enorme trabalho desenvolvido por Hipolito Cabaço - a expensas suas e numa regiào onde nào Ihe era favoravel desenvolver este tipo de trabalho. Deixo a rninha homenagem à memoria desse ilustre arqueologo do século passado, e a todo o trabalho por si desenvolvido, pela piena consciencia de que este trabalho so é possivel graças ao espolio por si deixado.

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2. O ambiente e os recursos

2.1 Geografia e Geologia

o territorio do actual concelho de Alenquer, situado na provincia da Estremadura e no Distrito de Lisboa, tem urna superficie de aproximadamente 302 krn2. O Rio Tejo posiciona-se a Este deste territorio e a Serra do Montejunto - também conhecida como Serra da Neve - posiciona-se a Norte é a sua estrutura orogratica mais importante. A Oeste a Serra Galega e a Serra Alta sào os acidentes geograticos mais marcantes, e a Sul a Serra do Amaral é um marco importante da paisagem. (mapa l).

Essencialmente o territorio é repleto de acidentes geograticos a Oeste, a Este as planicies predominam e abrangem cerca de dez por cento do territorio. É um espaço de chameira entre o maciço calcano Estremenho e as planicies aluviais do Tejo.

A geologia do Concelho é dividida em tres zonas morfologicas importantes: a Este a planicie aluvial do Tejo, que é urna zona que começa a Sul de Vila Nova da Rainha e que se estende até Vila Franca de Xira. Na zona Centrai do Concelho a zona terciiuia abrange essencialmente as zonas entre Ota, Alenquer, Carregado e Vila Nova da Rainha. Na zona Ocidental do Concelho, existe um extenso maciço do Jurassico superior (l).

As rochas mais representadas na regiào sào os calcanos, calcanos com nucleos de silex e quartzos.

É de referir a existencia de algumas chaminés vulcfuùcas, como a de Santa Quitéria de Meca e das Coteinas; estes afloramentos de rochas eruptivas sào constituidos por andesitos (anfibolicos e labradoricos), traquitos, doleritos, teschenitos, basalto s, etc.

Os solos sào constituidos essencialmente por areias, areias argilosas, argilas, argilas com manchas ferruginosas, margas, saibros, grés e grés feldspaticos (Zbyszewski, 1965).

2.2 Os recursos naturais

A agricultura e a pastoricia seriam as actividades produtivas mais importantes praticadas pelo Homem ha quatro mil anos, por isso, o estudo da fertilidade dos solos nesse periodo é um elemento essencial para perceber a fonna como estes se relacionavam com o meio que os rodeava.

A carta de uso e capacidade dos solos da regiào ainda nào foi publicada, como tal so posso inferir acerca da fertilidade dos mesmos pela observaçào directa das culturas praticadas e através da carta agricola e florestal (2).

Num periodo de quatro mil anos os solos estào sujeitos a vanos fenomenos de erosào e de deposiçào, por isso inferir a qualidade dos solos no II milénio a.c. pelo estudo dos solos actuais é um risco, pelo que qualquer conclusào a que possa chegar tenl sempre um enonne grau de subjectividade, do qual tenho piena consciencia.

Na actualidade varias sào as zonas que se apresentam incultas: Serra da Atouguia, Serra de Ota, Monte Redondo, Serra do Amaral, Serra do Montejunto, Cabeço de Santa Quitéria de Meca, Coteinas, o morro sobranceiro à Pedra do Ouro, toda a zona de Serra entre a Carapinha e a Serra de Ota, etc. Nos dias de hoje a fertilidade dos solos é bastante razoavel., a maior parte dos solos do Concelho estào plantados de vinha e de culturas arvenses de sequeiro. Na planicie aluvial do Tejo predominam as culturas arvenses de regadio, e a fertilidade dos solos é elevada.

O Concelho de Alenquer é farto desse recurso imprescindivel que é a agua. O Rio Tejo, fronteira Este do Concelho é a linha de agua mais importante da regiào e do Pais; linhas de agua menos imponentes, mas sem duvida com muita importancia a nivei regional, sào: o Rio de Ota, o Rio de Alenquer, a Ribeira de Santana da Camota e o Rio Grande da Pipa - todos eles afluentes do Rio Tejo.

Estes rios tem caudais com alguma importancia na época das chuvas, e por vezes, nos anos em que a pluviosidade é mais intensa ha cheias com enonnes prejuizos para as populaçòes locais. Nos Veròes, os caudais destes Rios sào nonnalmente muito fracos.

No periodo climatico Sub-boreal-, em que o clima seria mais frio e mais humido do que na actualidade, provavelmente os caudais dos rios trariam maior quantidade de agua, mas esta afinnaçào tem um grande grau de subjectividade.

A abundancia de agua associada aos fenomenos de erosào e de deposiçào de sedimentos foi responsavel pela criaçào dos aluviòes existentes em toda a zona mais perto do Tejo, assim como dos vales do Rio de Ota, Rio de Alenquer e Rio Grande da Pipa (3).

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o niveI do mar na Idade do Bronze seria mais ou menos idèntico ao niveI do mar na actualidade. Seria um periodo de tempo marcado por apenas pequenas variaçòes do seu niveI, é essencialmente caracterizado por um isolamento dos estuarios através do crescimento de restringas arenosas e respectiva transformaçào em espaços lagunares, bem como um intenso assoreamento de lagunas, estuarios e baias costeiras (Freitas e Andrade, 1998).

Este fenomeno de sedimentaçào ou de acumulaçào aluvial é a continuaçào do enchimento que em poucos milénios colmatou o profundo estuario do Rio Tejo resultante da transgressào "flandriana" (Daveau, 1980, 31).

No inicio do periodo Sub-boreal em que este fenomeno de acumulaçào aluvial ainda nào era muito desenvolvido, o leito do Rio Tejo iria muito mais além do seu leito actual, ocupando a maior parte das zonas da actual planicie aluvial (fig. l). Todas essas zonas aluviais seriam rio ha 5000 anos, e a navegabilidade seria possivel até zonas mais afastadas do Rio Tejo. No rio de Ota a penetraçào maxima da ria flandriana seria aproximadamente até ao Moinho do Louro, a cerca de 4 Kms do Castro de Ota e a navegaçào seria possivel nas proximidades da actuallocalidade de Ota. No Rio de Alenquer a penetraçào maxima da ria flandriana seria aproximadamente até ao Moinho Novo, a mais de 3 Kms da Vila de Alenquer e a navegabilidade seria possivel até a montante desta vila. A ria flandriana na Vala do Carregado penetraria aproximadamente até à Ponte da Couraça, a navegabilidade do Rio Grande da Pipa deveria ser aproximadamente até à confluència deste com a Ribeira de Santana da Camota, na localidade dos Cadafais, aproximadamente a 5 km do Castro da Pedra do Ouro (4).

A regiào também é bastante rica em aguas subterraneas, varios sào os lençois freaticos existentes, a captaçào através de poços e de furos é praticada um pouco por toda a regiào (5). Os terrenos a Este da Vila de Alenquer sào de urna forma geral de permeabilidade variavel e reduzida, os terrenos a Oeste sào, de forma geral, de permeabilidade variavel a reduzida, mas por vezes elevada (6).

Os recursos minerais existentes sào varios; as argilas e as margas utilizadas no fabrico de ceramicas, as areias e os saibros que sào exploradas para a construçào, o grés utilizada para o fabrico de mos, os calcarios, as rochas eruptivas e ferro.

Zbyszewski refere a existència de cobre na regiào, mas nào especifica qual é a zona em que tal ocorre (Zbyszewski, 1965, 92). Sobre o cobre Guilherme Henriques refere: "Os autores antigos todos fallam nas minas de azeviche (minério de cobre) que havia em Monte Junto, mas nào nos consta que as haja actualmente" (Henriques, 1873, Il). A carta mineira nào refere a existència no local, deste metal essencial para o fabrico da liga de bronze (7)·. André Coffyn na sua carta das minas de cobre e estanho da Peninsula lbérica refere a existència de cobre nos concelhos de Rio Maior, Caldas da Rainha e de Alcobaça; fica por esc1arecer a existència ou a inexistència deste minério no Concelho. Quanto ao estanho as minas mais proximas situam-se nas proximidades das nascentes dos rios Zèzere e Mondego (Coffyn, 1985, 184-187).

A cobertura vegetaI também nào é conhecida, nos artigos referentes às escavaçòes efectuadas nos Castros do Concelho nào foram efectuados testes antracologicos· nem palinologicos· (8), por isso nào podemos saber quais as espécies vegetais que cobriam a regiào (9).

So posso inferir que é possivel que neste periodo tenha havia urna desflorestaçào acentuada, possivelmente devido à acçào do Homem nas suas praticas agricolas e nào so - como constatou Suzanne Daveau para a regiào Centro de Portugal. Mas como refere esta investigadora "no estado actual da investigaçào seria muito imprudente tentar extrapolar os primeiros resultados a outros locais ou regiòes" (Daveau, 1988, 112). Assim sendo, esta inferència nào passa de urna imprudència que ouso cometer.

Estudos sedimento logico s, feitos nomeadamente a partir de sondagens geoarqueologicas, nos permitiriam perceber algumas destas lacunas paleo-ambientais, mas nào temos conhecimento que tenham sido feitas na regiào.

Os recursos cinegéticos da regiào também deviam ser aproveitados pelas populaçòes, como complemento da sua actividade produtiva; mas a importancia da caça e da recolecçào para estas comunidades, é para nos urna incognita.

Notas

( l) Carla Geologica de ParlI/gai, Dirccçào gemi de minas e serviços geològicos. esca la 1/50000. lalba 30 D. (2) Carla agricola efloreslal de Porll/gal. Secretana de estado da agricultura. escala 1/25 000. folhas 362, 363. 375. 376. 389. 390. (3) Carta Lilologica de Porll/gal. Dirccçào gemi de serviços agricolas. escala l/I 000 000. (4) C;ilculos efectuados com base na altitude de 6 metros do enchimento aluvial. segundo cotas do mapa na escala 1/25 000. (5) Carla Mi/ilarde Porll/gal. Serviço cartogratico do cxército. escala 1/25000. talhas 362. 363. 375. 376. 389. 390. (6) Carla Hidrogeologica de Porll/gal, Direcçào gemi de minas e serviços geològicos. esca la l/I 000 000.

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(7) (ò,.ta Minei,.a de Portuga/. Serviços geologicos de Portugal. escala 1/500 000. (8) No periodo em que se efectuaram as escavaçòes por Hipolito Cabaço estes métodos cientiticos ainda nào se utilizavam. Ainda se aguarda a publicaçào das escavaçòes mais recentes etèctuadas em 1973 no Castro da Pedra de Ouro. pelo Doutor Vitor Gonçalves. que talvez possam trazer novos dados sobre este povoado. (9) Nào temos conhecimento que tenham sido feitas sondagens geologicas com o intuito de conhecer os paleosolos. Foram etèctuados testes carpologicos' a algumas sementes encontradas. mas desenvolverei esse tema na alinea 4.1.3.

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3. O Calcolitico

3.1 Caracterizaçio geral

a Calcolitico (1) é um periodo da pré-historia recente que em termos cronologicos corresponde aproximadamente ao III milénio a.c.; é um periodo caracterizado por diferentes fases que se diferenciam pela diversidade da sua cultura material (2). A metalurgia do Cobre e do auro sào caracteristicas marcantes deste periodo.

A forte presença humana na Estremadura no periodo Calcolitico deve-se às optimas condiçòes naturais desta regiào, o clima, os solos, a proximidade do litoral atldntico e dos estmirios dos rios Tejo e Sado e ainda à existencia de importantes vias de penetraçào - os vales fluviais - para o interior do territorio (Cardoso, 1994b, 12).

A primeira fase do Calcolitico, o Calcolitico lnicial é caracterizada pelo aparecimento de locais de habitat murados, implantados em sitios de altura com boas condiçòes naturais de defesa, localizados perto de vales fluviais.

A evoluçào interna destas sociedades seria caracterizada por urna intensa competiçào intercomunitana pela posse dos melhores territorio s, o que potenciaria as situaçòes de conflito, e justificaria a enorme preocupaçào com os sistemas defensivos.

Com efeito, a ausencia de um poder centralizado teria estado na origem daquilo que foi designado por "guerra endémica" - no sentido de conflitos recorrentes e generalizados - que concorreu, a prazo, para a propria destruiçào de tal modelo de sociedade (Cardoso, 2004,150).

A cultura material do Calcolitico lnicial é caracterizada pelo aparecimento de ceriìmicas decoradas, através da conhecida decoraçào canelada, aplicada a dois tipos de recipientes: os "copos" e as "taças" (Cardoso, 2004,48); também sào usuais os elementos liticos.

a Calcolitico Pieno é a segunda fase caracteristica do Calcolitico da Estremadura, este periodo deve começar aproximadamente em meados do III milénio a.c.

É neste periodo que a metalurgia do Cobre faz o seu aparecimento na regiào. A estratégia de ocupaçào do espaço habitado é diferente do periodo anterior; em Leceia as

habitaçòes sào construidas em materiais muito precarios e assiste-se a urna degradaçào das estruturas muradas e a urna paulatina transformaçào de um povoado murado (3) para um povoado aberto (Cardoso, 1994b, 135). Nào obstante esta decadencia construtiva, ha urna riqueza artefactual, e preocupaçòes com a salubridade do sitio que nào indiciam urna decadencia das populaçòes que o habitam.

A ocupaçào do territorio seria também articulada com a ocupaçào de outros nuc1eos. Nucleos de pequeno tamanho, nào fortificados, em estreita dependencia da estratégia de captaçào de recursos mais adequados a cada caso (Cardoso, 1994b, 108). A emergencia destes pequenos nucleos poderia ser urna consequencia da concentraçào da populaçào nos povoados murados e de um aumento populacional, que poderia ter levado a um esgotamento dos recursos na sua proximidade, ou a urna estratégia diferenciada na captaçào desses mesmos recursos.

Sào novamente as ceràmicas um dos elementos mais distintivos da cultura material deste periodo. Diferenciam-se na decoraçào impressa de foliolos, organizados em dois motivos principais -a "folha de acacia" ou "espiga" e a "crucifera". As formas ceramicas mais frequentes sào os grandes recipientes esféricos, os "vasos de provisòes" e outros de menores dimensòes, entre os quais os recipientes cilindricos e tronco-conicos, com claras afinidades com os "copos" do Calcolitico Inicial, de que se poderào considerar suceddneos. As formas, incluindo os recipientes lisos, reforçam urna marcada continuidade com as conhecidas no Calcolitico Inicial (Cardoso, 1994b, 59).

3.2 O Calcolitico Final e a transiçio para a (dade do bronze

A ceramica campaniforme· é um elemento distintivo deste periodo. Tradicionalmente considerada como ceramica de prestigio que circulava entre as elites, a

ceramica campani forme é definida por tres grupos distintos, que teriam significado cronologico pela seguinte ordem sucessivamente: Grupo Internacional, Grupo de Palmela e Grupo lnciso.

a aparecimento de urna estrutura habitacional fora da estrutura murada de Leceia (cabana FM), veio por em causa esta visào tradicional: a ceramica campani forme pode ser considerada urna "baixela" corrente e nào ceramica de prestigio; por outro lado a idei a de os referidos grupos corresponderem a urna sucessào cronologica rigida esta a ser substituida pela ideia da coexistencia dos diferentes estilos de decoraçào campaniformes, desprovidos "per se" de significado cronologico especifico (Cardoso, 2004, 134).

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A cabana EN (que também apareceu fora da estrutura murada de Leceia), que tem urna cronologia mais recente, comprovada por datas de radiocarbono, apresenta urna predominància de ceràmicas do Grupo Inciso, o que pode indicar urna maior predominància deste grupo em periodos mais avançados do campaniforme (Cardoso, 2004, 134).

Coincidindo com a eclosào deste tipo de ceràmicas, assiste-se no final do Calcolitico ao abandono quase generalizado dos antigos povoados e à multiplicaçào de pequenos nucleos em locais abertos, de encosta ou em pequenas colinas, onde avultam as ceràmicas campaniformes (Cardoso, 2004, 150).

Nào obstante, os sitios com boas condiçòes naturais de defesa continuam a ser ocupados, Zambujal (Torres Vedras), Vila Nova de Sào Pedro (Azambuja), Pragança (Cada val), Pedra de Ouro e Ota (Alenquer), se nào tèm urna ocupaçào constante pelo menos tèm urna frequència esponidica.

Nos finais do III milénio a.n.e.· teria ocorrido o ocaso do periodo Calcolitico, dataçòes absolutas efectuadas em vanos locais nào nos dào grandes certezas; a curva de calibraçào de Stuiver e Pearson de 1993 regista urna zona com um andamento sub-horizontal e com vanas oscilaçòes, o que provoca urna imprecisào na cronologia referente ao campaniforme. De qualquer forma o inicio do campaniforme teria sido aproximadamente em 2800 Cal. AC, e aproxirnadamente 2300 Cal. AC marcou o fim da circulaçào da ceràmica campaniforme na Estremadura Portuguesa (Cardo so e Soares, 1990-1992).

O Bronze Inicial é o periodo seguinte na escala cronologica, e pouco diferenciavel em relaçào ao periodo anterior, so é separavel do Calcolitico Final por critérios pré-definidos, como a acentuaçào das sepulturas individuais em cista, o aumento da importància das joias auriferas e das armas e o desaparecimento das ceràmicas campaniformes decoradas, substituidas por formas lisas (Cardoso, 2004, 163).

3.3 O Calcolitico em Alenquer

De seguida identifica-se e a localiza-se numa carta os sitios com cronologia calcolitica propostos por varios investigadores.

Esta localizaçào tem como objectivo a compreensào da forma de implantaçào das comunidades humanas sobre o territorio.

A localizaçào na carta é feita "grosso modo", pelo facto de a maior parte dos sitios identificados nào terem urna localizaçào precisa, mas sim urna localizaçào toponimica lata que nào nos ajuda a precisar o sitio dos achados (mapa 2).

l. Porta da Conceiçào - Alenquer, Freguesia Santo Estèvào Bibliografia: (Gomes, 1978a; Lucas, 1994; Branco, 2001)

2. Vila Verde dos Francos, Freguesia de Vila Verde dos Francos Bibliografia: (Lucas, 1994)

3. Cabanas de Torres, Freguesia de Cabanas de Torres Bibliografia: (Vasconcelos, 1917; Lucas, 1994) (4)

4. Abrigada, Freguesia de Abrigada Bibliografia: (Lucas, 1994)

5. Cabanas do Chào, Freguesia de Abrigada Bibliografia: (Lucas, 1994)

6. Paio!' Freguesia de Aldeia Galega de Merceana Bibliografia: (Lucas, 1994)

7. Arneiro, Freguesia de Aldeia Galega de Merceana Bibliografia: (Lucas, 1994)

8. Aldeia Galega, Freguesia de Aldeia Galega de Merceana Bibliografia: (Lucas, 1994)

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9. Merceana, Freguesia de A1deia Galega de Merceana Bibliografia: (Lucas, 1994)

lO. Aldeia Gavinha, freguesia de Aldeia Gavinha Bibliografia: (Lucas, 1994)

Il. Castro de Pedra de Ouro, Freguesia de Santo Estevào Bibliografia: (Paço, 1940 e 1966; Barbosa, 1955 e 1956a; Leisner e Schubart, 1966; Ferreira, 1969; Pereira, 1969; Dorningos e Gomes, 1993; Cardoso, 1999/2000)

12. Paredes, freguesia de Santo Estevào Bibliografia: (Lucas, 1994)

13. Castelo de Alenquer, Freguesia de Santo Estevào Bibliografia: (Lucas, 1994; Branco, 2001)

14. Quinta da Boavista, Freguesia de Triana Bibliografia: (Lucas, 1994)

15. Alto do Pedregal, Freguesia de Triana Bibliografia: (Paulo, 1940; Lucas, 1994, Branco, 2001) (5)

16. Quinta do Bravo, Freguesia de Santo Estevào Bibliografia: (Lucas, 1994)

17. Quinta do Chacào, Freguesia de Carregado Bibliografia: (Pereira, 1970; Lucas, 1994) (6)

18. Bairro, Freguesia de Abrigada Bibliografia: (Lucas, 1994; Branco, 2001)

19. Quinta do Vale das Lajes - Ota, Freguesia de Ota Bibliografia: (Correia, 1925; Lucas, 1994)

20. Quinta do Espirito Santo, Freguesia de Ota Bibliografia: (Pereira, 1970; Lucas, 1994) (7)

21. Castro de Ota, Freguesia de Ota Bibliografia: (Barbosa, 1955 e 1956b; Gomes, 1978 b; Lucas, 1994; Cardoso 1999/2000; Branco, 2001)

22. Castro do Amara1 ou das Curvaceiras, Freguesia de Santo Estevào Bibliografia: (Barbosa, 1955; Paço, 1966; Andrade, 1963 e 1973; Branco, 2001)

23. Caverna da Moura - Ota, Freguesia de Ota Bibliografia: (Pereira, 1970) (8)

24. Alto da peça, Freguesia de Cadafais Bibliografia: (Barbosa, 1955,219; Paço, 1966, 120e 155; Branco, 2001)

25. Quinta da Moita, Freguesia de Triana Bibliografia: (Pereira, 1970)

26. Gruta de Refugidos, Freguesia de Cadafais Bibliografia: (Athayde, 1933; Spind1er, 1981; Lucas, 1994; Branco, 2001)

A implantaçào dos locais no espaço é bastante interessante, e podemos observar cinco grupos diferentes, com implantaçòes espaciais diferenciadas.

O primeiro grupo a que chamo "Encosta Sul do Montejunto" é formado por Vila Verde dos Francos 2, Cabanas de Torres 3, Cabanas do Chào 5 e Abrigada 4. Todos eles implantados na

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vertente Sul da referida Serra, num espaço percorrido no sentido Norte-sul pela Ribeira da Prezada e pelo Rio de Ota. Sào todos achados de superficie a que nào pode reportar-se nenhum contexto arqueologico

Ao segundo grupo chamo "nucleo da Forca 2° " (9), é formado pelos achados em Paiol 6, Arneiro 7, Aldeia Galega da Merceana 8, Merceana 9 e Aldeia Gavinha lO; a Serra da Forca 2° é o sitio centrai em relaçào ao qual se localizam os achados (IO), esta serra tem a cota maxima nos 170 metros e é ladeada pela Ribeira de Aldeia Gavinha e pela Ribeira das Ceroulas. Também aqui sào achados de superficie sem contexto arqueologico.

O terceiro grupo ou o "grupo de Ota" situa-se numa area envolvente ao Castro de Ota e tem o Rio de Ota como linha de agua marcante na paisagem. É constituido pelos sitios de Bairro 18, Quinta do Vale das Lajes 19, Quinta do Espirito Santo 20, Castro de Ota 21, Caverna da Moura 23 e Quinta da Moita 25. Nos sitios do Bairro, Quinta do Espirito Santo e Quinta da Moita sào achados de superficie, sem contexto arqueologico. Na Quinta do Vale das Lajes e na Caverna da Moura foram encontradas necropoles. O castro de Ota é um local de habitat. É ainda de referir neste nucleo a existencia de um povoado e de um abrigo, o Outeiro do Seio I e 2 (II), situados a meio caminho entre o Castro de Ota e a localidade do Bairro.

O quarto grupo, a que chamo "nucleo de Alenquer" é composto pelos sitios de Porta da Conceiçào 1, Paredes 12, Castelo de Alenquer 13, Quinta da Boavista 14, Alto do Pedregal 15, Quinta do Bravo 16 e Quinta do Cachào 17. Todo este grupo é formado ao redor da actual Vila de Alenquer, sendo este nucleo Calcolitico importante atravessado pelo Rio de Alenquer (12). Todos estes sitios se referem a achados de superficie sem contexto arqueol6gico definido, excepçào feita do alto do Pedregal, os materiais recolhidos indicam a existencia de um local de habitat e de urna necropole de inumaçào.

Por fim o quinto e ultimo grupo identificado, o "grupo da Ribeira de Santana da Camota", rodeia as duas margens desta ribeira. É constituido pelos sitios de Castro de Pedra do Ouro 11, Castro do Amaral ou das Curvaceiras 22, Gruta de Refugidos 26 e Alto da Peça 24. É um grupo importante devido à existencia de tres povoados e de urna necropole.

A enorme quantidade de sitios identificados - muitos destes sitios apresentam vestigios ténues - e nalguns nucleos a disseminaçào dos sitios identificados, parecem obedecer a urna proliferaçào à volta de lugares centrais.

É de referir que a identificaçào da maior parte destes sitios foi efectuada com base em bibliografia bastante antiga e como tal sujeita a revisào, e muitos materiais foram classificados com base em comparaçòes tipologicas, nào obedecendo a critérios estratigraficos seguros. Assim sendo, corre-se o risco de alguns destes materiais terem urna identificaçào deficiente a nivei cronologico, o que levaria a urna concepçào errada do espaço ocupado no III milénio a.n.e. (13).

Notas

( I) A inclusào de um capitulo sobre o Ca\colitico - fora do ambito cronologico deste trabalho - tem como objectivo compreender a transiçào deste periodo para o periodo posterior, o Bronze Inicial. (2) A caracterizaçào geral da Estremadura que tàço é baseada essencialmente nos estudos efectuados pelo Doutor J. L. Cardoso. no povoado de Leceia (Oeiras) e no restante territorio da Estremadura. (3) Evito designar as estruturas muradas como sinonimo de tortificaçào. algo que explicito na alinea 4.1.2. (4) Leite de Yasconcelos refere que apareceram neste local "pedras de raio ". (5) O top6nimo Pedregal nào sera o local hoje conhecido como tal. na cartografia antiga este top6nimo esta situado mais a Norte. aproximadamente com as seguintes coordenadas UTM: 29SMD989253. (6) Pereira atribui-Ihe urna cronologia Eneolitica. (7) Idem (8) Idem (9) Acidente montanhoso. assi m identitìcado na Carta Militar tolha 375. escala 1:25 000 serviço cartografico do exército. 1970. (IO) Seria interessante prospectar este acidente geogratìco. visto os a:hados se situarem todos à sua volta. ( Il ) Sitios identitìcados por Mario Jorge Mascarenhas Monteiro. os quais nào toi possivel avançar a sua cronologia. na base de dados do IPA estào identitìcados como CNS 22073 e CNS 22074. A sua altitude é aproximadamente 164 metros. A localizaçào deste local tem as seguintes coordenadas UTM: 29SMD992304. (12) Ha ainda a referir os sitios de Àguas e Cruz do Buto. como tendo materiais do Neolitico e do Bronze I (Paço. 1966. 119-120). a atestar a antiguidade deste nucleo. Nào toi possivel contìrmar se os materiais sào do Neolitico. do Bronze ou dos dois periodos. (\ 3) A investigadora que atribuiu a alguns destes sitios uma cronologia Calcolitica. refere no seu inventano de sitios arqueologicos: "O presente inventario pretende fomecer a intormaçào arqueologica de que nos servimos como base arqueogratica de argumentaçào para perspectivar os nossos pontos de vista. Como tal. nele incluimos todos os dados arqueologicos conhecidos dentro dos que. de torma indubitavel ou dubia. sào atribuiveis ao periodo da segunda metade do III milénio a.c. na Estremadura. dentro da area de estudo por nos circunscrita" (Lucas. 1994. ii). Nesta perspectiva julgo que a cronologia de alguns destes sitios pode ser dubia.

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4. A Idade do Bronze

4.1 Os recintos de habitat·

4.1.1 Breve introduçao cronologica

o Bronze inicial é o primeiro periodo da ldade do Bronze, e como ja referi na alinea 3.2, é pouco diferenciavel do periodo anterior o Calcolitico Fina!. Cronologicamente, podemos situar o inicio deste primeiro periodo da ldade do Bronze, dos ultimos séculos do III milénio a inicios do II milénio a.c.

O segundo periodo cronologico da ldade do Bronze da Estremadura é o Bronze PIeno. O seu inicio pode ser situado no primeiro quarte I do II milénio a.c. (Cardoso, 1999, 62). O povoamento deste periodo caracteriza-se por um povoamento discreto dificilmente identificavel no terreno e também pela ocupaçào dos antigos sitios calcoliticos de altura (Cardoso, 199912000).

O Bronze Final da Estremadura pode ser dividido em dois periodos cronologicos distintos: O primeiro é o Bronze Final I, caracteriza-se pela ausencia de ceramica com decoraçào brunida·, podemos situar cronologicamente o inicio deste periodo na segunda metade do século XIV ou no século XIII a.c., e o seu ocaso no século XI a.C. (Vilaça e Arruda, 2004, 27); como pode ser aferido no povoado da Tapada da Ajuda (Lisboa). O segundo periodo é o Bronze Final II, normalmente é caracterizado pela existencia de ceramica com decoraçào brunida, o seu crepusculo situa-se nos [mais do séc. IX a.c. (Cardoso, 1999,64), num periodo em que surgem os primeiros artefactos em ferro.

O povoamento do Bronze final é repartido por duas realidades distintas: a ocupaçào de pequenos povoados abertos dedicados à actividade agro-pastoril, e a ocupaçào de povoados de altura muitos deles ja com ocupaçào em periodos anteriores.

Dois modelos de ocupaçào do espaço sào defendidos: o primeiro preconiza que a fundaçào dos povoados da altura possa ser mais tardia que a maioria dos casais agricolas (Vilaça e Arruda, 2004, 28); o segundo modelo defende a coexistencia (dos casais e dos povoados), fazendo ambos parte da mesma estratégia de ocupaçào, gestào e exploraçào dos territorios, sendo ambos complementares (Cardoso, 2004, 178). Os modelos sào discordantes e enquanto a investigaçào nào avançar é prematuro tecer opiniào acerca de um ou de outro mode lo de ocupaçào do espaço (Alarcào in Cardoso, 2004, 15).

4.1.2 Sobre a terminologia utilizada

A construçào de muros à volta de espaços utilizados como sitios habitacionais presta-se a varias interpretaçòes.

Numa visào mais tradicional, os arqueologos consideravam estes recintos murados como locais de defesa, em que os muros seriam autenticas muralhas com urna funçào indubitavelmente defensiva, estes muros fariam parte de urna estratégia construtiva que os privilegiava como o elemento fundamental de dissuasào do inimigo. Estes locais eram chamados "povoados fortificados".

Nos ultimos anos, novas geraçòes de arqueologos tem posto em causa esta visào "tradicionalista" dos "recintos murados".

Para estes arqueologos, nào existe nenhum argumento valido, para Ihes atribuir urna permanente e duravel funçào defensiva durante 500 ou 1000 anos. Para Ihes atribuir tal funçào, teria de haver provas inequivocas de motivaçòes, meios e oportunidades continuadas dum estado endémico de conflito aberto em sociedades muito heterogéneas do IV, III e II milénio a.c. (S. O. Jorge in Jorge Coord., 2003, 20).

A construçào de muralhas passa a ser interpretado como urna contingencia das sociedades produtoras, no ambito da ocupaçào do espaço e da sua utilizaçào como espaço produtivo. Existe a necessidade de diferenciar o seu proprio espaço, do espaço das comunidades vizinhas, assim se habita em locais de altura e constroi-se muralhas com um sentido de marcar o territorio com referencias visuais e de dissuadir os "outros" de ocuparem um territorio ja utilizado.

Devem ser globalmente considerados como dispositivos comunicacionais ao serviço de formas especificas de territorializaçào e de identificaçào comunitanas (Jorge, 1998b, 154).

Também se muram os recinto s, para os tornar recintos fechados, e com isto instaurar urna descontinuidade com o exterior, simbolizando estes recintos de habitat (terminologia que prefiro utilizar), um espaço de vivencia e de reuniào da comunidade.

No Bronze Final e também no Ferro Inicial, é notorio o pequeno numero de casos em que as muralhas estào inequivocamente relacionadas com urna ocupaçào daqueles periodos; nos casos em

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que essa correlaçào ja foi comprovada revelam-se assinalaveis assimetrias em termos construtivos e espaciais, o que devia exigir urna maior prudencia na interpretaçào de determinados restos de muros; por vezes aplicam-se expressòes "muralha" e "fortificaçào" a construçòes que podem ter tido urna mera funçào delimitativa ou divisoria do espaço sem um caracter defensivo explicito (Vilaça, 1995, 257).

4.1.3 A funçio habitacional

Todos os estudos efectuados nestes locais de habitat foram executados com os meios cientificos existentes na época. Muitas das escavaçòes foram realizadas na primeira metade do século XX e recorreram-se dos meios que a ciencia punha entào ao seu dispor.

Esses meios técnico-cientificos eram muito inferiores aos disponiveis nos dias de hoje, e os resultados obtidos naquele tempo revelam as insuficiencias desses mesmos meios.

Nomeadamente, a ausencia de estratigrafias impossibilita-nos de perceber as cronologias de muitos materiais, que so podem ser datados por métodos comparativos, o que é urna insuficiencia para qualquer investigaçào actual.

A existencia de muitos materiais provenientes das escavaçòes dos castros do concelho, nomeadamente sementes, conchas, carvòes, etc., se inseridas num estrato arqueologico, poderiam ser urna preciosa fonte de informaçào sobre avida dos homens nos castros, sobre a sua alimentaçào, etc. Sem contexto estratigrafico nào sabemos a que periodo cronologico ha-de atribuir-se a esses materiais, pelo que de pouco nos serve a existencia desses materiais descontextualizados.

Assim sendo, optamos por investigar os materiais mais significativos dos povoados, nomeadamente ceramicas e metais, dos quais temos sequencias tipo16gicas que nos podem fomecer algum tipo de dataçào.

A ocupaçào de locais de altura na ldade do Bronze é recorrente; a reutilizaçào de locais ocupados no Calcolitico é bastante frequente, nào sabemos se a ocupaçào dos locais é continua ou se tem hiatos (1), de qualquer forma esta estratégia de ocupaçào do espaço, privilegia também a ocupaçào de povoados abertos.

A forma de ocupaçào dos locais murados é discutivel, nào sabemos em que condiçòes se encontrariam as mura1has na Idade do Bronze visto a sua construçào ja poder datar do milénio anterior, nào sabemos se a implantaçào no espaço era efectuada no recinto murado (ou o que restava dele) ou no seu exterior, de qualquer forma a implantaçào das actividades habitacionais num recinto parece obedecer a urna determinada logica.

O recinto funcionaria como urna demarcaçào do espaço habitacional, "correspondem a urna inovaçào semiologica operada no quadro do desenvolvimento das primeiras sociedades produtoras" (S. O. Jorge in Jorge Coord., 2003,16).

Os espaços habitacionais na ldade do Bronze nào seriam so os espaços murados, também se habitavam espaços abertos, sem "muros". O que nos adverte para a despreocupaçào que estas comunidades tinham com a defesa das suas habitaçòes.

4.1.3.10 Alto da Peça

Este local situa-se aproximadamente a l km a Norte da localidade de Cadafais, e tem as seguintes coordenadas UTM: 29SMD998183 o seu top6nimo é Gadafais e esta situado à cota maxima de 130 metros. É um sitio de altura com boas condiçòes naturais de defesa em todas as suas vertentes. Na sua vertente Oeste passa a Ribeira de Santana da Camota.

A prime ira referencia bibliografica a este local é de Emani Barbosa, que refere a existencia de um castro eneolitico ja completamente destruido pelos trabalhos agricolas, "no qual havia muitos ~inze~r~ndos de cabanas com fra~~!!!QLde-cerfunìc~-Primitiy{.e ~~ira.e grande ....a6W1dan cia de cOiiCliaS.~~~o.."'Cà~ bem como machados polidos" (Barbosa, 1955, 119).

Afonso do Paço inclui o Alto dipeçaIl.~mpenoao·cronoi6gico··do·Neolitico e bronze l'' e faz a sua localizaçào geografica (Paço, 1966, 119-120 e 155, fig. 3).

Gertrudes Branco no seu PNT A· de 2001 insere este local numa cronologia Calcolitica e da ldade do Bronze (Branco, 2001).

Os materiais existentes no Museu Municipal de Alenquer - varios fragmentos ceramicos (2), sào de cronologia dificil de estabelecer, em consequencia é com muitas reservas que se pode incluir este local arqueologico na ldade do Bronze (3).

A construçào recente do troço de auto-estrada entre Arruda dos Vinhos e Carregado passa proximo deste local arqueologico. É de esperar novos dados sobre o sitio, pois deve ter existido urna investigaçào promovida pelo proprietario da obra.

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Bibliografia: Barbosa, 1955, 119; Barbosa, 1956a, 76; Paço, 1966,120 e 155; Branco, 2001.

4.1.3.2 O Castro das Curvaceiras / Amaral

o Amaral (4) corresponde a um enorme planalto situado a Sul da Ribeira de Santana da Camota; neste planalto com mais de l km de comprimento que termina na Serra do Oivado que Ihe fica a Oeste, encontram-se duas localidades: a Curvaceira de Baixo e a de Cima, por isso também é conhecido por Castro das Curvaceiras. A sua cota maxima é 290 metros e tem boas condiçòes naturais de defesa, principalmente a Norte. É precisamente num vale a Norte a meio caminho da Pedra do Ouro que passa a Ribeira de Santana da Camota o rio de referència desta zona.

Tem como altitude maxima 290 metros, a sua localizaçào no marco geodésico é a coordenada UTM: 29SMD972197.

Foi Emani Barbosa o primeiro investigador a escrever sobre o Amaral e as Curvaceiras. Para este autor, a dispersào de materiais por urna area tào extensa nào implica a convivència de duas populaçòes distintas (Barbosa, 1955, 115) - opiniào que também partilho; a haver materiais que indiquem a ocupaçào do local por populaçòes distintas, deverào ser de épocas distintas. De qualquer forma a destruiçào do local por trabalhos agricolas, e pela ocupaçào do local no inicio do Século XIX durante as invasòes francesas nào ajudam a perceber a ocupaçào do espaço em tempos idos. Os materiais encontrados no planalto sào: vmos fragmentos de ceràmica lisa de pasta grosseira algumas com superficies polidas, fragmentos de cobre, um machado achatado de bronze (Barbosa, 1955).

Foram estudadas algumas ceriìmicas de fabrico manual provenientes deste local que estào depositadas no Museu de Alenquer, figuras 2 a 6:

- Figura 2, fragmento ceriìmico de pasta bege escura, compacta e ligeiramente porosa; e.n.p. * de pequeno e médio calibre (feldspato e fragmentos de cor branca nào identificados) medianamente classificada, sem decoraçào, cozedura redutora no inicio e oxidante no finai.

- Figura 3, fragmento ceramico de cor cinzenta, pasta compacta e porosa; e.n.p. de pequeno calibre (feldspato) bem classificada, sem decoraçào, cozedura redutora. A sua forma é similar a um fragmento do Castelejo (Sortelha, Sabugal) (Vilaça, 1995, XXVII-3). Trata-se de urna peça do Bronze Finai.

- Figura 4, fragmento ceramico de cor cinzenta clara e vermelha no exterior da peça, pasta compacta; e.n.p. de pequeno e médio calibre (feldspato e fragmentos de cor branca nào identificados) mal classificada, sem decoraçào, cozedura redutora no inicio e oxidante no finai. Também apresenta similitudes morfol6gicas com urna peça do Castelejo (Vilaça, 1995, L-l).

- Figura 5, fragmento ceramico de cor cinzenta, pasta compacta ligeiramente porosa; e.n.p. de pequenos calibres (feldspato) e médios calibres (areias e fragmentos de cor branca nào identificados) mal classificada, sem decoraçào, cozedura redutora.

- Figura 6, fragmento ceramico de cor bege escura, pasta compacta, e.n.p. de pequenos e médios calibres (feldspato e fragmentos de cor branca nào identificados) medianamente classificada, apresenta um ligeiro alisamento no exterior da peça, cozedura redutora no inicio e oxidante no final. Em termos morfol6gicos apresenta similitudes com um fragmento de Alegrios (Monsanto, Idanha-a­Nova), atribuido pela sua escavadora a um estrato arqueol6gico onde existia ceramica de decoraçào brunida (Vilaça, 1995, 184-193, CXCIII - 5); apesar da peça ter dimensòes mais reduzidas posso propor urna dataçào do Bronze Final II da Estremadura, para este fragmento ceramico.

O machado plano de Bronze (5) é talvez a peça mais significativa deste local arqueol6gico, juntamente com urna conteira (6), sào dois objectos metaIicos conhecidos deste sitio (fig. 7).

O machado que se integra termino logicamente no "tipo Bujòes/Barcelos" tèm urna cronologia do Bronze Pieno (Cardoso, 2004, 170-172).

Apresenta vestigios de uso junto ao gume, o seu comprimento maximo sào 16,4 cm, a sua largura sào 8,6 cm junto ao gume e 5,4 cm na extremidade oposta, a sua espessura maxima sào I, I cm e pesa aproximadamente 775 gramas (7).

Apesar de ser duvidosa a funçào da conte ira, pode ser considerada como urna peça de reforço da ponta da bainha das espadas. Esta peça tem de comprimento 2,7 cm e de largura 1,2 cm, a sua altura é 1,9 cm e tèm de espessura O, I cm. Pesa aproximadamente IO gramas.

O seu tipo segundo Coffyn é navi forme ou em saco, e tem para este investigador urna cronologia do Bronze Final III (Coffyn, 1985, 52 e fig. 18).

Para Coffyn este local é um habitat do Bronze Final Atlantico da Peninsula Ibérica (CotTyn, 1985215).

Foram propostas cronologias mais latas para este locaI, desde o neolitico até ao periodo Romano (8) (Andrade, 1963; Andrade, 1973), mas tal cronologia nào foi possivel contirmar, talvez a

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colecçào particular de Migueis Andrade (Marques e Andrade, 1974, 135) nos pudesse elucidar sobre essa questào. O autor refere a existencia no Amaral de ceramicas semelhantes às encontradas no Cabeço dos Moinhos (Mafra), ceriìmicas que o autor agrupa no grupo II do Cabeço dos Moinhos e que estào associadas a ceramicas com decoraçào brunida (Vicente e Andrade, 1971,230 e 235), mais urna vez podemos estar a falar de urna cronologia do Bronze Final II da Estremadura Portuguesa.

Mas sem duvida que no final da ldade do Ferro este local ainda foi frequentado pelo Homem, como se pode inferir pelo achado de urna moeda Hispano-Cartaginesa (Faria, 1987).

No ano de 2004 foi instalado um parque eolico na Serra do Amaral, mas também nessa ocasiào se perdeu a oportunidade de investigar o local, por negligencia do promotor da obra e da Camara Municipal de Alenquer (Costa, 2004).

Bibliografia: Barbosa, 1955 e 1956a; Paço, 1966; Andrade, 1963 e 1973; Pereira, 1969; Vicente e Andrade, 1971; Marques e Andrade, 1974; Kalb, I 980a; Coffyn, 1985; Faria, 1987; Cardoso, 1999/2000 e 2004; Branco, 200 I.

4.1.3.3 O Castro da Pedra do Ouro

Situado no morro a Norte da localidade da Pedra do Ouro, tem urna altitude aproximada de 225 metros e as suas coordenadas sào as seguintes UTM: 29SMD970210.

Este local de comprovada ocupaçào Calcolitica tem urna estrutura murada rectangular de aproximadamente 60 por 25 metros no seu interior; a sua forma rectangular, as suas dimensòes, e a estreiteza dos seus muros nào apresentam semelhanças com estruturas coetaneas como Vii a Nova de Sào Pedro e Zambujal; as suas torres redondas com entrada ao nivei do solo eque enlaçam a muralha relativamente estreita tem, na opiniào de Hermanfrid Schubart, paralelismo com a fortaleza de Lébous, perto de Montpellier, no Sul de França, fortaleza que é atribuida à ldade do Bronze, com evidentes paralelos cronologicos com a Pedra do Ouro, urna ocupaçào do Calcolitico até ao Bronze Médio (Schubart, 1969).

Este paralelismo parece evidenciar urna ocupaçào do local no Bronze Médio, que a existencia de urna necropole deste periodo vem comprovar. Nào excluindo a funçào habitacional do local no Bronze Médio, irei re ferir-me a ele no capitulo das necropoles porque mais apropriado no meu entender.

4.1.3.4 O Castro de Ota

O Castro de Ota é um local de habitat com um tipo de implantaçào topognifica semelhante aos outros locais com ocupaçào da ldade do Bronze do Concelho, implantado num sitio de altura, com boas condiçòes naturais de defesa, excepto a Oeste. Seria rodeado por duas ordens de muralhas ainda perceptiveis em meados do século XX (Barbosa, 1955, 141).

A cota maxima do esporào onde se implantou o Castro sào 151 metros (9), a sua localizaçào tem as seguintes coordenadas UTM: 29SND001297.

No sopé do morro corre o Rio da Ota, aproximadamente no sentido NO - SE, que possivelmente seria navegavel na ldade do Bronze até este local. Na sua vertente SE existe ainda outra linha de agua, o Rio Soalheiro.

Existe urna grande diversidade de materiais provenientes das escavaçòes efectuadas neste local, mas mais urna vez a ausencia de estratigrafias dificulta a interpretaçào deste conjunto de materiais; contudo a cronologia de ocupaçào do sitio seria bastante lata, possivelmente desde o Neolitico até ao periodo Arabe (Barbosa, 1955, 142).

Com o intuito de perceber a ocupaçào do sitio na ldade do Bronze, foram estudados os materiais metalicos provenientes deste local (IO).

Urna enorme variedade deste tipo de materiais encontram-se depositados no Museu Municipal de Alenquer, muitos fragmentados e outros intactos. Muitos destes materiais (pequenos fragmentos) nào seriam artefactos mas pequenos restos de metal destinados a refundiçào ou mesmo restos de fundiçào, outros pela falta de paralelos ou por se prestare m a formas atribuiveis a varias cronologias nào foram estudados.

Pelas duvidas acerca do seu local de origem também nào foi estudada um bracelete (II), que talvez possa ter sido encontrada neste local (Gomes, 1987).

Das diversas peças metalicas (fig. 9-3 a 9-10), cuja matéria-prima e cronologia nào estào definidas (12), algumas parecem ter urna cronologia do Calcolitico FinallBronze Inicial e outras urna cronologia do Bronze Pieno (Kalb in Cardoso, 2004, 171).

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A figura 8 é urna pequena peça de fonna discoidal-bitroncoconica e secçào hexagonal, de diametro maximo de 1,6 cm e espessura de 0,7 cm, 8 gramas de peso, possivelmente é um bronzeo Esta peça possivelmente faria parte de um conjunto de peças com funçòes idénticas, como se verifica no vizinho Castro de Pragança (Cadaval).

Poderemos estar na presença de urna peça pertencente a um sistema "ponderai", ""instrumentos" especificos e exclusivamente destinados à avaliaçào, categorizaçào e contro lo dos (ou de determinados) bens que eram trocados". Nào temos urna estrati grafia segura que nos possa datar esta peça, mas peças idénticas encontradas noutros locais: Moreirinha e Monte do Trigo (Idanha-a-Nova), Abrigo Grande das Bocas (Rio Maior), Penha Verde (Sintra), Sr." da Guia (Baiòes) e Canedotes (Vila Nova de Paiva), indicam-nos que podem ter urna cronologia do Bronze Final (Vilaça, 2003).

A figura 9-2 é um machado de alvado e duas argolas (13) pesando aproximadamente 270 gramas e com o comprimento de 10,9 cm. Tem urna cronologia dos séculos IX e VIII a.c. (Coffyn, 1985, 221 Carte 42).

A figura 9-1 é um machado de talào e duas argolas (14) com as duas faces iguais, tem um comprimento aproximado de 22,5 cm, 3.5 cm de largura junto ao talào e 4,7 cm junto ao gume, a sua espessura sào 4,5 cm (fig. 9-1). Tem urna cronologia do bronze fmal, podendo ainda estar em uso no Ferro (Coffyn, 1985,268).

A figura IO, lado esquerdo é urna ponta de lança de alvado de "tipo Vénat" (15) peso aproximado de 150 gramas, tem 21,5 cm de comprimento, e urna largura maxima de 3,4 cm. Tem urna cronologia do Bronze Final III (Coffyn, 1985, 136, Carte 19).

A figura lO, lado direito é urna ponta de lança de alvado comprido e conico, com furos de fixaçào ao cabo circulares e diametralmente opostos, nervura centrai simples (16); esta incompleto na sua metade superior, a sua lamina esta truncada; peso aproximado 190 gramas, comprimento 16,9 cm, a sua lamina tem a largura maxima de 4,1 cm.

Foi publicada por Emani Barbosa, que a designou como "folha de lança com alvado de encabamento, de nervura centrai e de grandes dimensòes" (Barbosa, 1956b, 120 e foto Il).

Joào Luis Cardoso, baseando-se em Coffyn, refere que esta peça pertence provavelmente ao "tipo Penha" (Cardoso, Guerra e Bragança, 1992). Mas a peça é tipologicamente diferente deste tipo.

Os modelos mais aproximados desta peça sào as pontas de lança "tipo baiòes" (Coffyn, 1985, 218), e as pontas de lança de folha larga (Ferreira, 1971, Est. 1-15). Mas a fo1ha desta lamina aparenta ser mais larga do que as folhas das laminas destes dois modelos. Por isso considero esta ponta de lança me parece um modelo hibrido com algumas semelhanças a estes dois tipos.

Bibliografia: Barbosa, 1955 e 1956b; Pereira, 1969, 1970, 1971; Hardaker, 1976; Kalb, 1980a; Spindler, 1981; Coffyn, 1985; Gomes, 1987; Cardoso, Guerra e Bragança, 1992; Gomes e Domingos, 1994; Cardoso, 1999/2000,2004; Branco, 2001; Vilaça, 2003; Vilaça e Arruda, 2004.

4.1.4 Interpretaçao

Os povoados localizados nas imediaçòes da Ribeira de Santana da Carnota (Alto da Peça, Amaral e Pedra do Ouro), sào todos visiveis a partir uns dos outros.

O castro do Amaral é sem duvida o local com maior contro lo visual sobre a paisagem envolvente devido à sua maior altitude.

Se a cronologia de ocupaçào do Alto da Peça é bastante dubia, ja em relaçào à Pedra do Ouro e ao Amaral temos mais certezas; o Amaral tem urna ocupaçào do Bronze Pieno e do Bronze Final, e a pedra do Ouro urna ocupaçào do Bronze Pieno. Posterionnente a Pedra do Ouro tem urna ocupaçào num periodo nào definido da Idade do Ferro e o Amaral urna ocupaçào do Final da Idade do Ferro.

Parece nào haver urna ocupaçào simultanea dos sitios, exceptuando o Alto da Peça, cujo periodo de ocupaçào nào sabemos definir. O Bronze Pieno constitui um periodo de excepçào, com ocupaçào durante este periodo na Pedra do Ouro e no Castro do Amara!. De qualquer fonna estamos a falar de periodos cronologicos bastante latos, pelo que nunca poderemos dizer se houve ou nào ocupaçào simultanea destes locais.

A aparente descontinuidade de ocupaçào dos sitios - so parece haver ocupaçào de dois locais, Pedra do Ouro e Amaral, no Bronze Pieno - também se pode dever a urna insuficiente investigaçào destes locais.

Observando a carta é bastante evidente que estes locais partilham os mesmos espaços - é perceptivel a sua proximidade (mapa 3).

A Ribeira de Santana da Carnota, como elemento estruturante de toda a paisagem desta zona, teria de ser frequentada pelas populaçòes que vivessem nestes lugares.

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A sequència de ocupaçào dos sitios é bastante dubia, nào sabemos se os locais foram ocupados simultaneamente ou intermitentemente.

De qualquer forma populaçòes que habitassem espaços tào pr6ximos uns dos outros, em que as zonas de captaçào de recursos se sobrepunham (17), tinham muito mais a ganhar se as suas relaçòes fossem amistosas.

Mas nào podemos afastar a hip6tese de ter havido conflitos neste local "no interior (do Castro da Pedra do Ouro) foram encontrados alguns fundos de cabanas rectangulares de cujos postes de fixaçào ainda se encontraram os restos completamente carbonizados, o que faz supor que o castro teria sofrido duro ataque, ao qual os seus habitantes nào foram suficientemente fortes para resistir, tudo levando a crer que ap6s a sua tomada as habitaçòes foram incendiadas" (Barbosa, 1955, 117).

O Castro de Ota tem materiais com cronologia do Bronze lnicial, Bronze Pieno e do Bronze Final.

A sua implantaçào junto ao Rio de Ota é semelhante ao modelo de ocupaçào dos outros Castros da ldade do Bronze do Concelho.

Parece ser um modelo tipico, a implantaçào em locais de altura: com boa visibilidade e boas condiçòes naturais de defesa. E junto a linhas de agua com alguma importància - possivelmente para aproveitar os seus recursos, e a sua capacidade como eixos de comunicaçào.

4.1.5 A "invisibilidade" dos locais de habitat

O modelo de povoamento proposto para a Estremadura é: a ocupaçào de locais abertos sem condiçòes naturais de defesa e dificeis de identificar, e a reocupaçào de locais com ocupaçào Calcolitica.

A reocupaçào dos locais calcoliticos ficou bem demonstrada nos Castros anteriormente referidos.

Em relaçào à ocupaçào de locais abertos ou casais agricolas, é total a sua ausència no Concelho; possivelmente devido à sua invisibilidade e dificuldade em identificar, e também possivelmente devido ao caracter perecivel das suas estruturas.

Ha ainda a referir que os estudos arqueol6gicos deste periodo no Concelho se tèm inclinado para a ocupaçào dos tradicionais Castros, deixando de lado o povoamento aberto, como tal é premente que se façam investigaçòes no sentido de descobrir este tipo de ocupaçào.

Nào obstante a ausència do povoamento em locais abertos, proponho que essa ausència seja consequència da dificuldade em identificar e da insuficiència de prospecçòes. Portanto tratar-se-a de urna invisibilidade e de urna deficiència de investigaçào, e nào de urna ausència.

O aparecimento de artefactos da idade do bronze, descontextualizados, a que chamamos achados ocasionais (18), pode estar associado a este tipo de povoamento, mas também nào existem vestigios arqueol6gicos que sustentem esta possibilidade.

4.2 As necropoles

4.2.1 Visibilidade ou invisibilidade da morte na Idade do Bronze.

A forma de tratar os mortos na ldade do Bronze é bastante diversificada. Durante o Bronze lnicial continuar-se-ia a reaproveitar as necr6poles colectivas mais antigas,

recorrendo-se a tumulaçòes em grutas naturais, hipogeus e monumentos megaliticos. A sepultura colectiva de Montelavar (Sintra) é um exemplo unico na regiào de urna sepultura cist6ide, plana, desprovida de "tumulus" e constituida por caixas sub-rectangulares. O seu esp61io é constituido por armas, duas pontas Palmela e um punhal de lingueta, nào fazendo parte dela nenhum rec'ipiente (Cardoso, 1999,62).

No Bronze Pieno, as grutas naturais continuam a ser um local privilegiado de enterramento, também se reutilizam sitios Calcoliticos a céu aberto (Cardoso, 1999,63).

No Bronze Final as grutas continuaram a ser locais com actividade ritual; como necr6poles, como santuanos rupestres ou como locais onde se praticava o culto das aguas ou das divindades aquaticas; as grutas continuam a ter vestigios de intensa ocupaçào neste periodo. Mas também urna funçào de local de povoamento é proposta para as cavidades naturais (Cardoso, 199912000).

Os monumentos funeranos de periodos anteriores continuam a ser reutilizados. A incineraçào em urnas também é urna pratica recorrente neste periodo, como se pode

verificar pelas necr6poles da regiào de Alpiarça.

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A ocultaçào de objectos de prestigio, em meio aqwitico ou em terra, muitas vezes também é associado a fenomenos funenirios, mas nào seni esta a Unica explicaçào para a ocultaçào de joias e de outros objectos (19).

É de referir a diversidade de pniticas funenirias simbolicas, representadas por um pequeno numero de ocorrencias, de contomos imprecisos, facto que MO deixa de constituir por si proprio urna caracteristica (Cardoso, 1999, 67).

Neste periodo assiste-se a urna certa invisibilidade do fenomeno tumular, esta invisibilidade é consequencia de vanos fenomenos.

Como também acontece noutras regiòes, também na Estremadura, as evidencias de necropoles deste periodo sào inexistentes (Vilaça e Arruda, 2004).

A diversidade é urna caracteristica deste periodo, e a forma de tratar os corpos nào obedece a alguns padròes provenientes de periodos anteriores, provavelmente nào devemos procurar sepulturas no sentido tradicional do termo; os rituais de inumaçào seriam complexos, podia-se assistir a enterramentos ou a deposiçòes temporanas e a enterramentos parciais dos corpos, haveria corpos que nào eram definitivamente enterrados num unico sitio. Os povoados também poderiam ser utilizados para deposiçòes parciais dos ossos humanos (20), e também como locais de enterramentos, assistir­se-ia a "enterramentos nos sftios dos vivos", em alguns casos nào haveria separaçào entre necropoles e habitats.

"Assim, a chamada "ocultaçào tumular" do Bronze Final mais MO é do que urna deficiente capacidade da arqueologia para captar a diversidade de contextos funeranos pouco impressivos na paisagem. Estes nào so nào deixaram vestigios facilmente reconhecfveis, como tais vestigio s, quando ocorrem, nào parecem obedecer a um so padrào de inserçào espacial, de modelo arquitectonico, de proximidade relativamente a povoados contemporaneos, etc. Neste caso, a chamada "ocultaçào corre sponde tào so a invisibilidade arqueologica" (Jorge, 1998b).

4.2.2 A necr6pole da Pedra do Ouro

Existem vanas versòes sobre os monumentos funeranos da Pedra do Ouro, Emani Barbosa refere a existencia de urna "thollos"· com a entrada virada a nascente, situada dentro da fortificaçào, no seu canto SW, e de urna estrutura circular, talvez urna torre de observaçào no seu canto NW (Barbosa, 1955, 117-118). Na opiniào de Afonso do Paço no limite NW da zona escavada encontram-se ainda restos de urna "tholos" bem definida, posto que muito arruinada (Paço, 1966, 148). É evidente a contradiçào entra Afonso do Paço e Emani Barbosa. J.L. Cardoso é da opiniào de Barbosa e refere que "urn dos torreòes foi, alias, confundido com o aparelho construtivo de urna tholos por A. Do Paço" (Cardoso, 2004, 74).

O facto de se ter encontrado urna figura de barro (Paço, 1940), denominada por Afonso do Paço "vénus da Pedra de Ouro", é da maior importancia, mas mais urna vez as condiçòes do achado nào ocorreram de forma a percebermos o seu contexto estratigrafico. Paço refere: "Numa das extremidades da estaçào, à beira da escarpa que fica sobranceira ao lugarejo da Pedra de Ouro (21), encontrou-se urna "tholos", quase totalmente destruida, estando as terras do interi or presumivelmente amontoadas do lado de fora, para onde teriam sido lançadas por malfazejos pesquisadores de tesouros ... Tratou Cabaço com todo o cuidado aquele montfculo de terras, e ao proceder à sua crivagem encontrou um dos mais curiosos objectos da estaçào, urna figurinha feminina de barro" (Paço, 1966, 141). Mais urna vez a imprecisào do sftio do achado, assim como a ausencia de contexto arqueologico impede-nos de perceber a cronologia desta "Vénus".

Mas se tanto a "tholos" como a "Vénus" sào de cronologia duvidosa. ja a sepultura encontrada do lado de fora da fortificaçào é mais consensual.

É referido que se encontrou urna sepultura de inumaçào, do lado de fora da fortificaçào mas encostada a eIa, do lado oeste e à direita da entrada. Tinha um esqueleto de urna criança de cerca de 12 anos (22), alguns vasos ceriìmicos e contas de vidro grosseiro (Barbosa, 1955 e 1956a).

Afonso do Paço diz que: "em determinado lugar, encontrou (Hipolito Cabaço) restos de pequenas sepulturas ainda com ossos humanos e recipientes evoluidos, que se podem talvez considerar de tipo "arganco" (Paço, 1966, 152), é de assinalar a divergencia de quantidade; Barbosa menciona urna sepultura e Paço refere pequenas sepulturas.

O espolio ceramico desta ou destas sepulturas é deveras interessante: é composto por um vaso de colo estrangulado (23) com decoraçào plastica de gomos e botòes no bojo (fig.ll). Este vaso na opiniào de Schubart tem evidentes afinidades com o periodo mais moderno do Bronze do Sudoeste (Schubart, 1971, 161)

J. L. Cardoso sugere urna cronologia do Bronze PIeno para este vaso, que, na sua opiniào, também tem evidentes afinidades culturais com o Bronze do Sudoeste (Cardoso, 2004, 165). Para

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este autor o Bronze Pieno é coetaneo do Bronze II do Sudoeste, e a sua cronologia é da prime ira metade do II milénio a.C., como pode ser confirmado pelos rnateriais encontrados no Catujal (Loures) (Cardoso, 1999,62).

Fazem ainda parte deste espolio tres vasos ceramicos dos quais dois (24) se admite pertenceremja à idade do Ferro (fig. 12) (Cardoso, 1999,63). Nào temos informaçào sobre a origem destes vasos, nào sabemos se provem da mesma sepultura (de onde provem o vaso do Bronze Pieno) ou de alguma proxima.

O que nào deixa duvidas é a presença na Pedra do Ouro de vestigios arqueologicos do Bronze Pieno e também da Idade do Ferro.

Bibliografia: Paço, 1940 e 1966; Barbosa, 1955 e 1956a; Leisner e Schubart, 1966; Schubart, 1969 e 1971; Domingos e Gomes, 1993; Cardoso, 1999, 1999/2000 e 2004; Branco, 2001.

4.2.3 A gruta de Refugidos

A gruta de Refugidos foi identificada por Hipolito Cabaço, nurna zona a Este da actual povoaçào de Refugidos. Dessa gruta sào originarios varios materiais cernmicos assim como ossos humanos; inicialmente Cabaço identificou quatro grutas: Gruta do Vale da Golpha, caverna n° 2 do Vale da Camota, abrigo do Vale da Camota (fig. 13, 14, 15), e outra nào denominada (fig. 16).

Identificar a gruta de onde sào originanos os materiais e localiza-Ia sào tarefas impossiveis; a vegetaçào que cobre desde ba muitos anos todo este vale a Norte do Casal do Caldeirào impossibilita a sua execuçào; de qualquer forma proponho urna localizaçào de dois locais de entre os quais se encontram as grutas identificadas por Cabaço. Este vale com um riacho que corre no sentido Norte/Sul, afluente da Ribeira de Santana da Camota, tem a seguinte coordenada UTM situada mais a Norte: 29SMD986204. O ponto mais a Sul deste vale tem a coordenada UTM: 29SMD986196.

A primeira referenciaJlibliogrMìsa a est@ locaLé.-'!f!. __ ~fredo ge Athayde, quefaz um estudo antropologico dos ossos eIl,cQntradosno 10cal (Athayde, 1933),Os mesmos, depositados no Museude Antropologia do Porto, foram submetidos a um teste de radiocarbono com o intuito de estabelecer a sua cronologia absoluta (25), mas esses dados ainda MO foram publicados.

Os materiais ceramicos encontrados no local sào fragmentos de campaniforme liso (Spindler, 1981). O que nos indica urna cronologia do Calcolitico Final/Bronze Inicial.

Existem ainda outros materiais ceramicos depositados no Museu de Alenquer, mas a sua cronologia é dubia (26).

Bibliografia: Athayde, 1933; Spindler, 1981; Lucas, 1994; Branco, 200 l.

4.2.4 O Cabeço da Raposa

O cabeço da Raposa ergue-se a Este da Localidade de Espinheira no Concelho de Azambuja (27), o seu ponto mais alto tem 189 metros de altitude, localiza-se nas seguintes coordenadas UTM: 29SND009394.

Emani Barbosa refere que Hipolito Cabaço teria encontrado urna cista ja violada contendo como espolio tres vasos estilo campaniforme (fig. 17) sem decoraçào.

Refere ainda a existencia no mesmo planalto de outros despojos funeranos semelhantes, assinaléiveis por monticulos de pedras, e por urna vegetaçào mais desenvolvida, desenhando a configuraçào de tUmulos (Barbosa, 1955,109-110).

Pela descriçào efectuada MO é possivel inferir se a cista teria sido utilizada em praticas funerarias de inumaçào ou de incineraçào.

As ceramicas campaniformes lisas (28) apontam para urna cronologia Calcolitico FinallBronze lnicial.

Nào foi possivel identificar o local onde estaria a cista, nem a existencia no mesmo planalto de despojos funeranos semelhantes como propòs Emani Barbosa (29).

Bibliografia: Barbosa, 1955; Branco, 2001.

4.2.5 HipOteses

Existem duas necropoles com materiais campaniformes liso: a Gruta de Refugidos e o Cabeço da Raposa. Parece haver urna descontinuidade no final do periodo campaniforme; estas necropoles foram abandonadas (aparentemente, pela MO existencia de materiais do periodo seguinte), portanto

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deduz-se que as populaçòes que as utilizavam abandonaram tal pratica. Propor urna razào é especular: teriam abandonado a regiào? Ter-se-iam extinguido? Teriam perdido as suas referèncias culturais? (o local de deposiçào dos seus ancestrais), teriam recebido novas influèncias culturais que os teriam levado a mudar de rituais funenmos? Seria demasiado perigoso continuar a utilizar aquele local como necropole? A unica coisa que sabemos é que o final do campaniforme significou o fim de um ciclo cultural.

A necropole da Pedra do Ouro tem materiais de dois periodos distintos: o Bronze PIeno e a ldade do Ferro, o que nos indica a ocupaçào em dois periodos diversos. Nào excluo a hipotese de se tratar de um nucleo de habitat com a necropole nas suas proximidades ou até no local de habitat. Um local onde nào se diferencia as duas funçòes, a habitacional e a funerana.

Pela localizaçào da gruta de Refugidos - junto à Ribeira de Santana da Camota - posso inferir que seria a necropole de algum dos castros da vizinhança: Pedra do Ouro, Amaral ou Alto da Peça.

É de referir que na Gruta de Refugidos e na Pedra do Ouro, os materiais aparecem associados a restos de ossos humanos, tanto num caso como no outro estamos na presença de pniticas funeranas de inumaçào.

A existència de muitas grutas por todo o maciço calcario do Concelho faz supor a utilizaçào destas como locais funeranos, nomeadamente na regiào de Ota onde nào se conhecem necropoles do periodo em questào. Poderiamos ter urna utilizaçào destes locais como necropoles pelas populaçòes da ldade do Bronze.

Também nào é de excluir a reutilizaçào dos monumentos megaliticos, mas com a ressalva de nào haver noticias de materiais deste periodo nestes monumentos.

A prospecçào intensiva da regiào também poderia adicionar novas necropoles às conhecidas, algo para o qual este trabalho nào contribuiu.

4.3 Os achados ocasionais

4.3.1 Acerca dos achados ocasionais

Quando sào encontrados artefactos em cobre ou em bronze, descontextualizados (30), singulares ou em numero superior, estamos a falar de achados ocasionais.

Este é um fenomeno tipico da ldade do Bronze como pode ser comprovado pela tipologia dos materiais encontrados.

Ao longo dos tempos vanas explicaçòes tèm sido dadas para a ocorrència deste fenomeno. Os motivos catrastofistas em que as guerras ou desordens de outra natureza impeliam os

homens a esconderem os metais, devido ao seu valor. Os motivos economicos; os metais seriam escondidos com o intuito de os amortizar,

demasiado metal a circular iria baixar o seu valor. Ou como reserva de metal para os artesàos especializados no seu manuseamento, fossem estes artesàos itinerantes ou sedentarios.

Motivos rituais ou cultuais; podiam ser ofertas a divindades, destruiçào dos bens com fim ritual, ou exibiçào publica de riqueza promovendo a sua ocultaçào; ou ainda simbolo do desaparecimento fisico do seu proprietano, urna espécie de ritual funebre, dificil de comprovar devido à diversidade e "invisibilidade" dos rituais fUnebres.

Nào podemos ignorar a hipotese dos achados singulares serem o resultado de perdas fortuitas.

Nào obstante a falta de materiais associados, nào é de ignorar a possibilidade de se tratar de locais de habitat, os quais, devido a fenomenos naturais e antropicos, manifestem urna total ausència de materiais que se possam associar a algum tipo de povoamento.

Os depositos contèm varios artefactos, os artefactos podem ser depositados todos ao mesmo tempo ou ao longo do tempo, e ainda podem ser disseminados por vanos lugares ou estarem todos no mesmo lugar.

Nos depositos podem estar acumulados artefactos de cronologia distinta, ou de cronologia semelhante; artefactos de cronologia distinta podem ser guardados pelo valor do metal, mesmo artefactos obsoletos ou truncados podem ser fundidos e originar um artefacto operacional. Os artefactos mais antigos também podem ser guardados como reliquias ou arcaismos, perpetuarem a memoria dos tempos passados.

O espaço utilizado para as deposiçòes também pode ter algum significado. Os depositos rituais podem obedecer a um critério de selectividade do espaço utilizado, assim, locais de passagem, o meio aquatico ou humido, podem significar espaços de culto.

Locais sem particularidades, a terra s~ca, podem estar associados a depositos nào rituais.

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Os proprios objectos e a sua disposiçào espacial podem diferenciar urna intençào ritual de urna nào rituai.

A deposiçao de objectos completos, armas ou omamentos, com alguma disposiçao especial, por exemplo associados a restos alimentares, podem ter urna intençao ritual.

A deposiçào de objectos fragmentados em locais sem particularidades, pode indicar algo de nào ritual.

4.3.2 Os achados ocasionais em Alenquer

Sào alguns os achados ocasionais no territorio do Concelho, nao iremos tentar urna interpretaçào intencional das deposiçòes, porque como vimos elas podem ser de vana ordem.

4.3.2.1 O problema da localizaçào dos achados.

Os achados ocasionais do Concelho de Alenquer, sao identificados pelo toponimo do local onde se efectuou esse achado. Se ha toponimos em que nao temos grandes duvidas sobre a sua localizaçào, como por exemplo Pedreiras - Serra da Neve, ha outros em que a sua localizaçao nào é conhecida, seja pela perda da memoria colectiva em relaçào à sua localizaçao, como no caso da Quinta da Escota, seja pela existència de mais de um local com a mesma designaçào, como acontece com o Moinho do Raposo.

Se a localizaçào precisa do local do achado é impossivel de determinar, ja a localizaçào precisa do toponimo nao o é.

O método de investigaçào seguido foi diferente consoante os casos, e o resultado foi a seguinte proposta para a localizaçào geografica dos achados ocasionais.

4.3.2.1.1 A espada do Moinho do Raposo

Emani Barbosa, refere que trabalhos agricolas trouxeram à superficie urna espada de bronze, " a cerca de 5 km ao norte de Alenquer, na cadeia de elevaçòes jurassicas que se ergue a ocidente das terras baixas da chameca de Ota," num local à cota de 269 metros, denominado moinho do Raposo (Barbosa, 1955, 111).

A localizaçào do local do achado ainda estava por fazer. A estratégia utilizada para a localizaçao foi tentar identificar algum moinho que fosse de algum moleiro e com o nome Raposo, que tivesse a altitude de 269 metros, que se localize a 5 km a norte de Alenquer, e a Oeste " das terras baixas da chameca da Ota".

O inventano dos moinhos do Concelho de Alenquer, efectuado pela equipa do Museu Municipal de Alenquer, tinha identificado no livro de requerimentos, o requerimento de " Joaquim da Silva Raposo, moleiro, morador na Vila de Alenquer, requerendo aforamento de um baldio no sitio do Cabeço do Pedregal entre o Falgar e o casal da Cameira, onde pretende construir um moinho" (31)

Localizou-se o casal da Cameira e o Falgar na carta militar, verificou-se a existència de um moinho entre estes dois sitios, moinho esse situado à cota de 269 metros, e a cerca de 3,5 kms a Norte de Alenquer.

A inforrnaçào oral (32) supostamente prestada por Hipolito Cabaço a Emani Barbosa, deveria referir-se à distància por estrada, e essa distància é superior a 5 kms.

O local identificado tem as coordenadas UTM: 29SMD990264, e situa-se a Oeste das terras baixas da chameca da Ota. Proponho que a referida espada tenha sido encontrada nos arredores deste moinho.

Resultado de trabalhos de pedreira o moinho foi destruido, so restando o marco geodésico e o cabeço a Oeste deste, e devido aos referidos trabalhos a parte Este ja se encontra a cotas mais baixas.

A espada esta depositada no MMAHC (33), "urna das faces apresenta-se bastante gasta, como gasta também se encontra a metade inferior do gume, tanto dum lado como doutro" (Jalhay, 1943-1944). O facto de estar gasto implica o uso deste artefacto, nao excluindo a sua componente de objecto de prestigio; teve sem duvida urna funçào utilitiuia para quem a possuia (tig. 18, representada na capa deste trabalho).

Tipologicamente este artefacto insere-se no grupo de punhais de rebites na lingueta do "Tipo Porto de Mos". Trata-se de urna peça de produçao de cunho regional, cuja distribuiçao centra-se na Estremadura e Beiras, também se encontra presente no deposito de Santi. na Sardenha (Cardoso. 2004, 192).

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Os punhais "Tipo Porto de Mos" sào caracteristicos do Bronze Final (transiçào do II para o I milénio a.C.) (Vilaça, 2005, 129). Mas Raquel Vilaça considera que o comprimento desta peça - 31,4 cm - pode por em causa a sua inserçào ne sta tipologia em que os comprimentos oscilam entre os 7 e os 20,7 cm (Vilaça, 1995, 336). Nesta perspectiva estamos na presença de urna espada e nào de um punhal.

Bibliografia: Jalhay, 1943-1944; Barbosa, 1955; Pereira, 1969; Coffyn, 1985; Vilaça, 1995; Cardoso, 1999/2000 e 2004; Branco, 200 I.

4.3.2.1.2 O machado da Quinta da Escota

Foi divuldada no Diario de Noticias (n° 613, 25/0111867), a oferta ao Museu do Carmo de um objecto, pelo Sr. Henrique Mendonça; que este tinha encontrado numa porçào de terreno que andava arroteando, denominado Quinta do "Escotto".

A localizaçào desta quinta foi dificil: no livro O Conce/ho de A/enquer 4, aparece urna referencia à Quinta do Escouto, "que em 1873 pertencia ao Visconde de Abrigada. A quinta foi desmembrada. Apenas resta a memoria do seu toponimo" (Melo, Guapo e Martins, 1987,252).

O passo seguinte foi procurar o toponimo na cartografia actual, e o toponimo nào existia. Havendo algurnas cartas antigas no Museu de Alenquer, numa delas encontrou-se o toponimo

e apareceu "Escota" localizada entre a Atouguia e o Estribeiro, na Freguesia de Abrigada (Mapa 4) (34).

Este local fica proximo de urna ribeira afluente do Rio da Ota, a sua altitude aproximada sào os 75 metros, e as suas coordenadas UTM sào: 29SMD981315.

O objecto em causa é um machado e esta depositado no Museu Arqueologico do Carmo com o numero 255 (Vilaça, 2005, 130) (fig. 19).

Savory referencia este machado como "Machados de Alvado com dupla aselha" (Savory, 1951,369).

Raquel Vilaça menciona este machado como "tipicamente atlantico, apresentando, predominantemente urna distribuiçào ao longo da fachada Atlantica até ao Tejo/Sado. Pela tipologia e associaçòes a outros artefactos metalicos, sào produçòes atribuiveis à transiçào Bronze FinaUFerro Inicial (séculos IX/VIII a. C.), podendo continuar em uso ja depois da introduçào do ferro". Este machado é feito de bronze, pesa 821 gramas, as suas medidas sào: comprimento 16 cm; largura 6,2 cm; espessura 5,4 cm. "Apresenta pequena fractura junto ao alvado e area vasada junto a um dos anéis, possivelmente por defeito de fabrico, gurne irregular, lamina lisa e al vado subquadrangular" (Vilaça, 2005).

O gurne apresenta algum desgaste, parece ter sido afiado varias vezes; tera tido sem duvida um caracter utilitario em algurn momento da sua vida util.

O toponirno deste achado é Quinta da Escota ou Abrigada, o que tem provocado alguma confusào com os machados dos Casais da Pedreira, um de talào e outro de alvado, que também utilizam o toponimo Abrigada (35) ou Serra da Neve (36).

Para Raquel Vilaça este machado de alvado "teria sido encontrado juntamente com outro, de talào, com urna das faces planas pertencentes à "colecçào Cabaço" (Vilaça, 2005, 130).

Mas o machado de talào referido por Vilaça, foi encontrado junto de outro machado de alvado (Savory, 1951, 367 e 369) - e nào este da quinta da Escota - estào os dois no Museu de Alenquer, e o seu toponimo é Abrigada, Serra da Neve ou Casais das Pedreiras.

Também Maria Amélia Horta Pereira se refere a um machado de alvado proveniente de Abrigada, Alenquer (Pereira, 1969, 254 e 269). Nào especificando a qual dos machados de alvado se refere, se o da Escota ou dos Casais das Pedreiras. Apresenta tres referencias bibliograficas: Possidonio da Silva e Estacio da Veiga que se referem ao machado da quinta da Escota, e Emani Barbosa que se refere ao machado dos Casais das Pedreiras.

Como se pode verificar o toponimo Abrigada ja ha muito tempo que confunde os arqueologos.

Bibliografia: Diario de Noticias, n° 613, 1867; Costa, 1867; Silva, 1880, 1882 e 1883; Veiga, 1891; Savory, 1951; Pereira, 1969 e 1971; Hardaker, 1976; Monteagudo, 1977; Coffyn, 1985; Domingos e Gomes, 1993; Gomes e Domingos, 1994; Branco, 2001; Vilaça, 2005.

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4.3.2.1.3 O achado dos Casais da Pedreira ou da Serra da Neve

Refere Emani Barbosa que "no lugar de Abrigada, a cerca de 9 km a norte de Alenquer foram encontrados, ao remover-se urna grande pedra, num esconderijo, os dois rnachados de bronze ... um machado de talào com urna aselha ... um machado de alvado" (Barbosa, 1955, 112-113).

Estes dois machados (fig. 20) estào depositados no MMAHC (37), e estào identificados com os toponimos Casais das Pedreiras ou Serra da Neve.

Os casais das Pedreiras sào urna localidade da Freguesia de Abrigada, situado a meia encosta da Serra do Montejunto, na sua vertente Este, aproximadamente à altitude de 230 metros e tem as seguintes coordenadas UTM: 29SMD968355.

Sào os machados referenciados por Savory como tendo sido encontrados um com o outro, um com urna tipologia de "machados de talào com urna das faces plana" (Savory, 1951, 366), e o outro "machados de alvado, com dupla aselha" (Savory, 1951,369).

O machado de talào é plano numa das faces, apresenta vestigios de uso junto ao gume, mede 15,6 cm de comprimento e 1,6 cm de largura, pesa aproximadamente 250 gramas.

O rnachado de alvado também apresenta vestigios de uso, o seu comprimento sào 16,9 cm, tem urna espessura de 0,8 cm, e pesa aproximadamente 780 gramas. O alvado tem as dimensòes de 3,5 cm X 4 cm e tem urna profundidade de cerca de lO cm.

Segundo Coffyn estes machados tem urna cronologia do Bronze Final Atlàntico III aproximadamente 900-700 a.C. (Coffyn, 1985,219 e Cartes 41 e 42).

Bibliografia: Savory, 1951; Macwhite, 1951; Barbosa, 1955; Pere ira, 1969 e 1971; Hardaker, 1976; Monteagudo, 1977; Coffyn, 1985; Branco, 2001.

4.3.3 Tentativa de interpretaçio.

Todos os materiais provenientes de achados ocasionais tem urna cronologia do Bronze Final, como o Bronze Final é um periodo que se desenrola por alguns séculos, podemos estar a falar de materiais com periodos de produçào bastante distintos.

A localizaçào dos achados - nomeadamente o Moinho do Raposo e a Quinta da Escota - é proxima do Castro de Ota. O Moinho do Raposo é um sitio de altura com urna excelente visibilidade sobre a paisagem circundante, e a Quinta da Escota localiza-se proxima de urna linha de agua, nào sabemos se ha alguma relaçào entre a localizaçào dos achados e a proximidade ao Castro de Ota, que tem urna ocupaçào humana no periodo a que se referem estes materiais.

O achado dos Casais das Pedreiras, que continha dois artefactos de tipologias diferentes, talvez se possa chamar "deposito" devido ao seu caracter plural.

O local deste achado a meia encosta da Serra do Montejunto num local com condiçòes privilegiadas de visibilidade para o Vale do Tejo, e ja bastante afastado do Castro de Ota, parece ter mais a ver com a ocupaçào Humana na Serra do Montejunto, da qual o Castro de Pragança é o seu local mais conhecido.

Foram efectuadas prospecçòes na Escota e nos Casais das Pedreiras (38), com o intuito de descobrir materiais que pudessem contextualizar os achados, mas nào se encontrarammateriais que se pudessem associar aos metais encontrados; estamos na presença de achados descontextualizados.

Notas

( I) Devido à ausencia de estratigrafias dos sitios, provavelmente nunca o vamos saber. (2) Depositadosno MMAHC comosnumeros 1941 a 1941/47. (3) A cronologia é vaga, mas a sua localizaçào, contigua à Pedra de Ouro e Amaral, exige que se tente perceber a sua inserçào no espaço e no tempo. (4) Nao confundir com o Casal do Amaral. situado a meio caminho entre a Pedra do Ouro e a Serra do Amaral situado à altitude aproximada de 130 metros e com a coordenada UlM: 29SMD969205. (5) Depositado no MMAHC com o n° 13 \3. (6) As conteiras sào as extremidades metàlicas das bainhas servindo para resguardar as pontas das espadas e dos punhais. Depositado no MMAHC com o n° 1871/10. (7) Os pesos de todos os artefactos pesados foram obtidos com a mesma balança. Esta nao é um instrumento de grande precisào, por isso os pesos obtidos suo aproximados. (8) tnformaçào oral que Hip6lito Cabaço deu a Afonso do Paço (Paço, 1966, 120) .

. (9) Carta Militar de PortI/gai, serviço cartografico do exército, folha 376, 1965. (IO) Foram conscientemente exc\uidos os outros materiais, nomeadamente as ceràmicas, por razòes de disponibilidade de tempo. (II) Depositada no MMAHC com o numero 3839.

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(12) Depositadas no MMAHC. (13) Depositado no MMAHC com o numero 3828. (14) Nào foi possivel saber o peso deste machado, tinha mais de I kg e a balança utilizada so pesava até I Kg. Est! depositado no MMAHC com o numero 3829. (15) Depositada no MMAHC com o numero 1438/1 A. (16) Depositada no MMAHC com o numero 1438/1 B. (17) Inferi do pelo facto dos territòrios radiais de subsistència em redor de um povoado terem em média entre 0,3 e 6 kms (Femandez Martinez e Ruiz Zapatero, 1984,58). (18) Ver alinea 4.3.1. (19) Ver alinea 4.3.1. (20) Estas pniticas atipicas (para os dias de hoje) nào deixariam vestigios materiais, o que as torna ditìceis de comprovar. (21) Penso que A. do Paço se refere à escarpa que fica a Sul do recinto. (22) Estudado pelo Prof Mendes Correia. (23) Depositado no MMAHC com o numero 1290. (24) Depositados no MMAHC com os numeros 1299 e 1300. (25) Intòrmaçào oral prestada pelo Doutor Domingos Cruz, a quem agradeço. (26) Depositados no MMAHC com os numeros 1721 e 1938 a 193817. (27) No sitio da Internet do Instituto PortU"guès de Arqueologia (lPA) (www.ipa.min-cultura.pt, 04/08/2006, 14h59m), este

local est! identiticado como pertencendo ao Concelho de Alenquer, por isso est! incluido neste estudo; mas de tàcto pertence ao Concelho de Azambuja, como tal esta fora da area geognitica do estudo; possivelmente este erro vern na sequència de Emani Barbosa (Barbosa, 1955, 109), que coloca o Cabeço da Raposa na periferia do Concelho de Alenquer.

(28) Depositadas no MMAHC com os numeros 1718, 1719 e 1720. (29) Apesar da prospecçào efectuada, a enorme area do planalto, a intensa actividade agricola e tlorestal assi m como a vedaçào de algumas partes nào nos perrnitiram confirrnar as hipòteses propostas por Barbosa. (30) Sem vestigios arqueològicos nas suas proximidades, que possam ser reportados ao mesmo periodo cronològico. (31) Càmara Municipal de Alenquer - arquivo històrico - requerimentos - 28 de Setembro de 1874. (32) Inferido pela afinnaçào "segundo intòrmaçòes do seu descobridor" (Barbosa, 1955, 108), referindo-se ao castro de Ota. O que me tàz supor que teria havido urna grande colaboraçào por parte de Hipòlito Cabaço, no trabalho de Emani Barbosa. (33) Com o n° 1161. (34) Agradeço ao Dr. Filipe Rogeiro que me deu a conhecer a existència desta carta. Este mapa que presumo tenha pertencido a Hipòlito Cabaço nào tem indicaçào de escala nem do seu editor. (35) Ver alinea 4.3.2.1.3. (36) Nome porque também é conhecida a Serra do Mont~unto. (37) O machado de alvado tem o n° 1327, e o de talào tem o n° 1326. As fichas existentes no MMAHC indicam que fomm encontrados juntos. (38) Devido a destruiçào do local nào tòi possivel prospectar o Moinho do Raposo.

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5. A emergencia de elites

5.1 A alteraçào social

No Calcolitico assiste-se ao aparecimento de "bens de prestigio"., que simbolizam urna acumulaçào de riqueza por parte de quem os possui. Na Idade do Bronze a quantidade desses objectos multiplica-se, o que pressupòe a existència de mais riqueza ou de mais pessoas com acesso à riqueza ( l).

A acumulaçào de riqueza simboliza um estatuto social superior por parte de quem a possui; seja esse estatuto social superior, causa ou consequència da acumulaçào de riqueza.

Havendo na sociedade quem tenha um estatuto social superior, teni de haver quem tenha um estatuto social inferior, como tal assistimos a urna diferenciaçào social dentro das comunidades.

É aceite pela maioria dos arqueologos a existència dum fenomeno de crescente complexidade social, durante a ldade do Bronze na Peninsula Ibérica (Jorge, 1998 b, 151).

A diferenciaçào social pressupòe a existència de relaçòes de poder, entre as diferentes formas de organizaçào social (castas, ordens, classes), essas relaçòes de poder podem indicar que alguém exerce poder sobre outrem.

Se alguém exerce poder sobre outrem, tal implica que haja competiçào entre os chef es emergentes eque haja resistència contra essa liderança (Earle, 1997,2). A competiçào e resistència implicam um certo grau de conflituosidade na sociedade.

Sào diversas as formas como esse poder se manifesta, o conceito de "power to" refere-se à capacidade das pessoas para agirem ou intervirem numa série de acontecimentos, ou até de os alterar (Mcguire, 1992, 132). Mas a forma de poder que mais nos interessa é "power over" que é aquele que implica diversas formas de dominaçào e eventualmente de repressào (Vilaça in Jorge Ed., 1998a, 204).

O poder é medido pelo dominio que o "chefe" exerce sobre os outros, esse poder implica a existència de autoridade, que é o direito e a responsabilidade para liderar, de forma que essa liderança é sancionada por um grupo que reconhece capacidades ou urna posiçào social dominante. O poder também é a capacidade para restringir o acesso aos recursos, isto é urna forma de controlo sobre os outros. (Earle, 1997, 3 e 4).

As fontes de poder sào diversas, as relaçòes sociais sào urna forma potencial de exercer poder sobre os outros, como por exemplo alguém herdeiro de urna linhagem importante numa comunidade.

As relaçòes economicas serào outra das fontes de poder, alguém com mais recursos economicos, teni sempre poder sobre quem tenha menos, trata-se da desigualdade nas trocas comerciais.

O poder militar, através da sua capacidade de coagir, é outra fonte de poder. A ideologia é outra fonte de poder, deriva das rotinas de submissào, estabelece estruturas de

autoridade e institucionaliza as regras. Representa codigos de ordem social, como as organizaçòes sociais e politicas se estruturam, motivo da existència de direitos e obrigaçòes especificas (Earle, 1997).

Quando as relaçòes de poder assumem formas mais ou menos violentas, a sua visibilidade no registo arqueologico pode ser elevada, nomeadamente com o aparecimento de armas e de outros artefactos.

Mas, "na verdade, o poder nem sempre se exprimiu pela força, pela opressào ou pela coerçào. Esta é apenas urna das suas faces, a forma mais negativa e também mais boçal de o exercer. O poder pode manifestar-se de outras maneiras e em inumeros sentidos, pelo que se torna necessario captar as formas, por vezes veladas, e outras aparentemente inocentes, da sua pratica, representaçào e base ideologica de legitimaçào" (Vilaça in Jorge Ed., 1998a, 204).

5.2 Os artefactos de poder

Os objectos metalicos devido ao seu valor, ou devido ao valor do metal, simbolizam urna proeminència social, de parte de quem os possui.

Os "artefactos metalicos seriam fundamentalmente atributos de diferenciaçào social" (Fabiào, 1992, 90). Esta conclusào é baseada em alguns factos, como a utilizaçào neste periodo de instrumentos em silex, que nào foram completamente substituidos pelo metal. A existència de li gas ternanas·, pouco resistentes, o que pòe em causa a utilizaçào de alguns artefactos como instrumentos, bem como a morfologia de alguns artefactos, que os torna pouco operacionais, e ainda

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o valor do meta!, que pode indicar que este era acumulado pelo seu valor e nào pela funcionalidade dos instrumentos.

As amilises metalognificas sào a forma de saber a composiçào das ligas e a partir dai, inferir acerca da maior ou menor funcionalidade dos artefactos (2). Nào tendo sido feito este tipo de amilises, a funcionalidade dos objectos é determinada pelos vestigios de uso (desgaste dos instrumentos), e pela sua morfologia, se seriam funcionais ou nào.

Se pela sua forma, matéria-prima, e desgaste, podemos concluir que um artefacto metalico serviu como instrumento de trabalho, tal nào invalida a sua conotaçào como "be m de prestigio", porque a capacidade para possuir objectos de metal nào se estenderia a todos os membros da sociedade.

Mas nào seriam so os artefactos metalicos os simbolos de poder, todos os bens de prestigio, pelo seu caracter excepcional seriam simbolos de poder. E o facto de sere m bens excepcionais é urna forma redundante de dizer que nem todos lhe teriam acesso.

E sào primordialmente estes bens, de caracter excepcional, os mais utilizados neste estudo. A sua importancia reflecte-se nos estudos que ja foram efectuados por geraçòes de

arqueologos.

5.3 A ocupaçào do espaço

o modelo de povoamento defendido pela generalidade dos arqueologos neste periodo, preconiza a ocupaçào dos sitios de altura e de pequenos locais abertos.

la vimos que no registo arqueologico do Concelho nào é possivel comprovar este tipo de povoamento, que a existir seria um indicativo de aumento demografico. De qualquer forma, como ja referi (3), e no estado actual das investigaçòes, nào é possivel dizer que este tipo de povoamento nào tenha aqui existido.

A existir este tipo de povoamento, ele seria mais urna componente a comprovar a diferenciaçào social deste periodo cronologico.

Os povoados de altura seriam os nucleos demograficos mais importantes - onde viveriam as elites dominantes, a partir dos quais se procederia à adrninistraçào de territorios bem definidos e delimitados, onde se incluiriam os "casais agricolas" ou locais abertos (Alarcào, 1996b).

Notas

(I) .. Conceito de ampio significado. que nào deve nem pode cingir-se à quantidade e qualidade de bens materiais" (Vilaça in Jorge ed .• 1998a. 208). (2) Nào houve possibilidade de efectuar nenhum tipo de amilise metalografica. (3) Na alinea 4.1.5.

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6. O territorio de Alenquer no contexto da Idade do Bronze.

o primeiro aspecto a salientar da ocupaçào humana no actual concelho de Alenquer durante a Idade do Bronze, é a exiguidade de sitios identificados com ocupaçào deste periodo, relativamente à proliferaçào de sitios identificados com ocupaçào calcolitica.

Nesta regiào (a Estremadura Portuguesa) ter-se-ia assistido à multiplicaçào de nucleos de canicter familiar dedicados à exploraçào agro-pastoril intensiva e extensiva - como ja se verificava desde o campaniforme, articulados em nucleos demograficos mais importantes, a partir dos quais se procederia à adrninistraçào de territorios bem definidos e delimitados (Cardoso, 2004, 177). É bastante significativo que o numero de locais identificados da Idade do Bronze seja inferior ao numero de sitios do Calcolitico (l).

A distribuiçào espacial destes locais, apresenta urna relativa proximidade ao Rio Tejo ou aos seus afluentes.

O territorio da Estremadura tem um posicionamento geografico que lhe permitiu ser um local de intercàmbios comerciais e culturais de enorme importància.

É um territorio atravessado por dois rios: o Rio Tejo, que seria essencial pela existencia de diversos e vastos recursos alimentares, pela existencia de ouro de aluviào; e também como via de comunicaçào, atravessando todo o territorio portugues e chegando até ao interior da Peninsula Ibérica. Quanto ao Rio Sado seria urna importante via de comunicaçào para Sul do actual territorio portugues.

O seu posiocionamento geografico também é relevante, pois fica situado a meio caminho entre o Norte Atlàntico e o Sul Mediterràneo.

O Castro de Pragança ficou fora deste estudo por pertencer ao concelho do Cadaval e nào ao de Alenquer. Neste periodo teria urna enorme importància na regiào, como se pode verificar pelos materiais encontrados: machados de talào e machados planos, pontas de lança, foices de "tipo Rocanes", etc. (Kalb, 1980a), e também pela proximidade geografica.

Apesar de se situar na vertente Norte da Serra do Montejunto, e a travessia desta serra nào se fazer de forma simples, a sua proximidade geografica aos locais identificados no concelho de Alenquer é evidente (mapa 3).

A distància deste castro ao local de habitat da ldade do Bronze mais proximo no concelho de Alenquer é sensivelmente Il Kms em linha recta, o que nào corresponde de maneira nenhuma à distància que se tem que percorrer se quisermos ir de um local ao outro. O caminho mais proximo seria atravessando a Serra do Montejunto, o que agravaria as dificuldades por causa da orografia desta. Também nào existem linhas de agua que possam "encurtar as dismncias" entre estes dois locais.

Apesar destes obstaculos os contactos existiram como se comprova pela existència de materiais identicos nos dois lados da serra.

As relaçòes a longa distància efectuadas pelos habitantes do Castro de Pragança sào corroboradas pelos materiais existentes. Na minha opiniào seriam efectuados com mais incidencia pelo Oceano Atlàntico, do que pelo Rio Tejo. A proximidade deste local ao Rio Real e à Ribeira de Alcabrichel, dois rios que desaguam neste Oceano, leva a supor que os contactos seriam mais faceis por esta via.

Os minerais escasseavam na regiào, com a excepçào do ouro de aluviào, o cobre so se encontrava disponivel nas vastas planicies meridionais, apesar de haver referencias a este metal na Estremadura (2); o estanho era um metal abundante no Norte do actual territorio Portugues (mapa 5).

A metalurgia do Bronze so tardiamente fez o seu aparecimento na regiào, cerca de meados do II milénio a.C. Pode explicar-se pela forte tradiçào calcolitica regional, caracterizada por urna rica metalurgia do cobre arsenical·; por outro lado a dificuldade de obtençào do estanho a partir das minas da Beira Interior e do Norte do Pais, cuja exploraçào e redes de abastecimento, no inicio do Bronze PIeno, ainda se nào encontrariam devidamente organizadas (Cardoso, 2004, 170).

As rotas de circulaçào dos metais condicionariam toda a capacidade de produçào dos bronzes - que seriam produzidos tanto nos povoados de altura como nos "casais agricolas" (Vilaça e Arruda, 2004, 18). Os artefactos metalicos também se produziam no espaço doméstico, haveria urna certa "democratizaçào" no acesso à produçào de metais.

As rotas de circulaçào dos metais seriam um dos aspectos primordiais neste periodo. Sendo urna liga binaria de bronze normalmente constituida por cerca de lO a 20% de estanho

e por 80 a 90% de cobre, numa regiào onde esses metais eram inexistentes, tal implica que esses metais teriam de chegar do exterior; o comércio com as zonas de origem do cobre teriam de ser mais intensos - a quantidade de cobre em circulaçào ,teria de ser mais elevada do que de estanho.

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As rotas do cobre em funcionamento desde o campani forme, a partir de meados do II milénio a.c. teriam tido um incremento para poderem satisfazer o aumento da produçào metalifera. Simultaneamente as rotas de circulaçào do estanho teriam entrado em funcionamento.

É nesta regiào que se cruzam as rotas dos metais, a do cobre de Sul para Norte e a do estanho de Norte para Sul. A Estremadura como local de encontro destas duas rotas in! assumir neste periodo um papel de centro redistribuidor destas matérias-primas. Enviando o cobre que Ihe chegava do Sul para o Norte do territ6rio, e enviando o estanho que Ihe chegava do Norte para o Sul. Este processo "comercial" permitiria que houvesse urna grande quantidade de metais em circulaçào, possibilitaria a obtençào de mais valias - possivelmente em metal excedente das trocas, que facilitaria a produçào local de bronzes.

A abundància ou a escassez dos dois metais: cobre e estanho, seria urna das condicionantes do "mecanismo de formaçào de preços" dos mesmos - juntamente com outros factores, como a distancia de transporte, a facilidade ou dificuldade da extracçào mineira, etc.

Sem duvida que estas matérias-primas tinham um "valor de mercado", e o seu "valor" seria convertivel noutras matérias-primas que teriam por sua vez o seu pr6prio "valor".

O "valor de troca" das mercadorias seria determinado pela quantidade existente disponivel para "comercializar", e também pela necessidade que outros teriam dessas mercadorias para satisfazer as suas pr6prias necessidades. Seria a oferta e a procura de bens a determinar o seu "valor de troca".

Possivelmente seriam os sitios de altura com boa visibilidade - que Ihes permitiria controlar as rotas, perto de cursos de agua navegaveis - que facilitavam os contactos e a circulaçào de mercadorias; onde se instalariam as elites que controlariam este comércio a longa distància eque fariam a redistribuiçào dos metais no interior da Estremadura.

Haveria um processo de subordinaçào dos sitios em que uns dependeriam dos outros (Vilaça e Arruda, 2004, 28).

As trocas far-se-iam entre iguais numa relaçào horizontal, seriam os elementos mais importantes das comunidades a controla-Ias. As trocas poderiam funcionar como um sistema de dadivas para manter as boas relaçòes.

Se os bens de prestigio fossem utilizados para efectuar "pagamentos", os oriundos da Estremadura teriam urna dispersào maior no Sul do territ6rio, de onde é proveniente maior quantidade de metais; mas tal nào se verifica. A dispersào destes artefactos deve inserir-se num sistema de troca de bens, entre "notaveis", indiciando a sua predisposiçào para manter as boas relaçòes.

A quantidade de objectos "bens de prestigio" existentes nesta regiào anuncia urna enorme riqueza da mesma.

Nào creio que a agri cultura e a pastoricia fossem suficientes para fazer da Estremadura urna regiào tào pr6spera, mesmo que as condiçòes natumis fossem 6ptimas para o desenrolar destas actividades; teriam de ser o comércio e a produçào artesanal dos metais os factores capitais do enriquecimento desta regiào.

Os bens de prestigio encontrados sào varios dos quais podemos distinguir: o tesouro do Bonabal (Lourinhà) (Trindade e Ferreira in Cardoso, 2004, 173) do Bronze PIeno; e o colar do Casal de Santo Amaro (Sintra) do Bronze Final (Pereira in Cardoso, 2004, 198), urna magnifica peça de joalharia em ouro que pesa 1262 gramas, urna peça hibrida com influencias atlànticas e mediterraneas. Esta j6ia (fig. 21) é urna sintese de "elementos de tecnologia e tipologia muito diferentes, e também de tradiçòes culturais distintas, exprimindo, mais do que qualquer outra peça, a realidade cultura I vigente na regiào, nos ultimos momentos da Idade do Bronze" (Cardoso, 2004 198).

É esta capacidade para acumular riqueza que faz da Estremadura urna regiào excepcional. Este processo comercial, que faria da Estremadura um territ6rio tào prospero seria também

urna forma de estimular as regiòes que faziam parte deste intercambio. As mercadorias nào circulavam sozinhas, mas com elas também circulavam homens e

mulheres. As rotas seriam urna forma de circularem pessoas e mercadorias e de se difundirem ideias. Seriam também as ideias e nào so as mercadorias os mei08 que possibilitavam o estimulo entre homens que habitavam regiòes diferentes.

As rotas do comércio também podem ser inferidas pela distribuiçào dos materiais. Os machados de talào unifaces e 08 machados de alvado com duas argolas podem ser de

produçào estremenha; o mapa de distribuiçào destes artefactos indica que a difusào destes artefactos paro Norte e para Sul se faz a partir de um centro situado precisamente na Estremadura.

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Assim como um artefacto de produçào comprovada na Estremadura, a foice de "tipo Rocanes", da qual foi encontrado um molde de fundiçào em Rocanes (Sintra), também tem urna dispersào pelo territorio peninsular a partir do epicentro da Estremadura (mapa 6).

Estes artefactos também aparecem em depositos disseminados pelo Meditemmeo Central, de onde se destaca o célebre deposito do Monte Sa Idda, Cagliari (Sardenha) (Taramelli in Cardoso, 2004,191-192).

A difusào dos artefactos em Bronze nào se faria so por rotas fluviais e terrestres, a navegaçào mariti ma ja seria bastante desenvolvida no Bronze Final, navios com tonelagens consideraveis ja sulcavam os mares neste periodo. O naufragio de Ulu Burun (Turquia), do século XIV a. C., testemunha a capacidade de navegaçào dos povos da Idade do Bronze, este navio teria um comprimento estimado de 16 metros (Pomey, 1997).

Os contactos entre povos de locais distantes eram um facto inquestionavel. Os sistemas de peso poderiam ter correspondencia em locais longinquos, como por exemplo a "ficha" de Ota; pesa 8 grs e pode ter correspondencia com o siclo fenicio, que tem um peso estimado entre 7,5 e 7,9 grs (Vilaça, 2003, 267).

As trocas poder-se-iam realizar com base em unidades de valor referencial aceites num determinado momento. "A estandardizaçào é urna das caracteristicas do Bronze Final e expressa-se igualmente, como se sabe noutras bases materiais. Como diversos investigadores tem repetidamente sublinhado, os valores estandardizados facilitariam as trocas "intemacionais" caracterizadoras da época" (Vilaça, 2003, 249).

Notas

(1) Assunto ja abordado na alinea 4.1.5. (2) Ver alinea 2.2.

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7. Conclusào

Na conclusào deste estudo importa perceber em que medida os objectivos propostos na introduçào, foram cumpridos. AIguns foram-no na totalidade, outros ficaram aquém das expectativas criadas.

Desde logo o método utilizado de inventariaçào dos bens do MMAHC mostrou-se fallvel. A intençào era de detectar todos os objectos metalicos existentes, com o intuito de perceber quais tinham cronologias compativeis com o ambito deste trabalho. O objectivo falhou, pelo menos urna peça que ja conheciamos antecipadamente, e utilizada no trabalho, nào foi detectada no inventario, como tal é possivel que ainda haja materiais nào estudados - da ldade do bronze - no deposito deste museu. A enorme quantidade de materiais ai depositados, e o método ainda bastante arcaico de organizaçào do ficheiro, nào ajudaram na conclusào deste trabalho.

A prospecçào nào foi um objectivo prioritario, mas os locais que foram pesquisados nào nos forneceram indicaçòes sobre o periodo estudado. Teria de ser efectuada urna prospecçào intensiva dos sitios e entào talvez se alcançasse resultados satisfatorios. Mas a forma de antropizaçào da regiào nào é favoravel à conservaçào dos vestigios arqueologios.

A tentativa de perceber a interacçào do Homem com os meios naturais, humanos e tecnologicos ao seu dispor foi conseguido de urna forma bastante insuficiente. Os materiais disponiveis sem contextos estratigraficos. E as formas de investigaçào utilizadas na primeira metade do séc. XX - que nào visavam obter as mesmas respostas que nos hoje exigimos - dificultam o progresso das investigaçòes actuais.

Um trabalho importante que estava por fazer - a localizaçào de determinados locais arqueologicos - foi concluido na minha opiniào de forma satisfatoria. AIguns toponimos de localizaçào dubia foram localizados de forma correcta.

Os outros objectivos propostos: o estudo da regiào com perspectivas, micro, macro e transregionais; e a forma como a regiào pode ter estimulado o desenvolvimento de outras, e potenciado o seu proprio desenvolvimento, também foram concluidas de forma aceitavel, desenvolveu-se este tema com base nos materiais arqueologicos existentes e também na bibliografia disponivel, vasta e de enorme qualidade.

Foi concluido que esta regiào, graças à sua localizaçào geografica e à apetencia do Homem para a utilizar, se inseriu num sistema de trocas a niveI regional e transregional. O que permitiu um grande incremento "comercial" da regiào, e simultaneamente o desenvolvimento de regiòes vizinhas, como consequencia da difusào de pessoas, ideias e bens.

Existia entào um sistema de organizaçào social em que as elites locais controlavam o "seu territorio" e o "comércio" com o "exterior", promovia-se o apaziguamento de tensòes sociais entre regiòes vizinhas e facilitava-se urna convivencia saudavel entre iguais.

No Concelho de Alenquer e para o periodo estudado, nào ha um trabalho de sintese que nos de urna visào de conjunto.

Foi igualmente um objectivo deste trabalho prorpocionar urna visào de conjunto da regiào.

A bibliografia existente dispersa por vanos artigos nào facilita que se perceba a regiào de urna forma global.

Na minha opiniào o maior mérito deste trabalho consistira na pesquisa exaustiva de toda a bibliografia existente sobre esta regiào, o que possibilitou um inventano sistématico dos locais arqueologicos.

O resultado deste trabalho é urna sintese da ldade do Bronze no actual Concelho de Alenquer. E reconheço as deficiencias relativas ao conhecimento das formas mais simples da vida quotidiana, derivadas das incertezas estratigraficas das escavaçòes efectuadas.

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Bibliografia

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Glossario

A.n.e. - antes da nossa era. Antracologia - Ciencia que estuda os carvòes vegetais, com o intuito de definir a origem desses vestigios vegetais carbonizados. Artefactos sidéricos - Primeiros instrumentos de ferro que surgem durante o Bronze Final. Bens de prestigio - "Os "bens de prestigio" ou os "simbolos de poder" sào normalmente definidos pela natureza da matéria-prima, qualidade de acabamento, pela abundancia de determinados atributos, por requererem grande trabalho na sua elaboraçào, pelos seus proprios atributos simbolicos, que nào se encontram nos objectos ordimirios, e pela sua raridade" (Vilaça, 1995,64). Calcolitico - Ver o Capitulo 3. Campaniforme - Refere-se a recipientes cerfunicos em forma de campfulUla, com decoraçào geométrica de bandas, incisas ou impressas, também sào frequentes os recipientes lisos, sào caracteristicos do Calcolitico Final e do Bronze Inicial. Carpologia - Ciencia que estuda as sementes, com o intuito de definir as espécies vegetais, das quais as sementes sào origimirias. Ceramica com decoraçio brunida - Decoraçào da ceramica que resulta da fricçào com um objecto liso e duro (por exemplo um seixo), com um grau de intensidade muito elevado, e numa fase de secagem da pasta bastante adiantada, em que se consegue um brilho intenso e muito homogéneo a que se chama superficie brunida. Pode efectuar-se urna decoraçào brunida sobre superficies brunidas, obtendo-se, desta forma, um rebrunido sobreposto ao primeiro (Vilaça, 1995,49-51). Cobre arsenical - Cobre que contém arsénio na composiçào da sua liga, bastante frequente no Calcolitico da Estremadura, pode indicar urna origem comum deste metal. E.n.p. - Elementos nào phisticos sào elementos que sào adicionados à argila com o intuito de diminuir a sua plasticidade. Idade do Bronze - Periodo da pré-hist6ria recente situado entre o Calcolitico e a Idade do Ferro. Em termos cronol6gicos corresponde aproximadamente ao Il milénio e aos inicios do I milénio a.c. Liga de Bronze - Liga binaria constituida pelos metais cobre e estanho. Surgem frequentemente outros metais na constituiçào destas ligas, por exemplo o chumbo, o que lhe confere urna menor resistencia. Ligas ternarias - Ligas de bronze com tres elementos metalicos: cobre, estanho e chumbo. Palinologia - Ciencia que estuda os polens, com o intuito de definir a sua origem vegetaI. PNT A - Plano nacional de trabalhos arqueol6gicos. "Revoluçao dos produtos secundarios" - mudança do sistema produtivo agro-pastori l, em que a domesticaçào dos animais deixa de ter a funçào exclusiva de os utilizar como fornecedores de carne para o consumo humano, para passar a utiliza-los como elementos de tracçào dos carros e do arado ou para a produçào de leite ou là. Sub-boreal- periodo climatico que corre sponde apr6ximadamente ao III, Il e prime ira metade do I século a.c., caracteriza-se por um clima frio e humido, o niveI do mar seria sensivelmente o mesmo que é agora. Thollos - Monumento funerario em falsa cupula.

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indice de figuras:

Figura l - As rias flandrianas na Estremadura e no Ribatejo (Daveau, 1980, 26, fig. 6).

Figura 2 - Fragmento ceràmico proveniente do Amaral, depositado no MMAHC, ficha n° 1935/ Il, escala l: l, desenho efectuado pelo Dr. José Luis Madeira.

Figura 3 - Fragmento ceràmico proveniente do Amaral, depositado no MMAHC, ficha n° 1935/37, escalal: l.

Figura 4 - Fragmento ceràmico proveniente do Amaral, depositado no MMAHC, ficha n° 1935/23, esca la 1:1.

Figura 5 - Fragmento ceràmico proveniente do Amaral, depositado no MMAHC, ficha n° 1935/26, escala l: l.

Figura 6 - Fragmento ceràmico proveniente do Amaral, depositado no MMAHC, ficha n° 1935/3, escala l: l.

Figura 7 - Machado e conte ira do Amaral (Kalb, 1980a, 50), escala 1:3.

Figura 8 - "Ficha" do Castro de Ota (Vilaça, 2003, fig. l-l), escala 1:1.

Figura 9 - Materiais metlilicos do Castro de Ota (Kalb, 1980a, 50), escala 1:3.

Figura lO - Pontas de lança de Ota.

Figura Il - Vaso do Bronze Pieno da Pedra do Ouro (Cardoso, 2004, 166, fig. 116).

Figura 12 - Vasos da Idade do Ferro da Pedra do Ouro (Cardoso, 2004,166, fig. 116).

Figura 13 - Gruta do Vale da Golpha.

Figura 14 - Caverna n° 2 do Vale da Camota.

Figura 15 - Abrigo do Vale da Camota

Figura 16 - Gruta nào denominada.

Figura 17 - Vasos campaniformes lisos do Cabeço da Raposa.

Figura 18 ~ Espada do Moinho do Raposo (Coffyn, 1985,315, planche XXXIX-3), escala aproximada 1:2.

Figura 19 - Machado da Quinta da Escota (Silva, 1882), escala 1:1.

Figura 20 - Machados de Casais das Pedreiras (Macwhite, 1951, 71, fig. 19), escala aproxirnada l: 1,6.

Figura 21 - Colar de Santo Amaro (Sintra) (Cardoso, 2004, 199, fig. 150).

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indice dos mapas:

Mapa l - o concelho de Alenquer, Carta Militar de Portugal, Serviço Cartognifico do Exército, escala 1:250000, folha 5, 1967.

Mapa 2 - Localizaçào dos locais com ocupaçào Calcolitica, escala 1:100000. l - Porta da Conceiçào 2 - Vila Verde dos Francos 3 - Cabanas de Torres 4 - Abrigada 5 - Cabanas do Chào 6 - Paiol 7 - Arneiro 8 - Aldeia Galega 9-Merceana lO - Aldeia Gavinha Il - Castro da Pedra do Ouro 12 - Paredes 13 - Castelo de Alenquer 14 - Quinta da Boavista 15 - Alto do Pedregal 16 - Quinta do Bravo 17 - Quinta do Chacào 18 - Bairro 19 - Quinta do Vale das Laj es 20 - Quinta do Espirito Santo 21 - Castro de Ota 22 - Castro do Amaral ou das Curvaceiras 23 - Caverna da Moura 24 - Alto da Peça 25 - Quinta da Moita 26 - Gruta de Refugidos

Mapa 3 - Localizaçào dos locais com ocupaçào da Idade do Bronze, escala l: 100 000. l - Alto da Peça 2 - Amaral 3 - Pedra do Ouro 4-0ta 5 - Refugidos 6 - Cabeço da Raposa 7 - Moinho do Raposo 8 - Quinta da Escota 9 - Casais da Pedreira

lO - Castro de Pragança

Mapa 4 - Localizaçào da quinta da Escota.

Mapa 5 - Geografia fisica e minas da Peninsula Ibérica (Coffyn, 1985, 184, carte 29).

Mapa 6 - O grupo lusitano do Bronze Final III atlantico (Coffyn, 1985,270, carte 54).

39

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30'

BERLENGAS

39°

--- Litoral em 5000 B.P. -- Litoral actual

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MUSEU MUNICIPAL "HIPOLITO CABAçO"

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