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MANUTENÇÃO DE TATUS EM CATIVEIRO E RESULTADOS DE INOCULAÇÃO DO MYCOBACTERIUM LEPRAE Diltor V. A. OPROMOLLA* Olavo Speranza de ARRUDA** Raul Negrão FLEURY*** RESUMO Os autores relatam sua experiência na manutenção de tatus em cativeiro e apresentam os resultados da inoculação do M. leprae. Inicialmente fazem considerações sobre a proveniência dos animais, como é processada sua captura e as tentativas que realizaram até conseguirem as instalações atuais para albergá-los. Relatam ainda as experiências feitas para a padronização de uma ração que fosse adequada e o resultado a que chegaram, que consiste de uma ração para frangos misturada a pão, ovos, carne e leite. Além disso, discorrem sobre o registro e o exame dos animais, que se constitui principalmente em um exame físico do animal na entrada, verificação do peso e temperatura retal e a realização de exame de fezes, hemograma e homossedimentação, e sobre como os animais são imobilizados para a colheita do sangue e para as inoculações. Finalmente, apresentam os seus resultados da inoculação do M. leprae em 3 animais da espécie Euphractus sexticinctus e em 26 animais da espécie Dasypus novemcinctus com referência especial a um D. novemcinctus (n.° 19) que apresentou infecção sistêmica após 15 meses de inoculação por via subcutânea e intravenosa. Bacilos foram encontrados em grande quantidade em vários órgãos como pele, linfonodos, fígado, supra-renais e baço. Não foram encontrados bacilos no miocárdio, pâncreas, tireóide e testículos. Ao que parece, este constitui o primeiro animal da espécie D. novemcinctus que apresentou infecção experimental sistêmica com o M. leprae na América do Sul. Um outro tatu (n.° 11), inoculado com suspensão de 1,2 x 10e bacilos por via intracardíaca, já apresenta nódulos com bacilos na parede abdominal após 10 meses de inoculação. Concluem considerando que os resultados já conseguidos darão em breve condições para fornecerem material para as instituições existentes no País ou outras que se interessarem no estudo do M. leprae e para o preparo de antígeno de Missuda tão carente nos programas de controle de hanseníase. Palavras chave: Tatu. Mycobacterium leprae. Inoculação. (*) Diretor do Serviço Médico do Hospital Lauro de Souza Lima e Professor Colaborador da Factidade de Medi- cina, UNESP, Botucatu, SP. (**) Biologista do Hospital Lauro de Souza Lima, Bauru, SP. (***) Patologista do Hospital Lauro de Souza Lima e Professor Assistente da Fac. de Odontologia de Bauru, USP. Hansen. Int. 5(1):28-36, 1980

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*) Diretor do Servcina, UNESP,

**) Biologista do**) Patologista do

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RESUMO — Os autores relatam sua experiência na manutenção de tatus eme apresentam os resultados da inoculação do M. leprae.

Inicialmente fazem considerações sobre a proveniência dos animais, como éda sua captura e as tentativas que realizaram até conseguirem as instalações atuaisrgá-los.

Relatam ainda as experiências feitas para a padronização de uma ração queequada e o resultado a que chegaram, que consiste de uma ração para frangosa a pão, ovos, carne e leite. Além disso, discorrem sobre o registro e o exameais, que se constitui principalmente em um exame físico do animal na entrada,

ão do peso e temperatura retal e a realização de exame de fezes, hemograma edimentação, e sobre como os animais são imobilizados para a colheita do sangueinoculações.

Finalmente, apresentam os seus resultados da inoculação do M. leprae em 3da espécie Euphractus sexticinctus e em 26 animais da espécie Dasypus

nctus com referência especial a um D. novemcinctus (n.° 19) que apresentousistêmica após 15 meses de inoculação por via subcutânea e intravenosa. Bacilos

ncontrados em grande quantidade em vários órgãos como pele, linfonodos,upra-renais e baço. Não foram encontrados bacilos no miocárdio, pâncreas,e testículos. Ao que parece, este constitui o primeiro animal da espécie D.

inctus que apresentou infecção experimental sistêmica com o M. leprae nado Sul.

outro tatu (n.° 11), inoculado com suspensão de 1,2 x 10e bacilos por viaíaca, já apresenta nódulos com bacilos na parede abdominal após 10 meses deo.

Concluem considerando que os resultados já conseguidos darão em breve condiçõesecerem material para as instituições existentes no País ou outras que se interessaremo do M. leprae e para o preparo de antígeno de Missuda tão carente nos programasole de hanseníase.

chave: Tatu. Mycobacterium leprae. Inoculação.

iço Médico do Hospital Lauro de Souza Lima e Professor Colaborador da Factidade de Medi-Botucatu, SP.Hospital Lauro de Souza Lima, Bauru, SP.Hospital Lauro de Souza Lima e Professor Assistente da Fac. de Odontologia de Bauru, USP.

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OPROMOLLA, D.V.A. et al. Tatus em cativeiro inoculados com M. leprae

vatdloposophoutras moléstias (WHO, 1978).

Hansen. Int. 5(1):28-36, 1980

Atualmente existem três centros quconseguiram êxito na inoculação do Mleprae em tatus: o de Carville comKIRCHHEIMER (1976), o do GolSouth Research Institute com STORRS(1971) e STORRS & GREER (1974ambos em Louisiania, USA, e o CentrPanamericano para Pesquisas em Lepra e Doenças Tropicais, em Caracascom CONVIT (1978). Os centronorte-americanos têm utilizado o Dnovemcinctus, que é a única espécie dtatu existente nos Estados Unidos dAmérica do Norte, e o Centro venezuelano utiliza o Dasypus sabanícola. Alémdessas instituições, muitas outras dvários países da América do Sul, comSuriname, Colombia, Brasil, Paraguae Argentina, estão tentando a manutenção dos animais de vários gênerosespécies em cativeiro e a reproduçãda moléstia, sem êxito completo atémomento.

2 FONTES DE ANIMAIS

0 Brasil possui cerca de 17 espéciede tatus e neste Hospital está-se trabalhando com três delas. Uma éEuphractus sexticinctus, que provémda Amazônia. São animais dóceis, cabeça triangular, corpo achatado, orelhas pequenas, coloração marrom amarelada, cauda coreácea curta e pêloalongados nas faces laterais do tóraxdessa espécie dispõe-se de dois animaisA outra espécie, que constitui a maioria (26 animais) é o D. novemcinctuque provém da região de Bauru, dárea em torno do Hospital Lauro dSouza Lima. São animais selvagensde adaptação mais difícil, cabeça alongada, orelhas compridas em posiçãvertical ao lado da cabeça, corpo cilíndrico, cauda coreácea longa, tonalidadcinza chumbo e com pêlos pouco desenvolvidos. A terceira espécie, ainda nãclassificada, conhecida vulgarmentcomo tatu "rabo mole", constitui-se de

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1 INTRODUÇÃO

A demonstração feita por STORRS(1971), KIRCHHEIMER (1976),KIRCHHEIMER & STORRS (1971)e KIRCHHEIMER et al. (1972) de queo tatu da espécie Dasypus novemcinc-tus é susceptível à hanseníase, veiotrazer grande incremento às pesquisasreferentes ao Mycobacterium leprae.Bacilos em quantidade suficiente paraestudo eram muito difíceis de se con-seguir, porque a única fonte era o serhumano. A multiplicação do bacilo napata do camundongo dá origem a quan-tidades irrisórias de germes, e as ino-culações em animais timectomizados eirradiados, apesar de fornecerem bacilosem quantidades razoáveis, constituemtécnica de difícil execução, só realiza-das em laboratórios altamente especia-lizados.

A hanseníase no tatu é generalizada,comprometendo até órgãos que perma-necem indenes no tipo virchowianohumano (BINFORD et al., 1976). Aquantidade de germes obtidos dos ani-mais infectados é enorme e tem se pres-tado ao preparo do antígeno de Mitsuda(MEYERS et a1., 1975), para estudossobre componentes antigênicos do M.leprae, na busca de um antígeno espe-cífico para a detecção da hanseníase-infecção e para a procura de umavacina.

Além disso, o seu tempo de sobre-ida longo, ao redor de 12 a 15nos, e o fato de gerar 4 gêmeos univi-elinos, torna possível a utilizaçãoesse animal em estudos sobre a pato-gia da hanseníase e pesquisas tera-êuticas. 0 fato de ser suceptível autras moléstias e parecer possuir umistema imunológico rudimentar, napinião de alguns autores, também serestaria ao estudo da imunidadeumoral e celular da hanseníase e de

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1974. A maior parte dos óbitos ocorreu

nimais de grande adaptabilidade, deabeça triangular, orelhas pequenas earapaça menos dura do que a dasutras espécies. Apresenta desenhosuadriculados de tonalidade marrom, ehama a atenção por duas caracterís-icas, a saber: unhas longas e fortesas patas dianteiras a emissão de umosnar característico. O Hospital dis-õe de 3 animais dessa espécie.

.1 Captura

Os tatus do gênero Euphractus foramnviados de Belém, PA, por via aérea,ão se sabendo dos pormenores de suaaptura. Os demais, que provêm da áreae Bauru, são capturados com arma-ilhas de madeira. Estas armadilhaspresentam duas tampas nas extremi-ades, que permanecem elevadas, eaem assim que o animal está dentroela para conseguir o alimento (isca),echando-a. Estas armadilhas recebem

nome de "jiquis". Os caçadores nãosam cães na captura e os jiquis sãoolocados nos locais por onde os tatusostumam passar (carreiros).

Dessa forma os animais são con-eguidos, em geral, sem grandes trau-atismos, com exceção de algumas

ventualidades em que ficam muitogitados.

.2 Biotério — Instalações

Têm-se feito várias experiências emnstalações para os animais. A primeiraelas foi a construção de uma grandepiscina" de terra revestida de tijolos,tilizada para os primeiros animaisecebidos. (Euphractus sexticinctus).ssa tentativa não deu certo porque osnimais escavavam as suas tocas deal forma, que não se tinha condiçõese observá-los nem de controlar a sualimentação, tanto que vários morre-am dentro delas sem que nada seudesse fazer. A outra experiência rea-izada foi a de colocar os tatus em uma

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área cercada com telas, sem divisão ecimentada, onde permaneciam todosjuntos. Essa maneira também não serevelou eficaz porque havia grandedisputa pelo alimento e lutas entre eles,com ferimentos às vezes fatais. Umaterceira tentativa foi a de colocá-losem caixas de madeira, de aproximada-mente 1,0 x 1,0 m, cobertas com tela.que albergavam 1 ou 2 animais.

2.3 Registro e exame dos animais

Todo animal ao dar entrada no bio-tério é registrado em ficha que con-tém : espécie, local de captura, tamanho,sexo, e os resultados dos seus examesfísicos e laboratoriais. O exame físicoconsiste em verificar se o animal apre-senta algum ferimento, alguma altera-ção da pele, carapaça etc., na palpaçãoà procura de nódulos cutâneos ou en-fartamento ganglionar, e a verificaçãode peso e da temperatura retal.

Os exames de laboratório consistemem exames de fezes e de sangue, hemo-grama e sedimentação.

O sangue é colhido por punção daveia femural. O hemograma do tatu ébastante semelhante ao do homem. Noexame de fezes, apesar do grandenúmero de parasitas que tem sido des-crito por vários autores, só foramobservados ovos de ancilostomídeos.

Os exames laboratoriais são repeti-dos quando o tatu apresenta algumaanormalidade cuja causa se tenta de-tectar. Todos os animais que morremsão necropsiados e fragmentos de todosos órgãos são incluídos em parafina ecorados pela hematoxilina-eosina e pelométodo de Fite Faraco, para a verifi-cação da "causa mortis" e a procurade micobactérias para pesquisar umapossível infecção natural por M. lepraeou outra micobacteriose Até o momentodos 53 animais em cativeiro, morreram31 desde o início da experiência, em

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nos dois primeiros anos. Nenhum dosanimais mortos demonstrou sinais deinfecção por M. leprae.

2.4 Alimentação

Uma das grandes dificuldades quetêm enfrentado todos aqueles empe-nhados na criação dos tatus é a suaalimentação. Os pesquisadores ameri-canos e venezuelanos resolveram esseproblema utilizando uma ração paragatos à qual suplementos vitamínicos,minerais e protéicos eram adicionados.Não foi possível utilizar esse esquemaporque tal ração é muito cara e torna-ria muito dispendiosa a manutençãodos animais. Depois de várias tentati-vas conseguiu-se uma dieta que pareceser ideal e que tem sido bem aceitapelos animais : composta de pão, carne,ovos, leite e uma ração para frangosque contém: farinhas de sangue, depeixe, de carne, de alfafa, de glúten, demilho, farelos de algodão, de gergelim,de amendoim, de trigo, milho moído,carbonato de cálcio, sal, além de suple-mento vitamínico, mineral e protéico.

Cada animal ingere cerca de 100gramas dessa mistura alimentar, dia-riamente. Quando os animais são cap-turados, em geral não são alimentadospor alguns dias, mas logo a seguircomeçam a fazê-lo regularmente.

. INOCULAÇÕES

Para inoculação dos tatus com M.eprae são feitas suspensões de hanse-omas retirados de pacientes vircho-ianos, que são triturados em gral e

iltrados em gaze. 0 inóculo é injetadoa veia femural, ou subcutaneamentea face interna da coxa ou ainda nessasocalizações e em mais 4 sítios da peleo abdomen, inoculação intracardíaca.

Para injeção nos primeiros animaissamos "Ketalar" como anestésico, mas

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atualmente os tatus são imobilizadosem suporte especialmente idealizado pa-ra esse fim e que têm dado resultadosmelhores e sem nenhum risco para oanimal.

As colheitas de sangue também têmsido realizadas dessa maneira. 0 volu-me do inóculo, quantidade de bacilos,local de injeção, época da mesma, tem-po de inoculação e o número de animaisatualmente inoculados neste Hospitalestão registrados na tabela 1.

Até agora foram inoculados 29 ani-mais sendo 3 da espécie E.sexticintus e os demais da espécie D.novemcinctus. Destes tatus 12morreram após períodos de inoculaçãoque variaram desde 24 horas (1animal) até 14 meses, sendo múltiplasas causas de morte tais comosepticemias, enterocolite etc. Emnenhum deles foi observada na necrop-sia a presença de bacilos álcool-ácidoresistentes (BAAR).

Dos animais remanescentes o de nú-mero 47 (D. novemcinctus) apresentouuma lesão nodular eritematosa, abceda-da, na região inguinal esquerda, quecontinha BAAR dois meses após ainoculação. Essa lesão, contudo, regre-diu lentamente e não se notou maisaparecimento de novas lesões.

O tatu de número 19 foi inoculadopor via endovenosa e subcutânea comuma suspensão de 1,0 x 108 bacilos.Após 15 meses de inoculação„ apareceuna coxa esquerda um nódulo duro queaumentou lentamente de tamanho, ad-quirindo forma alongada. Quatro me-ses após o aparecimento desta primeiralesão, 3 nódulos mais foram notados naparede abdominal. Biópsias realizadasde um dos nódulos e da orelha esquerdademonstraram grande quantidade debacilos. Este animal foi sacrificado emagosto de 1979 e na ocasião apresentavagrandes nódulos no abdomen, alguns dosquais ulcerados. Na necropsia os linfo-nodos subcutâneos e aqueles localizadossob a carapaça estavam bastante au-

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FIGURA 1 Tatu inoculado com M. leprae . Linfonodo infiltrado macrofágico extenso em áreasparacorticais. H.E. 40 aumentos.

FIGURA 2 Tatu inoculado com 11. l e p rae subcutâneo. Infiltrado macrofágico com caracte-rísticas regressivas englobado por proliferação fibrosa H.E. 100 aumentos.

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IGURA 3 Tatu inoculado com M. leprae. Bacilos em nervo periférico. Fite-Faraco. 400 aumentos.

FIGURA 4 Tatu inoculado com M. leprae. Aspecto do ventre evidenciando lesões nodulares inflamatórias na coxa direita e raiz da coxa esquerda

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mentados de volume e na superfíciede corte apresentavam grande númerode grânulos amarelados. Microscopica-mente os nódulos da parede abdominaleram constituídos por infiltrados demacrófagos com numerosos BAAR,semelhantes aos encontrados na hanse-níase virchowiana humana. Os nervosestavam comprometidos da mesma for-ma que o globo ocular, mucosa nasal,língua e linfonodos. No fígado haviaintensa infiltração histiocitária comBAAR nos espaços porta e nos sinusói-des e os bacilos também eram visíveisno interior dos hepatócitos. As suprar-renais e o baço também se mostravaminfiltrados e em menor intensidade ospulmões, rins e encéfalo. Não foramencontrados bacilos no miocárdio, pân-creas, tireóide e testículos.

Suspensões bacilares desse materialforam inoculadas em 8 tatus tambémD. novemcinctus, sendo que 4 deles sãoanimais jovens, nascidos em cativeiro.

Atualmente um outro tatu, o de nú-mero 11, inoculado com uma suspensãode 1,2 x 108 bacilos por via intracar-díaca, já apresenta após 10 meses deinoculação, nódulos com BAAR na pa-rede abdominal.

Acredita-se que com os resultados jáconseguidos o Hospital "Lauro de Sou-za Lima" estará brevemente em condi-ções de fornecer material para as insti-tuições existentes no País ou outrasque se interessarem no estudo do M.leprae, e para o preparo do antígeno deMitsuda, tão carente nos programas decontrole da hanseníase.

ABSTRACT — The authors report their experiences in raising arm ldillos andthe results obtained in inoculating them with M. leprae.

They begin by reporting on the origin of the animals, how they were captured,and their efforts until they found the right kind of housing for the armadillos.

They also tell of their attempts to develop the correct feeding procedures. Theresult is the feed used now in their laboratory: chicken feed mixed with bread, eggs, meatand milk. Along with this, they report on the way each animal is registered and theexamination it undergoes upon admittance, namely, recording of its weight, rectaltemperature, feces examination, hemogram and hemossedimentation. They also tell howanimals are immobilized so as to take blood samples for the inoculations.

Lastly, they present the results of the inoculations with M. leprae in three arma-dillos of the Euphractus sexticinctus species and 26 of the Dasypus novemcinctus species,with special reference to an armadillo of the D. novemcinctus species, which had systemicinfection 15 months after being inoculated subcutaneously and intravenously. Bacilli werefound in large quantities in various organs like the skin, lymph nodes, liver, kidneys andspleen. No bacilli were found in the myocardium, pancreas, thyroid and testicles.

The authors are of the opinion that this is the first armadillo of the D. novem-cinctus species to present experimental systemic infection with M. leprae in South America.

Another armadillo, which has been inoculated with a suspension of 1.2 x 108bacilli by the intracardiac route already showed nodules with bacilli on the abdominal wall10 months after being inoculated.

They believe that the results already obtained indicate that soon they will be ableto provide material for institutions in Brazil as well as other countries that are interested inthe study of M. leprae and in the preparation of the Mitsuda antigen which is so vital tothe control of Hansen's disease.

Key words: Armadillo. Mycobacterium leprae. Inoculation.

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REFERÊNCIAS

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Recebido para publicação em dezembro de 1979.

Hansen. Int. 5(1): 28-36, 1980