Ocupações Outros lugares 19 Área de Manejo da Sítio Poeya ... · para o próprio sustento....

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19 O s que conhecem as histórias contam que os primeiros a ocuparem a região de Taracuá, ou Merẽ Were Wii em tukano, foram os Tukano do clã Bosó Caperi Porã, vindos do rio Papuri. No início eles moraram no sítio Tawa. Depois Bosó Caperi (avô do Firmiano Gonçalves) se mudou para o sítio Coró-Coró, no Tiquié. Na mesma época os avôs do João Ribeiro se mudaram para Bati Nukunó. Em seguida chegaram os avôs do João Rodrigues, que foram viver em Campinas e depois no Taro U rî. De lá vinham trabalhar os roçados que eram feitos na região de Taracuá. O Sr. Henrique Rodrigues (Asa de Morcegão), filho do João Wakua, avô do João Rodrigues, foi quem realmente derrubou as árvores em Taracuá para fazer a casa na beira do rio. Mas acharam que ali não era bom e se mudaram para o atual campo de futebol ( akópêra wii). Lá eles construíram uma grande maloca (bahsari wii). Depois de muito tempo, os mesmos retornaram novamente para a beira do rio. Aí viveram por muito tempo, trabalhando, dançando e fazendo dabucuri. Convidavam as comunidades vizinhas, como Yamã Saaró (Sussuaka), Tawa, Coro-Coró e Matapí (rio Tiquié), para participar das festas. Mas com a chegada dos missionários salesianos essa realidade começou a mudar. Ainda na década de 1920 Taracuá se tornou sede da missão salesiana no rio Uaupés e aí foi erguido um grande internato. Este funcionou até a década de 1980 e nele estudaram muitas crianças e jovens das comunidades do Uaupés e Tiquié. Depois que o internato foi fechado, sendo substituído por uma escola estadual, muitas famílias se mudaram para Taracuá para poder manter os filhos estudando. Com isso Taracuá foi crescendo cada vez mais, chegando a mil habitantes entre as décadas de 1980 e 1990. Mas depois de muitos anos de crescimento populacional, na última década muitas famílias passaram a deixar o povoado e migrar para outras regiões, sobretudo para a cidade. Em 2015, ano em que realizamos o levantamento, 68 famílias viviam em Taracuá, num total de 359 pessoas. A maio- ria das famílias de Taracuá é do grupo Tukano, mas há também muitas famílias Desana, Tariano e Pira-tapuia, algumas famílias Tuyuka, uma Hupda e uma Miriti-tapuia. E há ainda as mulheres/esposas que pertencem a ou- tros tantos grupos. A língua falada na comunidade é o tukano, apesar de haver falantes de outras línguas. Todos em Taracuá vivem sobretudo da pesca e da roça. A maioria também troca ou vede peixes para incrementar o sustento da família. A região de Taracuá é boa para a pesca. É uma área com bastante igapó e alguns lagos importantes onde nós pescamos. Já para a agricultura não é uma região muito propícia. Grande parte do território é formado por caatinga e chavascais. Contamos com pouca terra fértil para a abertura de roçados. E as melhores áreas ficam distantes da comunidade, sendo necessário horas de caminhada ou de rabeta para se chegar aos roçados. Mas apesar disso, os moradores têm conseguido produzir o suficiente para o próprio sustento. Além dos roçados, contamos ainda com outros recursos que utilizamos conforme as épocas, seja para a alimentação ou para a construção de casas e artesanato, como o caraná, açaí, buriti, patauá, madeira, e outros. A nossa região também é rica em argila, o que faz de Taracuá um importante centro de produção de cerâmica no Alto Rio Negro, uma especialidade das mulheres. Um problema que percebemos hoje em nossa região é uma significativa diminuição dos peixes em relação à antigamente. Não sabemos porque isso vem acontecendo, mas nessa área do baixo Uaupés há a entrada frequente de pescadores de fora que chegam para pescar sem pedir permissão das comunidades. Estes são sobretudo não indígenas que vêm da cidade usar arrastões e pesca de mergulho para vender os peixes na cidade, mas também alguns parentes indígenas de outras regiões que aproveitam para pescar quando estão de passagem pela região. Além disso, há ainda alguns problemas internos de desrespeito às áreas de pesca das comunidades e uso excessivo de malhadeiras por pescadores da própria região. Por isso hoje estamos tentando discutir formas de fiscalizar e cuidar melhor de nosso território, através da reivindicação de um sistema de comunicação mais eficiente, acordos de manejo internos e com parentes de outras regiões, respeito às áreas de uso de cada comunidade e valorização dos lugares sagrados ( wametisé). Muitos de nossos locais de pesca, pontos de piracema e áreas importantes para o manejo são wametisé. Na área de Taracuá há muitos lugares sagrados ancestrais e moradas de wai mahsã (peixe-gente). Estes exigem respeito, conhecimento e cuidados. Esse mapa é um dos resultados desse trabalho, ao qual nós AIMAs (Agentes Indígenas de Manejo Ambiental) de Taracuá, com apoio dos conhecedores, professores, lideranças e outros moradores, viemos nos dedicando entre 2014 e 2016. Ele foi elaborado a partir de oficinas ministradas por assessores do Instituto Socioambiental-ISA em parceria com a FUNAI (Coordenação Regional Rio Negro) e com a FOIRN. A intenção é que esse trabalho possa ajudar a nossa comunidade e todos os moradores da região a manejar e cuidar melhor de nosso território, a partir da valorização de nossos próprios conhecimentos e modo de vida. Organização: Aline Scolfaro (ISA) e Renata A. Alves (ISA). Elaboração de mapa: Renata A. Alves. Pesquisas, mapeamentos e texto: Dênio Menezes Rodrigues (Aima); Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Aima); Lindomar Pergentino Solano (Aima). Desenhos: Adonilson F. Castilho (Ipanoré); Dênio M. Rodrigues (Taracuá); João Carlos O. Gama (Matapi); Larissa M. Duarte (Taracuá); Silvaldo Navarro da Silva (São Pedro); Valdir C. Aguiar (Cunuri). Colaboradores: João Duarte da Costa; Tarcísio Gonçalves; Sabá Duarte; Lucas Duarte; outros moradores de Taracuá (líderes, professores, conhecedores); Outros colaboradores: Denivaldo Cruz da Silva (Funai); Pieter Van Der Veld (ISA); Raphael Rodrigues (Ufscar). Edição de conteúdo (mapa e texto): Aline Scolfaro. Design gráfico: Roberto Strauss. Fontes: Base Cartográfica dos limites políticos, hidrografia e sedes municipais (IBGE, 2015); Terras Indígenas (Instituto Socioambiental, 2015); Vegetação de fundo (http:arcgis/rest/services/Terrestrial_Ecosustems_Reference_Tiled/MapServer, 2015) e Mapeamento Participativo Baixo Uaupés (AIMAS e comunidades, FOIRN/ISA/FUNAI, 2014 a 2015). Terra Indígena Alto Rio Negro São Gabriel da Cachoeira Área de Manejo da Comunidade Taracuá Baixo Rio Uaupés Terra Indígena Alto Rio Negro AIMAs de Taracuá em oficina de mapeamento ©Aline Scolfaro AIMAs e moradores de Taracuá em exercício de mapeamento ©Aline Scolfaro, 2015 Povoado de Taracuá visto do rio ©Aloísio Cabalzar, 2008 Ocupações Pahri mahka Comunidade/ Povoado Bu hku mahka Comunidade antiga Kamahka Sítio Wi’itó Sítio antigo Bohsénu mu weri mahka Sítio de festa A’peye mahkari Outras comunidades Dehsubari di’ta Limites das áreas de uso Lugares sagrados e históricos Õãmarã na niséti ukũke wiseri Lugar sagrado ancestral Wa’i mahsã wii Casa de peixe gente Wa’i turĩ bahsari wii Casa sagrada de peixes Pinõ wii Casa de cobra Bu hku ra bahsaka wiito Antiga maloca Wame’tiri wii Lugar histórico Wẽrikhára kuñaró Cemitério Manejo de peixes e caça Wa’iró Cacuri Kahsaka Cerca para matapi Wa’ia Turĩse Piracema Doé diekurõ Desova de traíra Ûá yari u’tu Desova de irapoca Omaperi Lugar onde cantam as rãs Bahpa nĩro Daracubizal Dihtara Lago Wehku ahko nerẽro Bebedouro de anta Yehsea ma’a Caminho de queixada Dehsu ba’ri u’tu Acampamento de pesca/caça Legenda geral adotada nos mapeamentos participativos de toda a região do Baixo Uaupés. Pode ser que alguns elementos não sejam encontrados na área de manejo de Taracuá e que, portanto, não estejam representados no mapa da comunidade. Outros lugares importantes Nuhkũ paro Praia Nu hku ro Ilha Poeya Cachoeira Dia u hkũ ari tukurõ Poço do rio Ahkó whîro Fonte d’água Barragem Mini usina hidrelétrica Pista de pouso Trilhas Ma’a Trilha/caminho Paisagens mapeadas Nu hku u ’mu arõ Mata alta Nu hku u ’mu atiro Mata baixa Tahtá boa Caatinga Diakoe Igapó O’pata Chavascal Bu hku wiake Capoeira antiga Ma’ma wiake Capoeira nova REALIZAÇÃO APOIO 9 7 8 8 5 8 2 2 6 0 6 5 4

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Os que conhecem as histórias contam que os primeiros a ocuparem a região de Taracuá, ou Merẽ Were Wii em tukano, foram os Tukano do clã Bosó Caperi Porã, vindos do rio Papuri. No início eles moraram no sítio Tawa. Depois Bosó Caperi (avô do Firmiano Gonçalves) se mudou para o sítio Coró-Coró, no Tiquié. Na mesma época os avôs do João Ribeiro se mudaram para Bati Nukunó. Em seguida chegaram os avôs do João Rodrigues, que foram viver em Campinas e depois no Taro Urî. De lá vinham trabalhar os roçados que eram feitos na região de Taracuá. O Sr. Henrique

Rodrigues (Asa de Morcegão), filho do João Wakua, avô do João Rodrigues, foi quem realmente derrubou as árvores em Taracuá para fazer a casa na beira do rio. Mas acharam que ali não era bom e se mudaram

para o atual campo de futebol (akópêra wii). Lá eles construíram uma grande maloca (bahsari wii). Depois de muito tempo, os mesmos retornaram novamente para a beira do rio. Aí viveram por muito

tempo, trabalhando, dançando e fazendo dabucuri. Convidavam as comunidades vizinhas, como Yamã Saaró (Sussuaka), Tawa, Coro-Coró e Matapí (rio Tiquié), para participar das festas.

Mas com a chegada dos missionários salesianos essa realidade começou a mudar. Ainda na década de 1920 Taracuá se tornou sede da missão salesiana no rio Uaupés e aí foi erguido um grande internato. Este funcionou até a década de 1980 e nele estudaram muitas crianças e jovens das comunidades do Uaupés e Tiquié. Depois que o internato foi fechado, sendo substituído por uma escola estadual, muitas famílias se mudaram para Taracuá para poder manter os filhos estudando. Com isso Taracuá foi crescendo cada vez mais, chegando a mil habitantes entre as décadas de 1980 e 1990. Mas depois de muitos anos de crescimento populacional, na última década muitas famílias passaram a deixar o povoado e migrar para outras regiões, sobretudo para a cidade. Em 2015, ano em que realizamos o levantamento, 68 famílias viviam em Taracuá, num total de 359 pessoas. A maio-ria das famílias de Taracuá é do grupo Tukano, mas há também muitas famílias Desana, Tariano e Pira-tapuia, algumas famílias Tuyuka, uma Hupda e uma Miriti-tapuia. E há ainda as mulheres/esposas que pertencem a ou-tros tantos grupos. A língua falada na comunidade é o tukano, apesar de haver falantes de outras línguas.

Todos em Taracuá vivem sobretudo da pesca e da roça. A maioria também troca ou vede peixes para incrementar o sustento da família. A região de Taracuá é boa para a pesca. É uma área com bastante igapó e alguns lagos importantes onde nós pescamos. Já para a agricultura não é uma região muito propícia. Grande parte do território é formado por caatinga e chavascais. Contamos com pouca terra fértil para a abertura de roçados. E as melhores áreas ficam distantes da comunidade, sendo necessário horas de caminhada ou de rabeta para se chegar aos roçados. Mas apesar disso, os moradores têm conseguido produzir o suficiente para o próprio sustento. Além dos roçados, contamos ainda com outros recursos que utilizamos conforme as épocas, seja para a alimentação ou para a construção de casas e artesanato, como o caraná, açaí, buriti, patauá, madeira, e outros. A nossa região também é rica em argila, o que faz de Taracuá um importante centro de produção de cerâmica no Alto Rio Negro, uma especialidade das mulheres.

Um problema que percebemos hoje em nossa região é uma significativa diminuição dos peixes em relação à antigamente. Não sabemos porque isso vem acontecendo, mas nessa área do baixo Uaupés há a entrada frequente de pescadores de fora que chegam para pescar sem pedir permissão das comunidades. Estes são sobretudo não indígenas que vêm da cidade usar arrastões e pesca de mergulho para vender os peixes na cidade, mas também alguns parentes indígenas de outras regiões que aproveitam para pescar quando estão de passagem pela região. Além disso, há ainda alguns problemas internos de desrespeito às áreas de pesca das comunidades e uso excessivo de malhadeiras por pescadores da própria região.

Por isso hoje estamos tentando discutir formas de fiscalizar e cuidar melhor de nosso território, através da reivindicação de um sistema de comunicação mais eficiente, acordos de manejo internos e com parentes de outras regiões, respeito às áreas de uso de cada comunidade e valorização dos lugares sagrados (wametisé). Muitos de nossos locais de pesca, pontos de piracema e áreas importantes para o manejo são wametisé. Na área de Taracuá há muitos lugares sagrados ancestrais e moradas de wai mahsã (peixe-gente). Estes exigem respeito, conhecimento e cuidados.

Esse mapa é um dos resultados desse trabalho, ao qual nós AIMAs (Agentes Indígenas de Manejo Ambiental) de Taracuá, com apoio dos conhecedores, professores, lideranças e outros moradores, viemos nos dedicando entre 2014 e 2016. Ele foi elaborado a partir de oficinas ministradas por assessores do Instituto Socioambiental-ISA em parceria com a FUNAI (Coordenação Regional Rio Negro) e com a FOIRN. A intenção é que esse trabalho possa ajudar a nossa comunidade e todos os moradores da região a manejar e cuidar melhor de nosso território, a partir da valorização de nossos próprios conhecimentos e modo de vida.

Organização: Aline Scolfaro (ISA) e Renata A. Alves (ISA). Elaboração de mapa: Renata A. Alves. Pesquisas, mapeamentos e texto: Dênio Menezes Rodrigues (Aima); Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Aima); Lindomar Pergentino Solano (Aima). Desenhos: Adonilson F. Castilho (Ipanoré); Dênio M. Rodrigues (Taracuá); João Carlos O. Gama (Matapi); Larissa M. Duarte (Taracuá); Silvaldo Navarro da Silva (São Pedro); Valdir C. Aguiar (Cunuri). Colaboradores: João Duarte da Costa; Tarcísio Gonçalves; Sabá Duarte; Lucas Duarte; outros moradores de Taracuá (líderes, professores, conhecedores); Outros colaboradores: Denivaldo Cruz da Silva (Funai); Pieter Van Der Veld (ISA); Raphael Rodrigues (Ufscar). Edição de conteúdo (mapa e texto): Aline Scolfaro. Design gráfico: Roberto Strauss.

Fontes: Base Cartográfica dos limites políticos, hidrografia e sedes municipais (IBGE, 2015); Terras Indígenas (Instituto Socioambiental, 2015); Vegetação de fundo (http:arcgis/rest/services/Terrestrial_Ecosustems_Reference_Tiled/MapServer, 2015) e Mapeamento Participativo Baixo Uaupés (AIMAS e comunidades, FOIRN/ISA/FUNAI, 2014 a 2015).

Terra IndígenaAlto Rio Negro

São Gabriel da Cachoeira

Área de Manejo da Comunidade TaracuáBaixo Rio UaupésTerra Indígena Alto Rio Negro

AIMAs de Taracuá em oficina de mapeamento©Aline Scolfaro

AIMAs e moradores de Taracuá em exercício

de mapeamento©Aline Scolfaro, 2015

Povoado de Taracuá visto do rio

©Aloísio Cabalzar, 2008

OcupaçõesPahri mahka Comunidade/ PovoadoBuhku mahka Comunidade antigaKamahka Sítio Wi’itó Sítio antigoBohsénumu weri mahka Sítio de festaA’peye mahkari Outras comunidadesDehsubari di’ta Limites das áreas de uso

Lugares sagrados e históricosÕãmarã na niséti ukũke wiseri Lugar sagrado ancestralWa’i mahsã wii Casa de peixe genteWa’i turĩ bahsari wii Casa sagrada de peixesPinõ wii Casa de cobraBuhkura bahsaka wiito Antiga malocaWame’tiri wii Lugar históricoWẽrikhára kuñaró Cemitério

Manejo de peixes e caçaWa’iró CacuriKahsaka Cerca para matapiWa’ia Turĩse PiracemaDoé diekurõ Desova de traíraÛá yari u’tu Desova de irapocaOmaperi Lugar onde cantam as rãsBahpa nĩro DaracubizalDihtara LagoWehku ahko nerẽro Bebedouro de antaYehsea ma’a Caminho de queixadaDehsu ba’ri u’tu Acampamento de pesca/caça

Legenda geral adotada nos mapeamentos participativos de toda a região do Baixo Uaupés. Pode ser que alguns elementos não sejam encontrados na área de manejo de Taracuá e que, portanto, não estejam representados no mapa da comunidade.

Outros lugares importantesNuhkũ paro PraiaNuhkuro IlhaPoeya CachoeiraDia uhkũari tukurõ Poço do rioAhkó whîro Fonte d’água

Barragem Mini usina hidrelétrica Pista de pouso

TrilhasMa’aTrilha/caminho

Paisagens mapeadasNuhku u’muarõMata altaNuhku u’muatiroMata baixaTahtá boaCaatinga Diakoe IgapóO’pataChavascalBuhku wiakeCapoeira antigaMa’ma wiakeCapoeira nova

RE AL IZ AÇ ÃO APOIO

9 7 8 8 5 8 2 2 6 0 6 5 4