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Oficina: Brinquedos & Brincadeiras Unindo o passado ao presente Giani Peres Pirozzi 1 OFICINA: BRINQUEDOS & BRINCADEIRAS - Unindo o passado ao presente Artigo: A importância do lúdico e da atividade recreativa na educação de crianças Giani Peres Pirozzi 1 Janela sobre o Corpo A Igreja diz: O corpo é uma culpa. A ciência diz: O corpo é uma máquina. A publicidade diz: O corpo é um negócio. O corpo diz: Eu sou uma festa. Galeano, 1994. O brincar está intrínseco ao ser humano. Brincamos para nos divertir, socializar e por puro prazer. Quando a criança nasce ela já brinca. Brinca, primeiramente com seu próprio corpo, conhecendo, tendo prazer nas diferentes sensações percebidas. Concomitantemente, aprende a brincar com o outro, através de sons, contato humano, imagens, risos... Brinca tanto com pessoas, quanto com os objetos que estão a sua volta. Desse modo, o lúdico sempre esteve presente na vida dos homens. Ele está relacionado com os brinquedos, com as brincadeiras e, sobretudo, com o prazer. O formato e as intenções das atividades humanas, muitas vezes, têm como foco a ludicidade, envolvendo dessa forma, a alegria e o prazer, a cooperação e a socialização. O movimento é essencial para toda e qualquer criança. Por meio do movimento a criança aprende, se expressa, se relaciona com o mundo que a cerca. Uma criança que tem seus movimentos controlados, abafados, censurados... Possivelmente terá dificuldade para pensar e produzir novas ideias. Os movimentos fortalecem as sinapses, isto é, as ligações e conexões entre os diferentes neurônios que o ser humano possui, favorecendo assim, seu aprendizado, seu conhecimento e, dessa forma, influenciando em seu pensamento. Brincadeiras e jogos se concretizam através do movimento, mais precisamente por meio da Ação. Essa ação pode ser expressa pelo movimento físico, ou também pelo puro movimento de pensar e criar estratégias para vencer o jogo. Dessa forma, tanto a brincadeira quanto o jogo, contribuem para com a formação integral do ser humano, isto é, sua formação biopsicosocial pois contribui para com o ser humano em suas diferentes dimensões: física, cognitiva, emocional e, principalmente, social. Os jogos e as brincadeiras são entendidos como estratégias motivacionais para a aprendizagem e são meios que permitem ao professor realizar o diagnóstico da turma, propor momentos de intervenção, discussão e construção de conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) sem que o educando perceba. Tanto o jogo, quanto a brincadeira, constituem ainda um 1 Giani Peres Pirozzi Pedagoga formada pela Unicamp, pós-graduada em Teorias e Métodos de Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer (Unicamp); Psicopedagoga e especialista em Educação Infantil. Trabalha há mais de dezessete anos com educação e atualmente é professora universitária no CEUNSP e coordenadora pedagógica na escola SESI Itu.

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Artigo:

A importância do lúdico e da atividade recreativa na educação de crianças

Giani Peres Pirozzi1 Janela sobre o Corpo

A Igreja diz: O corpo é uma culpa. A ciência diz: O corpo é uma máquina.

A publicidade diz: O corpo é um negócio. O corpo diz: Eu sou uma festa.

Galeano, 1994.

O brincar está intrínseco ao ser humano. Brincamos para nos divertir,

socializar e por puro prazer. Quando a criança nasce ela já brinca. Brinca, primeiramente com seu próprio corpo, conhecendo, tendo prazer nas diferentes sensações percebidas. Concomitantemente, aprende a brincar com o outro, através de sons, contato humano, imagens, risos... Brinca tanto com pessoas, quanto com os objetos que estão a sua volta.

Desse modo, o lúdico sempre esteve presente na vida dos homens. Ele está relacionado com os brinquedos, com as brincadeiras e, sobretudo, com o prazer. O formato e as intenções das atividades humanas, muitas vezes, têm como foco a ludicidade, envolvendo dessa forma, a alegria e o prazer, a cooperação e a socialização.

O movimento é essencial para toda e qualquer criança. Por meio do movimento a criança aprende, se expressa, se relaciona com o mundo que a cerca. Uma criança que tem seus movimentos controlados, abafados, censurados... Possivelmente terá dificuldade para pensar e produzir novas ideias. Os movimentos fortalecem as sinapses, isto é, as ligações e conexões entre os diferentes neurônios que o ser humano possui, favorecendo assim, seu aprendizado, seu conhecimento e, dessa forma, influenciando em seu pensamento.

Brincadeiras e jogos se concretizam através do movimento, mais precisamente por meio da Ação. Essa ação pode ser expressa pelo movimento físico, ou também pelo puro movimento de pensar e criar estratégias para vencer o jogo. Dessa forma, tanto a brincadeira quanto o jogo, contribuem para com a formação integral do ser humano, isto é, sua formação biopsicosocial – pois contribui para com o ser humano em suas diferentes dimensões: física, cognitiva, emocional e, principalmente, social.

Os jogos e as brincadeiras são entendidos como estratégias motivacionais para a aprendizagem e são meios que permitem ao professor realizar o diagnóstico da turma, propor momentos de intervenção, discussão e construção de conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) sem que o educando perceba. Tanto o jogo, quanto a brincadeira, constituem ainda um

1 Giani Peres Pirozzi – Pedagoga formada pela Unicamp, pós-graduada em Teorias e

Métodos de Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer (Unicamp); Psicopedagoga e especialista em Educação Infantil. Trabalha há mais de dezessete anos com educação e atualmente é professora universitária no CEUNSP e coordenadora pedagógica na escola SESI – Itu.

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meio de transmitir mensagens capazes de resgatar a autoestima, o autoconhecimento, os valores como solidariedade, responsabilidade, disciplina, auto-confiança, auto-aceitação, tolerância, concentração, alegria e muitos outros, tão necessários à formação dos nossos alunos. Para Huizinga (1971) “O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da „vida cotidiana‟”.

O jogo representa, num contexto lúdico, as ações sociais ou coletivas das pessoas na sociedade. Desse modo, pode-se dizer que a competição não nasce no jogo, mas é nele representada. O ser humano é por essência um ser competitivo e é no jogo que é possível perceber essa faceta da humanidade. Ao participar de jogos e brincadeiras, as crianças não só desenvolvem habilidades como: correr, desviar, andar, pegar, lançar, rebater, equilibrar, mas também aprendem a fazer escolhas, tomar decisões, perceber seus sentimentos, fortalecer sua autoestima positiva, lidar com seus limites e possibilidades, cooperar, competir e se firmar no grupo.

Quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo torna-se consciente das suas escolhas e decisões. Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência (...) O jogo satisfaz necessidades das crianças, especialmente a necessidade de ação. Coletivo de autores (1992).

Ainda para o Coletivo de autores (op. cit.) Ao elaborar um programa de jogos e brincadeiras na escola, nos vários níveis de escolarização, se faz importante selecionar o conteúdo tanto captando a realidade que cerca a criança, como jogos que ofereçam a possibilidade do conhecimento de si mesmo, do conhecimento dos objetos / materiais de jogos, das relações espaço-temporais e das relações com as outras pessoas. Para isso é importante considerar critérios como a memória lúdica da comunidade em que os alunos vivem, oferecendo-lhes ainda, o conhecimento de jogos das diversas regiões brasileiras e de outros países também. Como já foi ressaltado, o jogo aparece como forma de ação, de movimento, como atividade lúdica, alegre e divertida. Ele possui, inclusive, finalidade psicológica, enquanto pode auxiliar na construção da própria individualidade, personalidade e identidade da criança. Além de ser um espaço de conhecimento sobre o mundo externo (realidade física e social) é na atividade lúdica, em geral, que a criança também pode conviver com diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. Brincar é a harmonia entre PENSAR, AGIR e SENTIR e praticamente não há diferença entre brincadeira, jogo e recreação. Os três são muito próximos, pois tem em sua essência o caráter lúdico. A única diferenciação pode estar no jogo com regras, em que o objetivo está em cumprir/vencer as regras do jogo, contudo o prazer sempre está atrelado à execução das atividades. As atividades lúdicas e criativas propiciam a formação de um auto-conceito positivo ao indivíduo, razão pela qual são tão saudáveis. Os jogos e recreações proporcionam aquisições de novos conhecimentos, desenvolvem

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habilidades de forma natural e agradável e são essenciais juntamente como o brincar, para o bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo. O jogo é construtivo porque pressupõe uma ação do indivíduo sobre a realidade. É uma ação carregada de simbolismo que dá sentido à própria ação, reforça a motivação e possibilita a criação de novas ações, conforme menciona Maluf (2003). Piaget, psicólogo e estudioso suíço, em seus estudos sobre a epistemologia genética, concluiu que todo ser humano passa por estágios do desenvolvimento. Desde o nascimento do bebê até sua entrada na vida adulta, o ser humano se desenvolve e possui características específicas em seu modo de agir, de pensar e de sentir.

Para esse autor, a criança de zero a aproximadamente dois anos de idade encontra-se no período sensório-motor, cujas principais características se encontram exclusivamente nas percepções sensoriais: pegar, jogar, bater... e reflexos básicos, como por exemplo, a sucção.

Avançando um pouco sobre o desenvolvimento humano, para Piaget por volta dos dois aos sete anos, a criança se encontra no período do desenvolvimento conhecimento como pré-operatório. Neste a criança faz uso da inteligência prática do primeiro estágio e, depende das experiências anteriores para agir. Nesta fase, a criança é muito egocêntrica, concebendo-se como centro de todas as ações a sua volta. Ela pode dar “vida” a seres inanimados e significativos a ela, como por exemplo, um brinquedo preferido, uma boneca... sempre por meio do faz de conta e pela fantasia aflorada. Esse estágio tem esse nome porque nele a criança ainda não é capaz de perceber que é possível retornar mentalmente ao ponto de partida, o que quer dizer que ela ainda não é dotada do princípio de reversibilidade. Não consegue realizar previsões e age somente em cima daquilo que vê e constata.

Dos sete aos doze, tem-se o período operatório concreto, neste período grandes modificações ocorrem, pois primeiramente surge o pensamento objetivo e lógico. O faz de conta não mais cabe nesta fase do desenvolvimento. Para a criança o que importa é o mundo real. A criança passa a operar de modo concreto e por meio de noções de conservação, avança em suas hipóteses de pensamento de acordo com sua percepção do mundo que a cerca. A criança desenvolve e aplica habilidades como: classificar, seriar, comparar, ordenar..., necessitando de recursos concretos como brinquedos, jogos e até mesmo partes do corpo, como os dedos, para conseguir operar.

Por fim, avançando no processo de desenvolvimento tem-se o período Operatório formal, no qual a criança consegue pensar hipoteticamente, mas não necessariamente requer materiais concretos para expressar seu pensamento. Nesta fase a criança começa a abstrair e seu pensamento torna-se hipotético-dedutivo. Assim, não se apóia na realidade concreta, conseguindo desse modo, hipotetizar, fazer valer de várias possibilidades para a exigência de sua realidade. Nesse breve relato da teoria piagetiana é possível constatar que a criança e seu pensamento sofrem modificações desde o nascimento e ao longo de sua vida. Dessa forma, Piaget também pensou sobre a influência do jogo na vida dos indivíduos e, diante de seus estudos, chegou à conclusão que, desde que a criança nasce ela já joga, ela brinca com seu corpo e com os materiais que se encontram a sua disposição.

(PIAGET, 1978 apud CARNEIRO, 2007) retrata que:

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A brincadeira é a representação da realidade, ela assume um papel fundamental nas etapas do desenvolvimento da criança. Foi investigando o desenvolvimento da inteligência que Piaget aprofundou seus estudos sobre o jogo. Ele mostrou as contribuições da atividade lúdica para a aprendizagem das regras, a socialização da criança, o aparecimento da linguagem e, sobretudo, o desenvolvimento do raciocínio.

Piaget classificou os jogos em três tipos: Primeiramente têm-se os Jogos de Exercícios (0 – 2 anos). Esse período

é caracterizado pelo prazer de realizar exercícios práticos, como por exemplo: abrir gavetas, abrir armários retirar o que há dentro, colocar novamente no lugar, acender e apagar luzes, ligar-desligar botões, entre outras ações práticas, que dá prazer à criança, única e exclusivamente, por meio desse exercício.

Nos Jogos Simbólicos (2 – 7 anos). Piaget compreende que a criança, por meio desses jogos, desenvolve a imaginação e a fantasia. Neles há a liberdade total de regras (a não ser aquelas criadas pela própria criança); Este estágio envolve a ausência de lógica da realidade, por exemplo: a criança pode ser a mãe e a mãe pode representar ser sua filha numa brincadeira. A criança pode ser a professora e os pais e irmãos mais velhos representarão seus alunos... Há a ausência de objetivo, cuja finalidade maior do brincar é o próprio prazer em brincar. Muitas vezes, por meio desse faz-de-conta a criança retrata aquilo que vê e expressa o mundo de acordo com seu ponto de vista, imitando personagens que estão ao seu redor, como seus próprios pais, seus professores, etc.

Por fim, os Jogos de Regras (após 7 anos) são compreendidos como jogos mais amplos, pois neles existe o prazer do exercício, o lúdico do simbolismo, e a alegria do domínio das categorias espaciais, temporais, os limites que as regras determinam a sociabilização de condutas que caracterizam a vida adulta. Os jogos de regras são necessários para que as convenções sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos a seus membros. Por exemplo: A criança que brinca de carrinho e que representa que está dirigindo e respeitando as regras de trânsito, acaba por exercitar e já está, inconscientemente, se preparando para a vida adulta, obedecendo as regras e convenções sociais das leis de trânsito, por meio de uma simples brincadeira. O brincar na Educação Infantil: A Educação Infantil, de acordo com a LDB2 compreende a primeira etapa da Educação Básica, abrangendo crianças de zero a cinco anos de idade. Neste período a criança pode estar na creche (0 – 3 anos) e em instituições de educação infantil (4 – 5 anos). Nesta fase da vida o brincar é fundamental para a formação integral deste pequeno ser humano. O brincar está previsto até nas orientações didáticas dos RCNs3 – Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, pois é no brincar que a criança se relaciona, desenvolve sua autonomia e aprende.

2 LDB – Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional 9394/96.

3 RCN – Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil publicados em 1998.

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Há uma frase de Carlos Drummond de Andrade que deveria ser lema em todas as escolas que diz o seguinte: "Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação humana". O brincar como bem cita Drummond não é perder tempo, não é uma atividade desnecessária, pelo contrário é uma atividade essencial que deveria ser primada pela escola, garantindo divertimento e aprendizado nas salas de aula e no recreio. Tanto o jogo quanto a recreação e a brincadeira deveriam estar em primeiro lugar nos conteúdos de todos os componentes escolares. Se a aprendizagem se torna mais significativa à medida que faz sentido para a criança, o caráter lúdico corrobora com a ação significativa, pois está inerente ao desenvolvimento infantil. Tanto a criança, quanto o adulto procuram o prazer nas suas relações, para que suas vivências tornem-se mais agradáveis e a aprendizagem mais durável e salutar. A Recreação, ou melhor, as atividades recreativas são essenciais para toda e qualquer criança. A recreação envolve uma série de atividades que tem como cerne divertir, entreter, ensinar e possibilitar aprendizado. Atualmente, está muito em voga o oferecimento de atividades lúdico-recreativas com o intuito de estimular desde a mais tenra idade a criança, bem como oferecer aos pais um suporte de apoio para o cuidado e atenção com a criança, enquanto estes estão no trabalho.

Durante as atividades de Recreação é fundamental garantir os princípios pedagógicos de trabalho envolvendo o brincar e a atividade física:

Primeiramente temos que respeitar o direito de participar. Por meio dele é que se pode garantir que todos tenham a oportunidade de ter acesso a este patrimônio da humanidade, que são as brincadeiras e os jogos tradicionais.

O segundo aspecto trata-se do respeito à corporeidade: respeito às experiências prévias do aluno em relação à suas vivências e a sua auto-estima. Cada ser humano traz consigo uma bagagem cultural de vivências anteriores que devem ser respeitadas e levadas em conta pelo professor que conduz a sala de aula, aproveitando esse conhecimento prévio do aluno, e mobilizando a partir dessas vivências para outras mais que serão desenvolvidas na escola.

E, num terceiro momento, a Ludicidade que envolve o formato e as intenções das atividades. Estes devem ter como foco o lúdico, a alegria e o prazer, a cooperação e a socialização. Na Educação Infantil as crianças se encontram em dois níveis (sensório-motor e pré-operatório). Dessa forma, cabe lembrar que toda brincadeira proposta pelo professor deve permear essa fases, com suas características específicas, respeitando o nível do aluno, suas idiossincrasias e particularidades. Como dica para o professor é possível deixar claro que o mesmo deve propor, a cada momento de jogo, a reflexão não apenas dos comportamentos que estão ocorrendo, mas principalmente problematizar quanto às estratégias utilizadas para vencer e executar as tarefas propostas. As brincadeiras e jogos cantados (patrimônios da humanidade) devem ser passados de geração para geração, de modo a preservar toda cultura e essência de uma civilização. Devem ser previstos nos planos docentes do

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professorado o resgate a esse material, enfatizando a diversidade e o respeito às diferentes culturas e pluralismo de ideias. O professor deve, ao preparar / planejar sua aula, levar em conta a brincadeira e o jogo como conteúdo, com objetivos a serem alcançados e, em grande parte das vezes, como forma de auxiliar outros componentes curriculares. Desse modo, tem-se o jogo auxiliando na alfabetização lúdica, no raciocínio matemático, na expressão corporal, na música, na arte... Para o professor contar com uma aula bem planejada, é preciso prever um momento antes do jogo e da brincadeira (preparação), para explicar o que será feito, quais são as propostas das atividades. Um outro momento corresponde à própria execução – o brincar e o jogar propriamente ditos – (ação) – a realização da atividade e, por fim, o último momento, e não menos importante que os demais, envolvendo o desenrolar das ações após o jogo, (reflexão) – refletindo sobre a brincadeira, o que aconteceu, o que deu certo, o que é possível melhorar, pensando sobre o jogo e a brincadeira de modo que ambos façam parte da história crítica dessa criança. Na escola não só os jogos competitivos devem estar em pauta, mas, sobretudo, os cooperativos. Com o lema: “Se o importante é competir, o fundamental é cooperar!” de Brotto (2001), os jogos cooperativos foram adentrando ao âmbito escolar como uma forma alternativa ao próprio perfil do ser humano que é competitivo por essência. Esses jogos enfatizam o trabalho com o outro, a importância do outro na convivência e na busca de um fim comum, tão elementar numa sociedade que se tem hoje: competitiva e imperialista. As estafetas também são muito interessantes e resgatam memórias de nosso passado. As estafetas são aquela competições existentes geralmente em gincanas em que grupos ficavam dispostos em fileiras ou colunas e cada integrante era responsável por contribuir com o trabalho de toda a equipe e uma equipe competia com a outra. Exemplos típicos de estafetas são: bola ao túnel (duas filas de crianças e o primeiro de cada fila vai passando a bola por baixo das pernas e essa bola percorre todos os alunos até chegar ao último participante, vencendo a equipe que completar primeiro a tarefa atribuída). Há diversas formas de incrementar as estafetas, fazendo em colunas; utilizando acessórios como prendedores de roupa (movimento de pinça); fazendo estafetas com lápis e papel (como por exemplo, tendo como foco a escrita de palavras rimadas); brincando de estafetas em X (corrida com 4 equipes que se cruzam), em círculo, etc. O mais importante de tudo isso é a criatividade do professor e, mais do que isso, o riso nos alunos. Uma forma de tornar a aula dinâmica, envolvente e atraente. A partir do lúdico é possível canalizar a atenção do aluno para o aprendizado de conceitos e conteúdos importantes e isso, não precisa e nem deve ser didatizado, mas acaba acontecendo espontaneamente. Mais uma dica ao professor é de envolver os alunos e promover atividades em que os mesmos criem jogos, elaborem regras adequadas ou modifiquem as regras já existentes de acordo com o consentimento do grupo. Essas são algumas dicas que o professor poderá ter ao planejar o momento do brincar que, como muitos mal interpretam, não corresponde a um laissez-faire, algo como, “se sobrar um tempo, a gente brinca”. Pelo contrário, torna-se necessário algo preparado, que leve em conta o nível de desenvolvimento da criança e que prime pelo aprendizado, pela diversão e pela alegria que o próprio brincar traz em sua essência.

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Ao tomar como referência o Estatuto da Criança e do Adolescente, e até mesmo os Direitos das Crianças, tem-se o brincar sempre sendo firmado e ressaltado. A criança tem direito ao brincar, praticar esportes e se divertir. Assim sendo, brincando estamos cumprindo não apenas o que a lei determina, mas, mais do que isso, estamos contribuindo com a formação de crianças e, (futuros adultos), mais equilibrados, mais centrados, mais criativos, que saibam lidar com situações-problema e que possam progredir em suas vidas. Ao jogar e brincar, o corpo entra em movimento e, consequentemente, muitas habilidades são desenvolvidas, como: lateralidade, coordenação motora, equilíbrio, orientação espacial, resistência, força, flexibilidade, agilidade, entre outros. Dessa forma, o brincar e o jogar tornam-se essenciais dentro e fora da escola e cabe ao professor, aproveitar esse momento tão prazeroso e utilizá-lo em aula, de modo a dinamizar sua prática educativa, fortalecendo também o vínculo entre professor-alunos. Para encerrar esse artigo, pois a discussão sobre a importância do brincar jamais se encerrará, cito Freinet, educador francês que enfatiza: “Só divertimento nos desabrocha e nos liberta”. E é assim que deixo minha mensagem que a brincadeira, o jogo, a recreação, enfim essas atividades lúdicas só corroboram com a formação do ser humano integral (físico – mental – emocional e social), nos desabrochando para novas experiências e conhecimentos e nos libertando da condição de meros animais, nos tornando, essencialmente, HUMANOS. Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC / SEF, 1998. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte como um exercício de convivência. Santos, SP: Projeto Cooperação, 2001. CARNEIRO, Maria Ângela Barbato e DODGE, Janine J. A descoberta do brincar. São Paulo: Editora Melhoramentos / Editora Boa Companhia, 2007. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. DAVIS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1993. FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática na Educação Física. São Paulo: Editora Scipione, 1997. FRITZEN, Silvino José. Jogos dirigidos: para grupos, recreação e aulas de educação física. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2005. GAMA, Ivete. Vamos brincar do quê? Um guia de jogos e brincadeiras para qualquer idade e ocasião. São Paulo: A Girafa Editora, 2004. MALUF, Ângela C. M. Brincar: Prazer e Aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. PICCOLO (org.), Vilma L. Nista. Educação Física Escolar: Ser... ou não ter? Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1995. QUEIROZ, Tânia Dias e MARTINS, João Luis (coord.) Pedagogia Lúdica: Jogos e brincadeiras de A a Z. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2002. Literatura Infantil – Jogos e Brincadeiras: BELLINGHAUSEN, Ingrid Biesemeyer. As brincadeiras do mundinho. São Paulo: Editora DCL, 2011. OBEID, César. Brincantes Poemas. São Paulo: Editora Moderna, 2011. ROCHAEL, Denise. Maré Amarelinha. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1990. ROCHAEL, Denise. Pique-esconde. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1993. ROCHAEL, Denise. Brincadeira de Roda. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1992.

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OFICINA - PARTE PRÁTICA - Brincadeira: Bolinha de sabão! Thais Lazzeri Parece mágica! Basta um arame em círculo, água e sabão. A brincadeira é antiga e não há quem deixe de experimentar. Os bebês ficam encantados quando as bolinhas estouram, os maiores adoram correr atrás delas. E os adultos então... Sugestão Ingredientes: * um pedaço de arame para entortar * água * detergente ou sabão em pó * xarope de milho Como fazer: É bem simples. Misture 1/2 copo de detergente e 2 colheres de xarope de milho em 1/2 litro de água.O xarope de milho é para encorpar as bolhas e aumentar o tempo de duração delas. Depois, é o que vemos na foto: basta molhar o arame entortado em forma de aro e assoprar.

Fonte: Disponível em: http://proportoseguro.blogspot.com.br/search/label/Brincadeiras

Fonte: ALMANAQUE RUTH ROCHA – EDITORA ÁTICA - 2005.

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REGRA DO JOGO – Coloque os monstros no chão e estabeleça um percurso: passar em baixo do primeiro monstro, contornar as pernas do próximo... Você pode também inventar outros obstáculos com círculos de EVA. Quando chegar a sua vez, jogue a bolinha de gude. Ganha quem terminar o percurso primeiro. FONTE: BRINCADEIRA COM ARTE – Placas de E.V.A. Vanessa Lebailly. Cia Ed. Nacional

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BRINCADEIRAS PARA O FINAL DA AULA: 1 - Vamos imaginar uma coisa

Vá falando aluno por aluno, para que ele imagine uma coisa que seja... 1. muito macia 2. muito dura 3. muito alta 4. muito bonita 5. muito reta 6. muito fria 7. bem torta 8. muito quente 9. molhada 10. quente 11. preta 12. grande 13. pquena 14. azul 15. vermelha 16. alegre 17. branca 18. muito gostosa 19. com gosto ruim 20. melada 21. salgada 22. suja 23. doce 24. com cheiro ruim 25. com cheiro gostoso

2 - O que encontramos?

1. numa casa encontramos........... 2. numa praia tem...... 3. num clube tem..... 4. num jardim tem.... 5. no supermercado... 6. na feira... 7. na rodoviária... 8. na escola... 9. na igreja.... 10. no hospital...

3 – Escondendo um objeto

Colocar vários objetos em cima da mesa para que todos observem. Escolher uma criança para que se ausente um pouco e esconder um dos objetos. Quando a criança retornar deverá descobrir qual objeto não está mais lá.

Fonte: http://proportoseguro.blogspot.com.br/search/label/Brincadeiras

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BINGO HUMANO

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ATIVIDADE - ADEDANHA

LETRAS BRINQUEDOS BRINCADEIRAS

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

U

V

W

X

Y

Z

Stop! ou também conhecido como "uestópe", "istópi", ou ,dependendo a região, "adedanha" ou "adedonha", é um jogo muito comum entre as crianças e até mesmo entre adultos, onde inicialmente desenha-se uma tabela em um papel para cada jogador. Cada coluna recebe o nome de uma categoria de palavras como animais, automóveis, nomes pessoais, cores etc. e cada linha representa uma rodada do jogo.