Oficina Sesc de Haicais

OFICINA DE HAICAIS CARLOS SEABRA

Oficina de Criação Oficina de Criação dede

HAI-KAISHAI-KAIS

Fórum Cultural Mundial – Mostra Artística SESC


cinco sílabascinco sílabassete sílabassete sílabas

cinco sílabascinco sílabas

ESTRUTURA DE UM HAICAI


imagem visualimagem visualfuga do "eu"fuga do "eu"referência a referência a

naturezanatureza

PRINCÍPIOS ORIENTADORES


no muro o caracolno muro o caracolse derrete nos se derrete nos

rabiscosrabiscosda assinatura da assinatura

prateadaprateadaDalton Trevisan


na tarde chuvosana tarde chuvosasozinho, sozinho,

despreocupado,despreocupado,um pardal molhadoum pardal molhado

Edson Kenji Iura


todos aos abrigos:todos aos abrigos:a avó de novoa avó de novo

com o mata-moscascom o mata-moscas

Elizabeth St. Jacques


neste bosque urbanoneste bosque urbanoárvore feita em árvore feita em

concretoconcreto– meu corpo – meu corpo estremeceestremece

Eolo Yberê Libera


na noite sem luana noite sem luao mar todo negroo mar todo negro

se oferece em se oferece em espumaespuma

Eugénia Tabosa


com cartas brancas, com cartas brancas, senhor cônsul soltasenhor cônsul solta

pombos de papelpombos de papel

Érico Veríssimo


ai como gritaai como gritaao pisar o gatoao pisar o gatoa velha aflitaa velha aflita

Eugénia Tabosa


voar sempre, cansa –voar sempre, cansa –por isso ela correpor isso ela corre

em passo de dançaem passo de dança

Eugénia Tabosa


extático vôoextático vôoborboletas de asas borboletas de asas

abertasabertasalfinetes nas costasalfinetes nas costas

Eunice Arruda


a noite esporeiaa noite esporeiasuas negras ancassuas negras ancas

cravando-se estrelascravando-se estrelas

Federico Garcia Lorca


e um vaga-lumee um vaga-lumelanterneiro que lanterneiro que

riscouriscouum psiu de luzum psiu de luz

Guimarães Rosa


o coqueiro o coqueiro coqueirandocoqueirando

as manobras do as manobras do vermelhovermelho

no branqueado do no branqueado do azulazul

Guimarães Rosa


em cima do túmulo,em cima do túmulo,cai uma folha após cai uma folha após

outra.outra.lágrimas também...lágrimas também...

Masuda Goda


tão longa a jornada!tão longa a jornada!e a gente cai, de e a gente cai, de

repente,repente,no abismo do nadano abismo do nada

Helena Kolody


é quase noitinhaé quase noitinhao céu entorna no o céu entorna no

poentepoenteum copo de vinhoum copo de vinho

Humberto del Maestro


a lua da montanhaa lua da montanhagentilmente iluminagentilmente ilumina

o ladrão de floreso ladrão de flores

Issa


inútil, inútilinútil, inútila forte chuvaa forte chuva

mergulha no marmergulha no mar

Jack Kerouac


era uma vez...era uma vez...(nada consta)(nada consta)

minha intimidezminha intimidez

Jandira Mingarelli


a lua de lingeriea lua de lingerieao longeao longeri de mimri de mim

Joca Reiners Terron


longe um trinadolonge um trinadoo rouxinol não sabeo rouxinol não sabe

que te consolaque te consola

Aníbal Beça


foi ao toaletefoi ao toaletee cortou os sonhos,e cortou os sonhos,

a giletea gilete

Leila Míccolis


sem rodeios:sem rodeios:nos chats,nos chats,

os fins justificam os os fins justificam os mails...mails...

Leila Míccolis


na multidãona multidãobundobolinas bundobolinas

trafegamtrafegamna contramãona contramão

Levi Bucalem Ferrari


minhas mãos te minhas mãos te olhamolham

estranha fotografiaestranha fotografiaonde meus olhos te onde meus olhos te

tocamtocamLisa Carducci


toma nota, rapaz:toma nota, rapaz:haicai é a capturahaicai é a capturade um momento de um momento

fugazfugaz

Lubell


que outra lua andaque outra lua andamais lua do que a mais lua do que a

nuanualua de Luanda?lua de Luanda?

Luciano Maia


ainda que morrendoainda que morrendoo canto das cigarraso canto das cigarras

nada revela!nada revela!

Matsuo Bashô


extingue-se o diaextingue-se o diamas não o cantomas não o canto

da cotoviada cotovia

Matsuo Bashô


silêncio:silêncio:cigarras escutamcigarras escutam

o canto das rochaso canto das rochas

Matsuo Bashô


velha lagoavelha lagoaum sapo mergulhaum sapo mergulha

barulho d‘águabarulho d‘água

Matsuo Bashô


é meu conforto:é meu conforto:da vida só me tiramda vida só me tiram

mortomorto

Millôr Fernandes


a girafa, calada,a girafa, calada,lá de cima vê tudolá de cima vê tudo

e não diz nadae não diz nada

Millôr Fernandes


as nuvens, meu as nuvens, meu irmão,irmão,

são leviandadessão leviandadesda criaçãoda criação

Millôr Fernandes


coisa rara:coisa rara:teu espelhoteu espelho

tem minha caratem minha cara

Millôr Fernandes


com pó e mistériocom pó e mistérioa mulher ao espelhoa mulher ao espelhoretoca o adultérioretoca o adultério

Millôr Fernandes


esnobaresnobaré exigir café é exigir café

fervendofervendoe deixar esfriare deixar esfriar

Millôr Fernandes


gozegozequem sabe essaquem sabe essaé a última dose?é a última dose?

Millôr Fernandes


maravilha sem parmaravilha sem para televisãoa televisão

só falta não falarsó falta não falar

Millôr Fernandes


o pato, menina,o pato, menina,é um animalé um animalcom buzinacom buzina

Millôr Fernandes


como fede no verãocomo fede no verãoa bosta frescaa bosta frescapisada no chãopisada no chão

Olívia d'Iceberg


lá fora o luar lá fora o luar continuacontinua

e o trem divide o e o trem divide o BrasilBrasil

como um meridianocomo um meridianoOswald de Andrade


manhã de friomanhã de friose fosse menino se fosse menino

escreviaescreviameu nome no vidromeu nome no vidro

Paulo Francchetti


acordei e me olhei no acordei e me olhei no espelhoespelho

ainda a tempo de verainda a tempo de vermeu sonho virar meu sonho virar

pesadelopesadelo

Paulo Leminski


o mar o azul o o mar o azul o sábadosábado

liguei pro céuliguei pro céumas dava sempre mas dava sempre

ocupadoocupadoPaulo Leminski


nuvens brancasnuvens brancaspassampassam

em brancas nuvensem brancas nuvens

Paulo Leminski


vazio agudovazio agudoando meioando meio

cheio de tudocheio de tudo

Paulo Leminski


a aranha preparaa aranha preparaa sua casa – mosca a sua casa – mosca

vemvempara o jantarpara o jantar

Rosa Clement


vida repensadavida repensadanoite de insônia –noite de insônia –manhã cansadamanhã cansada

Zezé Pina


no despenhadeirono despenhadeiroa sombra da pedraa sombra da pedra

cai primeirocai primeiro

Carlos Seabra


o vento afagao vento afagao cabelo das velaso cabelo das velas

que apagaque apaga

Carlos Seabra


folhas no quintalfolhas no quintaldançam ao ventodançam ao ventocom as roupas do com as roupas do

varalvaral

Carlos Seabra


velho jornalvelho jornallevado pelo ventolevado pelo ventoprevê temporalprevê temporal

Carlos Seabra


patins no gelo –patins no gelo –riscos que se riscos que se

cruzamcruzamcomo novelocomo novelo

Carlos Seabra


casa quieta –casa quieta –cochila o avô ecochila o avô edorme a netadorme a neta

Carlos Seabra


cuco dá horascuco dá horasmas não contamas não conta

por que demoraspor que demoras

Carlos Seabra


pardal no fiopardal no fioouve o telefoneouve o telefone

mas não dá um piomas não dá um pio

Carlos Seabra


chora poeta –chora poeta –musa obesa pensamusa obesa pensa

só em dietasó em dieta

Carlos Seabra


louco desafio:louco desafio:comer fubá e cantarcomer fubá e cantar

o sole mio!o sole mio!

Carlos Seabra


sossego acaba –sossego acaba –chegou a pamonhachegou a pamonha

de Piracicabade Piracicaba

Carlos Seabra


travou meu microtravou meu microtodo dia Bill Gatestodo dia Bill Gates

fica mais ricofica mais rico

Carlos Seabra


dia de eleiçãodia de eleiçãoprimeiro o seu votoprimeiro o seu voto

depois a traiçãodepois a traição

Carlos Seabra


deu no jornal:deu no jornal:economia vai bemeconomia vai bem

o povo vai malo povo vai mal

Carlos Seabra


crianças mortas –crianças mortas –mundo que escreve mundo que escreve

malmalpor linhas tortaspor linhas tortas

Carlos Seabra


ágil piveteágil pivetebrinca como se fossebrinca como se fosse

zero zero setezero zero sete

Carlos Seabra


ao te adorarao te adorarnão sei mais se tensnão sei mais se tens

corpo ou altar...corpo ou altar...

Carlos Seabra


sonho coloridosonho coloridoo sol dança com a o sol dança com a

lualuavocê comigovocê comigo

Carlos Seabra


nuvem paradanuvem paradabeijada pela brisabeijada pela brisa

fica molhadafica molhada

Carlos Seabra


Agora vamos todosAgora vamos todoscompor de um a trêscompor de um a três

haicais cada um!haicais cada um!

E depois eles serão discutidos e publicados na Internet

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