ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

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ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA EFEITOS DA CONSISTÊNCIA DA DIETA SOBRE O CRESCIMENTO MANDIBULAR EM RATOS: ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA FERNANDA DA SILVA GUERREIRO São Paulo 2009

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ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ORTODONTIA

EFEITOS DA CONSISTÊNCIA DA DIETA SOBRE O CRESCIMENTO MANDIBULAR EM RATOS: ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA

FERNANDA DA SILVA GUERREIRO

São Paulo

2009

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ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ORTODONTIA

EFEITOS DA CONSISTÊNCIA DA DIETA SOBRE O CRESCIMENTO MANDIBULAR EM RATOS: ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA

FERNANDA DA SILVA GUERREIRO

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo – UNICID, para

obtenção do título de Mestre em Ortodontia.

Orientadora: Profa. Dra. Rívea Inês Ferreira

São Paulo

2009

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Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID

G934e

Guerreiro, Fernanda da Silva. Efeitos da consistência da dieta sobre o crescimento mandibular em ratos: análise histomorfométrica / Fernanda da Silva Guerreiro --- São Paulo, 2009. 78 p.; anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo. Orientadora Profª. Dra. Rívea Inês Ferreira. Co-Oreintador Prof. Dr. Péricles Diniz 1. Hábitos alimentares. 2. Mandíbula. 3. Desenvolvimento ósseo. 4. Remodelação óssea. I. Ferreira, Rívea Inês. II. Titulo. Black 4

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Guerreiro FS. Efeitos da consistência da dieta sobre o crescimento mandibular

em ratos: Análise histomorfométrica. [Dissertação] São Paulo: Universidade

Cidade de São Paulo, 2009.

São Paulo, ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

1)............................................................................................................................

Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................

2)............................................................................................................................

Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................

3)............................................................................................................................

Julgamento: .......................................................Assinatura:.................................

Resultado: .............................................................................................................

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DEDICATÓRIA

Dedico esta minha conquista aos meus pais, Carlos Alberto e Regina, pela

orientação e determinação demonstradas ao longo da minha vida.

Ao meu esposo Filipe por ser o meu maior incentivador, me apoiando e

aconselhando sempre.

A todos os meus colegas de trabalho e colaboradores pela compreensão e

pela organização da minha vida profissional, possibilitando mais esta

conquista.

A minha sobrinha Maria Luiza por ter iluminado e alegrado ainda mais o meu

caminho.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Primeiramente a Deus, nossa fonte de inspiração e fé.

Agradeço à minha orientadora, Profa Dra Rívea Inês Ferreira pela dedicação,

atenção e experiência transmitida que muito contribuiu para esta

dissertação e também para minha vida acadêmica.

Sou imensamente grata ao meu Co-orientador e amigo Prof. Dr. Péricles

Diniz pela ideia inicial, incentivo, paciência nos momentos difíceis,

orientação e insistência na perfeição mesmo quando sabíamos que era

impossível alcançá-la.

Serei Grata também a Profa. Dra. Sandra Regina Paulon Avancini e ao Prof.

Dr. Eduardo Cargnim Ferreira pela valiosa contribuição a pesquisa e por

disponibilizar tempo e imenso conhecimento que foi de grande valia para a

formação desta dissertação.

A estagiária Lauren Bohrer pela disponibilidade em aprender e a ajudar no

que foi preciso, Muito Obrigada!

Agradeço também aos professores: Flávio Vellini Ferreira, Flávio Augusto

Cotrim-Ferreira, Karyna Martins do Valle-Corotti, Ana Carla Raphaelli

Nahás, Daniela Gamba Garib Carreira, Hélio Scavone Junior que me

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acompanharam e orientaram todo o percurso e agradeço em especial ao

Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho por suas valiosas orientações.

Aos meus colegas do mestrado: Ana Maria, Patrícia, Tatiana, Elizângela,

Mariana, Bárbara, Sérgio, Luiza, Alessandro, Lawrence, Rui, Hassan, Khaled

e Gustavo pela amizade e companheirismo durante este período de

aprendizado.

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Guerreiro FS. Efeitos da consistência da dieta sobre o crescimento mandibular

em ratos: Análise histomorfométrica. [Dissertação] São Paulo: Universidade

Cidade de São Paulo, 2009.

RESUMO

Este estudo teve como finalidade investigar a associação entre hipofunção

mastigatória e padrão de crescimento e estrutura óssea interna da mandíbula.

A amostra foi composta de 24 ratos Wistar (Albinus norvegicus) machos com

21 dias de idade. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos

(12 ratos por grupo), de acordo com a consistência da dieta: sólida (Grupo

Controle - GC) ou em pó (Grupo Experimental - GE). Após 50 dias do

experimento, os animais foram submetidos à eutanásia e suas mandíbulas,

removidas, separadas em duas metades e processadas para análise

histomorfométrica. Um examinador qualificado procedeu às avaliações por

duas vezes. Foram avaliados: o crescimento mandibular por meio de

mensurações lineares e angulares executadas em fotografias, a densidade

óssea, estimada na região do ramo mandibular, com base em uma escala de

densidade em alumínio registrada nas radiografias digitais obtidas das

hemimandíbulas esquerdas e a área de tecido ósseo cortical e trabecular na

região de segundo molar do lado esquerdo em cortes seriados de 5 µm,

corados por tricrômico de Cason. As medidas relativas aos dois grupos foram

comparadas pelo teste Mann-Whitney (α = 0,05). Os resultados mostraram que

a consistência da dieta mais macia promoveu mandíbulas com dimensões

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macroscópicas menores, apresentando ramo mandibular mais curto e

comprimento do corpo mandibular menor. Houve influência da consistência da

dieta sobre a curvatura da base da mandíbula, em que as médias da medida

de profundidade foram significativamente maiores no GC. Observou-se

decréscimo da densidade mineral relativa no ramo mandibular, em que a média

do GC foi de 1,25 densidade equivalente (d.p. = 0,07) e do GE, 1,04 (d.p. =

0,04), a diferença foi de 0,21, e menor área de osso trabecular e cortical na

área de osso basal da região de molar, em que o GC apresentou média igual a

3,16 mm² (d.p. = 0,21 mm²) e o GE, 2,36 mm² (d.p. = 0,16 mm²), a diferença

foi de 0,8 mm². Conclui-se que a hipofunção mastigatória, induzida pela dieta

em pó, poderia ser associada a dimensões macroscópicas, medidas de

densidade óssea mineral e área de osso cortical e trabecular basal

significativamente reduzidas em mandíbulas de ratos.

Palavras-chave: Hábitos alimentares; Mandíbula; Desenvolvimento ósseo;

Remodelação óssea.

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Guerreiro FS. Effects of diet consistency on the mandibular growth in rats:

Histomorphometric analysis. [Dissertação] São Paulo: Universidade Cidade de

São Paulo, 2009.

ABSTRACT

The purpose of this study was to investigate the association between

masticatory hypofunction and the growth pattern and internal bone structure of

the mandible. The sample was composed of 24 male Wistar rats (Albinus

norvegicus) 21 days old. The animals were randomly divided into two groups

(12 rats per group), according to the consistency of the diet: solid (Control

Group - GC) or powdered (Experimental Group - GE). After 50 days of the

experiment, the animals were submitted to euthanasia and their mandibles were

removed, separated into two halves and processed for histomorphometric

analysis. A qualified examiner performed the evaluations twice. The following

characteristics were assessed: mandibular growth by means of linear and

angular measurements taken from photographs, bone density, estimated in the

mandibular ramus region, based on an aluminum stepwedge recorded on the

digital radiographs obtained from the left hemimandibles and the area of the

cortical and trabecular bone tissue in the region of the second molar on the left

side, in 5 µm-thick serial cuts, stained with Cason’s trichrome. The means with

reference to the two groups were compared by the Mann-Whitney test (α =

0.05). The results showed that the consistency of the softer diet promoted

mandibles with smaller macroscopic dimensions, presenting a shorter

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mandibular ramus and shorter length of the mandibular body. The consistency

of the diet had an influence on the curvature at the base of the mandible, in

which the means of the depth measurement were significantly higher in GC. A

decrease in relative mineral density was observed in the mandibular ramus, in

which the mean value of equivalent density for GC was 1.25 (s.d. = 0.07) and

for GE, 1.04 (s.d. = 0.04), the difference was 0.21, and a smaller trabecular and

cortical bone area in the basal bone area of the molar region, in which GC

presented a mean equal to 3.16 mm² (s.d. = 0.21 mm²) and GE, 2.36 mm²

(s.d. = 0.16 mm²); the difference was 0.8 mm². It was concluded that the

masticatory hypofunction induced by the powdered diet could be associated

with the significantly reduced macroscopic dimensions, mineral bone density

means and cortical and trabecular basal bone area in rat mandibles.

Key words: Food habits; Mandible; Bone development; Bone remodeling.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Análise do erro do método para as medidas macroscópicas. 46

Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas de densidade e área

microscópicas.

47

Tabela 5.3 – Análise comparativa dos valores médios relativos às

mensurações executadas em fotografias.

50

Tabela 5.4 – Análise comparativa dos valores médios para as mensurações

de densidade radiográfica relativa e de área de tecido ósseo basal na região

de molares.

54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 5.1 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para

as medidas mandibulares sagitais.

48

Gráfico 5.2 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para

as medidas mandibulares verticais.

48

Gráfico 5.3 – Valores médios (mm) para as medidas que avaliaram as

curvaturas mandibulares e o tamanho da cabeça da mandíbula nos grupos

Controle e Experimental.

49

Gráfico 5.4 – Valores médios entre os grupos controle e experimental nas

medidas de densitometria do Ramo Mandibular (alumínio equivalente).

52

Gráfico 5.5 - Valores médios entre os grupos controle e experimental nas

medidas de área de osso basal (mm²) na região de segundo molar.

53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Pontos biométricos faciais: 9 – Ponto timpânico; 10- Ponto

nasomaxilar; 11 - Ponto alveolar do incisivo superior; 12 - Ponto Próstio;

13 - Ponto incisivo superior; 14 - Ponto cúspide mesiovestibular do

primeiro molar superior.

8

Figura 2.2 - Pontos biométricos mandibulares: 21 - Ponto incisivo inferior;

22 - Ponto infradental (Id); 23 - Ponto alveolar do incisivo inferior (Iia); 24 -

Ponto Mentoniano (Me); 25 - Ponto mandibular alveolar (Ma); 26 - Ponto

da cúspide mesiovestibular do primeiro molar inferior; 28 - Ponto

coronóide (Cr); 29 - Ponto condílio (Co); 30 - Ponto Gônio (Go); 31 - Ponto

tangente goníaca (GoT).

9

Figura 2.3 - Pontos cefalométricos mandibulares (MAKI et al., 2002). 13

Figura 4.1 – Esquema do procedimento padrão para eutanásia de

roedores (AVMA, 2001).

30

Figura 4.2 - Pontos biométricos fotográficos. 32

Figura 4.3 - Medidas mandibulares sagitais A. 33

Figura 4.4 - Medidas mandibulares sagitais B. 34

Figura 4.5 - Medidas mandibulares verticais. 35

Figura 4.6 - Medida angular. 35

Figura 4.7 – Representação da região de ramo a ser analisada para as informações

de densidade do conteúdo mineral.

37

Figura 4.8 - Representação das regiões de interesse para o estudo

histológico.

39

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Figura 4.9 – Representação do uso do programa PTGui Pro®. 40

Figura 4.10 – Esquema do corte histológico na área de molares. 1- área

de osso cortical e trabecular de interesse; 2- incisivo mandibular; 3- canal

mandibular.

40

Figura 4.11 – Demonstração do alinhamento dos pontos mais

proeminentes da região lingual e a demarcação da linha que passa pelo

teto do canal mandibular.

41

Figura 4.12 – Representação da área de interesse para a mensuração da

área de tecido ósseo após a região acima do canal mandibular ser

excluída.

41

Figura 4.13 – Representação da imagem pronta para a análise. As áreas

de tecido não ósseo foram excluídas e foi incorporada a imagem da escala

micrométrica de comprimento total de 2 mm.

42

Figura 4.14 – Representação do uso do programa Scion Image® para

calibração da escala de 2mm.

42

Figura 4.15 - Representação da seleção da região de interesse para a

mensuração de área através do programa Scion Image® .

43

Figura 5.1 – Fotografias originais mostrando as diferenças macroscópicas

(em amarelo) que o olho humano detecta nas medidas de Altura do Ramo

I e II e Comprimento do Corpo Mandibular.

51

Figura 5.2 - Exemplo de cortes histológicos já preparados para análise de

mensuração de área que mostram a nítida diferença de tamanho entre os

grupos Controle e Experimental.

55

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DE LITERATURA 5

3 PROPOSIÇÃO 25

4 MATERIAL E MÉTODOS 27

4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA 28

4.2 PROTOCOLOS 29

4.2.1 Protocolo para eutanásia 29

4.2.2 Protocolo para remoção das mandíbulas 30

4.2.3 Protocolo para o estudo morfométrico da mandíbula 31

4.2.3.1 Pontos biométricos mandibulares 32

4.2.3.2 Medidas mandibulares lineares 33

4.2.4 Protocolo para o estudo da densitometria óssea 36

4.2.5 Protocolos para estudo da quantidade de osso cortical e osso trabecular na região de molar

37

4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO 44

4.3.1 Análise do Erro do Método 44

4.3.2 Avaliação Comparativa 44

5 RESULTADOS 45

5.1 ERRO DO MÉTODO 46

5.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE OS GRUPOS CONTROLE E EXPERIMENTAL

48

6 DISCUSSÃO 56

6.1 RELEVÂNCIA CIENTÍFICA 57

6.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO ESTUDO MORFOMÉTRICO 59

6.3 ANÁLISE DA DENSIDADE ÓSSEA RELATIVA NO RAMO

MANDIBULAR E ÁREA MÉDIA NA REGIÃO DE SEGUNDOS MOLARES 61

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6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 63

7 CONCLUSÕES 67

REFERÊNCIAS 69

ANEXO 75

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1 INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

Evidências antropológicas têm mostrado que a maloclusão é um

fenômeno relativamente recente. Hábitos de dieta modernos, caracterizados

pelo consumo de alimentos processados e mais macios, que acompanharam a

industrialização, podem contribuir para diminuição da harmonia oclusal e o

concomitante aumento das dismorfias craniofaciais (ABED et al., 2007; HE;

KILIARIDIS, 2003). As alterações dentoesqueléticas são deformantes quando

de intensidade moderada a severa, trazendo problemas de ordem funcional

(comprometimento da fonação, respiração e mastigação) e estética aos

pacientes. Estas maloclusões esqueléticas são de difícil tratamento e, quando

severas, geralmente necessitam de correção por meio de tratamento

combinado orto-cirúrgico (PRECIOUS; DUGUET, 1995).

O estímulo funcional fornecido pelo processo de mastigação

vigoroso de alimentos mais duros ou fibrosos parece ser indispensável ao

crescimento mandibular normal (MAKI et al., 2002; MAVROPOULOS et al.,

2004). Alguns estudo têm mostrado que dietas pastosas e/ou líquidas podem

retardar ou inibir o desenvolvimento dos músculos mastigatórios e o

crescimento mandibular, devido a uma redução na demanda funcional

(KANTOMAA et al., 1994; KILIARIDIS, 1986; KITAGAWA et al., 2004;

KUBOYAMA; MORIYA, 1995; LANGENBACH et al., 2004; PANCHERZ, 1980).

Este fato poderia ser explicado pela teoria da matriz funcional, que sugere que

o crescimento craniofacial é resultado da ação de elementos epigenéticos

sobre os ossos faciais (MOSS; SALENTIJN, 1969a). Segundo esta teoria, o

complexo craniofacial é formado por componentes funcionais (tecidos moles e

esqueléticos associados), que executam funções específicas como a

Page 20: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

mastigação e a respiração. Cada componente craniano funcional é composto

por uma matriz funcional e uma unidade esquelética que a suporta e/ou

protege. Assim, toda alteração de posição espacial, tamanho ou forma da

unidade esquelética é secundária a uma modificação primária ocorrida na

matriz funcional. Existem dois tipos de matrizes funcionais: as periostais e as

capsulares. As matrizes periostais seriam os músculos, vasos sanguíneos,

nervos ou glândulas, enquanto que as capsulares seriam as cavidades

neurocraniana e oronasal. A teoria ainda propõe que os ossos do complexo

craniofacial cresceriam em resposta a maiores exigências impostas por suas

matrizes funcionais.

Embora existam evidências clínicas e científicas que suportem essa

teoria (ITO; MITANI; KIM, 1988; MCFADDEN; MCFADDEN; PRECIOUS, 1986;

ULGEN et al., 1997), não está claro como acontece a transdução do estímulo

das matrizes funcionais para o tecido ósseo. Algumas teorias tentam explicar o

fenômeno da mecanotransdução, em que um estímulo físico é convertido em

um estímulo biológico, desencadeando uma resposta adaptativa dos tecidos

(TURNER; PAVALKO, 1998). Quando o tecido ósseo é submetido a cargas

mecânicas, surgem áreas de tensão e compressão no osso, que provocam um

deslocamento do fluido tissular através da rede lacunocanalicular da matriz

óssea (BURGER; KLEIN-NULEN, 1999; KNOTHE TATE; KNOTHE, 2000;

KNOTHE TATE; KNOTHE; NIEDERER, 1998; KNOTHE TATE; NIEDERER;

KNOTHE, 1998; KNOTHE TATE et al., 2000). Acredita-se que este fluxo de

fluido tissular seja responsável por estimular os osteócitos, constituindo-se no

primeiro passo do processo de mecanotransdução. As áreas do tecido ósseo

submetidas à compressão estariam associadas à deposição óssea e áreas do

Page 21: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

tecido ósseo submetidas à tensão estariam associadas à reabsorção óssea. A

estimulação dos osteócitos pelo fluxo de fluido tissular produziria mediadores

químicos como as prostaglandinas (WESTBROEK et al., 2000), óxido nítrico

(BAKKER et al., 2002) e AMPcíclico (NOMURA; TAKANO-YAMAMOTO, 2000),

que coordenariam a ação de osteoblastos e osteoclastos.

O crescimento horizontal da mandíbula e alongamento do corpo

mandibular estão associados com o deslizamento antero-posterior do ramo

mandibular. Segundo Graber (1966) e Petrovic (1972), o processo mastigatório

forneceria o estímulo funcional para o crescimento mandibular, pois durante a

mastigação são produzidas cargas de compressão na borda posterior do ramo

mandibular e cargas de tensão na borda anterior. Esta distribuição de cargas

resulta na arquitetura do ramo mandibular, onde a borda posterior é côncava e

a borda anterior é plana ou ligeiramente convexa. Assim, estímulo para

deposição óssea é gerado na borda posterior, enquanto que um estímulo à

reabsorção óssea é gerado na borda anterior do ramo mandibular. O estresse

mecânico aplicado influencia na forma e volume dos ossos pelo mecanismo de

modelação óssea.

Visto que a maior demanda funcional da mandíbula está associada à

mastigação e, por conseguinte, esta deve influenciar diretamente no

crescimento mandibular, torna-se relevante investigar os efeitos da hipofunção

mastigatória sobre o crescimento mandibular. Deste modo, o presente estudo

teve por objetivo investigar os efeitos da introdução de uma dieta em pó, para

induzir a hipofunção mastigatória, sobre o crescimento e desenvolvimento da

mandíbula em ratos. Sobretudo, sobre os efeitos nas curvaturas da mandíbula

e sobre o volume de tecido ósseo basal na região de molares.

Page 22: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

2 REVISÃO DE LITERATURA

Page 23: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

2 REVISÃO DE LITERATURA

Com base em avaliações antropológicas e evidências experimentais,

acredita-se que fatores ambientais, especialmente a consistência física dos

alimentos incluídos na dieta, afetam o desenvolvimento do aparelho

mastigatório. Com o objetivo de correlacionar os efeitos da consistência da

dieta e o crescimento do sistema mastigatório, Beecher e Corruccini, em 1981,

dividiram 90 ratos em três grupos. Grupo I: dieta sólida comercial; Grupo II:

dieta pastosa e Grupo III: dieta umedecida. O experimento teve duração de

quatro meses e, após a eutanásia, foram executadas medidas de comprimento

maxilar e mandibular. Os resultados mostraram que o grupo da dieta sólida

apresentou medidas maiores em todas as dimensões avaliadas, observando-se

ossos maxilares menores em ratos que se alimentaram com dietas mais

macias.

Alterações de hábitos dietéticos que aconteceram durante as últimas

décadas têm sido reportadas como grandes colaboradoras para a formação de

ossos maxilares menores em humanos (HANIHARA et al.,1981). Em seu

trabalho, Kuroe e Ito, em 1990, discutiram sobre os efeitos da função

mastigatória em diferentes idades, em ratos que se alimentavam com dieta

líquida, comparados aos que se alimentavam com dieta sólida (grupo controle).

Cento e sessenta ratos com duas semanas de idade foram separados em dois

grupos: dieta sólida e dieta líquida. Os animais foram submetidos à eutanásia

com 3, 12, 20 e 60 semanas de idade e tiveram suas mandíbulas removidas

cuidadosamente. Fotografias superiores e laterais foram obtidas das cabeças

das mandíbulas e fotografias de uma vista inferior foram tiradas das fossas

mandibulares. Os resultados mostraram que o crescimento anteroposterior e o

Page 24: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

diâmetro lateral das cabeças das mandíbulas foram consideravelmente

menores no grupo da dieta líquida. A fossa mandibular apresentou-se menor e

mais elíptica na segunda semana em ambos os grupos. O diâmetro

anteroposterior aumentou e tornou-se mais alongado e elíptico, na 20ª semana.

Não foi observada diferença significativa na fossa mandibular entre os dois

grupos após a 20ª semana. Os autores concluíram que pouco estímulo

funcional da mastigação, causado por dieta líquida em ratos, tem efeitos

distintos no desenvolvimento da cabeça da mandíbula e da fossa mandibular.

Os efeitos foram significantes apenas na cabeça da mandíbula.

Com o objetivo de investigar a influência da consistência da dieta

sobre as medidas transversais do complexo craniofacial, Maltagliati, em 1994,

estudou 40 ratos no período de crescimento. Os animais foram divididos em 2

grupos: dieta sólida e dieta em pó. Foram realizadas radiografias das cabeças

dos animais anestesiados. As medições na região transversal maxilar foram

realizadas em negatoscópio por meio de um paquímetro digital calibrado. Os

resultados não mostraram diferenças estatisticamente significantes para as

medidas. Assim, concluiu-se que a consistência física da dieta isoladamente

não afeta, de maneira relevante, o crescimento craniofacial e dos arcos

dentários no sentido transversal.

Ulgen et al. (1997) investigaram a influência da hipofunção

mastigatória no crescimento do crânio, da maxila e da mandíbula, comparando

dois grupos de 21 ratos em crescimento: um com função mastigatória normal e

outro com hipofunção mastigatória induzida pelo alimento triturado e misturado

com água. Para tanto, realizaram mensurações biométricas diretamente nos

animais adultos. Ao final do experimento, com 90 dias, os animais tiveram suas

Page 25: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

cabeças dissecadas. Os pontos biométricos usados nesse estudo foram

baseados em pontos cefalométricos e antropométricos avaliados em estudos

anteriores e estão representados nas Figuras 2.1 e 2.2. As medidas de altura

da face anterior, altura facial anterior inferior, altura do ramo mandibular, altura

do corpo mandibular, comprimento pré-maxilar e comprimento maxilar foram

significantemente menores no grupo com hipofunção mastigatória. Esse estudo

mostrou ainda que não há diferença significante entre hipofunção mastigatória

e função mastigatória normal no crescimento do crânio, mas a função reduzida

afeta o crescimento e o desenvolvimento do esqueleto maxilofacial.

Figura 2.1 - Pontos biométricos faciais: 9 – Ponto timpânico; 10- Ponto

nasomaxilar; 11 - Ponto alveolar do incisivo superior; 12 - Ponto Próstio; 13 -

Ponto incisivo superior; 14 - Ponto cúspide mesiovestibular do primeiro molar

superior.

Page 26: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 2.2 - Pontos biométricos mandibulares: 21 - Ponto incisivo inferior; 22 -

Ponto infradental (Id); 23 - Ponto alveolar do incisivo inferior (Iia); 24 - Ponto

Mentoniano (Me); 25 - Ponto mandibular alveolar (Ma); 26 - Ponto da cúspide

mesiovestibular do primeiro molar inferior; 28 - Ponto coronóide (Cr); 29 - Ponto

condílio (Co); 30 - Ponto Gônio (Go); 31 - Ponto tangente goníaca (GoT).

A diminuição da demanda mastigatória induzida por uma dieta

líquida ou pastosa causa uma redução do crescimento dos ossos e dos

músculos do complexo craniofacial. Em 1998, Liu et al., com o intuito de testar

a hipótese de que uma dieta líquida diminui o desempenho motor dos músculos

da mandíbula e língua, realizaram um estudo com 36 ratos Wistar machos que

foram divididos em dois grupos (dieta sólida e dieta líquida) até que

completassem 50 dias de idade. Foram realizadas eletromiografias dos

músculos masseter, pterigóideo medial, temporal, digástrico anterior,

estiloglosso e genioglosso, enquanto os animais alimentavam-se naturalmente.

Os autores demonstraram que o rendimento motor dos músculos da

mastigação pode ser alterado em ratos que se alimentam com dieta líquida

após o desmame. Os músculos elevadores da mandíbula que se

desenvolveram sem o aprendizado da mastigação, devido à dieta líquida,

Page 27: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

apresentaram-se ineficientes quando estimulados à função mastigatória

normal.

Com o propósito de estudar a relação entre a consistência da dieta e

o crescimento da cabeça da mandíbula e, secundariamente, o efeito da

extração dentária na cartilagem da cabeça da mandíbula, Endo et al., em 1998,

analisaram 36 ratos Wistar machos com 3 semanas de idade, divididos em

quatro grupos: (A) dieta sólida sem extração, (B) dieta sólida com extração, (C)

dieta em pó sem extração e (D) dieta em pó com extração. As extrações foram

realizadas quando os animais tinham 12 semanas de idade. As cabeças das

mandíbulas foram removidas com 1, 4 e 8 semanas após a extração. Os

resultados mostraram que as mensurações da cabeça da mandíbula foram

significantemente menores nos grupos da dieta em pó (C e D). Nos grupos em

que houve extração dentária (B e D), a espessura da zona hipertrófica da

cartilagem condilar foi reduzida uma semana após o procedimento. A

intensidade da marcação da fibronectina diminuiu na zona proliferativa após as

extrações. No grupo B o decréscimo da intensidade da reação foi observado

uma semana após as extrações. Os autores concluíram que a consistência da

dieta e a extração dentária, durante o crescimento, afetam a morfologia da

cabeça da mandíbula e a atividade celular da cartilagem da cabeça da

mandíbula.

A estimulação biomecânica é importante para o crescimento normal

da cartilagem secundária. Em ratos, a mudança na consistência dos alimentos,

de sólida para líquida, sugere a redução das forças articulares durante a

mastigação. Com o propósito de estimar a influência das alterações funcionais

no tamanho da cabeça da mandíbula, Kiliaridis et al. (1999) avaliaram as

Page 28: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

alterações de consistência na dieta em diferentes partes da cartilagem da

cabeça da mandíbula de ratos em crescimento. Quarenta ratos foram divididos

em dois grupos – grupo da dieta sólida e grupo da dieta pastosa. O período do

experimento foi de 28 dias. Após a eutanásia, as mandíbulas de dez animais

de cada grupo foram fotografadas e medidas de largura e comprimento das

cabeças dessas mandíbulas foram obtidas. As cabeças das mandíbulas dos

outros animais foram preparadas para o estudo histológico e foram cortadas no

plano sagital. Três cortes foram selecionados: as porções lateral, central e

medial da cabeça da mandíbula. As medidas de largura e comprimento foram

significativamente menores no grupo que recebeu alimentação pastosa. Neste

grupo, os achados histológicos mostraram que a cartilagem da cabeça da

mandíbula apresentou-se mais fina na porção anterior e mais espessa na

porção posterior. Os autores demonstraram que pouca função mastigatória

diminui o crescimento da cabeça da mandíbula, sua altura e espessura.

Ademais, sugeriram que as alterações supracitadas podem ser efeito de

alterações na distribuição das forças na área temporomandibular, devido à

ausência de vigorosas forças mastigatórias.

A diminuição da função mastigatória induzida por alterações na

consistência dos alimentos gera diferenças no tamanho do ramo mandibular,

que fica menor em suas dimensões vertical e anteroposterior, com

envolvimento do ângulo e da cabeça da mandíbula. Em adição, alterações na

forma do osso também têm sido observadas no plano transversal. Diferenças

na estrutura interna do osso mandibular, ainda não muito claras, podem ser um

fator importante a se considerar. Em seu estudo experimental em ratos, Bresin,

Kiliaridis e Strid (1999) demonstraram que a hipofunção mastigatória causa

Page 29: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

uma redução na massa óssea radiográfica do processo alveolar, na cabeça da

mandíbula e na borda anterior do ramo. A redução da massa óssea foi

associada a uma cortical mais fina e a uma diminuição da densidade óssea. O

resultado encontrado pelos autores suporta a hipótese de que essa diferença

na quantidade de osso e na densidade óssea podem ser dois mecanismos

para ajustar a demanda mecânica local reduzida das funções mandibulares.

Aparelhos funcionais são utilizados para o tratamento de

maloclusões sagitais e verticais em indivíduos em crescimento. Os efeitos

dentoesqueléticos dos vários aparelhos funcionais têm sido analisados por

estudos clínicos e em animais. Bresin e Kiliaridis, em 2002, com o objetivo de

analisar os efeitos da função mastigatória normal e reduzida na adaptação

dentoesquelética com um aparelho tipo bite block, promoveram um estudo em

que 52 ratos albinos machos foram divididos em dois grupos (dieta sólida e

dieta pastosa), para desenvolver diferentes capacidades funcionais dos

músculos da mastigação. Após duas semanas, foram instalados em metade

dos animais de cada grupo aparelhos tipo bite block e a outra metade serviu

como controle. Marcadores ósseos foram injetados nos animais ao início do

experimento. Radiografias laterais foram executadas nos dias 0, 14, 28 e 42 e

as imagens das mandíbulas foram sobrepostas na imagem formada pelo

marcador ósseo. A redução da capacidade muscular resultou num crescimento

do focinho para cima e um ramo mandibular mais curto, com menos aposição

óssea na borda inferior da mandíbula. Os animais com o bite block além destes

efeitos tiveram ainda, inibição da erupção dos molares superiores e intrusão

dos molares inferiores, entretanto, o efeito sobre os dentes foi menor no grupo

da dieta pastosa. O grupo da dieta pastosa com bite block também mostrou

Page 30: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

diferenças na aposição óssea no ramo mandibular, quando comparados ao

grupo da dieta sólida com bite block. Os autores sugerem que as

características funcionais dos músculos da mastigação devem ser levadas em

consideração para prever a eficiência dos aparelhos ortopédicos.

Maki et al., em 2002, usaram a densitometria óssea

computadorizada e a análise cefalométrica para investigar os efeitos da

consistência física dos alimentos na morfologia e densidade mineral da

mandíbula em ratos jovens. Trinta ratos Wistar machos com 21 dias de idade

foram divididos aleatoriamente em três grupos: grupo controle (dieta sólida),

grupo da dieta semi-pastosa e grupo da dieta em pó. Após seis semanas, todos

os animais foram submetidos à eutanásia e tiveram suas mandíbulas

removidas. Foram executadas radiografias das mandíbulas para análise

cefalométrica lateral, medidas macroscópicas e de micro-densitometria óssea.

Dos 15 pontos selecionados (Figura 2.3), o Go (Gônio), o ponto mais posterior

do processo coronóide (Cr), o ponto mais posterior da cabeça da mandíbula

(Condílio) e o ponto infra-dentário (Id) tiveram resultados significantemente

menores no grupo com alimentação em pó. O conteúdo mineral foi reduzido no

processo coronóide e ângulo da mandíbula apenas no grupo da dieta em pó.

Page 31: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 2.3 - Pontos cefalométricos mandibulares (MAKI et al., 2002).

Langenbach et al., em 2003, afirmaram que as fibras musculares

podem adaptar suas áreas transversais, afetando sua capacidade de produção

de força. Isto tem sido mostrado quando há um aumento da atividade muscular,

resultando em uma maior área transversa das fibras musculares. Os autores

afirmaram ainda que a consistência dos alimentos é um fator importante de

controle do crescimento ósseo da maxila e da mandíbula, bem como do tipo de

composição das fibras dos músculos da mastigação. A eliminação das forças

oclusais pela ingestão de alimentos macios tem resultado em atrofia dos

músculos da mastigação e transição dos tipos de fibras musculares. Esse

estudo abordou a influência da consistência dos alimentos nas fibras do

músculo masseter. Para tanto, 12 ratos machos foram aleatoriamente divididos

em dois grupos – um grupo recebeu alimentos com aumento na consistência

(HF), os pellets foram ressecados ao forno para que ficassem mais duros, e o

outro recebeu alimentos triturados e misturados com água (SF). O período

experimental foi de 87 dias. Após a eutanásia, os músculos masseteres foram

dissecados, fixados, desidratados e incluídos em parafina. Um dos dois

músculos removidos de cada rato foi aleatoriamente escolhido, submetido a

Page 32: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

cortes seriados (10 µm) e a tratamento de imunohistoquímica. Os autores

detectaram uma diferença significante entre as fibras lenta e rápida, com o

grupo de alimentação dura contendo fibras mais largas. Na região posterior e

profunda do masseter, as fibras lentas foram significantemente menores no

grupo de alimentação macia. A mudança na consistência dos alimentos induziu

alterações no músculo masseter, contudo, as diferenças observadas no

tamanho das fibras não podem ser designadas exclusivamente aos dois grupos

experimentais, porque esse estudo não incluiu um grupo controle (dieta

comercial sem alterações).

Com o objetivo de avaliar a relação entre a morfogênese mandibular

e a função mastigatória, Luca et al. (2003) dividiram 30 ratos Sprague-Dawley

em 3 grupos: dieta sólida, dieta líquida e dieta elástica. A dieta elástica era

composta pelos mesmos componentes das demais dietas, porém com gomas

adicionadas. O objetivo da dieta elástica foi simular o modus operandi de certos

aparelhos ortopédicos. O experimento foi de 28 dias e, após, foram realizadas

radiografias laterais dos crânios e fotografias das hemimandíbulas. As imagens

foram analisadas em duas dimensões, sagital e vertical. A análise fotográfica

mostrou maior crescimento do ramo mandibular no grupo da dieta elástica e

um maior alongamento do corpo mandibular nos ratos que ingeriram dieta

líquida. Os autores concluíram que existe correlação entre função muscular e

crescimento mandibular e que os clínicos devem levar em consideração o

potencial dos músculos nas discrepâncias verticais e sagitais.

A estrutura tridimensional interna dos ossos está em constante

adaptação às condições funcionais. Os músculos provêem um importante

estímulo mecânico para a neoformação óssea. Os aparelhos funcionais usados

Page 33: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

na clínica ortodôntica, que estimulam o posicionamento mandibular para frente

ou para trás, causam estresse dos tecidos moles faciais. O resultado das

forças é, direta ou indiretamente, transmitido para os tecidos

dentoesqueléticos, que acabam se adaptando à nova posição. Em seu estudo,

Mavropoulos et al. (2004) investigaram o efeito das diferentes funções

mastigatórias e demanda mecânica na adaptação microestrutural do osso

alveolar mandibular em ratos. O efeito de dois fatores experimentais, a

inserção de um aparelho bite block e a alteração na consistência da comida, foi

investigado nos animais. Trinta e seis ratos albinos machos foram divididos em

dois grupos. Esses animais alimentavam-se de dieta comercial normal (pellets)

ou dieta macia. Após duas semanas, em metade dos animais de cada grupo foi

inserido um bite block. Após quatro semanas, os animais foram submetidos à

eutanásia e tiveram suas mandíbulas excisadas. Estas foram submetidas a

exames radiográficos e microtomografia computadorizada para análise da

densidade óssea mineral e de parâmetros de microestrutura óssea. A largura

do processo alveolar também foi medida. A inserção do bite block leva a

mandíbula a uma posição de abertura interincisal (nesse estudo, de 4 mm) e a

um estiramento muscular. A tensão passiva tem sido estimada como sendo de

0,3 N para uma abertura interincisal de 4 mm. Ambos os fatores experimentais

levaram a uma modificação de forma e estrutura do processo alveolar em

ratos. A inserção do bite block leva à aplicação de uma força leve e contínua na

região de molares inferiores, o que foi associado a um aumento significante da

densidade óssea no processo alveolar dos ápices das raízes desses dentes. A

dieta macia e a conseqüente diminuição das forças aplicadas ao osso alveolar

Page 34: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

durante a mastigação resultaram numa redução da densidade óssea mineral

acompanhada por um decréscimo de volume e espessura do osso trabecular.

A redução no recrutamento das fibras musculares causada pela

diminuição das forças mastigatórias, induzida por alimentos de fácil

mastigação, pode alterar as características morfológicas e histoquímicas dos

músculos da mastigação. O propósito do estudo de Kitagawa et al., em 2004,

foi investigar os efeitos histoquímicos de um longo período de tempo de dieta

macia no músculo masseter, em ratos em crescimento. Doze ratos albinos

machos foram divididos em dois grupos, um grupo recebeu dieta sólida (grupo

controle) e o outro recebeu dieta em pó. A duração do experimento foi de seis

meses. Foram avaliadas fibras do masseter das regiões superficial e profunda.

Quando comparado com o grupo controle, houve uma diferença na quantidade

e nos tipos de fibras encontradas nas duas regiões do músculo masseter

analisadas. Entretanto, não houve diferença entre os grupos no tamanho das

fibras. Os achados deste estudo mostraram que a alteração das atividades

funcionais contribuiu para a seleção dos tipos de fibras e influenciou no uso das

mesmas. Os autores sugerem que a alteração por um longo tempo da função

mandibular, induzida pela dieta macia, pode levar a adaptações do músculo

masseter.

Em 2005, Mavropoulos et al., avaliaram a adaptação estrutural do

osso mandibular quando submetido a diferentes funções mastigatórias e

demandas mecânicas durante o crescimento. O efeito de dois fatores

experimentais, a inserção de um bite block e alterações na consistência da

comida, sobre a densidade óssea da mandíbula foi investigado em ratos em

crescimento. Cinqüenta e dois ratos albinos foram divididos em dois grupos

Page 35: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

iguais, um alimentava-se de comida dura e outro de comida macia. Após duas

semanas, metade dos animais dos dois grupos teve inserido em seus molares

superiores um bite block. O experimento teve a duração de quatro semanas e o

grupo que restou (sem bite block) serviu como grupo controle. A dieta macia e

a conseqüente redução das forças aplicadas à mandíbula durante a

mastigação resultaram em uma diminuição da densidade óssea em todas as

áreas estudadas. A inserção de um aparelho que causa uma abertura da

mordida (bite block) resultou na aplicação de uma força constante nos molares

inferiores, o que foi associado a um significante aumento da densidade óssea,

em parte, do processo alveolar na região da força aplicada.

Ainda em 2005, Sato et al., avaliaram a densidade óssea da

mandíbula e examinaram a relação entre morfologia dentofacial e função

mastigatória, por meio da tomografia computadorizada (TC) em crânios

humanos. Também estudaram as mudanças na densidade óssea da mandíbula

de ratos, em um experimento que diminuiu a função mastigatória. Os dados

para o estudo em humanos foram obtidos de 27 crânios de homens japoneses

contemporâneos (média de idade de 28 anos). A espessura da cortical óssea

na região dos molares foi medida por valores de tomografia computadorizada,

escala Hounsfield. Para o estudo experimental, uma lâmina de metal foi

inserida entre os incisivos inferiores e superiores dos ratos (com seis semanas

de idade), para que não houvesse toque entre os molares. Os ratos foram

submetidos à com 2, 4 e 6 semanas e a densidade óssea da mandíbula foi

medida na região do primeiro molar, por TC. No estudo em crânio humano,

houve correlação negativa entre os valores de densidade na região vestibular

do segundo molar e o ângulo formado entre o plano de Frankfort e os planos

Page 36: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

mandibulares. Também foi encontrada significante correlação negativa entre o

ângulo goníaco e os valores de densidade na face vestibular e base da

mandíbula. No estudo em animais, a densidade óssea começou a declinar

quatro semanas após o início do experimento de hipofunção mastigatória, em

comparação ao grupo controle. Ao final do experimento, a densidade óssea da

mandíbula havia declinado 11,6% na face vestibular, 16,7% na face lingual,

12,3% na área de furca da raiz do molar e 38,1% no ápice radicular. A

densidade óssea na cortical declinou, durante o período experimental, na face

lingual. Os resultados suportaram a hipótese dos autores de que a adaptação

funcional, que ocorre na mandíbula pelo estresse mecânico da mastigação, é

perceptível não somente na área de inserção muscular, mas também no osso

alveolar da região de molares.

Cargas mecânicas parecem ter uma importante influência de

regulação do crescimento sutural. Katsaros et al., alegando que a influência

nos sítios de crescimento como as suturas ainda não está bem elucidada,

desenvolveram um estudo, em 2006, para quantificar o efeito da redução da

função mastigatória na aposição de osso em suturas do esqueleto facial

anterior. Cinqüenta e seis ratos albinos machos com quatro semanas de idade

foram aleatoriamente divididos em dois grupos: grupo da dieta sólida e grupo

da dieta pastosa. Nos dias 0, 14 e 28, calceína foi injetada em todos os animais

para marcar, com linhas fluorescentes, o nível de aposição óssea nas suturas

internasal, nasopremaxilar e interpremaxilar. Após a eutanásia (42 dias de

experimento), suas cabeças foram preparadas para análise em microscopia de

fluorescência. Os valores foram analisados por um software de imagem (GNU®

Image Processor). Observou-se menos aposição óssea no grupo da dieta

Page 37: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

pastosa do que no grupo da dieta sólida, em todas as suturas avaliadas. Os

autores concluíram que a aposição óssea nas suturas do esqueleto facial

anterior, em ratos em crescimento, foi significantemente afetada pela redução

da função mastigatória.

O aumento na função dos músculos da mastigação estaria

associado a um padrão de rotação anti-horária da mandíbula e ao maior

desenvolvimento da cabeça da mandíbula e do processo coronóide.

Yonemitsu, Muramoto e Soma, em 2007, investigaram os efeitos das forças

dos músculos da mastigação sobre o padrão facial vertical e as alterações na

cabeça da mandíbula. Trinta e seis ratos Wistar machos participaram desse

estudo. No grupo experimental, os animais tiveram os músculos masseteres

ressecados bilateralmente para avaliação da influência da força mastigatória na

morfologia óssea mandibular e da cabeça da mandíbula. Metade dos animais

serviu como controle. Radiografias laterais das mandíbulas foram executadas

para análise do padrão esquelético mandibular. Os resultados demonstraram

cabeças das mandíbulas menores e altura do ramo mandibular inferior no

grupo experimental, quando comparado ao grupo controle. As radiografias

laterais mostraram que os animais do grupo experimental apresentaram uma

tendência para maiores ângulos do plano mandibular. Concluiu-se que a

atividade muscular do masseter está intimamente relacionada à morfologia

mandibular durante o crescimento.

Shimomoto et al. (2007) desenvolveram uma pesquisa para elucidar

a relação entre estímulo oclusal e crescimento ósseo alveolar e mandibular,

empregando o modelo de hipofunção oclusal em 10 ratos Wistar. Nessa

pesquisa, foram utilizadas coberturas coronárias nos incisivos dos animais do

Page 38: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

grupo experimental, de modo a eliminar o contato entre os molares. Ambos os

grupos, experimental e controle, alimentaram-se de ração comercial em pó.

Após duas semanas de experimento, as capas foram removidas e o contato

oclusal dos molares foi retomado. Durante as quatro semanas do experimento,

os animais receberam semanalmente injeções de corantes vitais. Após a

eutanásia, os animais tiveram suas mandíbulas dissecadas. Análise óssea

histomorfométrica, incluindo índice de aposição mineral, foi realizada em cortes

histológicos frontais na região de segundos molares mandibulares. A

hipofunção oclusal suprimiu a aposição mineral e formação do osso alveolar na

área estudada, bem como diminuiu significativamente os índices de aposição

mineral e formação óssea na borda inferior e face vestibular do osso

mandibular. No entanto, estes índices retornaram à normalidade quando os

animais retomaram a função mastigatória normal, durante o período de

crescimento.

Tanaka et al., em 2007, analisaram o grau de mineralização do osso

mandibular em ratos em crescimento que se alimentavam com dieta sólida ou

pastosa. Para a pesquisa, foram utilizados 15 ratos Wistar machos. Após o

desmame, 6 ratos alimentavam-se com dieta sólida e os outros 9 ratos, com

dieta pastosa. Após 9 semanas, foram obtidas, por microtomografia

computadorizada, reconstruções tridimensionais do osso cortical e trabecular

das mandíbulas. O grau de mineralização foi estimado para o osso trabecular

na cabeça da madíbula e para o osso cortical nas regiões posterior e anterior

do ramo mandibular. Em ambos os grupos, os autores observaram um grau de

mineralização significantemente menor no osso trabecular do que no osso

cortical. No ramo mandibular, a região anterior mostrou um grau de

Page 39: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

mineralização maior do que a posterior. Em ambas as regiões, o grupo da dieta

pastosa apresentou um menor grau de mineralização do que o grupo da dieta

sólida. No grupo da dieta sólida, o osso trabecular na cabeça da mandíbula

apresentou maior grau de mineralização em comparação ao grupo da dieta

pastosa. O estudo mostrou a importância da função mastigatória adequada

para que haja desenvolvimento mandibular normal.

Com a finalidade de investigar as diferenças relativa e absoluta no

crescimento de ratos que ingerem comida sólida ou o alimento em pó, Abed et

al., em 2007, dividiram aleatoriamente 36 ratos (Sprague-Dawley) em dois

grupos: grupo da dieta sólida (HD) e grupo da dieta em pó (SD). O peso

corporal e três radiografias (lateral, dorso-ventral e de tíbia) foram executadas a

cada duas semanas (T1= 23 dias de idade até T5= 79 dias de idade). Nas

imagens, foram determinados pontos padronizados e medidas lineares foram

obtidas. As curvas de maturidade relativas foram elaboradas pelas medidas

encontradas em T5. As diferenças de crescimento entre os grupos SD e HD

foram calculadas como sendo absolutas ou relativas. O grupo HD teve peso

significantemente maior em T5, mas nenhuma diferença no comprimento da

tíbia foi observada. Oito das 20 medidas craniofaciais (40%) mostraram

significantes diferenças de tamanho, com o grupo SD apresentando

deficiências em relação ao grupo HD. Todas as medidas verticais mostraram

crescimento menor no grupo SD. As medidas neurocranianas apresentaram-se

como as mais maduras e as mandibulares, menos maduras. Os resultados

desse estudo apóiam a idéia de que a função mastigatória é um importante

determinante do padrão de crescimento craniofacial e seus efeitos são

Page 40: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

modulados pelo potencial de crescimento relativo dos diferentes componentes

craniofaciais.

Considerando que a articulação temporomandibular (ATM) tem um

papel importante na absorção dos impactos causados durante a mastigação,

Sakurai et al., em 2007, analisaram a influência da força do músculo masseter

no desenvolvimento do disco articular, utilizando para isso o modelo de

ressecção bilateral. Trinta ratos Wistar com três semanas de idade foram

selecionados. No grupo experimental, os animais tiveram os músculos

masseteres ressecados cirurgicamente para que se pudesse avaliar a

influência da força muscular na morfologia e composição do disco articular

durante o crescimento. Nenhum procedimento cirúrgico foi realizado no grupo

controle. Foram avaliadas as medidas de espessura do disco para o estudo

das diferenças morfológicas, bem como a localização do colágeno tipo I e

proliferação celular nos estudos de imunohistoquímica. A espessura do disco

foi menor no grupo experimental em todas as regiões medidas, quando

comparado ao grupo controle. Enquanto no grupo controle a localização do

colágeno tipo I ficou concentrada na porção superior, no grupo experimental,

concentrou-se principalmente nas bandas anterior e posterior do disco articular.

Os resultados dos estudos de proliferação celular foram significativamente

menores no grupo experimental. Os autores concluíram que a função do

músculo masseter está intimamente relacionada à morfologia e composição do

disco articular em ratos em crescimento.

O estresse mecânico aplicado ao osso influencia no volume e

estrutura por controlar sua remodelação. Sabe-se que a aplicação de um grau

suficiente de força é necessária para manter a forma e o volume ósseo. Com o

Page 41: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

objetivo de examinar os efeitos da hipofunção oclusal e a sua recuperação, na

densidade óssea mineral na mandíbula (BMD) em ratos, por meio de

tomografia computadorizada quantitativa periférica. Kunni et al., em 2008,

dividiram 40 ratos Wistar em 2 grupos: Grupo da hipofunção, em que foi

utilizado o método descrito por Warita e Soma (2004), inserindo-se uma capa

de metal entre os incisivos do animal a fim de evitar o contato oclusal dos

molares, e o Grupo da recuperação, estes animais tiveram a capa de metal

removida e a oclusão reestabelecida após 4 semanas. Um terceiro grupo de 20

ratos serviu como controle. Quatro ratos de cada grupo foram submetidos à

eutanásia a cada 2 semanas e a BMD foi mensurada no osso cortical e

trabecular na região de primeiro molar mandibular. Os resultados mostraram

que em 6 a 8 semanas, no grupo da hipofunção, a densidade do osso

trabecular decresceu nos lados vestibular e lingual, na região de furca e ápice

radicular. No grupo da recuperação, a densidade nos lados lingual e vestibular

retomou os níveis normais, quando comparado ao grupo controle. Entretanto, a

densidade óssea nas regiões de furca e ápice radicular retomaram apenas 30 a

50%, respectivamente. Em 6 a 8 semanas, a densidade óssea cortical foi

reduzida na região lingual basal e lingual média no grupo da hipofunção.

Nestas áreas, a densidade retomou os níveis de controle no grupo da

recuperação em 6 semanas. Conclui-se que a retomada da função oclusal

pode restaurar a densidade óssea mineral nos ossos cortical e trabecular.

Page 42: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

3 PROPOSIÇÃO

Page 43: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

3 PROPOSIÇÃO

No que se refere à importância da consistência da dieta, embora

diversos trabalhos tenham abordado os efeitos da demanda mecânica sobre o

crescimento mandibular, ainda não está claro como essas cargas mecânicas

influenciariam as curvaturas da mandíbula e o volume do tecido ósseo basal na

região de molares. Portanto, o presente estudo experimental em ratos teve por

objetivo avaliar a influência da hipofunção mastigatória induzida por dieta em

pó sobre:

• O crescimento vertical e horizontal da mandíbula;

• A curvatura da borda posterior do ramo mandibular e da borda inferior da

mandíbula;

• O crescimento da cabeça da mandíbula;

• A densidade óssea relativa no ramo mandibular;

• O crescimento de tecido ósseo basal mandibular.

Page 44: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

4 MATERIAL E MÉTODOS

Page 45: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

4 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo experimental foi desenvolvido em conformidade com as

normas e os preceitos adotados pelo Comitê de Ética para Uso de Animais

(CEUA) da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, tendo sido

aprovado sob o protocolo PP00138 no Ofício nº 168/CEUA/PRPe/2007, em 20

de novembro de 2007 (ANEXO).

4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi composta por 24 ratos Wistar (Albinus norvegicus)

machos com 21 dias de idade (desmame), provenientes do Biotério Central da

UFSC. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos (12 ratos por

grupo), de acordo com a consistência da dieta:

1 – Grupo controle (GC): recebeu dieta sólida, ração comercial sem

modificações - pellets (Nuvital-CR1-Nuvilab - BR);

2 – Grupo experimental (GE): recebeu dieta em pó, que consistiu da ração

comercial triturada e peneirada.

Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas (3 animais por

gaiola) no Biotério do Laboratório de Nutrição Experimental do Departamento

de Nutrição da UFSC, que possui sistema de filtragem e exaustão do ar,

controle de umidade e temperatura (22°C a 24°C) e ciclo claro/escuro de 12

horas. Além da dieta fornecida, não houve qualquer material ou objeto que

possa ter induzido o estímulo mastigatório. Para os dois grupos, a comida e a

água (filtrada) foram renovadas diariamente. A limpeza das gaiolas foi realizada

três vezes por semana. Os ratos foram pesados semanalmente com uma

Page 46: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

balança de precisão calibrada (Marte – modelo AS2000), visando assegurar o

ganho de peso normal para o crescimento e saúde dos animais.

Após 50 dias de experimento, os animais com 71 dias de idade

(maturidade sexual em machos desta espécie é atingida com 70 dias de

idade1) foram submetidos à eutanásia e, imediatamente depois, tiveram1 suas

mandíbulas cuidadosamente removidas e processadas. Todos os

procedimentos estão relatados nos protocolos a seguir.

4.2 PROTOCOLOS

4.2.1 Protocolo para eutanásia

Os animais foram submetidos à anóxia em uma câmara de gás CO2

para eutanásia de roedores (Caixa de policarbonato não hermética), de acordo

com o procedimento padrão para eutanásia de roedores descrito no artigo

reportado pela American Veterinary Medical Association (AVMA), em 2001, e

esquematizado na Figura 4.1.

1 www.reitoria.ufsc.br/prpg/bioterio/especies.htm

Page 47: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.1 – Esquema do procedimento padrão para eutanásia de

roedores (AVMA, 2001).

No período de 3 a 5 minutos, ocorre morte por parada respiratória

(cilindro de CO2 com fluxo de 20% do volume da câmara/minuto). No entanto, é

recomendável deixar o gás por mais um minuto após a morte aparente. Após,

certificou-se da morte pela perda dos movimentos respiratórios e ausência de

reflexo ao estímulo no globo ocular.

4.2.2 Protocolo para remoção das mandíbulas

As mandíbulas foram separadas dos tecidos moles de modo a

permitir a remoção intacta do corpo e ramo mandibular, sem lesionar a

cartilagem condilar. Após removidas, foram divididas em duas metades e

acondicionadas em frascos devidamente identificados, contendo uma solução

Page 48: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

fixadora de paraformaldeído a 4% tamponada (Phosphate Buffered Saline-

PBS, pH 7.2 – Sigma, EUA), por 48 horas.

4.2.3 Protocolo para o estudo morfométrico da mandíbula

Foram realizadas fotografias das hemimandíbulas do lado esquerdo

com o auxílio de uma câmera fotográfica digital (Nikon FX-35), incluindo-se no

campo fotográfico uma escala milimetrada. As fotografias foram realizadas de

forma padronizada, com o auxílio de um tripé, que mantinha a câmera

fotográfica ortogonal à hemimandíbula posicionada sobre um fundo verde e

tocando o maior número possível de pontos no plano, à distância de 40 cm da

lente. As fotografias foram realizadas com 7 megapixel de resolução, sem o

auxílio de zoom óptico ou digital e armazenadas no formato TIFF (Tagged

Image File Format), 8 bits. As mensurações nas fotografias foram realizadas

com o auxílio do software de imagem Scion Image® (NIH Image, EUA). Os

pontos biométricos selecionados neste estudo são derivados de medidas

biométricas e cefalométricas de estudos anteriores referenciados (MAKI et al.,

2002; ULGEN et al., 1997).

4.2.3.1 Pontos biométricos mandibulares (Figura 4.2)

• Me (Mentoniano): ponto mais inferior do contorno da sínfise mentoniana

• Iia (Ponto alveolar do incisivo inferior): ponto mais inferior do contorno do

osso alveolar vestibular do incisivo inferior

• Ma (Ponto mandibular alveolar): ponto mais profundo da parte superior

da crista alveolar entre os incisivos inferiores e o primeiro molar

Page 49: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

• Co (Condílio): ponto mais posterior e superior da cabeça da mandíbula

• Go (Gônio): ponto mais posterior do contorno do ângulo mandibular

• GoT (Tangente Goníaca): ponto mais inferior do contorno do ângulo

mandibular

• Cr (Coronóide): ponto mais superior do processo coronóide

• Pr (Profundidade do ramo): ponto mais profundo na concavidade do

ramo mandibular

• Ic: ponto localizado na incisura entre o processo coronóide e a cabeça

da mandíbula

• Pb (Profundidade da base): ponto mais profundo da concavidade da base da mandíbula

Figura 4.2 - Pontos biométricos mandibulares.

Co Cr

Go

GoT

Ma

Iia Me

Pr

Pb

Ic

Page 50: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

4.2.3.2 Medidas mandibulares lineares

Medidas sagitais (Figuras 4.3 e 4.4)

1. Co-Iia (comprimento mandibular I): distância entre os pontos

Condílio e Iia;

2. Go-Iia (comprimento de corpo): distância entre os pontos Gônio e

Iia;

3. Cr-Iia (comprimento mandibular II): distância entre os pontos

Coronóide e Iia;

4. Profundidade da concavidade do ramo: distância do ponto Pr em

ângulo reto com a linha Co-Go;

5. Tamanho da cabeça da mandíbula: distância do ponto Co em

ângulo reto com a linha Pr - Ic.

Figura 4.3 - Medidas mandibulares sagitais A.

2

3 1

Page 51: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.4 - Medidas mandibulares sagitais B.

Medidas verticais (Figura 4.5)

6. Profundidade da concavidade da base: distância do ponto Pb em

ângulo reto com a linha GoT-Me;

7. Co-GoT (altura do ramo I): distância entre os pontos Condílio e GoT;

8. Cr-GoT (altura do ramo II): distância entre os pontos Coronóide e

GoT;

9. Me-Ma (altura do corpo): distância entre os pontos Me e Ma.

Em adição, foi obtida a 10ª medida, representada pelo ângulo

goníaco, formado entre as retas que passam pelos pontos Co-Go e a tangente

mandibular GoT-Me (Figura 4.6).

As medições planejadas em fotomicrografias e fotografias foram

executadas por um examinador calibrado, duas vezes, com um intervalo de 15

4

5

Page 52: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

dias entre a primeira e a segunda mensuração. Os resultados foram utilizados

para o cálculo do erro do método.

Figura 4.5 - Medidas mandibulares verticais.

Figura 4.6 - Medida angular.

7

8

9

10

6

Page 53: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

4.2.4 Protocolo para o estudo da densitometria óssea

Para análise da densidade óssea nas hemimandíbulas do lado

esquerdo fixadas, foram obtidas radiografias digitais por meio do sistema

DenOptix® (Dentsply International/Gendex® Dental X-ray Division, Des Plaines,

IL, EUA). Durante a aquisição das imagens radiográficas digitais, o aparelho de

raios X GE 1000® (General Electric Co., Milwaukee, WI, EUA) funcionou em

regime constante de 70 kVp e 10 mA, com filtração total de 2,5 mm de alumínio

e tempo de exposição de 0,5 segundo (30 pulsos). Foi empregado um sensor

de tamanho 4, com área ativa de 57 X 76 mm e, juntamente com as

hemimandíbulas, foi exposta uma escala de densidade em alumínio. Para

auxiliar no posicionamento do receptor de imagem e das hemimandíbulas, foi

utilizado um suporte em acrílico, que propiciou a aquisição de imagens

padronizadas, mantendo a distância fonte de radiação-receptor igual a 50 cm,

bem como angulação vertical de 90º e horizontal de 0º.

As imagens foram adquiridas sem alteração dos comandos padrões no

software do sistema radiográfico digital. A leitura do sensor DenOptix® foi

executada com resolução de 300 dpi. Neste procedimento, o tamanho do pixel

é de 85 µm e a resolução das imagens, equivalente a 6 pares de linhas por

milímetro (GENDEX DENTAL X-RAY DIVISION, 1998). As imagens foram

arquivadas em CD-R (compact disc-recordable), no formato TIFF (Tagged

Image File Format), 8 bits. Esse procedimento garante que as imagens

arquivadas tenham a mesma quantidade de informações que as originais, pois

TIFF traduz-se em um formato de arquivo sem perda.

Subsequentemente, as radiografias digitais foram analisadas pelo

software de domínio livre Scion Image® (NIH Image, EUA), que compara os

Page 54: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

tons de cinza da região de interesse nas imagens obtidas com os degraus da

escala de densidade em alumínio. A média do conteúdo mineral das amostras

foi calculada na região do ramo mandibular, excluindo o incisivo inferior do

campo de análise (Figura 4.7) e os resultados foram expressos em valores

equivalentes à densidade da escala de alumínio.

Figura 4.7 – Representação da região de ramo a ser analisada para

as informações de densidade do conteúdo mineral.

4.2.5 Protocolos para estudo da quantidade de osso cortical e osso trabecular

na região de molares

As hemimandíbulas do lado esquerdo foram fixadas em solução de

paraformaldeído a 4% tamponada (PBS, pH 7.2), durante 48 horas, e

Page 55: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

descalcificadas em solução de ácido nítrico a 5%, até que todo mineral fosse

removido. A solução de ácido nítrico foi trocada todos os dias e a

descalcificação durou 9 dias. A seguir, as amostras foram desidratadas em

graduação alcoólica (93% e 100%), submetidas ao processo de clarificação em

xilol e incluídas em parafina. Foram realizados cortes frontais longitudinais nas

hemimandíbulas, de 5 µm de espessura, ao longo da região de molares (Figura

4.8).

Na região de segundo molar, foram analisados 5 cortes obtidos a

partir do segundo molar (Figura 4.8). Os cortes histológicos foram corados com

o tricrômico de Cason2. A seguir, foram obtidas fotomicrografias dos cortes

histológicos, por meio de um microscópio óptico (Olympus BX41) ligado a um

sistema de captura de imagem com uma câmera digital colorida refrigerada de

3.3 megapixel (QCOLOR 3C – Q-imaging) por meio de um programa de

captura (QCapture Pro 5.1 – Qimaging). Uma escala micrométrica de

comprimento total equivalente a 2 mm foi incorporada ao campo a ser

fotografado. As imagens foram realizadas com resolução de 640X512 pixels

através da objetiva de aumento de 4X. As partes do corte histológico

fotografadas foram unidas para formar uma única imagem por meio do

programa PTGui Pro® (Figura 4.9) e, então, foram salvas no formato TIFF

(Tagged Image File Format) sem compactação. Para o preparo inicial da

imagem, foi utilizado o software de processamento de imagem Photoshop® CS

(Adobe ®). A imagem foi movimentada até que os pontos mais proeminentes

da região lingual (ponto superior e inferior) ficassem alinhados (Figuras 4.10 e

4.11). Em seguida, foi demarcada uma linha paralela ao teto do canal 2 http://stainsfile.info/StainsFile/stain/conektv/tri_cason.htm

Page 56: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

mandibular (Figuras 4.10 e 4.11) e a imagem acima desta linha foi excluída

(Figura 4.12). Através de ferramentas de seleção, todas as estruturas não

ósseas foram excluídas (Figura 4.13), as imagens foram salvas no formato

TIFF (Tagged Image File Format), 8 bits. Estas novas imagens foram então

processadas com o auxílio do software de domínio livre Scion Image® (NIH

Image, EUA), para se estimar a quantidade de osso cortical e trabecular na

região de interesse, pela mensuração da área de tecido ósseo (Figuras 4.14 e

4.15). A área superior à linha demarcada não foi mensurada com o intuito de

evitar a variabilidade da região dentária e obter-se dados da região de osso

basal.

Figura 4.8 - Representação das regiões de interesse para o

estudo histológico.

Área de molares Área descartada

5 cortes

Page 57: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.9 – Representação do uso do programa PTGui Pro®.

Figura 4.10 – Esquema do corte histológico na área de molares. 1- área de

osso cortical e trabecular de interesse; 2- incisivo mandibular; 3- canal

mandibular.

3

1 2

Page 58: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.11 – Demonstração do alinhamento dos pontos mais proeminentes da

região lingual e a demarcação da linha que passa pelo teto do canal

mandibular.

Figura 4.12 – Representação da área de interesse para a mensuração da área

de tecido ósseo após a região acima do canal mandibular ser excluída.

Page 59: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.13 – Representação da imagem pronta para a análise. As áreas de

tecido não ósseo foram excluídas e foi incorporada a imagem da escala

micrométrica de comprimento total de 2 mm.

Figura 4.14 – Representação do uso do programa Scion Image® para

calibração da escala de 2mm.

Page 60: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Figura 4.15 - Representação da seleção da região de interesse para a

mensuração de área através do programa Scion Image® .

Page 61: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

4.3.1 Análise do erro do método

A análise do erro do método consiste em avaliar a presença de erro

sistemático no processo de medição e, na ausência do erro sistemático,

quantificar o erro aleatório. Para avaliar o primeiro erro, foi comparada a 1ª com

a 2ª mensuração utilizando-se o Teste de Wilcoxon. O erro aleatório foi obtido

a partir da fórmula de Dahlberg ∑ ndi 2/2

, onde di é a diferença entre a 1ª e

a 2ª mensuração do i-ésimo indivíduo e n é o tamanho da amostra.

4.3.2 Avaliação comparativa

Pare esta análise, foram utilizados os valores obtidos na primeira

mensuração. Foram estimados os valores de média e variância para todas as

características avaliadas, segundo os grupos controle e experimental. Para

avaliar se havia diferença significativa entre as medidas observadas em

espécimes de cada um dos dois grupos, foi aplicado o teste de Mann-Whitney.

O software utilizado foi o Stata versão 8.0. O nível de significância

adotado nos testes foi de 5%.

Page 62: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

5 RESULTADOS

Page 63: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

5 RESULTADOS

5.1 Erro do método

Todas as mensurações apresentadas foram repetidas num intervalo de

15 dias para a análise do erro do método. Todas as imagens analisadas foram

renomeadas por um segundo operador, a fim de que o examinador que fizesse

as mensurações não pudesse identificar o grupo. Para a medida da área de

osso cortical e trabecular na região de molar foram feitas 5 mensurações (5

cortes histológicos) de cada hemimandíbula e obtido o valor médio (média

aritmética).

A Tabela 5.1 apresenta a análise do erro do método para as medidas

macroscópicas. Não houve diferença significativa entre a primeira e a segunda

medição para todas as medidas. As que apresentaram maior erro aleatório

médio foram a Altura do Ramo II (1,30 mm) e o Comprimento Mandibular I

(0,25 mm). A maioria das medidas macroscópicas apresentou erro aleatório

médio inferior a 0,07 mm.

Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas macroscópicas.

medida medição 1 Medição 2 Wilcoxon Erro Aleatório Média (mm)

d.p. Média (mm)

d.p. valor p Fórmula de Dahlberg

Comprimento Mandibular I 23,28 0,49 23,21 0,44 0,5744 0,25mm Comprimento do Corpo

Mandibular 22,01 0,81 22,04 0,83 0,0779 0,06mm Comprimento Mandibular II 20,15 0,98 20,21 0,99 0,7784 0,21mm

Profundidade do Ramo 2,66 0,21 2,66 0,21 0,2089 0,01mm Tamanho da Cabeça da

Mandíbula 4,81 0,20 4,84 0,25 0,8289 0,07mm Profundidade da Base 1,36 0,22 1,36 0,22 0,6758 0,01mm

Altura do Ramo I 10,94 0,38 10,94 0,40 0,7616 0,04mm Altura do Ramo II 12,99 0,50 13,40 1,87 0,3810 1,30mm Altura do Corpo 4,39 0,24 4,38 0,24 0,9769 0,02mm

Ângulo Goníaco 81,98 2,64 81,98 2,64 0,8959 0,01mm

*Diferença significativa ao nível de 5%.

Page 64: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

A Tabela 5.2 apresenta os resultados da análise do erro do método

para as medidas de área microscópica e de densidade radiográfica do ramo

mandibular. Não houve diferença significativa entre a primeira e a segunda

medição, ao nível de 5%. Portanto, não se nota a presença do erro sistemático

para ambas as medidas. O erro aleatório médio, estimado pela fórmula de

Dahlberg, é de 0,0065 para densitometria em ramo mandibular e 0,0414 mm²

para a área de osso cortical e trabecular na região de molar (área molar).

Tabela 5.2 - Análise do erro do método para as medidas de densidade e área microscópica.

medida

medição 1 medição 2 Wilcoxon Erro Aleatório

média d.p. média d.p. p valor Fórmula de Dahlberg

Densitometria ramo mandibular (alumínio

equivalente) 1,14 0,12 1,14 0,12 0,2853 0,0065 Média da área

molar (mm²) 2,76 0,45 2,75 0,43 0,5506 0,0414 mm2 *Diferença significativa ao nível de 5%.

5.2 Avaliação comparativa entre os grupos Controle e Experimental

As medidas estimadas para o grupo da dieta em pó (GE) foram,

em média, menores do que as obtidas para o grupo da dieta em “pellets”

(GC). Os valores médios obtidos por mensurações macroscópicas nas

fotografias das hemimandíbulas do lado esquerdo estão representados nos

Gráficos 5.1 (sentido horizontal) e 5.2 (sentido vertical) e 5.3 (curvaturas

mandibulares e tamanho da cabeça da mandíbula).

Page 65: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

23,42

22,36

20,29

23,04

21,67

20,03

18,00

19,00

20,00

21,00

22,00

23,00

24,00

Comprimento Mandibular I Comprimento do Corpo Comprimento Mandibular II

Controle

Experimental

Gráfico 5.1 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para

medidas mandibulares sagitais.

11,11

13,28

4,54

10,77

12,76

4,24

0

2

4

6

8

10

12

14

Altura do Ramo I Altura do Ramo II Altura do Corpo

Controle

Experimental

Gráfico 5.2 – Valores médios (mm) nos grupos Controle e Experimental para as

medidas mandibulares verticais.

Page 66: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

2,67

1,47

4,8

2,66

1,24

4,83

0

1

2

3

4

5

6

Profundidade do Ramo Profundidade da Base Tamanho da Cabeça daMandíbula

Controle

Experimental

Gráfico 5.3 – Valores médios (mm) para as medidas que avaliaram as

curvaturas mandibulares e o tamanho da cabeça da mandíbula nos grupos

Controle e Experimental.

Page 67: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Na Tabela 5.3 são apresentados os valores de média e desvio

padrão das características avaliadas em fotografias, segundo os grupos

Controle e Experimental, bem como o resultado do Teste de Mann-Whitney

comparando estes grupos.

Tabela 5.3 – Análise comparativa dos valores médios relativos às mensurações

executadas em fotografias.

Medida Grupo Controle

Grupo Experimental

Mann-Whitney

média d.p. média d.p. p valor Comprimento Mandibular I 23,42 0,44 23,04 0,51 0,0567 Comprimento do Corpo 22,36 0,63 21,67 0,83 0,0165* Comprimento Mandibular II 20,29 0,78 20,03 1,14 0,4288 Profundidade do Ramo 2,67 0,22 2,66 0,20 0,6232 Tamanho da cabeça da mandíbula 4,80 0,21 4,83 0,21 1,0000 Profundidade da Base 1,47 0,20 1,24 0,19 0,0325* Altura do Ramo I 11,11 0,28 10,77 0,41 0,0375* Altura do Ramo II 13,28 0,39 12,76 0,47 0,0101* Altura do Corpo 4,54 0,16 4,24 0,21 0,0016* Ângulo Goníaco 81,06 2,83 82,91 2,18 0,1333

*Diferença significativa ao nível de 5%.

Houve diferença estatística entre os grupos com relação às

seguintes características:

• No sentido Sagital: Comprimento do Corpo Mandibular (Go-Iia)

apresentou uma diminuição média de 0,69 mm no grupo experimental

em relação ao grupo controle.

• No sentido Vertical: Altura do Ramo Mandibular I (Co-GoT), ocorreu

diminuição média de 0,34 mm, Altura do Ramo Mandibular II (Cr-GoT)

apresentou decréscimo de 0,52 mm e a Altura do Corpo Mandibular

Page 68: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

(Me-Ma) exibiu diminuição de 0,3 mm no grupo experimental em relação

ao grupo controle.

• Nas curvaturas mandibulares: A medida de profundidade da base da

mandíbula apresentou, no grupo experimental, uma diminuição em

média de 0,23 mm em relação ao grupo controle.

Embora a maioria das diferenças estatisticamente significantes

sejam de poucos décimos de milímetros, em algumas dessas medidas

pode-se percebe-las ao observar a peça macroscopicamente, como

exemplo as mensurações de altura do Ramo I e II e comprimento do corpo

mandibular (Figura 5.1).

Figura 5.1 – Fotografias originais mostrando as diferenças macroscópicas (em

amarelo) que o olho humano detecta nas medidas de Altura do Ramo I e II e

Comprimento do Corpo Mandibular.

Page 69: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Com relação à densidade óssea relativa na região do ramo

mandibular, a média do grupo Controle foi de 1,25 degraus relativos à escala

de densidade de alumínio (d.p. = 0,07) e do grupo Experimental, 1,04 (d.p. =

0,04) representadas no Gráfico 5.4, a diferença é de 0,21, isto corresponde a

uma diminuição de 16,2% na densidade óssea radiográfica. E com relação à

área de tecido ósseo basal na região de segundo molar, o grupo Controle

apresentou média igual a 3,16 mm² (d.p. = 0,21 mm²) e o grupo experimental

2,36 mm² (d.p. = 0,16 mm²) representadas no Gráfico 5.5, a diferença é de 0,8

mm² (Gráfico 5.5). Essa diferença corresponde a uma redução de 25, 31% na

área de osso basal da mandíbula na região de molar (Figura 5.2).

1,25

1,04

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

Controle Experimental

Controle

Experimental

Gráfico 5.4 – Valores médios entre os grupos controle e experimental nas

medidas de densitometria do Ramo Mandibular (alumínio equivalente).

Page 70: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

3,16

2,36

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Controle Experimental

Controle

Experimental

Gráfico 5.5 - Valores médios entre os grupos controle e experimental nas

medidas de área de osso basal (mm²) na região de segundo molar.

Page 71: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

A Tabela 5.4 apresenta os valores de média e desvio padrão das

medidas de densidade radiográfica do ramo mandibular e apresenta a área de

tecido ósseo na região de molar por grupo. Os valores de p encontrados são

inferiores a 0,0001, portanto, há diferença estatística entre as medidas do

grupos Controle e Experimental. Para as duas medidas, o grupo da dieta em pó

(GE) apresentou menores médias comparado ao grupo da dieta sólida (GC).

Tabela 5.4 – Análise comparativa dos valores médios relativos às

mensurações de densidade radiográfica relativa e de área de tecido ósseo

basal na região de molares.

medida Controle Experimental

Mann-Whitney

média d.p. média d.p. p valor Densitometria no

ramo (Alumínio

equivalente) 1,25 0,07 1,04 0,04 < 0,0001** Área molar média

(mm²) 3,16 0,21 2,36 0,16 < 0,0001** ** diferença altamente significativa entre os grupos

Page 72: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Controle

Experimental

Figura 5.2 – Exemplo de cortes histológicos já preparados para análise de

mensuração de área que mostram a nítida diferença de tamanho entre os

grupos Controle e Experimental.

Page 73: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

6 DISCUSSÃO

Page 74: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

6 DISCUSSÃO

6.1 Relevância Científica

Mudanças nos hábitos de alimentação ao longo dos anos,

caracterizadas principalmente pela introdução de alimentos processados mais

macios e pela deglutição de alimentos mal triturados, induzindo uma

hipofunção mastigatória, têm sido apontadas como importante fator causador

de alterações no desenvolvimento do osso mandibular. Kameya, em 1980,

mostrou em seus estudos que mudanças nos hábitos de dieta levam a

alterações na morfologia maxilofacial, enquanto Kimura (1989) observou, em

seu estudo antropológico, mandíbulas menores em crianças de décadas atuais.

Portanto, é relevante elucidar essas alterações não somente na morfologia

mandibular, mas também em seu conteúdo mineral e estrutura interna.

Existem diversos estudos que avaliaram os efeitos da demanda

mecânica sobre o tecido ósseo, mas a maioria deles enfocou os ossos do

esqueleto axial e periférico. Há muitos fatores que fazem o osso mandibular ser

considerado diferente. A mandíbula desenvolve-se, em sua maior parte, de

forma intramembranosa, sendo endocondral nas cabeças da mandíbula.

Possui um formato único que difere de modo significante dos ossos longos. As

cabeças da mandíbula se articulam com o crânio e funcionam, sob

circunstâncias normais, de forma simétrica e paralela. O processo alveolar da

mandíbula suporta os dentes inferiores e as forças desenvolvidas durante a

mastigação são transmitidas ao osso através dos dentes e ligamento

periodontal, que funcionam de forma a absorver os impactos.

Mudanças na consistência física dos alimentos foram introduzidas

neste estudo para investigar os efeitos da hipofunção mastigatória sobre o osso

Page 75: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

mandibular. Ratos de laboratório têm a vantagem de ser geneticamente

homogêneos, o que reduz uma das muitas variações que acontecem em

estudos clínicos. A consistência da dieta não parece interferir no crescimento

normal, desde que não haja diferenças significantes de peso corporal dos

animais no decorrer do experimento, fato que foi rigidamente controlado por

aferições semanais.

Os resultados deste estudo experimental mostraram que a

consistência física dos alimentos pode influenciar na morfologia mandibular e

em seu conteúdo mineral em ratos em crescimento. Embora os hábitos de

alimentação e mastigação de ratos e humanos sejam distintos e não possam

ser diretamente comparados, os resultados em estudos experimentais estão de

acordo com estudos cefalométricos e antropológicos realizados em humanos

(KAMEYA, 1980, KIMURA, 1989 e SATO et al., 2005).

6.2 Avaliação comparativa do estudo morfométrico

Buscou-se verificar as diferenças entre as médias do Grupo Controle

(dieta sólida) e do Grupo Experimental (dieta em pó) e os resultados mostraram

diferenças estatisticamente significantes para algumas medidas mandibulares

macroscópicas. No sentido horizontal, foi o comprimento do Corpo Mandibular

(Go-Me); no sentido vertical: Altura do Ramo I (Cr-GoT), Altura do Ramo II (Co-

GoT) e Altura do Corpo Mandibular (Me-Ma); nas curvaturas mandibulares:

Profundidade da Base da Mandíbula.

Nos estudos de Kiliaridis et al. (1996) e Ulgen et al. (1997), em que

foram avaliadas não somente as alterações da consistência da dieta no

crescimento mandibular, mas também craniofacial como um todo, ambos

Page 76: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

observaram que a hipofunção mastigatória afeta o crescimento e o

desenvolvimento do esqueleto maxilofacial. Kiliaridis et al. (1996), concordando

com os resultados do presente estudo, também reportaram que o comprimento

do corpo mandibular e a altura do ramo mandibular, em parâmetros

semelhantes, apresentaram menor crescimento no grupo da dieta macia e que

isto pode ser um importante fator causal de alterações craniofaciais. Já Ulgen

et al., em 1997, no trabalho tomado como referência para a seleção dos pontos

e medidas empregados neste estudo, apresentaram resultados similares para

as medidas de Altura do Ramo I (Co-GoT) e Altura do Corpo Mandibular (Me-

Ma). Porém, no presente estudo, foram encontradas diferenças significantes

também na medida de Altura do Ramo II (Cr-GoT), o que não aconteceu no

estudo de Ulgen et al. (1997).

O intuito de introduzir as medidas de profundidade deve-se ao fato

de proporcionarem a investigação da influência da atividade muscular nas

curvaturas ósseas das regiões posterior e inferior da mandíbula, o que teria

efeito sobre o formato do referido osso. Obteve-se resultado significante

apenas na medida de profundidade da base da mandíbula, o que poderia

indicar que a modelação óssea e a forma da borda inferior da mandíbula seria

influenciada pela atividade muscular. Este fato concorda com os estudos de

Graber (1966) e Petrovic (1972), que afirmam que o estresse mecânico

aplicado influencia na forma e volume dos ossos pelo mecanismo de

remodelação óssea e que a modelação e remodelação ósseas são respostas

distintas para a integração das demandas mecânica e metabólica.

Segundo Meade et al. (1984) e Lanyon e Rubin (1984), os

resultados do aumento do estímulo mecânico dinâmico no tecido ósseo

Page 77: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

parecem influenciar o mecanismo de modelação óssea, através da deposição

óssea na superfície periostal. A magnitude desta deposição parece ser

proporcional à magnitude da intensidade e freqüência das cargas mecânicas.

Burr et al. (1989) demonstraram que mudanças geométricas na arquitetura

óssea em resposta a alterações na tensão mecânica ocorrem através da

formação de osso trabecular. Parece certo que o controle do processo de

modelação óssea é alcançado como um resultado do equilíbrio entre o efeito

do potencial osteogênico derivado de estimulação mecânica e uma rede de

efeitos reabsortivos controlados basicamente por hormônios (LANYON, 1984;

RUBIN, 1984)

Para a medida de tamanho da cabeça da mandíbula não se

evidenciou diferença estatisticamente significante entre os grupos. Apesar

disso, outros trabalhos, como os de Ito et al. (1988), Kantomaa et al. (1994),

Kiliaridis et al. (1999) e Sakurai et al. (2007), mostraram que existe a influência

da mastigação no crescimento e espessura da cartilagem da cabeça da

mandíbula e na proliferação das células cartilaginosas. O reflexo dessas

mudanças não foi detectado de forma significante no presente trabalho; talvez

por tratar-se de um método de mensuração macroscópico e não microscópico,

como nos achados histológicos citados acima. A alteração da consistência

física dos alimentos não influenciou de forma significante a medida do ângulo

goníaco, discordando dos achados de Yonemitsu, Muramoto e Soma (2007)

que observaram uma tendência a maiores ângulos em animais que tiveram os

músculos masseteres ressecados bilateralmente, sendo que existe uma grande

diferença entre desinserção muscular e hipofunção mastigatória.

Page 78: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

6.3 Análise da densidade óssea relativa no ramo mandibular e área média na

região de segundos molares

A densidade óssea relativa na área do ramo mandibular selecionada

neste trabalho indicou resultados altamente significantes (p<0,001). A

densidade óssea foi significantemente maior no grupo da dieta sólida. A

diferença entre os grupos foi de 0,21 degrau relativo à escala de densidade em

alumínio. Isso ocorreu provavelmente devido a uma maior espessura de tecido

ósseo presente nesta região. De encontro a esta observação na região basal

dos molares constatou-se que houve maior volume de tecido ósseo no grupo

da dieta sólida. Pode-se sugerir que na região de ramo incluída no estudo de

densidade óssea relativa também seria obtido este resultado, visto que parte

da região do ramo é formada pela base da mandíbula. No entanto, convém

salientar que o maior grau de densidade encontrado no GC pode não somente

ser atribuído ao elevado volume ósseo observado, mas também à intensa

mineralização da região sob estudo.

O resultado referente à densidade radiográfica verificado nesta

investigação científica concorda com os estudos de Bresin et al. (1999) que,

além de encontrarem resultados significantes no ramo mandibular, observaram

maior densidade mineral no grupo da dieta sólida, na região de processo

alveolar do primeiro molar mandibular. Os resultados encontrados por Maki et

al., em 2002, também mostraram diferenças significativas entre os grupos,

sendo que o grupo da hipofunção mastigatória induzida pela dieta mais macia

apresentou valores menores no processo coronóide e ângulo da mandíbula,

Page 79: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

partes anatômicas que fazem parte do ramo mandibular. Provavelmente, a

explicação reside no fato de que regiões do osso que sofrem influência direta

dos músculos da mastigação e podem ser afetadas quando expostas à

estimulação física imposta pela mastigação. Assim, o conteúdo mineral do osso

mandibular pode ser reduzido quando os músculos da mastigação são

afetados pela ingestão de dietas mais macias. Apesar de a área selecionada

neste estudo para as mensurações de densidade englobar as regiões de

inserção muscular e outras não afetadas diretamente pelos músculos, os

resultados mostraram diferenças significantes também nas demais regiões do

ramo mandibular, não afetadas diretamente pelos músculos. No entanto,

medidas específicas precisariam ser realizadas para se afirmar que estas

regiões estariam sendo afetadas secundariamente à ação dos músculos da

mastigação e os resultados encontrados não refletiriam somente as alterações

provocadas nas áreas de inserção muscular.

Alguns trabalhos, como o de Sato et al. (2005), mostraram

decréscimo de conteúdo mineral não somente nas áreas de inserção muscular,

mas também na área de osso alveolar da região de molares. Já Mavropoulos et

al. (2004) e Tanaka et al. (2007) mostraram redução da densidade mineral

acompanhada pela diminuição do volume e espessura do osso trabecular em

áreas do corpo mandibular, por meio de métodos de tomografia

computadorizada. Ao mensurar espessura de cortical lingual e vestibular na

região de molar, ambas apresentaram-se significativamente menores no grupo

de animais que se alimentou de dieta mais macia, nos dois estudos

supracitados.

Page 80: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Através dos resultados desses estudos surgiu a idéia de medir a

área de tecido ósseo na região de molares, para avaliar se a porção óssea

basal da mandíbula é afetada por estímulos mastigatórios assim como é a

região alveolar. No presente estudo, não por métodos de imagens obtidas por

raios X, mas por imagens reais de cortes histológicos da área de segundo

molar mandibular, constatou-se que existem diferenças significantes entre os

grupos e que o grupo da dieta em pó possui menor área de osso trabecular e

cortical nesta região. A diferença de volume de tecido ósseo basal considerada

alta e significativa (p<0,001) foi, em média, 0,8 mm2 maior no grupo da dieta

sólida.

Sabe-se que o tecido ósseo pode responder ao aumento do estresse

mecânico em condições normais ou patológicas. Nos estudos de Goodship et

al. (1979), a redução do estímulo mecânico resultou em perda de massa óssea,

usualmente caracterizada por redução de espessura da cortical e aumento da

porosidade. Dependendo do grau de redução da função, a perda óssea pode

ser generalizada ou localizada em um único osso ou região. Em contraste, se o

estímulo for fornecido ao osso repetitivamente a uma intensidade que não

resulta em fadiga ou fratura, um tecido ósseo adicional poderá ser

acrescentado e em ossos longos a espessura da cortical pode ser aumentada.

Isso concorda com os resultados apresentados nesse estudo e sugere que

novos estudos, que acrescentem fatores experimentais como a reintrodução do

estímulo mecânico ao longo do experimento, poderia fornecer ainda mais

esclarecimentos sobre a reação do tecido ósseo.

6.4 Considerações finais

Page 81: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

As análises dos resultados, a princípio, apenas autorizam fazer

essas afirmativas, em termos de influência da consistência de dieta no

crescimento mandibular, ou seja, existe maior crescimento mandibular no

grupo que recebeu dieta mais consistente. Sob o ponto de vista de harmonia

oclusal, pode e deve-se entender que a dieta consistente deve ser

recomendada para o melhor desenvolvimento dos músculos da mastigação e,

consequentemente, para uma função mais equilibrada e estável, o que

influenciaria efetivamente nas dimensões finais do osso mandibular. Esta

percepção está de acordo com trabalhos anteriores de Bouvier e Hylander, em

1983; Beecher e Corruccini, em 1981; Kiliaridis, em 1996; Ulgen et al, em 1997;

Bresin e Kiliaridis, em 1999; Maki et al, em 2002; Langenbach, em 2003;

Kitagawa et al, em 2004; Mavropoulos et al, em 2004; Sato et al, em 2005;

Mavropoulos et al, em 2005; Katsaros et al, em 2006; Yonemitsu et al, em

2007; Abed et al, em 2007; Sakurai et al, em 2007; Shimomoto et al, em 2007;

Tanaka et al, em 2007 e Kunni et al., em 2008.

Os resultados encontrados neste estudo são importantes no que se

refere à etiologia das maloclusões, porque o ortodontista, valendo-se destas

constatações, poderia propor um melhor aconselhamento em termos de

composição da dieta alimentar ao seu paciente. Ao propor uma abordagem

multidisciplinar na atenção ao paciente infantil, talvez, as observações

apresentadas fossem ainda mais pertinentes ao odontopediatra ou até mesmo

ao médico pediatra, pois são profissionais com uma atuação mais marcante

durante a infância.

Page 82: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Existem na literatura opiniões muito diversificadas a respeito da

influência da atividade muscular mastigatória. Muitos trabalhos, como os de

Henrikson et al. (1997), Ito et al. (1988) e Katsaros et al. (1994), defendem a

sua interferência na morfologia facial. Para outros autores, como Kiliaridis

(1986), Kuroe e Ito (1990) e Yamada e Kimmel (1991), a força muscular agiria

como modificadora do padrão de crescimento. Assim, torna-se necessária uma

abordagem mais ampla do assunto.

Segundo a teoria da matriz funcional descrita por Moss e Salentijn,

em 1969, e revisada posteriormente em uma série de 4 artigos publicados pelo

próprio Dr. Moss em 1997, procura-se explicar o crescimento craniofacial

através da ação de elementos epigenéticos sobre os ossos faciais. Estes

cresceriam em resposta às maiores exigências impostas pelas matrizes

funcionais, no caso da mandíbula, principalmente os músculos da mastigação.

Trabalhos anteriores como os de Liu et al. (1998), Bresin e Kiliaridis (1999),

Langenbach et al. (2003), Kitagawa et al. (2004) e Yonemitsu, Muramoto e

Soma (2007), avaliando os efeitos da consistência da dieta sobre o

crescimento mandibular em ratos em crescimento e valendo-se de uma

metodologia semelhante à deste trabalho, concluíram que os músculos da

mastigação são afetados principalmente no número e tipos de fibras

musculares, o que modificaria o desenvolvimento de forças musculares e

afetaria de forma significante a sua função.

Parece claro que a opinião da maioria é de que a falta de solicitação

funcional levaria a uma não utilização de todo o potencial geneticamente

reservado para um determinado indivíduo, em locais sujeitos a estímulos

externos, como é o caso da mandíbula.

Page 83: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

Em outras palavras, uma atividade muscular maior poderia garantir a

utilização total do potencial de crescimento geneticamente existente. Fato que

foi verificado nesta pesquisa e em pesquisas anteriores, como as de Ulgen et

al. (1997), Bresin e Kiliaridis (1999), Maki et al. (2002), Langenbach et al.

(2003), Kitagawa et al. (2004), Mavropoulos et al. (2004), Sato et al. (2005),

Katsaros et al. (2006), Yonemitsu, Muramoto e Soma (2007), Sakurai et al.

(2007), Shimomoto et al. (2007), Tanaka et al. (2007), dentre outras. Na

verdade, uma dieta pouco consistente determina alterações nas atividades

musculares e estas vão deixar de dar sua contribuição ao avanço genético dos

sítios de crescimento. Os sítios de crescimento mais sujeitos às solicitações

funcionais estariam, portanto, mais suscetíveis às alterações. Observou-se, por

meio dos resultados, que estes sítios são os que estão mais diretamente

ligados aos arcos dentários, concordando com o que foi afirmado por Van Der

Linden em 1990.

No presente trabalho, procurou-se isolar os animais da influência de

outros fatores, da melhor forma possível, para se estudar apenas a influência

da consistência da dieta sobre o crescimento e a morfologia da mandíbula. As

inferências que se pode fazer de investigações experimentais em animais,

comparando-se com seres humanos, podem não ser muito conclusivas. No

entanto, trabalhos experimentais trazem importantes informações que

correlacionam fatores e os resultados são de grande valia para que estudos em

humanos possam ser realizados com mais segurança, objetivando-se assim,

uma análise real das alterações que poderiam ocorrer em seres com alto poder

de adaptações.

Page 84: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

7 CONCLUSÕES

Page 85: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

7 CONCLUSÕES

Nas condições impostas para o desenvolvimento do presente trabalho

de investigação experimental em ratos, tendo em vista os resultados obtidos e

com base no que foi discutido, julga-se válido concluir que:

• A consistência da dieta alimentar, parece exercer, de maneira

significativa, influência na morfologia final da mandíbula em ratos.

• A diminuição da demanda mecânica induzida pela dieta em pó parece

influenciar na curvatura da base da mandíbula e sugere uma diminuição

desta medida.

• Embora do ponto de vista macroscópico, a alimentação em pó não tenha

influenciado de maneira significante o crescimento da cabeça da

mandíbula, a hipofunção muscular pode ser associada a dimensões

macroscópicas mandibulares e medidas de área de osso cortical e

trabecular basal, na região de molares, significativamente reduzidas. A

hipofunção muscular pode ser associada a dimensões macroscópicas

mandibulares e medidas de área de osso cortical e trabecular basal, na

região de molares, significantemente reduzidas.

• A densidade óssea mineral relativa na região do ramo mandibular

também se apresentou significativamente menor em animais com

hipofunção mastigatória induzida pela dieta em pó.

Page 86: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

REFERÊNCIAS

Page 87: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

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Page 92: ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA

ANEXO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Resultado de Solicitação de Protocolo

Protocolo PP00138 Título Efeitos da Consistência da Dieta sobre o Crescimento Mandibular Data de Entrada 03/09/2007 Resultado: Aprovado Data/Prazo 07/11/2007 Considerações

Oficio nº 168/CEUA/PRPe/2007 Do: Presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais-CEUA Ao(à): Prof(a) Dr(a) Péricles Diniz, Departamento de Morfologia - CCB Prezado(a) Professor(a), Em relação ao protocolo de pesquisa sob sua responsabilidade o CEUA deliberou o seguinte: - APROVADO, por 1 (hum) ano, para a utilização de 36 ratos (Rattus norvegicus). Por ocasião do término desse protocolo, DEVERÁ SER APRESENTADO RELATÓRIO detalhado relacionando o uso de animais no Projeto desenvolvido aos resultados obtidos, conforme formulário ON LINE CEUA. Atenciosamente,

Relatório Final previsto para (90 dias após término da vigência do protocolo ou no momento da apresentação de um novo protocolo) Data 20/02/2009 Data 20/11/2007 Parecer(es):

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