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87 INFORMA Projetos e ideias que movimentam o cotidiano de indivíduos, comunidades e nações ENERGIA # 157 ano XXXIX NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011 Clairton Gadonski, integrante da Braskem no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com uma luminária LED, solução adotada pela empresa

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87informa

projetos e ideias que movimentam o cotidiano de indivíduos, comunidades e nações

ENERGIA

# 157 ano XXXIX NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011

Clairton Gadonski, integrante da Braskem no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com uma luminária LED, solução adotada pela empresa

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II informa

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Edição online Acervo online Novidades Videorreportagem Blog

>Ampliação da Linha 4 do Metrô de São Paulo traz novas opções de locomoção na área central da capital paulista

>No Rio de Janeiro, parceria entre a Odebrecht e a Marinha do Brasil prepara jovens para a prática de esportes olímpicos

>Braskem tem o melhor desempenho ambiental de sua história

>Odebrecht Realizações Imobiliárias é uma das empresas com maior número de edifícios verdes do país

>Projeto Hidrelétrico Dos Mares fornece 118MW de energia limpa aos panamenhos

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>Leia no blog de Odebrecht Informa os posts escritos pelos repórteres e pelos editores da revista. Textos de Cláudio Lovato Filho, Fabiana Cabral, José Enrique Barreiro, Karolina Gutiez, Renata Meyer, Rodrigo Vilar, Thereza Martins, Zaccaria Júnior e colaboradores

>Programa Luz para Todos leva melhores condições de vida à população da zona rural de Minas Gerais

>Hidrelétrica torna autossuficiente em eletricidade o sistema de saneamento básico de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo

>Augusto Roque Dias Fernandes, Diretor-Superintendente da Odebrecht Energia, é o terceiro entrevistado do Projeto Saberes

No camiNho certoComplexo do Alemão, no Rio de Janeiro,

vive transformação social em que a paz e o desenvolvimento começam a andar juntos

>Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista

>Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002

>Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev

>Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF

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Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos. As realizações da Organização Odebrecht em seu tablet e em seu smartphone.

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informa 3informa

capaIlustração de Rico Lins

&pessOasnOtícias

#157eneRGia

Braskem investe na diversificação da sua matriz e na eficiência energética

Braskem adota a iluminação a LeD – mais econômica, mais eficiente, mais ecológica

Nova sede da petrobras em Vitória utiliza recursos energéticos inovadores

com a implantação de uma pch, Foz torna-se autossuficiente em cachoeiro de itapemirim

complexo formado por três fábricas em Suape dá força ao setor têxtil nacional

henrique Valladares fala da atuação da odebrecht como investidora no setor de energia

teles pires: as novidades na mobilização de pessoas para uma obra no Brasil profundo

em parques no Sul e no Nordeste, odebrecht estreia no segmento de geração de energia eólica

os esforços de angola para levar energia elétrica a uma parcela maior de sua população

Da mina ao porto, o longo e essencial caminho do carvão produzido em moçambique

Luz para todos: as histórias comoventes de quem acende uma lâmpada pela primeira vez

Um exemplo de projeto simples, criativo e eficaz vindo de La candelaria, na argentina

em La plata, a estratégica ampliação da capacidade de produção de uma refinaria da YpF

José Luiz alquéres e as perspectivas do setor de energia no Brasil e no mundo

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4 informa

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EDITORIAL

A energia dos sonhos e

das realizações

Lopes Sebastião e Dilma Marçal. Ele vive na província de Uíge,

em Angola; ela, no interior de Minas Gerais. Ambos, recen-

temente, passaram a contar com energia elétrica em suas

casas. As comunidades onde moram foram beneficiadas por

iniciativas governamentais que têm a participação da Odebrecht.

Gustavo Checcucci e Fernando Chein. O primeiro trabalha na

Braskem e lidera a equipe responsável pela gestão da energia utiliza-

da pela empresa. Fernando atua na Odebrecht Energia e está entre os

protagonistas da estreia da empresa no segmento de energia eólica.

Além deles, nas páginas desta edição de Odebrecht Informa estão

José Piquitai, de Moçambique, Julio Romano, da Argentina, Pablo An-

dreão e José Dalvi, do Espírito Santo, e muitas outras pessoas que, de

uma forma ou de outra, tiveram suas vidas transformadas pelo traba-

lho da Odebrecht no setor de energia. Eles são beneficiários ou res-

ponsáveis diretos pela concretização dos benefícios, e suas histórias

de trabalho e de vida comprovam como o espírito de servir e a espe-

rança são elementos que se complementam, se integram e se tornam

vitais um para o outro.

Com sua trajetória no setor iniciada na década de 1950, como cons-

trutora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além

de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é pro-

dutora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mun-

do, a Organização Odebrecht faz valer o acúmulo e o compartilhamen-

to de experiência e conhecimento, para levar às comunidades o que de

melhor pode oferecer. Da colocação de uma tomada, um interruptor e

uma lâmpada até a implantação de um parque eólico ou a construção

de um complexo industrial, porque o que importa, mais que tudo, é a

diferença que isso faz na vida das pessoas – estejam onde estiverem,

sejam quantas forem, com seus sonhos e sua realidade cotidiana, ilu-

minados pela crença de que a vida existe para ser desfrutada com

alegria, persistência e paixão.

“Com sua trajetória no setor de energia iniciada na década de 1950, como construtora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é produtora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mundo, faz valer o acúmulo e o compartilhamento de experiência e conhecimento para levar às comunidades o que de melhor pode oferecer.”

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aproveItamento,máximo mínimo

desperdícIo

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aproveItamento,

texto Thereza marTins fotos Dario De freiTas

Usuária de cerca de 2% de toda a energia consumida no Brasil, a Braskem investe na diversificação das fontes e na sua capacidade de autoprodução

máximo

desperdícIo

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Unidade da Braskem no Polo de Camaçari: busca de eficiência energética nos processos produtivos

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8 informa

ara movimentar os equipamentos de

suas fábricas em Alagoas, Bahia, Rio de

Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul,

a Braskem utiliza cerca de 2% de toda a

energia consumida no Brasil. Na com-

paração com o consumo do parque industrial do país,

esse percentual chega a quase 5%. E mais: quando se

analisa a indústria química, na qual a Braskem está in-

serida, a demanda da companhia ultrapassa os 50% do

total, evidenciando a relevância da empresa no cenário

energético nacional.

“A indústria química e a petroquímica são grandes

usuárias de insumos energéticos, juntamente com a

mineração, a siderurgia e os produtores de vidro”,

explica o engenheiro eletricista Gustavo Checcuc-

ci, Responsável pela Gestão de Energia Elétrica na

Braskem.

Com características heterogêneas de tecnologias e

processos, as 28 unidades industriais da empresa no

Brasil utilizam fontes de energia diversificadas. Gás

natural, óleo combustível, carvão mineral, energia elé-

trica e combustíveis residuais (óleo e gás gerados no

processo industrial das fábricas) compõem a matriz

energética da Braskem.

Para gerir esse mix de insumos há uma diretoria

específica: a Diretoria de Energia, com três gerências,

uma dedicada à regulação e comercialização de ener-

gia elétrica; outra, focada em combustíveis e eficiência

energética; e uma terceira, que gere o programa volta-

do à autoprodução de energia.

Desempenho monitoradoA gestão do uso de energia elétrica na Braskem é

integrada a partir do 25º andar do edifício onde está a

sede da empresa, em São Paulo. Ali funciona a Mesa

de Operações de Energia, um ambiente interligado às

plantas industriais via rede, no qual trabalham três en-

genheiros liderados por Gustavo Checcucci. Atentos

às telas de televisores e computadores, eles acompa-

nham em tempo real o consumo e as necessidades de

suprimento de cada uma das fábricas da companhia,

para melhor atendê-las.

A equipe é responsável, também, pela compra do

insumo no mercado livre, uma opção ao chamado

“mercado cativo” (Ambiente de Contratação Regula-

da), ao qual a grande maioria dos consumidores está

habituada. Nessa modalidade, a energia utilizada é

medida mês a mês pelo fornecedor, e o usuário recebe

a fatura no fim de cada período.

Como ocorre em qualquer outro tipo de transa-

ção comercial, os preços no mercado livre oscilam

de acordo com a oferta e a demanda. Em épocas de

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Gustavo Checcucci, à frente, com integrantes de sua equipe (Mauro Koiti Kumahara, Lucas Garcia Nishioka, Fabio Yanaguita e Kelly Sayuri Yamaki): responsáveis pela gestão da energia que a Braskem utiliza. Abaixo, movimentação de carvão em Triunfo: matriz diversificada

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9informa

chuva, por exemplo, quando os reservatórios de água

estão cheios, os preços caem, e sobem na estiagem.

Da mesma forma, o custo é mais elevado em horá-

rios de ponta de demanda – por exemplo, das 18h

às 21h.

“Para adquirir energia elétrica a preços mais com-

petitivos é preciso conhecer a necessidade futura da

operação nas fábricas e planejar o seu suprimento

com antecedência”, afirma Gustavo. Ele acrescenta:

“Nesse sentido, o mercado livre nos favorece com a

possibilidade de escolha. Em 2010, as negociações

da Mesa de Operações de Energia geraram uma eco-

nomia de R$ 23,5 milhões para a Braskem”.

O custo anual do insumo para a empresa é de

aproximadamente R$ 750 milhões. A participação

da energia elétrica comprada na matriz energéti-

ca da Braskem é de 10% e, no segundo semestre

de 2011, representou 3,2% do custo do produto

vendido.

A busca por melhores preços, prazos, contratos,

condições de pagamento e parceiros é um exercício

diário. Mas ainda há outros campos a serem explo-

rados. O da regulamentação de mercado é um deles.

Com esse objetivo, a Braskem participa da Associa-

ção Brasileira de Grandes Consumidores Industriais

de Energia (Abrace) e acompanha discussões sobre

temas como possibilidades de redução tarifária, um

dos fatores que oneram o custo do insumo.

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apoio ao clienteSe as negociações no mercado livre trazem be-

nefícios para a Braskem, elas também podem agre-

gar valor aos negócios de clientes. Com essa lógica

e apoiada em premissas do programa Visio, as áreas

de Polímeros (Comercial) e de Energia estão levando

sua experiência à Borealis Brasil, companhia da qual a

Braskem detém 20% de participação por meio de uma

joint venture.

“Assim como a TEO (Tecnologia Empresarial Ode-

brecht), o programa Visio, específico para a Braskem,

tem por princípio construir e manter relações de par-

ceria com o cliente”, afirma Octávio Pimenta, Líder

Comercial no segmento de compostos, que participou

das negociações com a Borealis. “Na parceria para a

aquisição de energia elétrica, estamos colocando em

prática o espírito de servir e de inovar para ajudar o

cliente a vencer desafios.”

Há tempos, a Borealis via na migração para o mer-

cado livre uma alternativa competitiva. “Não tínhamos

certeza se a mudança seria viável, por exigir um tra-

balho adicional de gestão e planejamento para o qual

não tínhamos uma equipe especializada”, informa Lau-

demir Sarzeta da Silva, engenheiro químico, Diretor de

Operações da empresa. “Agora podemos contar com

a parceria da Braskem e teremos prazo para avaliar a

experiência”, acrescenta.

Contando com uma comercializadora parceira, a

Braskem comprou energia elétrica para a Borealis.

O acordo é válido por um ano, tempo para a empresa

decidir se segue em frente com a parceria ou se volta

ao “mercado cativo”. O insumo destina-se à unidade da

Borealis em Itatiba (SP), com capacidade produtiva de 24

mil t anuais de compostos de polipropileno, matéria-pri-

ma para a indústria automotiva e para a de linha branca

(eletrodomésticos). A Borealis mantém outra fábrica no

Brasil, integrada ao Polo Petroquímico de Triunfo (RS),

que já se beneficia de uma energia competitiva.

Em Itatiba, o consumo de energia da Borealis é da

ordem de 2.320 kW por mês. De acordo com as normas

regulatórias desse mercado, empresas com demanda

de 500 kW a até 3.000 kW podem participar do mercado

livre, desde que o suprimento provenha de fontes reno-

váveis de energia, como pequenas usinas hidrelétricas,

usinas de cogeração de energia elétrica a partir de bio-

massa e usinas eólicas. “Para nós, esse é um incen-

tivo a mais. Além de obter energia mais competitiva,

estamos optando pelo caminho da sustentabilidade”,

afirma Laudemir.

Hoje, a Borealis gasta até R$ 6 milhões por ano com

o insumo e espera fazer uma economia de aproxima-

damente R$ 400 mil a partir da migração para o mer-

cado livre.

eficiência energéticaA energia térmica gerada por gás natural, carvão

mineral, óleo combustível e combustíveis residuais re-

presenta 90% da matriz energética da Braskem. Os in-

sumos energéticos são queimados em fornos e caldei-

ras da área de Utilidades das fábricas e transformados

em vapor, para movimentar os processos produtivos da

petroquímica.

A contratação de insumos, a gestão desses ener-

géticos e a observância de normas regulatórias estão

entre as atribuições da equipe liderada pelo engenheiro

Marcelo Wasem, responsável pela área de combustí-

veis e eficiência energética da Diretoria de Energia.

10 informa

Ludemir Sarzeta da Silva, da Borealis: parceria garante aquisição de energia

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“A empresa vem investindo em projetos para au-

mentar sua capacidade de autoprodução energética

e melhorar a eficiência dos insumos que consome”,

informa Marcelo. Por eficiência, entenda-se aproveita-

mento máximo e desperdício mínimo, qualidade, cus-

tos, competitividade e redução de impactos ambientais

negativos, entre outros atributos.

“Estamos trabalhando para desenvolver uma visão

sistêmica de eficiência energética, ou seja, mapear

as unidades produtivas, entender como funciona cada

equipamento e cada rotina, aproveitar o máximo de seu

potencial, identificar gargalos, oferecer soluções, esta-

belecer indicadores de monitoramento e compará-los

aos de mercado”, diz Marcelo.

Para apoiar essas atividades será contratada uma

consultoria até o final de 2011, visando o alcance de

resultados em 2012. Marcelo Wasem explica que hoje,

os ganhos obtidos em eficiência energética são decor-

rentes de projetos pontuais das equipes de Manuten-

ção e Produtividade. “Queremos ter uma visão de todas

as iniciativas desenvolvidas na Braskem relacionadas

à eficiência energética, a fim de buscarmos a melhor

maneira de apoiar as equipes que estão à frente dos

projetos”, afirma.

Em breve, todo projeto – seja de inovação, seja

de produtividade ou qualidade – apresentado por inte-

grantes deverá contemplar, também, informações so-

bre possível impacto em eficiência energética.

opção sustentávelPor uma questão de logística, a Unidade de Insumos

Básicos da Braskem (Unib), instalada no Polo de Triunfo,

é a única que utiliza carvão mineral como fonte de ener-

gia. “Mais de 90% das reservas de carvão do Brasil estão

localizadas na região Sul, a maior parte delas, no Rio

Grande do Sul”, informa Marcelo Wasem. “E a Braskem

utiliza uma parte significativa desse insumo, em função

de seu custo competitivo”, enfatiza.

O carvão brasileiro, porém, gera grande quantidade

de cinzas (35% do volume total). As cinzas leves (secas)

são vendidas para a indústria cimenteira. Mas para as

pesadas (úmidas), retiradas das caldeiras após o pro-

cesso de queima, não há ainda uma destinação susten-

tável que substitua as bacias de decantação.

Uma opção viável poderá surgir como resultado do

projeto piloto, já em curso, para o aproveitamento des-

ses resíduos na fabricação de blocos de tijolos. O proje-

to é de autoria do empresário Mauro Pezzi Parode, que

utilizou uma tecnologia desenvolvida há quase 30 anos

pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) do Rio

Grande do Sul.

Com o apoio da Prefeitura de Triunfo, que cedeu um

galpão na zona industrial da cidade, e da Braskem, que

o orientou em questões legais, ambientais e de segu-

rança do trabalho, Mauro Parode já está produzindo em

escala piloto. “Equipei a fábrica com recursos próprios,

contratei e treinei pessoas para o trabalho e, hoje,

nossa capacidade de produção é de até 4 mil unida-

des diárias”, afirma. A produção ainda não está à plena

carga, porque Mauro busca um parceiro interessado

em utilizar os blocos de tijolos na construção de casas

populares. As cinzas, matéria-prima do processo, são

fornecidas gratuitamente pela Braskem.

Os estudos da Cientec mostram que as cinzas pe-

sadas podem ser utilizadas, também, na fabricação de

dormentes para projetos ferroviários e como base para

a pavimentação de estradas.

11informa

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12 informainforma12

este caso, é mais apropriado dizer que,

quando a ideia veio, a lâmpada se apa-

gou. E, em seu lugar, acendeu-se a ilu-

minação a LED (Light Emitting Diode

ou Diodo Emissor de Luz). Tecnologica-

mente avançada, ela possibilita redução no consumo

de energia e mais durabilidade em relação às outras

soluções, além de não conter mercúrio. Motivos mais

que suficientes para que a Braskem decidisse investir

em uma das suas unidades do Rio Grande do Sul, o que

a levou à condição de empresa pioneira no uso desse

tipo de iluminação em escala industrial.

Uma ação deflagrada em 2009 para melhorar as

condições de iluminação da Unidade de Petroquímicos

Básicos, no Polo de Triunfo (RS), foi o primeiro passo.

Quinze mil lâmpadas tubulares fluorescentes serão

substituídas por LED até o final de 2012, significando

a conclusão da primeira fase do projeto. O investimen-

to totalizará R$ 1,8 milhão. O payback (retorno do in-

vestimento) projetado é de 12 meses. O projeto deverá

ser multiplicado para outras unidades da Braskem em

breve.

O grupo formado para sugerir melhorias aproveitou

o momento de mudança para buscar uma solução sus-

tentável. “As lâmpadas de descarga, que eram as mais

utilizadas, têm mercúrio em sua composição e geram

mais resíduos por usarem reatores e terem baixa vida

útil”, afirma Clairton Gadonski, integrante da área de

Manutenção Elétrica e responsável pela formação do

grupo.

A primeira etapa do trabalho da equipe multidiscipli-

nar, composta de representantes das áreas de Elétrica,

Instrumentação e Suprimentos e da empresa parceira

em elétrica da Braskem, foi fazer uma pesquisa sobre

as soluções disponíveis. Entre as avaliadas, estavam as

lâmpadas LED, fluorescentes T5 e vapor de sódio. As

principais características testadas foram temperatura,

fluxo luminoso, eficiência, grandezas elétricas, aceita-

ção dos usuários, custo-benefício e impacto no meio

ambiente.

De cinco a 70 vezes mais durávelA LED levou vantagem em praticamente todos os

pontos. “Sua duração é de cinco a 70 vezes maior, de-

N

A LUZ DE UMA

Braskem decide instalar iluminação a LED em todas as suas dependências

ideiatexto Luciana mógLia fotos ricarDo chaves

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13informa

José Eduardo: aprendizados precisam se converter em

pendendo da tecnologia comparada, gera economia de

energia de 20% a 80% e apresenta menor impacto no

meio ambiente”, afirma Flávio Dieterich, pesquisador

da tecnologia e integrante do grupo. No entanto, havia

um entrave: o preço era muito alto.

O grupo não desistiu. “À medida que o tempo foi

passando, os valores foram reduzidos e a qualidade

melhorou, de forma que a tecnologia tornou-se com-

petitiva perante as outras opções”, afirma Thiago Oli-

veira, representante da área de Suprimentos. Ele lidera

a negociação com fornecedores das lâmpadas e lumi-

nárias. “Os fornecedores perceberam que a Braskem

poderia ser um parceiro de grande porte e uma vitrine

para o uso dessa alternativa”, diz. A Philips, uma das

principais fabricantes mundiais, foi a fornecedora es-

colhida pela Braskem para a primeira negociação de

grande porte em iluminação a LED para lâmpadas

tubulares.

A troca de lâmpadas começou em janeiro de 2011.

O projeto da Braskem para a substituição de lâmpadas

por LED ocorre em quatro frentes. Uma delas é a troca

de lâmpadas da área administrativa, casas de controle

e subestações da Unib. Duas mil lâmpadas fluores-

centes tubulares já foram substituídas por LED. Apre-

sentaram, nos pilotos realizados, fluxo luminoso 35%

maior e redução de 40% no consumo de energia.

A substituição de luminárias LED em postes de ar-

ruamentos está em fase piloto. Já foram instaladas 20

luminárias LED, que passaram a iluminar a área ope-

racional e as ruas das unidades. A próxima etapa será

substituir todas as 500 luminárias de lâmpada a vapor

de mercúrio usadas para esse fim.

As áreas operacionais que receberão a iluminação

incluem as caldeiras, nas quais está sendo feita a ade-

quação para LED. Nos fornos, será aplicada luminária

específica, utilizando-se a tecnologia LED. Por fim, a

substituição nos galpões e oficinas: o investimento rea-

lizado até agora na Unib foi de R$ 800 mil, com payback

projetado para um ano, considerando-se todos os be-

nefícios da troca do sistema.

Em paralelo ao projeto de substituição, a Braskem

já definiu que a planta de butadieno, com entrada em

operação prevista para 2013, no Rio Grande do Sul,

será toda iluminada com LED.

13informa

A LUZ DE UMA

ideiaClairton Gadonski, integrante da Braskem em Triunfo: LED gera menos resíduos

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14

Espírito Santo é o segundo maior pro-

dutor de petróleo do Brasil e deverá

alcançar, até o fim do ano, uma pro-

dução de 400 mil barris por dia. As

primeiras atividades petrolíferas em

terras capixabas foram realizadas pela Petrobras

em 1957. De lá para cá, diversos campos foram

descobertos e, em 2001, a empresa estabeleceu

sua sede administrativa em Vitória. Com o cresci-

mento da produção, sobretudo na década de 2000,

a Petrobras decidiu construir uma nova sede. O

Consórcio OCCH, formado

por Odebrecht Infraes-

trutura, Ca-

margo Corrêa e Hochtief, foi o escolhido para tirar

do papel o projeto, um modelo de sustentabilidade

e eficiência energética.

O local escolhido foi o alto do morro do bair-

ro conhecido como Barro Vermelho, com entrada

principal pela Avenida Nossa Senhora da Penha.

Em uma área construída de 95 mil m2, o complexo

compreende duas torres de escritórios ligadas por

um edifício central, Centro de Realidade Virtual,

Centro de Processamento de Dados, restaurante

e prédio de utilidades. Cerca de 600 profissionais

trabalham no local, que deverá ser ocupado por

2 mil pessoas.

O complexo foi projetado para utilizar as rique-

zas naturais da região, como a energia do sol e a

circulação dos ventos, e para receber siste-

a crIatIvIdade bateu no

Modelo de sustentabilidade, a nova sede da Petrobras em Vitória utiliza recursos de alta ciência energética

tetoo

texto fabiana cabraL fotos Lívia aquino

A nova sede da Petrobras em Vitória e, na página ao lado, parte das tubulações usadas para manter a água gelada cir-culando entre os andares: sistema moderno de climatização

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15informa

mas voltados para a ecoeficiência do local. “A sede

é um showroom de processos sustentáveis e de

alta tecnologia, entre eles o uso de energia solar e

de vidros de baixa absorção de calor, o tratamento

de 100% do esgoto e reúso da água para irrigação

do jardim e utilização nos vasos sanitários, além

do sistema de ar condicionado econômico”, explica

Sidney dos Passos Ramos, Diretor de Contrato na

Odebrecht.

Pensando na eficiência energética do empreen-

dimento, a Petrobras e o Consórcio OCCH optaram

por um moderno sistema de climatização que uti-

liza a água para resfriar os ambientes. O sistema

de ar condicionado Teto Radiante foi instalado nos

escritórios e no edifício central. “É o primeiro em-

preendimento no Espírito Santo com esse tipo de

tecnologia”, destaca Sidney.

Segundo Antônio Morais Telesforo, Gerente de

Instalações Eletromecânicas e Utilidades no con-

sórcio, a água é mais eficiente que o ar na troca de

calor e utiliza menor quantidade de energia para

resfriar o local. “O Teto Radiante reduz em cerca

de 30% o consumo de energia elétrica e de água,

não gera vento e barulho, homogeneiza a tempe-

ratura e controla a umidade, o que proporciona

mais conforto aos usuários”, esclarece.

O sistema é um circuito fechado, composto de

5 km de tubulações isoladas termicamente, que

mantêm 200 mil litros de água gelada circulando

entre os andares e o chiller, responsável pelo res-

friamento do líquido. É nessa máquina, localizada

no prédio de utilidades, que o processo começa.

A Central de Água Gelada da nova sede conta

com quatro chillers, de três tipos: elétrico, onde o

calor é lançado para fora (semelhante ao proces-

so de refrigeração da geladeira); de absorção, que

utiliza reações químicas para absorver o calor; e

de ar, para emergências, com 12 ventiladores. “A

água sai a 5ºC e retorna com 15ºC”, comenta Edi-

mauro Conde Arouca, Coordenador de Projetos da

Eleven Systems, parceira do consórcio.

Depois de resfriada, a água é bombeada, por

meio das tubulações, até as serpentinas acopla-

das nas placas metálicas do teto radiante. “As ser-

pentinas irradiam o frio para a superfície da pla-

ca, que o lança no ambiente”, explica Edimauro. O

líquido retorna ao schiller, mais quente, para ser

resfriado novamente.

Para controlar a umidade e o índice de CO2 no

ar, o Teto Radiante também utiliza um sistema de

ar resfriado. “Como não há troca de ar com o am-

biente externo, por meio de um equipamento cha-

mado fan-coil, o ar frio e ‘sujo’ sai e o ar novo e

limpo entra”, conta Antônio Morais. “Os ambientes

foram divididos em zonas de conforto para man-

ter a homogeneidade da temperatura e, com isso,

economizar energia. O usuário não percebe que o

local tem ar condicionado”, completa.

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16

Construção de uma pequena central hidrelétrica fortalece a condição do

município capixaba como modelo na superação de desafios de abastecimento

de água e esgotamento sanitário

uma referêncIa chamada

cachoeirotexto irene vucovix fotos bruna romaro

A PCH da Foz no Rio Itapemirim: marco para a empresa e para a cidade

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17informa 17

cachoeiroas janelas de seu escritório, Pablo An-

dreão, Diretor da Foz – Unidade de Ca-

choeiro de Itapemirim (ES), tem vista

privilegiada do Rio Itapemirim e de boa

parte de uma obra pioneira. Construí-

da na Ilha da Luz, uma pequena central hidrelétri-

ca (PCH) começou a operar no início de novembro,

tornando a concessionária municipal dos serviços

de abastecimento de água e esgotamento sanitário

autossuficiente em energia.

A PCH é um marco para a Foz e para Cachoeiro

de Itapemirim, a “Princesa do Sul” dos capixabas.

Para a empresa, porque reforça seu papel de polo

de excelência na prestação de um serviço essen-

cial, com o uso cada vez mais eficiente da energia.

Para o município, porque resgata a história da Ilha

da Luz, que ganhou esse nome em 1903, quando

começou a operar a usina de força motriz que tor-

nou Cachoeiro de Itapemirim a primeira cidade do

Espírito Santo e a terceira do Brasil a ter um siste-

ma de iluminação pública baseado em eletricidade.

Passados 108 anos, os R$ 30 milhões investidos

pela Foz na construção da PCH incluíram a recu-

peração de parte da estrutura criada na época da

usina motriz, o que também valoriza uma história

cujo resgate orgulha toda a comunidade. Além dis-

so, a Ilha da Luz volta a justificar seu nome, com

um empreendimento que gera 500 vezes mais ener-

gia que a antiga usina do início do século passado.

A potência da PCH é de 3,8 MW, um acréscimo de

36% sobre os 2,8 MW previstos no projeto inicial, e o

suficiente para abastecer de energia uma cidade de

40 mil habitantes.

“A energia elétrica é o maior custo de uma con-

cessionária de saneamento básico”, explica Pablo

Andreão. “A operação comercial da PCH faz da

empresa de soluções ambientais da Odebrecht um

exemplo de eficiência energética, com sustentabi-

lidade. Isso terá reflexos muito positivos na comu-

nidade local, na parceria com os fornecedores, na

geração de valor para os acionistas e no negócio de

saneamento em todo o Brasil.”

Andreão assumiu em junho a direção da Foz em

Cachoeiro de Itapemirim. Há 10 anos na empresa,

participou de todo o processo de implantação da

PCH, iniciado em 2003 com os primeiros estudos

de viabilidade. Mais tarde, em 2005, acompanhou o

D

Page 20: OI 157 pt

18 informa

processo de licenciamento e, a partir de junho de

2010, a obra da usina – realizada dentro da cidade,

o que exigiu muito diálogo com a comunidade e um

intenso trabalho de educação socioambiental.

A grande beneficiada com a operação comer-

cial da usina será a população da área urbana, que

concentra mais de 90% dos 190 mil habitantes de

Cachoeiro de Itapemirim. A Foz abastece com água

potável 99,5% dos imóveis dessa região, que tam-

bém tem 92,5% atendidos por sistema de esgota-

mento sanitário. Andreão afirma: “A PCH dará mais

segurança ao conjunto da operação da concessio-

nária, cujos serviços demandam funcionamento

contínuo de instalações e equipamentos posiciona-

dos não apenas ao longo da área urbana da sede de

Cachoeiro, mas também na dos outros nove distri-

tos que compõem o município”.

A economia de Cachoeiro também será benefi-

ciada intensamente com a operação da PCH, pois

ela permitirá que a Foz deixe de consumir do sis-

tema público local o total de energia utilizado pela

concessionária, que é uma das 10 maiores compra-

doras de eletricidade no município. Assim, como

esse insumo é fundamental para as indústrias, a

infraestrutura local fica ainda mais atraente para a

chegada de novos e expressivos empreendimentos

geradores de mais emprego e renda.

“A PCH vai fortalecer a posição de referência que

Cachoeiro de Itapemirim conquistou com seu siste-

ma de saneamento básico, que tornou nossa cidade

uma das primeiras no Brasil a solucionar as ques-

tões de abastecimento de água e esgotamento sa-

nitário, por meio de uma parceria entre a iniciativa

privada e o poder público”, salienta Pablo Andreão.

padrão internacional“A Foz detém a concessão do serviço de água e

esgoto até 2035 e tem a obrigação de operar, man-

ter, modernizar e ampliar a rede de saneamento

básico de Cachoeiro de Itapemirim. A meta é de-

senvolver, de maneira contínua, o que já era bom,

potencializar os valores e a filosofia da Organização

Odebrecht”, diz Mário Amaro da Silveira, ex-Diretor

Operacional da Foz em Cachoeiro e atualmente Di-

retor da Companhia de Saneamento de Tocantins

(Saneatins), a mais recente conquista da Foz, que

passou, em outubro, a participar do bloco privado

da empresa (76,52%).

Page 21: OI 157 pt

19informa

A Foz assumiu em 2008 a operação dos serviços de

água e esgoto do município. Entre 2009 e 2012, os in-

vestimentos da empresa totalizarão R$ 75 milhões, ante

os R$ 50 milhões aplicados nos 10 anos anteriores. Os

R$ 75 milhões foram distribuídos em três frentes: na re-

dução de perdas de água e na automação; na ampliação

da cobertura do sistema de esgotamento sanitário; e na

construção da PCH da Ilha da Luz.

“A Foz tem um cliente institucional, a Prefeitura, que é

o poder concedente, mas o cliente de fato é o consumidor

final, que recebe água potável com padrão de tratamento

internacional de uma concessionária classificada entre as

sete melhores prestadoras de serviços de água e esgoto

em todo o Brasil”, reforça Mário Amaro da Silveira, refe-

rindo-se à classificação que a empresa obteve no Prêmio

Nacional de Qualidade em Saneamento de 2010.

Luiz Carlos de Oliveira, Diretor-Presidente da Agên-

cia Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Dele-

gados de Cachoeiro (Agersa), afirma satisfeito: a ques-

tão do saneamento básico no município está ‘redonda’”.

Com isso, é possível concentrar esforços na solução de

desafios relacionados a outros serviços da cidade, en-

quanto a Prefeitura pode investir em áreas como saúde

e educação. Oliveira ressalta que a PCH da Ilha da Luz

permite a prestação de um serviço com mais eficiência,

o que gera benefício direto à população em relação ao

custo pago nas tarifas de água e esgoto.

A construção da usina e o impacto visual das obras,

destaca Oliveira, mexeram com a população e atiçaram

o imaginário popular. “Teve gente achando até que o

Rio Itapemirim seria aterrado”, brinca. Todos os boatos

foram esclarecidos, e os moradores, tranquilizados. O

Itapemirim, orgulho dos cachoeirenses, continua igual-

zinho, mas muito mais limpo, depois que a Foz instalou

o esgotamento sanitário.

Que o diga o barbeiro José Dalvi, 71 anos, seis vezes

presidente da Associação de Moradores do Bairro Teixeira

Leite e com disposição de sobra para muitos outros man-

datos. Ele mora na mesma casa, às margens do Itape-

mirim, há mais de 40 anos, e já passou muitos sábados e

domingos recolhendo dejetos que boiavam nas águas po-

luídas do rio. As filhas cresceram, nasceu o neto, os cabe-

los ficaram brancos e ele aprendeu a entender, cada vez

melhor, a alma do Itapemirim. “Antes, o mau cheiro era

insuportável, os peixes sumiram, ouvia o rio gemer pela

vida. Agora, com a coleta de esgoto, o mau cheiro sumiu,

os peixes voltaram e está cheio de piabinhas pulando na

água. O rio está vivo outra vez.”

Montagem de uma das turbinas da PCH:

energia elétrica representa o maior

custo de uma concessionária de

saneamento básico

Page 22: OI 157 pt

20 informa

20

impulsocomplexo formado por três fábricas, em suape, será o maior polo integrado de produção de poliéster no Brasil

O Diretor de Contrato José Gilberto Mariano e parte das instalações do complexo: pioneirismo e formação de pessoas

Page 23: OI 157 pt

21informa

para a IndústrIa têxtIl impulso

struturar o mais importante polo inte-

grado para produção de poliéster da

América Latina, no Complexo Industrial

e Portuário de Suape, município de Ipo-

juca (PE). Essa é a meta da Companhia

Petroquímica de Pernambuco – PetroquímicaSuape,

que pertence à Petroquisa, braço petroquímico da Pe-

trobras. Serão implantadas três unidades industriais

integradas, em uma área de 550 mil m2, com a expec-

tativa de darem novo fôlego à indústria têxtil nacional.

Para colocar o projeto em prática, a Odebrecht En-

genharia Industrial está em campo desde 2007, res-

ponsável por engenharia de detalhamento, suprimen-

to de parte dos materiais e equipamentos, execução da

construção civil e da montagem eletromecânica das

unidades. A empresa também responde pelo geren-

ciamento das obras de todo o complexo, que produzirá,

em suas três fábricas, respectivamente, polímeros e

filamentos de poliéster; resina para embalagem PET e

o insumo básico para sua fabricação, o ácido tereftáli-

co purificado (PTA).

Quando as três unidades industriais estiverem em

plena operação, o que deverá ocorrer até o fim de

2012, o consumo de energia elétrica do complexo po-

derá chegar a 4,5% de toda a demanda de Pernam-

buco, perfazendo um total de 100 MW. Para garantir

o uso racional do recurso energético no empreendi-

mento, várias medidas estão sendo implantadas pelo

cliente, com o apoio técnico das equipes da Odebrecht.

central de cogeraçãoEntre elas está a instalação de uma central de co-

geração de energia elétrica, a partir da energia térmi-

ca gerada no processo produtivo do PTA. O sistema,

etexto renaTa meyer fotos Tiago Lubambo

Page 24: OI 157 pt

22 informa

denominado PAC – do inglês Process Air Compressor

(Compressor de Ar de Processo) –, permitirá o reapro-

veitamento energético na unidade e, com isso, garan-

tirá a economia de aproximadamente 12% no consumo

de energia elétrica da planta de PTA.

O processo produtivo do PTA tem como principal

matéria-prima o paraxileno, derivado de petróleo que,

ao ser submetido a altas pressões na presença de ar

e calor, sofre oxidação, liberando gases com tempe-

ratura que ultrapassa 200ºC. “Em nenhuma hipótese,

esses gases poderiam ser lançados na atmosfera, pois

os impactos ao meio ambiente seriam muito danosos.

O calor extraído no processo de resfriamento é então

utilizado na central de cogeração de energia elétrica,

em benefício da própria planta”, afirma Mauro Ambro-

sano, Gerente Geral de Manutenção da Petroquímica-

Suape.

O PAC é o conjunto utilizado para a compressão do

ar que alimenta o reator de oxidação da planta de PTA.

O compressor é movido por um motor/reator, que tem,

interligados no mesmo eixo, uma turbina e um expan-

sor, acionados, respectivamente, por vapor e por ga-

ses quentes gerados no processo de oxidação.

“A energia elétrica gerada a partir do calor prove-

niente do processo é consideravelmente maior que a

necessária para mover o conjunto, de modo que o ex-

cedente é exportado para a rede e utilizado na unidade

de PTA”, explica Ambrosano.

tecnologia pioneira no paísA tecnologia, importada pelo cliente, foi desenvolvi-

da pela empresa inglesa de tecnologia Invista, em par-

ceria com a alemã Siemens, e, pela primeira vez, será

aplicada na indústria petroquímica brasileira. Com

o PAC, a PetroquímicaSuape deixará de demandar

30,6 MW da rede básica de energia, garantindo uma

economia que pode chegar a R$ 5 milhões por mês.

“Nas tecnologias mais antigas, toda essa energia seria

perdida”, Mauro Ambrosano destaca.

A Odebrecht Engenharia Industrial é responsável

pela montagem do equipamento, em um processo que

exige alto nível de especialização. Com cerca de 300 t,

o PAC é um conjunto rotativo em que cada componen-

te tem interferência no funcionamento dos demais. “A

montagem do PAC é um processo que requer muita

precisão. Nosso maior desafio é garantir o alinhamen-

to perfeito das peças para que tudo funcione como o

planejado”, destaca o Diretor de Contrato José Gilber-

to Mariano. “No entanto, a participação em um projeto

deste porte, marcado pelo pioneirismo, nos permite

formar pessoas cada vez mais capacitadas a atuar em

projetos de grande complexidade”, completa.

Além do PAC, o Complexo Petroquímico de Suape

terá outras estratégias para a racionalização do uso

da energia. Todo o projeto civil e arquitetônico das

fábricas leva em consideração o máximo aproveita-

mento de luz solar, o que contribui para a redução do

número de luminárias utilizadas. Essa medida, alia-

da à utilização de equipamentos de alto rendimento,

encarada como prioritária em todas as operações,

permitirá a economia estimada de cerca de 5% no

consumo de energia.

A integração sinérgica entre as unidades industriais,

apontada como uma grande vantagem competitiva do

empreendimento, é também um fator de otimização

de recursos. Com uma única central de utilidades, é

22 informa

Page 25: OI 157 pt

23informa

possível abastecer todo o complexo com ar comprimi-

do e água de resfriamento, o que possibilitará reduzir o

custo operacional e o desperdício de energia.

O complexo conta ainda com uma central de água

gelada única para todas as fábricas. O sistema de ar

condicionado de processo, de alto rendimento e contro-

le automatizado, realiza a monitoração permanente da

temperatura e da umidade dentro e fora do ambiente e

executa um balanço sobre a mistura ideal de ar, a fim

de garantir as condições adequadas para as operações

das unidades e, ao mesmo tempo, economizar energia.

Qualidade da energiaO fornecimento de energia está entre os fatores

que mais impactam nas operações da indústria têx-

til, em razão da alta demanda desse recurso nos

processos produtivos e, sobretudo, pela qualidade

exigida na transmissão, crucial para o bom funcio-

namento das máquinas.

“A mínima oscilação de tensão, imperceptível

na maioria das utilizações industriais de energia

elétrica, pode provocar o rompimento dos fila-

mentos têxteis e exigir a interrupção das opera-

ções. Uma parada dessa natureza é muito preju-

dicial, pois o processo de retomada da produção

pode levar semanas”, afirma Mauro Ambrosano.

Para garantir a estabilidade da corrente elétri-

ca, tanto as máquinas quanto a subestação que

atende ao complexo estão sendo equipadas com

sofisticados recursos de controle de qualidade de

energia.

Com investimento total de R$ 4,9 bilhões, as

plantas que integram o Complexo Petroquímico

de Suape deverão funcionar de maneira ininter-

rupta todos os dias do ano, exceto nos casos de

eventuais paradas programadas. A expectativa é

que, com o empreendimento, toda a cadeia pro-

dutiva do segmento têxtil seja beneficiada.

O interior de uma das fábricas: benefício para toda a cadeia produtiva do setor têxtil

23informa

Page 26: OI 157 pt

24 informa

entRevista

24

texto ZaCCaria Junior foto anDré vaLenTim

“e aquI estamos, como

investidores” riada recentemente para gerir os investimentos e operar os ativos de geração de energia elétrica da Odebrecht, com foco em fontes renováveis, a Odebrecht Energia traz em seu DNA a herança de uma ligação da Organização com o setor de geração de energia elétrica desde 1952, ano do início de

construção das hidrelétricas de Ituberá e Candengo, na Bahia, e, como investidora, desde 1994, com a participação na Hidrelétrica de Itá, em Santa Catarina, que marcou a retomada do investimento privado no país. Henrique Valladares, Líder Empresarial da Odebrecht Energia, fala à Odebrecht Informa sobre as realizações e os rumos da Organização nesse setor. “Estamos comprometidos em corresponder a confiança dos acionistas e sermos provedores de soluções de energia para as demais empresas da Organização e nossos Clientes, no Brasil e no exterior”, ele afirma.

c

Page 27: OI 157 pt

25informa

Henrique Valladares: “Temos uma capacidade instalada para sermos investidores e operadores, dentro e fora do Brasil”

investidores”

Page 28: OI 157 pt

26 informainforma26

ODEBRECHT INFORMA – O fato de a Odebrecht ter um

histórico, como construtora, participando isoladamen-

te ou em consórcio, da execução de cerca de metade do

parque gerador de energia do Brasil, leva a uma deci-

são natural de fortalecer o braço investidor?

henrIque valladares – a odebrecht tem presença

histórica nessa área. e o fato de termos forte experiência

na construção de ativos de energia elétrica nos posiciona

de forma diferenciada no segmento de geração. Grande

parte das oportunidades de investimentos da odebrecht

nasceu do conhecimento aprofundado de duas variáveis

essenciais: prazo e custo. e isso aprendemos a partir

da nossa origem: a prestação com excelência de servi-

ços de engenharia e o atendimento das necessidades

do cliente. além disso, a

experiência da organiza-

ção na estruturação de

financiamentos, espe-

cialmente sob a modali-

dade de project finance,

também faz diferença

na nossa atuação como

investidores em geração

de eletricidade, de ma-

neira especial em proje-

tos greenfield. a postura

de melhor servir aos

nossos clientes levou

nossos empresários-

-parceiros a conhecer

a cadeia de valor do ne-

gócio geração de energia, possibilitando a ampliação da

nossa participação. então aqui estamos, nos posicionan-

do como investidores, através da criação da odebrecht

energia s.a., com atuação no brasil e no exterior. É im-

portante destacar que a nossa atuação no mercado de

hidrelétricas também foi um elemento importante para

a internacionalização da organização.

OI – Por quê?

valladares – a construção de hidrelétricas sempre

foi um vetor importante de crescimento no exterior. o

peru foi o ponto de partida da expansão internacional

da odebrecht. estamos presentes naquele país desde

1979, com charcani v, em arequipa, dentro do vulcão

misti. outro marco da nossa internacionalização foi

angola, ao iniciarmos, em 1984, a construção da hi-

drelétrica de capanda, um dos principais vetores para

o desenvolvimento da economia angolana. também

na argentina e no méxico iniciamos nossas operações

através das usinas de pichi-picún-leufú e de los hui-

tes, respectivamente. a odebrecht foi apontada, por oito

vezes, como a maior construtora internacional de hidre-

létricas, segundo a revista enr – engineering news-

-record, publicação que é referência no setor.

OI – A Odebrecht Energia também se direciona a inves-

timentos internacionais?

valladares – sim, hoje temos uma capacidade ins-

talada para sermos investidores e operadores, dentro e

fora do brasil. essa capacidade foi aplicada em outros

mercados promissores,

como é o caso do peru,

onde tivemos suces-

so na hidrelétrica de

chaglla, a segunda

maior do país, cujas

obras de implantação

começaram no primeiro

semestre deste ano. o

projeto representa in-

vestimentos de us$ 1,2

bilhão e marca o início

da atuação da odebrecht

energia como investido-

ra e operadora de ativos

de geração no exterior.

OI – E o mercado brasileiro? Como a empresa vem

acompanhando a evolução dos investimentos na área

de energia?

valladares – durante décadas, os investimentos na

área de energia elétrica eram, predominantemente,

feitos pelo estado. a continuidade dos nossos investi-

mentos em geração ocorreu na usina hidrelétrica san-

to antônio, no rio madeira, em rondônia, onde, além

da atuação da odebrecht na construção, a odebrecht

energia tem participação relevante no investimento e

na gestão da concessionária.

OI – Santo Antônio é um marco?

valladares – certamente! adotamos uma estratégia

de investir em inventários e em estudos de viabilidade

de empreendimentos de hidroeletricidade, contribuindo

“A Odebrecht tem uma presença histórica no

setor de energia. E o fato de termos forte

experiência na construção de ativos nessa área é muito

importante”

Page 29: OI 157 pt

27informa

para ao desenvolvimento do setor e visando, também,

participar como investidores dos leilões promovidos

pelo Governo Federal. E o maior deles, sem dúvida, foi

o Complexo do Rio Madeira. Santo Antonio representou

nossa consolidação definitiva como investidores do se-

tor. Com a conquista da concessão da Usina Santo An-

tônio, nosso olhar para o mercado de energia passou a

ser prioritariamente como investidor, sem prejuízo da

atuação da Odebrecht como prestadora de serviços de

Engenharia e Construção, como ocorre em Belo Monte

e Teles Pires.

OI – Santo Antônio, em plena bacia amazônica, é um

projeto tido hoje como exemplo de fator de indução de

desenvolvimento sus-

tentável. Isso traz mais

segurança para investi-

mentos, não?

VALLADARES – Não é

por acaso que atingimos

esse nível de confiança

e governança. Todo o

empreendimento da Hi-

drelétrica Santo Antônio

baseia-se em seis anos

de estudos realizados,

em conjunto, por Furnas

e Odebrecht, que anali-

saram com profundidade

aspectos sociais, econô-

micos e ambientais da

região. O fato do maior

potencial de geração hídrica do país estar localizado no

bioma amazônico impõe a necessidade de uma atuação

destacada na gestão socioambiental, que vai desde a

concepção do projeto até a implementação de progra-

mas que mitiguem e compensem os impactos ambien-

tais dos empreendimentos e promovam o desenvolvi-

mento das pessoas do entorno do empreendimento. O

melhor exemplo disso é o Programa Acreditar, que foi

criado em Santo Antônio e hoje é uma realidade em toda

a Odebrecht. O maior legado desse programa é o fato

de que mais de 37 mil cidadãos de Porto Velho e região

passaram a ter um ofício, o que trouxe uma nova pers-

pectiva para suas vidas e minimizou o habitual impacto

negativo que a vinda de profissionais de fora traz para a

região. Hoje, 80% do efetivo de Santo Antônio é compos-

to de profissionais locais, sendo 10% mulheres, o que

representa uma quebra de paradigma no mercado de

construção de hidrelétricas na região amazônica.

OI – Existem outras fontes de geração de energia na

estratégia da empresa?

VALLADARES – Além de já contarmos com os ativos de

geração dos empreendimentos hidrelétricos de Santo

Antônio e Chaglla, também estamos atentos às opor-

tunidades nas diversas fontes alternativas, como eóli-

ca, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e solar.

No que se refere à geração de energia eólica, no últi-

mo leilão, realizado em agosto deste ano, viabilizamos

a implantação de quatro parques eólicos, localizados

no Rio Grande do Sul,

totalizando 116 MW. Te-

mos ainda em estoque

outros 13 parques (290

MW) aptos a participar

nos próximos leilões,

bem como projetos

greenfield visualizados

na Bahia e no Ceará.

Além disso, estamos ini-

ciando o desenvolvimen-

to de outros projetos nas

diversas fontes de ener-

gia alternativa. Quere-

mos ter uma participa-

ção bastante relevante

neste segmento.

OI – Que balanço você faz da atuação da Odebrecht

Energia até o momento?

VALLADARES – Estamos otimistas com as possibili-

dades de negócios tanto no Brasil, quanto no exterior.

Temos confiança de que o modelo regulatório brasi-

leiro seja cada vez mais atrativo para investimentos

privados e que possamos contribuir com a segurança

no fornecimento de energia elétrica, fundamental para

o crescimento do nosso país. Esperamos também

prover soluções que permitam o crescimento da Ode-

brecht Energia de maneira orgânica, consolidando um

parque gerador formado por fontes complementares

de energia, no Brasil e no exterior, gerando resultados

para os clientes, acionistas, integrantes e sociedade

em geral

“O fato de o maior potencial de geração hídrica do país estar localizado no bioma amazônico impõe a

necessidade de uma atuação destacada na

gestão socioambiental”

Page 30: OI 157 pt

28 informa

Construção da Hidrelétrica Teles Pires, na divisa de Mato Grosso e Pará, tem na logística um grande desafio e inova nas ações de montagem da equipe

28

AO ENCONTRO DO

Brasiltexto roDrigo viLar fotos geraLDo PesTaLozzi

Page 31: OI 157 pt

29informa

m Salvador, o dia de trabalho começou de

madrugada para a equipe da Odebrecht

Informa encarregada da primeira reporta-

gem da revista sobre a construção da Usina

Hidrelétrica Teles Pires, localizada na divisa

dos estados de Mato Grosso e Pará. A viagem teve início

em direção a Cuiabá, com escala em Brasília. Chegando

à capital matogrossense, mais uma hora e meia em um

avião menor até o município de Alta Floresta. Lá, um carro

da equipe da obra aguardava para transpor o trecho final

de 52 km, metade dele em estrada de terra, para chegar a

Paranaíta, cidade de 7 mil habitantes, onde hoje funciona

a base administrativa da obra. Já era fim de tarde quando

chegamos ao escritório e, logo na primeira conversa, a

Responsável por Comunicação no projeto, Ana Paula Sil-

vestre, avisou: “Amanhã temos mais 95 km, mais ou me-

nos duas horas e meia por estrada de terra, para chegar

ao canteiro de obras”.

O deslocamento até o local dos trabalhos é ape-

nas um dos muitos desafios para materializar a obra

incluída no Programa de Aceleração do Crescimen-

to (PAC), do Governo Federal, projetado para uma

potência instalada de 1.820 MW (megawatts) e que

tem sua primeira unidade de geração prevista para

funcionar em 2014. Vencedora do leilão de geração

realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel), em dezembro de 2010, a Companhia Hidre-

létrica Teles Pires S/A, Sociedade de Propósito Es-

pecífico constituída pela Neoenergia (50,1%), Eletro-

bras Furnas (24,5%), Eletrobras Eletrosul (24,5%) e

Odebrecht Energia (0,9%), é responsável por cons-

truir e operar a usina. A Odebrecht, contratada na

modalidade EPC (engenharia, suprimento, cons-

trução e montagem), é a empresa encarregada das

obras civis e da montagem do empreendimento, que

gerará 6 mil oportunidades diretas de trabalho.

e

Page 32: OI 157 pt

30 informa

A ordem de serviço para instalação do canteiro foi emi-

tida em agosto de 2011, mas o planejamento e a mobili-

zação começaram muito antes. “Em Teles Pires, posso

dizer que desde o início da viabilização do projeto até o

momento onde estamos hoje, conseguimos cumprir inte-

gralmente o que foi planejado”, explica o Diretor do Con-

trato, Antonio Augusto Santos.

Resultado de um esforço integrado das equipes, ainda

em outubro, 200 máquinas – de um total de 265 – já es-

tavam à disposição no pátio da construtora em Paranaíta.

Os equipamentos, todos novos, vieram de outros estados

do Brasil, da Suécia, da Argentina, dos Estados Unidos e

da Alemanha, representando um investimento direto de

R$ 152,5 milhões da Odebrecht.

“Além do desafio logístico, o aquecimento do setor

de infraestrutura, com a Copa e grandes obras no setor

de energia, somado à sobrecarga portuária que o país já

enfrentava, dificultou muito todo o processo. No entanto,

tivemos êxito fundamentalmente pela competência das

equipes que elaboraram e executaram esse planejamen-

to”, relata Antonio Augusto.

Segundo Victor Carvalho Marques, Responsável por

Obras Civis, Engenharia e Equipamentos, a decisão de

comprar, em vez de alugar, foi estratégica. “Você está lon-

ge e tem dificuldade de acesso, então traz equipamentos

antigos, começa a ter problemas graves de manutenção

e reposição. Com equipamentos novos, a chance de ter o

desempenho esperado é muito maior, e o próprio volume

de obras em Teles Pires deve depreciar quase metade da

vida útil do maquinário”, explica.

Uma cidade no canteiro de obrasSe, por um lado, um dos principais desafios era o de

garantir as ferramentas, por outro, estava o de atrair as

pessoas certas para o projeto. “Serão 6 mil pessoas no

canteiro permanente, todas alojadas. É uma cidade. Va-

mos construir áreas de lazer como praças e calçadas,

espaços verdes, coretos, restaurantes, salão de beleza

e outras instalações. Esse é um trabalho de motivação.

Queremos dar os meios para que as pessoas vivam bem,

se realizem e se desenvolvam por meio do trabalho”, de-

talha Antonio Augusto.

Por causa do isolamento da obra, um grande

obstáculo era o de recrutar profissionais de nível

estratégico. Uma das soluções encontradas partiu

do próprio Antonio Augusto: “Buscamos identifi-

car as competências e experiência profissional dos

cônjuges dos integrantes para aliar esse conheci-

mento à necessidade do projeto e fazer o convite

aos dois”. Os cônjuges não atuam no mesmo pro-

grama, em benefício do processo de avaliação e de-

senvolvimento. Só de recém-casados, são 12 casais

na obra. No dia 12 de outubro, a pedido de Odebre-

O Rio Teles Pires, onde a usina será erguida. Abaixo, casais que trabalham juntos no projeto e equipamentos pesados que já chegaram ao canteiro de obras: planejamento e criatividade para vencer o isolamento

Page 33: OI 157 pt

31informa

cht Informa, todos se reuniram para um jantar, no

restaurante predileto do grupo.

convivência e adaptaçãoJuliana Lima, 30 anos, há um ano e quatro meses na

Organização, é Responsável por Pessoas e Organização

nas obras da Usina Teles Pires, onde ingressou ainda na

fase de estudo de viabilidade do projeto, em novembro de

2010. Foi também uma das primeiras a chegar a Parana-

íta, em janeiro de 2011. Para ela, o maior desafio nesses

primeiros meses foi enfrentar a distância da família, prin-

cipalmente do marido, Alberto Fraga, com quem se casa-

ra há seis meses. “Foi uma grande alegria quando surgiu

a oportunidade de o Alberto vir para cá”, diz, sem conse-

guir esconder o brilho no olhar. O engenheiro de pesca

de 30 anos, especializado em Engenheira de Segurança,

juntou-se à equipe em abril. Desde então, é Responsável

por Segurança do Trabalho da Margem Esquerda.

Enquanto a vila residencial no canteiro não fica pron-

ta, o casal, diferentemente de outros colegas na mesma

situação, que preferiram alugar casas, divide há três

meses um quarto de hotel na pacata cida-

de. O que parece ser um exercício de

convivência para muitos é ta-

refa fácil para Alberto.

“Passei um ano

e meio embarcado, durante nove viagens em barcos de

pesca. Dividia o espaço com chineses e espanhóis, pes-

soas que eu nunca tinha visto. Agora, vivo com a minha

mulher em um quarto de hotel. É maravilhoso”, diz. “Não

dá para comparar!”, acrescenta, em tom de brincadeira,

abraçando a esposa Juliana, que confirma. “Ele é muito

organizado, e isso facilita as coisas para mim. Estarmos

juntos é um fator de motivação.”

Para a engenheira civil Luciane Daltro, 32 anos, Res-

ponsável por Custos, e o marido, Alessandro Peixoto, 30

anos, engenheiro sanitarista e ambiental que atua no pro-

grama de Meio Ambiente da obra, a vontade de conciliar

a vida profissional e o convívio era antiga. Em 10 anos de

relacionamento e há três casados, Alessandro trabalhou

em Manaus, Belém, na Argentina e em Belo Horizonte e,

como se não bastasse, Luciane estava há dois anos em

Luanda, trabalhando na Odebrecht Angola.

“Agora tomamos café, almoçamos e jantamos juntos.

Estamos dando valor a pequenos detalhes que antes não

tínhamos oportunidade de vivenciar juntos”, diz Luciane.

Ao seu lado, Alessandro relata que alguns colegas ainda

não se adaptaram à vida em uma cidade tão pequena, o

que para ele é natural. No entanto, enfatiza que o melhor

é não perder de vista o lado positivo dessa experiência e

da oportunidade. “Essa mesa grande que você está vendo

aqui é comum para a gente. No convívio social, po-

demos até querer nos afastar das dificulda-

des da obra, mas não das pessoas.

Aos poucos, estamos cons-

truindo uma grande

família.”

Page 34: OI 157 pt

32 informa

ventos

32

Page 35: OI 157 pt

33informa

Odebrecht faz sua estreia no segmento de energia eólica, fonte priorizada pelo Brasil

AMIGOS ventos

Brasil quer aproveitar os ventos que

sopram a seu favor. E tem pressa,

porque a necessidade e o ritmo de

crescimento da economia exigem que

assim seja. Os investimentos na gera-

ção de energia eólica, entre outras fontes renová-

veis, como o etanol e a biomassa, consolidarão a

matriz energética brasileira como a mais limpa do

mundo e uma das mais diversificadas. Com mais

opções, reduz-se o risco da dependência. A antiga

e sábia prescrição de que não se deve colocar todos

os ovos na mesma cesta aplica-se bem ao caso.

O país prepara a implantação de parques eóli-

cos em vários pontos do território, sobretudo nas

regiões Sul e Nordeste, onde estão os ventos de

características mais apropriadas para o aproveita-

mento energético. O visual dos aerogeradores en-

fileirados nos campos será cada vez mais frequen-

te no país. De modo a contribuir nessa investida

brasileira para transformar vento em energia, a

Organização Odebrecht fez sua estreia no segmen-

to de energia eólica. A atuação ocorre através da

Odebrecht Energias Alternativas, empresa criada

pela Odebrecht Energia.

“O Brasil quer ampliar a geração de energia eó-

lica de 1 gigawatt, registrado em 2010, para 11,5

gigawatts, em 2020”, diz Fernando Chein, Diretor

responsável pelo segmento de energia eólica, so-

lar e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) na

Odebrecht Energia. “O potencial eólico do país é

de mais de 150 gigawatts, pelos números de hoje”,

acrescenta. O objetivo do Governo Federal, expli-

otexto cLáuDio LovaTo fiLho

Ace

rvo

od

ebr

ech

t

Page 36: OI 157 pt

34 informa

citado no Plano Decenal de Expansão de Energia

(PDE 2020), é fazer com que as fontes renováveis

passem a ocupar 46,3% da matriz energética até

2020. Em 2010, esse percentual era de 44,8%, fi-

cando atrás apenas do petróleo e seus derivados.

produção futuraDetentora do projeto do Complexo Corredor dos

Senandes, em Rio Grande (RS), a Odebrecht Ener-

gia comercializou a produção futura de energia de

quatro parques no Leilão de Reserva do Governo

Federal realizado em 18 de agosto de 2011. Esses

parques são o Corredor dos Senandes 2, 3 e 4 e

o Vento Aragano 1. No leilão, a Odebrecht vendeu

50,5 MW (megawatts) médios a uma tarifa de R$

99,50 por MWh (megawatt/hora), sendo necessário,

para isso, instalar 116,9 MW de capacidade total

nos parques eólicos. O contrato firmado com CCEE

(Câmara de Comercialização de Energia Elétrica)

tem duração de 20 anos. O parques começarão a

ser implantados em junho de 2012. O início de ge-

ração está previsto para até junho de 2014.

Neste momento, várias frentes de atuação são

atendidas simultaneamente, sob liderança direta

de Walter Tatoni, Responsável por Investimentos

em Energia Eólica na Odebrecht Energia: obtenção

de autorização do poder concedente para explo-

ração, consolidação de toda a documentação ne-

Page 37: OI 157 pt

35informa

cessária à obtenção das licenças exigidas para a

implantação dos parques (em especial, as licenças

ambientais), formação da equipe de implantação e

gerenciamento dos parques, celebração dos con-

tratos de fornecimento de bens e serviços, incluin-

do o de aerogeradores com a Alstom (responsável

pela fabricação, operação e manutenção dos aero-

geradores) e busca da aprovação do financiamen-

to a ser feito pelo Banco Nacional de Desenvolvi-

mento Econômico e Social (BNDES). “A Odebrecht

Energia, em sua atuação como empresa investido-

ra, operadora e comercializadora no setor de ge-

ração de energia, quer chegar a 2020 com 10 mil

MW de geração própria”, destaca Walter. “A energia

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Montagem mostra como será um dos parques eólicos da Odebrecht em Rio Grande. Na foto abaixo, o Prefeito Fábio Branco: “Queremos aproveitar ao máximo e o quanto antes a nossa matéria-prima”

Page 38: OI 157 pt

36 informa

eólica será uma grande fonte alavancadora para o

alcance desse objetivo.”

A capacitação e o conhecimento específicos

relacionados à energia eólica resultaram de uma

imersão de integrantes da empresa nesse novo

universo, apesar da experiência em outras áreas

do setor de energia. “Tivemos mais de um ano de

estudos”, revela Marco Rabello, Responsável por

Finanças na Odebrecht Energia. “Há particulari-

dades”, ele diz, referindo-se ao segmento eólico,

entre as quais as novas exigências que surgem em

termos de documentos e a medição dos ventos,

fundamental para que se conclua se o negócio é

viável ou não.

Fernando Chein comemora o estágio atual de

estímulo às fontes alternativas, em especial à eóli-

ca, mas tem uma ressalva: “Acredito que os leilões

possam ser feitos por fontes específicas ou por re-

giões, de modo que se consiga equilíbrio na matriz

energética. É preciso incentivar os investimentos

em todas as fontes. A competição entre elas pode

não ser interessante a longo prazo. As fontes têm

de ser complementares.” Marco Rabello reforça:

“As eólicas precisam competir entre si”. Hoje, os

leilões incluem todas as fontes, e uma momentâ-

nea vantagem de preço de uma fonte em relação a

outra (ou outras) pode vir a prejudicar uma delas e,

consequentemente, sua cadeia produtiva.

tecnologia para aproveitar os ventosNos quatro parques cuja energia foi comerciali-

zada no leilão de 18 de agosto, serão instalados 70

aerogeradores, produzidos pela Alstom em sua fá-

brica no Polo Industrial de Camaçari (BA), inaugu-

rada neste segundo semestre de 2011. Os equipa-

mentos terão 95 m de altura, e as hélices, 86 m de

diâmetro. Sua potência unitária será de 1,67 MW.

O Complexo Corredor dos Senandes tem, no

total, sete parques e potencial de geração de 175

MW. Além dos quatro parques com energia comer-

cializada, está prevista a implantação do Corredor

dos Senandes 1, Vento Aragano 3 e Capão Grande.

Não para por aí. No Rio Grande do Sul, a Ode-

brecht Energia pretende desenvolver ainda o Com-

A nova fábrica da Alstom em Camaçari: investimentos em tecnologia para o desenvolvimento de aerogeradores

Page 39: OI 157 pt

37informa

plexo Eólico Povo Novo, formado pelos parques de

Porto Novo (7,5 MW), Fazenda Veracruz (22,5 MW)

e Curupira (25 MW), localizados a cerca de 40 km

do Complexo Corredor dos Senandes. Os inves-

timentos não se restringem ao Sul. No Ceará, a

empresa adquiriu, em agosto de 2011, o projeto do

Complexo Eólico Aracati Mutamba, composto de 10

parques com capacidade para 240 MW. Além disso,

há planos de investimento em projetos greenfield

(a serem desenvolvidos desde os primeiros passos

embrionários) na Bahia.

“O Brasil tem ventos excelentes”, diz Ferna-

do Chein. “No Nordeste, são muito intensos, mas

apresentam mais variações. No Sul, os ventos são

menos intensos, porém mais constantes.” O de-

senvolvimento de tecnologias específicas pelos

fabricantes é o que garantirá o melhor aproveita-

mento possível dos diferentes tipos de vento.

“Muito nos honra ser o primeiro fornecedor da

Odebrecht Energia no segmento de energia eólica.

Temos a ambição de ser parceiros da empresa em

todas as fases dos projetos, desde a localização

dos parques até o fornecimento final”, diz Mar-

cos Costa, Vice-Presidente de Energia da Alstom

para a América Latina. A fábrica de aerogeradores

da Alstom, tradicional parceira da Odebrecht em

projetos no setor de energia, está apta a produzir

equipamentos capazes de gerar até 300 MW/ano.

“O Governo brasileiro priorizou a energia eólica,

e a Alstom quer participar dessa caminhada. Por

isso, construiu uma fábrica em Camaçari.” Marcos

Costa anuncia o desenvolvimento, em curso, de um

novo aerogerador para a América Latina e o Brasil:

o ECO 122, com 122 m de diâmetro das hélices e

potência de 2,7 MW. “O ECO 122 é 100% adequado

para ventos brasileiros”, ele afirma.

“Queremos aproveitar nosso potencial”São esses equipamentos em constante evolução

que começarão, em breve, a ocupar áreas rurais

do município de Rio Grande, no sul do Rio Gran-

de do Sul. Com um processo de desenvolvimento

historicamente vinculado ao porto – que voltou a

receber vultosos investimentos para o aumento de

sua capacidade de movimentação de carga e para

sediar grandes obras navais –, a cidade passa ago-

ra a contar com a contribuição significativa dos

parques eólicos.

O Prefeito Fábio Branco enfatiza que a intenção

é diversificar as atividades econômicas respeitan-

do as vocações da cidade. “Queremos aproveitar

nosso potencial”, ele ressalta. “Para Rio Grande, a

implantação dos parques eólicos é um divisor de

águas, significará a quebra de paradigmas. Toda a

nossa cadeia produtiva receberá impacto positivo”,

ele antevê, em razão da chegada das empresas en-

volvidas nos projetos, nas oportunidades diretas e

indiretas de trabalho, no aumento do nível da renda e

no acréscimo de possibilidades para as instituições

acadêmicas. “Nós, do poder público, queremos ser

facilitadores do processo de instalação dos parques.

Mantemos ótima relação com a iniciativa privada,

neste caso representada pela Odebrecht, uma em-

presa que tem compromisso com as populações

locais.” Fábio Branco não esconde a expectativa.

“Precisamos aproveitar ao máximo e o quanto antes

a nossa matéria-prima. O vento que passou aqui hoje

não passará mais.”

Page 40: OI 157 pt

38 informa

Angola investe pesado para levar energia elétrica à sua população em vários pontos do país

sala de estar

38

Page 41: OI 157 pt

39informa 39informa

DA USINA PARA A

sala de estartexto João MarCondes

fotos GuilherMe afonso

Lopes Sebastião (ao fundo, à esquerda) e sua família: tempos de mais conforto

Page 42: OI 157 pt

40 informa

vida de Lopes Sebastião teve vários

“renascimentos”. Lavrador nos anos

1940, trabalhava cavando a terra com

as próprias mãos na província de Uíge,

no norte de Angola, região ainda hoje

pouco urbanizada, próxima à fronteira com o Congo.

Depois de 10, 12 horas de trabalho, carregava um pou-

co de lenha para casa. Lenha era sinônimo de energia

àquela época. Os tempos foram passando, e seu Lopes

aderiu, nas décadas seguintes, ao uso do candeeiro –

aquelas lamparinas movidas a petróleo. Apenas uma

luz pálida para atenuar os barulhos ameaçadores da

noite. O mundo à sua volta também mudava. Em me-

ados dos anos 1970, Angola ficava independente, mas

a energia ainda era escassa. Fim do século passado:

surge para seu Lopes uma energia mais palpável, mo-

vida à máquina. O gerador – dispendioso, barulhento,

que enegrecia sua casa de adobe e lançava muita fu-

maça nos olhos de esposa, filhos e netos.

Há oito anos não há mais conflitos armados em An-

gola, e 2012 será especial, com a eleição direta para

presidente. Para votar, seu Lopes poderá tomar um

banho quente e vestir seu melhor paletó. O que real-

mente revolucionou a vida desse habitante da pequena

vila em Negage foi um clique. Um interruptor. Ener-

gia pura, elétrica, límpida. Agora ele tem uma arca

(freezer), seus alimentos duram, e sua família, a co-

meçar pela esposa, Luiza Lando, tem mais conforto.

DínamoPara a energia chegar à casa de seu Lopes e de

outras milhares de pessoas, a Odebrecht construiu

o Sistema de Transporte de Energia de 220 kV (qui-

lovolts), interligando a Usina de Capanda à província

de Uíge, em uma extensão de 270 km. A Hidrelétrica

de Capanda foi a primeira obra da Odebrecht no país,

nos anos 1980, mas a empresa não parou nas usinas.

Tão importante quanto fazer turbinas girarem é esten-

der o fio até o consumidor. Já são 800 km de linhas de

transmissão. Além de Capanda-Uíge, que beneficiou

seu Lopes, outra obra recém-concluída é a linha de

transmissão (400 kV) com extensão de 300 km que in-

terliga Capanda à região de Luanda. Além das linhas

e subestações, a empresa executou a eletrificação

(distribuição da energia) em seis cidades no eixo Ca-

panda-Uíge, beneficiando mais de 5 mil famílias. Uma

pequena amostra do que precisa ser feito.

“Estão sendo planejados pelo Governo programas

específicos para extensão, em larga escala, da eletri-

ficação nas regiões urbanas, periurbanas e rurais do

país. Uma iniciativa que estamos novamente apoiando

de forma plena”, informa Wagner Santana, Diretor de

Contrato das Linhas de Transmissão.

Energia é prioridade no país. Apenas 30% dos an-

golanos têm hoje acesso à energia elétrica. A popula-

ção estimada de Angola é de 20 milhões de pessoas.

Hoje o país produz 1.300 MW de energia (50% em ter-

melétricas e 50% em hidrelétricas). A demanda é de

4 mil MW (apenas para consumidores, sem contar a

indústria). “Angola poderá, inclusive, exportar energia

elétrica para outros países da África Austral”, comenta

Carlos Mathias, Diretor da Odebrecht Angola. “Que-

remos também atuar como investidores, por meio de

parcerias público-privadas.”

A Ministra de Energia e Águas de Angola, Emanuela

Vieira Lopes, afirmou recentemente na publicação an-

golana Estratégia: “Pretendemos fazer crescer o setor

energético, de tal forma, que a população esteja bem

e haja crescimento econômico. Em 2017, Angola po-

derá ter capacidade instalada para produzir energia,

abastecer-se internamente e começar a exportar para

outros países”. A Odebrecht está entre os protagonis-

tas desta história. Além das linhas de transmissão e

de ter construído a emblemática Capanda, participa da

a

Page 43: OI 157 pt

41informa

construção e reabilitação de duas estruturas essen-

ciais para formar essa capacidade instalada a que se

refere a Ministra Emanuela: as usinas hidrelétricas de

Gove e Cambambe.

eldorado“Eldorado” ou “O Dorado”. Lugar mítico de mui-

tas riquezas (ouro e prata) buscado incessantemente

pelos espanhóis colonizadores da América no século

16. Pois a África também teve seu Eldorado, persegui-

do pelos portugueses nos anos 1500. E ele ficava em

Angola, mais precisamente nas Serras de Cambam-

be. Imaginava-se riquezas minerais na região, desde

que o monarca português Dom Manuel I recebeu uma

manilha de prata como presente do Rei do Congo. O

soberano português obtivera também a informação de

que a joia provinha de Cambambe, região a 200 km de

onde hoje está localizada Luanda.

Expedições em busca da prata foram enviadas,

a primeira delas capitaneada por Manuel Pacheco e

Baltazar de Castro, em 1520. A prata nunca foi encon-

trada, mas o Rio Kwanza, o maior do país, foi dominado

até próximo de uma garganta que o estrangulava. Um

belo lugar para instalar uma barragem. E os próprios

portugueses fizeram isso nos anos 1950. A Hidrelétri-

ca de Cambambe, de 180 MW, tornou-se importante

fonte de abastecimento de energia para o país, mas

sua expansão (já prevista pelos portugueses) nunca

foi concluída. Com a precariedade da manutenção nos

tempos de guerra, a produção de energia da usina foi

afetada, e seu potencial, reduzido a somente 90 MW.

Isso até a Odebrecht retomar a obra, em 2005.

Quando finalizada, a nova Cambambe será capaz de

gerar 960 MW de energia. A obra é complexa: envol-

ve recuperação da Central 1, que passará a ter po-

tência de 260 MW, e a construção de uma Central 2,

com capacidade de 700 MW. Além disso, compreende

a elevação da altura da barragem, que ganhará mais

30 m, e um vertedouro lateral que garantirá a segu-

rança da barragem nos períodos de chuva. “Produzi-

remos energia renovável para cerca de 8 milhões de

pessoas, em um aproveitamento hidrelétrico que foi

essencial para o passado de Angola e é indispensável

para o seu futuro”, enfatiza Gustavo Belitardo, Diretor

de Contrato de Cambambe.

Cambambe será um dos maiores aproveitamentos

hidrelétricos de Angola. Suas obras devem ser total-

mente finalizadas em 2015. Mas um homem está lá

desde seu início, nos distantes anos 1950. É Fernan-

do Pedro Santos Neves, de 60 anos. Por seu caminho,

passaram portugueses, franceses, suíços. Viu compa-

nheiros enfrentarem doenças como malária, cólera,

febre amarela (seu pai, a propósito, trabalhara na obra

como enfermeiro). Testemunhou conflitos no país.

Fernando Neves em Cambambe: testemunha do crescimento de Angola

Page 44: OI 157 pt

42 informa

A obra iniciou, parou, foi retomada. Fernando Ne-

ves garante que, em nenhum momento, pensou que o

projeto inicial, que já incluía as duas centrais, não seria

um dia terminado. Trabalhou como eletricista, em es-

tação de tratamento de água, no setor administrativo.

Nos anos 1980, viu Capanda ser erguida e vislumbrou

um futuro para Cambambe. Hoje aposentado, mas

dono de uma firma que ainda presta serviços para a

obra, Fernando considera o ciclo completo. “O senti-

mento que tenho depois de todos esses anos é o de ver

meu país crescer.”

O país crescerá, assim como a exploração do po-

tencial hídrico do Rio Kwanza, que tem 960 km de ex-

tensão. Em suas águas, duas obras de grande porte

estão à espera de licitação: as portentosas barragens

de Laúca (2.067 MW) e Caculo-Cabaça (2.053 MW).

GoveEnquanto em Cambambe muito trabalho ainda há

de ser feito, outra obra angolana está quase no fim:

a reabilitação da Barragem e a construção da Cen-

tral Hidrelétrica do Gove, com potência de 60 MW, na

comuna do Cuíma, província de Huambo. A fase é de

conclusão das obras civis e da montagem eletromecâ-

nica. A previsão é de que o projeto esteja concluído no

primeiro semestre de 2012, e a geração de energia da

primeira unidade ocorrerá no fim do primeiro trimes-

tre. A energia produzida em Gove alimentará as provín-

cias do Huambo (a 120 km de Gove) e do Bié (a 230 km)

e atenderá aproximadamente 3 milhões de pessoas.

O Gove é uma obra com uma história especial. Ini-

ciada na década de 1960, foi a primeira barragem do

Cunene e responsável pela regularização desse rio

para os demais aproveitamentos hidrelétricos e agrí-

colas a jusante. Na década de 1990, a barragem foi sa-

botada, o que quase comprometeu sua estrutura. Em

2008, a Odebrecht iniciou a obra de recuperação da

barragem, que estava em parte destruída, e a constru-

ção da casa de força e da subestação. Em decorrência

dos anos de conflitos armados, a região se desenvol-

veu pouco, mas, com a chegada e o desenvolvimento

desse empreendimento, o cenário está mudando.

“Quando chegamos, aproveitamos muito pouco da

força de trabalho local, pois a população ainda estava

assustada e sem preparação para atuar nesse tipo de

obra. Gente humilde, pescadores, pequenos agriculto-

res, mas com muita vontade de aprender e se desen-

volver”, comenta Marcus Azeredo, Diretor de Contrato.

Com as condições criadas, nasceu o projeto Apren-

di no Gove, por meio do qual foram formados traba-

lhadores especializados, desenvolvidos programas de

Combate à Aids, Parto Seguro e, principalmente, de

incentivo à permanência de crianças na escola. Em

Page 45: OI 157 pt

43informa

2008, havia 80 trabalhadores da comuna atuando no

projeto e, hoje, são 500, o que corresponde a 62% do

efetivo atual. Hoje, com a força humana da obra, a vila

do Gove se prepara para se transformar em uma pe-

quena cidade, uma comuna. Mais que simplesmente

energia elétrica, as ações implementadas no Gove

pela Odebrecht, em conjunto com o cliente – o Gabi-

nete para a Administração da Bacia Hidrelétrica do

Cunene (Gabhic) do Ministério da Energia e Águas (Mi-

nea) – mostraram como uma obra pode ter uma alta

voltagem social.

Seu Lopes, citado no início desta reportagem, foi

diretamente beneficiado pelo trabalho da Odebrecht.

Seu vizinho no Negage, o funcionário público Daniel

Neto, lembra-se do dia (15 de dezembro de 2010) em

que a luz elétrica surgiu pela primeira vez nos postes

da rua de terra batida. “Foi uma emoção muito grande.

Sabe o que é mais incrível? Muitas pessoas ali nunca

tinham visto uma luz daquela, clara, potente. Outros

só tinham presenciado aquilo em Luanda”, descreve.

“As crianças não paravam de gritar e comemorar.”

Uma das grandes diversões da humanidade, banal

para muitos, passou a fazer parte da vida daqueles

moradores: assistir à televisão. Fátima, 12 anos, filha

de Daniel, não perde um capítulo da novela brasileira

Caminho das Índias. Seu pai se diverte, embora ache

que telenovela é coisa de criança. Fátima curte a tevê,

mas é rápida ao concluir o porquê da importância de

se ter energia. “Agora posso estudar à noite, ter um

porvir. Um futuro melhor para mim e para Angola.

Com luz.”

Formação e capacitação de pessoasComo sempre acontece nas obras da Odebrecht, a

construção não é apenas física, mas também humana.

São mais de 1.500 oportunidades diretas de trabalho

e capacitação, por meio do Programa de Qualificação

Profissional Continuada – Acreditar. Em todo o país, as

obras da Odebrecht contam com cerca de 17 mil inte-

grantes, dos quais 93% angolanos.

Em recente visita ao país, onde acompanhou o dis-

curso da Presidenta Dilma Rousseff na Assembleia

Nacional, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da

Odebrecht S.A., destacou: “A empresa brasileira, quan-

do vem para cá, contrata trabalhadores locais e desen-

volve a cadeia produtiva. Em nossos projetos, trazemos

brasileiros para implantar a cultura empresarial, mas,

à medida que esse processo evolui, passamos a contar

apenas com angolanos”.

Nas obras de linhas de transmissão, por exemplo,

uma parte importante foi o treinamento de trabalha-

dores angolanos da Empresa Nacional de Eletricidade

(ENE) para operar as subestações.

Montagem de turbina da Central Hidrelétrica do Gove: energia para 3 milhões de pessoas

Page 46: OI 157 pt

44 informa

O CAMINHO DOcarvão44

texto João marconDes

fotos guiLherme afonso

Page 47: OI 157 pt
Page 48: OI 157 pt

46 informa

m agosto de 2011, comboios de trens car-

regados de carvão cumpriram o trajeto da

linha ferroviária Sena-Beira, em Moçam-

bique. O percurso foi realizado por trens

da mineradora brasileira Vale, carregados

de 35 mil t do produto cada. Depois de desembarcar no

porto da cidade de Beira, o carvão foi transportado para

navio e exportado para Dubai, nos Emirados Árabes.

À primeira vista, parece um roteiro simples. No en-

tanto, fazer valer essa logística exigiu um trabalho so-

fisticado do ponto de vista da engenharia. “O que faze-

mos por aqui pode ser considerado estado da arte em

tecnologia”, comenta Paulo Horta, Diretor de Produção

da Vale.

Tete é uma cidade no interior de Moçambique. A Vale

obteve o direito de explorar uma das maiores minas

de carvão da África por 35 anos (a partir de 2007). Não

se trata de carvão comum, mas o carvão siderúrgico

(coking coal), usado na indústria do aço. É mais valio-

so e raro que o carvão térmico. A capacidade atual da

mina é de 11 milhões de toneladas de carvão (sendo 75%

coking, 25% térmico) por ano. Mas há expectativa de do-

brar essa produção.

Para a construção da mina de carvão, bem como do

porto pelo qual o material será exportado, a principal

empresa contratada para as obras civis é a Odebrecht

International. Na mina de Moatize, ela faz parte de uma

aliança na qual detém 75% da participação na obra (e a

Camargo Corrêa tem participação de 25%). No terminal

temporário do Cais 8 no Porto de Beira, a obra é da Ode-

brecht International.

Os números da construção, iniciada em 2008, im-

pressionam: 130 mil m3 de concreto; 535 mil horas de

máquinas trabalhando; 140 km de tubulações (apenas

para a mina). O Diretor de Contrato da Odebrecht Inter-

national, Paulo Brito, destaca a sinergia entre as empre-

sas envolvidas. “Nos tornamos um modelo de aliança

para a Vale, o que propicia ambiente positivo para novos

negócios e novas parcerias”, observa ele, que também

enfatiza o salto para o país: “Há grande geração de tra-

balho associada a uma significativa elevação do consu-

mo”. Osvaldo Adachi, Gerente Geral de Construção da

Vale, acrescenta: “Segundo autoridades locais, houve

um aumento de 90% no consumo de energia elétrica em

Tete. Na cidade, antes quase deserta, vários mercados

foram construídos, hotéis erguidos e a frota de automó-

veis cresceu a olhos vistos.

mudança de local dos laresA concessão da mina de Moatize, no distrito de Mo-

atize, província de Tete, ocupa uma área de 24 mil hec-

tares. Um dos maiores desafios foi a mudança de local

dos lares de mil famílias. Foram construídos dois reas-

sentamentos, com quase mil casas, escolas, feiras, pra-

ças, áreas de fazenda e pastagens. Os moçambicanos

tiveram acesso aos mais diversificados projetos sociais

desenvolvidos pela Odebrecht International e a Vale:

campanhas de combate à Aids, prevenção da malária,

capacitação profissional, educação ambiental, progra-

mas de saúde e inclusão digital.

Um dos mais significativos é o programa Ler +, lide-

rado por Claudia Andrade, Responsável por Programas

Sociais, e pelo Analista de Projetos Sociais José Piquitai,

moçambicano contratado pela Odebrecht International

com larga experiência em organizações não governa-

mentais em seu país. O programa, desenvolvido pela

Odebrecht e a Vale, trouxe uma nova e poderosa ferra-

menta para mais de mil crianças na faixa entre 8 e 12

anos de idade: a leitura (e, consequentemente, a escrita).

“Estamos em uma comunidade onde a tradição oral

é muito forte, mas não há o hábito do registro escrito.

E falamos de um país que viveu muitos fatos históricos

no passado recente”, diz Piquitai. Moçambique conse-

guiu sua independência de Portugal apenas em 1975 e

depois passou por uma guerra civil que durou até 1992.

“Há muitas histórias não escritas aqui, mas isso vai mu-

dar. Pretendemos fazer de Moatize um polo cultural.

E uma das primeiras narrativas a serem contadas é a

trajetória do carvão. Essa será registrada”, ele garante,

com orgulho.

e

O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação de 6 milhões de t/ano

Page 49: OI 157 pt

47informa

cais 8Depois de embarcado, o carvão cumpre um trajeto

de 600 km entre Moatize e Beira, uma das maiores

cidades do país, com cerca de 200 mil habitantes. A

obra do Cais 8 é complexa por ser ferroviária e portu-

ária. E tem que ser executada em tempo recorde, para

estar pronta no fim de 2011. Apesar disso, já possibili-

tou o carregamento do primeiro navio para exportação

de carvão, e o segundo deverá ocorrer em novembro

2011. “Nosso tempo é curto, menos de um ano para

realizar a obra, pois o carvão já está sendo extraído

em Tete”, diz o Diretor de Contrato da Odebrecht In-

ternational, o português Nuno Teixeira.

O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação

de 6 milhões de t/ano. A obra envolve a construção de

pátios ferroviários para trens de 42 vagões e 600 m de

comprimento; sistemas de armazenamento e de trans-

porte interno do carvão (com uma capacidade de arma-

zenamento de até 300 mil t); e o cais propriamente dito,

através do qual o carvão será embarcado e exportado.

“Depois disso, fazemos uma operação de transhipment (mudança da carga de um barco para outro), já em alto

mar, pois o porto de Beira é de águas rasas”, explica

Francisco Bender, Gerente de Construção da Vale.

O cliente da obra é a estatal Caminhos de Ferro

de Moçambique – CFM. A Vale terá direito de uso do

porto, com condições específicas. A CFM exigiu que

toda a estrutura antiga do terminal fosse desmon-

tada e armazenada para reciclagem ou reutilização

em outras obras. Trabalho imenso que durou de ou-

tubro, quando a obra foi iniciada, até o fim de novem-

bro de 2010. Só de vagões antigos e danificados pelo

tempo, foram 60 unidades desmontadas. “Foi um

esforço minucioso”, relata Mário Pelicano, Gerente

de Produção. “Nossa atuação envolveu o relaciona-

mento com muitos fornecedores locais”.

Os dias eram corridos em Beira, com sua vis-

ta monumental para o Oceano Índico (daí a grande

capacidade de exportação para Ásia, mercado alta-

mente aquecido). A Odebrecht International enviou à

cidade sua equipe de qualidade de vida e projetos so-

ciais, liderada por Cíntia Santana. Ela esteve atenta,

entre outras iniciativas, ao Programa Jovem Parcei-

ro, do qual participaram novos profissionais, como

Paulo Jonatan Guesela Mata, 22 anos, formado em

Gestão Pública em junho deste ano.

“Quem vê de fora, não consegue acreditar que o tra-

balho de tantas pessoas diferentes pode resultar em

uma coisa única”, diz Paulo Jonatan, sobre o emara-

nhado de nacionalidades que ocupa a obra. Há filipinos,

colombianos, sul-africanos, equatorianos, além, é claro,

de brasileiros, portugueses e moçambicanos. “Duvidava

que uma obra com tantas nacionalidades diferentes pu-

desse funcionar de forma tão harmoniosa”.

José Piquitai: tradição de oralidade

Page 50: OI 157 pt

48 informa

48

A CHEGADA DE UM DIA HÁ MUITO

esperadotexto emanueLa sombra fotos carLos Júnior

Dilma Marçal: em setembro, a felicidade

de apertar o interruptor e ver a luz se acender

Page 51: OI 157 pt

49informa

Partes antes inúteis do gado

abatido são aproveitadas por

um biodigestor instalado em um

matadouro no

texto renaTa meyer

esperado

Programa Luz para Todos leva energia a quem antes só podia contar com velas, lamparinas ou geradores movidos a diesel

Page 52: OI 157 pt

50 informa

ona rural de Jequitaí, município a 400 km

de Belo Horizonte: cercada por fazendas de

eucaliptos, Dilma Marçal vive em uma pe-

quena propriedade onde cria vacas e pro-

duz queijos para vender. As árvores plan-

tadas simetricamente transformam sua casa em um

ponto distante no meio de um imenso labirinto, onde a

energia elétrica chegou faz pouco tempo. Não há comér-

cio, asfalto ou barulho de trânsito. Não há vizinhos.

Há 33 anos, a agricultora vive em uma residência

simples de três cômodos e conta com o básico para

sobreviver: um fogão a lenha, uma cama, bancos de

madeira, um moedor a manivela e livros na prateleira.

Em setembro, teve a felicidade de apertar o interruptor

da cozinha e ver a luz se acender onde antes pendurava

um candeeiro a gás. Aos 55 anos, cogita, pela primei-

ra vez, comprar televisão, chuveiro elétrico, geladeira e

aparelho de som. “Tudo usado, claro.”

Com a chegada da energia elétrica, a maior felicida-

de da agricultora não é poder ver a novela ou conservar

os alimentos no freezer. Nada disso. “Meu maior pra-

zer é carregar o celular. Não aguentava mais ter que ir

até a cidade para fazer isso”, relata, sorrindo e apon-

tando para o interruptor da sala. O sinal de telefonia

chegou antes da luz elétrica na casa da agricultora.

Luz para minasRealidades como essa vêm sendo transformadas

nos rincões da zona rural mineira, pelo trabalho das

equipes do programa Luz para Todos, que levam ener-

gia a quem antes só podia contar com velas, lampari-

nas ou geradores movidos a diesel. Em Minas Gerais,

o programa do Governo Federal tem parceria com o

Governo do Estado e percorrerá um total de 85,5 mil

km de rede. Em volume de cabos aplicados, a distân-

cia é suficiente para dar cerca de duas voltas e meia

em torno da Terra.

Convertida em número de famílias beneficiadas, a

imponência da quilometragem ganha contornos so-

ciais: após a conclusão da terceira etapa do programa,

em fevereiro de 2012, mais de 285 mil novas ligações

elétricas terão sido feitas em Minas Gerais. Na tercei-

ra etapa, o Consórcio Luz para Minas – liderado pela

Odebrecht Infraestrutura - é um dos responsáveis pelo

desafio de acabar com essa exclusão elétrica e levar

mais qualidade de vida aos mineiros.

Desde a primeira etapa do programa, em 2005, a

Odebrecht participa desse sonho. “Em vez de um único

canteiro de obras, temos equipes espalhadas por um

estado inteiro”, salienta José Eduardo de Sousa Quin-

tella, Diretor de Contrato do Luz para Minas.

O desafio das equipes começa com a identificação

dos futuros beneficiados: residências, igrejas, escolas,

comércios ou centros comunitários localizados na zona

rural. Após o cadastramento, um estudo logístico é feito

nas localidades atendidas. Se o relevo é de montanhas

e despenhadeiros, o transporte do material é feito por

carro de boi e não de automóvel ou caminhão. Nessas

situações, postes de madeira costumam substituir os de

concreto, por causa das condições topográficas a região.

Em todas essas situações, os desafios são encara-

dos com entusiasmo. “Nosso trabalho não é colocar

um poste de energia próximo da pessoa. É colocar o

poste, entrar na casa dela, instalar lâmpada, pontos

de tomada”, enumera Quintella, que se emociona ao

testemunhar o primeiro contato das famílias com um

simples liquidificador ou um aparelho de som.

o prazer da companhia do rádioRaimundo da Costa é uma dessas pessoas. O apo-

sentado de 71 anos lembra-se que o rádio foi o primei-

ro aparelho que ligou na tomada, há quatro meses,

quando uma das equipes do consórcio chegou à sua

pequena propriedade rural, em Montes Claros. “Adoro

ouvir o noticiário, programas de humor e música”, diz,

enquanto põe um CD de moda caipira para tocar.

Pesquisa elaborada pelo Ministério de Minas e

Energia mostra que o aparelho de som é o terceiro item

Z

Raimundo Costa: “Adoro ouvir o noticiário”

Page 53: OI 157 pt

51informa

eletrônico mais adquirido por moradores da zona rural

que passam a ter energia elétrica em casa – 45,4% das

famílias compram o item logo que são beneficiadas. O

equipamento perde apenas para dois outros bens de

consumo eletrônicos muito comuns na casa do brasi-

leiro: a televisão (79,3%) e a geladeira (73,3%).

Superintendente de Planejamento, Estudos e Proje-

ção da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),

Ricardo Charbel vem acompanhando de perto as insta-

lações e se comove ao ver a transformação na vida das

pessoas. Lembra do aposentado que passou a receber

a visita dos netos após comprar uma televisão, da dona

de casa que passou a estudar à noite, das mulheres

que criaram uma cooperativa de costura... “Um senhor

me relatou a dificuldade de fazer uma compra, pois não

tinha o endereço de entrega. Com a conta de luz, ele

pode apresentar o comprovante residencial”, lembra.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a

chegada da energia elétrica facilita a integração de pro-

gramas sociais e permite o acesso a saneamento bási-

co, serviços de saúde e educação. Outro efeito positivo

do programa é a contenção do êxodo urbano: desde a

implementação do programa, 4,8% das famílias brasi-

leiras vieram residir em locais da zona rural atendidos

pelo Luz para Todos.

Foi o que ocorreu com a dona de casa Sara da Fonse-

ca. Após o filho mais velho passar no vestibular da Uni-

versidade Federal do Vale do Jequitinhonha, a família

mudou-se da Grande Belo Horizonte para a zona rural

de Diamantina. “Foi difícil no início. Sabíamos que serí-

amos atendidos pelo programa, mas passamos alguns

meses no escuro até a instalação. Eu sou asmática, e,

para usar o nebulizador, tinha que ir até a cidade”.

Há três meses com energia elétrica em casa, Sara

comemora. Os aparelhos eletrônicos trazidos da capi-

tal mineira – máquina de lavar, computador, chuveiro

elétrico e micro-ondas, tão comuns nas residências da

classe média – já podem ser utilizados. “Para nós, que

tínhamos um bom padrão de vida, passar um tempo

sem luz foi perceber que há prazer nas mínimas coisas.

Depois do Luz para Todos, acessar a internet ou ver um

filme ganhou outro significado.”

Em Minas, o nome do programa é levado à risca.

Embora, de acordo com estatística nacional, 90% das

famílias atendidas tenham renda inferior a três salá-

rios mínimos, o Luz para Todos não discrimina cidades

ricas ou pobres. Somente na terceira etapa, 544 muni-

cípios mineiros vêm sendo atendidos simultaneamen-

te. “A Odebrecht teve participação muito importante

na execução do Programa Luz Para Todos. Em tempo

recorde, conseguimos realizar o maior programa de

eletrificação rural de toda a história da nossa empre-

sa”, acredita Djalma Bastos de Morais, Presidente da

Cemig.

Trabalhadores que atuam no programa Luz para Todos em Minas Gerais: implantação de 85,5 mil km de rede

Page 54: OI 157 pt

52 informa

O Prefeito Julio Romano e trabalhadores do matadouro: biodigestor fortalece a economia de La Candelaria

52

A ENERGIA DA

pecuáriatexto Luiz carLos ramos fotos hoLanDa cavaLcanTi

Page 55: OI 157 pt

53informa

pecuária

Partes antes inúteis do gado abatido

são aproveitadas por um biodigestor

instalado em um matadouro no

povoado argentino de La Candelária

Argentina, um dos maiores pro-

dutores e exportadores de carne

do mundo, vive a experiência de

transformar em energia uma par-

cela antes inútil de componentes

do boi. A economia de La Candelaria, povoado da

província de Salta, junto à Cordilheira dos Andes

e perto do Chile e da Bolívia, gira em torno da

pecuária. Os rebanhos de pequenos fazendeiros

garantem carne e leite. E mais: de cada animal

abatido, são usados os ossos, para adubo; os

chifres, para artesanato; e o couro, para sapatos,

bolsas, roupas e tapetes. Nesse tranquilo rincão

de 2 mil habitantes, a recente novidade é que até

o sangue e os órgãos do boi são aproveitados, em

vez de descartados: sugados para um biodiges-

tor, transformam-se em gás, gerando energia

para uma caldeira aquecer a água do matadouro

e economizar eletricidade, sem danos ao meio

ambiente.

Passa por La Candelaria um dos gasodutos

implantados pela Odebrecht, parte da rede que

corta o país de norte a sul, de oeste a leste. Uma

unidade compressora do setor norte havia sido

instalada a alguns quilômetros da cidade. Com

o objetivo de apoiar a comunidade, a Odebrecht

formou um grupo de trabalho para instalar um

biodigestor de 30 m3 – uma miniusina de biogás.

Aprovada a ideia, só faltava definir o local. Optou-

-se pelo matadouro municipal, cujas condições,

então precárias, constituíam um desafio a mais.

“Antes, o matadouro era limitado quanto à hi-

giene e às condições de trabalho”, relembra o

recém-reeleito Prefeito de La Candelaria, Julio

Romano, 40 anos, no cargo há quatro anos. Ele

conta: “Com a reforma das instalações e com a

implantação do biodigestor, tudo ficou mais lim-

po, mais prático, mais seguro”. Em junho des-

te ano, a nova fase do matadouro foi inaugurada

com a presença do Governador de Salta, Juan

Manuel Urtuvey.

inspeção de veterinárioO matadouro funciona em dois dias da sema-

na e abate em média 15 bois por dia. Esse total

aumentará, pois cresce a produção de gado na

região para abastecer parte dos açougues do sul

a

Page 56: OI 157 pt

informa

de Salta e do norte da província vizinha, Tucu-

mán. “Pelo trabalho completo, é cobrada uma

taxa de 40 pesos (R$ 20,00) do dono de cada

animal abatido”, explica o Gerente Alejandro

Melián: “Esse preço inclui a limpeza da carcaça,

que fica 24 horas em uma câmara frigorífica an-

tes de seguir para o consumo. Logo será possível

abater também cabritos, cordeiros e leitões da

região.”

Damián Leal, Ruben Dario Aguilera e Luis

Jurado, funcionários do matadouro, estão de

acordo quanto aos benefícios da reforma. “Com

o biodigestor, é aquecida a água para a limpeza

das instalações e para nosso banho após o tra-

balho”, ressalta Damián. “Antes, a água era fria”,

relembra Ruben Dario. “Acabou o mau cheiro do

tempo em que os restos do boi eram queimados

por aqui”, conta Luis. O veterinário Martin Syan

vai de San Miguel de Tucumán a La Candelaria

para inspecionar os animais em dias de abate.

Ele relata: “O local já melhorou muito, está mais

higiênico com o novo piso e com biodigestor. Os

animais passaram a ser abatidos com a ajuda de

uma descarga elétrica na cabeça, evitando o so-

frimento do antigo sistema de facas”.

Maurício Barbosa Peres, Gerente de Admi-

nistração e Finanças da Odebrecht no projeto

de ampliação de gasodutos, recorda o trabalho

mantido pela empresa nos últimos anos para

instalar dutos, construir compressores ao longo

das linhas e apoiar comunidades: “Em 2008, ti-

vemos a ideia de implantar um biodigestor em

alguma cidade. Depois de estudos, decidiu-se

pelo matadouro de La Candelaria”. A quantidade

atual de gás do biodigestor é mínima em relação

à imensidão da rede que abastece o país, mas

serve de exemplo para outros matadouros da

América do Sul: “É um modo de gerar energia e

preservar o meio ambiente”.

Guillermo Flanigan, argentino de Buenos Ai-

res, Responsável por Administração da Ode-

brecht no projeto de ampliação dos gasodutos,

explica: “Em La Candelaria, pensamos inicial-

mente em usar a escola municipal para instalar

o biodigestor, mas os técnicos concluíram que o

matadouro seria o local ideal, por dispor de pro-

dutos para transformação em gás. O sangue e os

órgãos teriam grande utilidade. Então, negocia-

mos com o prefeito e com empresas parceiras”.

Jovens engenheiros ambientaisUma das parceiras é a IBS Córdoba, que esca-

lou três jovens argentinos especialistas em enge-

nharia ambiental – Tomás Portela e Lucas Caris-

simi, ambos de 27 anos, e Luz María Tebaldi, de

29 – para coordenar os trabalhos de instalação e

do biodigestor em La Candelaria. “O matadouro

precisava mesmo de uma reforma”, argumen-

ta Tomás. “Em seis meses de trabalho, no início

deste ano, tudo ficou pronto”, diz Lucas. A enge-

nheira comenta que foi preparado um Manual de

Operação do Biodigestor, entregue ao prefeito e

aos funcionários do matadouro. A IBS já festeja a

notícia do interesse de empresas do Panamá e da

Costa Rica em aplicar esse sistema na América

Central.

O processo de La Candelaria teve respaldo de

um órgão governamental argentino, o Instituto Na-

cional de Tecnologia Agropecuária (Inta), do qual

Alejandro Saavedra, especialista em tecnologias

alternativas, é integrante. “Acompanhamos todas

as ações e concluímos que esse projeto traz be-

nefícios para a produção pecuária, além de gerar

energia limpa e propiciar também o uso de produ-

tos do gado como modalidade de biofertilizante.”

Marina Gonzalez Ugarte, que coordena os pro-

gramas sociais e de sustentabilidade na Odebrecht

Argentina, fez várias viagens de Buenos Aires a La

Candelaria ao participar do projeto do biodigestor.

Em outubro, ela foi a um almoço oferecido a visi-

tantes pelo Prefeito Julio Romano e sua esposa,

Maxima, e verificou o entusiasmo do município

com as mudanças ocorridas nos últimos meses.

“A comunidade está animada, pode investir mais e

melhorar sua qualidade de vida”, salienta Marina.

O prefeito, pequeno produtor rural, leva em

conta as conquistas trazidas pelo biodigestor e já

idealiza outros meios de La Candelaria gerar em-

pregos. “Temos bom clima, lindas paisagens, óti-

mo vinho e uma rica culinária. Dá para atrair mais

visitantes argentinos e estrangeiros. Empresários

italianos já investem por aqui, como fizeram ali na

Estancia El Milagro, que, aprimorada, tem hospe-

dado europeus.”

54

Page 57: OI 157 pt

55informa

O OLHAR LÁ NO

altotexto Luiz carLos ramos

fotos hoLanDa cavaLcanTi

Ampliação da capacidade produtiva de petroquímica da YPF

em La Plata é um apoio de peso na atual fase de crescimento da

economia da Argentina

Ensenada: trabalhos são realizados com a refinaria da YPF em completo funcionamento

Page 58: OI 157 pt

56 informa

atual ciclo de desenvolvimento econô-

mico da Argentina ganhará, a partir de

agosto de 2012, expressivo apoio: a am-

pliação da produção de uma das princi-

pais petroquímicas do país, que terá sua

capacidade de processamento de gasolina aumentada

em até 60%, passará a produzir compostos aromáticos

(BTX) e potencializará a produção de gasolina de alta

qualidade. O projeto, executado pela Odebrecht para a

ex-estatal argentina YPF (Yacimientos Petroliferos Fisca-

les) no município de Ensenada, na região metropolitana

de La Plata, está na etapa final. Trata-se do primeiro pro-

jeto de unidade de reforma de catalítico contínuo (CCR)

na Argentina, uma nova e moderna estrutura montada

dentro das instalações originais da YPF.

Odebrecht Informa visitou Ensenada e presenciou o

pulsar de uma obra que avança sem prejudicar a atual

produção do complexo petroquímico. Centenas de ope-

rários argentinos, brasileiros e de outros países sul-

-americanos transformam setores, constroem torres e

instalam gigantescas linhas de dutos, em uma revolu-

ção simbolizada pela nova tocha de 115 m de altura que

funcionará a 1.300 metros da antiga (que será desativa-

da). O fogo da tocha tem a função de eliminar os gases

sem valor comercial.

Carlos Alberto Coutinho, Diretor de Contrato, confir-

ma o ritmo acelerado e explica: “Para poder preparar

a conexão entre o setor antigo e o novo, fizemos uma

parada técnica em quatro unidades, por 30 dias, de

meados de maio até meados de junho, e tudo correu

bem. Essa obra faz parte de um esforço para aumentar

a produção de combustível e, com isso, atender à cres-

cente demanda de um país que vive grande evolução

econômica”.

A YPF é uma empresa do grupo espanhol Repsol,

que detém 57,43% das ações, mas que, desde 2008,

está sendo conduzida pelo grupo argentino Petersen,

da família Eskenazi, que possui 25,46% das suas ações,

além da sua gestão, com os 17% restantes na Bolsa de

Valores. O projeto realizado para a YPF em Ensenada

está baseado em três etapas: inicialmente, por meio do

CCR, será possível aumentar a produção de gasolina;

a segunda etapa consiste em ajustar as instalações

atuais; e a terceira representa a interligação das novas

instalações com as antigas. “O resultado será uma pe-

troquímica com equipamentos de última geração”, diz

Coutinho.

o coração da unidadeO engenheiro civil argentino Pablo Brottier, da

Odebrecht, Responsável por Novos Negócios na

estrutura do Diretor-Superintendente da Odebre-

cht na Argentina, Flávio Faria, e até agosto de 2011

Diretor do projeto executado em Ensenada, conta

que o CCR, com as novas instalações em fase de

construção, pode ser definido como o “coração” da

unidade de processo de naftas virgens – que produz

compostos aromáticos.

“Na atualidade, a petroquímica precisa de uma

parada técnica por ano para recondicionar o catali-

sador”, diz Brottier. “Já a nova unidade, por contar

o

Atmosfera multinacional: trabalhadores argentinos, brasileiros e de outros países sul-americanos participam do projeto

Page 59: OI 157 pt

57informa

com a regeneração contínua do catalisador, permi-

tirá ampliar o ciclo operacional para quatro anos.

Dessa forma, o equipamento não perde rendimen-

to. O aumento da produção em 60% é explicado com

base nesse benefício e na modernização de todo o

complexo de Ensenada.” Ele ressalta que a para-

da técnica de adaptação envolveu quatro enormes

guindastes, 26 máquinas novas, seis torres de pro-

cessamento, 76 t de tubos, 700 válvulas, 38 t de no-

vas estruturas e mais de 13 mil m de cabos”.

Esteban Trouet, nascido em Córdoba, Gerente

de Construção do projeto, explica que um dos de-

safios para esse trabalho foi a evidência de que a

obra seria levada adiante em reduzido espaço físico

e com a petroquímica em funcionamento. “Conse-

guimos completar etapas importantes, por meio

de soluções criativas e seguras”, recorda Trouet,

participante do Programa de Desenvolvimento de

Empresários (PDE) da Organização Odebrecht em

2009. Os novos equipamentos da refinaria, fabrica-

dos na Argentina, no Brasil, na Itália, na Coreia do

Sul, no Japão, na China e nos Estados Unidos, farão

de 2012 um marco histórico no processo centenário

da luta pela energia petrolífera na nação argentina.

Ensenada entra nessa história como sinônimo de

evolução.

Page 60: OI 157 pt

58 informa

enerGIa: novos paradIGmas

aRGUMentO

58

Mais importante que os recursos energéticos que o Brasil possui, são o conhecimento e as tecnologias que venham a ser desenvolvidos

Page 61: OI 157 pt

59informa

José Luiz alquéresé engenheiro civil e consultor

maginar cenários futuros para a economia e

a sociedade sempre foi algo fascinante. Já

foi o tempo em que isso era matéria apenas

para escritores de ficção científica ou de ro-

mances juvenis. Hoje, com o apoio de muitas

ferramentas de tecnologia, especialistas das mais

variadas áreas a ele se dedicam, porque seu conhe-

cimento é vital para a análise de uma série de in-

vestimentos, especialmente em infraestrutura.

Entre os campos da infraestrutura, depois dos

recentes e constantes avanços na tecnologia de

informação e nas comunicações, o setor de ener-

gia será o que mais novidades trará. Elas decor-

rerão, principalmente, da necessidade de redução

do impacto ambiental na produção e no consumo.

O mundo hoje tem 7 bilhões de habitantes e, nos

próximos 25 anos, esse número aumentará para 9

bilhões – que serão, na maioria, moradores das ci-

dades, e estarão acessando o mercado de energia

diretamente. Mantendo a tendência atual, a tempe-

ratura média da Terra aumentará de quatro graus

centígrados no período em decorrência dos gases

emitidos.

As consequências seriam tão nefastas, sobretu-

do para as economias em desenvolvimento e do he-

misfério sul, que algo terá de ser feito para manter

esse aumento de temperatura inferior a dois graus

centígrados (o que já seria muito). Apesar dos avan-

ços modestos das conferências mundiais sobre o

clima, acredita-se que os fatos imporão um novo

comportamento aos agentes econômicos e gover-

namentais.

No plano das medidas objetivas, seria essencial,

entre outras coisas, haver enorme racionalização do

consumo, aumento do peso das energias renováveis

na produção, maior uso de gás natural de origem

geológica diversa da atual (shale oil), produção mais

descentralizada de energia (geração eólica, painéis

fotovoltaicos) e toda uma nova concepção das redes

de distribuição de eletricidade e gás, associando-se

a isso um intenso uso de eletrônica para monitora-

mento das instalações de consumo (smart-grids).

Hoje, cerca de 50% do total da energia consumida é

destinada às edificações residenciais, comerciais e

industriais. Portanto, esse segmento deve ser a pri-

meira prioridade (melhor iluminação, mais conforto

térmico, mais isolantes em relação ao exterior etc.).

Continuará a existir a necessidade da geração de

grandes blocos de energia para usos concentrados

(especialmente nos processos industriais que hoje

absorvem 25% do total da energia) e, nesse campo,

formas mais limpas – das energias da biomassa,

mas, principalmente, das usinas nucleares, que

continuarão a ser necessárias. As perspectivas das

tecnologias de captura econômica das emissões de

CO2 ainda não aparentam ser competitivas, o que é

preocupante perante o enorme consumo da China e

da Índia, que se urbanizam e se industrializam ace-

leradamente e têm no carvão seu principal energé-

tico. Mesmo com todo o esforço para economizar os

combustíveis fósseis, eles continuarão a desempe-

nhar um grande papel.

No segmento de transporte, responsável por

25% do consumo total de energia, as questões de

mobilidade urbana deverão implicar crescentes

restrições ao uso de automóveis nas cidades, au-

mento do número de carros elétricos e do trans-

porte de massa eletrificado nos grandes centros.

A utilização de meganavios e uso mais intenso das

malhas ferroviárias, conjugados a ganhos crescen-

tes na logística, serão imprescindíveis.

Tudo isso aponta para o crescente aumento no

preço da energia, impondo a viabilização de tec-

nologias mais racionais e eficientes pelo lado do

consumo (lâmpadas, geladeiras, aquecedores, apa-

relhos de condicionamento do ar) e pelo lado da

produção. As exigências ambientais estabelecerão

custos crescentes de produção – seja no Brasil,

onde abundam recursos renováveis, seja no exte-

rior. Os gastos em pesquisa no campo de energia

solar e outras formas sustentáveis se ampliarão.

Um novo futuro está a caminho, e temos que

encarar as mudanças como oportunidades. Os re-

cursos energéticos que o Brasil possui são impor-

tantes, mas, mais importante ainda, será o peso do

conhecimento e das tecnologias que venham a se

desenvolver.

i

59informa

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60 informainforma60

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veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da organização odebrecht no brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas

a nação corintiana se prepara para ganhar seu estádio, palco da abertura da copa do mundo

em angra dos reis, a emoção que toma conta das famílias que voltam a ter um lar

mIa mover: um projeto que simboliza a convicção na intermodalidade como solução

as ações e as reflexões de James eldridge, maria José araque e monica evangelista

fabiano Zillo e a experiência na adaptação a novas situações de trabalho e de vida

Inaugurada a biblioteca hertha odebrecht, espaço para integrantes da organização e para eventos públicos

no assentamento margarida alves, em Ituberá, uma prova de que a união é o caminho da transformação

a trajetória de 2.500 anos do dinheiro contada em uma exposição realizada em salvador

augusto roque e o conhecimento adquirido em experiências desafiadoras vividas mundo afora

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Crianças jogam bola na quadra poliesportiva do

condomínio Cidadão Japuíba, em Angra os Reis (RJ)

Page 64: OI 157 pt

cOpa 2014

a casa da FieL Após 101 anos de espera,

estádio do Corinthians sai do papel e é o escolhido para abrir a Copa do Mundotexto Julio cesAr soAres e KArolinA Gutiez

62 informa

Page 65: OI 157 pt

63informa

A lenda diz que, de maio a se-

tembro de 1910, uma série de

reuniões entre cinco operários

na esquina das ruas Conêgo Martins

e dos Imigrantes, no bairro paulistano

do Bom Retiro, sob a luz de lampiões,

fez nascer o Sport Club Corinthians

Paulista. No dia 1º de setembro da-

quele mesmo ano, o nascimento foi

oficializado com a ata de fundação do

clube – “do Brasil, o mais brasileiro”,

como entoam seus torcedores, cha-

mados de fiéis, ao cantarem o hino. Daí

em diante, são 101 anos de “tradições

e glórias mil”: mais de 40 títulos entre

campeonatos estaduais, interestadu-

ais, nacionais e o Mundial de Clubes da

FIFA, em 2000. Conquistas comemora-

das por milhões de “loucos”, como se

autodefinem seus seguidores, entre

eles alguns dos personagens desta

reportagem e a equipe de Odebrecht

Informa que a produziu. Mas nunca em

território próprio.

A nação alvinegra acalenta há um

século o sonho de possuir seu próprio

estádio. Hoje sede do clube, o Parque

São Jorge acolheu partidas importan-

tes até a década de 1960. Desde então,

alguns projetos audaciosos de arenas

foram encabeçados por diversos diri-

gentes do Corinthians, sem sucesso.

Enquanto o estádio não saía do papel,

o clube alugava (e alugará até o fim da

Copa do Mundo de 2014) o Estádio Mu-

nicipal do Pacaembu, de propriedade

da Prefeitura de São Paulo.

O arquiteto Aníbal Coutinho, do es-

critório Coutinho, Diegues e Cordeiro

Arquitetos, tinha um projeto de retrofit

para o Pacaembu, ou seja, a sua reno-

vação completa, para que se tornasse

a casa definitiva do Timão. A Odebre-

cht tinha intenções semelhantes, com

um projeto sofisticado para o Paulo

Machado de Carvalho (nome oficial do

estádio), mas o clube não obteve a con-

cessão necessária por parte da Prefei-

Ilustração mostra o estádio quando pronto. No canto inferior esquerdo, uma montagem insere entre os torcedores o ex-Presidente Lula, corintiano de coração, e o Presidente do clube, Andrés Sanchez, que revela, nesta reportagem, seu desejo de ir para a arquibancada com a Fiel

Page 66: OI 157 pt

64 informa

tura. “Aí a relação entre Corinthians,

Odebrecht e o escritório de arquitetura

já tinha se estabelecido. Fomos atrás

das melhores condições para concre-

tizar esse desejo”, conta Luis Paulo

Rosenberg, Diretor de Marketing do

clube há quatro anos, torcedor do Co-

rinthians desde que nasceu.

Bairro está na história do clubeAs melhores condições estavam

em Itaquera, na Zona Leste da capi-

tal paulista, onde se decidiu construir

um novo estádio. O bairro faz parte da

história do time: o ex-presidente co-

rintiano Vicente Matheus conquistou a

cessão da área em 1979, na gestão do

então Prefeito Olavo Setúbal. Até pou-

co tempo, abrigava o centro de trei-

namento dos juvenis do Corinthians,

além de ter sido um local cogitado nos

estudos de alguns dos projetos ante-

riores. “Tentamos um acordo com a

Prefeitura para unir os dois escopos

do Pacaembu, mas vimos que Itaque-

ra era a melhor opção”, relata Luiz

Paulo Rosenberg.

O estádio será construído em uma

área de 198 mil m². De formato retan-

gular, terá cobertura de 7 mil t sem,

contudo, parecer pesado. “A arena terá

leveza, como se estivesse pairando,

sustentada pelo ar. Terá monumentali-

dade”, salienta Rosenberg. A estrutura

é vazada de norte a sul; a oeste será

construído um prédio que abrigará ca-

marotes, estacionamento e áreas de

serviço, entre outras instalações. A les-

te, na mesma altura que o prédio oeste,

ficará uma das arquibancadas. As ou-

tras, com altura menor, ficarão atrás

dos gols. “São mais de 48 mil assentos

ao todo, divididos entre arquibancadas,

camarotes e áreas vip”, explica Frede-

rico Barbosa, Gerente de Operações do

contrato.

Parte do efetivo de trabalhadores,

que contará com 2 mil integrantes no

pico dos trabalhos, será do entorno do

projeto. “Já iniciamos uma versão do

Programa Acreditar e capacitamos 300

pessoas entre ajudantes, carpinteiros,

pedreiros e armadores”, informa Fre-

derico.

copa do mundo de 2014Durante as negociações para a re-

alização do projeto, o estádio passou a

ser aventado para sediar a abertura da

Copa do Mundo de 2014. A confirmação

pela Fifa foi dada em outubro de 2011,

o que exigirá algumas obras, como a

elevação do número de assentos para

65 mil, a adaptação da sala de impren-

sa para receber 5 mil profissionais e a

segurança do estádio, que será visitado

durante o evento por mais de 30 dele-

gações de chefes de estado. A obra es-

tará concluída em dezembro de 2013.

Segundo estudo realizado pela con-

sultoria Accenture, a abertura da Copa

do Mundo 2014, em São Paulo, terá o

impacto econômico de R$ 30 bilhões

ao longo de 10 anos, em especial na

Zona Leste, a mais populosa da cidade

e carente de infraestrutura e investi-

mentos. “A Arena será um dos indu-

tores de um processo que irá elevar a

qualidade de vida da população da re-

gião, pois vai estimular investimentos

em obras de mobilidade, a instalação

de instituições de ensino e empresas e

a consequente geração de oportunida-

des de trabalho”, argumenta Benedicto

Junior, Líder Empresarial da Odebre-

cht Infraestrutura. “Esse movimento já

pode ser verificado com a valorização

imobiliária da Zona Leste”, completa

Benedicto, “torcedor apaixonado”.

Para Antonio Roberto Gavioli,

Diretor de Contrato, o estádio con-

tribuirá para fortalecer a imagem

da Organização. “A exposição é

enorme. Temos mais de 30 milhões

de clientes”, brinca ele, referindo-

-se ao número de corintianos no

país. “Além disso, vamos construir

o estádio de abertura da Copa do

Mundo de 2014.” Gavioli destaca o

orgulho da equipe em participar de

uma obra tão importante para a ci-

dade, para o estado e para o país.

“É a oportunidade de a Odebrecht

As arquibancadas e o local onde estará o gramado: imagens do nascimento de um estádio. Abaixo, Aníbal Coutinho e a projeção da obra quando pronta: arquiteto visitou os maiores estádios dos Estados Unidos e da Europa

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ru

Page 67: OI 157 pt

65informa

atingir camadas da sociedade que

antes pouco nos conheciam.”

A assinatura do contrato aconteceu

no último dia 3 de setembro, durante

as comemorações dos 101 anos do

clube. Uma festa com a presença do

ex-presidente da República e atual

Presidente da República Popular do

Corinthians, Luiz Inácio Lula da Silva,

marcou o evento, que teve ainda 30 mil

torcedores na entrada do canteiro, nú-

mero digno de um dia de clássico.

Da torcida ao presidente do clube,

todos aguardam com ansiedade o novo

estádio. “Quero minha casa, quero que

esse sonho se torne realidade”, diz

Sidnei Beires, de 28 anos. Morador do

bairro de Cangaíba, a cerca de 10 km

da futura arena, Sidnei é um dos orga-

nizadores do encontro mensal realiza-

do na porta da obra: o churrasco em

que a entrada é gratuita e cada um leva

o que for consumir.

“A ideia surgiu durante um encontro

próximo ao Pacaembu, que realizamos

há dois anos”, conta Silvio Oliveira,

também organizador do evento. “Para

vir, basta ser corintiano”, diz. E com-

pleta: “Não estamos aqui para apenas

acompanhar o andamento da obra,

mas para celebrar, para estar perto e

fazer parte dessa história”. Tanto Sid-

nei quanto Silvio imaginam-se no fu-

turo estádio, torcendo pelo Corinthians.

Assim como Andrés Sanchez Navar-

ro, Presidente do clube e sócio desde

1969. “Eu quero estar lá com os torce-

dores, na arquibancada”, vislumbra. E

como Benedicto: “Com certeza estarei

no estádio no primeiro jogo do Timão e,

como outros milhares de loucos, vou

olhar com orgulho a grande casa cons-

truída em Itaquera”.

Um divisor de águasIr a qualquer estádio brasileiro é,

antes de tudo, uma prova de amor ao

clube por parte dos torcedores. A infra-

estrutura deficiente, o difícil acesso e

as poucas opções de lazer antes e de-

pois dos jogos costumam afastar parte

da torcida. Para Andrés, o estádio do

Corinthians é um divisor de águas no

esporte brasileiro. “Será algo impres-

sionante no futebol do país, acima do

nível europeu”, assegura o presiden-

te. O ideal do projeto é tornar a ida ao

estádio algo prazeroso na vitória ou na

derrota. “Queremos ir além do ‘local

para ver um jogo’. Dar conforto aos

espectadores, acesso fácil e rápido às

cadeiras e às dependências do estádio,

oferecer outros serviços. Proporcionar

ao torcedor uma experiência comple-

ta”, destaca Aníbal Coutinho.

Serão telões de alta definição e te-

las espalhados por todo o estádio, nas

lanchonetes, nos sanitários (todas as

áreas internas terão ar condicionado)

Page 68: OI 157 pt

e demais instalações, para garantir

que, mesmo longe de sua cadeira, o

espectador assista à disputa. “Dife-

rentemente de um jogo de basquete

ou beisebol, com longa duração, o fu-

tebol tem partidas curtas. Por isso, o

torcedor não costuma sair do assento,

para não perder nenhum lance. Com

o sistema wireless cobrindo todo o

estádio, será possível pedir lanches

de sua cadeira, pagar com cartão de

crédito e recebê-los ali mesmo, sem

levantar”, antecipa Aníbal. O arquiteto

tem visitado há 20 anos os maiores

estádios dos Estados Unidos e da Eu-

ropa para conhecer suas operações, o

funcionamento nos dias de evento e os

tipos de gramado.

Toda essa estrutura e essas faci-

lidades vão custar ao clube R$ 820

milhões. Desse valor, R$ 400 milhões

serão financiados pelo Banco Nacio-

nal de Desenvolvimento Econômico

e Social (BNDES), que por decisão do

Governo Federal disponibiliza emprés-

timos de até esse montante para cada

cidade que sediar jogos da Copa do

Mundo, para uma Sociedade de Propó-

sito Específica (SPE) constituída para

desenvolver o projeto. A SPE utilizará

o empréstimo do BNDES para custear

parte dos investimentos necessários à

construção do estádio e esse valor será

integralmente pago ao banco com as

receitas futuras geradas pela explora-

ção do estádio.

A SPE também será a cotista sênior

de um Fundo de Investimento Imobiliá-

rio (FII), titular do estádio, que também

tem o direito de receber os Certificados

de Incentivo ao Desenvolvimento (CID),

incentivos baseados em um mecanis-

mo criado em 2004 pela Prefeitura de

São Paulo para estimular investimen-

tos na Zona Leste. Os certificados têm

valor equivalente a 60% do investimen-

to total. O investidor que tiver esses

certificados poderá utilizá-los como

forma de pagamento de ISS (Impos-

to sobre Serviços) e/ou IPTU (Imposto

Predial Territorial Urbano) no municí-

pio de São Paulo. No caso do estádio

do Corinthians, o valor dos CIDs foi li-

mitado a R$ 420 milhões, independen-

temente do montante final da constru-

ção. Os certificados terão validade de

até 10 anos. “Outros empreendimentos

receberão apoio por meio dos CIDs e,

com o estádio, trarão desenvolvimento

para a Zona Leste”, explica o Prefeito

de São Paulo, Gilberto Kassab, após

assinar a lei por meio da qual são con-

cedidos os incentivos fiscais ao projeto,

em ato realizado em julho no canteiro

de obras. As receitas antecipadas do

estádio, incluindo aquelas associadas a

patrocínios, poderão ser utilizadas para

custear parte dos investimentos, caso

as outras fontes não sejam suficientes.

A Odebrecht deu as garantias

necessárias para viabilizar o negó-

cio: se faltarem recursos durante a

construção, a empresa comprará

cotas do FII, para aportar o investi-

mento faltante. O clube também é

cotista do fundo.

A criação de um FII é comum no

mercado imobiliário, mas inédita no

financiamento de arenas. “Buscamos

essa solução, pois no Brasil existe a

dificuldade de os bancos realizarem

empréstimos diretamente a clubes”,

explica Felipe Jens, Diretor-Presidente

da Odebrecht Investimentos e Partici-

pações.

“Há 67 anos a Odebrecht desen-

volve, além de grandes projetos de

engenharia, soluções de engenharia

financeira. E não é sempre que o clien-

te de um grande projeto de infraestru-

tura tem os recursos necessários à

sua execução disponível no momento

da contratação. Embaixo de um braço

carregamos a solução de engenharia

e, do outro, a da engenharia financeira.

Uma não caminha sem a outra”, afirma

Felipe, que completa: “Apostamos que

o mercado futebolístico vai se desen-

volver no Brasil. Começam a circular

no mercado financeiro as discussões

sobre a eventual abertura de capital

dos clubes, e isso envolverá grandes

quantias, uma vez que os investidores

são também grandes torcedores”.

Nesse novo cenário, o sonho de

101 anos de uma nação com mais

de 30 milhões de pessoas está cami-

nhando para se tornar realidade.

66 informa

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Andrés Sanchez: “Eu quero estar lá

com os torcedores, na arquibancada”

Em pé, da esquerda para a direita, Francisco das Chagas Lopes (Mestre Pará), Ricardo Corregio, Frederico Barbosa, Antonio Gavioli e Domingos Sávio de Araújo; agachados, Joel Santos, Jason Oliveira, Almir Fontenele de Araújo, Felipe Pacífico Ferreira e Gilson Guardia: integrantes do time da Odebrecht no projeto

Page 69: OI 157 pt

67informa

É muito bom estar aqui

haBitaçãO

Vamos entrando, mas não re-

parem a desordem, porque

ainda estamos arrumando a

casa!” Foi assim que Juraci Fátima

de Souza, 53 anos, recebeu nossa

equipe de reportagem em seu novo

apartamento no Condomínio Cida-

dão Japuíba, em Angra dos Reis

(RJ). Ela, o marido Alcenyr Oliveira

Lage, 69 anos, e o pai Glicério de

Souza, 75 anos, haviam se mudado

para o novo lar em 9 de setembro,

poucos dias antes da nossa visita.

“Recebemos a chave no dia 15 de

agosto”, conta Juraci, com alegria.

A família de Juraci foi uma das

que sofreram com as chuvas e os

deslizamentos de terra ocorridos

em 31 de dezembro de 2009 em

Angra dos Reis. Ela morava no

Morro do Perez, próximo ao centro

da cidade. Sua casa não chegou a

cair, mas estava em uma área de

risco. “Construímos aquela casa

com muito esforço, mas tivemos

de sair. Nossa vida é muito mais

importante. Graças a Deus não ti-

vemos perdas humanas”, diz. Hoje,

em um novo ambiente, o senti-

mento é de recomeço: “Não via a

Moradores de angra dos Reis que tiveram suas casas destruídas pelos deslisamentos em 2009 recebem suas novas moradias

texto edilson liMA fotos bruno veiGA

Meninos andam de bicicleta no condomínio Cidadão Japuíba: o sentimento das famílias é de recomeço

Page 70: OI 157 pt

hora de receber meu apartamento.

Vamos continuar nossas vidas”.

Problemas de saúde surgidos

há cinco anos fizeram com que seu

Glicério passasse a usar cadeira

de rodas. Ao falar da nova mora-

dia, ele é enfático: “Tudo aqui está

ótimo. Estou gostando muito, prin-

cipalmente de passear”. Alcenyr

completa: “No morro, até para fa-

zer as compras do mês dava traba-

lho, pois tínhamos de subir muitas

escadas. Aqui é plano, bem organi-

zado, tem outra estrutura”.

História semelhante é a de Ro-

sineide Maria da Silva, 28 anos. Na-

tural de Recife, ela chegou a Angra

dos Reis há cinco anos. Morava no

Morro da Cruz com seu marido

Antônio Gomes de Oliveira e três

filhos. No dia dos deslizamentos,

estavam todos dormindo quando o

filho mais velho (hoje com 6 anos)

foi até o quarto dos pais avisar que

a cozinha estava “caindo”. Rosinei-

de relembra: “Corri e vi que a cozi-

nha estava cheia de lama, o fogão

e a geladeira estavam destruídos.

Foi desesperador”.

Rosineide teve a casa interdita-

da pela Prefeitura e passou, desde

então, a morar com a família em

uma unidade disponibilizada pelo

Programa Recomeçar, também

conhecido como “aluguel social”.

Esse benefício foi criado pela Pre-

feitura de Angra para ajudar as

famílias que perderam a mora-

dia nos deslizamentos. O valor do

auxílio é de um salário mínimo

(R$ 545), concedido um por uni-

dade durante até 180 dias. Em 17

de setembro de 2011, Rosineide se

mudou para a nova casa, no quarto

andar do bloco 1, no mesmo con-

domínio de Juraci. “Olha, isso aqui

é muito bom, viu? Ainda nem acre-

dito que esse apartamento é meu.

Estou vivendo um sonho”, diz ela,

olhando para os dois filhos mais

novos, Vitória, de 1 ano e seis me-

ses, e Vitor, de 3 anos.

a eficiência do método construtivoSegundo a Subsecretaria de

Desenvolvimento Urbano de Angra

dos Reis, os deslizamentos provo-

caram a morte de 53 pessoas; mil

pessoas ficaram desabrigadas e

outras 4.500 foram desalojadas de

suas residências por estarem em

áreas de risco. Por isso, foi emer-

gencial a ação das autoridades pú-

blicas para acolher as pessoas que

precisavam de apoio. O primeiro

passo foi acomodá-las nos cha-

mados aluguéis sociais. O segundo

procedimento foi construir 800 uni-

dades habitacionais o mais rápido

possível. Para isso, foi necessária a

integração da Prefeitura de Angra

dos Reis, da Secretaria de Estado

de Obras (Seobras) e do Ministério

da Integração Nacional em parce-

ria com a iniciativa privada.

Angra dos Reis tem 365 ilhas

em seu litoral, das quais a maior

e mais famosa é a Ilha Grande. Tu-

ristas do Brasil e do mundo visitam

a cidade para conhecê-las. O terri-

tório da cidade, porém, é constitu-

ído predominantemente por mor-

ros. “Nossa morfologia não nos

oferece áreas propícias o suficiente

para a habitação”, diz Cassio Velo-

so de Abreu, Subsecretário de De-

senvolvimento Urbano da cidade.

“Cerca de 70% das moradias são

irregulares. Com os deslizamen-

tos de 2009, aumentou ainda mais

a nossa responsabilidade. Essas

800 unidades habitacionais ainda

não são o bastante. Representam

apenas o começo de um longo tra-

balho.”

Para construir as 800 mora-

dias, a Seobras contratou o Con-

sórcio Angra Melhor, formado por

Odebrecht Infraestrutura e Bairro

Novo, marca da Odebrecht Reali-

zações Imobiliárias (OR) voltada ao

segmento econômico. “A emergên-

cia da situação levou os integrantes

das duas empresas a dialogarem e Juraci, o marido, Alcenyr, e o pai, Glicério: “Não via a hora de receber meu apartamento”

68 informa

Page 71: OI 157 pt

69informa

a apresentarem uma proposta que

em pouco tempo pudesse ser colo-

cada em prática”, diz Flávio Donda,

Gerente Operacional do projeto.

A Bairro Novo utiliza fôrmas de

alumínio, um método que reduz o

prazo da execução, otimiza a pro-

dução em larga escala e garante

um resultado final de qualidade.

O passo a passo é o seguinte: pri-

meiramente, são feitos a fundação,

o piso inicial e a armação de uma

malha de aço, que contém as tu-

bulações hidráulicas, elétricas e

telefônicas. Depois, são montadas

as fôrmas de alumínio, obedecen-

do às definições do projeto. Em se-

guida, vem a concretagem das pa-

redes e da laje superior. Dezesseis

horas depois, as fôrmas são reti-

radas. Esse trabalho é repetido em

cada pavimento. Por fim, são feitos

os trabalhos de alisamento das pa-

redes, a pintura e os acabamentos

necessários.

“Além de ser um método prá-

tico, as fôrmas são reutilizáveis e

recicláveis, o que evita a utilização

de madeira, como nas obras tradi-

cionais. Isso demonstra o caráter

sustentável de todo o processo”,

diz Marcella Negreiros Guimarães,

Gerente de Engenharia e Comer-

cial do consórcio.

Foi necessária a mobilização

de pessoas experientes de outras

regiões para treinar os integran-

tes locais. “A cidade não tem uma

força de trabalho voltada para a

construção civil. Tivemos que trei-

nar os integrantes locais enquanto

as obras andavam. Foi uma prática

intensa de educação pelo traba-

lho”, comenta Manoel Cavalcante

de Almeida Filho, Gerente Admi-

nistrativo-Financeiro.

Raul Cerqueira Rezende, enge-

nheiro da Empresa de Obras Pú-

blicas do Estado do Rio de Janeiro

(Emop), responsável pela fiscali-

zação das obras, afirma: “Foi um

excelente trabalho realizado pelo

consórcio, que teve a escassez de

tempo como grande desafio”.

Foram construídos três condo-

mínios: o Cidadão Areal, inaugura-

do em 18 de fevereiro de 2011, com

sete blocos e 140 apartamentos; o

Cidadão Japuíba, inaugurado em

15 de agosto, com 21 blocos e 420

apartamentos; e o Cidadão Glória,

a ser inaugurado, com 12 blocos

e 240 unidades. Cada bloco tem

cinco pavimentos com quatro uni-

dades por andar. Os apartamentos

têm 45,5 m2 e possuem com sala,

cozinha, banheiro e dois quartos.

“O desafio foi enorme, mas as

equipes conseguiram satisfazer o

cliente, por meio do exercício da

transversalidade entre as duas

empresas da Organização”, ava-

lia André Viana Portela, Diretor

de Contrato da Bairro Novo nos

Estados do Rio de Janeiro e da

Bahia. “A Odebrecht Infraestrutu-

ra se destacou pela capacidade de

mobilização e de desenvolvimento

de projetos, e a Bairro Novo por

oferecer uma solução de enge-

nharia capaz de produzir unidades

habitacionais dentro do prazo e do

custo desejados pelo cliente”, sa-

lienta.

Prédios foram construídos com a utilização de método que reduz tempo de execução e preserva a qualidade: solução desenvolvida pela Bairro Novo para as necessidades de Angra dos Reis

Page 72: OI 157 pt

70 informa

tRanspORtes

tudo interligado

A contínua expansão de Mia-

mi desde a década de 1980

tem levado o Departa-

mento de Aviação do Condado de

Miami-Dade (MDAD), em parceria

com o Departamento de Transpor-

te do Estado da Flórida (FDOT), a

colocar em prática uma estratégia

para a ampliação da capacida-

de do Aeroporto Internacional de

Miami e para o aprimoramento

das condições de acesso a ele.

Nesse contexto, tem destaque o

MIA Mover, sistema automatizado

de transporte de pessoas (Auto-

mated People Mover – APM), inau-

gurado no início de setembro.

Com 2 km de extensão, per-

corridos (nos dois sentidos) por

oito veículos que usam pneus de

borracha, o MIA Mover é capaz de

transportar gratuitamente 3 mil

passageiros por hora em cada

sentido, a uma velocidade média

de 64 km/h. O sistema conecta o

terminal do aeroporto à Estação

Central de Miami, que, por sua

vez, interliga os sistemas de me-

trô, trem, ônibus e táxi e o serviço

centralizado de aluguel de carros.

“Intermodalidade é essen-

cial para fornecer um sistema de

transporte eficaz, sobretudo quan-

Mia Mover conecta aeroporto à estação central de Miami, que interliga os sistemas de metrô, trem, ônibus e táxi e o serviço centralizado de aluguel de carrostexto thAís reiss fotos steven brooKe

Page 73: OI 157 pt

71informa

Mia Mover conecta aeroporto à estação central de Miami, que interliga os sistemas de metrô, trem, ônibus e táxi e o serviço centralizado de aluguel de carros

do há muito congestionamento e

espaço limitado para que haja a

implementação de melhorias ro-

doviárias tradicionais”, diz San-

jeev Shah, principal executivo da

consultora Lea+Elliott. “É também

um fator positivo para a experiên-

cia vivenciada pelos passageiros,

pois possibilita a transferência de

um modo de transporte ao outro

com base em preferências indivi-

duais.”

O brasileiro Fabio Martins, em

sua terceira viagem a Miami, con-

corda. “Eu estava preocupado em

chegar atrasado, pois das últimas

vezes em que estive aqui, além de

devolver o carro, tive ainda que

pegar um ônibus para ir ao aero-

porto. O trem chegou em menos

de dois minutos, fiquei surpreso.”

O casal português Natacha e Sal-

vador Villas Boas, acostumado

com esse tipo de transporte nos

aeroportos europeus, resume: “É

rápido, prático e bem sinalizado”.

Pedro Hernandez, da Divisão

de Desenvolvimento e Gestão do

MDAD, afirma: “O MIA Mover con-

tribui para consolidar Miami como

um polo de negócios”. Segundo ele,

a intermodalidade criará grandes

oportunidades para o desenvolvi-

mento econômico local. Sobre esse

aspecto, Luiz Simon, Diretor de

Contrato da Odebrecht responsá-

vel pelo projeto, acrescenta que a

construção do MIA Mover, iniciada Foto

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O MIA Mover e o casal

Natacha e Salvador: “É rápido,

prático e bem sinalizado”

Page 74: OI 157 pt

em setembro de 2008, gerou mais

de mil oportunidades diretas de tra-

balho, contou com a participação de

aproximadamente 50 subempreitei-

ros e gerou mais de US$ 35 milhões

em contratos para pequenas em-

presas locais.

Segurança premiadaConcluído dentro do cronogra-

ma estipulado e do orçamento

proposto, o MIA Mover se desta-

cou ao conquistar o prêmio para

segurança no trabalho VPP Star

Status, da OSHA, instituição cer-

tificadora de segurança do tra-

balho. Foi o primeiro projeto de

transporte da Flórida e o segundo

dentro da Região IV da OSHA, que

abrange oito estados norte-ame-

ricanos, a receber o prêmio. Car-

los Bonzon, Vice-Presidente da

Bermello Ajamil & Partners, Inc.,

consultora do cliente para a parte

das obras civis, salienta: “O nível

de segurança durante a constru-

ção foi excepcional”.

Se a segurança mereceu re-

conhecimento, as ações de pre-

servação ambiental também não

ficaram para trás. A estação do

MIA Mover, localizada no aero-

porto, será o primeiro projeto de

transporte de massa no Condado

de Miami-Dade a receber a certi-

ficação LEED Gold do U.S. Green

Building Council. Mais de 80% dos

detritos gerados durante a cons-

trução foram reciclados, e a esta-

ção foi desenhada para reduzir o

consumo de água em 30% e dimi-

nuir o custo de energia em 15%.

Além disso, 1.400 viagens entre

ônibus e micro-ônibus do aero-

porto à Estação Central de Miami

foram eliminadas com o início da

operação do MIA Mover, o que re-

presenta a diminuição do tráfego

dentro do aeroporto em 30% e a

consequente redução significativa

das emissões de gás carbônico.

A equipe responsável pela

obra enfrentou um grande desa-

fio relacionado ao seu tempo de

execução. Atrasos relacionados

a consequências dos atentados

terroristas de 11 de setembro de

2001 fizeram com que o cronogra-

ma inicial fosse reduzido em um

ano e meio. “O prazo do projeto

(três anos) foi muito agressivo. No

entanto, por meio de uma comu-

nicação aberta e de um forte sen-

so de trabalho em equipe, fomos

capazes de completá-lo no prazo

e dentro do orçamento”, diz Darin

Friedmann, Vice-Presidente da

Divisão de Sistemas de Transpor-

te da Mitsubishi Heavy Industries

America, Inc., subcontratada res-

ponsável pelo sistema operacio-

nal do MIA Mover.

Luiz Simon afirma que os resul-

tados obtidos só foram possíveis

por causa da excelente relação da

Odebrecht com o cliente e com os

subempreiteiros. “Apesar das di-

versas dificuldades encontradas

durante a obra, a parceria formada

com o cliente e com os subemprei-

teiros foi fundamental para a con-

clusão da obra dentro do cronogra-

ma e do orçamento estipulado.”

Segundo Gino Antoniello, Vice-

-Presidente da Divisão de Equipa-

mentos e Sistemas de Transporte

da Sumitomo Corporation of Ame-

rica, empresa parceira da Mitsu-

bishi, destaca que o MIA Mover é

fruto de uma visão estratégica que

posiciona o Condado de Miami-

-Dade na liderança do movimento

intermodal, “como uma comuni-

dade com visão futurística que va-

loriza novas tecnologias a fim de

se modernizar”.

Estação do MIA Mover: prêmio pelo desempenho em segurança no trabalho

72 informa

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Um novo estilo de vida

Aengenheira civil Maria José Araque é Responsável

por Custos na Gerência Comercial nas obras da Ter-

ceira Ponte sobre o Rio Orinoco, no povoado de Caicara, na

Venezuela. Ingressou na Odebrecht em 2005, na constru-

ção da Segunda Ponte sobre o Orinoco e, ao fim da obra,

aceitou a proposta de mudar-se para Caicara. Deixou a

casa dos pais, a convivência com os amigos e partiu sozi-

nha para uma comunidade isolada e com muitas carências.

”Hoje sou uma pessoa mais sensível e, ao mesmo tempo,

mais forte e segura”, afirma. Segundo ela, isolamento não

é problema; o pessoal da Odebrecht foi uma família, e há

tempo para cultivar prazeres como a observação das bele-

zas naturais. “No mais, é trabalhar e ajudar meu país a se

desenvolver. Isso é bastante compensador”, diz.

Maria José vive em uma região isolada, mas não se sente só

James Eldridge nasceu no Tennessee, nos Estados Unidos,

em uma pequena cidade chamada Palmer, cuja economia

gira em torno da mineração de carvão. Formado em Construc-

tion Management (Gerenciamento de Construção), ingressou

na Odebrecht, em Miami, seis anos atrás. Casado, com quatro

filhos e três netos, é um homem caseiro. Gosta de restaurar

casas históricas e passear com a esposa, Susan Gail, em busca

de antiguidades. Hoje trabalha em Nova Orleans, mas durante

quatro meses, entre 2010 e 2011, esteve na Líbia, nas obras do

Aeroporto Internacional de Trípoli. Como nunca havia morado

ou trabalhado fora de seu país, a estadia em Trípoli foi espe-

cialmente desafiadora. De volta aos Estados Unidos, escreveu

My Libya Experience, um texto no qual relaciona sua vivência no

exterior com os ensinamentos da Tecnologia Empresarial Ode-

brecht (TEO). “Gostaria de continuar ampliando minha visão do

mundo e da vida, de poder conhecer mais culturas”, diz.

Gosto pelo incomum

Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Braskem na área de Poli-

propileno, Monica Evangelista visita clientes por todo o Brasil. Observa

características assim: reuniões em empresas do interior de São Paulo co-

meçam com conversas sobre a família, sobre o tempo, até chegar à pauta, e

podem tomar um dia inteiro; outras, no sul do país, são objetivas e não levam

mais de meia hora. “Gosto do que faço, da vida sem rotina, de conhecer lu-

gares e pessoas diferentes”, diz. Há 19 anos na Braskem, Monica é Química

Industrial com mestrado em Polímeros e participou da construção do Centro

de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo (RS). Em setembro, havia

acabado de voltar da China – viagem que compôs o curso de MBA que en-

cerra em 2011. Escolada como é, ainda assim mostrava-se impressionada:

“Não existe nada igual! Sempre temos algo novo a descobrir”, garante.

a química das diferenças

James e o despertar do desejo de viver o mundo

Gente

Monica coleciona curiosidades culturais

foto

: an

dr

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an

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foto

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rio

de

frei

tas

Page 76: OI 157 pt

74 informa

À vontade em seu tempo e lugar

Líder do polo araguaia da eth, Zillo vive um momento especialmente motivador em sua trajetória

peRFiL: Fabiano Zillo

texto eLiana simoneTTi foto ricarDD TeLes

Um sorriso marca o sem-

blante de Fabiano José

Zillo quando ele chega ao

local de trabalho. O olhar percorre

a paisagem com satisfação. Ele é

Superintendente do Polo Araguaia

da ETH Bioenergia, formado por

duas unidades localizadas em

Goiás: Água Emendada e Morro

Vermelho, a base administrativa

do polo. O município de Mineiros,

onde está Morro Vermelho, fica

em um dos pontos mais altos do

Brasil, a Serra dos Caiapós, com

cerca de 5 mil nascentes, entre

elas a do Rio Araguaia, e reservas

de cerrado como o Parque Nacio-

nal das Emas.

Em Morro Vermelho, Zillo

sente-se em casa, mesmo que,

para chegar lá, viaje mais de

1.250 km por terra e ar, desde

Lençóis Paulista (SP), onde vive

com a família. Descendente de

italianos que desembarcaram

no Brasil no fim dos anos 1800

para investir no agronegócio, ele

se formou em Agronomia e tem

mestrado em Solo e Nutrição de

Plantas, com ênfase na cana-de-

-açúcar, pela Escola Superior

de Agricultura Luiz de Queiroz

da Universidade de São Paulo

(Esalq-USP), de Piracicaba. Ca-

sou-se e teve três filhas. Traba-

lhou em várias áreas nos negó-

cios da família e por oito anos

foi diretor-executivo de suas três

unidades de produção de açúcar

e etanol. Embora tenha recebido

convites de outras empresas, não

queria mudanças em sua vida.

Isso até 2007, ano que mar-

cou uma virada no mundo do

empresário, então com 43 anos.

O grupo familiar, Zilor Energia e

Alimentos, entrou em processo

de profissionalização e governan-

ça corporativa – e ele optou por

retirar-se da diretoria, passando

a atuar como consultor indepen-

dente. Enfrentou um divórcio e um

problema grave de saúde. Hoje,

ele se lembra dessa fase como

quem está habituado a vencer de-

safios. “Quando era adolescente,

fui discriminado por ser obeso.

Cuidei do corpo, tornei-me atleta

e, como jogador de vôlei, participei

de equipes campeãs”, conta.

Em maio de 2009, Zillo ingres-

sou na Diretoria Agrícola da ETH.

Um mês depois foi chamado para

participar da junção de ativos com

a Brenco e liderou parte dos pro-

cedimentos de valuation (processo

qualitativo de avaliação de empre-

sas). A partir de setembro, liderou

o projeto de padronização dos pro-

cessos agroindustriais, implan-

tado em abril de 2010. Naquele

mesmo mês, assumiu a Superin-

tendência do futuro Polo Araguaia,

liderando a fusão de equipes, pro-

cessos e todos os projetos de pro-

dução de cana-de-açúcar.

“descobri que tenho um gosto por novidades e uma adaptabilidade que desconhecia. ‘ressetei’ minha vida e minha visão de mundo”

74 informa

Page 77: OI 157 pt

75informa

Como Superintendente do Polo

Araguaia, relaciona-se direta e in-

tensamente com integrantes, par-

ceiros, fornecedores, sindicatos e

comunidade. Renegocia contratos.

Reúne-se com proprietários de

terras da região – que tradicional-

mente atuam com outras culturas

e criam gado – e os aconselha a

dedicar parte de suas fazendas

ao plantio de cana, para maior

diversificação e estabilidade nos

rendimentos. Liderou a criação de

um centro de capacitação profis-

sional para técnicos, em Mineiros,

uma parceria da ETH com o Senai

(Serviço Nacional de Apredizagem

Industrial). “Queremos melhorar

as condições de vida e de traba-

lho das pessoas”, ele salienta.

“A agricultura e a agroindústria,

agora mecanizadas, são impor-

tantes geradoras de oportunida-

des profissionais e de renda. Só o

Polo Araguaia da ETH tem mais de

3 mil integrantes, além dos postos

indiretos de trabalho

que propicia.”

Sobre os

porquês de ter

se integrado

à ETH, Zillo

não titubeia:

foi, acima

de tudo, pela

ident i f icação

com os princípios e valores da Tec-

nologia Empresarial Odebrecht

(TEO). Depois, pela oportunidade

de participar de uma megaopera-

ção que contribui para o desenvol-

vimento do país. “A economia de

Mineiros cresceu 30% nos últimos

cinco anos”, informa. E também

pela possibilidade de comprovar

sua própria competência. “Na

ETH, tudo acontece em velo-

cidade acelerada e, fora do

nicho familiar, descobri que

tenho um gosto por novida-

des e uma adaptabilidade

que desconhecia. ‘Ressetei’

minha vida e minha visão de

mundo”, afirma.

Page 78: OI 157 pt

informa

cULtURa

acervo de princípios

Em cerimônia realizada em

18 de agosto, foi inaugura-

da, no Edifício-sede da Or-

ganização, em Salvador, a Biblio-

teca Hertha Odebrecht. Durante o

evento, Hebe Meyer, Assessora da

Presidência do Conselho de Cura-

dores da Fundação Odebrecht,

apresentou o novo espaço de cul-

tura aos membros do Conselho de

Administração da Odebrecht S.A. e

a Norberto, Emílio e Marcelo Ode-

brecht, que se sucederam na lide-

rança da Organização.

A biblioteca faz parte do Núcleo

da Cultura Odebrecht, localiza-

do no andar térreo do Edifício-

-sede da Organização, e, além de

reunir o acervo literário pessoal

doado por Norberto Odebrecht e

por integrantes e, também, publi-

cações da Organização, ambienta

a realização de eventos sociocul-

turais. Desde a inauguração até

meados de outubro, foram reali-

zados 11 eventos, entre palestras

de educadores, como a professora

Mabel Velloso e o historiador Ubi-

ratan Castro, sessões de cinema

com a exibição de longas, como

Biblioteca hertha Odebrecht é inaugurada no edifício-sede da Organização, em salvadortexto rodriGo vilAr fotos beG FiGueiredo

Page 79: OI 157 pt

77informa

A Pedagogia da Presença, do di-

retor Jorge Alfredo, e atividades

para o público infantil, a exemplo

de uma leitura adaptada sobre a

vida de Castro Alves feita pelo ator

Jackson Costa, em comemora-

ção ao Dia das Crianças. Todos os

eventos lotaram a casa.

Outra característica do projeto

é a existência de um espaço para

exposições temáticas temporá-

rias. O primeiro tema escolhido é

a trajetória de Hertha Odebrecht e

os lugares onde viveu. Em uma das

citações expostas, Norberto fala

de seus valores familiares: “Em

casa, sob a liderança de minha

mãe, Hertha Odebrecht, vivíamos

em um ambiente familiar educati-

vo, religioso e de confiança. Desde

cedo, com disciplina e organização,

minhas irmãs e eu fomos prepara-

dos para a vida e para o trabalho.

Os ensinamentos sempre visavam

à busca da Verdade e do que era o

certo e melhor para todos”.

O nome da biblioteca é uma

homenagem à mãe de Norberto

Odebrecht. Hertha Odebrecht teve

presença marcante na formação

do fundador da Organização e dedi-

cou-se a uma educação dos filhos

baseada em princípios e valores

que contribuíram decisivamente

para o estabelecimento do que vi-

riam a ser as bases da Tecnologia

Empresarial Odebrecht (TEO).

Marcelo, Norberto e Emílio Odebrecht com a foto de Hertha Odebrecht: gera-ções marcadas e unidas por princípios

e valores cultivados desde cedo, em casa. Na foto menor, jovens estudantes

de Salvador folheiam livro na bibliote-ca: espaço aberto à comunidade

Page 80: OI 157 pt

A margarida é uma flor curiosa.

Ao apreciá-la de perto, perce-

be-se que, na verdade, ela é

formada por dois tipos de flores. Não

é por acaso que as pétalas brancas

envolvem o miolo amarelo. Com fun-

ções distintas, essas partes integram

um todo preparado para desempe-

nhar diferentes tarefas essenciais à

sua sobrevivência. É assim também

na comunidade que leva seu nome. O

assentamento Margarida Alves, loca-

DesenvOLviMentO sUstentáveL

cada um em seu papel essencialno assentamento Margarida alves, em ituberá, no Baixo sul da Bahia, famílias de pequenos agricultores se unem e se capacitam para o desenvolvimento da comunidade

texto GAbrielA vAsconcellos fotos Márcio liMA

78 informa

Page 81: OI 157 pt

79informa

lizado no município de Ituberá (a 280

km de Salvador), surgiu da ocupação

do Movimento dos Trabalhadores

Sem Terra, em 1998. Desde então, as

famílias se organizaram, dividiram as

propriedades e se uniram pelo desen-

volvimento da comunidade.

Antonio Nascimento Santos, 64

anos, chegou à região em 1996, ao

lado de sua esposa e dos filhos, em

busca de trabalho. “Não tinha onde

fazer meus cultivos, aqui foi onde

conseguimos. Naquela época, minha

maior vontade era ter um pedaço de

terra”, relembra. Com a chegada da

Cooperativa dos Produtores de Palmi-

to do Baixo Sul da Bahia (Coopalm) ao

assentamento, em 2009, o agricultor

encontrou uma oportunidade de cres-

cimento. “Em todos esses anos, o que

mais nos marcou foi a vinda da Coo-

palm. Somos parceiros. Passamos a

ter apoio técnico, e a nossa produtivi-

dade cresceu”, ele relata.

Com a plantação de palmito de

pupunha, Antonio é só esperança. Em

até dois anos, colherá, mensalmente,

cerca de 750 hastes, o que lhe renderá

R$ 1.100 por mês, somente com essa

cultura. “Quero produzir ainda mais,

ampliar minha propriedade”, diz o

agricultor, que às 5 horas da manhã

já está pronto para ir ao campo tra-

balhar. “Isso tudo é para garantir o

dinheirinho do fim do mês. É assim

que cuido da minha família e da casi-

Antonio Nascimento, a esposa e o filho caçula: “Passamos a ter apoio técnico e nossa produtividade cresceu”

Page 82: OI 157 pt

nha em que moro. Agora planejamos

comprar um carro”, revela.

Antonio não trabalha sozinho. Com

o filho caçula, Antonio Nascimen-

to Santos Filho, o único dos três que

permaneceu no assentamento, não

divide apenas o nome: compartilha

também o amor pela terra. “Agricul-

tura é a minha vida. É o meu negó-

cio”, afirma Antonio Filho, 24 anos,

educando da Casa Familiar Rural de

Igrapiúna (CFR-I) – unidade de ensino

que, assim como a Coopalm, faz parte

do Programa de Desenvolvimento In-

tegrado e Sustentável do Mosaico de

Áreas de Proteção Ambiental do Baixo

Sul da Bahia (PDIS), apoiado pela Fun-

dação Odebrecht.

Antonio Filho está concluindo a

formação de três anos. Durante esse

período, teve acesso à capacitação em

muitas áreas, como administração ru-

ral, solos, culturas perenes e benefi-

ciamento de produtos de origens ani-

mal e vegetal, além de noções sobre

cooperativismo, educação ambiental e

protagonismo juvenil. As novas técni-

cas aprendidas, aliadas à assistência

da Coopalm, têm contribuído para

ampliar a produtividade da família.

“É possível viver bem na zona rural

e se desenvolver sem a necessidade

de migrar para os grandes centros

em busca de um sonho que não exis-

te”, assegura o novo empresário rural,

que em 2011 associou-se à Coopalm.

“Do futuro, só tenho a certeza de que

estarei envolvido com agricultura”, ga-

rante. Seu pai aposta nesse caminho:

“Fico muito feliz em ter meu filho tra-

balhando na terra. É do campo que a

gente consegue tudo”.

em 2011, mais de 10 mil hastes colhidasAtualmente, 18 das 25 famílias que

moram em Margarida Alves são as-

sociadas à cooperativa. Somente em

2011, mais de 10 mil hastes de palmito

foram colhidas, o que tem gerado ren-

da média superior a R$ 750 aos agri-

cultores. “Apostamos na cooperativa

porque vimos que era um projeto que

dava certo”, garante Antonio Filho.

Além da Coopalm e da CFR-I, ou-

tras instituições ligadas ao PDIS es-

tão interagindo com o assentamen-

to. A Organização de Conservação

de Terras (OCT), por exemplo, tem

apoiado a comunidade a conquistar

a regularização ambiental fornecida

pelo Governo estadual. A Associação

Guardiã da Área de Proteção Am-

biental do Pratigi (Agir) facilita a re-

gulamentação documental e contá-

bil, e a Cooperativa dos Aquicultores

de Águas Continentais (Coopecon)

já iniciou contato com a comunidade

para implantar o cultivo de peixes na

região, o que gerará mais uma opor-

tunidade de trabalho e renda.

Para os moradores do assenta-

mento, isso é apenas o começo. “Já

sentimos a diferença. Nossa comu-

nidade se desenvolveu, temos mais

conforto e orientação”, diz Ananias de

Sena, 73 anos, um dos mais antigos

habitantes de Margarida Alves e tam-

bém associado à Coopalm. “Nossa

renda só tem a aumentar.”

A mesma determinação de Ana-

nias está presente em cada família

que se inspira na força e na coragem

daquela que batizou a comunidade.

Margarida Maria Alves, falecida em

1983, foi uma lutadora da terra, pio-

neira na defesa dos direitos dos traba-

lhadores rurais no Brasil. “Ela não era

daqui, mas sua batalha nós conhece-

mos”, diz Ananias. Pelas histórias que

ele conta, Margarida não tinha relação

com a fragilidade e a delicadeza da

flor. Sua bravura e dedicação ao grupo

que defendia lembravam à do mio-

lo amarelo, que sustenta as pétalas

brancas.

Ananias de Sena: “Nossa comunidade se desenvolveu”

80 informa

Page 83: OI 157 pt

81informa

históRia

cara e coroa do tempoexposição em salvador conta 2500 anos de história das moedas

texto eMAnuelA soMbrA

Uma moeda cunhada há

2.500 anos, na Grécia An-

tiga. Outra, da Macedônia

de Alexandre, o Grande. E outras da

época do Tratado de Tordesilhas, da

Roma Antiga, do Brasil Colônia, do

Egito de Cleópatra, da Inglaterra de

Henrique VIII... Raridades que po-

dem ser vistas na exposição Dinhei-

ro, Deuses & Poder – 2.500

anos de história política

das moedas, organi-

zada pelo jornalista

e escritor baiano

Noenio Spinola.

Patrocinada pela

Odebrecht Infraes-

trutura, a exposição foi

inaugurada em setembro na

Associação Comercial da

Bahia (ACB), em Salvador.

“A Bahia teve a primeira

Casa da Moeda do Brasil. É

simbólico ter uma exposição

como essa, de forte caráter di-

dático, em Salvador”, afirma o jorna-

lista, que disponibilizou as 460 peças

(aproximadamente metade da sua

coleção) que ficarão expos-

tas ao público até 30 de

novembro.

Ex-correspon-

dente internacional

em alguns países,

como Rússia, In-

glaterra e Estados

Unidos, Spinola tornou-

-se um colecionador por causa

do pai. Tanto

que uma pe-

quena parte

das cédulas e

moedas foi her-

dada dele. “Mas

como vivi muito tempo

no exterior, sempre ia aos antiquá-

rios, pegava uma moeda aqui, outra

li. Comecei a fazer isso em uma épo-

ca em que o número de pessoas que

se interessava pelo assunto não era

grande”, diz o colecionador.

Marcos Meirelles Fonseca, Presi-

dente da ACB, afirma: “Esta é uma

das mais relevantes exposições que

a Bahia já recebeu e nos faz repensar

a história do surgimento do empre-

endedorismo no estado e em seus

desdobramentos ao longo dos sé-

culos”. Com recursos tecnológicos e

efeitos multimídia, Dinheiro, Deuses

& Poder revela, a partir da relação

das pessoas com o dinheiro, o apo-

geu e o declínio de civilizações anti-

gas e modernas.

A mostra também homenageia

a Bahia, relembrando as reivindica-

ções dos primeiros colonos e admi-

nistradores da província para mo-

dernizar os portos, ajustar o câmbio

e aumentar a competitividade dos

produtos coloniais de exportação.

“Para a Organização Odebrecht,

apoiar ações como esta é preservar

o patrimônio histórico e imaterial do

nosso país”, salienta André Vital, Di-

retor-Superintendente da Odebrecht

Infraestrutura. Ace

rvo

od

ebr

ech

t

Page 84: OI 157 pt

o alicerce inabalável da vocação

saBeRes

E le ingressou na Organização

em 1985, oito anos depois de

formado. Hoje, após ter par-

ticipado da construção de oito bar-

ragens e hidrelétricas no Brasil e no

exterior, e vivido 25 anos em cantei-

ros de obra, Augusto Roque, Diretor

de Engenharia da Odebrecht Ener-

gia, continua em busca de desafios.

“Nasci para ser engenheiro”, afirma.

Tudo indica que foi aos 11 anos

que aflorou sua vocação para barra-

geiro, ao acompanhar o pai, profes-

sor de Balística da Escola Superior

de Guerra, em uma visita às cin-

quentenárias usinas hidrelétricas

de Paulo Afonso, no norte da Bahia.

“Aquilo me impressionou demais”.

Augusto Roque sempre acredi-

tou que assumir grandes desafios é

a forma mais eficaz de conquistar o

crescimento profissional e pessoal.

Com apenas três meses na Odebre-

cht, não pestanejou em aceitar sua

primeira prova de fogo: ser gerente

de produção da obra da Barragem

de Flores, em área isolada no sul

do Maranhão. Para isso, fez apenas

uma exigência: levar sua esposa e o

filho de pouco mais de um ano.

Depois de dois anos no Mara-

nhão, Augusto Roque trabalhou na

Argentina; foi diretor de contrato na

Hidrelétrica de Xingó, na divisa entre

Sergipe e Alagoas; e diretor de con-

trato na primeira obra da Odebrecht

no México, a Hidrelétrica de Los Hui-

tes, até assumir o posto de diretor-

-superintendente daquele país.

No fim de 1996, foi convidado

para trabalhar na ilha de Bornéu,

na Malásia, onde certo dia recebeu

um recado intrigante: o chefe indí-

gena local, comandante de 10 mil

aborígenes, queria lhe encontrar,

sozinho.

Augusto Roque é o terceiro inte-

grante a dar seu depoimento para o

projeto Saberes – Gente que apren-

deu no trabalho e na vida. Sua en-

trevista poderá ser vista no site de

Odebrecht Informa (www.odebre-

chtonline.com.br) A seguir, alguns

trechos de seu depoimento.

o despertar do barrageiroMeu pai era militar da Marinha.

Eu tinha 11, 12 anos, e fiz uma

viagem com ele para conhecer o

Complexo Paulo Afonso, na déca-

da de 60. Nós fomos num avião da

Aeronáutica e aí eu conheci minha

primeira hidrelétrica, Paulo Afon-

Depoimento de Augusto Roque a vAlber cArvAlho

Fotos: GerAldo PestAlozzi

augusto Roque

é protagonista

de uma trajetória

desafiadora e

emblemática,

que incluiu

experiências

no Brasil, na

argentina,

no México e

na Malásia

82 informa

Page 85: OI 157 pt

83informa

Page 86: OI 157 pt

so 1 e Paulo Afonso 2, descendo

em cavernas e aquilo me impres-

sionou demais. Eu sempre fiquei

com aquilo na cabeça.

Uma única exigênciaE nesse projeto eu fiz uma exigên-

cia: que a minha família ficasse co-

migo. O pessoal na época estranhou

muito e falou: “Poxa, Roque, você

vai levar sua mulher para lá?” “Vou.

Minha mulher é uruguaia, eu tenho

apenas quatro anos de casado e vou

morar com ela na obra.” “Mas nós

não temos como!” “Não se preocu-

pem, eu dou um jeito”. Minha mulher

era a única mulher na obra, nós éra-

mos 3 mil homens. Morávamos em

uma casa de alvenaria sem reboco,

que foi feita meio improvisada. Meu

primeiro filho tinha pouco mais de

um ano.

Diferenças culturaisNa Malásia, existe uma fruta que,

se alguém entrasse num ambiente

com ela, você tinha que sair. Para

você ter uma ideia, na entrada dos

hotéis internacionais tem placas di-

zendo: “Proibido entrar com a fruta

dúrian. Ela tem um cheiro de amô-

nia misturado com jaca. Se você está

num recinto e alguém entra com

essa fruta você não consegue ficar.

Mas, para o malaio, aquilo é uma

iguaria. Um negócio espetacular, um

manjar. É a cultura deles.

o refeitório do peão uruguaioO trabalhador uruguaio quer re-

ceber um pedaço de carne crua, pão,

alface, tomate e cebola e quer fazer o

seu fogo no campo. Ele destaca uma

pessoa para assar aquela carne e

aquilo é um almoço de prazer dele.

Ele não quer ir para um refeitório

comer arroz com feijão com batata e

com não sei o quê. Então esse tipo de

respeito você tem que ter.

o chefe indígena malaio manda um recadoO local da futura Hidrelétrica da

Bakun, na ilha de Bornéu, na Ma-

lásia, era cercado de tribos indíge-

nas. Passados alguns meses que

eu havia chegado, recebi o recado

que o chefe da tribo indígena queria

me conhecer. Parecia um filme em

que eu era o chefe dos brancos e

ele, o chefe dos índios. Tinha que ir

sozinho, e minha preocupação era

como ia me comunicar com o chefe

da tribo. Acabamos nos comunican-

do por gestos. E eu tive que comer

um negócio que eu tinha a certeza

absoluta de que era alguma coisa

de macaco. Até hoje não sei o que

foi que eu comi; aquilo me deu um

enjoo danado, mas fazia parte do

jogo.

o recorde de lançamento de concretoA construção da Hidrelétrica de

Los Huites, no México, era uma obra

tão grande que nós batemos o recor-

de mundial de lançamento mensal

de concreto nesse projeto. E fomos

capa da revista ENR-Engineering

News-Record. Foi um projeto de

muita visibilidade para a Odebrecht,

em consórcio com empresas mexi-

canas. Mas o que me chamou muito

a atenção foi uma frase pintada no

muro do cemitério, onde estava es-

crito: “Fuera los brasileños”. Só com

o passar dos dias é que os trabalha-

dores mexicanos entenderam a nos-

sa filosofia, e depois de uns quatro

meses vimos que o muro do cemité-

rio havia sido pintado de branco.

Roque: “Nasci para ser engenheiro”

84 informa

Page 87: OI 157 pt

Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 150 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro

reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez

cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa

cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti

tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom

redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]

próxima edição:sustentabilidade

Page 88: OI 157 pt

86 informa

“a eficácia do trabalho conjunto pressupõe a comunicação livre,

qualificada e profunda entre os seres humanos, a fim de que possam compartilhar

a concretização das mesmas prioridades e

comprometer-se com elas”

teO [tecnologia empresarial Odebrecht]

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