OI 163 pt
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# 163 ano XL NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012
Datas Marcantes eM 2012Símbolos de convicção, parceria e espírito de servir
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Ponte dos Carvalhos, o primeiro projeto do Escritório de Recife, que em 2012 completa 50 anos
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Edição online Acervo online
> Foco na sustentabilidade de produtos, projetos e práticas são características que ajudam a tornar a Braskem uma empresa diferenciada.
> Há 50 anos falecia Emílio Odebrecht, engenheiro pioneiro, pai de Norberto Odebrecht e seu iniciador no ramo da construção civil.
> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista.
> Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002.
> Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev).
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> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF.
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Videorreportagem Blog
> Uma conversa com Piero Marianetti, que se realizou no trabalho de engenheiro e, por meio dele, conquistou o sonho de se tornar fazendeiro.
www.odebrechtonline.com.br > Edição de Odebrecht Informa na internet.> Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.
> Diversificação de negócios, atuação em todos os quadrantes do territó-rio nacional e formação de líderes marcam a fase atual da Odebrecht Argentina, que completa 25 anos em 2012.
> Integrantes relembram a trajetória da Braskem, empresa criada há 10 anos e cuja origem está ligada aos fatos mais importantes da história da petroquímica no Brasil.
> Mais importante casa de espetáculos de Salvador, o Teatro Castro Alves completa 45 anos como palco de momentos históricos do teatro e da música no Brasil.
> CIRCUITO PURIFICADOR
Projeto Aquapolo combate escassez de água através do tratamento de esgotos e do reuso em indústrias.
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#163Mensagem: Marcelo Odebrecht, que completa 20 anos de trabalho na Organização, fala sobre o patrimônio maior de uma empresa – as pessoas
Braskem, 10 anos: as ideias e as ações que levaram à construção da petroquímica líder nas Américas
Entrevista: Carlos Fadigas, Líder Empresarial da Braskem, fala da necessidade de fortalecer a cadeia produtiva petroquímica
República Dominicana, 10 anos: equipes presentes onde quer que o desenvolvimento exija
TEO: oito integrantes angolanos que completam 25 anos de empresa; oito histórias exemplares de superação e crescimento
Escritório de Recife, 50 anos: peça-chave na expansão nacional da Odebrecht, consagrou-se como polo formador de líderes da Organização
Venezuela, 20 anos: uma história emblemática de parceria entre uma empresa e um país
ETH, 5 anos: uma empresa destinada a transformar a realidade do setor sucroalcooleiro no Brasil
Argentina, 25 anos: uma caminhada conjunta que começou em uma usina hidrelétrica na Patagônia
Gente: José Manuel, André e Elizabeth e seu cotidiano em Angola, em Moçambique e nos Estados Unidos
Odebrecht Energia, 1 ano: os desafios e os protagonistas de uma jovem pioneira
México, 20 anos: de Los Huites ao Etileno XXI, de Sinaloa a Veracruz, a transversalidade da Organização
CFRs: Casas Familiares Rurais de Presidente Tancredo Neves e Igrapiúna completam 10 e 5 anos de atividades
Perfil: Tiago Britto, integrante da Odebrecht há 40 anos, e o prazer e transmitir seu conhecimento aos jovens
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Capa: integrantes da Braskem no Polo de Camaçari (BA). Foto de Edu Simões
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datas marcantes60
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Equador, 25 anos, e Colômbia, 20 anos: histórias diferentes, mas a mesma qualidade de contribuição em projetos essenciais
FDOT: os 20 anos do produtivo relacionamento com o Departamento de Transportes da Flórida
Teatro Castro Alves, 45 anos: a grande casa da cultura baiana está de portas cada vez mais abertas
Saberes: Hélcio Colodete e as lições da infância que são levadas pela vida afora
Projeto PRP, 10 anos: na região metropolitana de Luanda, uma iniciativa que tem o ser humano como princípio e fim
No mapa, estão indicados em bege os países e os estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa e onde vivem e trabalham as pessoas que protagonizam as reportagens
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EDITORIAL
Números que dizem
verdadessta edição de Odebrecht Informa é dedicada a datas marcantes registradas nas empresas da Organiza-ção em 2012. Neste ano, a Odebrecht celebra di-versos “aniversários” de significado muito especial.
São números que simbolizam, sobretudo, o acerto na con-cepção e execução de estratégias empresariais e o propósito de permanecer nos negócios e nos países em que se opta por ingressar e atuar. Essas efemérides de 2012 refletem premis-sas fundamentais de uma trajetória empresarial em que des-compromisso e superficialidade são palavras que não estão no dicionário.
Chegar para ficar. Essa é a ideia. Assim como também é o objetivo proporcionar contribuição qualificada e crescente, com base no Espírito de Servir. Seja na Venezuela, onde as equipes da Odebrecht atuam há 20 anos, seja no negócio de Etanol e Açúcar, do qual a Organização participa há exatos cinco anos, por meio da ETH Bioenergia, seja na Argentina, país em que se comemora um quarto de século de presença, ou na Braskem, que está completando 10 anos de criação – essas datas são vistas como motivo de celebração, certamen-te, mas, em especial, representam oportunidades de reflexão.
“Os números não mentem”, diz o ditado popular. Poderí-amos afirmar, nesse caso, que os números falam grandes e definitivas verdades – as verdades do trabalho, da contribui-ção diferenciada, da confiança nas pessoas e da emoção de estar ao lado delas enquanto descortinam seu futuro.
Nesta edição, Odebrecht Informa – que, aliás, completará 40 anos de existência no próximo ano – parabeniza a todos os que, de uma forma ou de outra, ajudaram a construir as trajetórias relatadas nas páginas a seguir. E isso, claro, inclui você, leitor.
Boa leitura.
“Neste ano, a Odebrecht
celebra diversos ‘aniversários’ de significado
muito especial, que simbolizam,
sobretudo, o acerto na concepção
e execução de estratégias
empresariais e o propósito de
permanecer nos negócios e nos
países em que se opta por ingressar e
atuar”
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é A CHAvEa cultura
Em artigo especial para esta edição,
Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da
Odebrecht S.A., destaca o papel da Cultura na
história e no futuro da Organização
ossa Organização cresceu muito nos últi-
mos anos, em todos os âmbitos. Um de-
les chama particularmente a atenção: em
três anos, incorporamos quase 100 mil
novos integrantes. Em 2009, éramos 87
mil. No segundo semestre de 2012, somos quase 180 mil
(de 60 nacionalidades, atuando e exportando produtos e
serviços para 60 países de cinco continentes).
A nova realidade impõe desafios de igual proporção. O
maior deles é preservarmos nossa Cultura, renovando-a
sobre uma base de princípios e concepções filosóficas
que não muda nunca.
Para isso, a história da Organização tem o seu pa-
pel – e não é pequeno. Ao conhecermos os atos, os fa-
NB
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tos e as realizações das pessoas que constituem nos-
sa trajetória empresarial, acessamos experiências
úteis para nossas vidas e nosso trabalho, estabele-
cemos conexão com gerações que nos antecederam,
aprendemos com os exemplos e com as conquistas
daqueles que percorreram os caminhos do passado –
para nos impulsionar ao futuro.
Por isso, quero aproveitar esta edição de Odebrecht
Informa, dedicada a datas marcantes de nossa história
em 2012, para destacar alguns pontos que considero fun-
damentais e compartilhá-los com vocês.
O papel de nossa CulturaO primeiro ponto é o papel decisivo de nossa Cultura
na construção de nossa caminhada até aqui.
Nossa Cultura é nosso modo de ser, de pensar, de
agir, de produzir e de nos relacionarmos com nossos
Clientes, com parceiros e com as comunidades em que
estamos inseridos.
Nossa Cultura está no espírito que move nossos lí-
deres, suas equipes e cada um de nós que carregamos
e transmitimos os princípios e valores da TEO em nos-
sas práticas cotidianas, o que nos permite estabelecer
vínculos de confiança com nossos Clientes e Acionistas,
trabalhando de forma descentralizada, com delegação
planejada, como parceiros que partilham os resultados
alcançados.
Daí a importância de mantê-la viva e atualizada.
O espírito de equipe e o papel do LíderÉ importante também reconhecer que as trajetó-
rias e os resultados obtidos pela Organização Ode-
brecht são fruto do espírito de equipe, com vistas a
melhor servir ao Cliente.
Os 25 anos da Odebrecht na Argentina e no Equador,
os 20 anos no México, na Colômbia e na Venezuela, os 10
anos da Braskem e de nossa presença na República Do-
minicana, os cinco anos da ETH e outras efemérides mar-
cantes constituem esforço coletivo em diversos âmbitos,
na Linha e no Apoio, com base na comunicação qualifica-
da e profunda entre pessoas de diversas gerações.
Equipes, porém, não se formam e operam sem a pre-
sença de um Líder que conheça as forças de seus lidera-
dos, articule o conjunto das ações e promova as condições
para o êxito do programa sob sua responsabilidade.
Na Odebrecht, esses são atributos necessários, mas
não suficientes. Na nossa Organização, o Líder, além de
sua missão de Realizador, tem ainda o decisivo papel de
Educador.
Quando dizemos Líder, estamos falando de
Líder-Educador, aquele que aderiu por convicção aos
nossos princípios, assumiu nossas crenças e valores e
os leva à prática, estimula o autodesenvolvimento das
pessoas de sua equipe e , pelo exemplo, fomenta o Es-
pírito de Servir em todos os que com ele convivem.
O nosso expressivo crescimento nos últimos anos,
que gerou um notável incremento no ingresso de novos
integrantes, ensinou-nos que nossa Cultura e seus valo-
res humanísticos podem ser internalizados e praticados
mais fácil e rapidamente do que imaginávamos. Depende
apenas de caráter e disposição do liderado, por um lado,
e, por outro, da prática da Pedagogia da Presença pelo
Líder-Educador.
Pertencer, permanecerPor último, esta edição, ao trazer depoimentos de pes-
soas que estão há muitos anos na Odebrecht, realça nos-
sa capacidade de atrair e integrar gente de alta qualidade
e de oferecer-lhes, continuamente, novas oportunidades
de crescimento e reinvenção de suas carreiras.
Este é um de nossos diferenciais: a baixa rotatividade
de nossas equipes. Grande parte das pessoas que in-
gressam na Odebrecht permanece nela durante muitos
anos. Por essa razão, inclusive, o nosso programa anual
de concessão de medalhas por tempo de permanência
na Organização está sendo inovado, com a ampliação dos
marcos de homenagem, de modo a incluir integrantes
que completam ou tenham completado 30, 40 e 50 anos
de trabalho.
Essas longas jornadas, em constante autodesenvolvi-
mento, estão ligadas diretamente à nossa Cultura, à So-
ciedade de Confiança em que trabalhamos, à liberdade
para criar e produzir, à simplicidade e à acessibilidade de
nossos Líderes, entre tantos outros aspectos que promo-
vem o autêntico sentido de pertencer.
A Cultura é a chave, a preservação e o aprimora-
mento desse ativo. O desafio maior que se impõe a
cada um de nós.
Para isso, a nossa história – como disse no início – tem
papel importante. Em analogia com a prática do arco e
flecha, sabemos que quanto mais esticarmos para trás o
arco, mais longe, mais forte e mais precisa viajará a fle-
cha. Ou seja: ao ampliarmos o conhecimento sobre o nos-
so passado, fortalecemos as bases para alcançar mais e
melhores resultados no futuro.
Marcelo Bahia Odebrecht é Diretor-Presidente da
Odebrecht S.A. Há 20 anos na Organização
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AS PESSOAS E SUAS
conquistas
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AS PESSOAS E SUAS
conquistas
Braskem investe em qualificação de líderes e avança em sua internacionalização
Integrante da Braskem em uma das unidades da empresa no Brasil: visão global e alinhamento cultural
texto Thereza MarTins
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lagoas, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio
de Janeiro, São Paulo, Pensilvânia,
Texas, Virgínia Ocidental, Schkopau,
Wesseling e Veracruz. Brasil, Estados
Unidos, Alemanha e México. Essa é a
geografia da Braskem de hoje, o mapa no qual estão
distribuídas suas 35 unidades industriais, 10 anos de-
pois da criação da empresa.
Em 2002, a marca Braskem chegava ao merca-
do com anúncios publicados em jornais e revistas,
traduzindo o espírito da empresa que acabara de
nascer: “O futuro da petroquímica do Brasil já tem
nome”. Duzentas opções foram avaliadas até a deci-
são final. Braskem foi o nome escolhido por reunir os
prefixos “Brás”, conhecido no mercado externo como
indicador de empresa brasileira, e “kem”, de química,
de raiz grega.
Dez anos depois, confirmando o enunciado de lan-
çamento, a Braskem é líder das Américas, com produ-
ção anual de 16 milhões de t de resinas termoplásticas
e outros produtos petroquímicos. É, também, a maior
produtora mundial de biopolímeros, posto alcançado
em 2010 a partir da produção em escala industrial do
plástico “verde”, derivado do etanol de cana-de-açú-
car. Com apenas uma década de atuação, a Braskem
tem muitas histórias para contar.
A origem na OdebrechtA história da Braskem remonta à virada da década
de 1970 para a de 1980, quando a Odebrecht foi convi-
dada pelo Governo brasileiro a investir no setor petro-
químico. A Organização, então concentrada na cons-
trução civil, queria diversificar seus negócios e aceitou
o convite. Adquiriu 33% de participação acionária na
Companhia Petroquímica Camaçari (CPC), produtora
de PVC na Bahia.
Carlos Fadigas, Líder Empresarial da Braskem
desde 2010, relembra fatos dessa história nesta re-
portagem e também (a partir da página 18) na seção
Entrevista de Odebrecht Informa. “Não foram poucos
os desafios encontrados no início. Eles envolviam des-
de a disponibilidade de matéria-prima e insumos até
a formação de equipes especializadas. Além disso, as
empresas que viriam a formar a Braskem tinham bai-
xa escala, fabricavam um ou alguns poucos produtos e
não eram integradas verticalmente, não se beneficia-
vam de sinergias.”
A estratégia de negócios da Odebrecht no setor
petroquímico estava orientada, nos primeiros anos
de atuação, à participação acionária em empresas da
área. Na década de 1990, foram feitas aquisições no
âmbito do Programa Nacional de Desestatização do
Governo Federal, que favoreceu um novo ambiente de
negócios, no qual a competitividade era a regra núme-
ro um para a sobrevivência das empresas.
Para a petroquímica, um dos fatores de competiti-
vidade derivava – como deriva até hoje - de ganhos de
escala e sinergias. Foi o caminho trilhado pela Odebre-
cht por meio de participações e aquisições ao longo de
duas décadas. Em 2001, em parceria com o Grupo Ma-
riani, a Organização adquiriu o controle da Companhia
Petroquímica do Nordeste (Copene), em Camaçari, in-
tegrando centrais de matérias-primas e empresas pro-
dutoras de polímeros, processo inédito no Brasil, que
resultou na criação da Braskem, um ano mais tarde.
Crescimento aceleradoPor suas origens, a Braskem é uma empresa que
já nasceu com portfólio diversificado, unidades indus-
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triais e escritórios no Brasil, além de bases comerciais
no exterior. Sucessivas aquisições marcaram o cresci-
mento acelerado da companhia até hoje, inicialmente
no Brasil, consolidando o setor petroquímico, e em se-
guida buscando oportunidades fora do país. Odebrecht
e Petrobras, os dois principais acionistas da Braskem,
conduziram as aquisições do Grupo Ipiranga (2007) e
da Quattor (2010), levando a empresa à condição de lí-
der das Américas na produção de termoplásticos.
A internacionalização das operações industriais faz
parte da estratégia de negócios da Braskem, e o pri-
meiro movimento nesse sentido data de 2010, com a
aquisição e incorporação dos ativos de polipropileno
(PP) da norte-americana Sunoco Chemicals. Em 2011,
a Braskem comprou ativos de PP da também norte-
-americana Dow Chemical: duas fábricas nos Esta-
dos Unidos e duas na Alemanha, tornando-se líder na
produção de PP nos Estados Unidos, o maior mercado
mundial de resinas termoplásticas.
Ainda na rota da internacionalização, a Braskem
investe em novas plantas na América Latina. No mo-
mento, o projeto mais avançado é o Etileno XXI, que
está sendo desenvolvido no Estado de Veracruz, no Mé-
xico, em associação com a petroquímica local Idesa.
“O complexo petroquímico terá capacidade produtiva
de mais de 1 milhão de toneladas anuais de polietileno
em condições competitivas, ampliando a participação
do gás na nossa matriz de matérias-primas”, afirma
Marcelo Lyra, Vice-presidente de Relações Institucio-
nais. A nova planta deverá operar a partir de 2015. Ou-
tros projetos estão em estudos no Peru e na Venezue-
la, ambos baseados na utilização do gás extraído de
reservas naturais, mais competitivo que a nafta.
Pessoas e culturaPara apoiar o processo de internacionalização, a
Braskem investe na qualificação de líderes com visão
global e alinhamento cultural. Outro desafio tem sido
formar e integrar pessoas, considerando as caracte-
rísticas de crescimento da empresa por meio de se-
guidas aquisições no Brasil e no exterior. Na missão
de levar a cultura empresarial aos novos colegas, as
equipes de Pessoas e Organização (P&O) têm se con-
centrado em disseminar os princípios da Tecnologia
Empresarial Odebrecht (TEO), com ênfase na Educa-
ção pelo Trabalho, na confiança entre as pessoas, na
descentralização e na comunicação clara e transpa-
rente.
“Os integrantes têm demonstrado interesse e ad-
miração pela cultura Braskem”, afirma Eduardo Bul-
garelli, Responsável por P&O na América Latina, em
entrevista à edição de agosto da Geração Braskem,
publicação interna da empresa. “As adaptações de lin-
guagem em cada local e a aplicação prática são gran-
des desafios”, avalia Irlam Aragão, Responsável por
P&O nos Estados Unidos e na Europa.
Nesse contexto, a construção de relações duradou-
ras com os clientes, atendendo às suas necessidades
com espírito de servir, é um dos elementos-chave.
O exercício desse compromisso aliado à criatividade
resulta em ganhos para toda a cadeia produtiva do
plástico no país. Um exemplo recente foi a atuação
da Braskem para influenciar as medidas do Governo
brasileiro em favor da indústria nacional. “Obtivemos
sucesso ao incluir a transformação plástica entre os
setores beneficiados com a desoneração da folha de
pagamentos”, comenta Carlos Fadigas. Ele menciona
também a atuação ao lado da Abiquim (Associação
Brasileira da Indústria Química) na inclusão de produ-
Unidade da Braskem nos Estados Unidos: chegada ao país ocorreu em 2010
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tos do setor entre os 100 que tiveram, este ano, eleva-
ção temporária do imposto de importação.
Inovar para crescerDesde sua formação, a Braskem prioriza novas
ideias e tecnologias para melhor servir aos clientes,
fornecer produtos que trarão proveitos ao consumidor
e à sociedade e aperfeiçoar processos industriais. Um
marco significativo foi a criação do Programa de Inova-
ção Braskem, em 2004, impulsionando o setor.
“Os avanços alcançados com investimentos e tra-
balho nos permitem, hoje, desenvolver produtos mais
elaborados e com melhor desempenho, utilizar cata-
lisadores mais competitivos nas plantas de polímeros
e avançar nas pesquisas com renováveis”, afirma Luis
Cassinelli, Responsável por Inovação Corporativa, área
que trabalha com projetos de longo prazo. A Braskem
possui três centros de pesquisa, dois deles no Brasil
e um nos Estados Unidos, além de 19 laboratórios de
qualidade.
Patrick Teyssonneyre, Responsável por Inovação e
Tecnologia da Unidade de Poliolefinas, ressalta que as
empresas adquiridas pela Braskem mantinham suas
próprias estruturas de inovação e que a integração
dessas áreas só trouxe benefícios. “A integração fez
com que hoje tenhamos uma equipe diferenciada e di-
versificada em termos de experiência, perfil, formação
e conhecimento”, afirma.
Além dos laboratórios próprios, a Braskem atua
em parceria com institutos e centros de pesquisa.
Um exemplo é o LNBio – Laboratório Nacional de
Biociências, em Campinas (SP), vinculado ao Ministé-
rio da Ciência e Tecnologia. Lá, a empresa dispõe de
uma estrutura com 250 m², entre salas e laboratórios,
onde pesquisadores trabalham com manipulação
genética de micro-organismos com foco em cana-
-de-açúcar e buscam novas rotas para a produção de
renováveis.
“Cerca de 50 centros de pesquisa no mundo mani-
pulam tecnologias, como nós, em busca de soluções
de ruptura no campo dos renováveis”, informa Roberto
Werneck do Carmo, Gerente de Processos Renováveis.
Ao lado dele, Avram Slovic, Gerente de Biotecnologia,
destaca: “Com tradição em processos petroquímicos,
a Braskem saiu da zona de conforto ao buscar novas
fontes de conhecimento e investir na linha dos reno-
váveis”.
As pesquisas que abriram as portas para esse novo
universo foram realizadas, inicialmente, no Centro de
Tecnologia e Inovação do Polo Petroquímico de Triunfo
(RS) e deram origem ao projeto Polietileno (PE) “Ver-
de”. Em 2010, a Braskem inaugurou a fábrica de ete-
Planta localizada na Alemanha: fixação de raízes na Europa. Na página ao lado, uma das unidades do Centro de Tecnologia e Inovação da empresa, em Triunfo (RS): novas frentes de conhecimento
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no “verde” no mesmo polo, com produção baseada no
etanol de cana-de-açúcar. A unidade tem capacidade
produtiva anual de 200 mil t.
Marcelo Nunes, Responsável por Negócios Quí-
micos Renováveis, explica que existe uma tendência
global de busca por produtos de fontes renováveis e a
demanda de mercado para o PE “Verde” está amadu-
recendo. “Há, também, expectativa em relação ao PP
“Verde”, projeto em desenvolvimento pela Braskem,
ainda sem data para lançamento”, afirma.
Química sustentávelA Braskem completa 10 anos com experiência e re-
alizações acumuladas em linha com sua visão de lon-
go prazo, a Visão 2020, de ser líder mundial da química
sustentável. Isso significa ter uma atuação sustentável
na gestão dos impactos ambientais, sociais e econô-
micos gerados pelas atividades da empresa.
“Nossas ações são neste sentido: buscar fontes,
operações e um portfólio de produtos cada vez mais
sustentáveis e apresentar soluções para uma vida
mais sustentável”, afirma Jorge Soto, Responsável por
Sustentabilidade.
Alguns exemplos: redução de 43% da taxa de aci-
dentes de trabalho com e sem afastamento em 2011,
em relação ao ano anterior; redução de 11% no indi-
cador de intensidade de emissão de gases causadores
do efeito estufa, quando comparado com o de 2008;
índice de 18% de reutilização de água consumida; e
consumo de energia em 2011, 4% inferior ao de 2010.
“Nesses 10 anos, a Braskem projetou-se inter-
nacionalmente. Hoje, participamos, com a Abiquim,
de negociações globais relacionadas a temas como
mudanças climáticas e segurança química”, afir-
ma Soto. “Tivemos papel relevante nos debates da
Rio+20, realizados em junho, e é com prazer que vejo
a Braskem avançar, juntamente com a indústria pe-
troquímica nacional e com o Brasil, na busca por ca-
minhos mais sustentáveis para o nosso planeta.”
BRASKEM
Alguns destaques
• Unidades industriais: 35 (28 no Brasil, cinco nos Estados Unidos e duas na Alemanha)
• Integrantes: 7.600
• Clientes: baseados em mais de 60 países de todos os continentes
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Fernando Silveira“Vivemos uma sensação de crescimento cons-
tante e de aprendizado diário”, afirma Fernando
Silveira, 43 anos, cuja trajetória na área de Química
e Petroquímica da Organização teve origem há 25
anos. Depois de 20 anos como operador, Fernando
tornou-se pesquisador de catálise, foi coordenador
do laboratório dessa mesma área e atualmente é
gerente de plantas piloto. “A promoção de operador
para pesquisador foi o meu momento mais mar-
cante na empresa. Mudei de função, de horário de
trabalho e fiz novos amigos”, diz. “A empresa nos
dá a possibilidade de participar de todas as suas
conquistas a partir de nossas iniciativas.”
Roberto MatteAos 51 anos, Roberto Matte é gerente indus-
trial das plantas de polipropileno PP1 e PP2 no Rio
Grande do Sul. Ele começou a trabalhar no Polo
Petroquímico de Triunfo como operador em 1981
e desde então se dedica a atividades industriais li-
gadas a plantas de polipropileno. Segundo ele, um
dos grandes marcos da Braskem foi a partida da
planta de polipropileno de Paulínia (SP), a primei-
ra efetivamente construída pela empresa. “A planta
foi montada por pessoas da Braskem, fato de sig-
nificado para a empresa e revelador de que são as
pessoas que fazem a diferença”, afirma. Esse reco-
nhecimento tem um efeito em cadeia. “No decor-
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protagoni stastexto Thereza MarTins
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rer destes 10 anos, presenciamos colegas tendo a
oportunidade de trabalhar em projetos no Brasil e
no mundo, adquirindo conhecimento e vivenciando
novas situações na vida pessoal. Esses movimen-
tos proporcionam oportunidades para outros com-
panheiros, na medida em que abrem espaços para
novas oportunidades.”
Edison KoltonO engenheiro mecânico Edison Kolton, 49 anos,
fez aniversário de 10 anos na Braskem. Está na
empresa desde sua fundação. Após atuar na Co-
pesul (Companhia Petroquímica do Sul), na equipe
de inspeção de equipamentos, foi convidado para
trabalhar na Braskem, no Polo de Camaçari (BA),
como integrante da equipe de engenharia de con-
fiabilidade, com a missão de ajudar a estruturar a
área. “Essa mudança do Rio Grande do Sul para a
Bahia foi marcante na minha vida. Uma vez vencida
a tendência do apego ao local onde nasci, perce-
bi o quanto novas culturas podem nos acrescentar
como seres humanos”, diz.
Dois anos depois, Kolton foi trabalhar na gestão
integrada de ativos, concebida para a busca de si-
nergia entre as plantas de polímeros da Braskem
em todo o Brasil. “As aquisições realizadas no pe-
ríodo aumentaram muito o número de plantas e foi
preciso intensificar a padronização dos processos e
a busca das melhores práticas”, ele relembra.
protagoni stasIntegrantes da Braskem falam sobre a experiência de participar da construção de uma líder global
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Gustavo LaranjaGustavo Laranja, 37 anos, já não é mais conhe-
cido na Braskem somente como engenheiro de
processo no Rio Grande do Sul, mas como “ope-
rador de bateria”, uma das estrelas da campanha
publicitária que marcou os 10 anos da empresa.
“Foi muito legal participar. No período da veicu-
lação, pessoas com quem eu não falava havia
tempo vieram conversar, e nos reencontramos.
Também achei muito bacana ligar meu nome com
a imagem da Braskem”, afirma. Gustavo conside-
ra como marco de sua trajetória na empresa sua
participação no processo de integração dos ativos
da Ipiranga. “Fiz parte da equipe de sinergias, que
começou a conversar e trocar informações sobre
procedimentos e práticas. Essa troca de conheci-
mento não existia antes. Foi um período de ganho
expressivo de conhecimento”, diz.
Mauro OliveiraEle trabalhava na Trikem quando a empre-
sa foi adquirida pela Braskem. Mauro Oliveira,
30 anos, enfatiza: “Posso dizer que acompanhei estes
10 anos de perto e que trabalhar aqui é uma sen-
sação única que não tem como ser descrita. Afinal,
trabalho em uma companhia preocupada com o
nosso planeta, com seus integrantes e que tem uma
cultura muito forte. Admiro muito a Tecnologia Em-
presarial Odebrecht (TEO), que, mais do que uma
cultura empresarial, é uma filosofia de vida”, argu-
menta. Segundo Mauro, a inauguração da planta de
Polietileno “Verde” e a internacionalização da em-
presa foram as principais conquistas nesta déca-
da. “A Braskem é uma grande escola, onde aprendi
e continuo aprendendo muito”, ressalta ele, que é
operador da planta PE3, no Polo de Camaçari.
Edison Terra“Trabalhar na Braskem é viver o constante de-
safio de participar do crescimento de uma das
maiores empresas industriais do Brasil. Estamos
no início de uma cadeia e existem muitos setores
da economia do Brasil dependendo de nossa capa-
cidade”, afirma Edison Terra, 41 anos, há 10 anos
na empresa. Diretor de Polietileno, Edison afirma
que, entre tantas outras conquistas, a consolidação
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da petroquímica nacional, com a aquisição da Quat-
tor, e a compra dos ativos da Sunoco, nos Estados
Unidos, os primeiros ativos industriais da Braskem
fora do Brasil, são destaques na caminhada da em-
presa. Ambas as realizações tiveram a participação
direta de Edison.
Martin ClemeshaMartin Clemesha, 35 anos, trabalha na equipe de
Desenvolvimento de Mercado. Ele iniciou sua car-
reira na Polibrasil, como estagiário no laboratório
de desenvolvimento de produto e considera que de
lá pra cá adquiriu conhecimentos e a maturidade
que lhe dão mais segurança para seguir assumindo
os desafios que lhe são propostos. Martin ingres-
sou na Braskem com a aquisição da Quattor e se
orgulha de trabalhar em uma empresa preocupada
em crescer e perpetuar-se e que sabe que isso se
faz através das pessoas. “Durante a aquisição da
Quattor, pude perceber, desde o primeiro dia, o pro-
fissionalismo da liderança da Braskem, que soube
tranquilizar e conscientizar os integrantes da Quat-
tor em relação às oportunidades que teríamos pela
frente, uma vez que a empresa sempre necessitará
de pessoas capazes e motivadas para continuar sua
trajetória vencedora”, relembra.
Mônica MazzucattoIntegrante da Braskem há nove anos, Mônica
Mazzucatto, 36 anos, passou pelas áreas de Plane-
jamento de Produção, Logística, Ensaque e, há qua-
tro anos, realizou seu sonho: “Eu queria trabalhar
na área de Qualidade e Produtividade da planta PP3
PLN, em Paulínia (SP)”, ela descreve, com exatidão.
E foi graças à Braskem que Mônica conheceu seu
marido, Luiz Henrique (Responsável por Operações
Industriais na planta PP3 PLN), e construiu sua fa-
mília. A filha deles, Maria Eduarda, nasceu há dois
anos.
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Júli
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20 informa
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20
texto José enrique Barreiro foto Júlio BiTencourT
UMA CORRENTE DE ElOS
fortes
Carlos Fadigas: estratégia de atuação voltada para a sustentabilidade
21informa
os 43 anos de idade, Carlos Fadigas
de Souza é um dos mais jovens
líderes Empresariais da Organização
Odebrecht. Baiano de Salvador,
casado e pai de dois filhos, Fadigas é
formado em Administração de Empresas, com MBA
do Institute for Management Development (IMD),
da Suíça. Começou a vida profissional no Citibank,
ainda estudante. Em 1992, ingressou na Organização
Odebrecht, e atuou em diversos programas na
OPP Petroquímica e na Trikem, empresas do setor
químico e petroquímico que foram incorporadas
à Braskem. Após um período (2004 a 2006) como
Responsável pela área financeira da Construtora
Norberto Odebrecht, voltou à petroquímica como
vice-presidente de Finanças da Braskem, tornou-
se CEO da Braskem America em 2010 e, em 7
de dezembro daquele ano, foi indicado líder
Empresarial. Nesta entrevista a Odebrecht Informa,
ele fala da história da Organização na petroquímica,
da criação da Braskem, dos principais desafios
da empresa e do que projeta para o futuro da
companhia. Para ele, a Braskem não cresce sozinha,
e sim junto com seus clientes e demais agentes da
cadeia produtiva da petroquímica: “Precisamos
ter a visão clara de que uma cadeia produtiva só é
forte se todos os seus elos forem fortes”. E revela
o caminho do crescimento contínuo: “Temos que
ajudar cada vez mais os nossos clientes a também
se desenvolverem, tornando-se mais competitivos,
mais inovadores e capazes de conquistar novos
mercados com produtos de maior valor agregado”.
Odebrecht Informa – Quando e por que a Odebrecht
começou a investir em petroquímica?
Carlos Fadigas – Foi a partir do fim da década
de 1970, com a aquisição de um terço do capital
da CPC – Companhia Petroquímica Camaçari,
produtora de PvC, na Bahia. No início dos anos
70, o Governo brasileiro, preocupado em promover
um processo de substituição das importações e a
industrialização do país, escolheu a petroquímica
como um dos setores prioritários para receber
investimentos do Estado, dada a participação desse
setor em praticamente todas as cadeias produtivas.
O Governo concebeu um modelo societário tripartite
Ade empresas baseado em um sócio do setor público
(a própria Petrobras), um sócio internacional,
que seria o detentor de tecnologia, e um grupo
privado nacional com capacidade para investir no
setor. A Odebrecht foi convidada a ser um desses
investidores nacionais e aceitou participar. Além
de seu compromisso com o desenvolvimento do
Brasil e da Bahia, estado escolhido para abrigar o
segundo polo petroquímico do país, a participação
na petroquímica se encaixava na decisão da
Organização de diversificar seus negócios, até
então focados em construção.
OI – Pelo que se sabe, o modelo teve dificuldades
para engrenar.
Fadigas – Havia grandes desafios. Os principais
deles envolviam desde a disponibilidade de matéria-
prima até a formação de equipes especializadas,
típicos de uma indústria nascente. Além disso, o
Brasil era totalmente dependente da importação
de quase todas as matérias-primas petroquímicas,
da nafta aos catalisadores. E as empresas tinham
baixa escala, fabricavam um ou alguns poucos
produtos e não eram integradas verticalmente,
não se beneficiando de sinergias. Sem contar que
o modelo societário fragmentado gerou conflitos de
interesse que inibiam os investimentos necessários
para atender ao crescimento do país.
OI – O mercado respondeu bem à criação da
indústria petroquímica brasileira?
Fadigas – Respondeu bem, pois o país crescia e
se industrializava. Mas era um mercado fechado à
concorrência internacional e com preços controlados
pelo governo, como o resto de toda a economia
brasileira. Com isso, a petroquímica, que era um
setor ainda mais fechado e dependente do Estado,
foi perdendo sua capacidade de investir, e viveu um
período de certa estagnação, que se manteve mesmo
após o início da desestatização promovida durante o
governo Collor, no início dos anos 90.
OI – Mas a Odebrecht continuou a investir no setor,
apesar disso.
Fadigas – Sim, a Odebrecht tinha uma visão de longo
prazo. Enquanto grupos internacionais que atuavam
no setor preferiram vender suas participações, a
Odebrecht, que já vinha diversificando seus negócios
desde a década anterior, optou por crescer na
petroquímica. Realizamos algumas aquisições ao
longo da década de 80 e investimos fortemente na
compra de participações acionárias oferecidas em
leilões pelo Estado brasileiro no início dos anos 90.
OI – Ao longo da década de 90, após as aquisições
realizadas, a Odebrecht começa a consolidar seus
ativos petroquímicos até criar a Braskem, em
2002. Como foi esse processo?
Fadigas – Com a abertura da economia brasileira nos
anos 90, a competitividade tornou-se uma questão
de sobrevivência, e a petroquímica não fugiu à regra.
Uma das formas de melhorar a competividade do
setor seria por meio de ganhos de escala e sinergia.
A Odebrecht seguiu por esse caminho após adquirir
vários negócios e participações naquela década e
consolidá-las em duas empresas: a OPP, focada
em poliolefinas, e a Trikem, em vinílicos. Mas ainda
nos faltava a integração vertical com as centrais
petroquímicas.
OI – Quando essa integração teve início?
Fadigas – A oportunidade surgiu no final do ano
2000, quando os ativos da massa falida do grupo
Econômico foram colocados em leilão pelo Banco
Central. Houve duas tentativas de venda dos ativos,
sem que aparecessem compradores. Na terceira
tentativa, a Odebrecht participou e adquiriu o
controle da Copene, a central de Camaçari, em
julho de 2001, e abriu o caminho para a formação
da Braskem no ano seguinte, em parceria com o
grupo Mariani.
OI – É possível afirmar que esse foi o marco
transformador da petroquímica brasileira?
Fadigas – Com a criação da Braskem a
petroquímica brasileira ganhava a sua grande
empresa, capaz de competir internacionalmente
com os gigantes mundiais do setor. Estavam dadas
as condições para o surgimento de uma companhia
integrada, com escala mais adequada, integração
vertical, preocupação em investir em pesquisa e
desenvolvimento, enfim, aquilo que denominamos
“petroquímica brasileira de classe mundial”. Além
disso, com base em nossos princípios e valores de
atuação, assumimos um Compromisso Público com
nossos Clientes, Integrantes, Acionistas e com a
sociedade em geral, que seguimos até hoje. Nosso
modelo de governança corporativa está alinhado
com as melhores práticas internacionais e fundado
na criação de valor para todos os stakeholders.
O crescimento da Braskem nos últimos 10 anos,
seguindo a lógica de fortalecimento de toda a cadeia
produtiva da petroquímica e dos plásticos no Brasil,
demonstra que esse modelo é vencedor.
OI – Nesses 10 anos, quais os principais desafios
encontrados e como foram superados?
Fadigas – Eu destacaria o desafio de formar e
integrar pessoas, já que o crescimento da empresa
tem se dado também por meio de seguidas
aquisições. Essa diversidade cultural e riqueza de
experiências que os nossos Integrantes trazem na
bagagem são grandes ativos intangíveis da nossa
empresa. Ao mesmo tempo, nos coloca a questão
permanente de formar novas pessoas na cultura
da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) em
todos os países onde passamos a atuar, superando
eventuais diferenças culturais. Temos também
investido na qualificação de líderes com visão
global e alinhamento cultural para sustentar nosso
processo de internacionalização.
OI – Como a Braskem tem exercido sua liderança
para qualificar a cadeia produtiva da petroquímica
nacional e posicionar melhor o Brasil diante do
atual cenário internacional?
Fadigas – Temos colocado o nosso espírito de
servir não só em favor de nossos clientes, mas
também em prol de nosso compromisso com a
competitividade de toda a cadeia produtiva da
petroquímica e dos plásticos no Brasil. Esse papel
de agente setorial é muito importante em todos
os momentos, mas especialmente agora diante
dos cenários desafiadores como o que estamos
vivendo na petroquímica internacional por conta da
crise econômica e da perda de competitividade da
indústria nacional, o que acaba afetando os nossos
clientes. Temos trabalhado bastante, em conjunto
22 informa
com o setor e suas entidades representativas,
para influenciar medidas do Governo Federal em
favor da indústria nacional e conseguido vitórias
expressivas. No momento, estamos empenhados
na aprovação do Regime Especial da Indústria
Química – Reiq, que propõe dinamizar o setor
por meio de desoneração das matérias-primas
e dos investimentos e estímulos à inovação,
especialmente na área da química "verde".
OI – Qual tem sido o papel da Petrobras no
crescimento da Braskem?
Fadigas – Há uma convergência de visões entre
nossos dois principais acionistas, Odebrecht e
Petrobras. Essa convergência foi construída ao
longo de anos em torno dos benefícios gerados
pela consolidação do setor, o que deu um grande
impulso não apenas ao crescimento da Braskem,
mas também ao fortalecimento de toda a nossa
cadeia produtiva. As aquisições da Ipiranga e da
Quattor, conduzidas em conjunto com a Petrobras
e a Odebrecht, foram marcos desse processo, que
impulsionou a internacionalização das nossas
operações e permitiu nos tornarmos líderes na
produção de resinas das Américas e uma das cinco
principais petroquímicas do mundo.
OI – Que tipo de relação de parceria a Braskem
estabelece com seus clientes?
Fadigas – A concorrência no setor petroquímico
é global. Por isso, para ser competitivo, é preciso
ser grande e forte, ter escala global, autonomia
tecnológica e capacidade de investimento, uma vez
que a petroquímica é intensiva em capital. Nesse
contexto, precisamos ter a visão clara de que uma
cadeia produtiva só é forte se todos os seus elos
forem fortes. Ou seja, para continuarmos crescendo
temos que ajudar cada vez mais os nossos clientes
a se desenvolverem também, tornando-se mais
competitivos, mais inovadores e capazes de
conquistar novos mercados com produtos de maior
valor agregado. Temos que aprimorar nosso espírito
de servir e reforçar sempre mais a parceria com os
nossos clientes, inclusive apoiando e impulsionando
aqueles que queiram e possam nos acompanhar em
nosso processo de internacionalização.
OI – Como tem sido a experiência da Braskem nos
Estados Unidos e no México?
Fadigas – A conquista da liderança do mercado
norte-americano de polipropileno, logo no segundo
ano da nossa presença nos Estados Unidos, é motivo
de orgulho para a Braskem. Temos tido um grande
aprendizado com as operações norte-americanas,
especialmente em relação ao suprimento de
matérias-primas, já que lá, ao contrário do Brasil,
não há integração vertical e é preciso desenvolver
continuamente nossas relações com fornecedores
de propeno. Nesse aspecto, detectamos também
muitas oportunidades de parcerias, a exemplo da
que fizemos com a Enterprise, que vai ampliar seu
fornecimento à Braskem de forma a compartilharmos
os benefícios do boom do gás de xisto vivido hoje pelos
Estados Unidos, que levou a petroquímica americana
a retomar sua alta competitividade. No México, com
o objetivo de ampliar a participação do gás em nossa
matriz de matérias-primas, prosseguimos com o
projeto Etileno XXI, em associação com a mexicana
Idesa, para produção integrada de mais de 1 milhão
de toneladas/ano de eteno e polietileno.
OI – Quais as expectativas do LE da Braskem para
2020?
Fadigas – A visão 2020 da Braskem é tornar-se
a líder mundial da química sustentável, inovando
para melhor servir às pessoas. Nossa estratégia de
atuação está voltada para a sustentabilidade, que está
assentada sobre três pilares: contar com processos
cada vez mais sustentáveis, o que tem a ver com
ecoeficiência; ter produtos cada vez mais eficientes
– valendo destacar aqui nossos investimentos em
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos
da química "verde"; e oferecer aos Clientes e à
sociedade soluções cada vez mais sustentáveis. A
sustentabilidade está no coração da TEO e sempre
foi uma prioridade na Braskem. Muito antes de
nos tornarmos líderes globais em biopolímeros
com a produção do Polietileno "verde", nossos
indicadores de desempenho em Saúde, Segurança
e Meio Ambiente já eram comparáveis às melhores
referências internacionais e o compromisso com as
questões sociais sempre foi uma marca do nosso
empresariamento.
23informa
24 informa
ONDE FAz DIFERENçAa presença
24
10 anos
República Dominicana
25informa
texto João marcondES
Projetos fundamentais para o crescimento do país, em diferentes setores, têm a participação de equipes da Odebrecht
apartamento de três quartos no ar-
borizado bairro Bella Vista, em Santo
Domingo, com pouco mais de 100 m2,
serve de moradia e escritório para
quatro integrantes da Odebrecht, en-
tre eles o engenheiro Luis José Bartolomeu. Eles
trazem nas malas poucos pertences pessoais, qua-
tro computadores e uma impressora. O ano é 2001.
Viajante experimentado, Bartolomeu trabalhou
no Chile, Argentina, Peru, Colômbia e em outros
países. O desafio agora é conquistar a primeira
obra para a Odebrecht na República Dominicana:
um aqueduto no Vale do Cibao, noroeste do País.
Ele tem a companhia de Guilherme Di Cavalcanti,
Marcelo Jardim e Jorge Montoya.
O trabalho é árduo, exige adaptação e obstinação.
A recompensa vem no dia 7 de março de 2002, com
a assinatura do contrato da obra. No ano seguinte,
em um domingo quente de maio, 40ºC à sombra,
enquanto amigos e a esposa confraternizam em um
churrasco feito por brasileiros na capital, Bartolo-
meu “enterra”, em suas palavras, o primeiro tubo
do Aqueduto Línea Noroeste, nas proximidades da
pequena cidade de Mao.
Passados 10 anos, Bartolomeu analisa a presen-
ça da Odebrecht na República Dominicana como
uma via de mão-dupla de virtudes. “Contribuímos
para que o país se desenvolva. E o país faz o mesmo
pela empresa e seus integrantes”, ressalta.
O aqueduto, a primeira de 11 obras da Odebre-
cht no país, assegurou o abastecimento de água
eficiente a mais de 1 milhão de pessoas. Segundo
Bartolomeu, 48 anos, hoje Diretor de Contrato de
uma nova obra, o Aqueduto Hermanas Mirabal, a
República Dominicana garantiu-lhe oportunidade
de crescimento profissional e pessoal, com a pos-
sibilidade de acesso a uma nova cultura para ele e
sua família (esposa e três filhos). “Aqui me sinto em
casa”, resume.
O desenvolvimento de países e empresas refle-
te-se no crescimento dos indivíduos que os com-
põem. A dominicana Wanda Dorville Garcia, 44
anos, contadora pública com especialidade em ges-
tão de pessoas, trabalhava na indústria têxtil local
antes de entrar na Odebrecht, há 10 anos. “Fui em
busca da vivência que uma empresa grande e inter-
nacional, poderia me proporcionar”, explica. Depois
de uma década, a experiência a modificou em di-
O
Hidrelétrica de Palomino: primeiro projeto público do país classificado como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
PEd
r S
ch
Etti
no
26 informa
versos sentidos. “Graças à Odebrecht, pude verda-
deiramente conhecer meu país”, diz, com emoção.
Natural de Santo Domingo, de onde praticamente
nunca havia saído, ela percorreu a ilha de norte a
sul nas várias obras da empresa em cidades como
Mao, Samaná, San Francisco, Dajabon e Santiago
Rodríguez. “O mais incrível foi ter contato com meu
povo em todos esses lugares que desconhecia.”
Wanda é hoje Responsável por Pessoas na Ode-
brecht República Dominicana. Ela participa dire-
tamente do recrutamento para todas as obras da
empresa no país. Um sonho Wanda ainda alimen-
ta, guardado no íntimo: “Quero conhecer o Brasil”,
suspira. “Salvador, Rio, Minas Gerais...”
Grandes obras e sustentabilidadeNos 10 anos de presença no país, as equipes
da Odebrecht ergueram 1.031 km de redes de
distribuição de água, três plantas de tratamento
de água e duas hidrelétricas (que, juntas, geram
312 mil MWh/ano, evitando que o país tenha de im-
portar anualmente 715 mil barris de petróleo e re-
duzindo emissões equivalentes a 215 mil t/ano de
CO2). Além disso, 150 km de estradas foram cons-
truídos ou reabilitados, e outros 207 km estão em
execução. Cerca de 8 mil pessoas trabalharam para
a empresa no período.
“Damos extrema importância à sustentabili-
dade em nossa atuação, seja no plano ambien-
tal, seja no social”, assinala Marco Cruz, Diretor-
-Superintendente no país. “Não apenas apoiamos
as comunidades, mas desenvolvemos o trabalho
de forma produtiva, independentemente de nos-
sa presença nas cidades após o término de uma
obra”, assinala.
A Hidrelétrica de Palomino, por exemplo, é o
primeiro projeto público da República Dominicana
classificado como MDL (Mecanismo de Desenvolvi-
mento Limpo), que concederá créditos de carbono
ao país, os quais serão revertidos para projetos so-
ciais. Além dos acampamentos “verdes”, com ener-
gia solar (cujas placas energéticas serão doadas às
comunidades após o término da respectiva obra),
a Odebrecht prioriza o reúso de água, como está
sendo feito na construção da Rodovia de Miches.
Segundo Marco Cruz, essas iniciativas compõem
um padrão a ser implantado em todas as obras da
empresa no país.
“Aplatanado”Com participação de 22% no Produto Interno
Bruto (PIB) do país, o turismo é a principal ativi-
dade econômica da ilha de belas praias de águas
cristalinas e está recebendo grande incremento
com as centenas de quilômetros construídos (e em
construção) por meio de projetos como os das rodo-
vias e autopistas Casabito, Coral e Miches. “Sempre
quisemos diminuir a distância entre Punta Cana e a
Luis José Bartolomeu: “Aqui me sinto em casa”a
rq
uiv
o P
ESSo
al
capital cultural Santo Domingo. Isso só foi possível
graças à Autopista del Coral, que, ao longo de seus
70 km, é uma obra-prima da engenharia”, enaltece
o Ministro do Turismo, Francisco Javier Garcia.
Cláudio Medeiros, Responsável Administrati-
vo-Financeiro da Odebrecht na República Dominica-
na, diz sentir-se “aplatanado” no país. O termo quer
dizer “enraizado” e faz referência a uma das prin-
cipais culturas agrícolas locais, o plátano, espécie
de banana-da-terra. Ele também está há 10 anos na
República Dominicana, onde casou-se e teve os dois
filhos, Mateus, 9 anos, e Manuela, 7 anos.
“O dominicano é muito afetivo, alegre e habi-
REPUBLICA DOMINICANA
Alguns destaques
• 2 hidrelétricas construídas (as quais, juntas, geram 312 mil MWh/ano)
• 1.031 km de redes de distribuição de água
• 150 km de estradas construídos ou reabilitados
lidoso, como o baiano”, brinca Cláudio, ele pró-
prio da Bahia. “E se desenvolve muito bem dentro
da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), na
Educação pelo Trabalho e pelo espírito de servir”,
elogia. Nestes 10 anos, mais de 200 pessoas pas-
saram pelo Programa Jovem Parceiro. Hoje, há
dominicanos formados no programa trabalhando
para a Odebrecht em outros países, como Equa-
dor, Estados Unidos, Angola e Panamá.
Em uma década, a Odebrecht realizou obras
essenciais, na capital – como o Corredor Duarte,
um conjunto de elevados e vias subterrâneas que
contribuirá para circulação de 800 mil carros na
cidade, que sofre com o trânsito pesado – e no in-
terior – como as hidrelétricas de Pinalito e Palo-
mino, que aumentaram a energia limpa do país e
diminuíram sua dependência de produtos fósseis e
derivados de petróleo, que hoje ainda é de 85%. E
o que está por vir? “Aqui há muitas oportunidades,
pois o país não para de crescer. Há necessidade
de portos e tratamento de água e esgoto. Fizemos
uma excelente parceria, tornamos a República Do-
minicana um país-cliente, nos apaixonamos pelo
povo e esperamos que esse sentimento seja recí-
proco. Acreditamos em um futuro auspicioso”, diz
Cláudio Medeiros.
27informa
ac
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EBr
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tAutopista del Coral:
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28 informa
Uma turma que encontrou seu caminhoAo completarem 25 anos de atuação na Odebrecht, oito integrantes angolanos falam de seus aprendizados e expectativas
Quando soube que seria en-
trevistada por Odebrecht
Informa, a angolana Filo-
mena Belo, 54 anos, fez questão
de percorrer cerca de 200 km, do
projeto Cambambe, onde trabalha,
na Província de Kwanza Norte, até o
canteiro da Odebrecht, em Luanda.
Sorridente, ela diz: “Eu não espero
ser servida, aprendi a servir primei-
ro”. Esse seu aprendizado não veio
por acaso. Em 2012, ela e outros
sete integrantes da Odebrecht An-
gola completam 25 anos de serviço
à empresa e ao seu país. Todos eles
começaram nas obras da Hidrelé-
trica de Capanda, na Província de
Malanje, o primeiro contrato firma-
do pela Odebrecht em Angola, em
1984. “Tenho orgulho de dizer que
construí Capanda”, afirma Filome-
na, que atuou na obra até 2008.
Carlos Paciência, 46 anos, João
Cardoso, 50 anos, e Alcino Teixei-
ra, 56 anos, atuam hoje, simulta-
neamente, nos projetos Águas de
Luanda e Zona Econômica Espe-
cial. Carlos ingressou na empresa
como aprendiz de pintor. De olho
nas oportunidades, aproveitou as
iniciativas de Educação para o Tra-
balho e cresceu. Da pintura passou
para o Programa de Qualidade e
em seguida para o de Apoio Admi-
nistrativo. No início dos anos 1990,
surgiram os conflitos armados, as
obras foram paralisadas e ele foi
transferido para o projeto Luan-
da Sul, onde ficou até 2004. Hoje
atua como técnico administrativo.
“O interesse pelo ser humano é o
que mais me atrai na Odebrecht”,
destaca.
Assim como Carlos, João Cardo-
so não perdeu tempo. Começou sua
carreira como ajudante nas frentes
de produção, mas logo tornou-se
apontador e depois encarregado de
equipe. Atualmente integra a área
de Pessoas. “Meu maior aprendiza-
do é fazer as coisas certas. Ensino
isso todos os dias a meus filhos”,
diz. Já o eletricista e encarregado
de equipe Alcino Teixeira esteve li-
gado às obras de Capanda até 2002,
quando foi transferido para Luanda.
“Nestes 25 anos, aprendi que os
estudos, o trabalho e o respeito são
a base da vida”, analisa.
Antônia da Costa, 47 anos, e
Rosinho Eduardo, 54 anos, estão
hoje no projeto Vias Estruturantes.
Ela ingressou como técnica em co-
municação, no canteiro de Capan-
texto EdilSon lima foto kamEnE traça
28 informa
tecnologia empresarial Odebrecht
A partir da esquerda, Carlos Paciência, Alcino Teixeira, Maria Bernardo, Rosinho Eduardo, Antonia da Costa, Antonio Carvalho, Filomena Belo e João Cardoso: trajetórias marcadas pela motivação para servir e crescer
29informa
da. Com a primeira paralisação,
foi transferida para o apoio admi-
nistrativo na Vila do Gamek, em
Luanda, onde viviam os expatria-
dos e suas famílias. Depois, passou
pelos projetos Luanda Sul, Vias de
Luanda até chegar ao atual. “Meu
maior orgulho, em todos estes
anos, tem sido a relação com meus
líderes. Aprendi e aprendo muito
com eles”, relata. Rosinho Eduar-
do, orientador de motorista (“pa-
drinho”, como ele chama), mostra,
durante a entrevista, o diploma do
curso feito na empresa, que lhe
permitiu chegar ao cargo que de-
sempenha hoje: “A Odebrecht é
uma escola. Aqui, só não cresce
quem não quer”.
Para Antônio Carvalho, 54 anos,
e Maria Bernardo, 55 anos, a Vila
do Gamek é um lugar especial.
Antônio é motorista e ingressou
na empresa em 1987. Uma de
suas primeiras missões foi trans-
portar a mobília da vila. “Montei
cada peça dos móveis”, ele re-
corda, com alegria. Foi na mesma
vila que Maria Bernardo iniciou
sua trajetória na Odebrecht. Ela
era responsável pela manutenção
das casas, enquanto os integran-
tes trabalhavam em Capanda.
“Deixava tudo arrumado para eles
curtirem nos fins de semana”, ela
relembra. Sua dedicação a levou
à função que tem hoje: cuidar da
casa de trânsito da empresa, em
Luanda, onde os diretores rece-
bem visitas especiais. “A respon-
sabilidade aumentou, mas faço
tudo com carinho.”
Carlos José: “Toda obra tem começo, meio e fim, mas esta aqui é permanente”
30 informa28
ESCRITóRIO E
escola
Viveiro de mudas no canteiro de Santo Antonio: 124 espécies nativas
enato Martins era um jovem engenheiro recém-formado quando, em
1961, passou a integrar a equipe que, no ano seguinte, fundaria o escritó-
rio de Recife da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), a primeira base
da empresa fora da Bahia. Não era uma tarefa simples, e ter sucesso era
essencial - afinal, era o ensaio da expansão que a Odebrecht planejava
para as décadas seguintes.
Fundada em 1944, a empresa contava então 18 anos. Renato, só um pouco mais:
26. Mas, quatro anos após ter sido admitido como estagiário e já experimentado em
diversas funções, ele reunia os requisitos necessários para os desafios apresentados.
Renato possuía ainda o atributo maior dos profissionais daquela missão: domínio e
alinhamento em relação à filosofia e à cultura da empresa. Mais que conquistar novos
negócios no Nordeste, a Odebrecht queria chegar para ficar, fixar raízes em Recife. “A
equipe enviada de Salvador era pequena, formada apenas por pessoas estratégicas, pre-
paradas para recrutar e formar novos quadros, mantendo o perfil de empresa integrado-
ra e educadora, com respeito ao contexto local”, conta Renato Martins, hoje com 76 anos.
R
30
A Arena Pernambuco, em construção, e a Ponte dos Carvalhos, o primeiro projeto: Escritório de Recife teve papel decisivo na expansão nacional da Odebrecht
45 anos
Escritório de Recife20 an
os
México45 an
os
Escritório de Recife
Lia L
ub
am
bo
escolaFilial de Recife celebrizou-se como polo formador de líderes da Organizaçãotexto ricardo Sangiovanni
31informa 31
era Brasília. A opção da empresa, porém, foi outra. O
efervescente Nordeste, mais próximo e conhecido, era
melhor alternativa.
De Recife, a CNO atenderia a toda a região, exceto
Sergipe e Bahia. O primeiro diretor foi o arquiteto suíço
Heinz Spilgberg, e a primeira obra, a Ponte dos Carva-
lhos, na BR-101, logo em 1962.
Daí em diante, vieram novas pontes, intervenções
rodoviárias e uma série de plantas industriais. “Willys
Overland, Tintas Coral, Rhodia Nordeste, Alba Nordeste,
Formiplac, Coperbo, Alcoa... Foram muitas, em vários
estados”, relembra Renato Martins, líder de boa parte
daqueles contratos.
Por conhecer melhor a geografia, o clima e a polí-
tica da região, a Odebrecht oferecia melhores soluções
construtivas e concluía mais rapidamente as obras. A
demanda das indústrias era tão grande que foi criado
um departamento de projetos exclusivo. “Corríamos o
risco de quebrar um vaso de cristal: uma eventual inefi-
ciência em uma obra macularia nossa eficácia nas ou-
Em Recife, a empresa reencontrava antigas raízes: a
capital pernambucana era a cidade onde Norberto Ode-
brecht nascera e vivera até os 9 anos, antes da família
ir para Salvador. Cidade onde seu pai, Emílio Odebrecht,
empreendera nos anos 20, deixando ali boas relações e
obras importantes, como a ponte Buarque de Macedo e
o Quartel do Derby, cartões-postais da cidade.
Canteiro de obrasRecife era foco para novos negócios. A cidade vivia
um boom urbano: em 20 anos, a população dobrara,
atingindo 800 mil habitantes em 1960. O crescimento
tendia a continuar com a criação da Sudene (Superin-
tendência do Desenvolvimento do Nordeste, sediada em
Recife) pelo Governo Juscelino Kubitscheck, em 1959,
para acelerar a industrialização da região. Por isso, era
enorme a demanda por infraestrutura rodoviária, portu-
ária e urbana.
Para a CNO, então consolidada na Bahia, era impera-
tivo crescer. O maior mercado do país naquele momento
ac
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32 informa
tras. A meta era que o cliente sempre saísse satisfeito”,
diz Renato.
De Martins para MartinsEm 1963, Renato admitiu como estagiário outro
Martins: Murillo, um jovem engenheiro pernambuca-
no. Não eram parentes, mas, assim como Renato, ele
também faria história na empresa. Com pouco tempo
de casa, Murillo foi convidado por Norberto Odebrecht,
em 1964, para trabalhar em Salvador. “Pude beber di-
reto da fonte. Doutor Norberto sabia apontar ineficiên-
cias de forma muito sutil e humana”, lembra Murillo,
72 anos.
Logo ele seria enviado ao canteiro da Barragem de
Pedras, em Rio de Contas (a 565 km de Salvador), uma
das maiores obras da época. Além do aprendizado pro-
fissional intenso, o ano vivido no interior baiano foi um
verdadeiro curso de sobrevivência. “Era um lugar mui-
to agreste, tudo ali era difícil. Morei em uma casinha de
madeira. Era comum ficar um, dois dias sem tomar ba-
nho, porque a água do rio era usada para lavar animais,
recebia esgoto... As coisas não eram como hoje.”
Em 1967, Renato retornaria de Pernambuco para a
Bahia pronto para usar o know-how acumulado em Re-
cife na expansão da CNO para outros estados e países.
No mesmo ano, um amadurecido Murillo faria o cami-
nho inverso.
De volta a Recife, agora sob a supervisão do en-
genheiro Adelmar Xavier (diretor naquela época e já
falecido), Murillo assumiria suas primeiras obras: a
sede da Prefeitura, a Reitoria da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), o Centro de Convenções e o
Edifício-sede da Sudene. “Havia muita concorrência.
Vencíamos na técnica, com as melhores soluções”, re-
corda o engenheiro, que em 1976 passou à direção do
escritório, onde ficaria até 1999, quando se desligou da
empresa.
Murillo Martins: “Pude beber direto da fonte”
Lia L
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Engenheiro de pessoas, líder-educadorSob a liderança de Murillo, a CNO entraria com for-
ça nos anos 80, que trariam grandes desafios, como o
Metrô de Recife e o Porto de Suape. Foi quando o en-
genheiro mostrou-se um exímio educador, especialista
em formar profissionais. “Ligava para a universidade e
pedia indicações. Criava testes simples, poucas ques-
tões sobre técnica e procedimento. Ali já sentia a per-
sonalidade do cara, sabe?”
Com essa simplicidade, Murillo garimpou uma gera-
ção de talentos que se tornariam líderes na Odebrecht.
Alguns exemplos são Henrique Valladares (atual Líder
Empresarial da Odebrecht Energia), Euzenando Azeve-
do (Líder Empresarial da Odebrecht Venezuela) e Luiz
Augusto Teive (Diretor-Executivo da Odebrecht Defesa e
Tecnologia – ODT). A lista vai muito além.
“Murillo Martins me marcou pela seriedade, confian-
ça e dedicação à formação de pessoas”, resume o hoje
Vice-Presidente de Operações da Odebrecht, Paulo La-
cerda, “pupilo” que liderou a obra do Metrô de Recife –
entregue em três anos, um recorde até hoje.
Um dos estagiários de Murillo, em 1977, foi João Pa-
cífico – seu futuro sucessor. “Logo que entrei, meu lí-
der direto ficou doente e fui trabalhar diretamente com
Murillo, na obra do Centro de Convenções. Entrei com
a bola rolando, sem treino”, conta Pacífico, que desde
2000 é Diretor-Superintendente em Recife e hoje atende
às regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Sob a condução de Pacífico, a Odebrecht participou
da realização de grandes projetos, como a Ferrovia
Transnordestina, que ligará o Porto de Pecém, no Ceará,
ao Porto de Suape, em Pernambuco, o Aeroporto de Re-
cife, as novas etapas de Suape, no município de Ipojuca,
e, mais recentemente, a Arena Pernambuco, na região
metropoliatana de Recife, e o Complexo Residencial Re-
serva do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho. “Em Reci-
fe estamos no céu, na terra e no mar”, afirma Pacífico,
com humor. As obras de Suape e da Transnordetina, por
exemplo, apesar de realizadas no inteior do estado, são
coordenadas a partir do Escritório de Recife.
O escritório mantém parcerias com as universidades
e segue sendo um fornecedor de quadros para a Organi-
zação. Um recente destaque é a engenheira Ana Caroli-
na Farias, 35 anos. Ela – que foi estagiária antes de atuar
em grandes obras, como Aeroporto e Transnordestina
– tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de
Diretora de Contrato na Odebrecht: liderará a constru-
ção da fábrica da cervejaria Itaipava. “Faço o que gosto,
e é ótimo ter sucesso por fazer bem feito. Dedico minha
vida a isso”, afirma Ana Carolina.
Sinal de que a missão de 1962 foi bem cumprida. No-
vos capítulos dessa história ficarão por conta dos estagi-
ários de Ana Carolina. E dos estagiários deles. E, então,
dos estagiários de seus estagiários... Um exemplo de
continuidade.
33informa 33
Renato Martins, um dos pioneiros em Recife: líder de diversos contratos da Odebrecht
O Quartel do Derby, em Recife, foi restaurado em 1924 pela Emílio Odebrecht & Cia., empresa que deu origem à Construtora Norberto Odebrecht
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34 informa
DO CRESCIMENTOpilares
texto luiz carloS ramoS fotos andréS mannEr
34
Integrantes locais, que compõem a quase
totalidade da Odebrecht na Venezuela, contribuem
para a integração e o desenvolvimento do país
20 anos
Venezuela
35informa
ão mais de 20 mil venezuelanos formando a
força de trabalho da empresa, dos quais quase
8 mil, integrantes diretos. Mais que participar
de grandes projetos que contribuem para a in-
tegração e o crescimento do país, eles dão sua
colaboração decisiva para que muitos compatriotas desfru-
tem de condições de vida melhores. Ao completar 20 anos
de atuação, a Odebrecht Venezuela tem o reconhecimento
da sociedade, e suas equipes fazem disso, sobretudo, um
incentivo para produzir mais e melhor.
“Temos orgulho de nossa contribuição para o progresso
do país proporcionada ao longo destes 20 anos”, diz Euze-
nando Azevedo, Líder Empresarial da Odebrecht Venezue-
la, condutor da atuação da empresa desde 1994. “Isso vem
sendo possível por meio das obras que realizamos e tam-
bém da execução de programas de sustentabilidade nas
comunidades em que atuamos, da permanente integração
de venezuelanos às nossas equipes e da transferência de
tecnologia”, acrescenta.
Integrante da Odebrecht Venezuela desde 2000, José
Cláudio Daltro, Responsável por Administração, Finanças
e Pessoas, argumenta: “Nestas duas décadas, nos torna-
mos parte da família venezuelana. Desde o início, nos pro-
pusemos a participar da vida das comunidades, abrir opor-
tunidades aos jovens profissionais venezuelanos, buscar o
diálogo com o meio empresarial e acadêmico. Mergulha-
mos na realidade do país para conhecê-lo e fazer dele nos-
so lugar de trabalho e nosso lar”.
Do shopping center às pontes sobre o OrinocoDe 1992 a 2012, a Venezuela saltou de 20 milhões de ha-
bitantes para quase 30 milhões. A busca de soluções para a
infraestrutura no setor de transportes e o fornecimento de
energia elétrica está entre os imperativos atuais do país. A
Odebrecht cumpre expressiva participação nessas áreas. O
início da empresa no país, entretanto, esteve distante des-
se front. Em 1992 foi assinado o contrato para a primeira
obra: a construção do shopping center Centro Lago Mall,
em Maracaibo, a segunda maior cidade venezuelana. Os
seis anos que se seguiram a essa primeira conquista exigi-
ram paciência e persistência, até a estreia em Caracas, em
1998, com o contrato da Linha 4 do Metrô. Dois anos depois
começariam as obras de um projeto emblemático (para a
Odebrecht e para a Venezuela): a segunda travessia so-
bre o Rio Orinoco, a Ponte Orinoquia, inaugurada em 2006,
com 3.156 m. Era a consolidação da presença nacional da
Odebrecht.
S
35informa 35
Obras da Terceira Travessia sobre o Rio Orinoco: nova realização que contribuirá para a integração nacional
Hoje, a empresa constroi outra ponte, a terceira
travessia sobre o mesmo rio; executa a Hidrelétri-
ca de Tocoma, no Rio Caroní; e dá prosseguimen-
to à sua intensa atuação nos sistemas de metrô
de Caracas e Los Teques, com um total 65 km
de linhas em construção. As perspectivas atuais
abrangem a participação em projetos nos setores
de infraestrutura, industrial, de petróleo e gás,
petroquímico, de segurança alimentar e imobili-
ário. A Odebrecht Venezuela busca novas formas
de contribuição e se renova por meio dos jovens.
A engenheira venezuelana Kaira Visaez é um
exemplo da nova geração de integrantes. Ela tinha
8 anos quando a Odebrecht chegou ao país. “Cresci
ouvindo falar na Odebrecht. Cursei a universidade e,
em 2007, ingressei na empresa”. Aos 28 anos, ela
trabalha nas obras de Tocoma. Kaira é filha do en-
genheiro Johnny Gamboa, Responsável pela Sala
Técnica de Engenharia de Tocoma, e da engenheira
Dorje Longart, que também trabalhou na empresa.
“Aprendi desde cedo, em minha casa, a admirar esse
estilo de trabalho e de vida.” Tocoma, com capaci-
dade para gerar 2.280 MW, é a quarta e última das
usinas do Rio Caroní. Juntas, somarão 17.700 MW.
A pouco mais de 500 km de Tocoma, a Odebrecht
desenvolve, há seis anos, as obras da terceira ponte
sobre o Rio Orinoco, entre as cidades de Cabruta, no
Estado Guarico, e Caicara, no Estado Bolívar. A obra
deverá estar concluída em 2017. Trata-se de um sis-
tema viário de 30 km, que concentrará acessos às
cidades e ligações a rodovias. A ponte terá exten-
são de 11.125 m, ocupando o segundo lugar entre
as maiores da América Latina, atrás apenas da Rio-
-Niterói (13.290 m). O engenheiro Christian Saghy, o
primeiro venezuelano a ocupar o cargo de Gerente
de Produção em obras da Odebrecht no país, expli-
ca: “A ligação pela ponte possibilitará a exploração
de recursos minerais e facilitará o povoamento da
região sul do país”.
Metrôs de Caracas e Los TequesA região metropolitana de Caracas, com cerca
de 7 milhões de habitantes, está entre as 10 mais
populosas da América Latina. Seus moradores
enfrentam enormes engarrafamentos, e o metrô
surge como salvação. Caracas tem duas redes,
agora unidas: a da própria Capital Federal e a de
uma cidade que fica a quase 40 km – Los Teques,
capital do Estado Miranda.
Desde 1998 até os próximos anos, serão
119 km de metrô a cargo a Odebrecht Venezuela.
36 informa
Kaira Visaez: a TEO em casa
Renato Gerab: responsabilidade pelo sistema integral
37informa
Em Caracas, a empresa é responsável pela Linha
5, tendo executado também as Linhas 3 e 4. Fez os
Metrocables Mariche e San Agustín e o Cabletren,
prepara o Sistema Caracas-Guarenas-Guatire e
cuidou da Linha 1 de Los Teques, que garantiu a
conexão com Caracas em 2006. A Odebrecht está
concluindo a Linha 2 de Los Teques e em breve
dará início à Linha 3.
O engenheiro Ricardo Gomez, que está na Ode-
brecht há nove anos, é Responsável por Equipes
na Linha 5 de Caracas, cuja construção usa má-
quinas shield (tatuzão) para abrir túneis. “Atraves-
samos uma área de muito movimento da capital e,
mesmo assim, os moradores e o trânsito não são
afetados”, assinala.
Em Los Teques, com a Linha 2, a situação é
semelhante, de acordo com o engenheiro me-
cânico José Avelino Goncalves de Oliveira, ve-
nezuelano filho de portugueses. Ele trabalha na
Odebrecht há seis anos. Ingressou na empresa
por meio do Programa Jovem Parceiro, em 2006.
“Esta linha de 12 km passa pelo centro da cida-
de, com seis estações e trechos subterrâneos.
Tem sido emocionante participar da obra”. O Ge-
rente Comercial Renato Gerab, de São Paulo,
com sete anos de atuação na Odebrecht, relata:
“Além das obras civis, somos responsáveis pelo
Sistema Integral, que inclui instalação de vias
permanentes, controle de operação, eletrifica-
ção e bilhetagem”.
Ricardo Gomez: experiência desafiadora
Produção de alimentosA Odebrecht Venezuela também desenvol-
ve para o Governo projetos agrários voltados à
produção de alimentos. O primeiro, cujas suces-
sivas etapas começaram a ser concluídas em
2006, foi na região de Maracaibo: o Projeto de
Irrigação El Diluvio-Palmar. No início, era ape-
nas para garantir a irrigação de uma área, mas
o programa foi ampliado e converteu-se em um
plano integral orientado para o desenvolvimento
do interior, a segurança alimentar e a ocupação
ordenada da fronteira com a Colômbia. Passou
a se chamar Projeto Agrário Integral Socialista
Planície de Maracaibo. Sua infraestrutura ba-
seia-se em uma rede formada por um duto prin-
cipal, de 48 km, e canais secundários e terciá-
rios. A ampliação do projeto levou à construção
de moradias e de modernas instalações para o
desenvolvimento da agriculura e da pecuária. Já
o Projeto Agrário Integral Socialista José Inácio
de Abreu Lima, em execução no Estado Anzoá-
tegui, consiste em um complexo agroindustrial
para produzir derivados da soja. São cinco mó-
dulos: planta de secagem com armazenamen-
to, planta de carne e leite de soja, agronegócio,
central de mecanização e centro de formação.
Por meio de um acordo de cooperação entre os
dois países, técnicos brasileiros vêm trocando
informações com profissionais venezuelanos
para que o programa tenha sempre o apoio de
assistência técnica e, com isso, amplie a produ-
ção a cada ano.
Os 20 anos de realizações da Odebrecht no
país têm recebido, ao longo desse tempo, im-
portantes reconhecimentos da comunidade, do
poder público, do meio acadêmico e de entida-
des de classe. São exemplos disso os prêmios
de Construtora do Ano do Estado Zulia, pela
atuação da empresa nas obras do shopping
center Centro Lago Mall (1998) e o da Câmara Ve-
nezuelana da Construção, pela Ponte Orinoquia
(2007), honraria repetida em 2011 pelas obras do
Metrocable San Agustín. “Para nós, esses prê-
mios simbolizam a aceitação e a confirmação
da Odebrecht como uma empresa venezuelana,
feita por venezuelanos para venezuelanos”, diz
Euzenando Azevedo.
38 informa
Christian Saghy: jovem líder da Odebrecht Venezuela
VENEZUELA
Alguns destaques
• Integrantes: 7,5 mil (dos quais apenas 163 não são venezuelanos)
• 5 linhas de metrô executadas e em execução: 3 três em Caracas e 2 em Los Teques)
• 2 pontes: Ponte Orinoquia, a Segunda Travessia sobre o Rio Orinoco, concluída em 2006, e a Terceira Travessia sobre o mesmo rio, em construção
• 1 usina hidrelétrica em execução: Tocoma, com capacidade instalada de 2.280 MW
39informa
Com seus investimentos em
pessoas e tecnologia, ETH contribui
estrategicamente para o aprimoramento do setor sucroalcooleiro
no Brasil
NOvOS E MElHORESdias
texto ElEa almEida fotos GuilhErmE afonSo
grama da frente do escritório principal eu aju-
dei a plantar. Esse prédio nem existia quando a
ETH chegou”, conta Sérgio Ostete, supervisor
agrícola de irrigação da Unidade Alcídia, da ETH
Bioenergia, uma das que compõem o Polo São
Paulo da empresa. Integrante desde a compra da unidade, em
2007, a primeira adquirida pela empresa, o paranaense foi uma
das pessoas que acompanharam de perto o crescimento da
ETH e se desenvolveu com ela, de tratorista a líder.
Em julho de 2007, a Organização Odebrecht deu início à sua
atuação no setor de etanol, energia elétrica a partir da biomas-
sa e açúcar, com a liderança da ETH, confiante no potencial de
crescimento do negócio e das vantagens competitivas do Brasil.
“A ETH é um belíssimo exemplo da capacidade de empresaria-
mento e ousadia da Organização Odebrecht. Ingressamos em
um novo setor, no qual não tínhamos tradição nem expertise, e
empresariamos um grande projeto”, afirma o Líder Empresa-
rial Luiz de Mendonça.
A
39 Frente de serviço da ETH: modernização do trabalho nos canaviais
5 anos5 anos
ETH
“
40 informa
Apenas cinco anos se passaram, e hoje a empre-
sa opera nove unidades, distribuídas em cinco polos,
localizados em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Neste último, foi comprada em 2008 a
segunda unidade, Eldorado, onde, desde então, tra-
balha Leandro Mota, líder de utilidades. Segundo ele,
a chegada da ETH trouxe mudanças, a começar pelas
regras de segurança, priorizando a vida dos integran-
tes, e oportunidades de desenvolvimento. “Aprendi a
ouvir e me colocar no lugar da outra pessoa. Lideran-
ça não é fácil: é preciso saber dialogar, capacitar e
engajar.”Em 2009, mais três unidades foram inaugu-
radas: Rio Claro (Polo Goiás), Santa Luzia (Polo Mato
Grosso do Sul) e Conquista do Pontal (Polo São Paulo).
No Polo Araguaia, nas unidades de Morro Vermelho
e de Água Emendada, inauguradas em 2010 e 2011,
respectivamente, a líder de frente Ana Paula Bernar-
des concentra-se em contribuir para a capacitação
dos integrantes. Quando ingressou na empresa, ela
conhecia pouco a área de produção agrícola, mas hoje
usa a própria história para motivar outros integrantes,
especialmente mulheres. “Às vezes é mais difícil para
elas verem que podem se desenvolver. Elas querem
crescimento, mas não sabem lidar com isso”, diz.
Na Unidade Costa Rica, inaugurada em 2011, Milda
Nunes, operadora de máquinas agrícolas, é uma das
poucas mulheres da área e não se intimida. Desde os
10 anos, quando perdeu a mãe e abandonou a escola
para cuidar dos irmãos, não consegue ficar sem tra-
balhar. Apesar do pouco estudo, acompanha as mu-
danças tecnológicas trazidas pela ETH. Milda é inte-
grante da Unidade que faz parte do Polo Taquari, que
contempla também a Unidade Alto Taquari.
O desafio da formação de pessoasO número de integrantes da ETH subiu dos mil ini-
ciais para mais de 15 mil atualmente. O compromisso
da empresa com o desenvolvimento de pessoas im-
pulsionou, em 2009, a consolidação de uma parceria
com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai) nas cidades onde a ETH tem operação. Givanil-
do Rufiro, supervisor do plantio mecanizado na Unida-
de Rio Claro, no Polo Goiás, de início surpreendeu-se
com a valorização das pessoas. “Estava acostumado a
trabalhar em usinas que só pensavam em produção e
não nas pessoas”, diz ele, que chegou à ETH quando a
Unidade Rio Claro ainda estava no papel.
Para Luiz de Mendonça, o maior desafio é a forma-
ção de pessoas e o aculturamento. “Todos os nossos
integrantes são donos do seu próprio negócio, são
empresários e agentes do seu próprio crescimento e
desenvolvimento”, salienta.
Em 2010, a ETH acelerou seu plano de crescimen-
to e hoje busca se consolidar como a maior produ-
tora mundial de etanol e energia elétrica a partir do
bagaço da cana-de-açúcar. Com a inauguração, no
mesmo ano, das unidades Morro Vermelho e Alto Ta-
quari, cerca de 944 milhões de litros de etanol foram
produzidos na safra 2011 -2012, com 12 milhões de
toneladas moídas. A projeção para a próxima safra,
Sérgio Ostete: na ETH desde 2007
41informa
que se encerra em 2013, é de 1.434 milhões de litros
de etanol.
“Em 2015, nossa empresa já será capaz de moer
40 milhões de toneladas de cana, produzir 3 bilhões
de litros de etanol e cogerar 2.700 gigawatts/hora de
energia elétrica, volume que garantirá o abasteci-
mento de 4,5 milhões de pessoas com energia limpa e
renovável”, projeta Luiz de Mendonça.
Nas relações com a comunidade, os avanços es-
palham-se por meio de iniciativas como o Programa
Energia Social para Sustentabilidade Local. Implan-
tado em 2010 em um único município, hoje o pro-
grama atende a nove cidades, aplicando 20 projetos
diferentes.
“A ETH continuará a crescer no ritmo que o Bra-
sil precisa crescer na produção de energia limpa e
renovável. Iniciamos também, em 2012, o estudo de
projetos de expansão das Unidades existentes e pro-
gramas para internacionalização da produção de eta-
nol, açúcar e energia elétrica em países da África e da
América Latina.
“Os resultados que colhemos hoje e a velocidade
com que nos tornamos uma das maiores empresas
de bioenergia do país são reflexos do empresaria-
mento de cada um dos integrantes da ETH, que estão
cada dia mais engajados e comprometidos”, ressalta
o Líder Empresarial.
Leandro Mota: “É preciso saber dialogar, capacitar e motivar”
42 informa
EM CONSTRUçãOlíderes
4225 an
os
Argentina
43informa
EM CONSTRUçãO texto cláudio lovato filho fotos Bruna romaro
Nova geração de integrantes consolida posição de vanguarda da Odebrecht na Argentina
Esteban Trouet, o segundo a partir da esquerda, com integrantes de sua equipe direta (Adrian Eckert, Javier Maurizzi e Sergio Sapienza, a partir da esquerda): a nova face da Odebrecht Argentina
44 informa
aquela época, Esteban Trouet era um
menino de 12 anos em sua Córdoba
natal. Foi em 1987, ano da formali-
zação do Mercosul, quando alguns
pioneiros da Odebrecht instalaram o
escritório da empresa em Buenos Aires. Havia a ex-
pectativa de levá-la a participar da construção de uma
grande usina hidrelétrica na Patagônia, cujo nome
complicado fazia muita gente trocar letras e optar
pelo uso das iniciais: Pichi Picún Leufú, PPL. A obra
foi conquistada, e os primeiros movimentos no can-
teiro ocorreram em 1989. Esteban Trouet formou-se
engenheiro civil e deixou Córdoba. Hoje, aos 37 anos, é
o Diretor de Contrato do Projeto CCR, que a Odebrecht
Argentina executa na cidade de La Plata.
O que significam 25 anos? Para a Odebrecht Ar-
gentina, muito. Tudo. E, ao mesmo tempo, é apenas o
início de uma história que chega aos dias atuais com
a marca da produtividade. Há três anos consecutivos,
ela é a empresa do setor de engenharia e construção
com o maior faturamento na Argentina. Em 2012, foi
eleita a construtora com melhor imagem e reputação
no país, segundo o ranking Merco (Monitor Empresa-
rial de Reputação Corporativa), publicado pelo jornal
El Clarín, e uma das 40 melhores empresas para tra-
balhar, de acordo com a revista Apertura, publicação
especializada em economia e negócios. Atualmente a
empresa executa seis grandes contratos, entre eles
o projeto de Ampliação da Capacidade de Transporte
Firme de Gás, que abrange 15 províncias, a constru-
ção da Planta de Reformado Catalítico Contínuo, em
La Plata, e a implantação do Sistema de Potabilização
da Área Norte, no norte da região metropolitana de
Buenos Aires.
“Há muitas oportunidades na Argentina”, afirma
Flávio Faria, Diretor-Superintendente da Odebrecht
no país desde fevereiro de 2008. Ele chegou em 2004,
para ser Diretor de Contrato do projeto de Ampliação
dos Gasodutos Libertador General San Martín e Neu-
ba II. “Tanto na área de infraestrutura quanto na de
projetos industriais, há muitas demandas que o país
quer e precisa atender. E existe a consciência de que
Brasil e Argentina não irão longe um sem o outro.”
“A Odebrecht era o meu alvo”Do centro de Buenos Aires, onde, na sede da Ode-
brecht, fica o escritório de Flávio Faria, até a sala de
Esteban Trouet, no canteiro de obras do Projeto CCR,
no Complexo Industrial da YPF em Ensenada, na re-
gião metropolitana de La Plata, são 60 km. A impo-
nência da obra que Esteban lidera é inversamente
proporcional ao espaço que ele e sua equipe dispõem
para executá-la.
A unidade de tratamento de naftas petroquímicas,
que permitirá incrementar a produção argentina de
combustíveis Super e Premium (que têm mais qua-
lidade e são menos nocivos ao meio ambiente), está
sendo implantada em uma área bastante reduzida,
com todo o complexo da YPF em pleno funcionamen-
to. Não há espaço livre aos lados, à frente ou atrás.
Guindastes são movimentados com extremo cuidado.
Antigas estruturas, a maioria com mais de 30 anos
de funcionamento, cercam a nova unidade, que come-
çou a ser construída em 2009 e deverá ser entregue
ao cliente em fevereiro de 2013. Além dela, o projeto
inclui um novo flare (queimador de gases) de 118 m
de altura e o upgrade (reforma e modernização) de
instalações existentes. Mais de 1.300 pessoas atuam
na obra, que está em seu pico.
“Este é o maior projeto petroquímico na Argentina
nos últimos 10 anos”, enfatiza Esteban. Ele chegou à
obra em setembro de 2010, vindo do projeto dos ga-
sodutos, no qual respondia pela Gerência de Plantas
Compressoras. No Projeto CCR, foi Gerente de Produ-
ção e apoiava a Administração Contratual, entre ou-
tras tarefas, até receber o desafio, em agosto de 2012,
de tornar-se o segundo Diretor de Contrato argentino
da Odebrecht. O primeiro foi Pablo Brottier, que hoje
atua na equipe direta de Flávio Faria.
Esteban estava em Macaé (RJ), trabalhando para
outra organização empresarial, quando conheceu
Flávio Faria, em dezembro de 2006. No mês seguinte
já estava com a família em seu país natal. “Eu que-
ria trabalhar na Odebrecht. Era o meu alvo”, relata
Esteban. “Na Odebrecht, encontrei um ambiente de
confiança, que dá força e tranquilidade para trabalhar.
Meus líderes souberam me apresentar a Tecnologia
Empresarial Odebrecht (TEO), cada um à sua manei-
ra. Eu queria mudança e procurava manter minha ca-
beça aberta para que isso acontecesse.”
No dia a dia do Projeto CCR, cada nova manhã
traz a sua própria carga de desafios. “Nossa equipe
é composta, em sua grande maioria, de jovens, e, por
isso, buscamos agregar integrantes experientes”, ex-
N
plica Esteban, o primeiro integrante argentino a parti-
cipar do Programa de Desenvolvimento de Empresá-
rios (PDE). A forte participação de jovens na equipe de
Esteban é uma constante nos contratos da Odebrecht
Argentina. “Hoje, 91% de nossos 2.366 integrantes di-
retos têm menos de dois anos de empresa”, assinala
Diego Pugliesso, Responsável por Pessoas, Organiza-
ção, Administração e Finanças na Odebrecht Argen-
tina e um dos integrantes mais antigos da empresa
no país.
A presença de Tácito Antônio Soares no canteiro
de obras do Projeto CCR é uma prova da colocação
em prática da mescla de juventude com experiência.
Às vésperas de completar 30 anos de trabalho na Or-
ganização, Tácito é encarregado geral de montagem
eletromecânica. Natural de Blumenau (SC), ele traba-
lhou no Chile, na Venezuela e em vários projetos no
Brasil. Está na Argentina desde janeiro de 2012. É um
conselheiro no dia a dia do canteiro. “Faço sugestões
e dou orientações. Tem sido uma experiência muito
boa. Eu me sinto bem-vindo.”
Ambiente de confiançaAllan Abrantes também se sentiu bem recebido
quando chegou à Argentina em 2011, vindo do Peru.
Ele é Diretor de Contrato da construção do Sistema de
Potabilização da Área Norte, realizada na região de Ti-
gre, cidade da região metropolitana de Buenos Aires.
Iniciativa da empresa Águas e Saneamentos Argenti-
nos (AySA), a obra foi concebida para assegurar o for-
necimento de água potável a mais de 2,5 milhões de
pessoas que vivem no norte da Grande Buenos Aires.
A água, coletada no Rio Paraná de las Palmas, será
conduzida através de um túnel de 14 km até um com-
plexo de potabilização que ocupa 16 hectares. Uma
rede de 40 km de aquedutos levará a água até as co-
munidades beneficiadas. Iniciada em 2008, a primeira
das três etapas do projeto deverá estar concluída em
dezembro de 2012.
Liderada pela Odebrecht, a execução da obra tem
a participação da Benito Roggio e Hijos, Supermer-
cado SAIC e José Cartellone Construcciones Civiles
e é resultado de um dos maiores investimentos em
infraestrutura realizados na Argentina nos últimos
50 anos. “O relacionamento com as comunidades é um
dos pontos mais complexos do nosso trabalho”, diz o
paraibano Allan. “As pessoas veem as obras chegando
perto de suas casas, mas a água, ainda não, pois o sis-
tema não está concluído. Precisamos saber lidar com a
expectativa, oferecendo atenção e informação.”
Allan tem oito Jovens Parceiros em sua equipe.
“Isto aqui é uma escola, e a integração de jovens
locais é essencial para a legitimação da empresa
no país”, ele argumenta. Integrante da Organiza-
ção há 23 anos, Allan desfruta de um momento que
considera especialmente positivo em sua carreira.
“Trabalhamos em um ambiente de troca e de con-
fiança que facilita o fortalecimento da imagem da
Odebrecht no país.”
Imagem que começou a ser cultivada com zelo e
competência há 25 anos, a partir da chegada dos pio-
neiros da Odebrecht a Buenos Aires. Pioneiros como
informa
Integrante da Odebrecht nas obras do Projeto CCR: o maior investimento do país no setor petroquímico nos últimos 10 anos
Francisco Valladares. Falecido em 2004, responsável
pela empresa quando a denominação do cargo era
DPA (Diretor de País), ele foi homenageado recente-
mente pelos integrantes da Odebrecht Argentina, que
deram seu nome à biblioteca instalada este ano na
sede da empresa. Foi uma sugestão de João Sérgio
Torres, ex-integrante da CBPO e da Bento Pedroso
Construções (BPC) e que há três anos faz parte da
equipe de Propostas da Odebrecht Argentina. Ele teve
o apoio imediato de Roberto Rodriguez, Diretor de
Contrato encarregado do Desenvolvimento de Negó-
cios e um dos mais antigos integrantes da Odebrecht
Argentina. Roberto começou na empresa em 1993 e
conviveu com Francisco. Os mais jovens, ao conhece-
rem a história de Francisco e a importância de sua
liderança, não tiveram dúvida sobre em que nome
votar. A biblioteca fica sob responsabilidade de Ofelia
Mesa, 66 anos, integrante da empresa desde agosto
de 2002. Ela se sente orgulhosa de cuidar de um local
que, apesar de tão novo, carrega, de certa forma, uma
história tão longa.
46 informa
Ofelia Mesa, Roberto Rodríguez e João Sérgio Torres na biblioteca: homenagem a um líder histórico
Allan Abrantes (o terceiro a partir da esquerda) com Jovens Parceiros no canteiro de obras: legitimação da empresa no país
ARGENTINA
Alguns destaques
• Contratos em execução: 6
• Integrantes: 2.366 (diretos)
• O projeto de Ampliação do Transporte Firme de Gás envolve a atuação da empresa em 15 das 23 províncias do país
• Há três anos consecutivos é a empresa do setor de engenharia e construção com maior faturamento na Argentina
47informa
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Laços que se fortalecem
Responsável por Produção no Projeto Carvão Moati-
ze Expansão, em Tete, Moçambique, o engenheiro
paulista André Canoas está há cinco anos na Odebrecht.
Diz que sua experiência mais marcante ali relaciona-se
ao convívio com a fauna bravia. É preciso, por exemplo,
adaptar a rotina de trabalho aos hábitos dos hipopóta-
mos. André vive no canteiro de obras com a esposa, Tan-
ja Guimarães, advogada no Programa de Administração
Contratual. Seu casamento foi incomum. Ele estava em
Salvador, em um curso do PDE, pediu a mão de Tanja por
computador e casou-se por procuração. “Morar em um
canteiro de obras intensifica a relação. Minha mulher
e eu temos vários ‘filhos, irmãos e pais’ aqui em Tete.
Somos como uma célula da família Odebrecht, crescen-
do para superar as metas desafiadoras da Visão 2020”,
afirma.
andré, tanja e a vida em um canteiro de obras em Moçambique
Dupla (e realizadora) jornada
J osé Manuel Bravo foi militar e, na tropa, aprendeu a dirigir automóveis. Em
2004, soube da existência de vagas de trabalho na Odebrecht em Benguela,
província onde vive, e ingressou como motorista no Projeto Águas de Benguela.
Ao participar de iniciativas de Educação pelo Trabalho oferecidas pela empresa,
foi se capacitando. Hoje, na função de técnico especializado III, é responsável ad-
ministrativo pela frente de serviço do PIB (Projetos de Infraestruturas de Bengue-
la) e Segurança patrimonial de todo o empreendimento. Casado e pai de cinco fi-
lhos, ele diz que a família é seu suporte. Frequentemente, caminha com a mulher
e os filhos e joga futebol na praia ou em praças, para manter a saúde de todos
em dia. “Estou muito contente com meu crescimento”, diz. “Eu sou a prova de
que a Odebrecht não é apenas construção de obras: também forma pessoas.”
Apoios essenciais
elizabeth é hoje a única mulher Gerente de Produção nos estados Unidos
GeNte
em casa e na empresa, José Manuel colhe as dádivas da vida
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F ormada em Construction Management (Gerencia-
mento de Construção), Elizabeth Lamborghini, natu-
ral de Nova York, ingressou na Odebrecht há seis anos,
como engenheira assistente nas obras do Terminal Sul
do Aeroporto Internacional de Miami. Em 2011 foi pro-
movida a assistente da Gerência de Produção do projeto
Metrorail AirportLink. Nesse meio tempo, teve dois fi-
lhos: Michael, hoje com 3 anos, e Joseph, de 1. Quando
Elizabeth não pode estar perto, seu marido fica com eles.
Ela é Gerente de Produção no Programa de Recupera-
ção Estrutural do Dique Herbert Hoover, no Lago Okee-
chobee, no centro da Flórida, distante de sua casa. Além
disso, participa do Programa de Desenvolvimento de Em-
presários (PDE), o que demanda dedicação. Nas poucas
horas de lazer, sai com a família para nadar e passear de
barco. O próximo passo é um curso de liderança, na uni-
versidade. “Nasci para ser mãe e profissional”, afirma.
Elizabeth com o marido, Michael, e filhos: mãe e profissional
André e Tanja: casamento incomum
José Manuel, com o a esposa e o filho: família é seu suporte
48 informa 48
ão 7 horas da manhã quando os integran-
tes chegam ao canteiro de obras da Hi-
drelétrica Santo Antônio, em Porto Velho,
para dar prosseguimento à jornada rumo
à conclusão daquele que em pouco tem-
po será um dos maiores empreendimentos de geração
de energia elétrica do Brasil. Em 2016, quando estiver
em plena operação e interligada ao Sistema Nacional, a
hidrelétrica disponibilizará 3.150 MW, o suficiente para
atender o consumo de 40 milhões de habitantes.
Santo Antônio é um dos cinco empreendimentos da
Odebrecht Energia, empresa da Organização criada há
um ano para se dedicar exclusivamente a investir e ope-
rar negócios de geração, distribuição e comercialização
de energia elétrica. Além de Santo Antônio, as hidrelétri-
cas de Chaglla, no Peru, Teles Pires, na divisa de Pará e
Mato Grosso, o Complexo Eólico Corredor do Senandes,
no Rio Grande do Sul, e a usina solar que será instalada
na Arena Pernambuco, na região metropolitana de Reci-
fe, completam o portfólio de ativos geridos pela empre-
sa, que já negociou a energia a ser produzida por esses
empreendimentos. Com sua participação nesses ativos,
a empresa será responsável pela produção de mais de
1.400 MW, com um investimento total de R$ 8,3 bilhões,
dos quais R$ 4,5 bilhões já estão aplicados.
A experiência da Organização Odebrecht como inves-
tidora no segmento de geração de energia começou a
ser acumulada na década de 1990, com a Hidrelétrica de
Itá, em Santa Catarina, projeto em que também atuou
como construtora. Na época, dividia a sociedade majo-
ritária com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
De acordo com Gabriel Ybarra, Responsável por Desen-
volvimento de Negócios na Odebrecht Energia, com a
participação como investidora do projeto, a Odebrecht
plantou sua semente no segmento. Quase duas décadas
depois, em julho de 2011, o Conselho de Administração
Odebrecht Energia é a empresa líder da Organização em seu novo desafio como
investidora e operadora de ativos de geração
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MOvIMENTO DE
transiçãotexto João Paulo carvalho
Equipe nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia: um dos cinco empreendimentos administrados pela Odebrecht Energia
1 ano
Odebrecht Energia
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ebr
ech
t
49informa
da Odebrecht S.A. homologaria a criação da Odebrecht
Energia, iniciando um novo ciclo de aprendizado e apro-
fundamento de conhecimentos.
“A Odebrecht Energia surge pela necessidade de in-
tegrar os elos da cadeia de valor do segmento”, explica
o Líder Empresarial Henrique Valladares. “Atuamos há
muitas décadas como construtores e agora entramos
nesse negócio como investidores. Queremos aproveitar
toda a experiência acumulada pela Organização, asso-
ciada a um forte poder de gerenciamento de projetos, e
focar no investimento e operação de ativos de geração
de energia elétrica.”
Marco Rabello, Responsável por Finanças e Inves-
timentos na Odebrecht Energia, destaca um fator que
tem sido especialmente relevante na caminhada da
empresa rumo ao crescimento: “Foi muito importante
iniciarmos as atividades contando com uma estrutura
de governança empresarial sólida, tal qual já existe em
outros negócios da Organização, e uma estrutura corpo-
rativa formada por profissionais com grande experiência
no setor”. Ele acrescenta: “Um dos principais desafios,
além de todos os que o mercado nos impõe, foi a cons-
trução de uma imagem de empresa que investe e opera
ativos de geração de energia e que, apesar de desvin-
culada da Construtora, captura uma grande vantagem
competitiva: a sinergia, considerando-se o conheci-
mento e a capacidade da Organização na construção de
usinas hidrelétricas”. Marco Rabello conclui: “Imagem
essa estabelecida em razão dos mais de 60 anos desde
a construção da nossa primeira usina e que nos cre-
denciou internacionalmente como a maior construtora
de hidrelétricas do mundo, fora de seu país de origem
(segundo a revista Engineering News Record – ENR),
com participação em mais de 58.500 MW implantados
por meio da execução de 72 usinas hidrelétricas, 12 ter-
melétricas e duas nucleares”.
Legado na práticaA experiência acumulada ao longo dos anos tem trazi-
do muitos benefícios práticos para a Odebrecht Energia.
Um dos grandes trunfos da empresa foi a antecipação
do início da geração em Santo Antônio para março deste
ano, nove meses antes do previsto. Seis das 44 turbinas já
estão em operação, fornecendo energia para os estados
de Rondônia e Amazonas, enquanto a linha de transmis-
são Porto Velho/Araraquara – que ligará a produção ao
Sistema Nacional – não entra em operação. Quando essa
linha estiver operando, Santo Antônio também fornecerá
energia para o Sudeste. Em nove meses também foi an-
tecipado o desvio do Rio Huallaga, importante marco da
implantação da Central Hidrelétrica de Chaglla. A usina
deverá ficar pronta em 2016 e gerará 406 MW, incremen-
tando em 6,3% a geração de energia limpa no país.
Investir em projetos de geração de energia alter-
nativa também está no foco da Odebrecht Energia. Na
última semana de outubro, o Complexo Eólico Corredor
do Senandes recebeu a Licença de Instalação concedida
pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio
Grande do Sul e já deverá ter suas obras iniciadas em
novembro. O projeto receberá investimentos da ordem
de R$ 400 milhões. Além desse complexo, a Odebrecht
Energia tem ainda outros 16 parques eólicos, totalizando
365 MW.
Fernando Chein, Diretor de Geração Eólica, Solar e
PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) na Odebrecht
Energia, destaca o aspecto estratégico dessa atuação
para o país: “O investimento na geração deste tipo de
energia funciona principalmente como reserva para o
mercado brasileiro”. Nessa primeira etapa de Senandes
serão instalados 40 aerogeradores produzidos pela Als-
tom, em sua fábrica na Bahia. Cada equipamento tem
95 m de altura e potência de 2,7 MW.
Outra aposta da empresa é a geração de energia
por meio de biomassa. Atualmente, a Odebrecht Ener-
gia realiza a gestão comercial e regulatória para a ETH
Bionergia, que gera energia produzida a partir do baga-
ço da cana-de-açúcar e tem capacidade instalada de
737 MW, distribuídos em nove usinas. “Em paralelo a
isso, estamos estudando novos projetos em Goiás, na
Bahia e em países onde já existe atuação da Odebrecht”,
explica Ailton Reis, Diretor de Geração para o Mercado
de Biomassa. O meio ambiente agradece.
A partir da esquerda, Gabriel Ybarra, Marco Rabello e Fernando Chein: novo ciclo de aprendizados e aprofundamento de conhecimentos para a Organização
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50 informa
PARA SER MODERNO
talento ancestral
50
texto faBiana caBral fotos holanda cavalcanti
20 anos
México
Pirâmide da Lua no Sítio Arqueológico de Teotihuacán, um dos símbolos do México: no país, a busca de desenvolvimento caminha lado a lado com o passado
51informa
PARA SER MODERNO
Da usina hidrelétrica a projetos petroquímicos, equipes da Odebrecht participam de obras que ajudam a construir o futuro que os mexicanos desejam
52 informa
ramos uma das primeiras empresas brasi-
leiras a chegar. Não havia internet nem te-
lefone celular.” O relato de Carlos Armando
Paschoal remete ao ano de 1991, quando
mudou-se para a Cidade do México. Con-
vidado por Pedro Novis, atual Membro do Conselho de
Administração da Odebrecht S.A., ele recebera a missão,
como Diretor de País, de abrir a CBPO México. “O país ti-
nha muito potencial para projetos como metrôs, hidrelé-
tricas e barragens. Nossa estratégia foi buscar parceiros
locais”, explica Carlos Armando. O primeiro sócio foi o
Grupo Mexicano de Desarrollo (GMD).
Em janeiro de 1992, a Comissión Nacional de Água lan-
çou o edital de Los Huítes – denominada Barragem Luis
Donaldo Colosio Murrieta em sua inauguração -, para
controlar as enchentes do Rio Fuerte, propiciar irrigação
de terras no Estado de Sinaloa, à noroeste do país, e gerar
energia elétrica. Em seguida, Augusto Roque chegava à
capital para a licitação, como Gerente de Contrato. “Ven-
cemos por US$ 10 milhões de diferença. Foi uma emoção
muito grande”, ele recorda. “Entregamos a melhor pro-
posta técnica e financeira e formamos o Consórcio Me-
xicano Construtor de Huítes, com Odebrecht, GMD, ICA
[Ingenieros Civiles Asociados] e La Nacional Compañía
Constructora”, complementa Carlos Armando.
Los Huítes foi um projeto de desafios de tecnologia
e prazo, e alta produtividade. “Tínhamos três anos para
concluir nosso ‘cartão de visita’ no México e consegui-
mos. Registramos recorde mundial de lançamento de
concreto, com 250 mil m3 por mês”, relembra Augusto
Roque. “Introduzimos as práticas do Programa de Ação
e da Educação pelo Trabalho e trabalhamos com muito
planejamento”, ele resume. “Conquistamos a confiança
e o reconhecimento dos clientes e dos sócios”, salienta
Carlos Armando.
Entre 1995 e 1998, a Odebrecht participou do progra-
ma de construção e ampliação de subestações e linhas
de transmissão de energia em cinco estados, para a Co-
misión Federal de Electricidad, e construiu e modernizou
plataformas habitacionais do Projeto Cantarell, da estatal
Pemex (Petróleos Mexicanos).
“Os mexicanos são muito criativos e solidários, têm
grande entusiasmo e capacidade de produção”, afirma
Carlos Armando, atual Presidente da Ilha Pura – empre-
sa composta por Odebrecht Realizações Imobiliárias e
Carvalho Hosken para a construção da Vila Olímpica dos
Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Do México, o
atual Diretor da Odebrecht Energia, Augusto Roque, guar-
da uma lição: “Sou muito preocupado, apesar de otimis-
ta. Com os mexicanos, aprendi a ver as coisas com mais
tranquilidade”, diz sorrindo.
Para Luis Weyll, Responsável pela Odebrecht no Méxi-
co, desde 2009 no país, existe uma identificação imediata
entre brasileiros e mexicanos: “Não existe a figura do es-
trangeiro. Somos cidadãos falando ‘portunhol’”. Segundo
É
Carlos Armando Paschoal: “Nossa estratégia inicial foi buscar parcerias locais”
Jorge Gavino em Michoacán: oportunidades de trabalho e geração de renda
“
ele, a Organização identifica oportunidades no país rela-
cionadas à água, energia e etanol, além de engenharia e
petroquímica. “Nossa transversalidade é uma força dife-
renciada”, comenta. A Odebrecht conquistou, pelo quin-
to ano consecutivo, o distintivo de Empresa Socialmente
Responsável, concedido pelo Centro Mexicano para a Fi-
lantropia, e foi considerada, pelo quarto ano consecutivo,
uma das 100 melhores empresas para trabalhar no país,
de acordo com o Instituto Great Place to Work.
Uma jovem empresa mexicanaEm 2012, ano em que a Organização celebra duas
décadas de atuação no México, Vito Facciolla comple-
ta 10 anos no país. Ele chegou, em 2002, para apoiar no
desenvolvimento das operações, após a crise econômica
mexicana da década de 1990. “Víamos um mercado mais
aquecido. O PIB do México era um dos mais altos e a Pe-
mex anunciara uma série de investimentos”, conta o atual
Diretor de Contrato na Odebrecht Engenharia Industrial.
Um novo projeto foi conquistado no fim de 2004. Em
parceria com a espanhola Técnicas Reunidas e o mexica-
no Grupo Río San Juan, a Odebrecht iniciava as atividades
de modernização da Refinaria General Lázaro Cárdenas,
no Estado de Veracruz, em fevereiro do ano seguinte. O
complexo, implantado em 1906, é o mais antigo da Améri-
ca Latina e recebeu investimentos de US$ 4 bilhões.
Guillermo Iturbide, Subdiretor de Projetos da Pemex,
lembra que as empresas enfrentaram com êxito a alta do
petróleo e dos preços de equipamentos, em 2005: “Cons-
truímos equipes com os mesmos objetivos e, com comu-
nicação eficiente e confiança, obtivemos sucesso”. A refi-
naria foi reinaugurada em julho de 2011, com capacidade
de produção ampliada para 250 mil barris por ano. “Nos
consideramos uma empresa mexicana, jovem e com po-
tencial de crescimento”, avalia Vito Facciolla.
Água para ‘tierras calientes’Em 2007, no Estado de Michoacán, equipes da Odebre-
cht chegavam à cidade de Nueva Itália para executarem o
Projeto Hidroagrícola de Michoacán. Na região denomi-
nada Tierras Calientes, com solo fértil e bom clima para
a agricultura, o projeto nasceu para solucionar a escas-
sez de oferta de água por meio da reserva e distribuição
controlada dos recursos hídricos. Composto de uma
barragem com capacidade para armazenar 100 milhões
de m3 de água e de um sistema de condução por gravi-
dade, o projeto foi concluído em 2011. Fornece água para
12.500 hectares de terra e produz 4,5 MW de energia. Com
o início da irrigação, as áreas produtivas da região – que
possui o maior ejido (cooperativa) do México, com 1.038
associados – subiram de 10 mil para 18 mil hectares. “No
período de seca, ficávamos mais de 40 dias sem água.
Hoje, voltamos a plantar arroz e cana-de-açúcar”, infor-
ma Roberto Doddoli Calderon, um dos associados.
“Deixamos para a região oportunidades de trabalho
e geração de renda. Em parceria com universidades lo-
cais, 17 Jovens Parceiros foram formados e alguns são
Responsáveis por Programas atualmente”, informa Jorge
Gavino, Diretor de Contrato.
Trabalho sinérgicoDe volta à Veracruz, na região industrial de Coatzacal-
cos, a joint venture formada por Braskem e Idesa realiza a
implantação de um complexo petroquímico com capacida-
de para produzir mais de 1 milhão de toneladas de polieti-
leno por ano. Atualmente, 70% do produto é importado dos
Estados Unidos. “O Etileno XXI é um dos maiores exemplos
de transversalidade na Organização, com atuação da Ode-
brecht América Latina, Odebrecht Engenharia Industrial,
Foz do Brasil e Braskem no mesmo projeto”, explica Ro-
berto Bischoff, Líder da Braskem Idesa. José Luis Uriegas,
Diretor Geral da Idesa, afirma que é o maior investimento
em petroquímica no México (e do Brasil no país).
53informa
A associação das petroquímicas brasileira e mexicana
foi firmada em 2010, após vencerem o leilão de forneci-
mento de gás etano da Pemex, com contrato de 20 anos.
“Buscamos o equilíbrio da matriz de matéria-prima da
Braskem, entre o nafta e o gás, sendo o último mais com-
petitivo”, esclarece Stefan Lepecki, Diretor do Projeto. “É
o primeiro projeto internacional greenfield da Braskem”,
reforça Cleantho Leite, Diretor Comercial e de Desenvol-
vimento de Negócios.
A primeira fase, de terraplenagem, foi finalizada em
outubro deste ano, com dois meses de antecedência. De
acordo com Luiz Gordilho, Diretor de Contrato na Ode-
brecht América Latina, o transporte de 7,5 milhões de
m3 de terra ocorreu durante apenas seis meses. “Com o
comprometimento das equipes, incentivo à produtividade
a partir do segundo mês de obras, bom relacionamento
com as comunidades do entorno e programas de Saúde,
Segurança e Meio Ambiente, conseguimos antecipar o
prazo e reduzir os custos do projeto para a Braskem Ide-
sa”, pontua Luiz Gordilho.
Para a segunda etapa, de construção do complexo –
que compreende uma planta de cracker, duas plantas de
polietileno de alta densidade, uma de polietileno de baixa
densidade e sistemas de fornecimento de utilidades -, foi
contratada a joint venture formada pela Odebrecht Enge-
nharia Industrial (líder), pela italiana Tecnip e pelo grupo
mexico-americano Ica Fluor. “As empresas se comple-
mentam e vamos garantir performance de processos e
produção, respeitando as condições de sustentabilidade
ambiental”, assegura Eduardo Rozendo, Diretor de Con-
trato. “Serão geradas 8 mil oportunidades de trabalho e
cerca de 60% dos novos integrantes passarão por cursos
de qualificação profissional”, diz Francisco Penteado, Di-
retor-Superintendente da Odebrecht.
Gelácio Alvarez Dominguez, 33 anos, era professor na
cidade de Nanchital e trocou a sala de aula por um lugar
no Projeto Etileno XXI. “Percebi que aqui existe preocupa-
ção com o ser humano”. Gilberto Gonzales, 25 anos, co-
meçou como ajudante, há um ano, e foi promovido para
encarregado de produção. “Quero fazer faculdade de en-
genharia”, revela.
Atualmente, 2 mil pessoas atuam em centros ope-
racionais contratados na Itália, França, Holanda, Índia,
Colômbia, Estados Unidos e México. “Em 2015, com a
partida do complexo, queremos ser reconhecidos como
grandes fornecedores de polietileno no México”, informa
Roberto Bischoff. “Vamos fazer parte da nova realidade de
investimentos no país”, conclui.
informa
Etileno XXI: Odebrecht América Latina, Odebrecht Engenharia Industrial, Foz do Brasil e Braskem no mesmo projeto
MÉXICO
Alguns destaques
• Estreia da Odebrecht no país ocorreu com o projeto Los Huítes, cujo contrato foi conquistado em 1992. Na obra, foi registrado o recorde mundial de lançamento de concreto.
• Transversalidade: no projeto Etileno XXI, em execução, atuam quatro empresas da Organização – Odebrecht América Latina, Odebrecht Engenhaira Industrial, Foz do Brasil e Braskem.
55informa55
UM CHEIRO DE FUTURO
texto carlEnE fontoura fotos almir Bindilatti
no aruem chega é logo envolvido pelo aro-
ma agradável e o frescor natural.
São diferentes cheiros – de hortelã,
coentro, salsinha – que causam uma
curiosa confusão de sentidos. O olfato
é convocado a perceber os odores, o paladar se agu-
ça. Verdinha e bem cuidada, a horta é motivo de orgu-
lho para a família. “Estou feliz com o resultado. Com
o trabalho do meu filho, aumentamos nossa renda e
mantemos a despensa cheia”, comemora Iraci Perei-
ra, mãe de Deian de Andrade. Morador da comunidade
de Moenda (município de Presidente Tancredo Neves,
Baixo Sul da Bahia), Deian é responsável pelo plantio
na propriedade.
Q
Casas familiares rurais de Presidente tancredo Neves e Igrapiúna formam jovens empresários que lideram suas comunidades
Educando da Casa Familiar Rural de Presidente
Tancredo Neves (CFR-PTN), o jovem de 18 anos de-
senvolve seus cultivos utilizando técnicas aprendidas
na unidade de ensino. Criada em 2002, a CFR-PTN
celebra 10 anos de contribuição para a formação de
novas gerações de empresários rurais. Um deles é
Deian, que vende as hortaliças para dois estabeleci-
mentos da comunidade, lucrando R$ 500 por mês so-
mente com esse negócio.
“Aqui em minha terra tenho condições de me man-
ter com dignidade e sou autor do meu destino”, afirma
Deian. Quionei Araújo, Diretor de Ensino, salienta que
o principal motivo para comemorar uma década de
CFR-PTN é “contabilizar 250 jovens, entre formados
Deian de Andrade na plantação de abacaxis de seu pai: família feliz com o aprendizado e os resultados obtidos por ele em sua horta
5 anos5 anos
Casas Familiares RuraisIgrapiúna5 an
os5 anos
Casas Familiares Rurais10 an
os
BraskemPres. Tancredo Neves
56 informa
e concluintes, beneficiados com o ensino ofereci-
do pela instituição”. Em 2009, a Casa foi autorizada
pelo Conselho Estadual de Educação da Bahia a mi-
nistrar o Curso Técnico em Agropecuária integrado
ao Ensino Médio, tornando-se a primeira nas regi-
ões Norte e Nordeste com essa aprovação.
Oferecendo um curso com duração de três anos,
a Casa Familiar mantém a matriz curricular voltada
para a realidade do campo e aplica uma metodo-
logia chamada Pedagogia da Alternância. Os estu-
dantes passam uma semana em período integral na
CFR-PTN e duas semanas em suas propriedades,
praticando os novos aprendizados. “Não utilizáva-
mos as técnicas corretas de plantio. Quando nosso
filho explicou passo a passo, os resultados surgi-
ram”, revela Iraci Pereira.
A horta de Deian de Andrade faz parte do Pais
–Produção Agroecológica Integrada e Sustentável,
tecnologia social fomentada pela Fundação Banco
do Brasil (FBB). Implantada na sede da CFR-PTN
em 2011, a iniciativa está sendo reproduzida com
as famílias dos educandos e busca promover uma
agricultura que não agrida o meio ambiente. A FBB
apoia as ações do Programa de Desenvolvimento
e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do
Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
Sul da Bahia (PDCIS) desde 2008. Fomentado pela
Fundação Odebrecht e parceiros, o PDCIS se propõe
a concretizar um objetivo comum, superior e nobre:
construir uma classe média rural estruturada em
unidades-família, protagonista do próprio desenvol-
vimento e crescimento sustentável.
Sinergia que gera resultadosA CFR-PTN está integrada à Cooperativa dos
Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves
(Coopatan) para formar a Aliança Cooperativa Es-
tratégica da Mandioca e Fruticultura. Nesse mo-
delo, os jovens recebem formação voltada para o
campo e os agricultores, além de orientação téc-
nica, garantem o escoamento dos produtos e justa
remuneração.
Em pouco tempo na CFR-PTN, Deian influenciou
seu pai a se associar à Coopatan. Denilson de An-
drade reestruturou a plantação de abacaxi e hoje
entrega os frutos para a cooperativa, que reúne
outros 214 associados. Jailton Ribeiro também vive
essa realidade. Com 22 anos, o jovem se formou na
Aula na CFR de Presidente Tancredo Neves: matriz curricular voltada para a realidade do campo
57informa
CFR-PTN em 2008 e, com seu pai e irmão, cuida
de diversas plantações em 40 hectares. “O apoio da
Coopatan é fundamental para que os alimentos se-
jam comercializados em redes de supermercados”,
conta Jailton. “Com o conhecimento que adquiri na
Casa, alio qualidade e menor custo”, completa.
Mudar a vida das pessoasAssim como para a CFR-PTN, 2012 também é um
ano especial para a Casa Familiar Rural de Igrapiú-
na (CFR-I). Comemorando cinco anos de atuação, a
CFR-I mantém sua missão de transformar a vida de
pessoas. Um exemplo é Edilton Clemente, 27 anos,
que vem cultivando palmito de pupunha. Para ele,
que é morador do assentamento Mata do Sossego,
em Igrapiúna (BA), a passagem pela Casa foi deter-
minante para suas escolhas. “Sem essa oportuni-
dade, teria procurado trabalho fora”, assegura.
Formada em 2011, Liana Souza, 20 anos, re-
força as experiências vividas. “Ao ingressar na
CFR-I, aprendi a valorizar o lugar onde nasci”, afir-
ma. Moradora da comunidade de Limoeiro, em Ca-
mamu (BA), Liana começou a cultivar cacau, serin-
ga e banana em sua propriedade.
Em 2012, a CFR-I também celebra a conquista de
parcerias com a Mitsubishi Corporation do Brasil,
que está investindo na formação dos jovens, e com
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), que liberou recursos para reforma
da sede.
Ao permitir que o estudante assimile os conhe-
cimentos praticando-os em seu cotidiano, as casas
familiares trazem em sua essência um dos pontos
norteadores da Tecnologia Empresarial Odebrecht:
a Educação pelo Trabalho. “Dessa forma, o empre-
sário do amanhã se capacita para conduzir seus ne-
gócios com responsabilidade e exercer seu papel de
líder de sua história e transformador da realidade
local”, salienta Joana Almeida, Assessora Educa-
cional da Fundação Odebrecht.
Edilton Clemente: “Sem essa oportunidade, eu teria procurado trabalho fora”
58 informa
Sempre em famíliaEm casa ou nos canteiros de obra da Odebrecht, onde trabalha há 40 anos, Tiago tem um sentimento semelhante: lar
PerFIL: tiago Britto
Foi em 1972, em fevereiro,
em plena efervescência do
carnaval baiano, com mui-
to sol nas belas praias de Salva-
dor, que Tiago Britto ingressou na
Odebrecht para estagiar. “Para um
jovem baiano, o desafio foi grande,
viu?”, ele brinca. Tiago sabia que
naquele estágio estava a oportu-
nidade de construir o futuro com o
qual sonhava. Em 2012, ele com-
pletou 61 anos de idade e 40 anos
de empresa. “Foi o meu primeiro e
único local de trabalho”, diz, com
orgulho.
Após dois anos de estágio,
Tiago formou-se em engenharia
civil pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA) e transferiu-se
para Pombal (PB), para atuar na
construção de uma rodovia. “Pela
primeira vez experimentei a força
da confiança. Eu era o único enge-
nheiro e responsável por tudo. Meu
líder, Vitor Pinheiro, com quem eu
aprendi muito no início da carreira,
ficava em João Pessoa, a 400 km”,
ele relembra.
Depois da Paraíba, o jovem
engenheiro foi para Sergipe, no
fim de 1976, onde conheceu Tere-
za, com quem namorou até 1980,
quando se casaram. De 1980 a 89,
Tiago passou por diversas obras
em Goiás, Sergipe, Alagoas, Bahia
e Pernambuco. Desse período, um
dos projetos mais especiais para
ele foi a restauração da BR-101,
na Bahia, no trecho entre Rio do
Braço e Rio Preto. “Foi a primeira
obra conquistada por mim e onde
me tornei Diretor de Contrato”, ele
recorda com emoção.
Em 1989, morando no Recife,
já com as filhas Priscila e Flávia,
então com 7 e 5 anos, respec-
tivamente, Tiago recebeu uma
proposta para conduzir obras em
Portugal. Lá, esteve à frente de
projetos rodoviários e ferroviá-
rios e de construção de pontes,
entre outros. Em 1996, tornou-se
Responsável por Meio Ambiente,
programa criado para concentrar
os projetos desenvolvidos no país
ligados ao tratamento e abasteci-
mento de água e ao tratamento de
resíduos sólidos.
Em Portugal, Tiago acumulou
importantes lições. Uma delas,
sobre administração contratual.
“Houve ocasiões em que passa-
mos noites e noites lendo e relen-
do os contratos e as leis portugue-
texto EdilSon lima foto kamEnE traça
Tiago com uma das filhas, Flávia, e a esposa, Tereza, em Luanda: participando do desenvolvimento de Angola
59informa
sas, para saber como proceder de
forma correta com o cliente”, ele
relata. Durante os 13 anos por lá,
ele conheceu vários países: “Viajei
pela Europa quase toda. Foi um
período de muito aprendizado”.
Quando retornou ao Brasil, em
2002, a família ficou em Salvador,
mas ele não parava em casa. Tor-
nou-se responsável por obras em
vários estados do Nordeste até que,
em 2007, foi convidado para liderar
o projeto Vias de Luanda. Não per-
deu tempo e partiu para Angola.
Assim que chegou, passou a li-
derar uma série de projetos de in-
fraestrutura realizados na cidade.
No momento, Tiago é Diretor de
Contrato do projeto Vias Estrutu-
rantes, um conjunto de obras viá-
rias executadas na região metro-
politana, concebido para melhorar
os acessos da capital angolana.
“Tenho satisfação em poder con-
tribuir para o desenvolvimento do
país”, comenta.
Tiago vive com Tereza e Flávia,
a filha mais nova, em um condo-
mínio. Priscila vive em Salvador,
com o filho de 3 anos, que tem o
mesmo nome do avô. Aos sába-
dos, Tiago costuma jogar tênis e às
terças-feiras não falta ao futebol
com os amigos.
Sobre o significado desses 40
anos de trabalho na Organização,
ele afirma: “Na Odebrecht, me
desenvolvi e cresci. E, para isso,
algumas pessoas, como Renato
Baiardi [Membro do Conselho de
Administração da Odebrecht S.A.]
e Silvio Brown [ex-Diretor), foram
fundamentais. Tenho uma rela-
ção de confiança e lealdade com
a empresa e busco retribuir tudo o
que aprendi, servindo e ensinando,
principalmente aos jovens”.
60 informa
curvasDE CRESCIMENTO
Formação de pessoas e
contribuição para o desenvolvimento
sustentável das comunidades:
marcas da atuação no Equador e na
Colômbia
texto Júlio céSar SoarES e rEnata mEyEr fotos yann vadaru
60
20 anos
Colômbia20 an
os
Equador 25 an
os
Argentina
Projeto Santa Elena: obra de estreia no Equador
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resente na Colômbia há 20 anos e no
Equador há 25, a Odebrecht dá pros-
seguimento à sua atuação nos dois
países vivendo um momento de ex-
celentes perspectivas, em especial
pelo crescimento econômico da América Latina
e o consequente aumento das oportunidades de
investimentos, sobretudo no setor de infraestru-
tura. “A tendência é de fortalecimento das nossas
operações, considerando o aquecimento econô-
mico e a estabilidade institucional dos dois pa-
íses”, diz Luiz Antonio Mameri, Líder Empresa-
rial da Odebrecht América Latina. “A qualidade
dos nossos profissionais é o principal aliado da
Odebrecht no crescimento e na perpetuidade da
empresa”, completa.
Equador: exportador de profissionaisNo escritório do projeto de irrigação de Daule
Vinces, em Guayaquil, o quadro com a fotografia
da obra de Trasvase Santa Elena sofre os efeitos
do tempo e ganha coloração avermelhada. Há 25
anos, a Odebrecht iniciava a obra emoldurada na
parede, a primeira no Equador. E duas décadas e
meia depois, segue contando a mesma história.
“O país está em uma crescente, em especial
nos setores hidrelétrico e de infraestrutura”, diz
o Diretor-Superintendente José Santos. Dos cin-
co projetos em execução, dois tratam do setor de
energia: a Hidrelétrica de Manduriacu, com ca-
pacidade de 60 MW, e a construção de um novo
túnel de condução de 900 m na Hidrelétrica de
Pucará. “Nossa maior conquista é formar quadros
para atuar tanto aqui quanto no exterior”, comple-
ta. Dos 1.168 integrantes que atuam no Equador,
1.098 são locais.
Jesus Leonardo Rodríguez, Responsável por
Materiais no projeto de irrigação Daule Vince, é um
dos equatorianos que saíram do país para apren-
der e ensinar. Com 22 anos de trabalho na Odebre-
cht, começou como engenheiro nas obras de Santa
Elena. Passou por Honduras, Cuba, Panamá e Bo-
lívia antes de retornar ao Equador. “Ter a oportuni-
dade de sair e ajudar a formar novos profissionais
em outros mercados me dá a sensação de retribuir
minha história na Odebrecht”, diz.
A formação de pessoas está na gênese da atu-
ação da Odebrecht no país. “Identificamos, no
começo da nossa presença, a necessidade de in-
tegrar profissionais equatorianos, como forma
de entendermos a cultura e a melhor maneira de
atuar”, recorda Genésio Lemos Couto, ex-Respon-
sável por Administração e Finanças no país, hoje
na ETH Bioenergia. “Havia pessoas com boa for-
mação técnica, mas sem a experiência prática na
obra. Criamos o programa Supervisor Empresá-
rio para acelerar o conhecimento da rotina de um
contrato e da cultura da Odebrecht”.
Em 1993, a Odebrecht Equador realizou a pri-
meira edição do Programa Jovem Parceiro fora do
Brasil. “Formar pessoas é primordial e algo que
caracteriza a Odebrecht, a filosofia de ter o ser
humano como base”, diz Katherine Calle, Gerente
Administrativa da Odebrecht Equador e integrante
da primeira turma no país. Katherine recorda com
carinho dos tempos de Jovem Parceira. “É incrível.
Você tem toda a dimensão de um contrato. Isso é
essencial para o estudante, como forma de desco-
brir onde se encaixar dentro de uma obra”, explica.
O movimento de formação no Equador é contí-
nuo. Exemplo disso é o projeto Ruta Viva, uma es-
trada de 5,5 km que ligará Quito ao novo aeroporto
de Mariscal Sucre. “Temos oito jovens parceiros
selecionados nas universidades de Quito. Eles vi-
P
Jesus Rodríguez: retribuição
61informa
62 informa
rão ao contrato para conhecer o dia a dia de uma
obra”, conta o equatoriano Gonzalo Diaz, Diretor
de Contrato.
Na recém-iniciada obra da Refinaria do Pacífico,
a primeira edição equatoriana do Programa Creer
já conta com mais de mil inscritos antes mesmo
de começar. “Contribuímos ativamente como par-
ceiros do país para o seu desenvolvimento, um
trabalho conjunto que realizamos com todos os
equatorianos da Odebrecht”, diz José Santos. Flor
Gonzalez Chong, que atua na Tesouraria do Pro-
jeto Daule Vinces e tem 24 anos de empresa, não
hesita ao afirmar: “Sem dúvida, a Odebrecht é hoje
mais equatoriana que brasileira”.
Colômbia: 99% de integrantes locaisNa Colômbia, onde a Odebrecht está presen-
te há 20 anos, as operações contam com um dos
menores índices de expatriados na Organização:
99% dos integrantes são colombianos. “Ainda que
a qualidade dos profissionais colombianos seja
muito boa, temos feito um trabalho intensivo de
aculturamento. Queremos mostrar que não es-
tamos aqui apenas para oferecer trabalho, e sim
uma oportunidade de construção de carreira”, diz
Luís Batista, Responsável por Pessoas e Organi-
zação.
O trabalho com a comunidade local também
é destaque na Odebrecht Colômbia. Por meio do
Programa Creer, cerca de 7.500 pessoas foram
qualificadas. Desde o seu lançamento em 2010,
foram registradas 16 mil inscrições e os inves-
timentos chegam a US$ 1,4 milhão. Para apoiar
as populações afetadas pelo projeto Rota do Rol,
atualmente em execução, foi criado o Plano Social
Básico, que reúne programas como o Reabitar e o
Enrutados com la Seguridad Vial, voltados para a
melhoria da qualidade de vida e a mitigação dos
impactos causados pelas operações da rodovia.
A Odebrecht começou a atuar na Colômbia em
1992. Participou de obras como a construção das
Estações de Bombeamento de Petróleo da British
Petroleum e da Ecopetrol, do Porto Carbonífero
Drummond, da Ferrovia La Loma – Santa Marta
e da Usina Termelétrica Termocali I. Também foi
responsável pela Hidrelétrica de Miel I, que per-
mitiu o aumento em mais de 5% da geração de
energia elétrica nacional. “Todos esses projetos
deixaram um legado significativo para o desen-
volvimento do país”, afirma Jorge Barragán, inte-
grante colombiano que ingressou na empresa em
1996, como encarregado de produção, e hoje é Di-
retor de Contrato.
Em 2003, com a finalização das obras de Miel I,
a Organização permaneceu no país em busca de
novas oportunidades. No final de 2009, a conquista
de dois contratos que marcou o início de uma nova
fase na Colômbia: a construção do Interceptor
COLÔMBIA E EQUADOR
Alguns destaques
Colômbia• Integrantes: 4.986
• Mais de 7.500 trabalhadores qualificados por meio do Programa Creer
• Rota do Sol, em execução, é uma das obras de infraestrutura rodoviária mais importantes da América Latina
Equador• Integrantes: 1.168 (dos quais 1.098 são equatorianos)
• Projetos em execução nos setores de energia, rodoviário e de re�no de petróleo
• Em 1993, a Odebrecht Equador realizou a primeira edição do Programa Jovem Parceiro fora do Brasil.
Tunjuelo-Canoas, túnel de 11 km que transportará
parte do esgoto de Bogotá até a futura Estação de
Tratamento de Canoas, e a concessão e constru-
ção da Rodovia Rota do Sol, uma das mais impor-
tantes obras de infraestrutura rodoviária ora em
construção na América Latina.
Com 1.071 km de extensão, a Rota do Sol forta-
lecerá a competitividade da Colômbia no mercado
internacional e melhorará a conexão das vias de
acesso do interior do país até os portos de Car-
tagena, Santa Marta e Barranquilla. Serão inves-
tidos nesse projeto US$ 2,5 bilhões, divididos em
três setores. A Concessionária Rota do Sol S.A.S.,
constituída pela Odebrecht e pelas colombianas
Corficolombiana e Solarte, é responsável pela
atual construção, operação e manutenção dos
528 km que correspondem ao Setor 2. O trecho,
que representa um investimento de US$ 1 bilhão,
liga Bogotá à costa do Caribe e é considerado o
mais importante da Rota do Sol.
“A rodovia cruza uma região que concentra
cerca de 70% do PIB nacional e por onde circulam
20 mil veículos diariamente, sendo 70% transpor-
te pesado, o que indica que a Rota do Sol é um
dos principais corredores viários da Colômbia”,
destaca Eder Paolo Ferracuti, Presidente da Con-
cessionária Ruta del Sol S.A.S.
Em 2011, a Odebrecht conquistou mais um
contrato no país: a construção da Rodovia Dos y
Medio – Otanche no estado de Boyaca, importante
produtor de carvão mineral.
De acordo com Luiz Bueno, Diretor-Superin-
tendente da Odebrecht Colômbia, as perspectivas
são animadoras: “O Governo colombiano anun-
ciou um pacote de mais de US$ 20 bilhões em
concessões rodoviárias para 2013. Trata-se de
um país sofisticado onde os projetos emblemáti-
cos demandarão a participação da iniciativa pri-
vada e este será o caminho para garantir o cres-
cimento qualificado de nossa operação ao longo
dos próximos anos”, afirma Luiz Bueno.
Rota do Sol: mais competitividade para a Colômbia. Abaixo, Jorge Barragán: legado
63informa
64 informa
COM TRÂNSITO lIvREparceria
Ponte Merrill Barber, em Vero Beach, e complexo Golden Glades, em Miami, foram alguns dos frutos da caminhada conjunta entre a Odebrecht e o FDOT, na Flórida 64
texto thaíS rEiSS
o chegarem aos Estados Unidos, no
início da década de 1990, os pioneiros
da Odebrecht no país instalaram-se
em um pequeno escritório próximo
ao Aeroporto Internacional de Mia-
mi. Gilberto Neves, hoje Diretor-Superintendente
(DS) das operações norte-americanas da empresa,
lembra-se, com bom humor, dos móveis improvisa-
dos no espaço modesto e se diverte ao contar que
uma das portas do escritório também servia como
tampo para mesa de reuniões. Foi nesse ambiente
simples e descontraído, mas com muito profissiona-
lismo e espírito de servir, que a equipe começou a
conquistar obras de grande importância em um dos
mercados mais competitivos do mundo.
“Os princípios da Tecnologia Empresarial Ode-
brecht (TEO) foram fundamentais nesse processo”,
diz Gilberto. “Nosso grande diferencial sempre foi a
Amaneira com a qual conquistamos a confiança dos
nossos clientes e novos integrantes, ao mesmo tem-
po em que agregamos valor aos nossos parceiros e
comunidades.”
Entre os relacionamentos de longo prazo desen-
volvidos nessa época, destaca-se a parceria de 20
anos com o Florida Department of Transportation
(FDOT), o Departamento de Transporte da Flórida.
Os muitos frutos de uma parceria produtivaEm 27 de março de 1992, a Odebrecht conquistou
a primeira obra empreendida pelo FDOT: a constru-
ção de um conjunto de viadutos, pontes e acessos
rodoviários batizado de Golden Glades Interchange
20 anos
EUAFDOT - Flórida, EUA
65informa
64
foram completamente restaurados e se encontram
expostos no Terminal Sul do mesmo aeroporto, tam-
bém construído pela Odebrecht.
A segunda obra para o FDOT, conquistada em 1993,
foi a Ponte Merrill Barber, localizada em Vero Beach,
cidade da costa centro-leste da Flórida. Luiz Simon,
Responsável por Planejamento e Custos no projeto,
salienta: “Com essa experiência, surgiu um modelo
pioneiro e de sucesso para a equipe atuar em outras
regiões dos Estados Unidos, já que essa foi a nossa
primeira obra fora de Miami”. O modelo foi, de fato,
replicado em outras áreas, inclusive quando a equipe
dirigente da Ponte Merril Barber mudou-se, em 1996,
para o extremo noroeste da Flórida para construir
uma ponte para o FDOT em Santa Rosa.
De 1992 até agora, a Odebrecht completou 10
obras em parceria com o FDOT, incluindo estradas e
rodovias. Segundo Mauricio Gonzalez, atual Diretor de
Contrato responsável pelo cliente, ainda há muito por
se fazer. “Nosso próximo projeto será o alargamento
da Rodovia I-395, localizada entre a American Airlines
Arena e o Adrienne Arsht Center for Performing Arts,
dois marcos da arquitetura e da engenharia de Miami
construídos por nossas equipes. Estamos animados
com as oportunidades que ainda estão por vir.”
Overpass. Com aproximadamente 4 km de extensão
e 29 m de altura, Golden Glades é o ponto central de
encontro de cinco das principais estradas que aten-
dem aos fluxos de tráfego leste e sul do estado da
Flórida. Um dos grandes desafios do projeto foi o ge-
renciamento, de maneira eficaz e segura, do trânsito
de mais de 350 mil veículos que passavam pela área
diariamente.
Jose Abreu, atual Diretor do Departamento de
Aviação do Condado de Miami-Dade, era Secretário
local do FDOT na época. Ele relembra: “Houve diver-
gências, como em qualquer projeto de grande porte,
mas nossas equipes interagiram muito bem, bus-
cando sempre a melhor maneira de executar nosso
trabalho de forma amigável e profissional”.
Esse foi o primeiro dos muitos projetos nos quais
Jose Abreu trabalharia lado a lado com a Odebrecht,
entre os quais se destacam a obra de expansão do
Terminal Norte do Aeroporto Internacional de Miami
e a doação de belos murais do artista Carybé, que
Ponte Merril Barber
Golden Glades
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inda não são 9 horas da manhã e o ator
e artista plástico Caio Muniz está na fila,
aguardando para assistir ao espetáculo
Moças Aéreas, no Teatro Castro Alves
(TCA), o maior complexo cultural da
Bahia, que completou, em 2012, 45 anos de atividades.
“Todo artista quer se apresentar aqui e todo cidadão
quer vir pra cá. O Teatro Castro Alves é uma referência
na cena cultural baiana”, ressaltou Muniz, antes de par-
ticipar de mais uma edição do projeto Domingo no TCA,
promovido uma vez por mês, nas manhãs de domingo,
com espetáculos de diversas linguagens artísticas ao
preço popular de R$ 1,00.
Criado para ser um dos palcos mais importante do
Brasil, edificado pela Odebrecht, o TCA teve suas obras
concluídas em 2 de julho de 1958, mas, por causa de um
incêndio ocorrido antes da inauguração oficial, teve as por-
tas abertas nove anos depois, no dia 4 de março de 1967.
O engenheiro Piero Marianetti, hoje Conselheiro Consul-
tivo da Odebrecht S.A., começou a trabalhar na empresa
em 1951 e foi “aluno” de Nelson Peixoto, mestre de obras
responsável pela edificação do TCA. Apesar de não ter
participado diretamente da construção e “reconstrução”
do teatro, pós-incêndio, Marianetti acompanhou de perto
o empreendimento. “O Teatro Castro Alves foi a primeira
grande obra de caráter cultural feita pela Odebrecht”.
Doutor em Artes Cênicas e professor da Escola de
Teatro da Universidade Federal da Bahia, luiz Marfuz
dirigiu as comemorações dos 50 e 60 anos da Odebre-
cht, celebrados no TCA. Marfuz ressalta que o maior te-
atro da Bahia tem um perfil arquitetônico democrático,
diferente das outras casas de espetáculos convencio-
nais construídas nos moldes italianos divididas em ca-
marotes, frisas e balcões, que separam o público com o
perfil aquisitivo: “Desde sua criação, o TCA vai em uma
direção diferente, no topo da linha da modernidade,
pois abole a questão das divisões de classes e cria uma
grande plateia, sem distinção”.
66 informa
DO TEMPOespetáculo
66
texto andré frutuôSo
A
À frente da direção do teatro desde 2007, Moacyr
Gramacho também participou das comemorações pe-
los 50 e 60 anos da Odebrecht, realizando toda a ceno-
grafia dos eventos. Ele ressalta que a história do teatro
coincide com a história da música e da dramaturgia bra-
sileira e destaca outro aspecto fundamental: “O TCA é
hoje um complexo cultural que se aproxima dos artistas
e da população e dialoga com eles, deixando de ser ape-
nas um local que abriga espetáculos”.
Espetáculos memoráveisvários espetáculos memoráveis passaram pelo TCA:
Clementina de Jesus e Paulinho da viola no show “Rosa
de Ouro”, um dos espetáculos de inauguração do teatro,
a peça o “Burguês Fidalgo”, com Paulo Autran, em 1968,
e o show de Elis Regina, em 1969, entre tantos outros.
45 anos
Teatro Castro Alves
67informa
Com uma história por vezes espantosa, mas sempre
emocionante, Teatro Castro Alves consolidou-se como
principal endereço da arte e da cultura da Bahia
Considerado o coração da insituição, o Centro
Técnico, em processo de transformação para um
Centro de Referência em Engenharia do Espetácu-
lo, congrega todo o trabalho de desenvolvimento das
atividades de cenografia, maquiagem, caracteriza-
ção, iluminação e concepção, execução e acervo de
figurinos. O objetivo desse setor é difundir os conhe-
cimentos relacionados aos bastidores das artes cê-
nicas e dar apoio não apenas às montagens do TCA,
mas também aos grupos de outras instituições que
o procuram.
“O TCA não se restringe em alugar pautas para
as apresentações. Esta casa é um centro de difusão
e promoção da cultura, pois promove ações de re-
flexão, formação e interlocução entre os artistas e
os cidadãos”, sintetiza a coreógrafa lia Robatto.
Hoje, o TCA é formado pela Sala Principal, a Sala do
Coro e a Concha Acústica, recebe, em média, 250 even-
tos e atrai cerca de 290 mil pessoas por ano. Com o apoio
do Governo do Estado, nele são mantidos os seguintes
corpos artísticos: o Balé do TCA, a Orquestra Sinfônica
da Bahia, além dos projetos TCA.Núcleo, que seleciona,
via edital, um espetáculo a ser montado durante o ano;
o Conversas Plugadas, que promove bate-papos entre
público, artistas e produtores culturais envolvidos nos
espetáculos que ficam em cartaz no teatro; a Série TCA,
que possibilita à casa receber nomes consagrados e
revelações do cenário mundial da música, do teatro, da
dança e do circo. Além disso, o teatro abriga os Núcleos
Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia –
Neojiba, com suas orquestras formadas por crianças e
jovens.
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AçãO E REAçãO“Quer colher coisas boas? Plante coisas boas”
depoimento a válBEr carvalho edição de texto alicE GalEffi
Quando criança, ao ver sua
mãe produzir sabão casei-
ro, Helcio Colodete já sabia
que queria ser químico. A reação
dos ingredientes naquele processo
o fascinava. Ao longo do tempo, ele
percebeu que a química vai além do
laboratório. Ela também regula e go-
verna as relações entre as pessoas.
Diretor-Superintendente de Serviços
Especializados a Poços nos merca-
dos de Venezuela, México e Brasil da
Odebrecht Óleo e Gás (OOG), Colo-
dete não recusa desafios, que – ele
acredita – engrandecem a natureza
humana. A seguir, uma síntese de
sua entrevista para o Projeto Sabe-
res. A íntegra, em vídeo, está no site
da Odebrecht Informa (www.odebre-
chtonline.com.br)
Conhecendo a química“Nasci no interior do Espírito
Santo, em uma família de agricul-
tores com visão e atuação micro-
empreendedoras. Fui educado para
fazer minha cama, lavar minha lou-
ça, e isso foi criando dentro de mim
o conceito da responsabilidade, do
fazer, do ajudar e do contribuir. Ain-
da criança, via minha mãe fazendo
sabão caseiro à base de vísceras de
animais e outros produtos e me lem-
bro até hoje. Ela deixava os produtos
no tacho fervendo e pouco tempo
depois estava feito o sabão. Era um
sabão caseiro, evidentemente sem
grandes acabamentos, mas que fun-
cionava muito bem, e aquilo sempre
me intrigou muito. Quando eu come-
cei a estudar ciências, fui me dando
conta de que aquilo era uma reação
química e, naquele momento, eu
disse: ‘É isso que eu quero fazer na
minha vida’”.
Primeira visão“Fiz engenharia química e, por
coincidência, conheci a pessoa com
quem me casei, e tivemos um ca-
sal de filhos maravilhosos. Eu tinha
o sonho de entrar em uma organi-
zação que estivesse iniciando sua
trajetória empresarial, até que sur-
giu a oportunidade de ir para a CPC
[Companhia Petroquímica Cama-
çari] Alagoas. Nessa época, a Ode-
brecht tinha 33% da CPC. Fizemos
o projeto da unidade industrial, ini-
ciamos a operação e passamos por
todo aquele período de melhoria de
performance, enfim, aqueles tipos
de dificuldade que sempre existem
em um empreendimento que inicia
sua operação. Foi quando meu líder,
Paulo Maranhão, me convidou para
assumir a liderança industrial. A
partir daí, eu percebi que a química
também governa e regula as rela-
ções humanas. Aprendi como é pra-
zeroso trabalhar com gente e fazer
com que as pessoas estejam sempre
motivadas, envolvidas e com um bri-
lho nos olhos por aquilo que fazem.”
Bom exemplo“Em 1996, a Odebrecht adquiriu
as participações majoritárias da Pe-
troquisa e da Norquisa e constituiu a
Trikem, que passou a ser a compa-
nhia produtora de cloro-soda e PVC.
SaBereS
Tive a feliz oportunidade de ser esco-
lhido para a posição de liderança in-
dustrial de Alagoas; foi um momento
mágico na minha vida. Passamos a
ter uma unidade industrial dentro da
cidade de Maceió, com residências e
pessoas vivendo a 500 metros dali.
Essa relação entre meio am-
biente, comunidade e as pessoas do
entorno da atividade produtiva tem
que estar sempre em harmonia. Foi
nesse processo que aprendi a im-
portância da comunicação. Trazer a
comunidade para um convívio mais
próximo de nós, focado na trans-
parência e no diálogo. Quer colher
coisas boas? Plante coisas boas. Se
você semeia o bem, sua colheita lá
na frente será o bem. Criamos um
programa estruturado de educação
ambiental que atinge as escolas mu-
nicipais e estaduais, e hoje o progra-
ma chega a mais de 40 municípios
dentro do estado. Portanto, eu de-
fendo arduamente, dentro dos nos-
sos princípios e concepções, a per-
manente harmonia com o conceito
do desenvolvimento sustentável.”
Enfoque“Os anos 2000 chegaram, e eu
me transferi para a Bahia. Foi um
período marcado pela transição. A
OPP Trikem deixou de existir e teve
início uma grande empresa, hoje a
maior petroquímica brasileira e a
maior da América: a Braskem.
Eu liderava um conjunto de uni-
dades industriais na Bahia, quando
veio esse processo de integração. Fui
para a Braskem e fiquei com a área
de geração de vapor, energia e dutos.
A área era conhecida como “utilida-
des”, ou seja, não era a parte “nobre”
da empresa. Eles mesmos, os inte-
grantes da área, disseram que esse
nome não era adequado, pois po-
deria ser confundido com utilidades
domésticas. Foi então que pensamos
em mudar o nome para ressaltar
a grandiosidade do que queríamos
construir. O nome passou a ser “in-
dustrial energia e serviços essen-
ciais”. Quando mudamos o nome,
mudamos o enfoque. Eu me lembro
que tinha uma sala de controle que
atendia somente aos líderes da épo-
ca. Nós tiramos tudo aquilo. O obje-
tivo não é ter estrutura hierárquica,
segregação. O maior objetivo são as
pessoas e a relação entre elas.”
Desafio“Veio o convite para eu liderar um
grupo de 120 pessoas espalhadas
pelo Brasil. O programa era renovar
os processos de gestão da Braskem.
Um dos grandes desafios, além da
qualidade da entrega, era o prazo.
Começamos o projeto em outubro
de 2005 e tínhamos que entregar
o projeto Fórmula no dia 30 de se-
tembro de 2006. Grande desafio. E
o desafio é o que engrandece a na-
tureza humana. Entramos em ope-
ração, o chamado go live, no dia 1º
de outubro. Praticamente 80% dos
processos de gestão da empresa co-
meçaram a rodar em um novo am-
biente. Para a minha surpresa, em
janeiro de 2007 recebi um convite
de Luiz Felli para assumir a Direção
Industrial da Unidade de Vinílicos.
Via a minha mãe fazendo o tal sabão
caseiro, utilizando aquelas escamas,
e só depois eu fui saber que aquilo
era a soda cáustica. Após 15 anos de
formado, passei a liderar a Unidade
de Cloro-soda, a maior produtora de
soda cáustica da América Latina.”
Lição de humildade“Não tive oportunidade de con-
viver com o Dr. Norberto, mas faço
questão de, sempre que possível,
estar ao seu lado e ouvir seus ensi-
namentos. Certa vez, vim ao Brasil
com um grupo da Venezuela para
fazer uma vista às nossas empre-
sas, e fomos visitar a Fundação. Dr.
Norberto nos recebeu gentilmente,
mas antes disso ele se preparou,
me chamou e perguntou: ‘Quem é
o seu cliente? Eu quero focar no seu
cliente.’ E quando chegamos à sala
para começar a reunião, me indicou
a cadeira dele para eu me sentar. Eu
disse que não podia sentar no lugar
dele, mas ele me respondeu: ‘Aqui
você é o líder, portanto você senta
ali e pode conduzir a reunião.’ Que
negócio fantástico! Aquilo foi uma
grande lição de humildade.”
Hélcio Colodete: prazer em
trabalhar com pessoas e
motivá-las
69informa 69
70 informa
A DOCE SEGURANçA
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70
Programa de Realojamento das Populações garante moradias dignas para angolanos
sol ainda não raiou no bairro do Zango,
em Viana, na região metropolitana de Lu-
anda, e Antónia Elizabete Trajano, a dona
Antónia, já está acordada para preparar o
café da manhã que irá servir aos clientes
de seu pequeno restaurante. Moradora do Zango há seis
anos, ela instalou seu negócio em um dos cômodos da
casa que recebeu do Governo angolano. Com um sorriso
no rosto, diz que a vida agora é outra, quando compara-
da às precárias condições do local onde vivia, um prédio
semiacabado, no município do Rangel: “Aqui temos luz,
água, uma casa boa. Lá não tínhamos nada disso. Usá-
vamos luz de candeeiro e pedíamos aos vizinhos para
pegar água em suas torneiras”.
OAos 52 anos, dona Antónia vivencia com a família uma
nova fase de sua vida. Em sua residência, moram cinco
filhos e uma sobrinha. Com o aumento do número de
clientes, ela contratou três pessoas para a ajudá-la no
restaurante, que, além de café da manhã (“pequeno al-
moço”, em Angola), serve almoço, jantar e bebidas. “Os
clientes têm aparecido cada vez mais, principalmente
quando tem jogo de futebol”, ela conta, apontando para
a TV no alto da parede, uma atração a mais em seu esta-
belecimento. A sopa de feijão é um dos pratos preferidos
dos frequentadores. “Eles adoram.”
Assim como a família de dona Antónia, milhares de
outras famílias estão vivendo dias melhores. Isso por-
que, desde 2002, o Governo vem implementando o Pro-
10 anos
AngolaPRP - Angola
71informa
grama de Realojamento das Populações (PRP), para
melhorar as condições de vida dos angolanos, que pas-
sam a dispor de moradias dignas, com água e energia
elétrica, ponto de partida para o resgate da cidadania.
Além disso, ficam liberadas áreas estratégicas da ca-
pital que precisam de requalificação, sobretudo as ar-
térias principais. Este ano, a iniciativa passou por uma
reestruturação e ganhou um novo nome: Programa Pro-
vincial de Habitação Social (PPHS).
Luís Anastácio Manuel, arquiteto e coordenador do
PPHS, explica a mudança: “Com o fim dos conflitos no
país, em 2002, muitas famílias passaram a morar em
beira de estradas e em áreas de risco. Portanto, inicial-
mente, a prioridade do Governo era construir habitações
para realocar boa parte dessa demanda. Com foco na
construção das casas, nem todas as instalações sociais
nem parte da pavimentação foram implantadas. Hoje,
temos como meta continuar a construção das mora-
dias, ampliando ainda mais a infraestrutura nas áreas já
existentes. Vamos aumentar o potencial energético e de
abastecimento de água, além de investir mais no sanea-
mento básico e outras instalações”.
Até 2013, 20 mil casasNestes 10 anos, o programa passou por algumas
etapas: Zango I, Zango II, Zango III e Zango IV. Ao todo,
foram cerca de 15 mil casas construídas, 10.300 delas
pela Odebrecht, presente no programa desde seu início.
Em março de 2011, a empresa iniciou um novo contrato,
que prevê a expansão do Zango IV, com infraestrutura
para mais 20 mil moradias e construção de 6 mil casas
até 2013. “A Odebrecht tem compromisso com o desen-
volvimento do país. Reconhecemos o quanto esse pro-
grama habitacional é importante para a população an-
golana e para o Governo”, comenta Maurizio Bastianelli,
Diretor de Contrato.
Para agilizar a expansão e possibilitar ganhos de
eficiência, em 2012 a equipe da Odebrecht mudou o
método construtivo, de modo a poder erguer mais ca-
sas em menos tempo, sem perder de vista a qualida-
de do produto final. Até então feitas de alvenaria, agora
as moradias são executadas com paredes de concreto
pré-moldadas. “Reduzimos o tempo da construção de
uma casa praticamente pela metade, por meio da Reu-
tilização do Conhecimento. Assim, atendemos de forma
mais rápida às necessidades do Governo e das famílias
beneficiadas”, enfatiza Maurizio. “Temos 2.200 traba-
lhadores nas obras, dos quais 95% são angolanos. As
equipes contam ainda com pessoas capacitadas pelo
Mónica Celeste e Rui Fernando Genito com a filha Fernanda, em casa: “É aqui que quero ver meus filhos crescerem”
Antónia Elizabete Trajano: “Os clientes têm aparecido cada vez mais”
Programa de Qualificação Profissional Continuada
Acreditar”, informa Marcus Vinícius Vianna, Gerente
Administrativo-Financeiro.
Além do abastecimento de água e fornecimento de
energia, os moradores contam com serviço de recolhi-
mento de lixo, com escolas, posto de saúde, delegacias
e transporte. Na expansão do Zango IV, está contem-
plada a construção de quatro Centros Sociais de Servi-
ços e Convivência (CSSCs), que incluem novas escolas,
instalações para o setor de saúde, áreas destinadas ao
comércio e centro de formação profissional, além de
quadras poliesportivas. “A partir da percepção das ne-
cessidades da comunidade do Zango, idealizamos os
CSSCs. Apresentamos ao Governo o projeto, que já foi
aprovado e será implementado a partir do próximo ano”,
complementa Maurizio Bastianelli. Estabelecimentos
privados, como o restaurante de dona Antónia, têm sur-
gido a cada dia no local. Mas há também lojas de mate-
rial de construção, supermercados, bancos e pequenas
empresas prestadoras de serviços.
“Não tenho palavras para descrever isso” É nesse contexto de transformações e mudanças
que Rui Fernando Genito sente-se seguro para criar a
filha Fernanda, nascida em setembro, e os outros três
filhos, Angélica, 4 anos, Ruicela, 3 anos, e Genito, 2 anos.
“Tenho 37 anos e preciso dizer que passamos por mui-
tas dificuldades onde vivíamos”, ele pondera.
Natural da Província de Moxico, no leste do país, Rui
Fernando chegou a Luanda há 20 anos, como refugiado.
Viveu por muito tempo em um centro de acolhimento do
Governo e, nos últimos três anos, estava morando com
a família em um barraco de chapas de zinco em um ter-
reno ao lado do cemitério de Luanda. “Não tínhamos ne-
nhuma infraestrutura. Quando chovia, nos molhávamos
todos”, relembra.
Ao lado de sua esposa, Mónica Celeste, Rui Fernando
recebeu Odebrecht Informa em sua casa. Com orgulho,
mostrou à equipe os três quartos, a sala, a cozinha e o
banheiro que compõem a residência de 68 m2, onde vi-
vem há sete meses. “É aqui que quero ver meus filhos
crescerem. Ganhar a casa própria é um sonho, não te-
nho palavras para descrever isso”, ele diz, com emoção
estampada no rosto.
História semelhante à de Rui Fernando tem Margarida
Augusto, 39 anos. Ela também morava em um barraco de
chapas de zinco, só que no bairro do Iraque, em Luanda.
Pela necessidade das grandes obras de infraestrutura rea-
lizadas pelo Governo, sua família e as demais que ali viviam
foram transferidas para o Zango. Há três anos morando
no local, hoje ela é uma das integrantes da Comissão de
Moradores do Zango III, que tem, entre outras funções, a
de auxiliar as famílias recém-chegadas. “É uma grande
conquista. Nem se compara com as condições anteriores”,
ela diz. Rita Augusto, 18 anos, filha mais velha de Margari-
da, relembra: “Passávamos por becos, esgotos, valas. Não
tínhamos escola. Aqui é diferente”. Além de Rita, Margarida
tem Williane, 14 anos, e Eliseu, 4 anos.
Ao analisar o programa do qual é coordenador, Luís
Anastácio Manuel é enfático: “Sabemos que a demanda
habitacional é grande, não só em Luanda e sua região
metropolitana, mas também nas outras 17 províncias.
Estamos estudando outras áreas que serão preparadas
para a construção de moradias populares. Essas ações
fazem parte de um conjunto de projetos estruturantes
que o Governo tem realizado em todo o país, para me-
lhorar a cada dia a vida dos angolanos”.
72 informa
A família Augusto (a partir da esquerda, Rita, Williane, Margarida e Eliseu): no Zango, novas perspectivas de vida
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 180 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro
reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez
cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica| Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Antonio Carlos de Faria Infraestrutura e Transporte | Josiane Costa Energia | Letícia Natívio Engenharia Industrial e Defesa e Tecnologia | Herman Nass Construção NavalCoordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesIlustrações Adilson Seccoeditora de Fotografia Holanda Cavalcanti
tiragem 5.400 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]
Próxima edição:ações Sociais
74 informa
“Uma ideia criativa só
é uma ideia empresarial
quando pode converter-se
em oportunidade
de melhor servir”
teO [tecnologia empresarial Odebrecht]
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