ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.): … · A todos os amigos e colegas de trabalho do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.): OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO POR CO 2 SUPERCRÍTICO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA VANESSA OLIVEIRA DI SARLI PEIXOTO Rio de Janeiro 2016

Transcript of ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.): … · A todos os amigos e colegas de trabalho do...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.): OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO

POR CO2 SUPERCRÍTICO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA

VANESSA OLIVEIRA DI SARLI PEIXOTO

Rio de Janeiro

2016

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.):

OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO POR CO2

SUPERCRÍTICO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA

Vanessa Oliveira Di Sarli Peixoto

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências de Alimentos Instituto de Química

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre

em Ciências de Alimentos.

Orientador: Alexandre Guedes Torres

Vanessa Naciuk Castelo Branco

Rio de Janeiro

2016

P379 Peixoto, Vanessa Oliveira Di-Sarli.

Óleo da amêndoa de baru (Dipteryx alata Vog.): otimização da

extração por CO2 supercrítico e composição química/ Vanessa

Oliveira Di Sarli Peixoto. – Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2016

102f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em

Ciência de Alimentos, Rio de Janeiro, 2016.

Orientadores: Alexandre Guedes Torres e Vanessa Naciuk

Castelo Branco

1. Óleo da amêndoa de baru. 2. Compostos bioativos.

3.Extração por fluido supercrítico. I. Torres, Alexandre Guedes.

(Orient). II. Castelo Branco, Vanessa Naciuk. III. Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. Programa de Pós-

Graduação em Ciência de Alimentos. IV. Título.

CDD: 661.004

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU (Dipteryx alata Vog.): OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO

POR CO2 SUPERCRÍTICO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA

Vanessa Oliveira Di Sarli Peixoto

Orientador: Alexandre Guedes Torres

Vanessa Naciuk Castelo Branco

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciência de

Alimentos, Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciência de

Alimentos.

Aprovada por:

_______________________________

Presidente, Prof° Dr. Alexandre Guedes Torres, IQ/UFRJ

__________________________________

Profª Drª. Vanessa Naciuk Castelo-Branco, FARMÁCIA/UFF

__________________________________

Profª Drª. Suely Pereira Freitas, EQ/UFRJ

__________________________________

Profª Drª. Priscilla Filomena Fonseca Amaral, EQ/UFRJ

Rio de Janeiro

2016

Esse trabalho foi realizado no Laboratório de Bioquímica Nutricional e de Alimentos,

Departamento de Bioquímica, Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, sob orientação do Prof°. Dr. Alexandre Guedes Torres e da Profª. Dra. Vanessa

Naciuk Castelo Branco.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERJ.

Produção acadêmica ligada à dissertação:

DI-SARLI, V.O; CASTELO-BRANCO, V.N; TORRES, A.G. COMPOSIÇÃO EM

ÁCIDOS GRAXOS, FITOESTERÓIS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE ÓLEOS DE

CASTANHA-DO-BRASIL E CASTANHA DE BARU PRENSADOS A FRIO. 2016.

Seminário Internacional de processamento de óleos e gorduras: tendências e desafios. (SBOG;

Florianópolis, Santa Catarina).

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me guiar no caminho correto e por me ajudar a superar as

dificuldades até a realização desse projeto;

À minha família, especialmente meu pai e minha mãe, pela busca incessante em me

proporcionar o melhor estudo e por sempre apoiar os meus desejos profissionais e pessoais,

sem vocês nada disso seria possível. Obrigado por me ensinar e valorizar o conhecimento

como crescimento de vida;

À minha irmã minha companheira da vida, que Deus enviou pra deixar minha

caminhada mais divertida e me ensinar desde cedo o valor de compartilhar;

Ao Maurício, meu namorado, por estar sempre ao meu lado apesar da distância, com

certeza você é meu principal apoiador e melhor conselheiro ao ouvir minhas angústias e

minhas realizações;

Ao meu orientador, Prof. Alexandre Torres, por acreditar em mim desde o início, seus

ensinamentos foram essenciais para o meu crescimento profissional. Principalmente pela

paciência em todas as reuniões de segunda, ao tentar tirar minhas dúvidas;

À minha co-orientadora, Prof. Vanessa Naciuk, que me aceitou como sua aluna de

iniciação científica e me apresentou ao LBNA, sempre com muita dedicação em me ensinar.

Agradeço muito a oportunidade que me foi oferecida, pois permitiu que eu pudesse descobrir

algo que tanto gosto;

A todos os amigos e colegas de trabalho do LBNA pelo apoio e convivência agradável

no dia a dia, em especial:

Aos amigos de muito trabalho na bancada e de lanches da tarde, André, Camila, Ellen,

Emília, Fabrício, Genilton, Isabelle, Kim, Natália Sales e Nívea, que tornaram os anos do

mestrado os mais divertidos da minha vida, não posso reclamar de nada quanto ao

companheirismo de vocês na bancada, sempre um auxiliando o outro. Vocês marcaram minha

vida para sempre, e vou levar na minha bagagem o que vocês me ensinaram todos os dias, o

respeito ao próximo, e claro fazer brigadeiro no fim do dia para adoçar a vida;

À Aline e Laís pela companhia nas análises que fizemos juntas, e pela amizade que

criamos, agradeço a força e o apoio em cada tropeço e dificuldade, vocês tornaram meus dias

no laboratório muito felizes. Espero que nossa amizade continue nos próximos anos de

doutorado, se Deus quiser;

Aos recentes amigos do LBNA, Caroline, Daniela, Desirré e Talita pelas conversas

durante o almoço e pelos ensinamentos nos artigos de segunda;

À Prof.ª Suely Freitas, pela gentileza em ceder o uso do laboratório para utilização da

prensa mecânica e do equipamento de Rancimat®, que foram essenciais nesse trabalho.

“Por vezes sentimos que aquilo que

fazemos não é senão uma gota de água

no mar. Mas o mar seria menor se lhe

faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

RESUMO

DI-SARLI, Vanessa Oliveira. Óleo da amêndoa de baru (Dipteryx alata Vog.): otimização

da extração por CO2 supercrítico e composição química. Rio de Janeiro, 2016. Dissertação

(Mestrado em Ciência de Alimentos). Instituto de química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

O objetivo deste estudo foi investigar a influência das condições de extração por CO2-

supercrítico (CO2-SC) sobre a estabilidade oxidativa e a composição química do óleo da

amêndoa de baru. Inicialmente foi realizado um planejamento fatorial completo 24 com pontos

centrais, utilizando como variáveis independentes pressão, temperatura, co-solvente e

concentração de co-solvente para determinar as variáveis mais importantes na extração do

óleo da amêndoa de baru. O óleo extraído por CO2-SC com as condições de 50 ⁰C, 300 bar e

0% de co-solvente, apresentou o maior rendimento de extração (36,9%) e o maior rendimento

de extração de γ-tocoferol (58,7 mg/kg). Contudo, o óleo extraído por CO2-SC nas condições

de 70 °C, 100 bar e 10% de etanol como co-solvente apresentou a maior estabilidade oxidativa

(20,3 h). Ao analisar os melhores e piores óleos selecionados extraídos por CO2-SC e o óleo

obtido por prensagem mecânica, observou-se que aqueles extraídos por CO2-SC sem o uso de

co-solvente apresentaram maior capacidade antioxidante total (1,68 ± 0,10 mmol ET/kg de

amostra), além do maior conteúdo de tocoferóis totais (23,4 ± 0,3 mg/100g de óleo), de

fitoesteróis totais (802,3 ± 12,9 mg/100g de óleo), de fenólicos (9,62 ± 0,74 mg/100g de óleo)

e do melhor perfil de voláteis (sem a presença de compostos da oxidação lipídica). Nestas

condições, as variáveis que influenciaram os fatores de resposta foram temperatura e a

pressão. As variáveis co-solvente e concentração de co-solvente não influenciaram tanto na

qualidade oxidativa quanto na composição de bioativos do óleo da amêndoa de baru.

Estabelecida as variáveis independentes que mais influenciaram as variáveis de resposta, foi

realizado o planejamento experimental de delineamento composto central rotacional (DCCR)

a fim de otimizar a extração por CO2-SC. Esse planejamento determinou que as condições

mais indicadas na extração por CO2-SC do óleo da amêndoa de baru foram as de 64 ⁰C e 341

bar. Essa condição apresentou o maior rendimento de extração de óleo (37,4%) e de γ-

tocoferol (162,0 ± 1,21 mg/kg de amêndoa) comparado as outras condições de extração por

CO2-SC do planejamento DCCR. Desta forma, na condição selecionada para a extração do

óleo da amêndoa de baru por CO2-SC obteve-se um óleo com melhor estabilidade oxidativa e

bioativa comparada às outras condições de extração por CO2-SC.

Palavras-chave: óleo da amêndoa de baru; compostos bioativos; extração por fluido

supercrítico.

ABSTRACT

DI-SARLI, Vanessa Oliveira. Baru almond oil (dipteryx alata vog.): optimization of

supercritical CO2 extraction and chemical composition.

The aim of the study was to investigate the influence of extraction conditions for supercritical

CO2 (SC-CO2) on the oxidative quality and chemical composition of the oil baru almond.

Initially it conducted a full factorial design with 24 central points, using as independent

variables pressure, temperature, co-solvent and concentration of co-solvent to determine the

most important variables in the extraction of oil from the baru almond. The oil extracted by

SC-CO2 conditions with 50 ⁰C, 300 bar and 0% co-solvent, had the highest extraction yield

(36.9%) and the highest yield of γ-tocopherol extract (58.7 mg / kg). However, the oil

extracted by SC-CO2 under conditions of 70 ° C, 100 bar and 10% ethanol as co-solvent

showed the highest oxidative stability (20.3 h). By analyzing the best and worst selected oils

extracted by SC-CO2 and oil obtained by mechanical pressing, it was observed that those

extracted by SC-CO2 without the use of co-solvent showed higher total antioxidant capacity

(1.68 ± 0, ET 10 mmol / kg sample), plus the higher content of tocopherols (23.4 ± 0.3 mg /

100g oil) of total phytosterols (802.3 ± 12.9 mg / 100g oil) of phenol (9.62 ± 0.74 mg / 100g

oil) and the best volatile profile (without the presence of compounds of lipid oxidation). From

these results, the variables that influenced the response factors were temperature and pressure.

The cosolvent concentration variables and co-solvent did not influence the oxidative quality

and composition of the bioactive baru almond oil. Established the independent variables that

influenced the response variables, it performed the experimental planning design of central

composite (CCRD) in order to optimize the extraction SC-CO2. This planning has determined

that the optimized conditions of SC-CO2 for extraction of oil forces baru almond the 64 ⁰C

and 341 bar. This condition had the highest yield of oil extraction (37.4%) and γ-tocopherol

(162.0 ± 1.21 mg / kg almond) compared to the other extraction conditions for SC-CO2 DCCR

planning. Thus, the optimal condition for extraction of oil by the almond Baru SC-CO2

obtained an oil with improved oxidative and quality compared to other bioactive extraction

conditions by SC-CO2.

Key-words: baru almond oil; bioactive compounds; extraction by supercritical fluid.

LISTA DE ABREVIATURAS

ABTS - 2,2’-Azino-bis (3-etilbenzotiazolina-6-sulfonato);

ANOVA – do inglês, Analysis of Variance;

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária;

AOAC – do inglês, Association of Official Analytical Chemists;

AOCS – do ingles, American Oil Chemistry Society;

AUC – do inglês, Area Under the Curve;

CG – Cromatografia Gasosa;

CG-EM – Cromatógrafo Gasoso- Espectrômetro de Massas;

CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência;

CO2 – Dióxido de Carbono;

CO2-SC – Dióxido de Carbono Supercrítico;

DCCR – Delineamento de Composto Central Rotacional;

EFS – Extração por Fluido Supercrítico;

ET – Equivalente de trolox;

EtOH – Etanol;

eV – Elétron Volts;

FID – do inglês, Flame Ionization Detector;

IDR – Ingestão Dietética Recomendada;

KOH – Hidróxido de Potássio;

LDL – do inglês, Low Density Lipoprotein;

MUFA – do inglês, Monounsaturated Fatty Acid;

Pc – Pressão crítica;

PUFA – do inglês, Polyunsaturated Fatty Acid;

SPME – do inglês, Solid Phase Micro Extraction;

Tc – Temperatura Crítica;

TEAC – do inglês, Trolox Equivalent Antioxidant Capacity;

VLDL – do ingles, Very Low Density Lipoprotein;

UV/Vis. – Ultravioleta-Visível.

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Composição centesimal (g/100g) e valor calórico total (Kcal/100g) da amêndoa de

baru 25

Tabela 2. Temperatura e pressão críticas de solventes. 32

Tabela 3. Condições de análise definidas pelo planejamento fatorial com ponto central de

dois níveis para extração de óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico (CO2-SC). 52

Tabela 4. Condições de análise definidas pelo planejamento DCCR para extração de óleo da

amêndoa de baru por CO2 supercrítico. 58

Tabela 5. Fatores de resposta do planejamento experimental fatorial com ponto central da

extração do óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico. 60

Tabela 6. Efeitos dos fatores e os erros padrão do rendimento de extração do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 61

Tabela 7. Análise de variância (Anova) do modelo rendimento da extração do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 63

Tabela 8. Efeitos dos fatores e os erros padrão do rendimento de γ- tocoferol do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 66

Tabela 9. Análise de variância (Anova) do modelo rendimento da extração de γ-tocoferol no

óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 68

Tabela 10. Efeitos dos fatores e os erros padrão da estabilidade oxidativa do óleo da amêndoa

de baru obtido por CO2 supercrítico. 70

Tabela 11. Análise de variância (Anova) do modelo da estabilidade oxidativa no óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 72

Tabela 12. Indicadores de qualidade oxidativa do óleo da amêndoa de baru extraído por CO2

supercrítico e por prensagem mecânica. 78

Tabela 13. Composição de ácidos graxos (g/100 g de ácidos graxos totais) do óleo da

amêndoa de baru obtido por diferentes métodos de extração. 79

Tabela 14. Composição de fitoesteróis (mg/100 g de óleo) e tocoferóis (mg/100 g de óleo)

dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2 supercrítico e prensagem mecânica. 81

Tabela 15. Composição de fenólicos (mg/100g) dos óleos de amêndoa de baru obtidos por

CO2 supercrítico. 82

Tabela 16. Perfil dos compostos voláteis identificados nos óleos da amêndoa de baru obtidos

por CO2-SC e por prensagem mecânica. 85

Tabela 17. Fatores de resposta do planejamento experimental de delineamento composto

central rotacional da extração do óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico. 87

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição geográfica do baru no cerrado (OLIVERIA et al., 2008). 23

Figura 2. A) Fruto do baru e seus constituintes (FERNANDES et al., 2010); B) Amêndoa de

baru com casca(Fotografia da amêndoa de baru utilizada no presente estudo). 24

Figura 3. Prensa de parafuso, com rosca sem fim (OEKOTEC® – Germany), para prensagem

contínua. Fotografia da prensa utilizada no presente trabalho para obtenção do óleo da

amêndoa de baru. 30

Figura 4. Diagrama de fases do dióxido de carbono (CO2) (SARMENTO, 2007). 33

Figura 5. Unidade de extração por fluido supercrítico (Waters® MV-10). 35

Figura 6. Estrutura química dos principais ácidos graxos com propriedades bioativas

(FARIAS et al., 2012). 38

Figura 7. Estrutura química dos tocoferóis (COSTA & JORGE, 2011). 39

Figura 8. Mecanismo de ação antioxidante dos tocoferóis (ORO, 2007). 39

Figura 9. Estrutura química dos fitoesteróis e do colesterol (LUZIA, 2012). 41

Figura 10. Estrutura química dos principais ácidos fenólicos derivados do ácido benzoico (A)

e do ácido cinâmico (B) (COSTA; JORGE, 2011). 43

Figura 11. Esquema da via de formação dos compostos voláteis oriundos do ácido linoleico

(C18:2 n-6) (MARTINEZ et al., 2010). 45

Figura 12. Diagramas esquemáticos da extração do óleo da amêndoa de baru por: A)

Prensagem mecânica; B) CO2 supercrítico (CO2-SC). 50

Figura 13. Diagrama de pareto para o rendimento de extração do óleo da amêndoa de baru

obtido por CO2 supercrítico. 62

Figura 14. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para o rendimento da

extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 64

Figura 15. Gráficos de curva de nível (A) e superfície de resposta (B) para o rendimento da

extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da pressão e da

concentração de co-solvente. 65

Figura 16. Diagrama de pareto para o rendimento da extração de γ-tocoferol no óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 67

Figura 17. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para o rendimento da

extração de γ-tocoferol no óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 68

Figura 18. Gráficos de curva de nível (A) e de superfície de resposta (B) para o rendimento

de γ-tocoferol do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da pressão

e da concentração de co-solvente. 69

Figura 19. Diagrama de pareto para a estabilidade oxidativa do óleo da amêndoa de baru

obtido por CO2 supercrítico. 71

Figura 20. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para a estabilidade

oxidativa do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico. 73

Figura 21. Gráficos de curva de nível (A) e de superfície de resposta (B) para a estabilidade

oxidativa do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da pressão e da

temperatura. 74

Figura 22. Gráficos de correlação entre o rendimento de γ-tocoferol (mg/kg) e o rendimento

de extração (%) (A); correlação entre a estabilidade oxidativa (h) e o rendimento de extração

(%) (B) e a correlação entre a estabilidade oxidativa (h) e o rendimento de γ-tocoferol (mg/kg)

(C) dos óleos da amêndoa do baru obtidos por CO2 supercrítico. 75

Figura 23. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para o rendimento

de extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da

temperatura e da pressão. 88

Figura 24. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para o rendimento

de γ-tocoferol (mg/kg) do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da

temperatura e da pressão. 88

Figura 25. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para a estabilidade

oxidativa (h) do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da

temperatura e da pressão. 89

Figura 26. Gráfico da otimização com restrição das variáveis independentes temperatura e

pressão em função dos fatores de resposta rendimento de extração do óleo (%), rendimento de

γ-tocoferol (mg/kg) e estabilidade oxidativa (h). 90

Figura 27. Rendimento de extração (%) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2

supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR e da condição

aperfeiçoada. 91

Figura 28. Rendimento de γ-tocoferol (mg/kg) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por

CO2 supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR e da

condição aperfeiçoada. 92

Figura 29. Estabilidade oxidativa (h) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2

supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR e da condição

aperfeiçoada. 93

Figura 30. Cromatograma dos ácidos graxos analisados por cromatografia em fase gasosa

(cromatógrafo GC-2010; Shimadzu®, Japão), com injetor do tipo split/splitless e com detector

por ionização em chama (FID) e coluna polar (Supelco®, Co. Omegawax-320). 95

Figura 31. Cromatograma dos tocoferóis analisados em CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-

10AD) com coluna de fase normal de sílica (ZORBAX Rx-Sil, Agilent Technologies®, EUA)

com detector UV/Vis (SPD-10A) fluorescência (290 nm /ex- 330 nm /em) com fase móvel

isocrática binária de n-hexano:2-isopropanol (99:1, v /v) com fluxo de 1,0 mL /min. 96

Figura 32. Cromatograma dos fitoesteróis analisados por CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-

10AD) com coluna de fase reversa C18 (50 μm × 2,1 mm Kromasil®

) e detector UV/Vis

(SPD-10A), monitorado a 210 nm. Sistema isocrático de fase móvel: 98% de acetonitrila e

2% de isopropanol com fluxo de 0,4 mL/min. 96

Figura 33. Cromatograma dos fenólicos analisados em CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-10AD)

com coluna de fase reversa C18 (4,6 μm × 150 mm, 5 μm; Kromasil®

) e detector UV/Vis

(SPD-10A), monitorado a 280 nm. Sistema de gradiente de fase móvel (Água acidificada com

ácido fórmico:Metanol:Acetonitria; 75:24:1) com fluxo de 1,0 mL/min. 97

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 21

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23

2.1. AMÊNDOA DE BARU: CARACTERÍSTICAS GERAIS E RELEVÂNCIA

ECONÔMICA 23

2.2. ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU 26

2.3. MÉTODO DE OBTENÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS 27

2.3.1. Extração de óleo com solvente 27

2.3.2. Extração de óleo por prensagem mecânica 28

2.3.3. Extração de óleo por fluido supercrítico 31

2.4. IMPORTÂNCIA DA COMPOSIÇÃO PARA AS

PROPRIEDADES/CARACTERÍSTICAS BIOATIVAS, SENSORIAIS E DE

ESTABILIDADE OXIDATIVA DOS ÓLEOS 36

2.4.1. Bioativos 36

2.4.1 1 Ácidos Graxos 37

2.4.1.2 Tocoferóis 38

2.4.1.3 Fitoesteróis 40

2.4.1.4 Fenólicos 41

2.4.2. Compostos voláteis 43

2.4.3. Estabilidade Oxidativa 46

3. OBJETIVOS 48

3.1. OBJETIVO GERAL 48

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 48

4. MATERIAL E MÉTODOS 49

4.1. AMOSTRAGEM DA AMÊNDOA DE BARU 49

4.2. EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR PRENSAGEM

MECÂNICA 49

4.3. EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR CO2

SUPERCRÍTICO 51

4.3.1. Planejamento experimental fatorial completo com ponto central 52

4.4. DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE ESTABILIDADE OXIDATIVA DO

ÓLEO DE AMÊNDOA BARU OBTIDO POR PRENSAGEM E POR CO2-SC 53

4.4.1. Índice de peróxido 53

4.4.2. Índice de acidez 53

4.4.3. Índice de refração 53

4.4.4. Estabilidade termo-oxidativa forçada 54

4.4.5. Capacidade antioxidante total 54

4.5. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AROMÁTICA DOS ÓLEOS

DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDOS POR PRENSAGEM E POR CO2

SUPERCRÍTICO 55

4.5.1. Análise da composição de ácidos graxos 55

4.5.2. Análise da composição de tocoferóis 55

4.5.3. Análise da composição de fitoesteróis 56

4.5.4. Análise da composição de fenólicos 56

4.5.5. Determinação da composição de voláteis 57

4.6. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE DELINEAMENTO DE COMPOSTO

CENTRAL ROTACIONAL (DCCR) 58

4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA 58

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 59

5.1. AMOSTRAGEM DA AMÊNDOA DE BARU 59

5.2. EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR CO2

SUPERCRÍTICO 59

5.2.1. Planejamento experimental fatorial completo com ponto central 59

5.2.1.1 Influência das variáveis no rendimento de extração 60

5.2.1.1.1 Análise dos efeitos 60

5.2.1.1.2 Análise de resíduos 63

5.2.1.1.3 Superfície de resposta 64

5.2.1.2 Influência das variáveis no rendimento de γ-tocoferol 65

5.2.1.2.1 Análise dos efeitos 65

5.2.1.2.2 Análise de resíduos 67

5.2.1.2.3 Superfície de resposta 69

5.2.1.3 Influência das variáveis na estabilidade oxidativa 69

5.2.1.3.1 Análise dos efeitos 69

5.2.1.3.2 Análise de resíduos 72

5.2.1.3.3 Superfície de resposta 73

5.2.2. Correlação entre as variáveis de resposta do planejamento experimental 74

5.3. DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE QUALIDADE OXIDATIVA,

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AROMÁTICA DOS ÓLEOS DA AMÊNDOA DE

BARU EXTRAÍDOS POR CO2-SC E POR PRENSAGEM MECÂNICA 76

5.4. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE DELINEAMENTO COMPOSTO

CENTRAL ROTACIONAL (DCCR) 86

5.4.1 Superfície de resposta do rendimento de extração do óleo 87

5.4.2 Superfície de resposta do rendimento de γ-tocoferol 88

5.4.3 Superfície de resposta da estabilidade oxidativa 89

5.4.4 Aperfeiçoamento da extração do óleo da amêndoa de baru por

CO2 supercrítico 90

6. CONCLUSÕES 94

7. APÊNDICE 95

8. REFERÊNCIAS 98

21

1. INTRODUÇÃO

O fruto do baru é oriundo do barueiro e obtido a partir do extrativismo vegetal Brasileiro

com origem na região do Cerrado (Magalhães, 2014). Sua amêndoa é uma semente

oleaginosa, que apresenta um elevado teor de lipídios (40%), além disso, é rico em outros

nutrientes e substâncias com propriedades de alegação de saúde, também denominados

funcionais ou compostos biologicamente ativos. Dentre eles, destaca-se o conteúdo de ácidos

graxos, sobretudo os ácidos oleico (C18:1n-9) e linoleico (C18:2n-6), o conteúdo de

fitoesteróis, com 100 a 200 mg de β-sitosterol por 100 gramas, e os altos teores de vitamina E,

além da presença de alguns ácidos fenólicos em sua amêndoa. O consumo elevado desses

compostos está associado com a redução do risco de doenças cardiovasculares e de alguns

tipos de câncer. Desta forma, a obtenção do seu óleo deve ser valorizada e aproveitada

(FREITAS; NAVES, 2010).

Os óleos vegetais podem ser obtidos por diferentes métodos de extração, tais como por

prensagem mecânica (a frio ou a quente), por solvente e por fluido supercrítico. A escolha do

método de extração depende de vários fatores como a qualidade do produto final e a

viabilidade econômica para a realização do processo (MIRALIAKBARI; SHAHIDI, 2008).

Dentre os métodos de extração de óleos vegetais, a prensagem mecânica a frio é bastante

utilizada para a extração de óleos em pequena escala e que apresentam apelo gourmet e

bioativo (PIGHINELLI et al., 2008), pois garante um produto naturalmente satisfatório

quanto a sua qualidade e preservação de compostos bioativos presentes na matéria prima in

natura. No entanto, este método pode apresentar baixo rendimento de extração, resultando em

um produto de alto custo para o consumidor.

Neste contexto, a aplicação do fluido supercrítico na extração de óleos é uma potencial

alternativa para a extração de óleos e gorduras ao uso de solventes orgânicos, especialmente

para a obtenção de óleos com qualidade global superior, de elevado valor agregado (MAUL,

2000), bem como para gerar menor impacto ao meio ambiente. A aplicação de um fluido

supercrítico como solvente de extração, especialmente o dióxido de carbono (CO2), apresenta

vantagens quando comparada à extração com solvente orgânico, tais como a sua natureza não

corrosiva e não inflamável, a sua inocuidade e a sua fácil remoção do produto final

(CARVALHO et al, 2005; ÖZKAL et al, 2005; TEMELLI, 2009; SOVOVÁ et al, 2010;

RUBIO-RODRIGUEZ et al, 2012). Porém, devido à baixa polaridade do CO2, o seu uso

como o único solvente de extração tende a resultar em um óleo com baixos teores de

compostos bioativos de polaridade alta ou intermediária, tais como os compostos fenólicos e

22

fitoesteróis que apresentam potenciais efeitos benéficos para a saúde humana e para a

estabilidade oxidativa dos óleos (CORSO, 2008).

Desta forma, o uso de co-solventes, tais como o etanol, pode contribuir para aumentar a

extração de compostos fenólicos, promovendo a obtenção de um óleo com melhores

propriedades funcionais e antioxidantes, e possivelmente, com maior estabilidade oxidativa

(SANCHEZ-VICENTE et al., 2009).

Uma substância quando submetida à pressão e temperatura acima de seu ponto crítico

torna-se um fluido supercrítico. Neste sentido, o aumento da temperatura e da pressão, assim

como a presença de co-solventes pode alterar as propriedades de transporte dos fluidos e a

capacidade de solvatação favorecendo a penetração de fluido nos poros da matriz facilitando a

extração por solvente e a solubilização do óleo (FREITAS et al., 2007).

Portanto, a seleção das melhores condições de extração do óleo da amêndoa de baru por

CO2 supercrítico (CO2-SC) é fundamental para a obtenção do óleo com a melhor composição

em compostos bioativos e qualidade oxidativa.

23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. AMÊNDOA DE BARU: CARACTERÍSTICAS GERAIS E RELEVÂNCIA

ECONÔMICA

A amêndoa do baru (Dipteryx alata Vog.) é proveniente do fruto do barueiro,

leguminosa arbórea lenhosa nativa do Cerrado brasileiro. O baru é classificado como um fruto

do tipo drupa, isto é, que possui uma polpa fibrosa com um centro endurecido contendo uma

única semente oleaginosa comestível, a amêndoa de baru (JUDD et al., 2002; LORENZI,

2002; FREITAS, 2009).

O baru ou barueiro (Dipteryx alata Vogel, Leguminosae Faboideae) é uma espécie

arbórea que ocorre no Brasil Central, principalmente em Minas Gerais, Goiás, Distrito

Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e é valorizada por suas diversas utilizações

(Figura 1). Considerada grande fixadora de nitrogênio no solo, ocorre em solos considerados

mais férteis, entre aqueles dos cerrados, cerradões e matas. A espécie é conhecida,

regionalmente, por outros nomes, como pau-cumbaru, fruta-de-macaco, cumbaru,

cumarurana, barujo, coco-feijão (CORREA, 1931; FERREIRA, 1980; BOTEZELLI, 2000).

Figura 1. Distribuição geográfica do baru no cerrado brasileiro (OLIVERIA et al., 2008).

24

O fruto do baru é do tipo drupa e possui cerca de 1,5 a 5 cm de comprimento, é ovoide

e levemente achatado, com cálice persistente e sua cor predominante é o marrom-claro. O

endocarpo do fruto é lenhoso e apresenta cor mais escura que o mesocarpo fibroso

(MELHEM, 1974). Apenas uma única semente é obtida por fruto, podendo apresentar

poliembrionia (MELHEM, 1974). A semente elipsóide apresenta dimensão e massa variadas,

associada com a massa do fruto. O comprimento varia de 1 a 3,5 cm e a largura de 0,9 a 1,3

cm. A cor brilhante do tegumento varia de marrom-amarelada ou avermelhada a quase preta,

algumas apresentam fissuras transversais mostrando a cor branca a creme dos cotilédones

(EMBRAPA, 2004). Na Figura 2A podemos observar as características do fruto do baru e

suas partes, e na figura 2B temos a semente do baru denominada de amêndoa de baru.

Figura 2. A) Fruto do baru e seus constituintes (FERNANDES et al., 2010); B) Amêndoa de

baru com casca (Fotografia da amêndoa de baru utilizada no presente estudo).

A semente possui sabor agradável e semelhante ao de amendoim, e pode ser

consumida torrada, como aperitivo ou incorporada a diversos doces. Não é recomendado o

seu consumo in natura devido aos fatores antinutricionais presentes, como os inibidores de

tripsina que prejudicam a absorção de aminoácidos essenciais, e por essa razão deve ser

torrada ou cozida (FERNANDES et al., 2010).

O mercado de produtos naturais vem crescendo bastante, e um dos grandes

responsáveis por este aumento está associado à prevenção de doenças por parte dos

consumidores. A consequência disto é que as indústrias do setor alimentício vêm

intensificando a busca por produtos mais saudáveis à saúde humana (BENTO et al., 2014).

25

A amêndoa de baru destaca-se pela presença de altos teores de lipídios, de proteínas,

de fibras insolúveis e de minerais, tais como o potássio, o magnésio, o fósforo e o zinco

(TAKEMOTO et al., 2001; SOUSA et al., 2011). Devido ao conteúdo elevado de lipídios e

de proteínas, a amêndoa de baru apresenta um alto valor calórico, sendo uma excelente fonte

energética (Tabela 1). Segundo Fernandes et al. (2010), uma porção da semente de baru (20

g) pode fornecer cerca de 10% da Ingestão Dietética Recomendada (IDR) para fibras

dietéticas.

Tabela 1. Composição centesimal (g/100 g) e valor calórico total (kcal/100 g) da amêndoa de

baru.

Componentes Valores

(Média ± DP)

Lipídios 38,2 ± 0,4

Proteínas 23,9 ± 0,6

Carboidratos 15, 8 ± 0,6

Fibras totais 13,4 ± 0,3

Solúveis 2,5 ± 0,2

Insolúveis 10,9 ± 0,3

Valor calórico total 502 ± 3

Fonte: TAKEMOTO et al., 2001.

A exploração da amêndoa de baru é uma atividade extrativista de baixo impacto

ambiental, uma vez que somente os frutos maduros que caem ao solo são utilizados. Os frutos

são coletados entre julho e outubro por agricultores familiares que, após extrair sua amêndoa,

colocam a venda para empresas, cooperativas e associações representativas de agricultores

familiares, que a processam, principalmente, para elaboração de produtos alimentícios que são

direcionados para o mercado. Portanto, a amêndoa de baru merece destaque por ser um

alimento regional com grande potencial agrícola e tecnológico (MAGALHÃES, 2014).

O baru é uma espécie com grande potencial econômico e está entre as 10 espécies

nativas do Cerrado mais promissoras para o cultivo, podendo produzir em média 2.000

frutos/árvore (RIBEIRO et al., 2000), contudo, está na lista das espécies que correm perigo de

extinção e por isso, devem ser valorizados o seu plantio e uso do seu fruto (EMBRAPA,

2003).

A elevada quantidade de lipídios assim como a sua composição em ácidos graxos, que

apresenta elevado percentual de ácidos graxos insaturados, torna relevante seu uso para fins

26

alimentícios. Desta forma, sugere-se a sua utilização na alimentação humana como substituto

de alguns óleos com apelo gastronômico, óleos tipo gourmet (TAKEMOTO et al., 2001;

MARQUES, 2014).

2.2. ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU

A literatura relata o estudo do uso de óleo da amêndoa de baru como um ingrediente

funcional por ser fonte de ácidos graxos poli-insaturados (PUFAS) e monoinsaturados

(MUFAS), assim como pela presença de outros componentes bioativos (OZCANA &

UNVERA, 2011; DRUMMOND, 2008).

O perfil lipídico do óleo da amêndoa de baru é composto principalmente pelos ácidos

graxos oleico (C18:1 n-9), com aproximadamente 50%, e linoleico (C18:2 n-6), com cerca de

30%. O consumo de alimentos com esta composição em ácidos graxos é importante para a

saúde humana, pois contribui na redução das frações de lipoproteína de baixa densidade

(LDL) e muito baixa densidade (VLDL), responsáveis pelo aumento do colesterol sérico

(JENKINS et al., 2002; BRESSAN et al., 2009; LIMA, 2012; BORGES, 2013).

O óleo de baru é comercializado como sendo uma fonte rica em antioxidantes, com

efeitos benéficos para a saúde dos consumidores, bem como, sendo uma fonte de um conjunto

de vitaminas e ácidos graxos n-6 e n-9. Tanto na composição em ácidos graxos, como no teor

de tocoferóis totais, o óleo da amêndoa de baru foi comparado em alguns estudos ao óleo de

amendoim. No estudo de Vallilo et al. (1990) conclui-se que o alto teor de óleo na semente,

bem como sua composição em ácidos graxos, torna-o economicamente viável, sugerindo a

sua possível utilização como óleo vegetal ou gordura hidrogenada para a alimentação humana,

bem como matéria-prima na indústria química e farmacêutica (DRUMMOND, 2008).

O óleo da amêndoa de baru atualmente é obtido exclusivamente por meio de

prensagem mecânica, ou seja, o óleo bruto obtido não é submetido a refinamento, sendo

comercializado em sua forma bruta. Embora existam alguns conhecimentos na literatura sobre

a composição e propriedades da amêndoa de baru, o conhecimento sobre o óleo de baru bruto

é praticamente inexistente (BORGES et al., 2014).

O óleo de baru é usado na culinária brasileira, em pratos diversificados, sendo

utilizado para temperar saladas ou como ingrediente em diversos processos de cozimento

(BORGES et al., 2014). Apesar da rápida evolução das aplicações da extração por fluido

supercrítico (EFS) na indústria de óleos vegetais, o uso do fluido supercrítico na extração de

27

óleo da amêndoa de baru é escasso. Na literatura há apenas um estudo sobre a extração por

fluido supercrítico a partir desta amêndoa (ARA et al., 2015).

A extração do óleo da amêndoa de baru gera co-produtos, como por exemplo, a torta,

oriunda do processo de extração por prensagem mecânica e a baru desengordurada, obtida da

extração por fluido supercrítico. Alguns trabalhos científicos já relataram que esse co-produto

pode ser utilizado como farinha proteica, agregando valor econômico e nutricional a esse

resíduo, podendo então ser denominado co-produto da produção de óleo da amêndoa de baru.

A farinha de baru, remanescente da extração desse óleo, foi introduzida pela Prefeitura de

Goiânia no cardápio da merenda escolar das escolas municipais desde 2001 e Soares Júnior et

al. (2007) constataram que a farinha de baru pode ser utilizada na formulação de biscoitos

sem perdas de qualidade e elevando os seus valores nutricionais. (PINELI et al., 2015;

FERNANDES et al., 2010).

A maioria dos relatos na literatura sobre a caracterização do óleo da amêndoa de baru

é de óleos extraídos com solventes orgânicos, o que não corresponde ao óleo de baru

normalmente consumido. Desta forma, o conhecimento sobre a composição do óleo da

amêndoa de baru, obtidos por métodos a frio, como a prensagem mecânica, e por fluido

supercrítico, torna-se necessário.

2.3 MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS

Os óleos vegetais podem ser obtidos por diferentes métodos de extração, tais como,

por prensagem mecânica (a frio ou a quente), por solvente orgânico e por fluido supercrítico.

A escolha do método de extração depende de vários fatores como a qualidade do produto final

e a viabilidade econômica para a realização do processo. Atualmente, as consequências para o

meio ambiente também tem se destacado entre os critérios de escolha (SANTOS et al., 2012).

2.3.1 Extração de óleos com solvente

Dentre os métodos de extração de óleos vegetais, o mais utilizado em escala industrial

ainda é a extração com solventes orgânicos, especialmente utilizando o n-hexano. A extração

de óleo com solvente é caracterizado por um processo onde os componentes contidos em uma

matriz sólida são extraídos dissolvendo-os em um líquido. Este processo é conhecido como

lixiviação ou ainda como extração sólido-líquido. A solução obtida, chamada de miscela (óleo

+ solvente), é removida do extrator e encaminhada para um evaporador para a remoção do

28

solvente. Os processos que ocorrem são meramente físicos, pois o óleo transferido para o

solvente é recuperado sem nenhuma reação química. Algumas amostras requerem cuidados

especiais para a obtenção da fração lipídica, pois fatores como co-extração dos componentes

não-lipídicos e a oxidação indesejada podem influenciar a qualidade final da fração lipídica

(BRUM et al., 2009; PEREIRA, 2009).

A etapa seguinte da extração com solvente é o processo de separação do óleo por

evaporação, seguida da purificação do óleo, denominado refino. O refino é um conjunto de

processos que o óleo é submetido com o objetivo de eliminar substâncias indesejadas que

estão presentes no óleo bruto, a fim de torná-lo próprio para o consumo. As etapas que

compõem o processo de refino são: degomagem (remoção de lecitina, proteínas, entre outras),

neutralização ou desacidificação (remoção de ácidos graxos livres), branqueamento ou

clarificação e, por fim, a desodorização (remoção de odores indesejáveis como aldeídos,

cetonas, ácidos graxos oxidados, entre outros). Entretanto, o processo de refino pode acarretar

alterações indesejáveis, especialmente a perda de nutrientes e compostos bioativos

termossensíveis, além de reduzir a estabilidade oxidativa do óleo (GUNSTONE, 2002).

As principais vantagens da utilização de solventes na extração de óleos vegetais,

especialmente utilizando o n-hexano, é o alto rendimento de extração do processo e o baixo

custo de produção, uma vez que o solvente é recuperado e reutilizado após a primeira

extração. No entanto, a extração com n-hexano apresenta uma série de limitações, tais como

a elevada toxicidade do solvente para o meio ambiente (ZÁCARI, 2008).

A redução na qualidade nutricional do óleo ao final do processo de extração por

solvente é causada pelos extensos processos de recuperação de solventes que são necessários

neste método de obtenção de óleos. Especialmente para os óleos que apresentam elevado

valor nutricional, como no caso das amêndoas, castanhas e oleaginosas, esta redução da

qualidade é inaceitável. Desta forma a alternativa é a utilização de processos que evitem a

perda de nutrientes e compostos bioativos de óleos vegetais, como por exemplo, o processo de

prensagem mecânica e extração por fluido supercrítico (WILLEMS et al., 2008).

2.3.2 Extração de óleo por prensagem mecânica

Por muitos séculos a obtenção de óleos vegetais dos principais comodities, para fins

alimentares e não alimentares, foi conduzida pela prensagem mecânica. Contudo, com o

aumento da demanda de produtos processados e industrializados nas últimas décadas, a

29

técnica de prensagem deixou de ser a mais utilizada, sendo substituída pelo método de

extração por solventes (WILLEMS et al., 2008).

Desta forma, os pesquisadores estudam uma alternativa, que além de suprir a demanda

de produtos processados e de ser um processo sustentável, consiga manter a qualidade

nutricional e oxidativa dos óleos. Nessa lógica, muitos estudos tentam otimizar a extração por

prensagem mecânica e utilizar esta como substituta ao processo de extração por solvente,

fazendo o caminho inverso de décadas atrás.

Atualmente, o método de extração por prensagem pode ser realizado por prensa

hidráulica ou por prensa mecânica, porém, as prensas hidráulicas estão sendo substituídas por

prensas mecânicas, pois são mais eficientes na extração do óleo, com funcionamento contínuo

e baixo custo de aquisição e manutenção, sendo recomendadas para pequenas cooperativas

(MARQUES, 2014).

A prensagem mecânica é realizada nas chamadas prensas contínuas (“expeller”).

Nesses equipamentos, os grãos ou frutos entram em parafusos tipo roscas sem fim que

comprimem e movimentam o material para frente. Em sua saída, existe um cone que pode ser

regulado de forma a aumentar ou diminuir a abertura para saída do material, o que determina

a pressão no interior da prensa. No final deste processo são obtidos dois materiais: a chamada

torta, que é a parte sólida resultante da prensagem, e o óleo ou gordura brutos, que podem

conter partículas sólidas resultantes da prensagem (Figura 3) (GUNSTONE, 2002).

Na indústria de alimentos, o óleo bruto passa por um processo de filtragem num

equipamento chamado filtro-prensa. Após este processo, a torta é encaminhada para o

processo de extração com solvente, enquanto o óleo extraído e filtrado segue para as etapas de

purificação (RAMALHO; SUAREZ, 2013).

A prensa mecânica contínua ou “expeller” é um método adaptável a diversos tipos de

oleaginosas e, em curto espaço de tempo, permite a instalação em pequenas propriedades,

além de possibilidade de aproveitamento de seu subproduto (torta) para o consumo humano,

ou como adubo ou ração animal (SINGH; BARGALE, 2000; PIGHINELLI et al., 2008).

30

Figura 3. Prensa de parafuso, com rosca sem fim (OEKOTEC® – Germany), para prensagem

contínua. Fotografia da prensa utilizada no presente trabalho para obtenção do óleo

da amêndoa de baru.

O principal desafio no aperfeiçoamento da extração por prensagem mecânica é

encontrar o teor de umidade ótimo, pois valores muito altos reduzem a fricção, causam baixo

rendimento e valores muito baixos prejudicam o funcionamento da prensa (REUBER, 1992;

SINGH; BARGALE, 1990; PIGHINELLI et al., 2008).

A obtenção de óleos por prensagem é de grande interesse tecnológico, pois garante um

produto naturalmente satisfatório quanto à sua qualidade e preservação de compostos

presentes na amêndoa in natura. Além disso, não é necessária aplicação de solventes ou

emprego de altas temperaturas, que possam promover a degradação de compostos funcionais

presentes na castanha (GUNSTONE, 2002; SANTOS, 2012).

Apesar dos benefícios da extração por prensagem esta apresenta algumas

desvantagens, como o alto consumo de energia que é dissipado na fricção que pode aumentar

consideravelmente a temperatura do produto, podendo causar a degradação de alguns

compostos termossensíveis presentes na matriz a ser extraída. O rendimento obtido nesse

processo de extração geralmente é baixo e limita-se, a menos de cerca de 80% em peso do

31

óleo originalmente presente na matriz alimentícia (BRENANN et al., 1990;

HASENHUETTL, 1991; WILLEMS et al., 2008).

2.3.3 Extração de óleo por fluido supercrítico

A extração por fluido supercrítico (EFS) de óleo de diferentes alimentos tem recebido

um interesse considerável. O preço elevado de solventes orgânicos, os fatores ambientais e as

exigências das indústrias, como por exemplo, farmacêuticas e de alimentos para produtos

ultra-puros, aumentaram a necessidade de se desenvolverem novas técnicas de

processamento. Surgiu então, na década de 1970, a alternativa da utilização de fluidos

supercríticos como solventes para extração de produtos específicos de matérias primas

vegetais e minerais (VARGAS, 2005; COSTA, 2013).

A tecnologia com fluidos supercríticos tem se desenvolvido consideravelmente em um

grande número de setores industriais. Fluidos supercríticos são empregados para extração de

várias substâncias tais como a cafeína do café, nicotina do tabaco, óleos de sementes

oleaginosas e óleos essenciais, assim como, em corantes de tecidos fabris ou como fase móvel

em cromatografia de fluidos supercríticos (MARSAL et al., 2000; SANTOS, 2012). A

aplicação de fluido supercrítico na extração de óleos é uma provável alternativa ao uso de

solventes orgânicos, especialmente para a obtenção de óleos com qualidade global superior, e

de elevado valor agregado (MAUL, 2000).

A extração supercrítica consiste em uma extração sólido-fluido supercrítico. Um

fluido supercrítico é definido como uma substância que apresenta propriedades de pressão e

temperatura acima dos seus valores críticos. Enquanto abaixo do ponto crítico, uma

substância pode existir como sólido, líquido ou vapor, acima do mesmo existe a região

supercrítica na qual as variações das propriedades termodinâmicas podem ser intensas,

causando diferentes efeitos em solutos e reagentes (SANDLER, 1989; BRUNNER, 2005).

O fluido exibe propriedades físico-químicas intermediárias entre as de um gás e de um

líquido, o que aumenta sua função como solvente. Essas propriedades são a sua densidade

relativamente alta, o que lhe confere um bom poder de solvatação, enquanto que sua

viscosidade relativamente baixa e sua alta difusividade promovem um apreciável poder de

penetração na matriz do soluto (RIZVI et al., 1986). Portanto, o estado supercrítico de fluidos

pode ser definido como o estado no qual líquido e gás são indistinguíveis entre si

(OLIVEIRA, 2005).

32

O solvente utilizado na extração de fluido supercrítico deve possuir algumas

características como: bom poder de solvatação, ser inerte e facilmente separado do produto,

ser relativamente barato além de ter baixa pressão crítica por razões econômicas. Nesse

contexto, os solventes mais utilizados na EFS são: dióxido de carbono (CO2), etileno,

propano, nitrogênio, óxido nitroso e mono-clorofluoretano (OOI et al., 1996; SANTOS, 2000;

CORSO, 2008). As propriedades críticas de alguns solventes podem ser visualizadas na

Tabela 2.

Tabela 2. Temperatura e pressão críticas de solventes.

Solventes Temperatura crítica (⁰C) Pressão Crítica (bar)

CO2 31,1 73,8

Etano 32,2 48,8

Etileno 9,3 50,4

Propano 96,7 42,5

Propileno 91,1 46,2

Amônia 132,5 112,8

Água 374,2 220,5

Fonte: Adaptado de MCHOUGH & KRUKONIS (1994); AZEVEDO (2001); CORSO

(2008).

A escolha do uso do CO2 como solvente de extração, deve-se principalmente por suas

características que são: solvente atóxico e não inflamável, um gás inerte, ou seja, não oferece

riscos de reações secundárias, como oxidações, reduções, hidrólises e degradações químicas,

apresentam temperatura crítica (Tc) e pressão crítica (Pc) relativamente baixas (31,1 °C e 73,8

bar), sua polaridade está próxima àquela do pentano e do hexano, solventes apolares

comumente usados em extrações tradicionais de óleos vegetais por solventes, sua fácil

remoção do produto final podendo este ser reutilizado no processo e por fim sua versatilidade,

pois o CO2 pode ser modificado facilmente pela adição de pequenas quantidades de outros

produtos, chamados de co-solventes, polares ou apolares, como a água e o etanol, e também

pela seleção das condições de temperatura e pressão específicas (MAUL, 2000).

Essas opções permitem a adequação de condições de extração para as necessidades

específicas dos produtos a serem extraídos e ao produto final desejado (MAUL, 2000).

O estado físico do CO2 pode ser descrito pelo diagrama de pressão e temperatura

apresentado na Figura 4. O diagrama de fase pressão-temperatura do CO2 mostra três curvas:

de sublimação, de fusão e de ebulição que por sua vez limitam três regiões distintas

correspondendo aos estados sólido, líquido e gasoso. A curva de ebulição termina no chamado

33

ponto crítico. Após este ponto, encontra-se a chamada região supercrítica do CO2 (CALAME

& STEINER, 1982; SARMENTO, 2007).

Figura 4. Diagrama de fases do dióxido de carbono (CO2) (SARMENTO, 2007).

A utilização do CO2 como único solvente de extração apresenta uma limitação quanto

à extração de compostos polares. O seu uso como o único solvente de extração tende a

resultar em um óleo com baixos teores de compostos bioativos de polaridade alta ou

intermediária, tais como os compostos fenólicos que apresentam potenciais efeitos benéficos

para a saúde humana e para a estabilidade oxidativa dos óleos (CORSO, 2008). Desta forma,

atualmente na EFS, a fase móvel não contém apenas o CO2, mas também pequena quantidade

(2 a 40 %) de modificador orgânico polar (metanol, etanol, isopropanol, ou raramente

acetonitrila) e aditivos (ácidos orgânicos voláteis e tampões, eventualmente, água), que

afetam a polaridade, o poder de solvatação e o poder de eluir substâncias polares. Por meio

desta modificação, EFS pode ser utilizado com êxito para a extração de moléculas com amplo

espectro de polaridade (PILAROVA et al., 2016)

34

Na literatura, alguns autores estudaram o uso de etanol (EtOH) como co-solvente para

obter óleos essenciais e observaram que a solubilidade do extrato aumentou com o aumento

da concentração deste co-solvente (DALMOLIN et al., 2010). A presença de etanol afeta

positivamente a extração de polifenóis. Este fato está relacionado com as interações

covalentes (ligações de hidrogênio) e dipolo-dipolo que aumentam a solubilidade de

compostos fenólicos. Outros autores já mostraram que a solubilidade de polifenóis em (CO2-

SC + EtOH) depende da polaridade final adquirida pelo sistema de extração (SERRA et al.,

2010). Contudo, o uso de solventes como etanol pode contribuir para aumentar a extração de

compostos fenólicos, promovendo a obtenção de um óleo com melhores propriedades

funcionais e antioxidantes, e possivelmente, com maior estabilidade oxidativa (SANCHEZ-

VICENTE et al., 2009).

A utilização de água (H2O) como co-solvente de extração foi avaliada por alguns

autores com o objetivo de extrair compostos polares específicos da matriz. Segundo Serra et

al. (2010) o uso de etanol, água ou solventes orgânicos na extração de antocianinas pode ser

empregado com sucesso utilizando elevada pressão e temperatura.

Os solventes CO2, etanol e água apresentam diferentes polaridades. Porém, quando

estão misturados em diferentes proporções pode-se obter uma mistura homogênea,

dependendo das condições de temperatura e de pressão e da fração molar individual dos

solventes (DA PORTO et al., 2014).

O funcionamento da extração por CO2-SC, em escala laboratorial, a partir de matérias-

primas sólidas ocorre da seguinte maneira: O material macerado ou moído é colocado dentro

de um cilindro extrator. Em cada ponta do cilindro extrator existe uma capa de metal poroso,

que tem por finalidade permitir a livre circulação do fluido supercrítico e as substâncias

dissolvidas enquanto mantém o resíduo sólido no leito. Assim que o CO2 passa através da

matéria-prima, os aromas e os óleos são parcialmente dissolvidos e extraídos até um nível de

solubilidade de equilíbrio (cerca de 10% p/p). A solução gasosa que sai do extrator passa

através da válvula redutora de pressão, reduzindo a pressão (e da força de solubilização) do

CO2, causando dessa maneira a precipitação dos componentes no separador; os aromas e

óleos são separados do CO2, que é reciclado pelo compressor, e os componentes extraídos são

coletados no separador. Na Figura 5 ilustra-se a foto da unidade de extração por fluido

supercrítico responsável pela obtenção do óleo da amêndoa de baru neste trabalho.

35

Figura 5. Unidade de extração por fluido supercrítico (Waters® MV-10).

O principal desafio no uso da EFS é que o processo torna-se caro devido ao custo dos

equipamentos. Uma unidade industrial não sai por menos de $ 1.000.000,00 e processa 450

litros de cada vez. Assim, produtos de baixo valor agregado e baixo rendimento não podem

ser economicamente extraídos por esse processo. Este argumento atualmente tem sido

discutido por alguns autores que mostram que os custos a longo prazo da EFS podem ser

reduzidos comparados ao método de obtenção tradicional por solvente, tendo em vista que os

insumos utilizados na EFS são reduzidos e podem ser reutilizados ao final do processo

(MARRONE et al.,1998; NGUYEN et al., 2011; SANTOS et al., 2013).

Portanto, o uso do CO2-SC na extração de óleos vegetais apresenta grande importância

na obtenção de produtos ricos em compostos bioativos naturalmente presente na matriz sólida.

Para que este processo seja viável, estudos acerca das melhores condições de extração que

permitam a extração rentável desses óleos devem ser estudados. Aperfeiçoar o método de EFS

consiste na definição de parâmetros específicos, como por exemplo, de temperatura, de

pressão, de uso de co-solventes, do tamanho de partícula e também do tempo do processo,

para que seja alcançado bom rendimento de óleo com composição química e qualidade

oxidativa adequados (MPAGALILE et al.,2006; PIGHINELI, 2010).

Diversos trabalhos científicos vêm sendo desenvolvidos visando otimizar os processos

de extração de óleos principalmente com o uso de CO2-SC. Estes trabalhos visam propor

planejamentos experimentais executados em escala laboratorial para permitir a viabilidade do

processo em escalas industriais (CORSO, 2008).

36

2.4 IMPORTÂNCIA DA COMPOSIÇÃO PARA AS

PROPRIEDADES/CARACTERÍSTICAS BIOATIVAS, SENSORIAIS E DE

ESTABILIDADE OXIDATIVA DOS ÓLEOS

2.4.1 Bioativos

Compostos bioativos são constituintes naturais e estão presentes em pequenas

quantidades nos alimentos. Os compostos bioativos, além de apresentarem atividade no

organismo humano, também protegem os óleos vegetais contra a ação de radicais livres

devido a sua ação antioxidante, inibindo a oxidação lipídica, principal forma de degradação

dos óleos vegetais. Dessa forma, esses compostos apresentam duas principais funções, a

promoção de maior estabilidade oxidativa dos óleos e bioatividade no organismo humano

(TORRES-LEÓN et al., 2016)

Esses compostos benéficos incluem tocoferóis, compostos fenólicos e composição em

ácidos graxos, como alto conteúdo de ácidos graxos mono e poli-insaturados (CASTELO-

BRANCO; TORRES, 2012).

O consumo de nozes e sementes comestíveis, como a amêndoa de baru, apresenta uma

associação inversa com o risco de doenças cardiovasculares. Estudos mostram que indivíduos

que consumiram mais de 3 porções (84 g) de nozes por semana apresentaram uma redução de

55% no risco de morte por doenças cardiovasculares comparados com aqueles que nunca, ou

raramente consumiram esses alimentos. Estes resultados estão relacionados com a melhoria

do perfil lipídico sérico e redução do estresse oxidativo. Os efeitos sobre o perfil lipídico

sérico e equilíbrio oxidativo são atribuídos aos ácidos graxos essenciais e ao conteúdo de

compostos bioativos, como os tocoferóis, fitoesteróis e fenólicos das sementes oleaginosas

(BENTO et al., 2014).

Os óleos vegetais de sementes oleaginosas, como a amêndoa de baru, podem conter

ácidos graxos essenciais e teores significantes de outros compostos bioativos, tais como os

tocoferóis, os compostos fenólicos, os fitosteróis e os carotenoides, contribuindo para a

prevenção de doenças cardiovasculares por meio de diversos mecanismos que podem ser

atribuídos aos seus efeitos antioxidantes que protegem as biomoléculas da ação dos radicais

livres (FREITAS; NAVES, 2010).

A presença e a quantidade dos compostos bioativos estão relacionadas com a

qualidade, valores nutricionais e funcionais de tais óleos, e pode variar dependendo da

37

matéria-prima, as condições de cultivo do clima, sistema de extração do óleo (MARQUES et

al., 2015).

2.4.1.1 Ácidos graxos

Ácidos graxos são ácidos carboxílicos, geralmente monocarboxílicos, que podem ser

representados pela forma RCO2H. Na maioria das vezes, o grupamento R é uma cadeia

carbônica longa, não ramificada, com número par de átomos de carbono, podendo ser

saturada ou conter uma ou mais insaturações. O grupo carboxila constitui a região polar e a

cadeia R, a região apolar da molécula (CURI, 2002). A cadeia de carbonos pode variar de 4 a

26 átomos (ROCHE, 1999).

Os ácidos graxos ocorrem na natureza como substâncias livres ou esterificadas. Os

ácidos graxos livres existentes nos óleos e gorduras são produtos da hidrólise parcial dos

triglicerídeos que ocorre no processo de rancidez hidrolítica. Já os ácidos graxos esterificados

com o glicerol chegam a representar 96 % do peso das moléculas de triglicerídeos, que são os

componentes majoritários dos óleos e gorduras (DRUMMOND, 2008).

Devem ser considerados do ponto de vista nutricional, os ácidos graxos essenciais

(AGES), assim denominados em função da incapacidade do organismo humano sintetizá-los,

devendo ser ingeridos com a dieta (GALVÃO, 2000). Dentre eles, destacam-se ácidos graxos

poli-insaturados, chamado de ácido linoléico e o linolênico, compostos das séries ômega-6

(ex.: C18:2n-6) e ômega-3 (ex.: C18:3n-3), respectivamente (DOMINIONI, DIONIGI, 1987).

Essa composição em ácidos graxos (MUFAS e PUFAS) é fundamental na síntese de

hormônios no organismo humano. Eles fazem parte da membrana celular, possuem ações

antitrombóticas e anti-inflamatórias, pois atuam como precursores de prostaglandinas e

leucotrienos (SHAHIDI; ESKIN, 2013).

Os ácidos graxos linoleico (C18:2n-6) e α-linolênico (C18:3n-3) são recomendados há

muito tempo na alimentação diária, já que estão relacionados a importantes eventos

fisiológicos, como câncer, trombose, artrite e outros processos inflamatórios e oxidativos. Nos

últimos anos, também tem sido recomendado o consumo de óleos vegetais ricos em ácido

graxo monoinsaturado oleico (C18:1 n-9). Tal fato tem incentivado pesquisas por novas

fontes de óleos e azeites vegetais que atendam a essas recomendações de composição

(COSTA-SINGH; BITTENCOURT; JORGE, 2012).

O consumo de óleos vegetais monoinsaturados ricos em ácido oleico (C18:1 n-9)

também tem sido recomendado pois apresenta dupla ligação localizada entre os carbonos 9 e

38

10 a partir do grupo metila. Apesar de não ser considerado um ácido graxo essencial, estudos

apontam que podem reduzir o nível da fração de colesterol de lipoproteínas de baixa

densidade (LDL) (COSTA & JORGE, 2011).

Esses ácidos graxos também estão associados à redução da incidência de doenças

cardíacas. Tal fato tem incentivado pesquisas por novas fontes de óleos vegetais que atendam

estas recomendações de composição (COSTA & JORGE, 2011). A estrutura química dos

principais ácidos graxos com ação bioativa está disposta na Figura 6.

Figura 6. Estrutura química dos principais ácidos graxos com propriedades bioativas

(FARIAS et al., 2012).

A composição em ácidos graxos do óleo da amêndoa de baru já é bem estabelecida na

literatura, porém apenas um estudo mostra a composição desses compostos no óleo obtido por

CO2 supercrítico. Segundo Santos et al. (2016), o ácido graxo majoritário no óleo da amêndoa

de baru obtido por CO2-SC foi o ácido oleico (C18:1 n-9), seguido do ácido linolênico (C18:2

n-6), além de baixos teores de ácido linolênico (C18:3 n-3).

2.4.1.2 Tocoferóis

Os tocoferóis são moléculas lipossolúveis, consistindo de um núcleo básico

constituído por dois anéis, um fenólico e outro heterocíclico, ligados a uma cadeia lateral

saturada formada por 16 carbonos. Dependendo do número e posição de grupos metila ligados

ao anel aromático, os tocoferóis apresentam-se como quatro compostos homólogos,

denominados α, β, γ, e δ-tocoferol, onde podemos observar sua estrutura na Figura 7

(SHAHIDI; ESKIN, 2013).

39

Figura 7. Estrutura química dos tocoferóis (COSTA & JORGE, 2011).

Estes compostos apresentam atividade antioxidante in vivo e in vitro. Nos óleos

vegetais, protegem os ácidos graxos insaturados da oxidação lipídica e no organismo humano

apresentam atividade biológica de vitamina E (JORGE et al, 2014).

Os tocoferóis são antioxidantes naturais que têm influência sobre a vida de prateleira

de óleos vegetais, preservando-o da rancidez por interromper as reações de cadeia oxidantes

que culminam na formação de hidroperóxidos (JORGE et al, 2014).

A atividade antioxidante dos tocoferóis nos óleos vegetais deve-se principalmente a

sua capacidade de doar seus hidrogênios aos radicais livres lipídicos, formando compostos

relativamente estáveis. Dessa forma a propagação em cadeia da oxidação lipídica é

interrompida (SHAHIDI; ESKIN, 2013).

Nas reações com radicais livres, os tocoferóis podem suspender a ação dos radicais

peroxil por dois mecanismos distintos. O primeiro, por meio da doação de hidrogênios aos

radicais peroxil para a produção de hidroperóxidos (I) e o segundo, através da reação entre o

tocoferol oxidado (radical tocoperoxil) e um segundo radical peroxil (II) (KAMAL ELDIN et

al., 2005). Estes dois mecanismos estão apresentados na Figura 8 (ORO, 2007).

Figura 8. Mecanismo de ação antioxidante dos tocoferóis (ORO, 2007).

40

Contudo, tem sido notado que a atividade dos tocoferóis in vitro depende também de

muitas outras possíveis reações paralelas, que são drasticamente afetadas pelas suas

concentrações relativas, como a temperatura, a luz, o tipo de substrato e por outras espécies

químicas atuando como pró-oxidantes e sinergistas no sistema (COSTA-SINGH;

BITTENCOURT; JORGE, 2012).

Entre os tocoferóis, o α-tocoferol é o biologicamente mais ativo como vitamina E. O

α-tocoferol também é o tocoferol mais abundante nos alimentos e encontrado principalmente

em produtos de origem vegetal, que apresentam alto teor em gordura, como amêndoas, óleos

vegetais, frutas e vegetais. (MARQUES, 2014). No óleo da amêndoa de baru bruto o tocoferol

majoritário relatado por Jorge et al. (2014) foi o α-tocoferol seguido pelo γ-tocoferol, porém

ainda existem poucos estudos sobre a composição de tocoferóis no óleo da amêndoa de baru.

2.4.1.2 Fitoesteróis

Os esteróis de origem vegetal, chamados de fitosteróis, são compostos fitoquímicos,

ou seja, substâncias químicas biologicamente ativas encontradas em plantas. Os fitoesteróis

são compostos endógenos em todas as plantas, estudos indicam a presença de mais de 200

diferentes tipos de fitoesteróis, sendo os mais abundantes o β-sitosterol, o campesterol e o

estigmasterol (SHAHIDI; ESKIN, 2013).

A estrutura química desses compostos é formada por um anel esterol, que é comum a

todos os esteróis, as diferenças está na cadeia lateral. Os fitosteróis incluem ampla variedade

de moléculas que são estruturalmente semelhantes ao colesterol. Os fitosteróis são C-28 ou C-

29 esteróis, diferindo do colesterol (C-27) pela presença de um grupo metila extra

(campesterol) ou etílico (sitosterol) na cadeia lateral do colesterol (Figura 9) (SHAHIDI;

ESKIN, 2013).

41

Figura 9. Estrutura química dos fitoesteróis e do colesterol (LUZIA, 2012).

Na literatura diversos estudos in vivo atribuem efeitos hipocolesterolemiantes e

anticancerígenos para os fitoesteróis (RAICHT et al., 1980;. POLLACK, 1985; RAO;

JANEZIC, 1992;. PELLETIER et al, 1995). No organismo, os fitosteróis atuam na

diminuição da absorção de colesterol no intestino delgado por um mecanismo de competição,

com consequente aumento na excreção fecal. Esta competição ocorre por causa da

semelhança entre a estrutura química dos fitosteróis e a do colesterol, diferindo no tamanho da

cadeia. Assim, os fitosteróis reduzem os níveis de colesterol, possuem propriedades anti-

inflamatórias e antitumorais se consumidos regularmente (JORGE et al., 2014).

Atualmente na literatura a composição dos fitoesteróis no óleo da amêndoa de baru é

escassa. Segundo Marques et al. (2015) o fitoesterol majoritário no óleo da amêndoa de baru

obtido por prensagem hidráulica foi o β-sitosterol. A ação do β-sitosterol in vivo foi

investigada e este apresenta ação na inibição do crescimento do câncer, além de oferecer

proteção a diversos tumores como o câncer de cólon, próstata e de mama (AWAD et al.,

2000; GUNSTONE, 2002).

2.4.1.3 Fenólicos

Os compostos fenólicos possuem no mínimo um anel aromático em sua estrutura, com

uma ou mais hidroxilas como grupos funcionais. Estes grupos podem ser substituídos por

ésteres, ésteres metílicos e glicosídeos. São amplamente distribuídos em plantas, como

produtos do metabolismo secundário, e são sintetizados por duas rotas distintas: rota do

42

chuiquimato, do qual se originam os fenilpropanóides e a rota do acetato que produz fenólicos

simples (ESCARPA; GONZÁLES, 2001; ZÁCARI, 2008).

Polifenóis incluem subgrupos tais como ácidos fenólicos, flavonóides, betacianinas,

lignanas, taninos, etc. Estes compostos estão amplamente distribuídos em muitas frutas,

legumes e outras plantas, como cacau, folhas de chá e amêndoas (TOLDRÁ; NOLLET,2012)

Os compostos fenólicos têm recebido atenção nos últimos anos por sua ação

antioxidante, inibindo a peroxidação lipídica e a atividade da lipoxigenase in vitro. Esses

compostos desempenham um papel importante, agindo tanto na etapa de iniciação como na

propagação do processo oxidativo. Antioxidantes fenólicos funcionam como sequestradores

de radicais livres, doando um átomo de hidrogênio a um radical lipídico, e algumas vezes

como quelantes de metais (TOLDRÁ; NOLLET,2012).

Os produtos intermediários, formados pela ação desses antioxidantes, são

relativamente estáveis devido à ressonância do anel aromático apresentado por tais

substâncias. A eficiência do antioxidante fenólico é determinada pelos grupos funcionais

presentes e pela posição que ocupam no anel aromático (COSTA-SINGH; BITTENCOURT;

JORGE, 2012).

Estes compostos têm benefícios positivos para a saúde humana devido às suas

propriedades antioxidantes, antimicrobianos, efeitos cardioprotetores, gastrointestinal (anti-

úlcera e atividade hepatoprotetora), anti-osteoporóticas, anti-inflamatórios e anti-cancerígenos

relatados por diferentes estudos (BORÓS et al., 2010; GONTHIER et al., 2003; REDEUIL et

al., 2009; OZGUVEN et al., 2015).

Em sementes oleaginosas, poucos compostos fenólicos ocorrem em concentrações

relativamente altas. Os flavonoides e ácidos fenólicos são os compostos encontrados com

maior frequência nestas sementes, incluindo os ácidos caféico, gálico, vanílico, ferúlico, p-

cumárico, protocateico, p-hidroxibenzoico, sinápico, gentísico e p-hidroxifenilacético. A

estrutura química dos principais ácidos fenólicos encontrados em óleos de sementes

oleaginosas esta na Figura 10 (COSTA; JORGE, 2011).

43

Figura 10. Estrutura química dos principais ácidos fenólicos derivados do ácido benzoico (A)

e do ácido cinâmico (B) (COSTA; JORGE, 2011).

Um estudo de Lemos et al. (2012) encontraram na amêndoa de baru torrada com casca

os seguintes polifenóis em ordem de quantidade: ácido gálico, catequina, ácido ferúlico,

epicatequina, p-cumárico, ácido elágico, ácido cafeico e ácido hidroxibenzóico. Contudo o

conteúdo de fenólicos no óleo da amêndoa de baru ainda não foi investigado pela literatura,

mostrando a relevância do estudo sobre a composição em fenólicos do óleo da amêndoa de

baru.

2.4.2 Compostos voláteis

Os compostos voláteis são componentes minoritários dos vegetais, estando presentes

em concentrações muito baixas (ng a mg/kg).Os alimentos de origem vegetal têm na sua

composição compostos orgânicos voláteis, que apresentam uma elevada pressão de vapor à

pressão atmosférica, ou seja, podem facilmente volatilizar e passar para a atmosfera. Podemos

citar uma grande variedade de estruturas químicas que apresentam essas características, tais

como, alcoóis, ácidos, aldeídos, cetonas e ésteres alifáticos e aromáticos, entre outros

(ROCHA, 2009).

Estes compostos podem existir na forma livre e volátil, podendo assim contribuir para

o aroma dos produtos. No entanto, alguns desses compostos podem estar numa forma

glicosilada (não volátil), e durante o aquecimento, amadurecimento, processamento e/ou

armazenamento do alimento, podem passar para a sua forma volátil. Os compostos voláteis

quando presentes sob a forma glicosilada não contribuem para as propriedades de aroma

(ROCHA, 2009).

44

Os compostos voláteis presentes nos alimentos podem estar presente naturalmente ou

serem produzidos por alterações químicas decorrentes de algum processamento neste

alimento. Essas transformações podem produzir compostos benéficos ou maléficos para este

alimento afetando diretamente a qualidade sensorial do produto. As alterações na qualidade

sensorial, que se deve à produção de odores desagradáveis oriundos da oxidação lipídica,

definem o prazo de validade de diversos produtos alimentícios processados, além de provocar

outras alterações que irão afetar não só a qualidade nutricional, devido à degradação de

vitaminas lipossolúveis e de ácidos graxos essenciais, mas também a integridade e segurança

dos alimentos, por meio da formação de compostos poliméricos potencialmente tóxicos

(RAMALHO; JORGE, 2005; MALCOLMSON, 2005).

Os óleos vegetais cuja composição em ácidos graxos mono e poli-insaturados seja

elevada, com a presença principalmente dos ácidos oleico (C18:1 n-9) e linoleico (C18:2 n-6),

podem ser verificados a presença de alguns compostos como os aldeídos. Estes compostos são

considerados marcadores principais da reação de auto-oxidação, assim como o octanal,

nonanal e decanal (Nawar, 1985). O hexanal é, por exemplo, um marcador usado com

frequência para acompanhar o progresso da oxidação lipídica em produtos como nozes e

produtos torrados (Figura 11) (PASTORELLI et al., 2006 E WILLIAMS et al., 2006;

PURCARO; MORET; CONTE, 2008; TZSCHOPPE et al., 2016).

45

Figura 11. Esquema da via de formação dos compostos voláteis oriundos do ácido linoleico

(C18:2 n-6) (MARTINEZ et al., 2010).

O processamento de alguns alimentos como a torrefação das amêndoas, nozes e

amendoins, pode alterar o perfil volátil desses alimentos. O processo de aquecimento pode

aumentar a concentração de aldeídos lipídicos, que são produtos de oxidação de ácidos

linoleico e oleico. No entanto, este processamento não é só influenciado de uma forma

negativa, pode também induzir o desenvolvimento de compostos voláteis desejáveis. Como

por exemplo, os compostos furanos, pirazinas, e pirroles, os quais são formados através

reação de Maillard e estão associados com o aroma de cozido, assado e torrado (CAMARGO

et al., 2016).

Diversos autores concluíram que os compostos voláteis, derivados a partir da reação

de Maillard durante a torrefação, têm um efeito antioxidante sobre a oxidação de lipídios. A

capacidade antioxidante dos produtos da reação de Maillard já é bem conhecida a um longo

período de tempo, e além de atuar como antioxidantes também apresentam propriedades anti-

46

inflamatórias e antimicrobianas (EVANS et al, 1958;. LINGNERT; ERIKSSON, 1980;

EICHNER, 1981; SEVERINI et al., 2000).

Na produção científica não há relatos da composição de voláteis naturalmente

encontrados no óleo da amêndoa de baru, assim como os compostos oriundos da oxidação

lipídica desses óleos, tornando sua investigação uma análise inédita desses componentes no

óleo da amêndoa de baru.

2.4.3 Estabilidade oxidativa

A estabilidade oxidativa de óleos e gorduras refere-se à resistência apresentada pelos

componentes lipídicos sobre a reação da oxidação. O termo oxidação de lipídios está

relacionado a uma série extremamente complexa de reações químicas, envolvendo ácidos

graxos insaturados, ou seja, com dupla ligação e oxigênio (FRANKEL, 2005).

A perda da estabilidade oxidativa de um óleo se deve às reações de oxidação dos

lipídios. A oxidação é um processo degradativo que ocorre quando o oxigênio atmosférico ou

aquele que está dissolvido no óleo reage com ácidos graxos insaturados presentes. As reações

químicas envolvidas no processo de oxidação dos óleos são muito complexas e geram, em

seus estágios mais avançados, produtos sensorialmente inaceitáveis. (FRANKEL, 2005)

O processo de oxidação pode ser favorecido e intensificado pela incidência de luz, que

atua como catalisador. Os ácidos graxos insaturados são mais sensíveis à oxidação do que os

saturados. As gorduras que tenham sofrido processo de oxidação tendem a escurecer,

aumentar a viscosidade, incrementar a formação de espumas e desenvolver sabor e aromas

indesejáveis (CORSINI; JORGE, 2006).

Estudos sobre auto-oxidação e estabilidade oxidativa de alimentos e ingredientes

alimentares como lipídios, óleos vegetais comestíveis e gorduras são de grande interesse

devido a sua importância econômica, nutricional e relativa à saúde. Os óleos são susceptíveis

à oxidação, devido a determinadas características químicas dos ácidos graxos que compõem

os triacilglicerídeos. A presença de insaturações na cadeia hidrocarbônica diminui a energia

necessária para a cisão homolítica das ligações C-H na posição alílica, viabilizando a

oxidação. Nos ácidos graxos saturados, este processo ocorre em menor extensão, pois a

formação de radicais livres é energicamente desfavorável. A reatividade do oxigênio com

triacilglicerídeo é proporcional ao aumento do número de insaturações na cadeia, portanto

depende do tipo de oleaginosa. A oxidação de óleos é chamada de auto-oxidação ou

rancificação oxidativa, podendo ocorrer por meio de processos hidrolíticos ou oxidativos. Os

47

fatores mais importantes que afetam ou catalisam esses processos são a presença de

insaturação nos ácidos graxos, luz, temperatura, enzimas, metaloproteínas, microrganismos e

condições de armazenamento (CARVALHO, 2011). Logo, a estabilidade oxidativa é um

importante indicador para determinar a qualidade do óleo e sua vida de prateleira (CHOE;

MIN, 2006).

Portanto se torna necessária a determinação das melhores condições de extração por

CO2 supercrítico na extração do óleo da amêndoa de baru cuja qualidade oxidativa e

rendimento de extração de compostos bioativos sejam elevados.

48

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Investigar a influência das condições de extração por CO2-SC sobre a qualidade

oxidativa e a composição química do óleo da amêndoa de baru.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Selecionar, por meio de planejamento fatorial completo 24 com ponto central,

determinantes significativos na extração do óleo de amêndoa de baru por CO2-SC,

entre os seguintes fatores: concentração de co-solvente etanol e/ou água, temperatura e

pressão; considerando as seguintes variáveis de resposta: estabilidade oxidativa e

rendimento de óleo e de γ-tocoferol;

Investigar nos óleos de amêndoa de baru obtidos por CO2-SC, com os maiores e

menores valores de estabilidade oxidativa e rendimento, os seguintes indicadores de

qualidade e componentes: índices de peróxido, acidez e refração; capacidade

antioxidante total; estabilidade oxidativa (período de indução); composição em ácidos

graxos, tocoferóis, fitoesteróis, compostos fenólicos e compostos voláteis;

Aperfeiçoar, por meio de um delineamento composto central rotacional (DCCR), a

extração do óleo de amêndoa de baru por CO2-SC, com base na análise das seguintes

variáveis de resposta: estabilidade oxidativa e rendimento de óleo e de γ-tocoferol.

Nesse planejamento foram usadas variáveis independentes extraídas no planejamento

fatorial inicial, a saber: temperatura e pressão.

49

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. AMOSTRAGEM DA AMÊNDOA DE BARU

A amostra de amêndoa de baru foi adquirida em comércio local, aproximadamente 3 kg de

amêndoas com casca e torrada foram armazenadas em embalagens à vácuo até as análises de

umidade e teor de lipídios totais. Posteriormente foram determinados os teores de umidade e

lipídios totais das amostras de acordo com AOAC (2000). A análise de teor de umidade foi

realizada em balança de umidade (Sartorius® MA35) e o teor de lipídios totais foi realizado

pelo método de Soxhlet por 6 horas a 85 °C (Temperatura de ebulição do éter de petróleo)

(método nº 920.39C).

4.2. EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR PRENSAGEM

MECÂNICA

O óleo de amêndoa de baru extraído por prensagem mecânica foi usado no presente

trabalho como um referencial comparativo para os óleos extraídos com CO2-SC, uma vez que

essa técnica é amplamente utilizada comercialmente. Cerca de 2 Kg de amêndoas de baru

foram descongelados em temperatura ambiente e seguiram para secagem em liofilizador

(Labconco®) por 24 horas. As amêndoas de baru foram trituradas em processador doméstico

(Wallita®) e sofreram ajuste de umidade a 10% onde seguiram para extração em prensa de

rosca sem fim (OEKOTEC®, modelo CA59G, Alemanha). Nesse processo a torta obtida da

primeira prensagem foi mais umas vez prensada, pela presença de material lipídico na torta, a

partir da segunda prensagem foi obtido o óleo bruto. O óleo bruto foi centrifugado (centrífuga

Termo Scientific Sorval®

5T 16R centrifuge) a 3000 rpm por 15 minutos, pesado e

armazenado sob atmosfera de N2 a -20 ºC até as análises. A extração por prensagem mecânica

foi realizada no Laboratório de Processamento de Matérias Primas Vegetais (Escola de

Química/UFRJ). O diagrama da extração do óleo da amêndoa de baru por prensagem

mecânica pode ser observada na Figura 12-A.

50

A) B)

Figura 12. Diagramas esquemáticos da extração do óleo da amêndoa de baru por: A) Prensagem mecânica; B) CO2 supercrítico (CO2-SC).

51

4.3 EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR CO2 SUPERCRÍTICO

As amêndoas foram pulverizadas pela ação combinada de dois métodos: processamento

em liquidificador industrial (Tron®) com água (1:1, p/p), seguida de secagem do extrato

obtido em liofilizador (Labconco®) por 72 horas. Dessa forma, obteve-se uma amêndoa moída

fina (20 mesh ou < 0,85 mm), que foi armazenada a vácuo a -20 ºC até extração.

A extração do óleo da amêndoa de baru por CO2-SC foi realizada no equipamento de

extração supercrítica de escala laboratorial MV-10 (Waters®). Cerca de 20 g da amostra de

amêndoa de baru moída foi acondicionada no tubo de extração com volume de 25 cm³. O tubo

de extração foi colocado no módulo de forno da unidade de extração supercrítica onde foram

instaladas as linhas de entrada e saída do CO2-SC. A partir desse momento é iniciada a

pressurização do sistema, esse processo leva cerca de 30 minutos até chegar a pressão e

temperatura estabelecidas no programa. Neste momento a pressão é controlada para

permanecer na extração estática durante 5 minutos, após este tempo é aberta a válvula

controladora de pressão para iniciar a extração dinâmica que durou cerca de 4 horas. O fluxo

de CO2 utilizado na extração foi de 3 mL/min, e os fluxos de co-solvente utilizados foram de

0,15 mL/min e 0,3 mL/min, dependendo da condição utilizada no planejamento experimental.

Durante a extração dinâmica o óleo foi coletado em tubo de vidro com vedação até o final da

extração, onde este foi fechado em atmosfera de N2 e armazenado sob temperatura de -20 ⁰C.

Os óleos que foram obtidos da extração por CO2-SC com uso de co-solventes, seguiram para

evaporação do solvente em nitrogênio até peso constante e armazenados sob temperatura de -

20 ⁰C. O diagrama da extração por CO2-SC do óleo da amêndoa de baru pode ser observada

na Figura 12-B.

Devido à necessidade de encontrar a melhor condição de extração do óleo de amêndoa de

baru por CO2-SC para a obtenção de um óleo bruto final com qualidade nutricional e

oxidativa adequadas, foram realizados dois planejamentos experimentais. Inicialmente foi

realizado um planejamento fatorial completo 24 com ponto central com o objetivo de

encontrar as variáveis independentes mais importantes para a extração do óleo da amêndoa de

baru por CO2-SC. Estabelecendo as variáveis mais importantes, foi realizado um

planejamento experimental de delineamento composto central rotacional (DCCR) para definir

os níveis das variáveis críticas identificadas anteriormente, que resultam em um melhor

desempenho do processo, conforme detalhado nos itens 4.3.1 e 4.6, respectivamente.

52

4.3.1. Planejamento experimental fatorial completo com ponto central

A amêndoa pulverizada foi submetida à extração do óleo bruto por unidade de extração

supercrítica (Waters® MV-10) utilizando as condições de análise definidas por planejamento

fatorial 24

com ponto central. Para o planejamento experimental variou-se os seguintes fatores

independentes: temperatura (°C), pressão (bar), tipo de co-solvente (água e/ou etanol) e a

concentração de co-solvente em relação ao CO2 supercrítico (%) (Tabela 3). O óleo bruto

obtido nas extrações com co-solvente foi evaporado sob atmosfera de nitrogênio até peso

constante. Para a determinação do rendimento de óleo, o mesmo foi pesado e posteriormente

foi armazenado a -20 ºC sob atmosfera de N2 até análise das variáveis de resposta do

planejamento experimental.

Tabela 3. Condições de análise definidas pelo planejamento fatorial com ponto central de

dois níveis para extração de óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico (CO2-

SC).

Variáveis independentes Valores experimentais

1 0 1

Temperatura (°C) 50 60 70

Pressão (bar) 100 200 300

Co-solvente (etanol e/ou água) EtOH

100%

EtOH:H2O

50:50

H2O

100%

Concentração de co-solvente no CO2-SC (%) 0 5 10

EtOH: etanol.

As variáveis de resposta utilizadas no planejamento experimental foram o rendimento

de extração (%), o rendimento de γ-tocoferol (mg/ kg de amêndoa) e o período de indução (h)

determinado pelo método de Rancimat®

. O rendimento de extração foi calculado de acordo

com a equação 1. O rendimento de γ-tocoferol foi determinado de acordo com Cunha et al

(2006). O período de indução foi pelo método de Rancimat® foi determinado de acordo com

as condições do software da Metrohm®

. Os óleos que apresentaram os melhores resultados

nas variáveis de resposta seguiram para as análises de qualidade e estabilidade oxidativa e de

53

composição química. O óleo bruto obtido após as extração de cada condição foi armazenado

em frasco protegido da luz, sob atmosfera de N2, a 20 °C, até a realização das análises.

(Equação 1)

4.4. DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE ESTABILIDADE OXIDATIVA DO

ÓLEO DE AMÊNDOA BARU OBTIDO POR PRENSAGEM E POR CO2-SC

4.4.1. Índice de peróxido

A análise de índice de peróxido nas amostras de óleos seguiu o protocolo

recomendado pela American Oil Chemists’ Society (Método Cd 8b-90; AOCS, 2012). A

análise foi conduzida da seguinte maneira: 5 g de amostra foram diluídas em 30 mL da

solução de ácido acético:clorofórmio (3:2 v/v); posteriormente, foram adicionados 0,5 mL de

solução saturada de iodeto de potássio e exatamente 1 minuto depois 30 mL de água ultrapura

(Milli-Q, Millipore, USA) seguido de titulação iodométrica com tiossulfato de sódio 0,01 N.

A concentração de peróxidos foi expressa em mEq O2/kg na amostra.

4.4.2. Índice de acidez

Este índice baseia-se na quantidade necessária de base para neutralizar os ácidos

graxos que estão livres na amostra. Este método indica o estado de conservação inicial dos

óleos. O índice de acidez foi determinado conforme recomendado pela AOCS (Método Ca 5a-

40; 2012). A análise foi realizada dissolvendo 2 g de óleo em 25 mL de solução éter

etílico:álcool (2:1, v/v) e posterior titulação com hidróxido de sódio (0,01 M), onde

adicionaram-se 3 gotas de fenolftaleína como indicador do equivalência de H+ e do ponto

final da titulação. Os resultados foram expressos em mg de KOH/g de óleo.

4.4.3. Índice de refração

O índice de refração de óleos está intimamente relacionado com o seu grau de

insaturação e este então é usado para avaliação da qualidade do óleo. A análise de índice de

refração foi realizada segundo a metodologia da AOCS (2004 - método Cc 7-25), em

refratômetro digital portátil (PAL-BX/RI-ATAGO®; Japão) que foi previamente calibrado

com água.

54

4.4.4. Estabilidade termo-oxidativa forçada

A estabilidade oxidativa das amostras foi determinada em teste de oxidação forçada

por aquecimento, em equipamento Rancimat® 743 Metrohm. Três gramas de amostra foram

submetidas à oxidação forçada a 110 °C com vazão de ar de 20 L/h. Os ácidos orgânicos

formados durante o processo de oxidação, principalmente o ácido fórmico, são arrastados para

um tubo de água e eventualmente provocam o aumento de sua condutividade elétrica. O

aumento súbito na condutividade da água indica o fim do período de indução (h) que foi

utilizado como resultado da análise. Portanto, as amostras de óleo com períodos de indução

mais elevados são as mais estáveis. As análises de estabilidade oxidativa foram realizadas no

Laboratório de Processamento de Matérias Primas Vegetais (Escola de Química/UFRJ).

4.4.5. Capacidade antioxidante total

A capacidade antioxidante total das amostras foi determinada pelo ensaio de TEAC

(do inglês Trolox Equivalent Antioxidant Capacity) conforme Castelo-Branco & Torres

(2012). O ABTS+, cromóforo azul-escuro com absorvância máxima em 734 nm, foi formado

a partir da reação entre a solução estoque de ABTS em água (7 mmol/ L) com persulfato de

potássio (2,45 mmol/ L; concentração final). A mistura foi deixada no escuro e em

temperatura ambiente por 12-16 horas antes do uso, a fim de que a completa oxidação do

ABTS ocorra. Para a realização do ensaio, 1 mL do ABTS+, adequadamente dissolvido em

etanol reagiu com 10 μL da solução de amostra ou de padrão. A reação cinética foi

monitorada a 734 nm por 4 minutos e acompanhada em espectrofotômetro (UV-1800,

Shimadzu®, Japão). A quantificação da capacidade antioxidante total do óleo da amêndoa de

baru foi realizada utilizando a curva de calibração de trolox com concentrações variando entre

0,02 a 0,75 mM. A diluição das amostras integrais e da curva de calibração foi realizada com

n-hexano. Os resultados foram calculados considerando a área abaixo da curva das amostras e

dos padrões. Os resultados foram expressos em mmoles de equivalente de trolox/kg de

amostra (mmol ET/ kg).

55

4.5. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AROMÁTICA DOS ÓLEOS

DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDOS POR PRENSAGEM E POR CO2 SUPERCRÍTICO

4.5.1 Análise da composição de ácidos graxos

O óleo da amêndoa de baru seguiu metodologia de transesterificação direta descrita

por Lepage & Roy (1986). Os ácidos graxos derivatizados foram analisados por cromatografia

em fase gasosa (cromatógrafo GC-2010; Shimadzu®, Japão), equipado com injetor do tipo

split/splitless e com detector por ionização em chama (FID). O conteúdo de ácidos graxos das

amostras foi determinado com a injeção de 1 μL da amostra transesterificada no modo split,

com razão de divisão 1:30, separados através de coluna polar (Supelco®, Co. Omegawax-320;

TORRES et al., 2002). A programação da temperatura da coluna ocorreu da seguinte maneira:

160 °C, constante por 2 minutos, seguido de gradiente de 2,5 °C/ minuto até 190 °C,

constante por 5 minutos, seguida de novo gradiente de temperatura de 3,5 °C/ minutos até 220

°C, permanecendo nestas condições por 20 minutos. O injetor e o detector foram operados nas

temperaturas de 260 °C e 280 °C, respectivamente. O gás de arraste utilizado para as análises

foi o hélio. A identificação dos picos de ácidos graxos nas amostras foi feita com um padrão

comercial (37 – FAME mix, Supelco Co.®). A quantificação dos ácidos graxos foi realizada

por normalização interna após correção das áreas dos picos por seus respectivos fatores de

correção teóricos de Ackman (WOLF et al., 1995). Os resultados foram expressos em g/ 100

g de ácidos graxos totais.

4.5.2 Análise da composição de tocoferóis

As concentrações de α-, β-, γ- e δ- tocoferóis foram determinados por cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE) de fase normal em cromatógrafo líquido LC-20AT com

controlador CBM-20A (Shimadzu®

, Japão) e equipado com detector UV/Vis (SPD-10A)

(Shimadzu®, Japão). Para todas as análises, as amostras foram previamente dissolvidas em n-

hexano, centrifugadas (3000 rpm /5 min) e filtradas através de filtro de teflon (0,45 μm;

Gimeno et al., 2000). As soluções de padrões ou amostras foram injetadas através de válvula

de injeção com alça volumétrica de 20 μL e eluídas em coluna de fase normal de sílica

(ZORBAX Rx-Sil, Agilent Technologies®, EUA) com fase móvel isocrática binária de n-

hexano:2-isopropanol (99:1, v /v) com fluxo de 1,0 mL /min. Padrões de α-, β-, γ-, δ-

tocoferóis foram utilizados para identificação e quantificação dos compostos nas amostras. A

quantificação dos compostos nas amostras foi realizada por padronização externa de acordo

56

com a área dos picos da curva de calibração dos padrões. Os tocoferóis foram monitorados

com detecção por fluorescência (290 nm /ex- 330 nm /em) conforme descrito por (CUNHA et

al., 2006 adaptado). Os resultados foram expressos em mg/100 g de óleo.

4.5.3. Análise da composição de fitoesteróis

Os fitoesteróis nos óleos da amêndoa de baru foram determinados por cromatografia

líquida de alta eficiência após saponificação, segundo Bauer et al. (2013). Alíquotas (3 mg) de

óleo foram saponificados com uma solução de KOH 0,5 N. A fração insaponificável foi

extraída utilizando o particionamento liquido-liquido em 10 mL de água destilada com 10 ml

de n-hexano. A fase superior foi transferida cuidadosamente sem contaminação da fase

inferior para tubo de fundo cônico onde foi evaporado e avolumado com 1,5 mL de

acetonitrila:isopropanol (98:2, v/v), o extrato foi filtrado através de uma membrana PVDF de

0,45 μm e fechado em atmosfera de nitrogênio onde foi armazenado em freezer a 20 °C até

análise. Os extratos das amostras foram analisados por CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-10AD)

com detector UV/Vis (SPD-10A) e um sistema de análise de dados (Class VP 5.032). Após a

injeção de 30 μL de amostra, os fitoesteróis foram separados em coluna de fase reversa C18

(50 μm × 2,1 mm Kromasil®) em um sistema isocrático de fase móvel: 98% de acetonitrila e

2% de isopropanol com fluxo de 0,4 mL/min e 15 minutos de tempo de corrida. O espectro de

absorção foi monitorado a 210 nm. Os esteróis foram identificados por padrões externos e

quantificados por padronização externa de acordo com a área dos picos da curva de calibração

dos padrões. Os resultados foram expressos em mg/100 g de óleo.

4.5.4. Análise da composição de fenólicos

O perfil de compostos fenólicos nos óleos da amêndoa de baru, obtidos por diferentes

métodos de extração, foi determinado por CLAE-UV/Vis. Os fenólicos dos óleos foram

extraídos com metanol:água (80:20, v/v) e os extratos foram limpos (clean-up) por passagem

em cartuchos de extração em fase sólida. Os extratos em concentração adequada foram

analisados como descrito por John & Shahidi (2010). A análise foi realizada em sistema de

CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-10AD) com detector UV/Vis (SPD-10A) e um sistema de

análise de dados (Class VP 5.032). Após a injeção de 30 μL de amostra, os compostos

fenólicos foram separados em coluna de fase reversa C18 (4,6 μm × 150 mm, 5 μm;

Kromasil) e o seguinte sistema de gradiente de fase móvel (fluxo de 1,0 mL/min): 24% de B

por 8 min, aumento de 24% até 28% de B até 18 min, aumento de 28% até 33% até 30 min,

57

aumento de 33% até 65% até 60 min. Re-equilibrio da coluna por 15 minutos . Fase C (A)

água acidificada com 0,3% de ácido fórmico, (B) metanol e (C) acetonitrila; o eluato da

coluna foi monitorado a 280 nm. Os compostos fenólicos foram identificados pela

comparação dos tempos de retenção e co-eluição com padrões de compostos fenólicos. A

quantificação dos fenólicos nas amostras foi realizada por padronização externa de acordo

com a área dos picos da curva de calibração dos padrões. Os resultados foram expressos em

mg/ 100 g de óleo.

4.5.5. Determinação de compostos voláteis

Os compostos voláteis dos óleos da amêndoa de baru prensado e obtido das condições

da extração supercrítica foram extraídos por microextração em fase sólida (SPME) utilizando

uma fibra de divinilbenzeno / carboxen / polidimetilsiloxano (DVB / CAR / PDMS)

(Supelco®

, PA, EUA). Na microextração em fase sólida a fibra foi condicionada durante 60

min na porta de injeção do CG (Cromatógrafo à Gás) a 260 ° C. Uma alíquota (1 g) de óleo de

amêndoa de baru foi pesado no interior de um frasco. Os frascos foram fechados com um

septo revestido de PTFE e colocados num banho de glicerol (40 °C) até atingir o equilíbrio

(30 minutos). O septo foi perfurado e a fibra foi exposta ao espaço superior da amostra

durante 10 min.

A análise qualitativa foi realizada por CG-EM (Cromatografia gasosa - Espectro de

Massas) num cromatógrafo gasoso CG-17A acoplado a um espectrômetro de massa QP5050A

(Shimadzu®, Japão) equipado com um injetor de splitless e uma coluna de sílica fundida de

5% fenil / 95% metilpolisiloxano (30 m x 0,32 mm Dl, espessura da película de 3 μm; 007-5;

Quadrex®, EUA). Os compostos voláteis foram dessorvidos a partir da fibra de SPME na

porta de injeção durante 3 min a 260 °C, no modo splitless, e após 3 minutos o modo de purga

split foi aberto em 3,0 mL / min. Hélio foi utilizado como gás de arraste e a pressão da coluna

foi ajustada para atingir uma velocidade de arraste de 25,0 cm/ s. A temperatura do forno da

coluna foi mantida a 30 °C durante 10 min, a temperatura programada, a 3 °C / min até 200 °C

e mantida durante 10 min. O espectrômetro de massa foi operado no modo de impacto de

elétrons a 70 eV. A temperatura da interface e da fonte de íons foi de 260 °C. As análises

foram realizadas no modo de aquisição full scan na faixa de massa 40-500 m / z em 0,5 scan /

s. Uma mistura de hidrocarbonetos C7-C30 foi analisada sob as mesmas condições para

permitir o cálculo de valores de índice de retenção linear (LRI) para os compostos voláteis. Os

dados foram coletados por pacote de software Lab Solutions GC-MS (Shimadzu®, Japão). Os

58

compostos foram inicialmente identificados por comparação dos espectros de massa com os

da biblioteca do Instituto Nacional de Padrões (NIST) e cálculo dos índices de similaridade

pelo software de instrumentos (Solutions Lab GC-MS; Shimadzu®, Japão), e também por

comparação de valores de LRI com dados publicados.

4.6. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE DELINEAMENTO DE COMPOSTO

CENTRAL ROTACIONAL (DCCR)

Estabelecida as variáveis independentes que mais influenciaram as variáveis de

resposta foi realizado o planejamento experimental DCCR. O procedimento de extração

seguiu as mesmas etapas do planejamento anterior. Para o planejamento experimental variou-

se as seguintes variáveis independentes: temperatura (°C) e pressão (bar) (Tabela 4). Para a

determinação do rendimento o óleo obtido foi pesado, posteriormente foi armazenado à -20

ºC, sob atmosfera de N2, até as análises das variáveis de resposta utilizadas no planejamento

experimental.

Tabela 4. Condições de análise definidas pelo planejamento DCCR para extração de óleo da

amêndoa de baru por CO2 supercrítico.

Variáveis independentes Valores experimentais

-1,41 1 0 1 +1,41

Temperatura (°C) 46 50 60 70 74

Pressão (bar) 59 100 200 300 341

As variáveis de resposta utilizadas no planejamento experimental foram o rendimento

de extração (%), o rendimento de γ-tocoferol (mg/ kg de amêndoa) e o período de indução (h)

determinado pelo método de Rancimat®. A melhor condição de extração foi determinada pelo

programa estatístico e pelos resultados dos experimentos das variáveis de resposta.

4.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software Prism (GraphPad®,

versão 6). A análise descritiva dos dados foi calculada pela média e desvio padrão de todas as

variáveis. A análise ANOVA seguida de pós-teste de Tukey foi aplicada para comparação dos

diferentes métodos de extração dos óleos e sua composição química. Valores de p < 0,05

59

foram considerados significativos. Os planejamentos experimentais (fatorial completo com

pontos centrais e delineamento de composto central rotacional) utilizados neste trabalho

foram analisados por meio do software Statistica® 7.0.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. AMOSTRAGEM DA AMÊNDOA DE BARU

As amêndoas de baru adquiridas apresentaram em sua composição 40,2 % de lipídios

totais e 2,3 % de umidade. O teor de lipídios encontrado na amêndoa de baru foi maior do que

o obtido por Fraguas et al. (2014) (34,5 %) e menor do que o encontrado por Sousa et al.

(2011) (41,2 %). As diferenças observadas podem ser explicadas pelas diferentes condições

de cultivo da árvore do barueiro, como o solo e o clima (EMBRAPA, 2004). As amêndoas

destinadas para a extração por prensagem mecânica sofreram ajuste de umidade, pois

conforme estudo anterior de Gomes (2013) foi observada extração otimizada de óleo de

castanhas com umidade de 10%.

5.2. EXTRAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU POR CO2

SUPERCRÍTICO

5.2.1. Planejamento experimental fatorial completo com ponto central

O planejamento experimental fatorial completo 24 com pontos centrais gerou uma

planilha com 16 experimentos e 3 replicatas no ponto central, totalizando 19 experimentos

(Tabela 5).

Os valores de rendimento de extração dos óleos de amêndoa de baru obtidos por CO2-

SC variaram entre 4,03 e 36,9 %, e os experimentos 3 e 4, cujas condições de extração foram

50 ⁰C, 300 bar e 0 % de co-solvente, apresentaram o maior rendimento de extração. Os

valores de rendimento de γ-tocoferol variaram de 3,5 a 58,7 mg/kg de amêndoa, e os

experimentos 3 e 4 foram também os que tiveram o maior rendimento de γ-tocoferol. Os óleos

obtidos apresentaram estabilidade oxidativa variando entre 1,04 e 20,3 horas de período de

indução, e o experimento 13 foi o que apresentou a maior estabilidade oxidativa.

60

Tabela 5. Fatores de resposta do planejamento experimental fatorial com ponto central da

extração do óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico.

Experimentos

Variáveis Fatores de resposta

T

(⁰C)

P

(bar) Co-solvente

Concentração de

co-solvente (%)

Rendimento

de óleo (%)

Rendimento de

γ-tocoferol

(mg/kg)

Estabilidade

oxidativa (h)

1 50 100 EtOH, 100% 0 4,03 22,6 n.d.

2 50 100 H2O, 100% 0 4,03 22,6 n.d.

3 50 300 EtOH, 100% 0 36,9 58,7 3,67

4 50 300 H2O, 100% 0 36,9 58,7 3,67

5 70 100 EtOH, 100% 0 2,72 3,50 n.d.

6 70 100 H2O, 100% 0 2,72 3,50 n.d.

7 70 300 EtOH, 100% 0 29,9 46,7 13,1

8 70 300 H2O, 100% 0 29,9 46,7 13,1

9 50 100 EtOH, 100% 10 11,7 18,2 4,18

10 50 100 H2O, 100% 10 26,0 25,2 3,52

11 50 300 EtOH, 100% 10 26,1 38,6 1,04

12 50 300 H2O, 100% 10 18,5 30,1 4,09

13 70 100 EtOH, 100% 10 30,0 39,2 20,3

14 70 100 H2O, 100% 10 4,23 6,54 n.d.

15 70 300 EtOH, 100% 10 29,7 7,39 14,8

16 70 300 H2O, 100% 10 17,1 25,8 11,5

17C 60 200 EtOH:H

2O, 50:50 5 16,2 24,9 4,41

18C 60 200 EtOH:H

2O, 50:50 5 21,7 36,4 5,64

19C 60 200 EtOH:H

2O, 50:50 5 20,5 32,3 5,80

T- Temperatura; P- Pressão; C- Ponto central; EtOH- Etanol; n.d.- Não foi possível determinar

Utilizando o software Statistica®

6.0 foi possível avaliar a influência de cada variável

independente nos resultados dos fatores de resposta, e determinar os que mais influenciaram

nos melhores resultados dos fatores dependentes possibilitando assim prosseguir para um

planejamento mais robusto que investigue de forma mais abrangente a melhor condição de

extração do óleo da amêndoa de baru por CO2-SC.

5.2.1.1 Influência das variáveis no rendimento de extração

5.2.1.1.1 Análise dos efeitos

Os efeitos dos fatores são a variação sofrida pelas variáveis de resposta quando o nível

do fator passa do mais baixo (-) para o mais alto (+). Dessa forma, é possível calcular o efeito

61

principal, que é determinado pela média dos efeitos individuais e mostra qual o efeito médio

da variável analisada em relação às demais, através das variáveis codificadas (+ e -)

Considerando os cálculos dos efeitos principais, as suas interações e o erro padrão,

podemos observar os seus valores para o rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru

na Tabela 6.

Tabela 6. Efeitos dos fatores e os erros padrão do rendimento de extração do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico.

Fatores Coeficientes Erro padrão Valor p

Média 19,4068 1,451679 0,000001

Temperatura -2,2363 3,163861 0,499750

Pressão 17,4713 3,163861 0,000559

Co-solvente 3,9337 3,163861 0,248943

Concentração do co-solvente 2,0288 3,163861 0,539308

Temperatura Pressão -0,6888 3,163861 0,833118

Temperatura Co-solvente 5,6087 3,163861 0,114205

Temperatura Concentração do co-solvente 1,9188 3,163861 0,561021

Pressão Co-solvente 1,0912 3,163861 0,739054

Pressão Concentração do co-solvente -12,5537 3,163861 0,004131

Co-solvente Concentração do co-solvente 3,9338 3,163861 0,248943

Valor p < 0,05 de significância.

A análise do efeito estimado de uma variável permite avaliar como será sua influência

sobre a resposta, ou seja, quanto maior for o seu valor, maior será a sua influência sobre a

resposta. Quando analisamos a Tabela 6 podemos observar que os efeitos calculados que

tiveram valor de p menor do que 0,05, ao nível de significância de 95%, são considerados

estatisticamente significativos. Desta forma, os valores de p mostrados na Tabela 6 indicam

que os fatores pressão (p = 0,000559), e a interação pressão e percentual de co-solvente (p =

0,004131) são as únicas variáveis estatisticamente significativas, e a pressão foi a variável que

teve maior influência sobre o rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru, pois

apresentou o maior coeficiente (17,4713). O diagrama de pareto nos confirma esses dados em

forma gráfica. A Figura 13 apresenta o diagrama de pareto com um nível de confiança de

95% para o cálculo dos efeitos lineares e os efeitos de primeira ordem para valores absolutos.

62

O valor de cada efeito é mostrado pelas barras e a linha tracejada corresponde o valor de p =

0,05.

Figura 13. Diagrama de pareto para o rendimento de extração do óleo da amêndoa de baru

obtido por CO2 supercrítico para o planejamento fatorial completo.

O rendimento de extração foi influenciado pela variável pressão, seu valor positivo

indica que a influência foi positiva (11,85116), com base nisso é possível considerar que

quando a pressão passa de um nível inferior (100 bar) para um nível superior (300 bar) haverá

um aumento no rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru. Este fato é visto em

outros trabalhos que mostram que o aumento de pressão facilita a extração do óleo presente na

matriz, devido ao aumento da densidade do CO2, aumentando assim a solubilidade do soluto

(MARTINEZ et al., 2008).

O rendimento da extração também foi influenciado pela interação das variáveis

pressão e percentual de co-solvente, porém esta foi negativa (-8,5155), ou seja, quando a

pressão passa de um nível inferior (100 bar) para um nível superior (300 bar), ao passo que o

percentual de co-solvente passa de um nível superior (10%) para um nível inferior (0%),

temos um aumento no rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru. Assim como no

trabalho de Sanchez et al. (2009) que avaliaram o rendimento de extração por CO2-SC do

óleo de semente de pêssego utilizando etanol como co-solvente, que observou o efeito da

pressão sobre o rendimento de extração sendo mais pronunciado quando o CO2 puro é

utilizado.

63

5.2.1.1.2 Análise de resíduos

Foi realizada a análise de variância (Anova) com a finalidade de observar a qualidade

da aproximação de um conjunto de dados, ou seja, o ajuste do modelo. Podemos avaliar esse

parâmetro através da Tabela 7. O valor de F calculado é a divisão da Média Quadrática da

Regressão e a Média Quadrática Residual. Portanto pelo Teste F observou-se que a análise de

regressão foi significativa, visto que o valor calculado de F (MQR/MQr), 10,31 é três vezes

maior que o F9,8 tabelado (3,39). O valor do coeficiente de determinação (R2), indica que o

modelo explicou 86% da variação dos dados experimentais, o restante está relacionado a erros

experimentais.

Tabela 7. Análise de variância (Anova) do modelo rendimento da extração do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico.

Efeitos Soma Grau de

liberdade Média Valor F Valor p

Temperatura 64,805 1 64,805 1,37042 0,275428

Pressão 1239,305 1 1239,305 26,20719 0,000908

Co-solvente 43,117 1 43,117 0,91177 0,367604

Concentração de co-solvente 37,493 1 37,493 0,79286 0,399223

Erro puro 378,310 8 47,289

Total 2853,539 18

R2 0,86742

Valor p < 0,05 de significância.

A partir da avaliação do ajuste do modelo realizou-se a análise da relação entre os

valores obtidos experimentalmente e os valores estimados através do modelo, a diferença

entre o experimental e o modelo proposto, é dado através do resíduo. Um modelo para ser

considerado bem ajustado devem ter valores observados e preditos próximos. Na Figura 14

temos o gráfico dos valores preditos versus valores observados, nele podemos analisar que os

dados estão próximos da linha reta mostrando que o ajuste do modelo foi satisfatório.

64

Figura 14. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para o rendimento da

extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico para o

planejamento fatorial completo.

5.2.1.1.3 Superfície de resposta

A curva de nível fornece uma análise da tendência de resposta da variável dependente.

Quando as linhas apresentam curvatura, pode-se dizer que há interação entre as variáveis

colocadas no eixo, como é no caso da pressão e do percentual de co-solvente (Figura 15 A).

A superfície de resposta é utilizada para definir as condições mais adequadas que maximizam

a variável de resposta, no caso o rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru. Na

Figura 15 B podemos observar que a região de maior rendimento de extração é visto nos

maiores níveis de pressão e nos menores níveis de percentual de co-solvente.

65

A) B)

Figura 15. Gráficos de curva de nível (A) e superfície de resposta (B) para o rendimento da

extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da

pressão e da concentração de co-solvente para o planejamento fatorial completo.

5.2.1.2 Influência das variáveis no rendimento de γ-tocoferol

5.2.1.2 1 Análise dos efeitos

Na Tabela 8 temos os efeitos principais e os efeitos de interação dos fatores

independentes do rendimento de γ-tocoferol. Os efeitos calculados que são considerados

estatisticamente significativos, foram o efeito da pressão (p = 0,018013) e o efeito da

interação entre a pressão e o percentual de co-solvente (p = 0,024611) e a variável que

apresentou o maior coeficiente, e com isso a maior influência sobre o rendimento de γ-

tocoferol do óleo de amêndoa de baru, foi a pressão (21,4188).

66

Tabela 8. Efeitos dos fatores e os erros padrão do rendimento de γ- tocoferol do óleo da

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico.

Fatores Coeficientes Erro padrão Valor p

Média 28,8226 1,337122 0,002145

Temperatura -11,9212 2,914189 0,054884

Pressão 21,4188 2,914189 0,018013

Co-solvente 1,9688 2,914189 0,568954

Concentração de co-solvente -8,9962 2,914189 0,090859

Temperatura x Pressão -2,9562 2,914189 0,417134

Temperatura x Co-solvente 1,5937 2,914189 0,639318

Temperatura x Concentração de co-

solvente 3,6288 2,914189 0,339165

Pressão x Co-solvente -4,4462 2,914189 0,266600

Pressão x Concentração de co-

solvente -18,2313 2,914189 0,024611

Co-solvente x Concentração de co-

solvente 1,9688 2,914189 0,568954

Valor p < 0,05 de significância.

Os dados apresentados no diagrama de pareto representam graficamente os efeitos

principais e de interação (Figura 16), onde confirma que os fatores pressão e interação entre

pressão e percentual de co-solvente foram os únicos que produziram efeitos significativos no

rendimento de γ- tocoferol.

67

Figura 16. Diagrama de pareto para o rendimento da extração de γ-tocoferol no óleo da

amêndoa de baru obtido por Concentração de co-solvente para o planejamento

fatorial completo.

O efeito da pressão sobre o rendimento de γ-tocoferol foi positivo (7,349814), ou seja,

quando a pressão passa de um nível inferior (100 bar) para um nível superior (300 bar) haverá

um aumento no rendimento de γ-tocoferol. Este resultado pode ser explicado considerando

que a transferência de massa de tocoferol está relacionada com a sua solubilidade no óleo,

portanto quanto mais solúvel o óleo se encontra maior será o rendimento de extração do

tocoferol (LEO et al., 2005).

Entretanto o efeito da interação da pressão com o percentual de co-solvente foi

negativa (-6,25603), mostrando que quando a pressão passa de um nível inferior (100 bar)

para um nível superior (300 bar) e o percentual de co-solvente passa de um nível superior

(10%) para um nível inferior (0%) temos um aumento no rendimento de γ-tocoferol. O uso de

baixo percentual de co-solvente também aumentou o rendimento de γ-tocoferol. Devido a

polaridade do CO2 estar mais próxima dos tocoferóis do que a polaridade da combinação CO2

+ Etanol ou CO2 + Água, a condição que utiliza apenas CO2 é a mais influente na extração de

tocoferóis no óleo de amêndoa de baru (DA-PORTO et al., 2014).

5.2.1.2.2 Análise dos resíduos

Avaliando a tabela de variância (Tabela 9) observamos que os coeficientes

significativos que compõem o modelo de primeira ordem ajustaram-se bem aos dados

68

experimentais com um coeficiente de determinação (R2) de 82% de variação na superfície de

resposta gerada por este modelo.

Tabela 9. Análise de variância (Anova) do modelo rendimento da extração de γ-tocoferol no

óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico.

Efeitos Soma

Quadrática

Grau de

liberdade Média Valor F Valor p

Temperatura 568,465 1 568,465 16,73432 0,054884

Pressão 1835,051 1 1835,051 54,01976 0,018013

Co-solvente 15,504 1 15,504 0,45640 0,568954

Concentração de co-solvente 323,730 1 323,730 9,52988 0,090859

Erro puro 67,940 2 33,970

Total 5165,216 18

R2 0,82564

Valor p < 0,05 de significância.

Na Figura 17 temos o gráfico dos valores preditos versus valores observados. Neste

caso o modelo não está bem ajustado, pois os dados estão dispersos no gráfico e estão

distantes da linha reta.

Figura 17. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para o rendimento da

extração de γ-tocoferol no óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico

para o planejamento fatorial completo.

69

5.2.1.2.3 Superfície de resposta

A curva de nível do rendimento de γ-tocoferol do óleo de amêndoa de baru em função

da pressão e do percentual de co-solvente esta presente na Figura 18A. Nela podemos

observar que as linhas apresentaram curvatura mostrando mais uma vez que há interação entre

as variáveis pressão e percentual de co-solvente. Logo que na Figura 18 B temos a superfície

de resposta da variável rendimento de γ-tocoferol mostrando que nos níveis superiores de

pressão e nos níveis inferiores de percentual de co-solvente foi possível observar um aumento

no rendimento de γ-tocoferol.

A) B)

Figura 18. Gráficos de curva de nível (A) e de superfície de resposta (B) para o rendimento

de γ-tocoferol do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função

da pressão e da concentração de co-solvente para o planejamento fatorial

completo.

5.2.1.3 Influência das variáveis na estabilidade oxidativa

5.2.1.3.1 Análise de efeitos

Na Tabela 10 podemos observar os efeitos dos fatores principais e de interação da

variável de resposta estabilidade oxidativa. Os efeitos principais pressão (p = 0,030665) e

temperatura (p = 0,005793) foram as variáveis de resposta que influenciaram de forma

significativa na estabilidade oxidativa dos óleos. O coeficiente da variável temperatura

(6,57875) foi maior do que o da pressão (4,62125), mostrando que a temperatura foi mais

influente na estabilidade oxidativa do óleo de amêndoa e baru do que a pressão.

70

Tabela 10. Efeitos dos fatores e os erros padrão da estabilidade oxidativa do óleo da amêndoa

de baru obtido por CO2 supercrítico.

Fatores Coeficientes Erro

padrão Valor p

Média 5,72737 0,809398 0,000104

Temperatura 6,57875 1,764042 0,005793

Pressão 4,62125 1,764042 0,030665

Co-solvente 2,65125 1,764042 0,171259

Percentual co-solvente 3,23625 1,764042 0,103908

Temperatura x Pressão 3,42875 1,764042 0,087844

Temperatura x Co-solvente 3,24875 1,764042 0,102785

Temperatura x Concentração de co-

solvente 1,86375 1,764042 0,321587

Pressão x Co-solvente -2,58875 1,764042 0,180419

Pressão x Concentração de co-solvente -3,76375 1,764042 0,065426

Co-solvente x Concentração de co-

solvente 2,65125 1,764042 0,171259

Valor p < 0,05 de significância.

Contudo na Figura 19 podemos analisar de forma gráfica estes resultados da tabela,

ou seja, quais variáveis dependentes são significativas, que corresponde aos valores que estão

após a linha tracejada correspondente ao valor p, que neste caso foram as variáveis pressão e

temperatura. Ambas as variáveis tiveram valores positivos de seus fatores, mostrando que

estas contribuem de forma positiva ao aumento da estabilidade oxidativa dos óleos de

amêndoa de baru, pois quando a pressão (2,619693) e a temperatura (3,729) passam de um

nível inferior (50 ⁰C e 100 bar) para um nível superior (70 ⁰C e 300 bar) a estabilidade

oxidativa tende a aumentar.

71

Figura 19. Diagrama de pareto para a estabilidade oxidativa do óleo da amêndoa de baru

obtido por CO2 supercrítico para o planejamento fatorial completo.

A maior estabilidade oxidativa dos óleos submetidos à alta pressão é devido à influência

que a pressão exerce na extração de tocoferóis, em especial o γ-tocoferol, que em elevadas

pressões têm-se o pico de extração máximo deste tocoferol. E o conteúdo de tocoferóis está

intimamente ligado à estabilidade oxidativa devido a sua função antioxidante nos óleos,

retardando então o processo de oxidação lipídica, e com isto elevando o período de indução

do óleo (ARAÚJO et al., 2000).

A temperatura influenciou de forma positiva na estabilidade oxidativa, ou seja,

condições de extração que utilizaram altas temperaturas produziram óleos com elevada

estabilidade oxidativa, este fato é contraditório ao que é relatado pela literatura, que mostra

que óleos submetidos a extração à frio ou com baixas temperaturas produzem óleos com

maior estabilidade oxidativa tendo em vista a preservação de compostos bioativos, que

protegem a matéria-prima e o óleo da oxidação. Entretanto a composição em ácidos graxos

pode ter influenciado neste resultado, pois quanto maior for a insaturação do óleo maior será a

susceptibilidade a oxidação lipídica, diminuindo assim a estabilidade oxidativa do óleo. Desta

forma esta condição que utilizou elevada temperatura pode ter resultado em óleos com menor

teor de ácidos graxos poliinsaturados e maior teor de ácidos graxos saturados e

monoinsaturados (SOUZA et al., 2007).

72

5.2.1.3.2 Análise dos resíduos

Os resultados da análise de ANOVA do modelo (Tabela 11) indicaram um bom

desempenho, pois apresentaram R2 de 0,84 ou 84%. O valor do modelo R

2 significa que 84%

das variações associadas com a estabilidade oxidativa são atribuídas as variáveis

independentes (temperatura, pressão, co-solvente e percentual de co-solvente).

Tabela 11. Análise de variância (Anova) do modelo da estabilidade oxidativa no óleo de

amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico.

Efeitos Soma Grau de

liberdade Média Valor F Valor p

Temperatura 173,1198 1 173,1198 13,90813 0,005793

Pressão 85,4238 1 85,4238 6,86279 0,030665

Co-solvente 28,1165 1 28,1165 2,25883 0,171259

Concentração de co-solvente 41,8933 1 41,8933 3,36563 0,103908

Erro puro 99,5791 8 12,4474

Total 642,8558 18

R2 0,8451

Valor p < 0,05 de significância.

Na Figura 20 está representado o gráfico dos valores preditos versus valores

observados pelo modelo ajustado para a variável estabilidade oxidativa. Observa-se pela

análise desta figura um bom ajuste do modelo, justificado pela aglomeração de pontos

próximos da reta.

73

Figura 20. Gráfico dos valores preditos versus valores observados para a estabilidade

oxidativa do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico para o

planejamento fatorial completo.

5.2.1.3.3 Superfície de resposta

O gráfico de curva de nível da estabilidade oxidativa do óleo da amêndoa de baru em

função da temperatura e da pressão esta presente na Figura 21 A, nela podemos observar que

as linhas apresentaram curvatura mostrando mais uma vez que há interação entre as variáveis,

temperatura e pressão. Logo que na Figura 21 B temos a superfície de resposta da variável

estabilidade oxidativa mostrando que nos níveis superiores de pressão e temperatura a

estabilidade oxidativa dos óleos extraídos por CO2-SC tornam-se máximos.

74

A) B)

Figura 21. Gráficos de curva de nível (A) e de superfície de resposta (B) para a estabilidade

oxidativa do óleo de amêndoa da baru obtido por CO2 supercrítico em função da

pressão e da temperatura.

5.2.2. Correlação entre as variáveis de resposta do planejamento

experimental

A fim de elucidar a possível correlação entre as variáveis de resposta do planejamento

experimental, foi realizada a correlação de Pearson (FIGURA 22 - A, B e C). O coeficiente

de correlação Pearson (r) varia de -1 a 1. O sinal indica a direção positiva ou negativa do

relacionamento e o valor sugere a força da relação entre as variáveis. O gráfico de correlação

entre as variáveis, rendimento de γ-tocoferol e rendimento de extração, apresentaram forte

correlação positiva (r = 0,7220; p < 0,0001), ou seja, quando temos uma condição que

apresenta maior rendimento de extração do óleo temos também um maior rendimento na

extração de γ-tocoferol (FIGURA 22 A). A correlação entre as variáveis, estabilidade

oxidativa e rendimento de extração, apresentaram moderada correlação positiva (r = 0,5675; p

= 0,0011), ou seja, quanto maior for o rendimento de extração do óleo de amêndoa de baru,

maior será a estabilidade oxidativa deste óleo (FIGURA 22 B). Entretanto entre as variáveis,

rendimento de γ-tocoferol e estabilidade oxidativa, não houve correlação (r = 0,2265; p =

0,2288) (FIGURA 22 C).

75

A) R e n d im e n t o d e e x tr a ç ã o ( % )

-to

co

fe

ro

l (m

g/k

g)

0 1 0 2 0 3 0 4 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

r = 0 ,7 2 2 0

p < 0 ,0 0 0 1

B) R e n d im e n t o d e e x tr a ç ã o ( % )

Es

ta

bil

ida

de

ox

ida

tiv

a (

h)

0 1 0 2 0 3 0 4 0

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

r = 0 ,5 6 7 5

p = 0 ,0 0 1 1

C) - t o c o f e r o l ( m g /k g )

Es

ta

bil

ida

de

ox

ida

tiv

a (

h)

0 2 0 4 0 6 0 8 0

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

r = 0 ,2 2 6 5

p = 0 ,2 2 8 8

Figura 22. Gráficos de correlação entre o rendimento de γ-tocoferol (mg/kg) e o rendimento

de extração (%) (A); Correlação entre a estabilidade oxidativa (h) e o rendimento

de extração (%) (B) e correlação entre a estabilidade oxidativa (h) e o rendimento

de γ-tocoferol (mg/kg) (C) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2

supercrítico.

Com a finalidade de encontrar as condições que mais influenciaram na melhor

composição química e qualidade oxidativa do óleo extraído alguns experimentos foram

selecionados para avaliar e relacionar a composição química e qualidade oxidativa desses

óleos com os resultados dos fatores de resposta do planejamento experimental fatorial

completo 24 com pontos centrais. Além de comparar estes resultados de composição química

e qualidade oxidativa da extração por CO2-SC com o óleo obtido por prensagem mecânica.

Os experimentos selecionados da extração por CO2-SC foram: experimentos que

apresentaram maior rendimento de extração de óleo, de γ-tocoferol e de estabilidade

oxidativa, sem e com uso de co-solvente (Etanol), respectivamente (exp.7, 8 e 13),

experimentos com alto rendimento de extração de óleo e de γ-tocoferol e baixa estabilidade

76

oxidativa sem o uso de co-solvente (exp.3 e 4), e experimento que obteve alto rendimento de

extração do óleo, baixo rendimento de γ-tocoferol e alta estabilidade oxidativa com uso de co-

solvente (Etanol) (exp. 15), comparado aos outros óleos da amêndoa de baru extraídos por

CO2-SC.

5.3 DETERMINAÇÃO DOS INDICADORES DE QUALIDADE OXIDATIVA,

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AROMÁTICA DOS ÓLEOS DA AMÊNDOA DE BARU

EXTRAÍDOS POR CO2-SC E POR PRENSAGEM MECÂNICA

A tabela a seguir (Tabela 12) mostra os resultados das análises de qualidade oxidativa

dos óleos obtidos por CO2-SC e por prensagem mecânica.

A análise de índice de peróxido determina a presença de hidroperóxidos no óleo, que

são formados nos estágios iniciais da oxidação lipídica, oriundos principalmente de ácidos

graxos insaturados (MARQUES, 2014). O índice de peróxido dos óleos prensado e obtido por

CO2-SC com uso de etanol como co-solvente e com condições de temperatura e pressão

elevadas (Exp. 15) apresentaram o maior conteúdo de hidroperóxidos comparado aos óleos

obtidos por CO2-SC sem o uso de co-solvente (Exp. 3 e 4; 7 e 8) e com o uso de etanol como

co-solvente com condição de menor pressão (Exp. 13). Contudo o índice de peróxido dos

óleos obtidos estão dentro do preconizado pela legislação vigente, que determina um valor

máximo de hidroperóxidos de até 15 mEq O2/kg de óleo, isto indica que os métodos de

obtenção e as condições das extrações foram satisfatórias na manutenção da qualidade

oxidativa desses óleos (ANVISA, 2005).

O índice de acidez é um parâmetro analítico usado para avaliar a extensão da hidrólise

de óleos que foram submetidos ao aquecimento, um aumento neste parâmetro indica a

presença de ácidos graxos livres no óleo (BORGES et al., 2014). Não houve diferença

significativa no índice de acidez entre os métodos de obtenção dos óleos de amêndoa de baru.

O índice de acidez encontrado nos óleos de amêndoa de baru também está de acordo com o

limite máximo definido pela ANVISA (2005) para óleos prensados a frio e ou não refinados

que é de até 4,0 mg KOH/g de óleo. Indicando novamente que as condições operacionais da

extração por CO2-SC e por prensagem foram suficientes em preservar a qualidade oxidativa

dos óleos de amêndoa de baru.

Em relação ao índice de refração todos os óleos analisados tiveram valores próximos

aos relatados na literatura para este óleo, que variaram de 1,462 a 1,463 para o óleo de baru

obtido por diversos métodos de extração (LIMA, 2012; COIMBRA & JORGE, 2010;

77

MACIEL JUNIOR, 2010). O índice de refração está relacionado com o perfil em ácidos

graxos e com o grau de insaturação de um óleo. Novamente não houve diferença significativa

dentre os métodos de extração dos óleos de amêndoa de baru para o índice de refração.

A estabilidade oxidativa, é um parâmetro global para avaliação da qualidade de óleos e

gorduras, entre os fatores que afetam ou catalisam a oxidação dos lipídios, os mais

importantes são: a presença de insaturação nos ácidos graxos, luz, temperatura, presença de

antioxidantes e de pró-oxidantes (como metais e clorofila), enzimas, metaloproteínas,

microrganismos e condições de armazenamento. (ANTONIASSI, 2001; NAWAR, 1985). Os

óleos da amêndoa de baru apresentaram diferença significativa na estabilidade oxidativa

dependendo da condição de extração empregada, os óleos obtidos por CO2-SC com uso de co-

solvente (EtOH), experimentos 13 e 15, foram os óleos que tiveram o maior período de

indução (20,3 e 14,8 horas, respectivamente), dentre aqueles obtidos por CO2 sem co-solvente

e por prensagem.

A capacidade antioxidante dos óleos obtidos por CO2-SC foram maiores do que a do

óleo obtido por prensagem mecânica. Os experimentos 7, 8, 13 e 15 foram os que

apresentaram a maior capacidade antioxidante. Segundo Castelo-Branco & Torres (2012), a

capacidade antioxidante total de óleos vegetais são resultados da ação integrada da mistura

complexa de antioxidantes presentes em óleos contra as reações de oxidação, por isso é

necessária a realização de outras análises que possam investigar a ação integrada desses

compostos na capacidade antioxidante no óleo da amêndoa de baru.

78

Tabela 12. Indicadores de qualidade oxidativa do óleo da amêndoa de baru extraído por CO2

supercrítico e por prensagem mecânica.

Indicadores

de qualidade

Métodos de obtenção dos óleos

Prensado

Exp. 3 e 4

(50⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 7 e 8

(70⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 13

(70⁰C; 100 bar;

EtOH 10%)

Exp.15

(70⁰C; 300 bar;

EtOH 10%)

RDC 270

(2005)

Índice de

Peróxido1

10,6 ± 1,82ª,b 5,47 ± 0,12

a 3,42 ± 1,64

a 5,02 ±2,73

a 13,6 ± 2,66

b <15,0

Índice de

Acidez2

4,00 ± 0,04a 3,56 ± 0,06

a 3,68 ± 0,24

a 3,65 ± 0,18

a 3,74 ± 0,24

a < 4,0

Índice de

Refração 1,4684

a 1,4672

a 1,4689

a 1,4693

a 1,4638

a n.d

5

Estabilidade

oxidativa3

3,60 ± 0,21a 3,67 ± 0,24

a 13,1 ± 1,86

b 20,3 ± 3,22

c 14,8 ± 0,41

b,c n.d

5

Capacidade

antioxidante4

0,33 ± 0,01a 0,90 ± 0,03

b 1,68 ± 0,10

c 1,33 ± 0,10

c 1,61 ± 0,10

c n.d

5

1 Índice de peróxido (mEq O2/kg de óleo);

2 Índice de acidez (mg KOH/g de óleo);

3 Estabilidade oxidativa

(período de indução, horas); 4

Capacidade antioxidante pelo ensaio de TEAC (mmol ET/kg de amostra); 5

n.d -

não especificado pela ANVISA.; Letras sobrescritas diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas

(p< 0,05; ANOVA com pós-teste de Tukey).

Na tabela a seguir (Tabela 13) é apresentado o conteúdo de ácidos graxos dos óleos da

amêndoa de baru obtidos por CO2-SC e por prensagem mecânica. O óleo de amêndoa de baru

possui como ácido graxo majoritário, o ácido oleico (C18:1 n-9) que representa 55,7 g/100 g

dos ácidos graxos encontrados no óleo, seguido do ácido linoleico (C18:2 n-6) representando

até 28,3 g/100 g dos ácidos graxos encontrados no óleo. Outros ácidos graxos foram

encontrados em quantidade menores, como o ácido palmítico (C16:0) com teor aproximado

de 6,21 g/110 g e de ácido lignocérico (C24:0) com valor aproximado de 4,46 g/100 g de

ácidos graxos totais. O perfil de ácidos graxos encontrado neste trabalho foi semelhante ao

visto por Santos et al (2016), que avaliou a composição de ácidos graxos do óleo de baru

extraído por CO2-SC, porém o teor do ácido graxo majoritário (C18:1 n-9) encontrado por

este autor foi menor (48 g/100 g) do que o visto no presente trabalho (55,7 g/100 g). Em

relação aos ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados totais não houve

diferença significativa entre os óleos obtidos de diferentes condições de extração,

79

evidenciando que os métodos de extração por CO2-SC e por prensagem não degradaram os

ácidos graxos poli-insaturados ou modificou a composição do óleo. De acordo com os dados

obtidos verificou-se um reduzido teor em ω-3 (ácido linolênico - C18:3n3), com teores

inferiores a 0,16 g/100 g e elevados teores em ω-6 (ácido linoleico - C18:2) e ω-9 (ácido

oleico - C18:1) com aproximadamente 28 g/100 g e 56 g/100 g, respectivamente, o que são

aspectos positivos do ponto de vista nutricional.

Tabela 13. Composição de ácidos graxos (g/100 g de ácidos graxos totais) do óleo da

amêndoa de baru obtido por diferentes métodos de extração.

Métodos de obtenção dos óleos

Ácidos graxos

Prensado

Exp. 3 e 4

(50⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 7 e 8

(70⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 13

(70⁰C; 100 bar;

EtOH 10%)

Exp.15

(70⁰C; 300 bar;

EtOH 10%)

Saturados

C16:0 6,17±0,17 6,36±0,02 6,74±0,02 6,65±0,09 6,24±0,04

C18:0 2,65±0,69 2,19±0,21 2,12±0,24 2,13±0,07 1,88±0,11

C20:0 1,30±0,12 1,20±0,06 1,27±0,02 0,97±0,08 0,79±0,19

C22:0 3,83±0,02 3,36±0,20 3,01±0,18 2,45±0,04 2,34±0,14

C24:0 4,27±0,32 3,81±0,06 4,57±0,26 4,58±0,43 4,72±0,08

Total saturados 18,2±1,31a 16,9±0,28

a 17,7±0,19

a 17,0±0,57

a 15,9±0,26

a

Monoinsaturados

C20:1- n9 2,81±0,02 2,92±0,07 2,84±0,04 3,28±0,21 3,35±0,18

C22:1- n9 0,24±0,06 0,48±0,13 0,81±0,13 1,42±0,12 1,76±0,15

C18:1- n9 (oleico) 50,8±1,10a 50,5±0,27

a 50,9±0,18

a 50,2±0,04

a 50,3±0,18

a

Total

monoinsaturados 53,8±1,06

a 53,9±0,24

a 54,5±0,09

a 54,7±0,19

a 55,4±0,34

a

Polinsaturados

C18:2- n6 (linoleico) 27,84±0,24a 29,03±0,06

a 27,6±0,08

a 28,21±0,48

a 28,6±0,09

a

C18:3- n3 (linolênico) 0,14±0,01a 0,16±0,01

a 0,13±0,05

a 0,03±0,06

b n.d

b

Total polinsaturados 27,9±0,26a 29,2±0,06

a 27,8±0,13

a 28,3±0,51

a 28,6±0,09

a

Letras sobrescritas diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas (p< 0,05; ANOVA com pós-teste

de Tukey). n.d. – não detectado.

80

A composição em fitoesteróis e tocoferóis dos óleos da amêndoa de baru obtidos por

CO2-SC e por prensagem mecânica estão representados na Tabela 14. O esterol majoritário

encontrado no óleo de amêndoa de baru foi o β-sitosterol, apresentando valores de 656 e

693,1 mg/100 g de óleo, nos experimentos, 3 e 4, e 7 e 8, respectivamente, estes

experimentos foram obtidos por CO2-SC sem o uso de co-solvente. O teor de fitoesteróis

totais também foi maior nos óleos dos experimentos 3 e 4 e no 7 e 8 (754 e 802,3 mg/100 g de

óleo, respectivamente). No estudo de Marques et al (2015) também foi identificado como

fitoesterol majoritário no óleo de baru prensado o β-sitosterol. Os óleos de amêndoa de baru

extraídos por CO2-SC obtiveram teores de fitoesteróis totais semelhantes aos determinados

pela Codex Alimentarius (2009) para óleos vegetais como de gergelim (450-1.900 mg/100 g),

e de milho (700-2.210 mg/100 g).

Comparando os métodos de extração do óleo da amêndoa de baru observamos que o

obtido por prensagem mecânica, apresenta tanto conteúdo total como de β-sitosterol menor do

que o obtido por CO2-SC. Segundo Silva et al. (2016), o consumo de 1 a 2 g de fitoesteróis

por dia pode reduzir de 10 a 15 % os níveis de colesterol LDL no sangue. Desta forma o óleo

da amêndoa de baru extraído por CO2-SC apresenta importante conteúdo de fitoesteróis totais,

podendo promover benefícios à saúde humana.

O conteúdo de tocoferóis nos óleos da amêndoa de baru obtido por diferentes métodos

de extração é constituído principalmente pelo γ- tocoferol, chegando a valores entre 15,6 e 16

mg/100g de óleo no experimento 3 e 4 e no 7 e 8, respectivamente, que foram obtidos por

CO2-SC sem o uso de co-solvente. O teor de tocoferóis totais também foi maior nestes dois

óleos com valores de 23,4 mg/100 g de óleo para o experimento 3 e 4 e de 21,9 mg/100 g de

óleo para o experimento 7 e 8. O conteúdo de γ- tocoferol e de tocoferóis totais do óleo obtido

por prensagem mecânica foi mais uma vez menor do que o obtido por CO2-SC.

O α-tocoferol foi o tocoferol mais abundante seguido do γ- tocoferol no óleo da

amêndoa de baru variando de 0,23 a 6,6 mg/100 g, e o maior teor encontrado foi no óleo de

baru obtido por prensagem mecânica (6,6 mg/100g de óleo). De acordo com a RDC (2005), a

Ingestão Diária Recomendada (IDR) para a Vitamina E é de 10 mg/dia de α-tocoferol

(BRASIL, 2005), desta forma o consumo de óleo da amêndoa de baru é uma excelente forma

de complementar a ingestão diária desta vitamina tão necessária para a saúde de adultos e

gestantes (LUZIA, 2012).

81

Tabela 14. Composição de fitoesteróis (mg/100 g de óleo) e tocoferóis (mg/100 g de óleo)

dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2 supercrítico e prensagem

mecânica.

Métodos de obtenção dos óleos

Compostos

minoritários Prensado

Exp. 3 e 4

(50⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 7 e 8

(70⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 13

(70⁰C; 100 bar;

EtOH 10%)

Exp.15

(70⁰C; 300 bar;

EtOH 10%)

Fitoesteróis (mg/100 g)

Estigmasterol 12,3 ± 2,7a 98,1 ± 8,1

b,c 109,2 ± 18,4

b 57,0 ± 0,2

c,d 50,2 ± 6,5

d

β-sitosterol 145,3 ± 3,0a 656 ± 6,3

b 693,1 ± 5,5

b 317,4 ± 4,6

c 299,1 ± 7,3

c

Fitoesteróis totais 157,6 ± 2,9a 754 ± 7,1

b 802,3 ± 12,9

b 374,4 ± 8,6

c 349,4 ± 7,9

c

Tocoferóis (mg/100 g)

α- tocoferol 6,44 ± 0,40a 6,6 ± 0,0

b 5,52 ± 0,2

c 3,08 ± 0,18

d 0,23 ± 0,03

e

γ- tocoferol 8,56 ± 0,53a 16,0 ± 0,0

b 15,6 ± 0,3

b 13,1 ± 0,58

c 2,49 ± 0,48

d

δ- tocoferol 0,18 ± 0,02a 0,82 ± 0,3

a 0,77 ± 0,2

a 0,89 ± 0,07

a 0,66 ± 0,12

a

Tocoferóis totais 13,0 ± 0,70a

23,4 ± 0,3b

21,9 ± 0,31b

17,0 ± 0,69c

3,4 ± 0,57d

Letras sobrescritas diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas (p< 0,05; ANOVA com pós-teste

de Tukey).

Os compostos fenólicos encontrados nos óleos obtidos por CO2-SC e por prensagem

mecânica podem ser vistos na Tabela 15. O conteúdo de fenólicos totais apresentou

diferença significativa em relação as condições de extração do óleo de amêndoa de baru. O

ácido 3,4 dihidróxifenilacético foi o ácido fenólico majoritário presente nos óleos de amêndoa

de baru, principalmente no óleo extraído por CO2-SC (70⁰C; 300 bar) sem o uso de co-

solvente atingindo valor de 9,62 mg/100 g de óleo. O ácido transcinâmico também está

presente em todos os óleos de amêndoa de baru, porém em baixos valores variando de 0,01 a

0,04 mg/100 g de óleo. Outros fenólicos como o ácido cafeico (0,75 e 0,41 mg/100 g de óleo)

foi encontrando apenas nos óleos extraídos por CO2-SC sem co-solvente , o ácido ferúlico

(0,04 mg/100 g de óleo) foi visto apenas no óleo extraído por CO2-SC sem co-solvente e com

nível inferior de temperatura, o ácido hidroxicinâmico (0,11 mg/100 g de óleo) e a naringerina

(0,10 mg/ 100 g de óleo) foram encontrados apenas nos óleos de amêndoa de baru extraídos

por prensagem mecânica. O baixo teor do ácido hidroxicinâmico e dos compostos com

estrutura química semelhante a ele como o cafeico e ferúlico nos óleos de amêndoa de baru

82

deve-se ao fato de serem termolábeis sendo estes facilmente volatilizados quando sujeitos ao

calor durante longos períodos (Lemos et al., 2012). No óleo extraído por CO2-SC (70 ⁰C e

300 bar) com uso de etanol como co-solvente não foi possível identificar os compostos

fenólicos.

Na literatura não há trabalhos avaliando a composição de fenólicos no óleo de

amêndoa de baru. Entretanto alguns trabalhos tem relatado a composição de fenólicos na

amêndoa de baru torrada com casca. Um estudo de Lemos et al. (2012) também encontrou os

ácidos ferúlico e cafeico além dos ácidos gálico, elágico, p-cumárico, hidroxibenzóico,

catequina e epicatequina. A diferença na composição de fenólicos da amêndoa para a

composição do óleo de amêndoa de baru deve-se provavelmente ao processo de extração, ou

seja, a solubilidade dos fenólicos presentes na amêndoa serem extraídos junto com o óleo. O

uso de temperaturas mais elevadas podem ter degradado alguns compostos fenólicos durante a

extração do óleo de amêndoa de baru.

Tabela 15. Composição de fenólicos (mg/100g) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por

CO2 supercrítico.

Compostos fenólicos

Métodos de obtenção dos óleos

Prensado

Exp. 3 e 4

(50⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 7 e 8

(70⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 13

(70⁰C; 100 bar;

EtOH 10%)

Exp.15

(70⁰C; 300 bar;

EtOH 10%)

Ác. 3,4-diOHfenilacético 0,34 ± 0,17a 2,34 ± 0,02

b 9,18 ± 0,8

c 0,34 ± 0,01

a n.d.

Ác. Cafeico n.d. 0,75 ± 0,12a 0,41 ± 0,0

a n.d. n.d.

Ác. Ferúlico n.d. 0,04 ± 0,0 n.d. n.d. n.d.

Ác. OH-cinâmico 0,11 ± 0,06 n.d. n.d. n.d. n.d.

Ác. Transcinâmico 0,02 ± 0,01a 0,03 ± 0,02

a 0,04 ± 0,0

a 0,01 ± 0,0

a n.d.

Naringerina 0,10 ± 0,06 n.d. n.d. n.d. n.d.

Total 0,58 ± 0,29a 3,16 ± 0,16

b 9,62 ± 0,74

c 0,35 ± 0,01

a n.d.

Letras sobrescritas diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas (p< 0,05; ANOVA com pós-teste

de Tukey). n.d. – não detectado

Na tabela abaixo (Tabela 16) temos os resultados do perfil de compostos voláteis dos

óleos de amêndoa de baru obtidos por CO2-SC sob diferentes condições de extração e por

prensagem mecânica.

83

Os compostos aromáticos voláteis presentes em óleos vegetais geralmente são

formados a partir da decomposição de hidroperóxidos, que são instáveis e se decompõem

espontaneamente ou em reações catalisadas. A natureza dos compostos aromáticos voláteis

depende principalmente da composição em ácido graxo do substrato e do grau de oxidação,

embora as condições de oxidação também possam afetar os compostos voláteis produzidos e

as propriedades sensoriais do óleo oxidado. A maioria dos compostos voláteis contidos em

óleo de nozes e amêndoas é oriunda da reação de Maillard que ocorre durante a torrefação. A

concentração dos compostos voláteis aumenta com o tempo e temperatura. Os principais

voláteis de amêndoas são álcoois e aldeídos com um pequeno número de pirazinas, alcanos,

cetonas e oxigênio e nitrogênio contendo compostos heterocíclicos (AGILA & BARRINGER,

2012).

O óleo de amêndoa de baru apresentou 11 compostos voláteis no total, dentre ácidos,

ésteres, hidrocarboneto, aldeídos, pirazinas, cetona e amida. Entretanto a condição de extração

favoreceu a extração específica de alguns voláteis. No óleo de amêndoa de baru obtido por

CO2-SC foi visto a presença da cetona dimetilhidroxi furanona, segundo Alasalvar & Shahidi

(2008) este composto contribui para um aroma forte e doce em amêndoa torradas, esse

composto é produzido na reação de Maillard que ocorre durante a torrefação das amêndoas.

Este composto só foi encontrado nos óleos de amêndoa de baru extraídos por CO2-SC sem

uso de co-solvente, a condição de extração empregada pode ter facilitado a solubilização

desse composto para o óleo.

As pirazinas, dimetilpirazina e trimetilpirazina, encontradas no óleo de amêndoa de baru

extraído por prensagem mecânica e no óleo extraído por CO2-SC com etanol como co-

solvente, experimento 15 (70ªC e 300 bar), e é característico de amêndoas torradas. Estes

compostos são produzidos durante o processo de queima de aminoácidos livres e

monossacarídeos pela reação de Maillard através da degradação de Strecker. As pirazinas são

responsáveis pelo aroma torrado característicos de diferentes alimentos tratados

termicamente. Em outros estudos esse composto já foi relatado em avelãs e amêndoas

torradas (AGUILLAR et al., 2015, ALASALVAR et al., 2003, VASQUEZ-ARAÚJO et al.,

2008).

Além dos compostos da reação de Maillard, os voláteis derivados de lipídios também

foram identificados nos óleos de amêndoa de baru extraídos por prensagem e por CO2-SC

utilizando etanol como co-solvente. Foram encontrados os aldeídos hexanal e octanal, que na

literatura já são conhecidos por serem oriundos da oxidação lipídica, sendo o hexanal

84

característico da degradação de ácido graxo linoleico (C18:2 n-6), ácido graxo presente em

grande quantidade no óleo de amêndoa de baru. Este resultado mostra que estes óleos já estão

sofrendo um processo de oxidação e que o processo de extração desses óleos não foi eficaz

em extrair compostos de proteção dos óleos como os tocoferóis, fitoesteróis e polifenóis.

Diferente do que foi visto nos óleos extraídos por CO2-SC que não utilizaram co-solvente, e

que não apresentaram esses aldeídos e em contrapartida apresentaram altos teores de

compostos bioativos (ALASALVAR; SHAHIDI, 2008).

O ácido acético foi o principal ácido carboxílico volátil encontrado nos óleos de

amêndoa do baru extraídos por CO2-SC. Este ácido carboxílico é resultado da degradação de

ácidos graxos de cadeia longa e está muitas vezes relacionado com um forte odor azedo, ou

seja, pode estar ligada a oxidação lipídica (LASEKAN; ABBAS, 2010).

85

Tabela 16. Perfil dos compostos voláteis identificados nos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2 supercrítico e por prensagem mecânica.

Compostos voláteis

Métodos de obtenção dos óleos

Prensado Exp. 3 e 4

(50⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 7 e 8 (70⁰C; 300 bar;

s/ co-solvente)

Exp. 13 (70⁰C; 100 bar;

EtOH 10%)

Exp.15 (70⁰C; 300 bar;

EtOH 10%)

Ácidos/Ésteres

Ácido acético - 487a|590

b 489

a|590

b - 486

a|590

b

Acetato de etila - - - - 509 a|600

b

Ácido hexanóico - - 971a|975

b - 973

a|975

b

Aldeídos

Hexanal 798 a|798

b - - 798

a|798

b 798

a|798

b

Octanal - - - - 1002 a|1001

b

Pirazinas

2,5-Dimetil Pirazina 912 a|915

b - - - 913

a|915

b

Trimetil Pirazina 1005 a|1005

b - - - -

Cetona

Dimetilhidroxi furanona - 1059 a|1056

b 1059

a|1056

b - -

a Índice de retenção linear calculado pelo índice de Kovats;

b Índice de retenção linear pelo índice de Kovats determinado pela biblioteca

NIST; - não detectado.

86

Os resultados da qualidade oxidativa e de composição química dos óleos obtidos por

prensagem mecânica e por CO2-SC mostraram que aqueles oriundos da extração por CO2-SC

apresentaram maior conteúdo de fitoesteróis, tocoferóis, e fenólicos, isto porque a extração de

óleos utilizando o fluido supercrítico proporciona ao meio de extração um ambiente mais

eficiente de solubilização da matriz alimentícia a ser extraída. Principalmente pelo uso do

CO2 que apresenta densidade próxima a de um líquido, baixa viscosidade, e se difunde como

um gás, o que lhe confere excelentes qualidades de extração, possibilitando a extração de uma

grande faixa de substratos naturais. Sua seletividade de extração pode ser ajustada para cada

substrato, mudando-se a temperatura e a pressão dentro da região supercrítica (FREITAS,

2007).

Portanto ao analisar todos os resultados obtidos no planejamento fatorial 24 com

pontos centrais, e nas análises de qualidade oxidativa e de composição observamos que o uso

de co-solvente não influenciou na extração de óleo com maior rendimento de extração,

melhor qualidade oxidativa e composição do óleo de amêndoa de baru, entretanto as variáveis

pressão e temperatura foram as que mais influenciaram nos fatores de resposta para a extração

do óleo de amêndoa de baru por CO2-SC.

Tendo em vista este fato é necessária a aplicação de um planejamento experimental

que possibilite determinar a curvatura do modelo, com a finalidade de encontrar as condições

ideais de extração do óleo de amêndoa de baru por CO2-SC. Desta forma foi realizado um

planejamento de delineamento de composto central rotacional (DCCR), utilizando as

variáveis independentes importantes no processo de extração, pressão e temperatura.

5.4. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL DE DELINEAMENTO COMPOSTO

CENTRAL ROTACIONAL (DCCR)

O planejamento experimental de delineamento composto central rotacional gerou uma

planilha com 8 experimentos e 3 replicatas no ponto central, totalizando 11 experimentos

(Tabela 17).

Os valores de rendimento de extração dos óleos de amêndoa de baru obtidos por CO2-

SC variaram de 0,27% a 36,9%, e o maior valor observado foi visto no experimento 2, cuja

condição de extração foi: 50⁰C e 300 bar. Os valores de rendimento de γ-tocoferol variaram

de 3,5 a 61,2 mg/kg de amêndoa, e o experimento 8, cuja condição de extração foi: 60⁰C e

341 bar, foi o que obteve o maior rendimento de γ-tocoferol. Os óleos obtidos apresentaram

estabilidade oxidativa variando entre 3,67 a 13,1 horas de período de indução, e o

87

experimento 4, cuja condição de extração foi: 70⁰C e 100 bar foi o que apresentou a maior

estabilidade oxidativa.

Tabela 17. Fatores de resposta do planejamento experimental de delineamento composto

central rotacional da extração do óleo da amêndoa de baru por CO2 supercrítico.

Experimentos

Variáveis Fatores de resposta

T (⁰C) P (bar) Rendimento

de óleo (%)

Rendimento de

γ-tocoferol

(mg/kg amêndoa)

Estabilidade

oxidativa do

óleo (h)

1 50 100 4,03 22,6 n.d.

2 50 300 36,9 58,7 3,67

3 70 100 2,72 3,50 n.d.

4 70 300 29,9 46,7 13,1

5 46 200 6,57 29,5 8,19

6 74 200 4,52 42,9 5,72

7 60 59 0,27 n.d. n.d.

8 60 341 31,4 61,2 6,43

9C 60 200 16,1 24,9 4,41

10C 60 200 21,7 36,4 5,64

11C 60 200 20,5 32,3 5,80

T- Temperatura; P- Pressão; C- Ponto central; n.d.- Não foi possível determinar

Utilizando o software statistica 6.0 foi possível avaliar a influência de cada variável

independente nos resultados dos fatores de resposta, pela análise da superfície de resposta e

determinar por meio da técnica de otimização de restrição as condições ideais de temperatura

e pressão para conseguir os valores máximos de rendimento de extração de óleo, do

rendimento de γ-tocoferol e de estabilidade oxidativa.

5.4.1. Superfície de resposta do rendimento de extração do óleo

Na figura a seguir (Figura 23 A e 23 B) temos os gráficos da curva de nível e da

superfície de resposta do rendimento de extração dos óleos de amêndoa de baru obtidos por

CO2-SC, respectivamente. No gráfico da curva de nível podemos observar que a região de

máximo rendimento de extração esta na parte superior e ao centro do gráfico, contudo para

atingir o máximo de rendimento de extração, é necessário o uso de alta de pressão e

temperatura média vista no gráfico de superfície de resposta.

88

A) B)

Figura 23. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para o rendimento

de extração do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função da

temperatura e da pressão.

5.4.2. Superfície de resposta do rendimento de γ-tocoferol

Nas Figuras 24 A e 24 B temos os gráficos da curva de nível e da superfície de

resposta em função do rendimento de γ-tocoferol dos óleos de amêndoa de baru obtidos por

CO2-SC, respectivamente. Na Figura 24 A podemos observar que a região de máximo de

rendimento de extração de γ-tocoferol se encontra na parte superior do gráfico da curva de

nível. Na Figura 24 B é visto que para valores máximos de rendimento de γ-tocoferol é

necessário o uso de alta pressão e temperatura elevada.

A) B)

Figura 24. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para o rendimento

de γ-tocoferol (mg/kg) do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico

em função da temperatura e da pressão.

89

5.4.3. Superfície de resposta da estabilidade oxidativa

Na Figura 25 A e 25 B temos os gráficos da curva de nível e de superfície de resposta

em função da estabilidade oxidativa dos óleos de amêndoa de baru obtidos por CO2-SC,

respectivamente. Podemos observar que a região de máxima estabilidade oxidativa é

encontrada na parte superior à direita do gráfico da curva de nível. Para atingir o valor

máximo de estabilidade oxidativa é necessário o uso de alta pressão e alta temperatura.

A) B)

Figura 25. Gráficos da curva de nível (A) e da superfície de resposta (B) para a estabilidade

oxidativa (h) do óleo da amêndoa de baru obtido por CO2 supercrítico em função

da temperatura e da pressão.

O passo seguinte para encontrar a condição otimizada da extração do óleo da amêndoa

do baru por CO2-SC é a definição das condições de temperatura e pressão que permitam

extrair um óleo com o máximo de rendimento de extração, o máximo de rendimento de γ-

tocoferol e a maior estabilidade oxidativa. Todavia quando se deseja determinar a condição

que melhore a extração, e tem-se mais de uma variável de resposta, é necessário encontrar os

valores operacionais ótimos das variáveis independentes que satisfaçam simultaneamente

todos os requisitos necessários às variáveis dependentes. A busca dessa faixa pode ser feita

graficamente ou no caso de mais de dois fatores utiliza-se a técnica da otimização com

restrição. Esta técnica tem o objetivo de obter os fatores exatamente nos seus valores ótimos

(CALLADO; MONTOGOMERY, 2003).

Na Figura 26 temos então os valores dos pontos ótimos das 3 variáveis de resposta,

para um rendimento de extração de óleo de 40 % , rendimento de γ-tocoferol de 70 mg/kg e

estabilidade oxidativa de 15 horas, as condições operacionais determinadas pelo programa

90

estatístico foram temperatura de 64 ⁰C e pressão de 341 bar. A função de “desirability” global

foi de 0,56636.

Figura 26. Gráfico da otimização com restrição das variáveis independentes temperatura e

pressão em função dos fatores de resposta rendimento de extração do óleo (%),

rendimento de γ-tocoferol (mg/kg) e estabilidade oxidativa (h).

5.4.4. Aperfeiçoamento da extração do óleo da amêndoa de baru por CO2

supercrítico

A partir da determinação das condições de pressão e temperatura ideais para

aperfeiçoar a extração do óleo de amêndoa de baru obtido por CO2-SC foi feita a extração do

óleo onde este seguiu para as análises de: rendimento de extração (%), rendimento de γ-

tocoferol (mg/kg) e de estabilidade oxidativa (h). Com o objetivo de avaliar se o óleo

aperfeiçoado apresenta rendimento de extração, de tocoferol e de estabilidade oxidativa

melhores do que daqueles obtidos por outras condições de extração por CO2-SC, foi

comparado o seu resultado com os óleos obtidos no planejamento DCCR. O óleo

aperfeiçoado pelo planejamento é denominado experimento 12.

91

Na Figura 27 temos os resultados do rendimento de extração dos óleos obtidos por

CO2-SC. O rendimento de extração dos óleos variou de 0,27 % a 37,4 %, e o experimento que

apresentou o maior rendimento foi o experimento 12, que foi obtido a partir das condições

melhoradas. Portanto o uso do planejamento de delineamento experimental foi eficiente em

determinar as condições que maximizaram o rendimento de extração do óleo de amêndoa de

baru obtido por CO2-SC.

E x p e r im e n t o s

Re

nd

ime

nto

de

ex

tr

ão

(%

)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2

0

1 0

2 0

3 0

4 0

Figura 27. Rendimento de extração (%) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2

supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR e da

condição aperfeiçoada.

Na figura abaixo (Figura 28) podemos analisar o rendimento de γ-tocoferol dos óleos

de amêndoa de baru obtidos por CO2-SC. Os valores do rendimento de γ-tocoferol variaram

de 3,5 (± 0,03) a 162 (± 1,21) mg/kg de amêndoa. O experimento 12 foi o óleo que

apresentou o maior rendimento de γ-tocoferol, ou seja, as condições utilizadas na extração

desse óleo foram as mais eficientes na extração de γ-tocoferol do óleo de amêndoa de baru.

Este resultado evidencia mais uma vez que o planejamento experimental foi eficiente em

aperfeiçoar o método de extração por CO2-SC do óleo de amêndoa de baru em obter um óleo

rico em compostos bioativos como o γ-tocoferol.

92

E x p e r im e n t o s

Re

nd

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h

Figura 28. Rendimento de γ-tocoferol (mg/kg) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por

CO2 supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR

e da condição aperfeiçoada.

Na Figura 29 temos os resultados da análise de estabilidade oxidativa dos óleos de

amêndoa de baru obtidos por CO2-SC. O período de indução dos óleos variaram de 3,67

(±0,24) a 13,1 (±1,86) horas, a maior estabilidade oxidativa encontrada foi no óleo do

experimento 4. O planejamento experimental não foi eficaz em estabelecer condições para

obter um óleo de amêndoa de baru com a maior estabilidade oxidativa, pois o experimento 12

apresentou período de indução médio (4,43±0,04 h) semelhante a maioria dos experimentos.

93

E x p e r im e n t o s

Es

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b b ,d b ,d

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c ,d

e

Figura 29. Estabilidade oxidativa (h) dos óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2

supercrítico por meio das condições estabelecidas pelo planejamento DCCR e da

condição aperfeiçoada.

94

6. CONCLUSÕES

O uso do planejamento experimental fatorial mostrou que o uso de alta pressão

melhorou os resultados dos fatores de resposta e que o uso de co-solventes não influenciou no

rendimento de extração, de γ-tocoferol e de estabilidade oxidativa;

O óleo da amêndoa de baru extraído por CO2-SC sem o uso de co-solvente, foi o óleo

que obteve melhor qualidade oxidativa quanto à capacidade antioxidante total. Além de maior

conteúdo de compostos bioativos, como os tocoferóis, os fitoesteróis, e os compostos

fenólicos. Esse óleo também obteve perfil de voláteis com menor número de compostos

oriundos da oxidação lipídica;

Os óleos da amêndoa de baru obtidos por CO2-SC apresentam conteúdo de tocoferóis,

fitoesteróis e compostos fenólicos maiores do que aquele obtido por prensagem mecânica,

assim como perfil de compostos voláteis com menor número de compostos de oxidação

lipídica e também com melhor qualidade oxidativa. Este resultado indica que o uso do método

de extração de óleos por fluido supercrítico é uma alternativa interessante comparado ao

método de prensagem;

As variáveis de resposta do planejamento experimental rendimento de extração e

rendimento de γ-tocoferol apresentaram forte associação, mostrando que o uso do CO2-SC

como método de extração além de garantir bom rendimento de extração proporciona de forma

direta um óleo rico em γ-tocoferol, um importante composto contra a oxidação de óleos

vegetais;

O aperfeiçoamento da extração por meio do planejamento experimental com

delineamento de composto central (DCCR) determinou que as condições ideais de extração

do óleo da amêndoa de baru são temperatura de 64 ⁰C e pressão de 341 bar. Esta condição

proporcionou óleo com os melhores resultados do rendimento de extração e de γ-tocoferol.

95

7. APÊNDICES

APÊNDICE A - CROMATOGRAMA TÍPICO DE ÁCIDOS GRAXOS CONTIDOS NO

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDO POR CO2-SC.

Figura 30. Cromatograma dos ácidos graxos analisados por cromatografia em fase

gasosa (cromatógrafo GC-2010; Shimadzu®, Japão), com injetor do tipo split/splitless e

com detector por ionização em chama (FID) e coluna polar (Supelco®, Co. Omegawax-

320).

APÊNDICE B - CROMATOGRAMA TÍPICO DE TOCOFERÓIS CONTIDOS NO

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDO POR CO2-SC.

96

Figura 31. Cromatograma dos tocoferóis analisados em CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-

10AD) com coluna de fase normal de sílica (ZORBAX Rx-Sil, Agilent Technologies®,

EUA) com detector UV/Vis (SPD-10A) fluorescência (290 nm /ex- 330 nm /em) com

fase móvel isocrática binária de n-hexano:2-isopropanol (99:1, v /v) com fluxo de 1,0 mL

/min.

APÊNDICE C - CROMATOGRAMA TÍPICO DE FITOESTERÓIS CONTIDOS NO

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDO POR CO2-SC.

Figura 32. Cromatograma dos fitoesteróis analisados por CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-

10AD) com coluna de fase reversa C18 (50 μm × 2,1 mm Kromasil®

) e detector UV/Vis

(SPD-10A), monitorado a 210 nm. Sistema isocrático de fase móvel: 98% de acetonitrila

e 2% de isopropanol com fluxo de 0,4 mL/min.

97

APÊNDICE D – CROMATOGRAMA TÍPICO DE FENÓLICOS CONTIDOS NO

ÓLEO DA AMÊNDOA DE BARU OBTIDO POR CO2-SC.

Figura 33. Cromatograma dos fenólicos analisados em CLAE (Shimadzu®, Japan, LC-10AD)

com coluna de fase reversa C18 (4,6 μm × 150 mm, 5 μm; Kromasil®) e detector UV/Vis

(SPD-10A), monitorado a 280 nm. Sistema de gradiente de fase móvel (Água acidificada com

ácido fórmico:Metanol:Acetonitria; 75:24:1) com fluxo de 1,0 mL/min.

98

8. REFERÊNCIAS

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